Este manual fornece 5 passos para ajudar pais a conduzirem aulas online para crianças na educação infantil de maneira efetiva: 1) compreensão da situação, 2) preparação das crianças, 3) estruturação do ambiente e atividades, 4) validação do esforço das crianças, e 5) contextualização do aprendizado no mundo real.
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
Ensino infantil remoto
1. MANUAL PARA AULAS
ONLINE NA EDUCAÇÃO
INFANTIL: 5 PASSOS
PARA SEU FILHO
APRENDER E VOCÊ NÃO
ENLOUQUECER!
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1º PASSO: COMPREENSÃO
O primeiro passo na verdade é um passo atrás. Ver de fora o que está
acontecendo para conseguir agir de maneira adequada.
É importante saber que ninguém estava preparado para esta situação.
Nem os pais e famílias, nem as crianças ou os professores e as escolas.
Estamos sendo obrigados a passar por uma experiência totalmente nova: o
ensino remoto na educação infantil. Não é homeschooling e não é EAD.
Na verdade, o ensino à distância nem é recomendado no Ensino Infantil,
voltado às crianças de 2 a 5 anos. Na Primeira Infância, as crianças aprendem
através das experiências concretas e vivências interativas. Para isso, as
atividades tem que ser lúdicas e integrar vários tipos de habilidades e
conhecimentos. Em um ambiente virtual não é possível alcançar tudo isso.
• Ensino doméstico ou domiciliar é aquele lecionado no
domicílio do aluno, por um familiar ou por pessoa que com
ele habite. (Wikipedia)
Homeschooling
• Modalidade de educação mediada por tecnologias em que
alunos professores não estão fisicamente presentes em um
ambiente presencial de ensino-aprendizagem. (Wikipedia)
Educação a Distância
EAD
• Adaptação das escolas para conseguir finalizar o ano letivo
com o uso de tecnologias, mas com os mesmos princípios do
ensino presencial. (Renata Costa, in Desafios da Educação)
Ensino remoto
emergencial
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Segundo o Núcleo Ciência pela Infância (NCPI), o aprendizado pode
ficar fragmentado ou descontextualizado quando a criança fica de frente
para uma tela, sem contato real com as pessoas.
Porém, estamos vivenciando uma situação emergencial e sem
precedentes. A solução que muitas escolas encontraram foi a de manter o
Ensino Infantil de maneira remota, com a ajuda dos pais. E ainda estamos nos
adaptando a essas mudanças. Cabe a cada um de nós fazer o melhor e tentar
se ajustar. Quanto mais tranquila for essa fase, melhor será a transição
para o novo normal que tomará conta de nossas vidas.
Refletindo desta forma, vamos “Aprendendo a conhecer!”
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2º PASSO: PREPARAÇÃO
Como todo projeto que nos propomos fazer, é preciso planejar as suas
etapas previamente. Uma boa preparação nos poupa tempo, minimiza os erros
e permite recalcular a rota sempre que necessário.
Primeiro, antecipe o que vai acontecer com a criança. Monte um
cronograma, vá avisando sobre a aula e como será a sequência de atividades
neste dia. Vale até treinar um pouco como será. Vocês podem brincar de
escola, imitar as pessoas, ensaiar um teatro.
Depois, deixe bem claro quais são as expectativas quanto à participação
da criança durante a aula. Dizer que “tem que se comportar e fazer a
atividade”, é um pouco vago. Defina os objetivos com a criança, de acordo com
sua idade: ficar perto da tela, responder quando perguntado, cantar as
músicas, colorir, escrever. O importante é participar e se sentir bem,
aproveitando a oportunidade de interagir com o (a) professor (a) e os colegas
de turma. O aprendizado do conteúdo será uma consequência.
“Na Educação Infantil, as aprendizagens essenciais compreendem tanto
comportamentos, habilidades e conhecimentos quanto vivências que promovem
aprendizagem e desenvolvimento nos diversos campos de experiências, sempre
tomando as interações e a brincadeira como eixos estruturantes. Essas
aprendizagens, portanto, constituem-se como objetivos de aprendizagem e
desenvolvimento.” In: Base Nacional Comum Curricular (BNCC) – MEC.
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Por último, deixe que a criança escolha uma recompensa caso ela
participe da forma adequada da aula. Evite opções de bens, produtos ou uso
de telas. O ideal é que seja uma experiência: uma brincadeira que ela gosta,
dançar uma música, ler um livro especial, preparar alguma receita na cozinha,
ou fazer um passeio (ainda que nesta quarentena esteja um pouco difícil).
Melhor ainda se a sua participação estiver incluída nesta recompensa. Deixe
a criança escolher o que ela mais gosta ou se interessa. Cuidado para não
passar na frente dela e determinar o que convém a você e não a ela. Limite-
se a guiar o processo para ser algo viável e seguro.
Sempre pergunte à criança sobre cada passo para checar se ela
compreendeu como vão se desenrolar as atividades.
Assim, seguimos no “Aprendendo a Fazer”!
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3º PASSO: ESTRUTURAÇÃO
Quanto mais organizado, previsível e confortável o ambiente, melhor o
nosso desempenho em qualquer tarefa. Confira todos os itens antes de
começar a aula, mas faça com que a criança participe deste momento também.
Isso vai ajudá-la a desenvolver seu senso de responsabilidade e aumentar seu
engajamento durante as atividades.
Direitos de aprendizagem e desenvolvimento na Educação Infantil:
Participar ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do planejamento
da gestão da escola e das atividades propostas pelo educador quanto da
realização das atividades da vida cotidiana, tais como a escolha das
brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, desenvolvendo diferentes
linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo e se posicionando. In:
BNCC – MEC.
Checklist
Separar com antecedência o material necessário para as atividades.
Checar o funcionamento dos acessórios e recursos tecnológicos.
Preparar o ambiente: manter uma boa iluminação,
eliminar ruídos e distrações.
Deixar na mesa ou no ambiente apenas o que a criança vai usar.
Se possível, destacar só a página de atividades do dia
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Durante a aula, é importante o adulto acompanhar as atividades, mas
temos que controlar nosso ímpeto em responder ou fazer tudo pela criança.
Ainda que ela demore ou não faça exatamente como o proposto, isso também
faz parte do aprendizado. A criança não precisa ficar imóvel e sentada o
tempo todo, ainda mais na primeira infância. Mas é claro que deve-se exigir a
sua presença e a atenção quanto às instruções. Se a criança se desviar demais
da atividade ou não quiser participar, lembre-a da recompensa que vocês
combinaram. Faça com que ela reflita sobre o que prefere. No final, receber
ou não a recompensa vai ser uma opção dela.
Nos momentos de interação com o professor ou a turma, o adulto pode
guiar a criança para que ela participe de forma adequada, sem repreensões
ou descrença na sua capacidade. Para crianças muito extrovertidas, pode ser
necessário controlar um pouco o tempo de fala, ensinar a aguardar a vez e
escutar os outros. Para crianças mais introvertidas, por outro lado, vai ser
necessário mais encorajamento, paciência e incentivo para que ela possa se
expressar e comunicar-se efetivamente.
Algumas crianças são mais rápidas e terminam a atividade antes dos
outros. Para esperar que todos estejam prontos, você pode ir conversando
sobre a atividade e outras ideias que surgirem sobre o tema proposto. Para a
criança que demora um pouco mais para realizar a atividade, é importante que
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o professor e a turma permitam que ele tenha mais tempo para finalizá-la.
Afinal, respeitar o ritmo e as habilidades de cada um também fazem parte
do aprendizado para a vida. Mas se realmente estiver difícil completar a
atividade naquele momento, a criança pode terminar mais tarde com a ajuda
do adulto.
Enquanto realiza uma atividade escolar, a criança está desenvolvendo
uma série de habilidades essenciais para a vida enquanto indivíduo e cidadão:
resolução de problemas, tolerância à frustração, capacidade de adaptação a
situações imprevistas, resiliência frente às adversidades que possam surgir,
entre outras. Simplesmente falar que não consegue e desistir da atividade
não contribui pra nada disso. Então, ajude a criança a encontrar maneiras mais
efetivas de superar as dificuldades. Por exemplo, trocar o “Não consigo” por
“Me ajuda!” é mais proativo e leva a uma ação positiva, ao invés de paralisar a
criança na auto-depreciação.
“Me ajuda!”“Não consigo!”
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Por último, vale lembrar que saber comportar-se em um ambiente online
também é uma habilidade essencial no mundo atual. Em uma reunião virtual, é
fácil nos esquecermos de que as pessoas estão nos vendo do outro lado. Aí,
começamos a nos comportar como se estivéssemos apenas em uma chamada
telefônica. Então, cuidado com a postura, vestimentas, distrações e
atividades paralelas, para não virar o próximo meme na internet! Rsrsrs...
Com isso, vamos “Aprendendo a viver juntos!”
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4º PASSO: VALIDAÇÃO
Ao final da atividade, reconheça o esforço da criança com válido e
legítimo. Elogie a criança de forma genuína, sem exageros ou displicência e
corrija o que for necessário de maneira tranquila e encorajadora. Os erros
fazem parte do aprendizado e saber que se pode tentar novamente ajuda a
fortalecer a autoestima e autonomia da criança.
Agora é a hora da recompensa. Lembra? Aquela que vocês combinaram
no 2º passo do manual! Se a criança cumpriu, vai poder fazer o que pediu. Não
precisa estar tudo perfeito nos mínimos detalhes. Não seja rigoroso demais
nesse momento. Se ela se esforçou e participou das atividades ao seu jeito,
está de bom tamanho. Mas também não vale ficar com dó ou ceder à pressão
para dar um prêmio por algo que ela não cumpriu. Se ela não atendeu o que
Conexão
Incentivo
Elogio
Reconhecimento
Paciência
Repreensão
Punição
Depreciação
Descrença
Irritação
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vocês tinham combinado, não tem recompensa. Assim, a criança vai entender
que os seus atos tem consequências. Não é punição. É só responsabilização.
E se não deu certo dessa vez, reveja os passos e recomece. Sempre há
uma chance de fazer diferente para melhorar.
Pois estamos continuamente “Aprendendo a ser”, no mundo.
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5º PASSO: CONTEXTUALIZAÇÃO
Por último, mas não menos importante, temos que lembrar que o
aprendizado não termina quando acaba a aula, seja presencial ou virtual. O
aprendizado está em toda a parte e é importante usar o mundo real para
manter a curiosidade e a aquisição de habilidades das crianças. É só olhar à
sua volta: objetos da casa viram formas geométricas, canudos se
transformam em letras, receitas usam medidas e números e letras estão
espalhadas tanto em outdoors quanto nas nossas roupas. Isso tudo só para
falar de alfabetização e aprendizado formal.
Além disso, podemos aprender em diversos contextos do dia-a-dia,
seja na família, escola ou comunidade. São inúmeras as habilidades sociais e
emocionais que se aprende ao fazer refeições em família, disputar jogos ou
brincar de faz-de-conta. E quando ensinamos, aprendemos também.
Em um mundo cada vez mais tecnológico, é ainda mais essencial manter
o “Aprendendo a aprender”. Por isso, o aprendizado ao longo da vida é um
direito de todas as pessoas, em qualquer idade. Não podemos deixar nunca de
aprender.
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In: Educação: Um tesouro a descobrir – Relatório para a Unesco da
Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI.
E aí, vamos arregaçar as mangas e começar os trabalhos?
Acredite, pode ser mais leve e divertido!
Aprender a conhecer:
Adquirir instrumentos de
compreensão.
Aprender a fazer:
Para poder agir sobre o meio.
Aprender a viver juntos:
Cooperação com os outros em
todas as atividades humanas.
Aprender a ser:
Conceito principal que integra
todos os anteriores.
Pilares da
Educação
Karina Simone de Souza Vasconcelos.
Fisioterapeuta, CREFITO 36963-F.
@karinasimone_fisio
Karina Vasconcelos