1. SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
ENCONTRO COM OS EDUCADORES DE EDUCAÇÃO
INFANTIL DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO
Açailândia – MA
2012
2. Planejamento no Contexto da Educação Infantil
O Planejamento marca a intencionalidade do processo educativo. A
intencionalidade está presente nas escolhas e nos caminhos. Um planejamento que
vise a qualidade social na Educação Infantil precisa levar em conta a
intencionalidade na realização das propostas e, conseqüentemente, a elaboração do
planejamento. Essa elaboração tem implicadas concepções de criança, infância,
Educação Infantil e do significado do próprio planejamento em si.
É necessário entender o planejamento no cotidiano da instituição de
Educação Infantil como um plano antes da ação e o pedagógico como algo que
permeia todas as ações para e com as crianças, levando em conta todos esses
momentos na elaboração do planejamento. Cada um desses momentos do cotidiano
pode ser tanto significativo para a criança como também significado por ela. O
imprevisto deve ser previsto e, estar aberto (a) para uma abelha que entra pela
janela, a chuva que cai, o sol que se esconde atrás das nuvens, o sentimento por
uma avó que se foi, o brinquedo que quebrou.
Se, por um lado, destaca-se a importância de levar em conta as
manifestações das crianças e os imprevistos do cotidiano, por outro lado, no
processo de planejamento, há situações fechadas. O planejamento implica tanto a
participação individual quanto a participação coletiva.
A rotina tem grande importância na Educação Infantil, pois ela auxilia a
criança a construir o conceito de tempo. É por meio da regularidade da rotina que a
criança localiza-se no tempo, no espaço e nas atividades da instituição. É este
mesmo aspecto que permite que a rotina se abra para o novo, para o diferente, sem
se tornar monótona, repetitiva.
Uma rotina compreensível e claramente definida é, também, um fator de
segurança. Serve para orientar as ações das crianças e dos professores e favorece
a previsão de situações que possam vir a acontecer. As atividades de rotina são
aquelas que devem ser realizadas diariamente, oportunizando as crianças o
desenvolvimento e a manutenção de hábitos indispensáveis à preservação da saúde
física e mental como, por exemplo, a organização, a higiene, o repouso, a
2
3. alimentação correta, o tempo e os espaços adequados, as atitudes, as atividades do
dia, etc.
Por caracterizar-se como facilitadora da aprendizagem, a rotina, então
não deve transformar-se numa planilha diária de atividades, rígida e inflexível,
exigindo a adaptação da criança a ela. A flexibilidade, portanto, é fundamental e a
criança precisa aprender a lidar com o inesperado.
A organização do tempo precisa ensejar alternativas diversas e,
frequentemente, simultâneas de atividades mais ou menos movimentadas,
individuais ou grupais, que exijam maior ou menor grau de concentração da atenção;
determinar a hora do repouso, da alimentação, da higiene, a hora do brinquedo, da
recreação, do jogo e do trabalho sério.
Não podemos esquecer que as atividades organizadas contribuem, direta
ou indiretamente, para a construção da autonomia: competências que perpassam
todas as vivências das crianças. Os alunos vão chegando e logo ficam curiosos para
definir e conhecer o que ocorrerá no dia, por isso a importância da rotina e da sala
de aula possuir um quadro de rotinas. Com um quadro de rotinas é fácil determinar
as ordens das tarefas junto com os alunos, principalmente na Educação Infantil.
Na Educação Infantil o primeiro passo da rotina é a caracterização do dia
em termos de calendário (Que dia é hoje? Em que mês estamos? Que dia foi
ontem? E que dia será amanhã? Se tiver alguma data especial o professor deve
conversar sobre ela com seus alunos: data cívica ou aniversário de algum aluno -
mesmo que tenha ocorrido num feriado ou fim de semana), tempo (a estação do ano
é relembrada e verifica-se se algumas características estão presentes no dia. As
condições climáticas são, então, registradas através de cartaz do tempo).
Finalizada essa etapa, é iniciada a chamada interativa: o professor sugere ao grupo
que observe e verifique quem está presente e quem faltou. Após nomearem os
faltantes, então começa a chamada propriamente dita, que pode ser realizada de
diversas formas: preenchendo o quadro “Quantos somos?”, ou num quadro que
possua as fichas de todos os alunos (retira-se as fichas dos que estão faltando e em
seguida conta-se quantos alunos estão presentes, podendo ser até um momento
para trabalhar com os nomes dos alunos), bonequinhos com o nome dos alunos
para colocar num quadro específico (pode-se fazer como o exemplo anterior),entre
outros modelos. Qualquer que seja o modelo escolhido deve-se fazer a contagem
3
4. dos presentes, separar em grupos (meninos e meninas) e sua totalização
novamente. Toda essa atividade de chamada interativa vai permitir a descoberta e
consolidação de valores, além de ser muito agradável para a criança pelo seu
caráter lúdico e participativo, valorizando a presença de cada um e permitindo,
embora dentro da rotina, muitas variações.
As atividades apresentadas para o dia devem constar no quadro de
rotina: atividade individual, em grupo, vídeo, informática, explicação e correção do
dever de casa, jogos, etc.
O tempo gasto em cada atividade é um elemento importante, por isso
teve ser pensado desde o planejamento, para não colocar excesso de atividades.
Na Educação Infantil a roda faz parte da rotina diária, podendo ocorrer
mais de uma vez ao dia se necessário para uma explicação de conteúdo,
experiência onde os alunos possam ficar mais próximos, durante um jogo, entre
outras situações que o professor julgue necessária, pode ou não fazer parte da
rotina diária.
A roda é um dos momentos de grande interação. Implica a expectativa de
algum fato relevante, pois algo de importante vai acontecer quando todos sentam
numa roda. Para o professor, é uma oportunidade de observar os alunos e as
relações entre eles: duplas ou trios que se sentam perto, conversam, trocam objetos,
riem.
Nos primeiros dias de aula, a proximidade da roda permite que os alunos
se conheçam melhor, observando semelhanças e diferenças por meio de um jogo de
identificação iniciado pelo professor: “Tem criança com camisa azul”, “Tem criança
com bota”. Mesmo não sabendo ainda o nome dos colegas, as crianças se voltam
para os indicadores, acompanhando a nomeação de cada um: “Davi vai mostrar sua
mochila nova”, “Quem está de blusa verde vai pegar a caixa de botões”. Todo o
grupo se envolve na adivinhação e às vezes descobre quem é o aluno.
A “roda de novidade” deve fazer parte da rotina desde os primeiros dias
de aula. No início, o professor traz os objetos para serem explorados, e os alunos
são praticamente espectadores. Mas a roda evolui quando as crianças começam a
trazer as novidades de casa – uma fruta, um brinquedo, uma revista, toquinhos de
madeira, algumas fotos e até uma caixa cheia de tampinhas de refrigerante. O que
for significativo para a criança pode ir para a roda, desde que o dono queira. Uma
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5. das possibilidades é criar a “caixa de novidades”. Na chegada, o aluno guarda o
objeto, que depois de exibido na roda volta para a caixa ou vaio para a mochila,
conforme a criança desejar.
A novidade pode desencadear várias atividades, como jogos, brincadeiras
e histórias, e faz a ponte entre a casa e a escola, permitindo identificações, além de
incentivar o início das relações de interação e troca entre os alunos. A roda pode ser
o primeiro momento de centralização das atividades do dia. Nela se tem um espaço
privilegiado no qual se pode desencadear a exploração de temas e o
amadurecimento das idéias. Mas para isso é de grande importância a participação
dos alunos por meio de comentários e discussões.
No início do ano, é comum o professor estimular a participação das
crianças tentando fazer com que falem, façam comentários, manipulem brinquedos.
Mas chega um momento em que começa uma avalanche: as crianças não escutam,
só falam, e quase todas ao mesmo tempo. Os interesses se voltam para um
determinado objeto, às vezes disputado no “vale-tudo”. Situações como essa podem
representar um desafio para o professor, na medida em que ele se vê obrigado a
repensar atividades para torná-las mais adequadas aos movimentos do grupo.
É hora de coordenar ações coletivas. Essa organização, na verdade, deve ser feita
logo no início do ano, e constituirá a estrutura de apoio das relações e da
convivência.
Um dos instrumentos dessa estrutura são os “combinados”, os acordos do
tipo “cada um tem sua vez de falar”, “brinquedo não vai para o pátio”, “não é para
rabiscar nem rasgar os livros”. Temas como esses também podem ser discutidos
numa “roda de conversa”. Se, por exemplo, os alunos estão deixando as peças dos
jogos de encaixe espalhadas, sem se preocupar em guardá-las nos lugares certos,
pode-se conversar sobre a necessidade de organização para que não se perca
nenhuma peça.
É fundamental que os combinados sejam expostos o ano inteiro na sala
de aula, seja através de cartaz ou de plaquinhas, para sempre que necessário o
professor relembre a turma ou o aluno sobre o que foi combinado anteriormente. E
quando precisar pode acrescentar novos combinados à lista que já está exposta, ou
criar novas plaquinhas. Aos poucos, depois de muita repetição, as crianças vão se
acostumando e acabam reproduzindo os “combinados”, sem a necessidade da
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6. intervenção constante do professor. Eles podem, então, ser ampliados: agora as
crianças incorporam a necessidade de guardar direito os jogos e brinquedos, sabem
esperar sua vez de falar, já podem conhecer a aplicar algumas regras de
convivência: “Não vale empurrar o colega, molhar o colega, jogar areia na cabeça do
colega”. Com o tempo, os próprios alunos se empenham em criar novas regras, de
acordo com a necessidade surgida na prática. Em todos os sentidos, agem de modo
cada vez mais independente, e cabe ao professor facilitar a construção dessa
autonomia.
Sugestão de rotina para a Educação Infantil:
Acolhida: saudação, oração, guarda de material, músicas, etc.
Quadro de rotina
Rodinha (conversa sobre como eles estão, hora da novidade, etc.)
Calendário (dia, mês, ano, aniversariantes, etc.) e tempo;
Chamada interativa ou “Quantos somos?”
Escolha do ajudante do dia;
Retomar o dever de casa do dia anterior (cada um deverá mostrar o
que fez, o que mais gostaram de fazer, etc. Caso algum aluno tenha
feito de forma incorreta, retomar com ele num momento oportuno para
que ele corrija ou refaça caso seja necessário)
Atividade de sala (individual, grupo, desenho, informática, vídeo,
jogos, brincadeiras, pintura, modelagem, etc.)
Parquinho
Lanche
Escovação
Atividades de sala
Atividade para casa
Hora da história
Relaxamento com música
Cabe aos docentes, planejar as atividades de modo a prover um dia
prazeroso e significativo. As atividades diárias têm que considerar a possibilidade
de, apesar da repetição, não fazer tudo sempre igual. Para desenvolver atividades
que se desdobrem entre si e permitam ao grupo viver a continuidade entre as
experiências, o planejamento é o maior aliado. As atividades diárias ligadas às
6
7. necessidades (alimento, repouso, dentre outras) são organizadoras do grupo. À
medida em que se repetem diariamente, auxiliam a criança na construção da noção
da passagem do tempo, bem como desenvolvem sua autoconfiança e autonomia.
As atividades diárias ligadas às necessidades (alimento, repouso, dentre
outras) são organizadoras do grupo. À medida em que se repetem diariamente,
auxiliam a criança na construção da noção da passagem do tempo, bem como
desenvolvem sua autoconfiança e autonomia. Nessas ações, as crianças se sentem
cada vez mais confiantes no espaço, nos adultos que lhes apóiam e nelas mesmas.
A brincadeira deve também fazer parte desse cotidiano, abrir muitos espaços para o
brincar, e também que os próprios professores entrem na dança”.
3.2 Modalidades Organizativas dos Conteúdos de Aprendizagens
A aprendizagem não é um processo linear e ocorre com sucessivas
reorganizações do conhecimento. Por isso, se o ensino estiver baseado em
fragmentos de conhecimento correspondendo a intervalos de tempo iguais, estará
fadado ao fracasso. Esse problema tem se repetido em nossas escolas no que diz
respeito ao ensino e aprendizagem da leitura e da escrita. Os professores propõem
a mesma atividade a todos os alunos e espera que todos a realizem no mesmo
tempo, para dar prosseguimento ao “planejamento”. Mas as crianças não aprendem
no mesmo ritmo e, em poucas semanas, várias já não conseguem compreender as
propostas de atividade que o professor faz.
Para criar condições a fim de flexibilizar o tempo e a retomada dos
conteúdos, a autora Delia Lerner sugere que se ponha em ação diferentes
modalidades organizativas do ensino, que são: os projetos, as atividades habituais,
as seqüências de atividades e as atividades independentes. Essas quatro diferentes
modalidades organizativas devem coexistir e se articular ao longo do trabalho
pedagógico.
As definições as especificidades de cada uma das modalidades
organizativas são:
ATIVIDADES PERMANENTES: são situações didáticas propostas com
regularidade, com o objetivo de construir atitudes, criar hábitos. Devem ser
realizadas regularmente ( todo dia, uma vez por semana ou a cada quinze dias ).
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8. Normalmente, não estão ligadas a um projeto e, por isso, têm certa autonomia.
Essas atividades servem para promover o gosto pela leitura e escrita e desenvolver
atitudes e procedimentos que os leitores e escritores adquirem a partir de leitura e
escrita.
Sugestões:
Roda de biblioteca ou de leitores;
Conta-contos (com preparação prévia);
Hora das curiosidades cientifícas;
Hora das notícias;
Leitura diária feita pelo professor dos diversos gêneros existentes;
Pasta de textos e etc.
SEQUÊNCIA DIDÁTICA: são situações didáticas articuladas com ordem
crescente de dificuldades. Cada passo permite que o próximo seja realizado. Os
objetivos são focar conteúdos mais específicos, com começo meio e fim, (por
exemplo, a regularidade ortográfica). Em sua organização, é preciso prever esse
tempo e com distribuir as seqüências em meio às atividades permanentes em aos
projetos. É comum confundir essa modalidade com o que é feito no dia-a-dia. A
questão é: hà continuidade? Se não, você está usando uma coleção de atividade
com a cara de seqüência
Sugestões:
A partir de textos de jornais;
Ortografia;
Observação de fenômenos;
Estudo da temática ambiental etc.
PROJETOS DIDÁTICOS: O Trabalho com projetos é uma forma de
organizar a proposta pedagógica que mobiliza crianças e adultos em torno de uma
experiência coletiva, com sentido e significado para o grupo e que integra diferentes
linguagens e conhecimentos em seu desenvolvimento. Todos devem se envolver, ir
para além do conhecimento prontos, devem lidar com problemas concretos, envolver
o pensamento e a imaginação; perguntar e duvidar Construção de zonas de
desenvolvimento proximal.
O projeto é algo vivo e dinâmico Para o bom andamento de um projeto, é
preciso que o(a) professor(a) organize:
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9. Os objetivos
O tempo
O espaço
As indagações das crianças
As fontes de conhecimento e pesquisa
As atividades e as crianças
Os materiais
A avaliação
AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Avaliar na Educação Infantil consiste em um aspecto bastante amplo que
procura dar conta de todas as áreas do desenvolvimento. O conhecimento de uma
criança é construído pela sua própria ação e por suas próprias ideias que se
desenvolvem numa direção: para maior coerência, maior riqueza e maior precisão.
precisa resgatar o sentido essencial de acompanhamento de desenvolvimento
infantil, de reflexão permanente sobre as crianças em seu cotidiano como elo da
continuidade da ação pedagógica.
Conforme o Parecer CNE/CEB nº 20/1009 de 11/11/2009 que aprova as
Diretrizes Curriculares para Educação Infantil, “a observação sistemática, crítica e
criativa do comportamento de cada criança, de grupos de crianças, das brincadeiras
e interações entre as crianças no cotidiano, e a utilização de múltiplos registros
realizados por adultos e crianças (relatórios, fotografias, desenhos, álbuns etc.), feita
ao longo do período em diversificados momentos, são condições necessárias para
compreender como a criança se apropria de modos de agir, sentir e pensar
culturalmente constituídos. Conhecer as preferências das crianças, a forma delas
participarem nas atividades, seus parceiros prediletos para a realização de
diferentes tipos de tarefas, suas narrativas, pode ajudar o professor a reorganizar as
atividades de modo mais adequado ao alcance dos propósitos infantis e das
aprendizagens coletivamente trabalhadas.
A documentação dessas observações e outros dados sobre a criança
devem acompanhá-la ao longo de sua trajetória da Educação Infantil e ser entregue
9
10. por ocasião de sua matrícula no Ensino Fundamental para garantir a continuidade
dos processos educativos vividos pela criança.
Diante disso, para que se efetive uma avaliação de acompanhamento e
observação constantes, torna-se fundamental o registro dessas observações. Nesse
sentido, a Rede Municipal de Ensino de Açailânida, propõe uma forma de avaliação
expressa em registros e relatórios de avaliação que marcam cada fase do
desenvolvimento da criança, impedindo que aspectos importantes desse
desenvolvimento se percam ao longo de sua escolarização baseado nos seguintes
objetivos:
Fundamentar o processo avaliativo dos professores da Educação
Infantil em relação a seus alunos, a si próprio e a sua prática
pedagógica, a fim de que possam compreender a avaliação como um
processo contínuo e inclusivo e não como um fim, um instrumento
que vise libertar e emancipar em vez de controlar e classificar;
Proporcionar aos pais de alunos da Educação Infantil, uma visão do
desenvolvimento de seus filhos, nas diversas áreas do conhecimento,
por meio de um relatório que vai além da oralidade;
Propor uma prática avaliativa, pautada em registros que caracterizem
determinada fase do desenvolvimento da criança.
Avaliar nesse contexto exige um olhar mais reflexivo sobre a criança, seu
contexto sócio – cultural e suas manifestações decorrentes de seu desenvolvimento.
Para a avaliação significativa é preciso respeitar a criança em sua individualidade e
em suas sucessivas e gradativas conquistas do conhecimento nas mais diversas
áreas. A partir de padrões de comportamento pré estabelecidos significa definir um
ideal de criança, onde se tende a classificar “bons” e “maus” alunos pelo
comportamento. Na educação infantil é bastante comum se avaliar o aluno pelo
comportamento que este apresenta no contexto escolar. Assim, o panorama da
avaliação em educação infantil expressa um cenário de intensas interrogações e
indefinições quanto a essa prática, pois envolve análises e reflexões referentes à
própria concepção de criança e das funções da educação infantil.
Desta forma a avaliação passará a ser um elemento integrador na
aprendizagem, devendo ser constante, concomitante ao desenvolvimento das
atividades. É comum observar-se na educação infantil a presença de um ideal de
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11. criança, de uma concepção de que todas perpassam todas as fases de
desenvolvimento de forma progressiva, idêntica e no mesmo espaço de tempo.
Assim, acaba-se por avaliar a criança de acordo com este ideal, emitindo-se juízo de
valor sobre o seu comportamento e do que se espera dela em cada idade.
Avaliar deve ser uma ação constante de acompanhamento deste
processo, onde cada um tem suas características próprias e por isso segue
diferentes ritmos de aprendizagem e desenvolvimento. Além disso, percebe-se que,
na maioria das vezes, a avaliação no contexto da educação infantil acontece de
maneira informal, através de conversa com os pais sobre o que vem acontecendo
com a criança na escola. Porém, muitas vezes, as palavras se perdem e essa fase
do desenvolvimento da criança acaba sendo desfigurada e esquecida com o passar
do tempo. Acredita-se que o registro constante facilita uma observação mais
fundamentada sobre os progressivos avanços da criança que freqüenta a educação
infantil, permitindo também aos pais observarem o desenvolvimento de seus filhos.
Para que uma avaliação seja realmente significativa diante dos objetivos
educacionais propostos na Educação Infantil, é preciso considerar todas as fases do
desenvolvimento da criança e as características destas fases. Neste sentido é
preciso levar em conta que nem todos os alunos vão atingir o mesmo rendimento e
nem terão as mesmas características em uma determinada idade. Assim o professor
deverá ser capaz de compreender os processos e comportamentos infantis, evitando
relatórios avaliativos descontextualizados e classificatórios.
Diante disso, a Rede Municipal de Ensino de Açailândia, emite relatórios
avaliativos que são realizados e entregue aos pais semestralmente, com base nos
registros diários do professor. A forma de entrega aos pais fica a critério de cada
Unidade de Ensino.
O professor poderá fazer um relatório oral de cada aluno para os pais,
porém é imprescindível que lhes seja entregue um relatório escrito e assinado pelo
professor regente e por outros professores que desenvolvem atividades com os
alunos, (recreação, música, artes, biblioteca, etc.). Deste relatório devem constar
também os dados essenciais da escola.
O referido relatório poderá ser devolvido ou não à escola. Caso este não
seja devolvido à escola, deverá o professor conservar nos arquivos da Unidade
Escolar, uma cópia da avaliação de cada aluno.
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12. Estes relatórios não podem se perder, constituindo a cada semestre e a
cada ano a história escolar do aluno, para que, os professores dos grupos
posteriores, possam consultá-los sempre que sentirem necessidade.
De onde a criança partiu? Quais foram suas conquistas? Que
caminhos percorreu para fazer tais descobertas? Quais suas
perguntas, dúvidas, comentários? Como reagiu diante de conflitos
cognitivos e emocionais? Qual o papel do professor nestes
determinados momentos?
Em que áreas do conhecimento/desenvolvimento a criança apresenta
avanços?
Apresenta alguma área a ser melhor trabalhada? Como pode o
professor intervir neste sentido? Qual a contribuição possível da
família?
Como os pais se referem ao desenvolvimento das crianças e ao
trabalho da instituição?
Como as crianças se referem sobre os seus próprios avanços e ao
trabalho que desenvolvem?
ORIENTAÇÕES PARA ELABORAÇÃO DOS RELATÓRIOS DE AVALIAÇÃO
De acordo com Hoffmann, (2000), os registros (relatórios de avaliação) e
muitos pareceres reduzem-se a:
Apontar aspectos atitudinais das crianças, com julgamento de valores
sobre estas atitudes, pouco relevantes de fato sobre o seu
desenvolvimento;
Referir-se a crianças da mesma turma a respeito dos mesmos
aspectos, numa mesma sequência e ainda comparando atitudes
evidenciadas;
Atender muito mais o interesse da família no sentido de poder
controlar o trabalho desenvolvido com os seus filhos do que ser um
instrumento de reflexão sobre o desenvolvimento da criança e com
significado pedagógico para o professor ou para a instituição.
Na realidade estes relatórios devem ser elaborados de maneira que:
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13. ao mesmo tempo em que refaz e registra a história do seu processo
dinâmico de construção de conhecimento, sugere, encaminha, aponta
possibilidades da ação educativa para pais, educadores e para a própria
criança. Diria até mesmo que apontar caminhos possíveis e necessários
para trabalhar com ela é o essencial num relatório de avaliação, não como
lições de atitudes à criança ou sugestão de procedimentos aos pais, mas
sob a forma de atividades a oportunizar, materiais a lhe serem oferecidos,
jogos, posturas pedagógicas alternativas na relação com ela (HOFFMANN,
2000, p. 53).
Processos avaliativos embasados na comparação, a partir de padrões
considerados normais, perseguem a uniformidade de comportamento das crianças,
negando a heterogeneidade normal dos indivíduos, concebendo-a como negativa e
inesperada. “O que se deve garantir em educação é o respeito às diferenças de
cada um” (HOFFMANN, 2000, p. 61).
Os relatórios de avaliação alcançam seu significado primeiro, à medida
que ultrapassam a função burocrática para, expressar com objetividade e riqueza, o
caminhar de alunos e professores no processo educativo. O que lhe dá fundamento
é o cotidiano das crianças, acompanhado pelos professores por meio de anotações
(registros) das descobertas, das falas, das conquistas que os alunos venham
fazendo nas diferentes áreas do desenvolvimento (HOFFMANN, 2000).
É por meio do registro que o professor e todos os envolvidos no processo,
têm a possibilidade de refletir sobre a ação pedagógica.
Cada professor tem critérios próprios e seu olhar avaliativo é único e
individual, portanto, neste sentido, também seria uma incoerência padronizar roteiros
avaliativos. Serão as próprias crianças que, na sua singular interação com o objeto
de conhecimento e com o educador, no seu próprio tempo e circunstâncias,
construirão o conteúdo de cada relatório.
Cabe, portanto ao educador realizar um relatório de avaliação
transparente em relação a uma postura pedagógica que privilegia o desenvolvimento
individual dos alunos, deixando de lado palavras (querido, meigo, cordial, fraco,
desinteressado, relaxado,...), que nada dizem a respeito da construção do
conhecimento de cada criança, face às situações e atividades propostas: de se
expressar, concentração, sensibilidade, percepção, interações sociais, faz-de-conta,
reconto de histórias, relatos de vivências cotidianas.
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