Quebrakovsky - Obra contemporânea do Balé da Cidade
1. Balé da Cidade reinventa o clássico de Natal enquanto aguarda definição sobre regularização trabalhista de bailarinos
Juliana Ravelli
ESPECIAL PARA O ESTADO
Quando O Quebra-Nozes es-
treou em dezembro de 1892 no
Teatro Mariinsky, em São Pe-
tersburgo, público e críticos
russos não gostaram do que vi-
ram.Tchaikovskyficoufrustra-
do. Menos de um ano depois, o
compositor morreu. Não viu o
sucesso em que sua obra se
transformounoséculo20.Are-
viravolta ocorreu após o balé
ser remontado nos EUA, em
1944. Desde aquela época, vi-
rou tradição entre escolas de
dança e grandes companhias
pelo mundo, ganhou filmes e
animações. Na época de Natal,
sua música surge até mesmo
em lojas e propagandas.
Sete décadas após o êxito da
obra, Tchaikovsky vira persona-
gem central, ao lado de Clara
(protagonista original), em um
Quebra-Nozes contemporâneo.
Nesta quarta-feira, 9, o Balé da
Cidade de São Paulo estreia no
Teatro Municipal Quebrakovsky
–TheNutsTalentShow,docoreó-
grafo Alex Soares. A temporada
segue até dia 13, e os ingressos
estãoesgotados.
Diretora artística da compa-
nhia, Iracity Cardoso foi quem
teve, em 2014, a ideia de fazer
uma versão contemporânea de
uma obra clássica. Para o desa-
fio, convidou Alex Soares, que
foi bailarino do Balé da Cidade,
começoualiacarreiracomoco-
reógrafo e já havia criado ou-
tros trabalhos para o grupo.
Quebrakovsky é uma obra pa-
ra adultos, segundo Soares. Di-
vididaemdoisatosecom85mi-
nutos de duração, une humor,
crítica e – ainda que de forma
sutil–amelancoliaqueacompa-
nhouTchaikovskypelavida.Há
fantasia,maselaémaisseca,di-
ferentedofazdecontadoceori-
ginal. “(No primeiro ato) existe
umasituaçãodevésperadeNa-
tal. Para mim, é um futuro dis-
tópico,quepoderiaatéseropre-
sente. É uma ceia bem fria, em
queaspessoasserelacionamsó
comseusdispositivos,maisen-
volvidas com a tecnologia do
que com a presença humana”,
explica Soares.
O coreógrafo transformou o
divertissement do segundo ato
em um programa de talentos,
como os reality shows cuja fór-
mula é reproduzida em vários
países.Daíosubtítulo:TheNuts
Talent Show. A brincadeira é
também reflexão sobre a “fran-
quia”emqueopróprioQuebra-
Nozes se tornou. “Não é que (a
franquia) me incomoda, mas
não tem obra mais apropriada
parasediscutirissonadança.E
issoestádentrodoperfildoBa-
lédaCidade,queéumacompa-
nhia contemporânea e tem tra-
balhos ousados.”
Soares, que estudou cinema,
tambéméoresponsávelpelailu-
minação e pelos vídeos, que,
além de compor a cena, ajuda-
rão a contar a história. Mais
uma vez, o Balé da Cidade será
acompanhado pela Orquestra
SinfônicaMunicipal,sobregên-
cia de Eduardo Strausser.
“Músicaaovivoéumprivilégio.
Essaparceriacomeçouem2013
e deve se estender no próximo
ano”, diz Iracity.
Trabalho. Neste ano, o Balé da
Cidade realizou elogiada turnê
pelaEuropa.Tambémfezgran-
des estreias, a última delas em
setembro: Titã, de Stefano Po-
da. “Foi um bom ano, apesar
das restrições de orçamento
porcausadosdesviosnoteatro.
É nosso quarto programa no
Teatro Municipal, casa do Balé
da Cidade, apesar de termos si-
do expulsos no ano anterior",
diz Iracity. Em outubro, o rela-
tório final da Comissão Parla-
mentardeInquérito(CPI),ins-
taurada na Câmara Municipal
parainvestigaresquemadecor-
rupção no teatro, indicou des-
vios de R$ 21,8 milhões.
Aindaem 2016, Iracityaguar-
da a contratação dos bailarinos
por meio da Consolidação das
Leisdo Trabalho (CLT). O pra-
zo estabelecido para a regulari-
zação termina em dezembro.
Hoje,osartistasatuamcomcon-
tratos temporários. Segundo
Iracity,oBalédaCidadeéoúlti-
mo dos corpos estáveis do tea-
troaterasituaçãoregularizada.
Questionadosobreocumpri-
mento do cronograma, o Tea-
tro Municipal não informou se
concluiráaregularizaçãoatéde-
zembro. “O processo de celeti-
zação dos corpos artísticos do
Teatro Municipal de São Paulo
teveinícionosúltimosanos.Po-
rém,nãolevouemcontaaestru-
tura orçamentária do teatro e
sua sustentabilidade a médio e
longoprazos”,afirmaainstitui-
ção, por meio de nota. Iracity
diz que ainda não há planos pa-
ra a companhia em 2017. “Va-
mos ver o que vai acontecer.
Ainda não sei.”
Um ‘Quebra-Nozes’ contemporâneo
“
realização
apoioparceria
patrocínio
Vernissage e Lançamento do Livro:
17 de novembro, das 19h às 22h
Período de Exposição:
De 9 a 20 de novembro
terças a sábados, das 12h às 20h
domingos e feriados, das 11h às 19h
Entrada Gratuita
Museu da Imagem e do Som - Av. Europa, 158 - Jardim Europa, São Paulo - SP
MINISTÉRIO DA CULTURA, BANCO BRADESCO E
INSTITUTO OLGA KOS DE INCLUSÃO CULTURAL
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DIVULGAÇÃO
‘Quebrakovsky’. Obra une humor, crítica e, ainda que de forma sutil, a melancolia que acompanhou Tchaikovsky pela vida
Dança
“A tecnologia está muito
presente na minha obra.
Como artista, não faria
sentido eu fazer uma
versão tradicional”
Alex Soares, COREÓGRAFO
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O ESTADO DE S. PAULO QUARTA-FEIRA, 9 DE NOVEMBRO DE 2016 Caderno 2 C5