2. Salmo 150
Louvai ao Senhor!
Louvai a Deus no seu
santuário;
louvai-o nos altos céus de
seu poder!
Louvai-o pelos seus feitos
grandiosos;
louvai-o por sua
Grandeza majestosa!
3. Louvai-o ao som de
trombeta;
louvai-o com saltério e
com harpa!
Louvai-o com a dança e
com a flauta;
louvai-o com os
címbalos sonoros!
4. Louve a Deus tudo o que
vive e que respira,
Tudo cante os louvores
do Senhor!
5. • Preliminarmente, é necessário, como para qualquer
outra oração, estar, ou colocar-se em clima
apropriado
• e mergulhar de coração nessa forma bíblica de orar.
• Junto com isso, como também em qualquer oração,
confiar no Espírito e entregar-se a Ele,
• a este Espírito "sob cuja inspiração os salmistas
cantaram“
• e que ajuda aos que rezam os salmo até hoje126.
• E ter presente a observação de Cassiano, que já
dizia:
• "não importa tanto a quantidade de salmos, quanto a
sua qualidade, sua compreensão e proveito
espiritual".
7. • Depois, procurar rezá-los sempre com disposições
positivas:
• "Com a reverência que convém à majestade de
Deus“
• com todo o sentimento do coração:
• "Com gozo da alma com doçura de caridade";
• saboreando o que se reza ( Salmodiai sabiamente);
• e com o coração aberto aos sentimentos que deles
brotam.
• Também é de grande valia estar atento aos vários
sentidos, às três já referidas leituras que deles se
pode fazer.
8. • Primeiro, o seu sentido literal, originário,
• que nos permite entrar nas circunstâncias
• da sua composição,captar sua natureza e
caracterização,
• penetrar em seu mundo de significados
• e sintonizar com sua linguagem.
• Para isso, podem ajudar perguntas:
• Em que circunstâncias históricas foi composto este
salmo?
• Em que situação pessoal estava o salmista ao compô-
lo?
• Qual o seu gênero literário?
9. • Qual a sua estrutura?
• Que antropologia e teologia
nele subjaz?
• Quem fala com quem no
salmo?
• Quais são os sentimentos que
expressam essa relação?
• Com que linguagem
(imagens...) o salmista a
descreve?
• Lendo o salmo todo ou em
parte, é possível lembrar
alguma outra passagem da
Bíblia que tem relação com
ele?
10. • Segundo:
• o sentido crístico,
messiânico,
• a sua leitura na perspectiva de
Jesus.
• Descobri-lo, perguntando,
por exemplo:
• Este salmo aparece no Novo
Testamento?
• Em que circunstâncias?
• Ele traduz a experiência de
Jesus, em sua missão,
• na sua relação com o Pai,
• sua experiência de morte-
ressurreição?
11. • Terceiro: o sentido cristão, a leitura que
personaliza e atualiza os salmos.
• Personalizá-los é assimilá-los como nossos,
• colocar-nos no lugar do salmista,
• do personagem ou personagens que neles falam:
• o doente que se queixa, pede ou agradece;
• o justo em dificuldades que se põe ao amparo do
escudo que o proteja129;
• o exilado que se recorda com saudades de sua
pátria e que aguarda esperançoso o regresso a
ela130;
• o pecador que se arrepende, se alegra com o
perdão, se compromete à fidelidade e à ação em
favor de Deus 131
12. Como a corça suspira
Pelas água correntes,
Assim suspira minha alma
por Vós,
Ó meu Deus!
13. • Personalizá-los é tentar experimentar
"verdadeiramente os sentimentos daqueles que
escreveram os salmos“.
• Cassiano deixou deixou escrito magnificamente:
"Aquele que tem um coração de pobre [...] põe-se
a cantá-los não porque o profeta os escreveu,
• mas como se ele mesmo os tivesse composto [...]
• Faz que eles jorrem do fundo de seu coração [...]
• Percebe que são dirigidos diretamente a ele.
• Esta assimilação das atitudes e sentimentos dos
salmos é recomendada de modo insuperável por
Santo Agostinho:
14. "Se o salmo reza, reze!
Se o salmo geme, gema!
Se se alegra, alegre-se!
Se espera, espere!
Se teme, tema!"
15.
16.
17.
18.
19. • Atualizá-los:
• Sem desconhecer seu sentido originário,
podemos e convém fixar-nos na sua relação
com nossa experiência atual de vida,
• especialmente de fé e oração.
• Para essa personalização e atualização
podemos perguntar:
• Quando rezamos este salmo sentimos que
ele fala de nós como pessoas, como Igreja e
como humanidade?
• de nossa dor, da nossa alegria, da nossa
sede de Deus?
20. • Que ressonâncias
ele tem em nosso
pensamento
e em nossos
sentimentos?
• O que Deus nos diz
hoje através de sua
mensagem?
• A que nos convidam
os conteúdos de
vária natureza nele
contidos?
21. • Carlos Mesters lembra e afirma:
• "Os salmos nasceram da vida, dos conflitos,
dos problemas, da caminhada.
• Nasceram da luta, da vontade de ser fiel ao
projeto de Deus.
• Por isso, quanto mais alguém procurar
aprofundar sua vida hoje,
• quanto mais procurar aprofundar e viver os
conflitos e evitar a superficialidade,
• tanto mais ele se aproximará da fonte de
onde nasceram os salmos e da chave de
compreensão destes".
22. • Estar atento aos vários sentidos...
• Em outros termos, para rezar bem os salmos, é
importante contar com uma boa iniciação à
Bíblia em geral, e aos próprios salmos em
particular.
• Motivar-se com a excelência dessa forma de
oração.
• Aceitar o lugar privilegiado que os salmos
sempre ocuparam e continuam ocupando na
oração cristã.
• Especialmente no que se refere à natureza dos
salmos,
• ter presente a sua condição de poemas
nascidos para serem cantados.
23. • Enquanto poesia,
embora ofereçam
elementos à nossa
mente,
• eles querem, sobretudo,
ser expressão de nosso
coração
• e são, Essencialmente,
um conteúdo e uma
forma literária
• tendentes a mover-nos,
mais que ao estudo, ao
louvor Contemplativo.
24. • "Aquele que tem um coração de pobre [...] aprende a
conhecer os sentimentos expressos nos salmos.
• Para nós, o sentido das palavras se esclarecerá,
• não porque o explicamos de forma inteligente,
• mas porque o conhecemos com o coração".
• Ver e rezar os salmos na globalidade bíblica e histórica
• O livro que os compendia não está justaposto aos
demais textos
• e, muito menos, é alheio à totalidade bíblica,
• além do que os salmos fazem oração de temas e
situações presentes em toda a História da Salvação
• em realização progressiva até a consumação.
25. • Rezar os salmos situando-os nesse conjunto
bíblico e nessa globalidade histórica
• é expandir e enriquecer a própria oração.
• • Recordando que a Liturgia é oração de
Cristo e oração da Igreja,
• rezar os salmos unindo-se a Jesus e a todo o
seu Corpo e rezá-los em nome deste.
• Interpretar cada salmo dentro do contexto
litúrgico em que ele é recitado.
• Dito de outra forma, procurar perceber e
sentir a sua conexão com a hora, o dia ou o
ciclo litúrgico que estão sendo celebrados.
26.
27. • Explorar toda a variedade possível de formas de
rezar ou cantar os salmos.
• Oportunamente, usar salmos originais vazados,
porém, em linguagem atual.
• Conhecer e explorar os recursos que a Liturgia
emprega para facilitar a compreensão de cada salmo,
• isto é, os elementos coadjuvantes que o precedem.
• Se, na hora de sua reza, está difícil identificar-se com
o conteúdo do salmo rezado,
• lembrar das muitas outras pessoas que, nesse
momento, estão tendo a mesma experiência do
salmista; que, por exemplo,
• se lamentam, ou que pedem para bater palmas ou
gritar de alegria 133.
28. • No caso dos salmos inteiros ou das partes deles
com carga imprecatória,
• além de pensá-los como peças anteriores ao
Novo Testamento e a seus padrões,
• ou de vê-los como expressão de um povo aliado
a Deus
• e cujos inimigos eram os inimigos de ambos,
• podemos ter presente também que ainda hoje
nossa oração não é plenamente cristã,
plenamente filial;
• e que a luta entre o bem e o mal,
• o espírito e a carne, o amor e o egoísmo,
• os aliados e os inimigos de Deus, o justo e o
ímpio...
• continua sendo permanentemente travada.
29. • Fazer uma introdução, ao
conjunto deles ao iniciar a
oração, ou a cada um deles
antes de rezá-lo.
• Sendo, porém, esta introdução
breve e substanciosa, para que
não se torne uma aula, nem seja
cansativa.133.SI69;98,8. 120
• • Ao final, fazer oração sálmica,
• sintonizando a mensagem do
salmo, os sentimentos e as
atitudes nele expressos
• com Jesus, a Igreja, a
humanidade, a comunidade.
30. • Elementos coadjuvantes:
• Título
• O título é constituído por frase breve, em negrito, que
precede cada salmo.
• Já o saltério hebreu punha títulos a muitos de seus salmos.
• Os de nossa atual Liturgia das Horas são da edição da
Neovulgata
• publicada pela Comissão encarregada por Paulo VI.
• Os títulos estão pensados só "para a utilidade dos que
• Rezam os salmos", esclarece a IG135.
• (Portanto, não são para serem anunciados em voz alta.
• Em vista disso, antes do salmo, convém deixar um
momento de silêncio para que cada possa ler o título e
tomar consciência do seu conteúdo.)
31. • O título fornece a chave de compreensão original,
contextual do salmo.
• Informa sobre que espécie de salmo se vai rezar,
• ou seja, sobre sua natureza ou gênero:
• Se é sapiencial, meditando, por exemplo, sobre a lei,
• ou a ilusão das riquezas,
• ou o destino dos bons e dos malvados;
• se é histórico, fazendo objeto de oração o passado;
• se é profético, denunciando e admoestando o mal,
• ou anunciando bens vindouros;
• ou se é lírico ou imprecatório, gradual ou penitencial.
32. • No caso ser lírico, indica se é canto de louvor e celebração,
• Súplica, clamor de ajuda ou clemência, lamentação, ou
ação de graças pelos benefícios de Deus,
• e ressalta o sentimento que domina quem o compôs:
• se alegria e felicidade, ou tristeza e aflição;
• se temor ou confiança, se recordação e saudade,
• ou se anseio e sede de Deus...
• O título identifica ainda o sujeito que ora no salmo:
• o homem feliz e agradecido;
• o inocente afligido;
• o enfermo desejoso de cura;
• o exilado saudoso;
• o pecador arrependido.
33. • dá o tema, o motivo da reza que
vai seguir:
• Deus com seus atributos e sua
ação;
• o Messias e seu Reino;
• o povo aliado com Deus; a sua
cidade,
• Jerusalém, e seu templo;
• o culto que agrada a Deus;
• a criação inteira;
• os caminhos que se abrem ao
homem;
• e aqueles que trilham os justos e
os pecadores.
34. • E, finalmente, o título esclarece sobre as circunstâncias,
o momento do nascimento do salmo:
• manhã ou noite;
• momento de alegria, ou de dor,
• doença ou guerra;
• hora de peregrinação festiva,
• de entrada no templo,
• de núpcias reais,
• ou de devastação do templo e de exílio;
• tempo de vitórias e libertação,
• ou de dificuldades, perigos e calamidades,
• perseguição, traição ou derrota.
35. • Orienta o usuário do salmo a entrar de imediato no clima
deste.
• Ajuda-o, ao mesmo tempo, a sintonizar mais facilmente o
salmo com a vida em geral e com a sua vida pessoal,
• em ambas as quais costumam repetir-se experiências
iguais ou semelhantes àquelas rezadas pelo salmista.
• Sentença cristã
• A sentença cristã é a frase do Novo Testamento
• ou de um Padre da Igreja logo abaixo do título do salmo.
• De modo geral, pode-se dizer que esta sentença visa a
fomentar a oração dos salmos
• à luz da nova revelação,
• dar-lhe uma chave de leitura neotestamentária.
36. • a sentença cristã é auxílio para
entender os salmos na
perspectiva de Cristo,
• para dar-lhes uma caracterização
e um sentido crísticos,
• para ouvir neles a Palavra de
Cristo ao Pai, palavras da Igreja a
Cristo, ou sobre Cristo.
• A sentença cristã ajuda
igualmente a ouvir no salmo a voz
da Igreja
• e, inclusive, a nossa voz.
• Assim como os titulos, também a
sentença cristã facilita a conexão
dos salmos com a vida cristã,
37. • sobretudo naqueles salmos em que, por sua natureza,
essa conexão é mais difícil de se fazer.
• Ela é auxílio para atualizar os salmos,
• precisar melhor o seu sentido espiritual para nós, hoje.
• Poder-se-ia dizer que ela é o título cristão dos salmos.
• Alguns exemplos:
• O Salmo 21- ''Meu Deus, meu Deus, por que me
abandonaste?”:
• o título nos diz que se trata da "aflição do justo e sua
libertação".
• A sentença evangélica coloca a frase inicial do salmo na
boca de Cristo.
• Salmo 47 - "Povos todos do universo, batei palmas ":
Originariamente, é um canto à glória de Iahweh.
• A sentença é: "Está sentado à direita do Pai, e seu Reino
não terá fim".
38. Salmo 47
Batei palmas, todos os povos;
aclamai a Deus com voz de júbilo.
Porque o Senhor Altíssimo é
tremendo; é grande Rei sobre toda a
terra.
Ele nos sujeitou povos e nações sob
os nossos pés.
Escolheu para nós a nossa herança, a
glória de Jacó, a quem amou.
39. •Deus subiu entre aplausos, o Senhor subiu ao
som de trombeta.
•Cantai louvores a Deus, cantai louvores; cantai
louvores ao nosso Rei, cantai louvores.
40. Pois Deus é o Rei de toda a
terra; cantai louvores com
salmo.
Deus reina sobre as nações;
Deus está sentado sobre o seu
santo trono.
Os príncipes dos povos se
reúnem como povo do Deus de
Abraão, porque a Deus
pertencem os escudos da terra;
ele é sumamente exaltado.
41. • O que refere o salmo à glorificação de Cristo,
• sobretudo em sua ascensão.
• Salmo 128 "Feliz és tu se temes o Senhor ":
• É salmo gradual, cantado pelos peregrinos a
caminho de Jerusalém.
• Termina com a bênção que os sacerdotes
pronunciavam sobre os peregrinos à Sua chegada.
• Pinta o quadro da felicidade doméstica que Deus
dá ao justo,
• o que é expresso no título "A paz do Senhor na
família".
42. • A sentença é: "De Sião, isto é, da sua Igreja, o
Senhor te abençoe".
• Nela, Sião se faz Igreja: atual lugar privilegiado
das bênçãos do Senhor.
• Salmo 114 - "Quando o povo de Israel saiu do
Egito ":
• Seu título e sua literalidade se referem à
experiência da libertação do povo judeu no
Êxodo.
• A sentença é de Santo Agostinho: "Sabei que
também vós, que renunciastes a este mundo,
saístes do Egito".
• Ela nos dá a pista para rezar o salmo a partir de
nossa fé cristã.
43.
44. • Na tradição cristã, já desde o século III,
• encontramos manuscritos com salmos
precedidos de frases cristãs.
• E a IG 138 informa que, "seguindo esse método,
• os Santos Padres entenderam e comentaram
todo o saltério como profecia a respeito de Cristo
e da Igreja".
• Na atual Liturgia das Horas essas sentenças
cristãs são tão apreciadas
• que "no Ofício do Tempo Comum, sem canto,
em lugar" das "antífonas,
• podem ser usadas, se oportuno", essas "frases
que se antepõem a cada salmo“.
46. • A antífona é frase breve que antecede o
salmo e seus outros elementos
introdutórios:
• número, título e sentença cristã.
• Inicialmente, antífona não era um
elemento do Ofício, mas um modo de
salmodiar.
• Explicando: originariamente, "antifonar"
era cantar alternando um coro com outro
• (donde o modo "antifonado" de cantar os
salmos).
47. • Depois passou a significar só o estribilho
intercalado entre as estrofes,
• como era o costume já no tempo de São
Bento.
• E, finalmente, por brevidade, passou a ser
a frase curta
• dita ou cantada antes e depois do salmo e,
somente por vezes,
• também entre as estrofes do mesmo.
48. • Seu uso na Liturgia, sobretudo na salmodia da Liturgia
das Horas, existe pelo menos desde o século IV.
• Donde são extraídas as antífonas?
• Algumas são tomadas do próprio salmo ao qual
precedem e seguem:
• um clamor, um gemido, uma exclamação, uma
confissão...
• Neste caso, às vezes a antífona é igual à parte retirada
do salmo. Como:
• "Dizem coisas gloriosas da cidade do Senhor ",
• terceiro versículo do Salmo 87, usado tal e qual na
reza deste.
• Outras vezes, na antífona se introduz alguma variação
com relação à passagem do salmo fonte.
49. • Por exemplo, Salmo 88: Seu segundo versículo
diz: "A vós clamo, Senhor, sem cessar, todo dia, e
de noite se eleva até vós meu gemido ".
• A antífona sintetiza: "De dia e de noite eu clamo
por vós".
• Esse é certamente o tipo mais antigo de antífona.
• Outro tipo é o das antífonas compostas por
pensamentos b´blicos.
• Destas antífonas bíblicas muitas são extraídas dos
Evangelhos e acompanham sobretudo o
Benedictus e o Magnificat, com frases que fazem
eco ao Evangelho do dia, sobretudo nos domingos.
50. • E, dessas antífonas evangélicas, muitas são tomadas
literalmente do texto escriturístico.
• Assim: Não podeis servir a Deus e ao dinheiro " texto
usado do Salmo 49 no Advento e no Tempo Comum,
• ou "Glória a Deus nos altos céus... "
• que acompanha o Benedictus do Natal.
• Outras são apenas inspiradas no Evangelho do dia.
• Como a antífona do Magnificat nas II Vésperas deste
dia:
• "Jesus Cristo hoje nasceu, apareceu o Salvador. Hoje
na terra os anjos cantam e se alegram os arcanjos.
Hoje exultam de alegria os homens justos a dizer:
Glória a Deus nos altos céus".
51. "Jesus Cristo hoje
nasceu, apareceu o
Salvador. Hoje na terra
os anjos cantam e se
alegram os arcanjos.
Hoje exultam de alegria
os homens justos a
dizer: Glória a Deus
nos altos céus".
52. • Um terceiro caso são as antífonas que aludem a
alguma característica ou acontecimento especial da
vida do santo
• ou da santa celebrados nas Horas.
• A esse tipo pertencem também as colhidas das Atas
dos Mártires.
• Por exemplo, as antífonas empregadas nas Laudes
da festa de São João Apóstolo e Evangelista:
• "São João Evangelista e Apóstolo amado e preferido
por Jesus".
• "Jesus, na cruz morrendo, confiou a Virgem Mãe ao
discípulo amado".
• "O discípulo amado disse aos outros: 'É o Senhor.
53. • Essas antífonas chamam-se históricas.
• Todas as não incluídas nas três categorias anteriores
são antífonas independentes.
• Quanto ao seu conteúdo, há quem distinga, de um
lado, as antífonas líricas, mais carregadas de poesia,
• e, de outro, as de caráter teológico.
• Estas últimas comunicam, de forma resumida, a
teologia do mistério celebrado.
• Esse caráter está muito presente nas antífonas que
iniciam ou usam o "hoje",
• antífonas que acentuam a permanência dos mistérios
salvíficos por meio da celebração litúrgica:
56. • As antífonas do "Ó", rezadas com o Magnificat nos
últimos dias do Advento (17 a 23 de dezembro),
• apresentam essas duas características: são a um
tempo poéticas e teológicas: "Ó Sabedoria..." "Ó
Adonai..."
• E quais são os fins da inclusão das antífonas na
Liturgia das Horas e os efeitos que se esperam da
sua reza?
• Pode-se dizer que as antífonas são um recurso
pedagógico da Liturgia para a reza mais
consciente, cristã e sintonizada dos salmos.
57. • Reza mais consciente:
• As antífonas são como chaves de entendimento dos
salmos, luzes que iluminam o seu significado e sentido.
• Reza mais cristã:
• Da mesma forma como as sentenças cristãs, também
as antífonas podem contribuir para facilitar a reza dos
salmos em dimensão neotestamentária.
• Também elas, com frequência, desvendam o seu
sentido cristológico ou o comunicam a eles.
• É sabido que "especialmente nos dias festivos os
salmos foram escolhidos por alguma razão
cristológica".
• E "para sugeri-la" é que "se lhes antepõem geralmente
antífonas tiradas dos próprios salmos" cf Lc 2,14.
59. • Nessa função de caracterização cristã,
• por vezes, a antífona ilumina e manifesta
o papel tipológico, ou profético,
• que um personagem do Antigo
Testamento tem com relação a outro do
Novo.
• Por exemplo, o Salmo 112
• "Feliz o homem que respeita o Senhor e
que ama com carinho sua lei!
• Sua descendência será forte sobre a
terra “
• não fala diretamente de São José.
60. • Mas a antífona que o precede - "Sua mãe lhe
disse:
• 'Eu e teu pai te procurávamos aflitos'"
• nos permite rezá-lo vendo o "homem justo"
do salmo
• (o título, na Bíblia de Jerusalém, é "Elogio do
justo ")
• como figura típica, ou profética,
• daquele "homem justo " de que fala o
Evangelho.
• Essa antífona converte o salmo em canto
muito adequado para a festa de São José.
62. • Reza mais sintonizada:
• A antífona anuncia a cor própria do salmo, o seu tom
peculiar, o seu clima de meditação moral, de confissão
penitencial, de canto laudatório...
• Ela ajuda a entrar em sintonia com o mistério que o salmo
contribui a celebrar.
• Auxilia na leitura litúrgica variada do mesmo salmo
• a dar-lhe tonalidade peculiar conforme o tempo ou a festa
em que ele é rezado.
• Por exemplo, o Salmo 48 ("A ilusão das riquezas ")
• que, no Tempo Comum, é precedido pela antífona
"Dificilmente um rico entrará no Reino dos Céus",
• no Tempo Pascal é acompanhado pela orientação de
Paulo:
• "Procurai o que é do alto e não o que é da terra
63. • O caso mais rico dessa sintonização ocorre com
as antífonas caracterizadoras do Salmo 110
• ("Oráculo de Jahweh ao meu Senhor: senta-te à
minha direita").
• Ele é precedido de mais de vinte e cinco
antífonas diferentes,
• cada uma delas destacando a idéia do salmo
mais adequada ao tempo e à festa
comemorada:
• No Natal: "Tu és príncipe desde o dia em que
nasceste " (é o versículo três do salmo);
64. • na Páscoa: "O Senhor ressuscitou cheio de glória e
assentou-se à direita de Deus Pai“ o versículo 1 diz:
• "Senta-te à minha direita ")
• em Corpus Chris-ti: "Jesus Cristo, sacerdote eterno,
segundo a ordem do rei Melquisedec... " (repete o
versículo 4 do salmo).
• Essa função de dar a "tonalidade" é particularmente
evidenciada quando o salmo é cantado.
• A forma musical da antífona é diferente do salmo.
• Mas a antífona, neste caso, não somente dá a
tonalidade em termos de ideias;
• ela também já dá (literalmente) o tom melódico deste.
• Conforme a hora, a festa, o tempo, comunica-lhe um
matiz festivo, austero, expressivo ou contemplativo.
65. • Os textos oficiais dão algumas orientações
quanto ao uso da antífona:
• Quando para um só salmo há mais de uma
antífona, escolhe-se livremente a que se quer
usar.
• A antífona pode ser rezada ou cantada.
• Se rezada, pode ser recitada por uma pessoa
só;
• se cantada, é bom que toda a comunidade a
cante.
• Quando a antífona é cantada, o salmo pode
ser tanto cantado como rezado.
66. • Mas o ideal é que, assim como os salmos,
também as antífonas sejam cantadas:
• "Se musicalmente acertadas, podem ser ajuda
valiosa para que o canto dos salmos seja de
qualidade".
• Se a antífona é cantada, convém repeti-la ao
início e no fim.
• Se for rezada, pode ser omitida ao final,
• mas no começo deve ser sempre rezada.
• Isso pelo seu caráter introdutório
• e por causa de sua função de ajudar a rezar o
salmo mais consciente, cristã e
sintonizadamente.
68. • Além disso, ela pode também, como em seus
inícios, ser repetida após cada estrofe ou após
cada grupo de estrofes.
• No Ofício do Tempo Comum sem canto, a
antífona pode ser substituída pela sentença
cristã.
• No caso de salmos divididos em duas ou três
partes,
• pode-se, ou rezar/cantar cada parte
separadamente, terminando cada um com o
Glória e sua antífona,
• ou rezar/cantar o salmo todo, suprimindo os
glória e antífona intermediários.
69. • Moção sálmica
• Eventualmente, o salmo pode ser precedido por
exortação ou moção sálmica.
• Esta não é acrescida aos outros elementos
introdutórios (título, sentenç a cristã, antífona).
• Ela integra as idéias neles contidas e, se útil, as
completa com outras pessoais de quem faz a
introdução
• Ela tambéim procura atender ao conjunto dos
fins e alcançar o conjunto dos efeitos que se
espera desses elementos:
70. • ajudar a rezar melhor o salmo,
• indicando aspectos como as circunstancias de sua
origem,
• sua natureza e sentido literal,
• seu(s) sujeito(s) e objeto(s);
• sua dimensão crística: sua relação com a hora, a
festa, o tempo;
• sua conexão com nossa experiência humana e
cristã.
• Ela não deve ser convertida em aula de exegese
nem em homilia.
• E deve ser dosada: breve quanto ao tempo;
• sóbria quanto ao número (normalmente, não antes
de cada um dos salmos da Hora)
71. • Os salmos concluem
sempre com o "Glória
ao Pai".
• Também ele "confere
à oração do Antigo
Testamento
• um sentido de louvor
cristológico e
trinitário“ IG 123
72. • Oração sálmica
• Uma das formas clássicas de rezar os salmos,
vinda desde a Igreja bem antiga,
• é acrescentar-lhe uma oração chamada sálmica.
• Testemunhos escritos, a partir do século IV,
• dão conta da prática bastante generalizada,na
Europa e na África,
• de intercalar uma oração entre um e outro salmo.
• Assim, São Basílio, pelo ano 375, em sua Epístola
207, diz que o povo, em algumas ocasiões,
passava a noite ocupado com a salmodia
intercalada da oração.
73. • A peregrina Etéria, no final do século IV,
• descrevendo o Oficio noturno a que assiste em
Jerusalém, escreve em seu "Itinerário":
• "Tendo o povo entrado, qualquer um dos presbíteros
presentes diz um salmo,
• e todos respondem (com o estribilho da antífona);
• depois se faz oração".
• Alguns textos "falam de oração silenciosa e pessoal
• que prolonga a recitação dos salmos num clima de
meditação e de aplicação à própria vida".
74. • A regra de São Columbano prescreve a seus monges,
depois de cada salmo, uma oração feita de joelhos e
em silêncio.
• "Também Santo Isidoro recomenda aos monges,
depois de cada salmo, uma oração feita de joelhos".
• "Mas essa oração silenciosa evoluiu em muitos lugares
para a formulação de uma coleta, oração em voz alta".
• Santo Atanásio, no século IV, dá normas às virgens
para a recitação dos salmos".
• E uma dessas recomendações é que "a cada um deles
deve seguir uma oração feita de joelhos, em voz alta,
por turno".
75. • "Cassiano, nos começos do século V, é quem mais
expressamente nos descreve o costume das coletas
sálmicas no ambiente monástico:
após cada salmo, segue um momento de oração
pessoal, feita em pé.
• Em seguida, vêm breve prostração.
• e o levantar para o prosseguimento da oração.
• Neste momento, o presidente conclui a oração com
uma fórmula que todos escutam, a coleta sálmica:
• o sacerdote 'recolhe a oração', ou seja,
• coleta as intenções pessoais de todos e de cada um
dos presentes".
76. • São também testemunhos destas orações várias
séries delas que foram conservadas:
• uma africana, datada do século V;
• outra romana ou itálica, possivelmente do século VI;
• e outra hispânica antiga, que remonta ao século VII.
• Indícios do interesse que ainda hoje há por tal tipo de
oração é o fato de a IG152 anunciar um suplemento
da Liturgia das Horas com uma coleção delas.
• Nesses testemunhos, transparecem elementos da
natureza dessas orações,
• do momento e do modo de rezá-las, das suas funções
ou finalidades e dos seus efeitos.
77. • Quanto à natureza, elas são orações (também
chamadas coletas)
• dirigidas a Deus a partir dos salmos.
• Com relação ao momento e ao modo de reza, de
acordo com a antiga tradição, a sequência normal
seria:
• reza do salmo - silêncio meditativo - coleta (oração)
sálmica.
• No referente à sua função, finalidade e também efeitos,
a oração sálmica,
• em primeiro lugar, faz com que os salmos sejam
rezados não de forma corrida uns após os outros,
• mas intercalados por espaços de silêncio, de reflexão
pessoal, de meditação personalizada.
78.
79. • A sequência referida -
salmo, silêncio, coleta
- faz com que a reza
dos salmos seja
meditativa.
• E isso permite que os
mesmos se carreguem
de ressonâncias
especiais na
intimidade do coração
de cada um dos que
os rezam.
80. • Depois, a oração que os segue recolhe, sintetiza e
conclui as ideias e sentimentos,
• ecos interiores despertados pelos salmos na mente e
no coração dos integrantes da comunidade orante.
• E, ao mesmo tempo, os traz para hoje.
• Faz a ponte entre a literalidade e o contexto originário
do salmo e a vida e história atuais dos orantes.
• Com a particularidade que essa transposição do texto
vétero-testamentário que é o salmo para o aqui e o
agora do orante
• é feita em clave de fé, a partir do sentido crístico,
eclesial e cristão.