O documento discute técnicas qualitativas de coleta e análise de dados, incluindo entrevistas, grupos focais e observação. Detalha os tipos de entrevistas, características e funções dos grupos focais e moderadores, elaboração de roteiros, seleção de informantes, análise de resultados e controles metodológicos para a observação.
1. TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DA BAHIA
AUDITORIA DE NATUREZA
OPERACIONAL - ANOP
ESCOLHA E PLANEJAMENTO DE
TÉCNICAS QUALITATIVAS DE COLETA
E ANÁLISE DE DADOS
2. TÉCNICAS QUALITATIVAS NA AVALIAÇÃO
-ENTREVISTAS:
* ABERTAS OU NÃO-ESTRUTURADAS
* SEMI-ESTRUTURADAS OU FOCALIZADAS
* ESTRUTURADAS
- GRUPO FOCAL
- OBSERVAÇÃO
3. TÉCNICAS QUALITATIVAS NA AVALIAÇÃO
-ENTREVISTAS instrumento diferente do
questionário não padroniza respostas.
-Tipos:
* ABERTAS OU NÃO-ESTRUTURADAS
* SEMI-ESTRUTURADAS OU FOCALIZADAS
* ESTRUTURADAS
4. GRUPO FOCAL
Não busca consenso, mas a emergências de todas as
opiniões, percepções e representações dos informantes
Possibilita compreensão de situações sociais complexas
e heterogêneas
Característica distintiva: sinergia entre os membros
Não requer grandes amostras: deve-se resguardar a
heterogeneidade do tecido social e, ao mesmo tempo,
compor grupos homogêneos (obedecendo a critérios pre-
estabelecidos)
NÚMERO DE GRUPOS
PONTO DE SATURAÇÃO: quando as respostas
começam a se repetir, ficando claras as
regularidades existentes
5. TECNICAS QUALITATIVAS:
O PAPEL DO ENTREVISTADOR/MODERADOR
* DOIS PARÂMETROS:
1) OBJETIVO DA PESQUISA ROTEIRO
- Roteiro deve ser flexível, mas não deve se afastar dos
objetivos, das questões a serem investigadas
2) PECULIARIDADES DE CADA CONTATO AMBIENTE
- E’ o entrevistado ou grupo que configura o campo: o
entrevistador é um agente de provocação, controle e análise
- Requer sensibilidade e flexibilidade
6. TÉCNICAS QUALITATIVAS CARACTERÍSTICAS:
1) Entrevistador/Moderador é o elemento crucial: requer
treinamento e experiência
2) Momento e ambiente afetam os resultados e suas
percepção e registro são parte da coleta de dados
3) Devem ser captados tanto os aspectos manifestos como
os latentes, as expressões verbais e não verbais
4) As questões a serem investigadas devem estar o mais
claras possível: o planejamento e desenho da pesquisa
são fundamentais
5) O processo de análise se inicia com a própria coleta,
entremeando e retroalimentando o processo de coleta.
7. ELABORAÇÃO DO ROTEIRO:
- Do tema mais genérico para o mais específico
- Cuidado para cobrir todas as áreas
- Definição de possíveis estratégias alternativas
DISCUSSÃO EM GRUPO: CUIDADOS ESPECIAIS
Entender o grupo como um todo, um sistema
interativo/iterativonão são indivíduos isolados,
não é uma entrevista coletiva
-Atentar para a dinâmica do grupo: tipos de
liderança, porta-vozes, elementos dissonantes
ativos e passivos, relação estabelecida com o
moderador
8. ASPECTO FUNDAMENTAL: SELEÇÃO DOS INFORMANTES
- Não se trata de pesquisa quantitativa, não permite
inferência estatística, e o número de informantes
necessariamente é restrito, logo, não se faz amostragem
probabilística.
- Mas a seleção não pode ser enviesada: é necessário ter
critérios para seleção, que variam de acordo com os
problemas pesquisados, com os objetivos da pesquisa e com
o tipo de público envolvido.
- E’ possível usar sorteios e também a lógica das amostras
não-probabilísticas por cotas e por tipicidade.
- Em outras ocasiões, usa-se critério reputacional ou
decisional.
- Há casos em que o único critério é o da acessibilidade. Ex:
usuários de drogas. vítimas de violência, etc
9. Cuidados com os Grupos Focais
•Local da discussão: deve ser neutro e reservado
•Não é admissível interferência de terceiros
•Não é admissível a interrupção das discussões
•Tempo de discussão: no mínimo uma hora, no máximo três
horas.Idealmente, 100 minutos.
•Discussão estabelecida a partir de um roteiro testado.
•Pode-se flexibilizar o roteiro para incluir questões; JAMAIS
para excluir
•Uso de estímulos externos: adequação ao público e ao
tempo de reunião
•Controlar as participações individuais (tempo) para evitar
que a discussão fique incompleta e que haja assimetrias.
10. Técnicas para a Condução do Grupo Focal
Ganhar a confiança do Grupo: esclarecer a atividade, seus
objetivos; explicar o princípio da confidencialidade e do
anonimato
Esclarecer: após um participante ter respondido a uma
pergunta, repeti-la ou desdobra-la para aprofundar
Substituir: mudar a formulação da pergunta sem mudar o
conteúdo, evitando que se torne enfadonha
Reorientar: aproveitar a resposta dada por uma pessoa,
refazendo a pergunta para outras
Neutralizar: controlar membros dominantes, estimular os
retraídos
Controlar: evitar participações individuais demoradas
demais; mediar divergências e conflitos
11. Funções do Moderador:
•Apresentar a atividade, explica-la, apresentar o tema;
apresentar-se e ao assistente, apresentar os membros.
•Esclarecer as regras do jogo: gravação, confidencialidade,
anonimato, não-interrupção, não-interferência externa
•Se for o caso, utilizar/controlar o uso de estímulos ao debate
•Dirigir o grupo:formular as perguntas, estar atento às
reações, estimular a participação, controlar intervenções
individuais, guiar a discussão segundo o roteiro
•Ser flexível ao surgimento de informações relevantes não
previstas.
•Balancear o que é importante para o grupo e o que é
importante para a pesquisa.
•Controlar o tempo e o ritmo da discussão, evitando a fuga
aos temas
12. Funções do Assistente:
Preparar o material a ser utilizado na discussão:
gravadores, fitas, pilhas, vídeos, cartazes, lâminas, etc
Registrar informações: linguagem gestual e comunicaçao
não-verbal dos membros; dados não gravados:local,
número de componentes, sexo, idade; clima da reunião;
existência de elementos dominantes, etc
Colaborar em momentos de silêncio ou de perda de
controle do grupo
Retomar comentários ou perguntas que tenham escapado
ao moderador
Sinalizar ao moderador membros retraídos ou desejosos de
participar
Atuar como observador e, ao final, comentar com o
moderador as principais idéias surgidas durante a
discussão
Elaborar relatório escrito da reunião de cada grupo.
13. Análise dos Resultados
Transcrição das fitas gravadas
Identificação das variáveis (segundo o roteiro de discussão)
Identificação das categorias que emergem da discussão
Hierarquização das categorias segundo a frequência com
que aparecem em cada grupo
Comparação inter-grupos e inter-variáveis busca de
regularidades e singularidades (divergências) entre
categorias de informantes
Checagem: com novos grupos ou com outras bases de
dados
Selecionar mensagens-chave ilustrativas das regularidades
e singularidades
14. Análise
Depende do tipo de relatório que o projeto deve
produzir:
-se o GF foi usado em pesquisa exploratória, a
análise é voltada para produzir instrumentos, etc
-se o GF é usado em pesquisa aplicada, a análise vai
depender dos objetivos do contratante
-Se o GF vai alimentar avaliações ou auditorias,
dependerá das dimensões a serem enfatizadas
perante o gestor
-Os objetivos da análise devem estar claros antes da
coleta, pois o que é coletado obedece ao que se
pretende na análise e no relatório.
15. Análise:
1)definir a unidade de análise o grupo não é
uma entidade, mas os indivíduos são afetados pela
sua dinâmica COMO REGRA A UNIDADE É O
GRUPO
2) Se cada GF cobre os mesmos tópicos, na
mesma ordem, deve-se estabelecer um grid que
sumarize sistematicamente o que cada GF
respondeu
3)Analise preliminar: começar com um ou dois GF,
analisados por duas pessoas diferentes
4)pode-se contar categorias, mesmo sendo dados
qualitativos: estatísticas descritivas podem ser
usadas para observações independentes.
16. Qual a frequência com que cada tópico é
mencionado em diferentes grupos?
USA-SE: Códigos de análise: são unidades de
significado criados a priori ou como resultado
do encontro com os dados
Criação de Esquema de Códigos:
1-Definir as unidades de dados: palavras?
Expressão verbal? Sentença? Parágrafo? Texto
completo?
Geralmente usa-se sentenças, frases que
permitem contar quando palavras são encontradas
juntas
Permitem identificar associações que expressam
referencias positivas, negativas ou neutras e
avaliar sua força (ênfase, com advérbios,
adjetivações, etc)
17. Só se usa parágrafos ou texto todo quando os
recurso ou o tempo são muitos escassos
2-Definir as categorias, decidindo se (a) são
mutuamente excludentes; (b) quão específicas ou
genéricas devem ser
3-Testar uma amostra do texto para avaliar a
acurácia (codificação correta, sem ambiguidades) e
fidedignidade (replicação sem superposições)
4- Revisar os códigos e suas regras
5- Voltar ao passo 3
6- Codificar todo o texto
7- Reavaliar a acurácia e fidedignidade
18. Análise por “validação grupo-a-grupo”
três passos seguintes
1-Contar quantos grupos mencionaram um tópico
ou manifestaram uma posição
2-Contar quantas pessoas dentro de cada grupo
mencionaram um tópico ou manifestaram uma
posição
3-Avaliar quanta energia um tópico provocou em
cada grupo (tempo ou número de palavras gasto na
discussão de um tópico ou número de intervenções)
Validação grupo-a-grupo significa que sempre que
um tópico se apresenta, ele produz um nível de
energia em uma proporção consistente de
participantes EM TODOS OS GRUPOS OU QUASE
TODOS.
19. - Método Observacional:Método Observacional:
os fatos são percebidoos fatos são percebidoss
diretamente, sem intermediação.diretamente, sem intermediação.
Requer:Requer:
(a)(a) objetivo formulado;objetivo formulado;
(b)(b) planejamento sistemático;planejamento sistemático;
(c) registro sistemático;(c) registro sistemático;
(d) verificação e controles de(d) verificação e controles de
validade e precisãovalidade e precisão
20. -Observação éObservação é umauma atividadeatividade
deliberada e controlada dedeliberada e controlada de coleta decoleta de
dados.dados.
-Envolve o critério daEnvolve o critério da
intersubjetividadeintersubjetividade: outro observador,: outro observador,
na mesma situação, obtém a mesmana mesma situação, obtém a mesma
conclusão (é o recurso para controlarconclusão (é o recurso para controlar
os vieos viesseses ouou ""biasbias" da observação" da observação))..
21. -Observação passiva ou simples: apenasObservação passiva ou simples: apenas
acompanhamento dos fatos.acompanhamento dos fatos.
-Usada em estudos exploratórios.Usada em estudos exploratórios.
-Procedimentos:Procedimentos:
-(1) identificar os sujeitos;(1) identificar os sujeitos;
-(2) descrever os cenários;(2) descrever os cenários;
-(3) descrever os comportamentos;(3) descrever os comportamentos;
-(4) registro + análise(4) registro + análise;;
-(5)(5) levantar hipóteses.levantar hipóteses.
22. - Observação Sistemática:Observação Sistemática:
- é feita após estudo exploratório, eé feita após estudo exploratório, e
busca descrever com precisão osbusca descrever com precisão os
fenômenos e testar hipóteses.fenômenos e testar hipóteses.
- Requer:Requer:
(a)(a)plano de observação;plano de observação;
(b) definição das categorias de análise;(b) definição das categorias de análise;
(c) definição das hipóteses a serem(c) definição das hipóteses a serem
testadas.testadas.
23. - Observação Participante:- Observação Participante:
a)tipo natural - o observadora)tipo natural - o observador
pertence à comunidade quepertence à comunidade que
investigainvestigadada;;
b)tipo artificial - o observador é umb)tipo artificial - o observador é um
ator externo,ator externo, que se integra àque se integra à
situaçãosituação observada.observada. Ex: misteryEx: mistery
shoppingshopping
24. -- InconvenientesInconvenientes da observaçãoda observação::
alteração dos comportamentos dosalteração dos comportamentos dos
observados.observados.
- Erros de Observação: são- Erros de Observação: são
compensados comcompensados com controlescontroles
metodológicosmetodológicos..
25. Controles Metodológicos:Controles Metodológicos:
a)observações análogas:a)observações análogas:
multiplicidade de observações.multiplicidade de observações.
b)multiplicidade de observadoresb)multiplicidade de observadores
c)registro das observaçõesc)registro das observações
contrárias(não desprezar as outrascontrárias(não desprezar as outras
possibilidades)possibilidades)
26. d)noção clara de que a observaçãod)noção clara de que a observação
""se fazse faz" : Não se observa tudo o que" : Não se observa tudo o que
há para ser visto; é preciso um bomhá para ser visto; é preciso um bom
foco, planejado, para que afoco, planejado, para que a
seletividade seja conscientementeseletividade seja conscientemente
controlada.controlada.
27. Observação X Grupos FocaisObservação X Grupos Focais
Observação é mais vantajosa quando seObservação é mais vantajosa quando se
pretende analisar contextos complexos epretende analisar contextos complexos e
comportamentos no contexto natural ecomportamentos no contexto natural e
acompanhar tais comportamentos duranteacompanhar tais comportamentos durante
tempo mais longo.tempo mais longo.
Grupos focais são mais vantajososGrupos focais são mais vantajosos
quando se quer observar a interação dosquando se quer observar a interação dos
indivíduos com um perfil (atributos)indivíduos com um perfil (atributos)
específico, orientada por um tópicoespecífico, orientada por um tópico
artificialmente introduzido (Foco)artificialmente introduzido (Foco)
28. Observação permite:Observação permite:
•Coletar dados tendo por base um amploColetar dados tendo por base um amplo
espectro de comportamentosespectro de comportamentos
•Uma grande variedade de interações deUma grande variedade de interações de
indivíduos em situações naturais diversificadasindivíduos em situações naturais diversificadas
•Uma discussão mais aberta dos tópicos deUma discussão mais aberta dos tópicos de
pesquisapesquisa
Os grupos focais:Os grupos focais:
•São mais limitados aos comportamentosSão mais limitados aos comportamentos
verbaisverbais
•Interagem somente no contexto restrito daInteragem somente no contexto restrito da
discussãodiscussão
•São criados e controlados pelo pesquisadorSão criados e controlados pelo pesquisador
29. Entrevistas Individuais X Grupos FocaisEntrevistas Individuais X Grupos Focais
Entrevistas são mais vantajosas queEntrevistas são mais vantajosas que
grupos focais porque:grupos focais porque:
•Permitem maior controle por parte doPermitem maior controle por parte do
entrevistadorentrevistador
•Permitem obter maior quantidade dePermitem obter maior quantidade de
informação de cada um dos informantesinformação de cada um dos informantes
isoladamenteisoladamente
Grupos focais:Grupos focais:
•Permitem confronto dinâmicoPermitem confronto dinâmico
•O pesquisador tem maior controle doO pesquisador tem maior controle do
foco e a sua ação é que define o resultadofoco e a sua ação é que define o resultado
30. --CConstrução de indicadores de desigualdade eonstrução de indicadores de desigualdade e
exclusão socialexclusão social deve levar em consideração:deve levar em consideração:
IImportância de variáveis sociais: raça,mportância de variáveis sociais: raça,
identidade étnica, gênero, etcidentidade étnica, gênero, etc devem ser o MAISdevem ser o MAIS
DESAGREGADOS POSSÏVELDESAGREGADOS POSSÏVEL
oos elementos culturais da desigualdade es elementos culturais da desigualdade e
exclusãoexclusão
oo papel e o impacto das ações de diferentespapel e o impacto das ações de diferentes
níveis de governo na luta contra a pobreza, aníveis de governo na luta contra a pobreza, a
desigualdade e a exclusão social.desigualdade e a exclusão social.
osos indicadores sociais eindicadores sociais e asas metodologias parametodologias para
avaliar o impacto da pobreza, desigualdade eavaliar o impacto da pobreza, desigualdade e
exclusão nos programas governamentais.exclusão nos programas governamentais.
31. Foco da avaliação de políticas e programas
sociais:
Pobreza/riqueza; desigualdade/igualdade
exclusão X inclusão/equidade
Requer
Distinções dos conceitos de pobreza,
desigualdade e exclusão social.
Avaliar a importância da pobreza,
desigualdade e exclusão em esferas não
materiais: acessos a direitos, instituições e
processos decisórios.
Compreender os impactos diferenciados da
pobreza, da desigualdade e da exclusão
social (vulnerabilidade)