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C8 Caderno 2 QUINTA-FEIRA, 4 DE AGOSTO DE 2016 O ESTADO DE S. PAULO
Juliana Ravelli
ESPECIAL PARA O ESTADO
Muito se fala sobre como Ro-
drigo Pederneiras conseguiu
criar um vocabulário próprio
paraadançaquetraduzabrasi-
lidade.Oquetalvez,observan-
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panhia, que completou 40
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minho diferente dos trabalhos
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cuona(1895-1963).Afitaestra-
gou.Duranteanos,ocoreógra-
fo tentou encontrar o álbum,
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Vinte anos depois, quando
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cisco,nosEstadosUnidos,de-
cidiu entrar na Amoeba Mu-
sic, uma loja independente
com milharesde álbuns novos
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Haight Street. “Do nada, me
deparei com um único CD que
tinha lá do Lecuona. Nem ti-
nha muita certeza de que
eram as mesmas canções.
Quando cheguei em casa e vi
que eram, enlouqueci. São
quatro intérpretes diferentes,
mas todas com o próprio Le-
cuonaao piano e tocandocom
a orquestra dele”, recorda.
A missão, em seguida, foi
convencer o irmão Paulo Pe-
derneiras, diretor artístico do
Corpo, que um balé tinha de
nascer dali. Deu certo. “Fize-
mos e foi tão gostoso. Talvez
seja o balé que as pessoas mais
gostem. Acho que é porque ele
pega muita coisa, tem aquele
drama cubano das letras e que,
às vezes, passa do limite e fica
até engraçado. Então, tem um
lado engraçado, um lado que é
muito romântico, um muito
sensual. Mistura um monte de
coisas que acho que deu uma
sopaboa”,afirmaRodrigo.Do-
ze pas de deux manifestam as
diferentes nuances dos amo-
res latinos, da paixão à vingan-
ça. Os casais só se reúnem no
fim, em uma grande valsa.
Celebração. Rodrigo é apaixo-
nado por música. “Desde no-
vo, eu queria mesmo era ser
músico. Acho que não fui por-
que era muito preguiçoso (ri-
sos). Não sei trabalhar sem
música. Aliás, não vivo sem
ela.” E é a música que sempre
guia o coreógrafo durante as
criações. Foi para celebrar os
40anosdo Corpo,no ano pas-
sado,queRodrigoePaulopen-
saram em uma trilha grandio-
sa para Dança Sinfônica. Mar-
co Antônio Guimarães (fun-
dador do grupo Uakti) com-
pôs a obra, gravada pela Or-
questra Filarmônica de Mi-
nas Gerais, sob regência do
maestro Fábio Mechetti.
Obalééumagrandehomena-
gem à memória e tradição da
companhia mineira. Rodrigo
uniu ideias antigas guardadas
na memória e movimentações
novas para criar a coreografia.
Presta alguns tributos a pes-
soas que passaram pelo Corpo
e aos que ainda estão na trupe.
Masquemnãoviveuessasqua-
tro décadas de história dentro
dogrupodificilmentereconhe-
ceessasreferências. O mesmo
ocorrecomocenário,compos-
to por mais de mil fotos – tira-
das por muita gente que este-
ve com a companhia desde
1975.Daplateia,nãoépossível
enxergar os detalhes. É preci-
so estar no palco. Dança Sin-
fônica é uma obra muito pes-
soal e, também por isso, tão
emotiva. Para o público, não é
necessário saber de onde vem
cada passo nem conhecer os
homenageados para sentir-se
parte de tudo aquilo.
No ano passado, o Corpo
também estreou outro balé:
Suíte Branca, de Cassi Abran-
ches. Desde o fim dos anos
1980, Rodrigo era o único co-
reógrafoda companhia. Apau-
lista – que foi bailarina do gru-
po durante 12 anos – é aponta-
da por ele como sua sucessora.
“Aquilo foi só o início de uma
coisa que terá continuidade. O
que não quer dizer que eu vá
cair fora de uma vez. Acho que
éprecisoteresserevezamento
mais progressivo até a coisa se
concretizar. Acho legal a vinda
da‘loirinha’(Cassi),porquees-
tou ficando velho e acabado”,
comenta entre risos.
Planejamento e organização
são duas das características
que fizeram do Corpo a maior
companhia de dança do Brasil.
E, em tempos de crise, é o pro-
fissionalismocomque ogrupo
é administrado que permite
que ele continue criando. “A
gente não quer deixar a coisa
parar. Agora, estamos traba-
lhando com o pessoal da Fun-
dação Dom Cabral, aprenden-
do com eles que sabem admi-
nistrardeverdade.Colocamos
um pessoal aqui dentro e esta-
mos organizando as coisas
mais ainda. A gente tenta não
deixar a peteca cair.”
Até o fim deste ano, o Corpo
vai se apresentar nos Estados
Unidos,Alemanha,Luxembur-
go,França eSuíça. Justamente
por causa da agenda interna-
cionalcheia,desde1999acom-
panhia estreia um balé só a ca-
da dois anos. Segundo Rodri-
go, haverá um novo trabalho
no ano que vem. No entanto,
como o compositor da trilha
aindanãofoidefinido,ocoreó-
grafo não determinou o tema.
Porque, afinal de contas, tudo
depende da música.
Com ‘Dança Sinfônica’ (2015) e ‘Lecuona’
(2004), Rodrigo Pederneiras e o Grupo
Corpo transformam sentimentos em passos
Dança
“I
diota” já foi um elogio. No
seusentidooriginalgregosig-
nificava uma pessoa privada
(não, não uma pessoa vaso sanitá-
rio,vocêsabeoqueeuquerodizer).
Alguém que tinha seus próprios va-
lores e seus próprios caprichos (daí
“idiossincrasia”) independente-
mente dos valores públicos e das
convenções sociais. Com o tempo,
passou-seaenfatizarocontrasteen-
treoprivado,ofechadoemsi,eopúbli-
co, e “idiota” passou a ser o que não
participavadavidacomunitária,poral-
guma deficiência ou por escolha. Co-
mo não participava da vida comunitá-
ria,eraignorante.Vemdaíosentidode
infensoà política eo sentido moderno
de simples, burro ou desligado. Mas,
durante muito tempo, na Grécia anti-
ga,“idiota”eraoque,nãoseinteressan-
do por política, desdenhava da políti-
ca.Oopostodecidadão.Aprimeiravez
que se xingou alguém de “idiota” foi
para criticar suaomissão,pois, para os
gregos,eranaparticipaçãopolíticaque
o homem exercia sua cidadania, assu-
mia sua liberdade e se distinguia dos
servos e dos bichos – e das mulheres,
diga-se de passagem.
CortaparaoBrasildehoje–ou,pen-
sandobem,paraqualquerpaísdomun-
do atual. Idiota, lhe dirá qualquer elei-
tor desencantado, é quem se deixa le-
varpelapolíticaepelospolíticos.Hou-
veummomento,nahistóriarecenteda
humanidade, em que “idiota” perdeu
seu sentido de infenso à política e ga-
nhouseusignificadomodernodeludi-
briadopelapolítica.Nãodáparapreci-
sarquandoissoaconteceu,noBrasil.O
desencantocompolíticostalveztenha
começado,oupelomenosseagravado,
com a renúncia de Jânio Quadros. As
frustrações de hoje são apenas as mais
recentes de uma sucessão de blefes
que foram liquidando com nossas for-
çascívicas.Assimcomoafaltadecalo-
rias vai nos imbecilizando, a privação
política vai nos idiotizando. Muita
gentegostariaderesgatarosignifica-
dooriginaldapalavraparapoderdi-
zer que é idiota no bom sentido, no
sentidodequemsóseinteressapela
administração do próprio umbigo.
“Blefe”,eisoutrapalavrademúlti-
plossentidos.Nopôquer,blefarsig-
nificadaraentenderquesetemcar-
tas na mão que realmente não se
tem.Foradopôquer,oblefeperdea
sua, digamos assim, respeitabilida-
de.Geralmenteéaplicadoapessoas
que não são o que pareciam ser. A
históriapolíticadoBrasiltemsidoa
de um blefe depois de outro.
SEGUNDA-FEIRA
LÚCIA GUIMARÃES
VANESSA BARBARA
TERÇA-FEIRA
HUMBERTO WERNECK
ARNALDO JABOR
QUARTA-FEIRA
ROBERTO DAMATTA
QUINTA-FEIRA
LUIS FERNANDO
VERISSIMO
SEXTA-FEIRA
IGNÁCIO DE LOYOLA
BRANDÃO
MILTON HATOUM
SÁBADO
MARCELO RUBENS
PAIVA
SÉRGIO AUGUSTO
DOMINGO
VERISSIMO
LEANDRO KARNALVERISSIMO
‘Dança
Sinfônica’.
Uma grande
homenagem
à memória e
tradição da
companhia
mineira
Dimensões
do amor
FOTOS JOSÉ LUIZ PEDERNEIRAS/DIVULGAÇÃO
Idiotas
1° Leilão Online
06/08
A partir das 16h
Exposição:
01 a 05 de agosto, das 10 às 18h.
06 de agosto, das 9h às 13h.
Acesse o site para ver as peças e dar seus lances:
www.miltonsayeghleiloes.com.br
Rua Oscar Freire, 213 | 11 3062.2999
ESTÚDIOMEZANINO
GRUPO CORPO
Teatro Alfa. Rua Bento Branco
de Andrade Filho, 722, Santo
Amaro, tel. 5693-4000. 4ª e 5ª,
às 21h; sáb., às 20h; dom., às 18h.
Ingressos: R$ 50/ R$ 150.
Até 14/8. Estreia hoje.
‘Lecuona’.
Um balé
emotivo
nascido das
músicas
do cubano
Ernesto
Lecuona

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Dança Sinfônica' e 'Lecuona' celebram memória e emoção no Grupo Corpo

  • 1. %HermesFileInfo:C-8:20160804: C8 Caderno 2 QUINTA-FEIRA, 4 DE AGOSTO DE 2016 O ESTADO DE S. PAULO Juliana Ravelli ESPECIAL PARA O ESTADO Muito se fala sobre como Ro- drigo Pederneiras conseguiu criar um vocabulário próprio paraadançaquetraduzabrasi- lidade.Oquetalvez,observan- do mais profundamente, seja possível perceber é que o co- reógrafo mineiro transforma em passos os mais genuínos dos sentimentos. E são dois de seus balés mais emotivos, Le- cuona e Dança Sinfônica, que o GrupoCorpoexibeapartirdes- ta quinta-feira (4) no Teatro Alfa,emSãoPaulo.Asapresen- tações,queintegramaTempo- rada de Dança, seguem até o dia14.Nopróximomês,acom- panhia, que completou 40 anos em 2015, dança em Belo Horizonte e no Rio. Segundo Rodrigo, há pelo menos seis anos, Lecuona não era apresentado. O balé, que estreou originalmente em 2004,enveredou-seporumca- minho diferente dos trabalhos que o coreógrafo vinha fazen- do desde 1992, quando o Cor- popassouausarapenastrilhas especialmente compostas. Nos anos 1980, o jornalista e crítico de arte João Cândido Galvão (1937-1995) deu para Rodrigo uma fita cassete com músicasdocubanoErnestoLe- cuona(1895-1963).Afitaestra- gou.Duranteanos,ocoreógra- fo tentou encontrar o álbum, mas não conseguiu. Vinte anos depois, quando Rodrigo andava por São Fran- cisco,nosEstadosUnidos,de- cidiu entrar na Amoeba Mu- sic, uma loja independente com milharesde álbuns novos e usados, no fim da famosa Haight Street. “Do nada, me deparei com um único CD que tinha lá do Lecuona. Nem ti- nha muita certeza de que eram as mesmas canções. Quando cheguei em casa e vi que eram, enlouqueci. São quatro intérpretes diferentes, mas todas com o próprio Le- cuonaao piano e tocandocom a orquestra dele”, recorda. A missão, em seguida, foi convencer o irmão Paulo Pe- derneiras, diretor artístico do Corpo, que um balé tinha de nascer dali. Deu certo. “Fize- mos e foi tão gostoso. Talvez seja o balé que as pessoas mais gostem. Acho que é porque ele pega muita coisa, tem aquele drama cubano das letras e que, às vezes, passa do limite e fica até engraçado. Então, tem um lado engraçado, um lado que é muito romântico, um muito sensual. Mistura um monte de coisas que acho que deu uma sopaboa”,afirmaRodrigo.Do- ze pas de deux manifestam as diferentes nuances dos amo- res latinos, da paixão à vingan- ça. Os casais só se reúnem no fim, em uma grande valsa. Celebração. Rodrigo é apaixo- nado por música. “Desde no- vo, eu queria mesmo era ser músico. Acho que não fui por- que era muito preguiçoso (ri- sos). Não sei trabalhar sem música. Aliás, não vivo sem ela.” E é a música que sempre guia o coreógrafo durante as criações. Foi para celebrar os 40anosdo Corpo,no ano pas- sado,queRodrigoePaulopen- saram em uma trilha grandio- sa para Dança Sinfônica. Mar- co Antônio Guimarães (fun- dador do grupo Uakti) com- pôs a obra, gravada pela Or- questra Filarmônica de Mi- nas Gerais, sob regência do maestro Fábio Mechetti. Obalééumagrandehomena- gem à memória e tradição da companhia mineira. Rodrigo uniu ideias antigas guardadas na memória e movimentações novas para criar a coreografia. Presta alguns tributos a pes- soas que passaram pelo Corpo e aos que ainda estão na trupe. Masquemnãoviveuessasqua- tro décadas de história dentro dogrupodificilmentereconhe- ceessasreferências. O mesmo ocorrecomocenário,compos- to por mais de mil fotos – tira- das por muita gente que este- ve com a companhia desde 1975.Daplateia,nãoépossível enxergar os detalhes. É preci- so estar no palco. Dança Sin- fônica é uma obra muito pes- soal e, também por isso, tão emotiva. Para o público, não é necessário saber de onde vem cada passo nem conhecer os homenageados para sentir-se parte de tudo aquilo. No ano passado, o Corpo também estreou outro balé: Suíte Branca, de Cassi Abran- ches. Desde o fim dos anos 1980, Rodrigo era o único co- reógrafoda companhia. Apau- lista – que foi bailarina do gru- po durante 12 anos – é aponta- da por ele como sua sucessora. “Aquilo foi só o início de uma coisa que terá continuidade. O que não quer dizer que eu vá cair fora de uma vez. Acho que éprecisoteresserevezamento mais progressivo até a coisa se concretizar. Acho legal a vinda da‘loirinha’(Cassi),porquees- tou ficando velho e acabado”, comenta entre risos. Planejamento e organização são duas das características que fizeram do Corpo a maior companhia de dança do Brasil. E, em tempos de crise, é o pro- fissionalismocomque ogrupo é administrado que permite que ele continue criando. “A gente não quer deixar a coisa parar. Agora, estamos traba- lhando com o pessoal da Fun- dação Dom Cabral, aprenden- do com eles que sabem admi- nistrardeverdade.Colocamos um pessoal aqui dentro e esta- mos organizando as coisas mais ainda. A gente tenta não deixar a peteca cair.” Até o fim deste ano, o Corpo vai se apresentar nos Estados Unidos,Alemanha,Luxembur- go,França eSuíça. Justamente por causa da agenda interna- cionalcheia,desde1999acom- panhia estreia um balé só a ca- da dois anos. Segundo Rodri- go, haverá um novo trabalho no ano que vem. No entanto, como o compositor da trilha aindanãofoidefinido,ocoreó- grafo não determinou o tema. Porque, afinal de contas, tudo depende da música. Com ‘Dança Sinfônica’ (2015) e ‘Lecuona’ (2004), Rodrigo Pederneiras e o Grupo Corpo transformam sentimentos em passos Dança “I diota” já foi um elogio. No seusentidooriginalgregosig- nificava uma pessoa privada (não, não uma pessoa vaso sanitá- rio,vocêsabeoqueeuquerodizer). Alguém que tinha seus próprios va- lores e seus próprios caprichos (daí “idiossincrasia”) independente- mente dos valores públicos e das convenções sociais. Com o tempo, passou-seaenfatizarocontrasteen- treoprivado,ofechadoemsi,eopúbli- co, e “idiota” passou a ser o que não participavadavidacomunitária,poral- guma deficiência ou por escolha. Co- mo não participava da vida comunitá- ria,eraignorante.Vemdaíosentidode infensoà política eo sentido moderno de simples, burro ou desligado. Mas, durante muito tempo, na Grécia anti- ga,“idiota”eraoque,nãoseinteressan- do por política, desdenhava da políti- ca.Oopostodecidadão.Aprimeiravez que se xingou alguém de “idiota” foi para criticar suaomissão,pois, para os gregos,eranaparticipaçãopolíticaque o homem exercia sua cidadania, assu- mia sua liberdade e se distinguia dos servos e dos bichos – e das mulheres, diga-se de passagem. CortaparaoBrasildehoje–ou,pen- sandobem,paraqualquerpaísdomun- do atual. Idiota, lhe dirá qualquer elei- tor desencantado, é quem se deixa le- varpelapolíticaepelospolíticos.Hou- veummomento,nahistóriarecenteda humanidade, em que “idiota” perdeu seu sentido de infenso à política e ga- nhouseusignificadomodernodeludi- briadopelapolítica.Nãodáparapreci- sarquandoissoaconteceu,noBrasil.O desencantocompolíticostalveztenha começado,oupelomenosseagravado, com a renúncia de Jânio Quadros. As frustrações de hoje são apenas as mais recentes de uma sucessão de blefes que foram liquidando com nossas for- çascívicas.Assimcomoafaltadecalo- rias vai nos imbecilizando, a privação política vai nos idiotizando. Muita gentegostariaderesgatarosignifica- dooriginaldapalavraparapoderdi- zer que é idiota no bom sentido, no sentidodequemsóseinteressapela administração do próprio umbigo. “Blefe”,eisoutrapalavrademúlti- plossentidos.Nopôquer,blefarsig- nificadaraentenderquesetemcar- tas na mão que realmente não se tem.Foradopôquer,oblefeperdea sua, digamos assim, respeitabilida- de.Geralmenteéaplicadoapessoas que não são o que pareciam ser. A históriapolíticadoBrasiltemsidoa de um blefe depois de outro. SEGUNDA-FEIRA LÚCIA GUIMARÃES VANESSA BARBARA TERÇA-FEIRA HUMBERTO WERNECK ARNALDO JABOR QUARTA-FEIRA ROBERTO DAMATTA QUINTA-FEIRA LUIS FERNANDO VERISSIMO SEXTA-FEIRA IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO MILTON HATOUM SÁBADO MARCELO RUBENS PAIVA SÉRGIO AUGUSTO DOMINGO VERISSIMO LEANDRO KARNALVERISSIMO ‘Dança Sinfônica’. Uma grande homenagem à memória e tradição da companhia mineira Dimensões do amor FOTOS JOSÉ LUIZ PEDERNEIRAS/DIVULGAÇÃO Idiotas 1° Leilão Online 06/08 A partir das 16h Exposição: 01 a 05 de agosto, das 10 às 18h. 06 de agosto, das 9h às 13h. Acesse o site para ver as peças e dar seus lances: www.miltonsayeghleiloes.com.br Rua Oscar Freire, 213 | 11 3062.2999 ESTÚDIOMEZANINO GRUPO CORPO Teatro Alfa. Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722, Santo Amaro, tel. 5693-4000. 4ª e 5ª, às 21h; sáb., às 20h; dom., às 18h. Ingressos: R$ 50/ R$ 150. Até 14/8. Estreia hoje. ‘Lecuona’. Um balé emotivo nascido das músicas do cubano Ernesto Lecuona