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ABORDAGENS PUBLICAS AOS ARQUIVOS PRIVADOS NO CONTEXTO DAARQUIVISTICA PORTUGUESA
- Os arquivos de família e pessoais no Arquivo Municipal de Vila Real
1
Pedro de Abreu Peixoto
Arquivo Municipal de Vila Real
Director
*
Universidade Nova de Lisboa - FCSH, Fevereiro de 2010
O Prof. Elio Lodolini, na sua Archivística, chamava a atenção para o facto de a memória
ser intrínseca à existência de uma sociedade organizada. Considerava mesmo a memória
intrínseca à existência da vida, pelo menos nas formas que nós concebemos. Basta pensar na
memória genética, transmitida pelo ADN nas células de todo o ser vivo, primeiro “Arquivo” em
absoluto.
Esta ideia é bastante expressiva sobre a necessidade de conservar a memória histórica das
sociedades organizadas. Uma memória cujo melhor garante é o arquivo, depositário das
actividades que o ser humano desenvolveu no passado e, portanto, o património documental é
um dos mais importantes patrimónios de toda a sociedade.
O valor deste património só atinge todo o seu potencial valor se chegar aos cidadãos,
através de programas de organização e difusão dos fundos documentais, aproximando a
comunidade dos arquivos.
Isto torna-se possível organizando actividades com conteúdo cultural, que aportam
conhecimentos à sociedade que lhe permitem conhecer e valorizar o seu passado histórico e
despertar uma atitude de reflexão crítica perante as realidades passadas e presentes da
comunidade.
As experiências em países com grande tradição arquivística sobre a activa função cultural
dos arquivos, remonta a algumas décadas atrás.
Superado o debate sobre a oportunidade ou não de incluir no trabalho arquivístico a
faceta da difusão cultural e aceite esta como de uma importância similar aos trabalhos descritivos
ou de conservação dos fundos documentais, os encontros teóricos e as práticas arquivísticas neste
sentido, vêm-se sucedendo, a nível internacional, desde os anos cinquenta, datas em que o CIA
começa a tomar posições claras neste campo. Juntam-se uma série de actividades e publicações
em países como a França, Itália, Grã-Bretanha e nos antigos países socialistas, que permitiram
avançar e, inclusivamente, reflectir sobre as acções postas em marcha e procurar fórmulas mais
de acordo com as novas tecnologias aplicadas à acção cultural nos arquivos.
Todo o trabalho do Arquivo Municipal de Vila Real é visto numa perspectiva
integradora. Se por um lado a sua principal missão é a gestão da informação documental do
Município, na qual assume uma acção eminentemente técnica e administrativa, compete-lhe
também actuar enquanto agente cultural.
ABORDAGENS PUBLICAS AOS ARQUIVOS PRIVADOS NO CONTEXTO DAARQUIVISTICA PORTUGUESA
- Os arquivos de família e pessoais no Arquivo Municipal de Vila Real
2
No papel de agente cultural, a acção do arquivo promove uma actividade que, de acordo
com as estratégias do município, procura proporcionar aos cidadãos melhores conhecimentos
para se situarem de forma consciente no contexto social que lhes é próprio, com o intuito de
contribuir para a sua evolução.
A acção cultural dos Arquivos Municipais deve, assim, transmitir o valor do nosso
património documental, como parte fundamental da herança cultural do município, e converter-
se num centro de acção cultural, que possa oferecer aos cidadãos elementos úteis para a
valorização e análise da sociedade actual e das suas possibilidades futuras.
O projecto relacionado com os Arquivos de Família e Pessoais, insere-se nesta vertente
de acção cultural, estrategicamente assumido no decorrer da missão da instituição.
Partindo das premissas do apoio à preservação e divulgação do património documental e
do apoio à investigação e divulgação da história local, chegamos à constatação do grande
número de fundos de família e pessoais que, por razões de vária índole, se encontram
inacessíveis e/ou em risco.
Considerando o diálogo entre o interesse público e o interesse demonstrado pelos
proprietários dos fundos documentais, o AMVR desenvolve um projecto, cujas premissas básicas
se focam na importância do destaque que o município dá à informação e à sua divulgação e
comunicação, libertando-se da parte patrimonial e dos aportes mais ou menos subjectivos que
transporta, reservando aos proprietários o direito a ficar com a documentação, sendo que os
mesmos devem assegurar as condições físicas para a sua salvaguarda.
Assim, num encontro de interesses público/privado, o AMVR disponibiliza o tratamento
técnico dos fundos documentais, enquanto os proprietários asseguram a disponibilização integral
da informação contida na documentação e a liberdade de divulgação e comunicação da mesma,
por parte desta instituição.
Assegurando, com as premissas básicas do projecto, que valorizam em primeiro plano a
informação, o AMVR prossegue a sua estratégia de apoio à preservação e divulgação do
património documental e o apoio à investigação e divulgação da história local.
Vila Real, Fevereiro de 2010

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  • 1. ABORDAGENS PUBLICAS AOS ARQUIVOS PRIVADOS NO CONTEXTO DAARQUIVISTICA PORTUGUESA - Os arquivos de família e pessoais no Arquivo Municipal de Vila Real 1 Pedro de Abreu Peixoto Arquivo Municipal de Vila Real Director * Universidade Nova de Lisboa - FCSH, Fevereiro de 2010 O Prof. Elio Lodolini, na sua Archivística, chamava a atenção para o facto de a memória ser intrínseca à existência de uma sociedade organizada. Considerava mesmo a memória intrínseca à existência da vida, pelo menos nas formas que nós concebemos. Basta pensar na memória genética, transmitida pelo ADN nas células de todo o ser vivo, primeiro “Arquivo” em absoluto. Esta ideia é bastante expressiva sobre a necessidade de conservar a memória histórica das sociedades organizadas. Uma memória cujo melhor garante é o arquivo, depositário das actividades que o ser humano desenvolveu no passado e, portanto, o património documental é um dos mais importantes patrimónios de toda a sociedade. O valor deste património só atinge todo o seu potencial valor se chegar aos cidadãos, através de programas de organização e difusão dos fundos documentais, aproximando a comunidade dos arquivos. Isto torna-se possível organizando actividades com conteúdo cultural, que aportam conhecimentos à sociedade que lhe permitem conhecer e valorizar o seu passado histórico e despertar uma atitude de reflexão crítica perante as realidades passadas e presentes da comunidade. As experiências em países com grande tradição arquivística sobre a activa função cultural dos arquivos, remonta a algumas décadas atrás. Superado o debate sobre a oportunidade ou não de incluir no trabalho arquivístico a faceta da difusão cultural e aceite esta como de uma importância similar aos trabalhos descritivos ou de conservação dos fundos documentais, os encontros teóricos e as práticas arquivísticas neste sentido, vêm-se sucedendo, a nível internacional, desde os anos cinquenta, datas em que o CIA começa a tomar posições claras neste campo. Juntam-se uma série de actividades e publicações em países como a França, Itália, Grã-Bretanha e nos antigos países socialistas, que permitiram avançar e, inclusivamente, reflectir sobre as acções postas em marcha e procurar fórmulas mais de acordo com as novas tecnologias aplicadas à acção cultural nos arquivos. Todo o trabalho do Arquivo Municipal de Vila Real é visto numa perspectiva integradora. Se por um lado a sua principal missão é a gestão da informação documental do Município, na qual assume uma acção eminentemente técnica e administrativa, compete-lhe também actuar enquanto agente cultural.
  • 2. ABORDAGENS PUBLICAS AOS ARQUIVOS PRIVADOS NO CONTEXTO DAARQUIVISTICA PORTUGUESA - Os arquivos de família e pessoais no Arquivo Municipal de Vila Real 2 No papel de agente cultural, a acção do arquivo promove uma actividade que, de acordo com as estratégias do município, procura proporcionar aos cidadãos melhores conhecimentos para se situarem de forma consciente no contexto social que lhes é próprio, com o intuito de contribuir para a sua evolução. A acção cultural dos Arquivos Municipais deve, assim, transmitir o valor do nosso património documental, como parte fundamental da herança cultural do município, e converter- se num centro de acção cultural, que possa oferecer aos cidadãos elementos úteis para a valorização e análise da sociedade actual e das suas possibilidades futuras. O projecto relacionado com os Arquivos de Família e Pessoais, insere-se nesta vertente de acção cultural, estrategicamente assumido no decorrer da missão da instituição. Partindo das premissas do apoio à preservação e divulgação do património documental e do apoio à investigação e divulgação da história local, chegamos à constatação do grande número de fundos de família e pessoais que, por razões de vária índole, se encontram inacessíveis e/ou em risco. Considerando o diálogo entre o interesse público e o interesse demonstrado pelos proprietários dos fundos documentais, o AMVR desenvolve um projecto, cujas premissas básicas se focam na importância do destaque que o município dá à informação e à sua divulgação e comunicação, libertando-se da parte patrimonial e dos aportes mais ou menos subjectivos que transporta, reservando aos proprietários o direito a ficar com a documentação, sendo que os mesmos devem assegurar as condições físicas para a sua salvaguarda. Assim, num encontro de interesses público/privado, o AMVR disponibiliza o tratamento técnico dos fundos documentais, enquanto os proprietários asseguram a disponibilização integral da informação contida na documentação e a liberdade de divulgação e comunicação da mesma, por parte desta instituição. Assegurando, com as premissas básicas do projecto, que valorizam em primeiro plano a informação, o AMVR prossegue a sua estratégia de apoio à preservação e divulgação do património documental e o apoio à investigação e divulgação da história local. Vila Real, Fevereiro de 2010