Baile da Saudade / Loja Maçônica Segredo, Força e União de Juazeiro Ba
9o Caruru dos 7 Poetas celebra tradições da Bahia
1. 9ª Edição do Caruru dos 7 Poetas
celebra a poesia e tradições
culturais da Bahia
No dia 28 de setembro (sábado), acontece em Cachoeira (Bahia) a 9ª edição do
CARURU DOS SETE POETAS – RECITAL COM GOSTINHO DE DENDÊ,
evento que une à literatura um momento da tradição cultural e religiosa baiana e integra
diversas manifestações artísticas, tanto para o público adulto quanto o infantil. O evento
é gratuito e acontece em praça pública, no Largo d’Ajuda.
A festa para a criançada começa às 15 horas, com as Brincadeiras Poéticas,
programação infantil com presença de palhaços e poetas. Às 19 horas sai cortejo poético
da Praça da Aclamação até o Largo D’Ajuda dando início a programação noturna, que
será aberta pela performance artística do grupo Importuno Poético, formado pelas
poetas Jocélia Fonseca, Cléa Barbosa e Lutigarde Oliveira, seguido pelo show de
Tatiana Rocha.
Os sete poetas que abrilhantam a noite serão: Elisa Lucinda (RJ), Cléa Barbosa (BA),
Shirley Campbell Barr (Costa Rica), Clarissa Macedo (BA), Kátia Borges (BA),
Giselli Oliveira (BA), Valdeck Almeida de Jesus (BA).
O encerramento fica por conta do grupo musical Gêge Nagô, que integrará intervenções
poéticas em seu repertório, além das cantigas de cunho afro-barroco. É também servido
o tradicional caruru para o público.
O Caruru é uma iniciativa da Casa de Barro – Cultura, Arte, Educação e conta com
apoio financeiro Fundo de Cultura da Bahia / Secretaria de Cultura / Secretaria da
Fazenda / Governo do Estado da Bahia.
Confira quem são os poetas do 9º Caruru
2. Elisa Lucinda se formou em jornalismo, profissão que exerceu na sua cidade natal,
Vitória do Espírito Santo, até se mudar para o Rio de Janeiro, há mais de 20 anos.
Desde então imprime sua marca como atriz atuando para teatro, cinema e televisão. Em
1995 publicou seu primeiro livro de poesia “O Semelhante” e suas poesias tomaram os
palcos durante seis anos com este, que foi o primeiro espetáculo-poesia de uma série de
sucessos que surpreendem os espectadores do Brasil e do exterior.
Aperfeiçoando este formato, criou vários espetáculos e hoje seguindo o fundamento da
Companhia da Outra, grupo de teatro que formou com a atriz e diretora Geovana Pires,
excursiona pelo país com mais um espetáculo solo, “Parem de falar mal da rotina”,
sucesso de crítica e público no Fórum Internacional de Culturas, Barcelona, em 2004.
Em 2005 representou o Brasil na XIV Feira do Livro de Cuba e em seguida no Espaço
Brasil, em Paris. Em 2007, após a 6ª temporada de absoluto sucesso no Rio e com mais
de 300 mil espectadores, o “Parem” segue, atendendo a convites para apresentação nas
principais cidades do Brasil, juntamente com seu mais novo espetáculo “A Fúria da
Beleza”, que foi visto em primeira mão pelos Portugueses, em julho de 2007. Em 2013,
no mês de Setembro, a peça se prepara para o seu décimo primeiro aniversário.
Atualmente Elisa comemora o quinto ano da Casa Poema no Rio de Janeiro, sede da
Escola Lucinda de Poesia Viva. A Casa oferece uma agenda recheada de cursos,
palestras, workshops, recitais, peças de teatro e encontros literários. A Casa Poema
também comemora sua parceria com a OIT, em que ministra um curso de capacitação
para a polícia, O Palavra de Polícia, outras armas.
O Amor de Dudu nas Águas
Estou virando uma menina
tornada mulherinha
com tanta coleirinha
de maturidade
ainda assim me sinto parida agora
3. tenra, maçã nova
nova Eva novo pecado.
Tudo gira e eu renasço menina
vestido curto na alma de dentro…
Deixo no mar os velhos adereços
a velha cristaleira, os velhos vícios
as caducas mágoas.
Nasce a mulher-menina de se amar
com água no ventre e no olhar.
Nasce a Doudou das Águas.
Clea Barbosa nasceu Clezenilde Barbosa, nascida no norte Pernambucano, criada em
Juazeiro, norte baiano, filha de Elizabete Barbosa e Renilde Crisóstomo Castro, de
todos os Orixás e do Caboclo Sultão das Matas. Poetisa por excelência e essência,
iniciada no culto afro na casa da rocinha de Oxum Mona Aimê Itauêmim de Umzambi.
Escreveu seus primeiros versos aos 8 anos.
Aguçou sua vida poética participando de diversas oficinas de teatro e laboratórios de
expressão corporal Em 1999 teve sua primeira publicação independente com o grupo
performático Importuno Poético. Tem como “linha poética” a total expressão dos
sentidos do universo intimo ou cotidiano corriqueiro. Acredita na Fé e no Amor como
prática de vida. Como artesã tem participado de diversas feiras, e como promotora de
eventos, criou o Chá Simpatia, que compartilha com toda sua família, filhos e afilhados,
amigos, esposo e comunidade em geral.
ORAÇÃO
4. Se posso falar de Nossa Senhora
O que impede-me falar de Oiá!?
Oiá Matamba dança canta no corpo meu
Minha força minha luta
História da minha raiz
Labuta do meu dia a dia
Avermelhado de vida
Sou filha sou mãe
Sou neta da lama sagrada
Do barro da terra
Que me benzeu
Oiá Matamba Vanju
Bamburucema teu ilá
Ecoa a liberdade da minha alma fêmea
guerreira
O brilho da tua beleza conduz os meus
passos
Mãe sou tua filha concebida pelo amor
Que trago de tempos outros
Que nem mesmo atinjo em palavras
O estrelato do universo me confirma
A força de Olorum sobre toda a natureza.
Axé!!!
Shirley Campbell é Costarriquenha e descendente de Jamaicanos por terceira geração.
Estudou Teatro, Literatura e Escritura Criativa no Conservatório de Castella. Tem sido
ativa em programas culturais e sociais: como professora no Conservatório de Castella.
Tem organizado e dirigido oficinas de composição criativa, (Costa Rica, El Salvador,
Honduras). Dirigiu programas culturais através da Associação para o Desenvolvimento
da cultura afro-Costarriquenha. Ela é membro da Associação Costarriquenha de
5. Escritoras. Fundadora da Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento dos Afro-
Costarriquenhos e é parte do Centro de Mulheres afro-Costarriquenhas.
É antropóloga formada na Universidade da Costa Rica. Fez cursos de pós-graduação em
feminismo Africano da Universidade do Zimbábue, em Harare e tem um Mestrado em
Cooperação Internacional para o Desenvolvimento da Universidade Católica de Santa
Maria e da Fundação Cultural e de Estudos Sociais (CIES).
Durante os últimos 20 anos, Campbell tem trabalhado como consultora independente
nas áreas de gênero, direitos humanos e AIDS. Como poeta, e uma ativista pelos
direitos dos afrodescendentes, oferece leituras de poesia e é ativa no movimento de
mulheres negras em seu país e na América Latina. Campbell já publicou quatro livros
de poesia e tem dezenas de poemas e artigos publicados em revistas, antologias e jornais
em diversos países. Seus poemas já foram traduzidos para Inglês e o Francês.
La tierra prometida
Juro no detenerme
hasta encontrar
nuestra tierra prometida
debe estar en algún lugar
escondida
juro no mermar esfuerzo
ni caminos
ni batallas.
Juro entregarla
en las manos
y en los ojos
y en los sueños
de los niños.
6. Clarissa Macedo é baiana. Trabalha como revisora, escritora e produtora. Está
concluindo o Mestrado em Literatura e Diversidade Cultural (UEFS). Está presente nas
coletâneas Godofredo Filho (2010), Sangue Novo (2011), Verso e Prosa – Oficina de
Criação Literária III Feira do Livro (2011), Verso e Prosa – Oficina de Criação Literária
IV Feira do Livro (2012) e no livro teórico Sem comparação: Torga, Rosa e Cia.
Limitada (2013).
Publicou na Verbo21, no site Musa Rara, no Barcaças, em A Poesia do Brasil, na
Diversos Afins, na 7Faces, na Blecaute.
Participou, em 2011, da IV Feira do Livro de Feira de Santana e da 10ª Bienal do Livro
da Bahia na abertura da Praça de Cordel e Poesia. É colunista do site Viva Feira. Edita o
blog Essa coisa que é o eu (clarissammacedo.blogspot.com). Coordena o projeto “O
Grande Encontro: a literatura, seus autores e leitores”.
No meu poema, navegas sem rastro
Navegas nu, sem zelos, a meu lado
No mar que descerrou a encruzilhada,
Tu bordavas-me um manto pisado –
Navegavas indecente na fé que eu temia
Eras a era em que me perdia e abandonava
Eras a música que dissonante inaugurava
um calor de guerra e uma calma adormecida.
A poesia morre e vive. Em mim tu morrias,
porque no meu poema, e só no meu poema,
é que a vida fez sentido, sublime, alucinada.
C O N T I N U A
7. Kátia Borges, 45, é escritora e jornalista. Publicou os livros de poesia “De volta à caixa
de abelhas” (2002, Selo As Letras da Bahia), “Uma Balada para Janis” (2010, Edições
P55) e “Ticket Zen” (2011, Escrituras) e, de prosa, “Escorpião Amarelo” (2012, Edições
P55). Seus poemas foram publicados ainda nas coletâneas, “Sete Cantares de Amigos”,
“Concerto Lírico para 15 vozes”, “Roteiro da Poesia Brasileira – Anos 2000″ e
Traversée d’Océans – Voix poétiques de Bretagne et de Bahia, edição bilíngue
organizada por Dominique Stoenesco.
Amor
Por todo o caminho, te levo comigo,
como quem carrega o próprio coração nas mãos, pulsando.
Como quem bebe um vinho precioso,
deixando que o líquido se espalhe e molhe o rosto.
Por todo o caminho, te levo comigo,
como quem arranca um punhado de mato e põe no bolso,
só para sentir a raiz entre os dedos.
Te levo comigo, sobre os ombros,
até o alto da mais alta das montanhas.
C O N T I N U A
8. Giselli Ferreira de Oliveira, mulher, negra, cadeirante, mãe de Amana Raha e Naíma
Ayra, graduanda do curso de ciências sociais da Universidade Federal do Recôncavo da
Bahia, e militante do movimento negro. É uma das integrantes da Antologia Canoas do
Paraguaçu, lançada pela Editora UFRB. Encontrou-se com a poesia de forma inesperada
e hoje faz parte dela.
A Pele Traduz
Na pele
Carrego coragem de mulher guerreira
Suor de combatente
Como o vento
Circulo em todos os cantos
Não me escondo
Não mordo, não apanho
Apesar das amarras
Rescindo
E me enlaço no que confio
Feminina pele
Reflete o que sou
Por ela não me oculto
E nem poderia
Com ela me estampo
Todos os dias
Sou guerreira!
Sou mulher!
Sou Preta!
9. Valdeck Almeida de Jesus (1966) é jornalista, funcionário público, editor, escritor e
poeta. Presidente do Colegiado Setorial de Literatura da Bahia. Embaixador da Divine
Académie Française des Arts, Lettres et Culture, Embaixador Universal da Paz,
Membro da Academia de Letras do Brasil, Academia de Letras de Jequié, Academia de
Cultura da Bahia, Academia de Letras de Teófilo Otoni, Academia Nevense de Letras,
Ciências e Artes – ANELCA, Poetas del Mundo, Fala Escritor, Confraria dos Artistas e
Poetas pela Paz e da União Brasileira de Escritores. Publicou “Memorial do Inferno: a
saga da família Almeida no Jardim do Éden”, “Feitiço contra o feiticeiro”, “Valdeck é
Prosa e Vanise é Poesia”, “30 Anos de Poesia”, “Heartache Poems”, ”Yes, I am gay.
So, what? – Alice in Wonderland” (com versão em português: “Sim, sou gay. E daí?
Desabafos de Alice no País das Maravilhas”), “O MST e a Mídia: uma análise do
discurso sobre o Movimento dos Sem Terra nos jornais A TARDE online e O Globo
online” (co-autor: Jobson Santana), dentre outros, e participa de quase noventa
antologias. Organiza e patrocina o Prêmio Valdeck Almeida de Jesus de Literatura,
desde 2005, o qual já lançou mais de 1000 textos de poetas do Brasil, África, Portugal,
Estados Unidos, Venezuela, Suíça, China, Japão e outros. Site:
www.galinhapulando.com
Sou África
Sou bela, sou negra
Tenho cabelo duro
Apesar do passado
De dor e grilhões
Eu me orgulho
Altiva, nativa
Mulata ou mestiça
Sou pele, sou alma
Tenho pé chato
Quadril largo
10. Nariz achatado
Tenho raiz
E ela me diz
Que sou Deusa
Rainha e Princesa
Sou plena e total
E também sou mito
Sou gente, real
Eu luto e grito:
Nem menos, nem mais
O que eu exijo
São direitos iguais!
Fonte:
http://casadebarro.org/noticias/9a-edicao-do-caruru-dos-7-poetas-celebra-a-poesia-e-
tradicoes-culturais-da-bahia/