O documento descreve a trajetória da bailarina e coreógrafa brasileira Ivonice Satie, que faleceu aos 57 anos vítima de câncer. Satie fundou e dirigiu importantes companhias de dança no Brasil e exterior, como a Cia. de Danças de Diadema. Sua carreira de quase 50 anos na dança é lembrada por colegas, que destacam seu trabalho como construtora e impulsionadora da arte da dança no país.
Homenagens a Ivonice Satie, bailarina e coreógrafa falecida
1. Cia. do Latão é
tema de livro e
exposição
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Juliana Ravelli
Especial para o Diário
U
ma guerreira. A defi-
nição é unanimidade
entre os que conhece-
ram Ivonice Satie. A bailari-
na e uma das mais conceitua-
das coreógrafas brasileiras
faleceu na madrugada de on-
tem, aos 57 anos, vítima de
câncer.
Ivonice consagrou-se na
dança em quase meio século
dedicado à arte. Atuou como
bailarina e diretora de diver-
sas companhias no Brasil e
Exterior. No Grande ABC,
fundou e dirigiu a Cia. de
Danças de Diadema, na qual
permaneceu entre 1995 a
2003. “Era uma pessoa de
uma força imensa, pique e
animação”, diz a atual direto-
ra do grupo, Ana Botosso,
que trabalhou com Satie por
cinco anos.
“Talvez tenha sido a pessoa
mais importante na minha
carreira, que me impulsionou
como coreógrafo. Ela era mui-
to empreendedora. Onde che-
gava, botava a mão e cons-
truía coisas. A dança perde
muito”, garante o bailarino e
coreógrafo Sandro Borelli.
Recentemente, Ivonice
ocupava os cargos de direto-
ra artística da Companhia So-
ciedade Masculina, em São
Paulo, e de consultora artísti-
ca da Companhia de Dança
do Amazonas e da Cia. de
Danças de Dia-
dema.
“A semente
que plantou,
as dificuldades
que enfrentou,
colhemos os
frutos hoje. É
uma pena per-
der uma pes-
soa como ela.
Precisamos de ícones fortes
na dança”, afirma emociona-
da a bailarina andreense An-
drea Thomioka, integrante
do Balé da Cidade de São
Paulo.
Foi com duas coreografias
de Ivonice – Valsa Sem Nome
e Shogun – que Andrea con-
quistou medalha de ouro no
Concurso Internacional de
Varna, na Bulgária, em
1996. No mesmo evento, um
dos mais importantes do
mundo, Satie recebeu meda-
lha de prata de melhor coreo-
grafia por Shogun. Depois
disso, foi convidada a remon-
tar o mesmo balé para com-
panhias do Exterior.
“Era uma excelente bailari-
na contemporânea, uma
grande intér-
prete”, relem-
bra Toshie Ko-
bayashi, ami-
ga de Ivonice e
outra impor-
tante figura da
dança nacio-
nal.
Em março
deste ano, a bailari-
na foi homenageada no Tea-
tro da Dança. O evento Para
Ivonice Satie reuniu grupos
dos quais fez parte e bailari-
nos que apresentaram obras
criadas por ela. Há poucos
meses, também recebeu o tí-
tulo de cidadã diademense.
O enterro seria realizado
ontem, no cemitério do Mo-
rumbi, em São Paulo. Dei-
xou mãe, filha e dois netos.
TRAJETÓRIA
Ivonice começou a dançar
aos 9 anos, na Escola Munici-
pal de Bailados de São Paulo.
“Ela iniciou no clássico, subia
nas pontas. Girava feito um
peão”,contaToshieKobayashi.
Aos 17 anos, entrou para o
Corpo de Baile do Teatro Mu-
nicipal de São Paulo – atual
Balé da Cidade – onde perma-
neceu por 14 anos, atuando
como bailarina, assistente de
coreografia e de direção. En-
tre 1983 e 1989 dançou no
Ballet du Grand Théatre de
Genève, no qual também foi
assistente coreográfica.
Em 1993, a filha de imi-
grantes japoneses assumiu a
direção do Balé da Cidade
de São Paulo. O grupo pas-
sou a ganhar destaque no ce-
nário da dança internacio-
nal, firmando-se como um
dos mais importantes do
País. Em 1997, deixou o car-
go, mas o reassumiu em
1999. Também foi diretora
da Companhia de Danças do
Amazonas, e coreografou pa-
ra grupos no País e Exterior.
(Supervisão de Melina Dias)
ivonice satie
Sobrinho
homenageia
Helena Meirelles
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Fotos: Andréa Iseki 26/5/05
Orlando Filho 30/11/05
Bailarina e coreógrafa Ivonice Satie, fundadora da Cia. de Danças de Diadema, morre
aos 57 anos vítima de câncer; suas realizações são lembradas por colegas e ex-pupilos
Ivonice Satie em dueto com premiado coreógrafo argentino Luis Arrieta em maio de 2005
CULTURA
&LAZER
DANÇA PERDE A ‘CONSTRUTORA’
Divulgação
Seqüência do mesmo balé, montado para a noite que se comemorava dez anos da Cia. de Danças de Diadema
Filha de
japoneses
comandou
importantes
companhias
no Brasil
QUARTA-FEIRA,
13 DE AGOSTO DE 2008