SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 6
Baixar para ler offline
Raniê Ralph Microbiologia
Segunda-feira, 18 de dezembro de 2006.
Profa Mariceli.
Micoses causadas por fungos demáceos.
Fungos demáceos são aqueles que possuem hifas, esporos e blastoconídios pigmentados. A coloração
acastanhada deve-se à melanina.
Relatos de casos têm aumentado consideravelmente.
Pacientes com ou sem imunodeficiência.
Espectro variando de superficiais (ptiríase) a invasiva (cerebral).
A maioria das espécies é sapróbia (solo e vegetais). Na realidade, todas são sapróbias de meio
ambiente, ou seja, não são contagiosas. Assim, não são transmitidas entre humanos e sim a partir do meio
ambiente.
Fator que favorece patogenicidade: melanina na parede celular que possui ação antifagocitária.
Caso 1
Paciente do sexo feminino, 5 anos e 8 meses, branca, procedente de Campo Largo, PR. Há seis meses surgiu
com mancha negra na palma da mão direita, assintomática (apenas incomodo estético – fato importante).
Permanecera alguns dias em cidade litorânea do Estado do Paraná, meses antes do aparecimento da lesão. Ao
exame, apresentou mancha enegrecida de 0,5 cm de diâmetro na palma da mão direita.
Caso 2
Paciente do sexo feminino, 12 anos e 3 meses, branca, procedente de navegantes, cidade litorânea de SC.
Apresenta há dois anos mancha negra na palma da mão direita e há 3 meses lesão semelhante no terço inferior
do antebraço direito, ambas assintomáticas. Ao exame, verificaram-se mancha enegrecida de 4x3 cm na palma
da mão direita e outra de 2 cm de diâmetro no terço inferior do antebraço direito.
Caso 3
Paciente do sexo masculino, 4 anos e 10 meses, branco, procedente de Paranaguá, cidade litorânea de PR com
manchas semelhantes a dos casos anteriores.
Características comuns dos pacientes dos 3 casos
Pacientes de região litorânea.
Mancha negra acastanhada era o principal sinal/sintoma.
Acomete principalmente palma da mão, e também plantas dos pés.
Estudo micológico
Exame micológico direto das escamas das lesões (raspado) exibe: hifas demáceas, septadas e ramificadas,
fragmentos de hifas e células leveduriformes alongadas.
Obs: o fungo não apresenta dimorfismo.
A cultura em Ágar Sabouraud mostrou: colônias escuras e úmidas. Com o envelhecimento, houve o
desenvolvimento de uma fase filamentosa, de coloração negra.
Na micromorfologia havia presença de blastocinídios pigmentados; e posteriormente, grande quantidade de
hifas demáceas septadas.
Diagnóstico: feohifomicose superficial por Hortae (Phaeoannalomyces) werneckii.
Todos os casos foram tratados com derivados imidazólicos tópicos, havendo desaparecimento das lesões em 30
dias.
A lesões palmares podem receber o nome de Tinea nigra. O que se sabe é que ela é adquirida por pessoas que
freqüentaram praias, e que são extremamente benignas, e por isso subnotificadas.
Não há explicação sobre como a micose é adquirida: não há conhecimento se o fungo está na areia, em plantas
mortas, etc. Sabe-se que são fungos halófitos, ou seja, que suportam grandes concentrações de sal.
Às vezes, o próprio raspado para fazer exame já constitui um tratamento.
A grande importância dessa micose é o diagnóstico diferencial, pois elas podem simular melanomas.
1
Raniê Ralph Microbiologia
Outra micose por fungo demáceo
Paciente de 85 anos, sexo feminino, com queixa de nódulos multifocais no antebraço e mão direita. Relatava
atividade de jardinagem (fungos são originados do meio ambiente) e a presença de um único nódulo indolor no
antebraço há 3 anos, que foi excisado cirurgicamente.
Meses após esta cirurgia, pequenos nódulos surgiram ao redor daquele que foi retirado. A área atingida
gradualmente se estendeu e as lesões coalesceram.
Observaram-se múltiplos nódulos de tamanhos variados, alguns com crostas na superfície e circundados por
eritema.
Exceto pela presente apresentação clínica, o paciente estava em boas condições de saúde (não era
imunossuprimida).
Não se trata de uma lesão superficial porque houve também comprometimento do tecido subcutâneo.
Foi feito o exame histológico (biópsia) no qual foram observadas estruturas arredondas que recebem o nome de
corpos escleróticos (não são hifas e sim células de parede espessa que geralmente aparecem em cachos). Não
são leveduras, porque estas constituem células fúngicas que se replicam por brotamento e os corpos
escleróticos dividem-se por cissiparidade. Por esse motivo não apresentam dimorfismo clássico: não se
transformam em leveduras e sim em corpos escleróticos.
Essa micose é chamada de cromoblastomicose: causada por fungo demáceo, cuja única porta de entrada é o
traumatismo, ou seja, o fungo tem que ser inoculado traumaticamente no tecido subcutâneo. Os fungos,
obrigatoriamente, no exame direto, não aparecem como hifas e sim como corpos escleróticos (importante para
prova).
As hifas são observadas na cultura, nunca no paciente e conseqüentemente no exame direto de seu material
clínico.
Existem inúmeros agentes de cromoblastomicoses. No caso clínico foi isolado Phialophora verrucosa.
Paciente foi tratada com itraconazol (100 mg/dia) e evoluiu para cura.
Outras micoses causadas por fungos demáceos
Todas as outras micoses descritas também são feohifomicoses, ou seja, micoses causadas por fungos
demáceos.
Paciente de 74 anos devido a persistentes problemas oculares recebeu tratamento com predinisona (40 mg/dia).
O paciente também apresentou sintomas de diabetes e iniciou o uso de insulina.
Três fatores de risco para esta feohifomicose: idade, uso de corticóides e diabetes.
Seis meses depois procurou o hospital com pápulas e crostas cutâneas no joelho e no cotovelo. As lesões
apresentavam tendência a se expandirem, mas de maneira superficial.
A coloração mostrou hifas e a cultura exibiu um fungo de hifa acastanhada com esporos como se fossem
nódulos ao longo da hifa: característica de Alternaria spp. Não foi observada presença de corpos escleróticos e
por isso a micose não é chamada de cromoblastomicose. Além disso, esta micose descrita é mais superficial do
que as cromoblastomicoses.
Diagnóstico difícil
Ausência de especificidade.
Polimorfismo de lesões.
Swab x Biópsia: com certeza a biópsia tem valor maior do que o swab, exceto na Tinha negra que não
permite realização de biópsia.
Foi feito teste de suscetibilidade a drogas antifúngicas:
Anfotericina B: sensível
Fluconazol: sensibilidade dose dependente.
Itraconazol: resistente.
Cetoconazol: sensível.
A predinisona foi progressivamente interrompida. O paciente foi tratado com cetoconazol, uso tópico (2x ao
dia/2 meses). As lesões regrediram completamente.
Não existe uma droga padrão.
A maioria dos pacientes infectados por esse fungo são indivíduos de áreas rurais. Acredita-se, então, que o
fungo seja inoculado a partir do meio ambiente por traumatismo.
Paciente de 48 anos, sexo masculino, foi admitido com nódulos e úlceras na perna direita. As lesões começaram
após traumatismo.
2
Raniê Ralph Microbiologia
Oito meses antes o paciente havia sido submetido a transplante cardíaco e estava em uso de terapia
imunossupressora: tracolimus e predinisona.
O exame direto histopatológico (por biópsia) exibiu hifas escuras e a cultura revelou colônias escuras. O fungo
isolado foi a Exophiala jeanselmei (principal agente que atinge especialmente imunossuprimidos). Não causam
cromoblastomicose porque classicamente aparecem como hifas enquanto os fungos das cromoblastomicoses
exibem-se como corpos escleróticos e acometem principalmente pessoas imunocompetentes.
O paciente foi tratado com itraconazol (Sporanox) oral durante 3 meses, mas nenhuma resposta clínica foi
observada.
TSA:
Anfotericina B: sensível.
Itraconazol: resistente.
Tratamento foi substituído por anfotericina B uma vez que em pacientes imunodeprimidos o tratamento deve
ser mais drástico. Assim, mesmo a anfotericina B não sendo indicada para lesões subcutâneas, ela foi
implementada porque os azólicos são apenas fungistáticos.
(Fungizon) intravenosa e após 4 meses as lesões regrediram.
Relatos de feohifomicose por Exophiala jeanselmei têm aumentado consideravelmente, principalmente
em indivíduos imunocomprometidos.
Os pacientes relatam traumatismos meses antes do aparecimento da lesão.
A maioria dos casos ocorre em adultos (cerca de 55 anos).
Diagnóstico clínico diferencial em relação a micetomas, cromoblastomicose e aspergilose. O tratamento
é difícil em todos os casos.
Culturas: 10 a 15 dias.
Droga de escolha: itraconazol durante meses.
Excisão cirúrgica: a melhor escolha e indicada quando existe lesão única e em imunocompetentes. Em
imunosuprimidos possui contraindicações porque pode causar infecções disseminadas ao cair na corrente
sanguínea.
Em 2000, 189.000 mulheres fizeram implante de silicone nos seios nos Estados Unidos.
No período de 6 meses, 22 mulheres se submeteram a revisão cirúrgica e 5 delas apresentaram pontos
enegrecidos no líquido do implante. A bolsa do silicone estava infectada por um fungo demáceo: Curvularia
lunata.
t
Clinical Infectious Diseases 2004; 38:206-16.
Primary Central Nervous System Phaeohyphomycosis: A Review of 101 Cases.
Sanjey G. Revankar, 1 Deanna A. Sutton 2 and Michal.
a) Critério de inclusão dos casos no review:
Lesões ou clínica compatível com infecção do SNC.
Isolamento do fungo do tecido cerebral ou líquor.
Identificação do fungo.
b) Etiologia:
Cladophialophora ban iana – maioria dos casos (guardar esse nome – agente demáceo que causa lesões em
tecido cerebral. Apresenta tropismo por tecido cerebral, assim como: criptococos, agentes da zygomicose e C.
bantiana).
Ramichloridium sp (menos importante).
Hifas demáceos, escuro, hifas septadas e conídios formados na forma de cadeias como se fossem cordões.
Obs: Questão de prova: Quais os fungos apresentam tropismo pelo SNC? Cladophialophora bantiana, Agentes
da Zygomicose e Cryptococcus.
c) Distribuição geográfica:
Encontrados em todo o mundo, são preferencialmente do solo.
EUA: maioria dos relatos, seguidos por Ásia e Oriente Médio.
d) Fatores de risco:
52% sem nenhum fator associado: fato importante fungo que provavelmente entra por inalação e que não
precisa de fator de risco para infectar.
48% restantes: câncer (com neutropenia), transplante, infecções por HIV, usuário de drogas, etc.
3
Raniê Ralph Microbiologia
e) Achados clínicos
87% abscesso cerebral (destes 86% com presença de hifas), meningite, encefalite, etc.
f) Terapia:
Maioria: combinação de terapia antifúngica e cirurgia.
Droga mais usada: anfotericina B. Segunda: anfotericina B em formulação lipídica.
Outras: 5-fluorocitocina, itraconazol. Ambas freqüentemente em combinação com anfotericina B.
Novos azólicos (voriconazol, posaconazol) não foram usados.
g) Evolução dos casos:
Mortalidade em geral: 73%. Entre os pacientes imunodeficientes foi de 71% (equivalente aos
imunocompetentes). Assim, percebe-se que o sistema imune pouco influenciou na evolução do paciente.
Todos os pacientes não tratados morreram.
Tratamento: anfotericina B+ 5-FC ou itraconazol foi associado a maior sobrevivência.
Apenas cirurgia: 77% de mortalidade. O tratamento medicamentoso ainda é superior à cirurgia.
h) Discussão
A patogênese da feohifomicose cerebral é desconhecida. Na zigomicose ocorre migração a partir de tecidos
adjacentes da fossa nasal até o cérebro, sem cair na corrente sanguínea. Os criptococos partem do pulmão,
atingem a corrente sanguínea, e a seguir o cérebro.
Sinusite e otite ocorreram antes das lesões? Quando presentes, eram em lados opostos ao lado do
cérebro que foi acometido. Isso é importante? Será que realmente a partir de uma sinusite ou de uma otite é
que os fungos migraram?
Disseminação hematogênica é a mais incriminada, provavelmente a partir de foco subclínico no pulmão.
Por que a predileção de C. bantiana pelo SNC? Não se sabe, raramente ela é encontrada em outros
locais.
Por que tão poucos indivíduos são infectados? Também não se sabe: se é um fungo de meio ambiente
que atinge imunocompetentes, era para haver uma grande parcela da população acometida.
Dificuldades no diagnóstico laboratorial: o diagnóstico clínico é difícil porque os sintomas de
abscessos e meningites remetem a muitas doenças. O Laboratorial também é complicado porque para o exame
é necessário fragmento retirado por biópsia.
4
Raniê Ralph Microbiologia
Feohifomicoses: micoses causadas por fungos filamentosos de cor escura.
Grande espectro de infecções:
Superficiais (Tinea nigra).
Cutâneas.
Subcutâneas: feohifomicoses subcutâneas (os fungos não aparecem na forma de corpos escleróticos e
sim de hifas); micetomas; cromoblastomicose (micoses de tecido subcutâneo em que o fungo aparece na forma
de corpos escleróticos).
Invasiva: cerebral.
Agentes:
Hortae werneckii (Tinea nigra).
Alternaria spp.
Curvularia spp.
Fonsecae pedrosoi (principal agente de cromoblastomicose no Brasil).
Madurela grisea (Micetoma)
Exophila jeanselmei (feohifomicose subcutânea).
Cladophialophora ban iana (feohifomicose cerebral).t
Bipolares spp e Alternaria spp: agentes envolvidos em sinusite alérgica, asma e infecção pulmonar.
Portas de entradas:
Feohifomicoses de modo geral: inoculação traumática do fungo, especialmente as subcutâneas. Exceto
a Tinea nigra que não se sabe a forma de contágio (provavelmente deve ser só o contato).
Inalação.
Ingestão de alimentos ou água: provavelmente muito raro/improvável (???).
Penetração através de cateter (???).
Fatores de risco:
Superficial (não precisa do trauma), cutânea, sub-cutânea: exposição traumática do paciente a material
contaminado.
Invasiva (cerebral): Imunodeficiência (medida por células).
Fungemias: muito raras.
Susceptibilidade a drogas antifúngicas
Depende da espécie.
Geralmente são mais sensíveis a itraconazol, seguido por anfotericina B.
São pouco sensíveis ao fluconazol.
5
Raniê Ralph Microbiologia
Micoses subcutâneas
Cromoblastomicoses: lesões vegetantes, elevadas em relação à pele, com aspecto de couve-flor.
Localizadas preferencialmente nos pés do sexo masculino, na faixa etária de 30 a 40 anos. Essas pessoas
adquirem essas doenças no local de trabalho (fungos de meio ambiente) onde estão sujeitas a traumatismos, ou
seja, os pacientes possuem trabalhos rurais. São todos indivíduos imunocompetentes. O melhor diagnóstico
para micose subcutânea é a biópsia que encontrará o agente na forma de corpos escleróticos no caso da
cromoblastomicose.
Micetomas:
Etimologia: tumor causado por fungos. A lesão apresenta uma tríade, ou seja, esta micose subcutânea possui 3
sinais clínicos importantes:
Tumefação: aspecto tumoral, edemaciado.
Fístulas: que se abrem espontaneamente na superfície e drenam secreção.
Grãos: observados na secreção e que correspondem a emaranhados de microrganismos (de hifas
fúngicas ou de células bacterianas) vistos a olho nu.
Os micetomas possuem dois tipos de agentes etiológicos:
Fungos: recebem o nome de eumicetoma. O principal agente é a Madurela spp.
Bactérias: causadas por um grupo de bactérias que possuem morfologia filamentosa (células longas)
que se assemelham a hifas. São os Actinomycetos. Nesse caso, o micetoma chama-se actinomicótico. No Brasil,
o principal causador é a Nocardia brazieliensis.
Clinicamente não se distingue qual o tipo do micetoma. A diferenciação pode ser feita pelo exame direto:
diâmetro pequeno – indica bactéria; diâmetro grande – indica fungo. A cultura também permite a distinção.
Se o micetoma for por fungos o tratamento envolve azólicos e se for por bactérias utiliza-se bactrim.
A epidemiologia é idêntica a da cromoblastomicose: trabalhodores rurais, sexo masculino, nos membros
inferiores.
Micose subcutânea causada por fungos dimórficos e não-demáceos
Esporotricose cujo agente é o Sporothrix schenckii.
Atinge os tecidos subcutâneo e linfático.
Caracteriza-se por lesões ulceradas e outras lesões satélites ao longo dos vasos linfáticos.
Acomete homens e mulheres, e também crianças. É mais freqüente nos membros superiores.
Entre as micoses subcutâneas é extremamente urbana: acomete pessoas das áreas urbanas, especialmente
ligadas a atividades com plantas - hortifrute, decoração de festas, jardinagem, crianças que brincam e se
machucam com vegetais.
A 25 graus está na forma filamentosa.
A 35 graus está na forma de levedura.
No paciente estará na forma de levedura, mas é uma exceção porque o exame direto normalmente dá negativo.
Em compensação o cultivo é extremamente fácil, mas demora em torno de uma semana.
6

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DA CRIPTOCOCOSE
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DA CRIPTOCOCOSEDIAGNÓSTICO LABORATORIAL DA CRIPTOCOCOSE
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DA CRIPTOCOCOSEGuilherme Marcondes
 
Norma Andrews (excerto do livro "Vidas a Descobrir")
Norma Andrews (excerto do livro "Vidas a Descobrir")Norma Andrews (excerto do livro "Vidas a Descobrir")
Norma Andrews (excerto do livro "Vidas a Descobrir")Associação Viver a Ciência
 
Antibioticoterapia inf. abdominais
Antibioticoterapia inf. abdominaisAntibioticoterapia inf. abdominais
Antibioticoterapia inf. abdominaisRenato sg
 
Aula de Microbiologia Clínica sobre Características Gerais dos Vírus
Aula de Microbiologia Clínica sobre Características Gerais dos VírusAula de Microbiologia Clínica sobre Características Gerais dos Vírus
Aula de Microbiologia Clínica sobre Características Gerais dos VírusJaqueline Almeida
 
Aula bacterioses x viroses
Aula   bacterioses x virosesAula   bacterioses x viroses
Aula bacterioses x virosesalunond
 
Aula de Microbiologia Clínica sobre Patogenia das Viroses e RNA
Aula de Microbiologia Clínica sobre Patogenia das Viroses e RNAAula de Microbiologia Clínica sobre Patogenia das Viroses e RNA
Aula de Microbiologia Clínica sobre Patogenia das Viroses e RNAJaqueline Almeida
 
Serviço de infectologia pediátrica caso clínico 4
Serviço de infectologia pediátrica caso clínico 4Serviço de infectologia pediátrica caso clínico 4
Serviço de infectologia pediátrica caso clínico 4Professor Robson
 
Virus - Anglo Santos Dumont
Virus - Anglo Santos DumontVirus - Anglo Santos Dumont
Virus - Anglo Santos DumontPedro Tavares
 

Mais procurados (20)

Vírus 2017
Vírus 2017Vírus 2017
Vírus 2017
 
Espiroq
EspiroqEspiroq
Espiroq
 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DA CRIPTOCOCOSE
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DA CRIPTOCOCOSEDIAGNÓSTICO LABORATORIAL DA CRIPTOCOCOSE
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DA CRIPTOCOCOSE
 
Norma Andrews (excerto do livro "Vidas a Descobrir")
Norma Andrews (excerto do livro "Vidas a Descobrir")Norma Andrews (excerto do livro "Vidas a Descobrir")
Norma Andrews (excerto do livro "Vidas a Descobrir")
 
Caso clinico plect
Caso clinico  plectCaso clinico  plect
Caso clinico plect
 
Antibioticoterapia inf. abdominais
Antibioticoterapia inf. abdominaisAntibioticoterapia inf. abdominais
Antibioticoterapia inf. abdominais
 
Aula de Microbiologia Clínica sobre Características Gerais dos Vírus
Aula de Microbiologia Clínica sobre Características Gerais dos VírusAula de Microbiologia Clínica sobre Características Gerais dos Vírus
Aula de Microbiologia Clínica sobre Características Gerais dos Vírus
 
Virologia Clínica Parte 1 Básico 2017 [Profa.Zilka]
Virologia Clínica Parte 1 Básico 2017 [Profa.Zilka]Virologia Clínica Parte 1 Básico 2017 [Profa.Zilka]
Virologia Clínica Parte 1 Básico 2017 [Profa.Zilka]
 
Aula bacterioses x viroses
Aula   bacterioses x virosesAula   bacterioses x viroses
Aula bacterioses x viroses
 
Feohifomicose
FeohifomicoseFeohifomicose
Feohifomicose
 
Aula de Microbiologia Clínica sobre Patogenia das Viroses e RNA
Aula de Microbiologia Clínica sobre Patogenia das Viroses e RNAAula de Microbiologia Clínica sobre Patogenia das Viroses e RNA
Aula de Microbiologia Clínica sobre Patogenia das Viroses e RNA
 
Virologia Clínica Parte 3 Viroses Humanas [Profa.Zilka]
Virologia Clínica Parte 3  Viroses Humanas [Profa.Zilka]Virologia Clínica Parte 3  Viroses Humanas [Profa.Zilka]
Virologia Clínica Parte 3 Viroses Humanas [Profa.Zilka]
 
Vírus e reino monera
Vírus e reino moneraVírus e reino monera
Vírus e reino monera
 
Serviço de infectologia pediátrica caso clínico 4
Serviço de infectologia pediátrica caso clínico 4Serviço de infectologia pediátrica caso clínico 4
Serviço de infectologia pediátrica caso clínico 4
 
Reino monera
Reino moneraReino monera
Reino monera
 
Microbiologia Geral - Vírus
Microbiologia Geral - VírusMicrobiologia Geral - Vírus
Microbiologia Geral - Vírus
 
Virologia Clínica Parte 2 Imunologia 2017 [Profa.Zilka]
Virologia Clínica Parte 2 Imunologia 2017 [Profa.Zilka]Virologia Clínica Parte 2 Imunologia 2017 [Profa.Zilka]
Virologia Clínica Parte 2 Imunologia 2017 [Profa.Zilka]
 
Reino monera e vírus
Reino monera e vírusReino monera e vírus
Reino monera e vírus
 
Virus - Anglo Santos Dumont
Virus - Anglo Santos DumontVirus - Anglo Santos Dumont
Virus - Anglo Santos Dumont
 
Histoplasmose (1)
Histoplasmose (1)Histoplasmose (1)
Histoplasmose (1)
 

Semelhante a Feohifomicose por fungos demáceos

Anvisa detecção e identificação dos fungos de importância médica
Anvisa detecção e identificação dos fungos de importância médicaAnvisa detecção e identificação dos fungos de importância médica
Anvisa detecção e identificação dos fungos de importância médicaRayanethaynarasantos2
 
Fisiopatologia das infecções de micoses profundas
Fisiopatologia das infecções de micoses profundasFisiopatologia das infecções de micoses profundas
Fisiopatologia das infecções de micoses profundasSafia Naser
 
Parasitologia Fungos
Parasitologia FungosParasitologia Fungos
Parasitologia FungosLudmila Alem
 
Www.anvisa.gov.br servicosaude manuais_microbiologia_mod_7_2004
Www.anvisa.gov.br servicosaude manuais_microbiologia_mod_7_2004Www.anvisa.gov.br servicosaude manuais_microbiologia_mod_7_2004
Www.anvisa.gov.br servicosaude manuais_microbiologia_mod_7_2004Marcelo Leal Souza
 
HanseníAse Pronto
HanseníAse ProntoHanseníAse Pronto
HanseníAse ProntoITPAC PORTO
 
[Infectologia] cromoblastomicose
[Infectologia] cromoblastomicose[Infectologia] cromoblastomicose
[Infectologia] cromoblastomicoseEmanoel Rodrigues
 
Introdução a Parasitologia
Introdução a ParasitologiaIntrodução a Parasitologia
Introdução a ParasitologiaSafia Naser
 
Micoses pulmonares uea
Micoses pulmonares ueaMicoses pulmonares uea
Micoses pulmonares ueaFlávia Salame
 
Micobactérias Atípicas, de Crescimento Rápido, Não tuberculosa
Micobactérias Atípicas, de Crescimento Rápido, Não tuberculosaMicobactérias Atípicas, de Crescimento Rápido, Não tuberculosa
Micobactérias Atípicas, de Crescimento Rápido, Não tuberculosaEuripedes A Barbosa
 
Revisão bahiana 2
Revisão bahiana 2Revisão bahiana 2
Revisão bahiana 2bioemanuel
 
Monitoramento de fungos anemófilos e de leveduras em unidade hospitalar
Monitoramento de fungos anemófilos e de leveduras em unidade hospitalarMonitoramento de fungos anemófilos e de leveduras em unidade hospitalar
Monitoramento de fungos anemófilos e de leveduras em unidade hospitalarmauriciocoelhomicrobio
 
Lista de exercícios vii reinos monera, protista e fungi
Lista de exercícios vii reinos monera, protista e fungiLista de exercícios vii reinos monera, protista e fungi
Lista de exercícios vii reinos monera, protista e fungiCarlos Priante
 
Imunopatologia da esquistossomose
Imunopatologia da esquistossomose Imunopatologia da esquistossomose
Imunopatologia da esquistossomose Hemilly Rayanne
 
Imunopatologia da Esquistossomose (slide final)
Imunopatologia da Esquistossomose (slide final)Imunopatologia da Esquistossomose (slide final)
Imunopatologia da Esquistossomose (slide final)Hemilly Rayanne
 
Caso Clínico de Leishmaniose
Caso Clínico de LeishmanioseCaso Clínico de Leishmaniose
Caso Clínico de LeishmanioseKarina Pereira
 

Semelhante a Feohifomicose por fungos demáceos (20)

Módulo vii
Módulo viiMódulo vii
Módulo vii
 
Anvisa detecção e identificação dos fungos de importância médica
Anvisa detecção e identificação dos fungos de importância médicaAnvisa detecção e identificação dos fungos de importância médica
Anvisa detecção e identificação dos fungos de importância médica
 
Fisiopatologia das infecções de micoses profundas
Fisiopatologia das infecções de micoses profundasFisiopatologia das infecções de micoses profundas
Fisiopatologia das infecções de micoses profundas
 
Parasitologia Fungos
Parasitologia FungosParasitologia Fungos
Parasitologia Fungos
 
Www.anvisa.gov.br servicosaude manuais_microbiologia_mod_7_2004
Www.anvisa.gov.br servicosaude manuais_microbiologia_mod_7_2004Www.anvisa.gov.br servicosaude manuais_microbiologia_mod_7_2004
Www.anvisa.gov.br servicosaude manuais_microbiologia_mod_7_2004
 
HanseníAse Pronto
HanseníAse ProntoHanseníAse Pronto
HanseníAse Pronto
 
Histoplasmose
HistoplasmoseHistoplasmose
Histoplasmose
 
[Infectologia] cromoblastomicose
[Infectologia] cromoblastomicose[Infectologia] cromoblastomicose
[Infectologia] cromoblastomicose
 
Introdução a Parasitologia
Introdução a ParasitologiaIntrodução a Parasitologia
Introdução a Parasitologia
 
Doenas granulomatosas -_pdf
Doenas granulomatosas -_pdfDoenas granulomatosas -_pdf
Doenas granulomatosas -_pdf
 
Micoses pulmonares uea
Micoses pulmonares ueaMicoses pulmonares uea
Micoses pulmonares uea
 
Protistas - Biologia
Protistas - BiologiaProtistas - Biologia
Protistas - Biologia
 
Micobactérias Atípicas, de Crescimento Rápido, Não tuberculosa
Micobactérias Atípicas, de Crescimento Rápido, Não tuberculosaMicobactérias Atípicas, de Crescimento Rápido, Não tuberculosa
Micobactérias Atípicas, de Crescimento Rápido, Não tuberculosa
 
Revisão bahiana 2
Revisão bahiana 2Revisão bahiana 2
Revisão bahiana 2
 
Monitoramento de fungos anemófilos e de leveduras em unidade hospitalar
Monitoramento de fungos anemófilos e de leveduras em unidade hospitalarMonitoramento de fungos anemófilos e de leveduras em unidade hospitalar
Monitoramento de fungos anemófilos e de leveduras em unidade hospitalar
 
Lista de exercícios vii reinos monera, protista e fungi
Lista de exercícios vii reinos monera, protista e fungiLista de exercícios vii reinos monera, protista e fungi
Lista de exercícios vii reinos monera, protista e fungi
 
Aula 2 t cruzi e chagas
Aula 2  t cruzi e chagasAula 2  t cruzi e chagas
Aula 2 t cruzi e chagas
 
Imunopatologia da esquistossomose
Imunopatologia da esquistossomose Imunopatologia da esquistossomose
Imunopatologia da esquistossomose
 
Imunopatologia da Esquistossomose (slide final)
Imunopatologia da Esquistossomose (slide final)Imunopatologia da Esquistossomose (slide final)
Imunopatologia da Esquistossomose (slide final)
 
Caso Clínico de Leishmaniose
Caso Clínico de LeishmanioseCaso Clínico de Leishmaniose
Caso Clínico de Leishmaniose
 

Último

medicamentos+periodonti medicamentos+periodontia
medicamentos+periodonti medicamentos+periodontiamedicamentos+periodonti medicamentos+periodontia
medicamentos+periodonti medicamentos+periodontiaGabrieliCapeline
 
aula de codigo de etica dos profissionais da enfermagem
aula de codigo de etica dos profissionais da  enfermagemaula de codigo de etica dos profissionais da  enfermagem
aula de codigo de etica dos profissionais da enfermagemvaniceandrade1
 
Dengue no Brasil 2024 treinamento DDS pptx
Dengue no Brasil 2024 treinamento DDS pptxDengue no Brasil 2024 treinamento DDS pptx
Dengue no Brasil 2024 treinamento DDS pptxrafaelacushman21
 
CATALOGO_LOTI_LORD_OF_THE_ICE-RUI-UNAS_TENSAI INDÚSTRIA
CATALOGO_LOTI_LORD_OF_THE_ICE-RUI-UNAS_TENSAI INDÚSTRIACATALOGO_LOTI_LORD_OF_THE_ICE-RUI-UNAS_TENSAI INDÚSTRIA
CATALOGO_LOTI_LORD_OF_THE_ICE-RUI-UNAS_TENSAI INDÚSTRIATensai Indústria, SA
 
preparo quimico mecanico passo a passo instrumentação
preparo quimico mecanico passo a passo instrumentaçãopreparo quimico mecanico passo a passo instrumentação
preparo quimico mecanico passo a passo instrumentaçãopedrohiginofariasroc
 
Conceitos de Saúde Coletiva e Saúde Pública.pptx
Conceitos de Saúde Coletiva e Saúde Pública.pptxConceitos de Saúde Coletiva e Saúde Pública.pptx
Conceitos de Saúde Coletiva e Saúde Pública.pptxPedroHPRoriz
 
Encontro Clínico e Operações - Fotos do Evento
Encontro Clínico e Operações - Fotos do EventoEncontro Clínico e Operações - Fotos do Evento
Encontro Clínico e Operações - Fotos do Eventowisdombrazil
 
Níveis de biosseguranca ,com um resumo completo
Níveis  de biosseguranca ,com um resumo completoNíveis  de biosseguranca ,com um resumo completo
Níveis de biosseguranca ,com um resumo completomiriancarvalho34
 
BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus, Estrutura Celular de Célula...
BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus,   Estrutura Celular de Célula...BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus,   Estrutura Celular de Célula...
BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus, Estrutura Celular de Célula...kassiasilva1571
 
PNAB- POLITICA NACIONAL DE ATENÇAO BASICA
PNAB- POLITICA NACIONAL DE ATENÇAO BASICAPNAB- POLITICA NACIONAL DE ATENÇAO BASICA
PNAB- POLITICA NACIONAL DE ATENÇAO BASICAKaiannyFelix
 
Devaneio Excessivo - O grande Desafio.pdf
Devaneio Excessivo - O grande Desafio.pdfDevaneio Excessivo - O grande Desafio.pdf
Devaneio Excessivo - O grande Desafio.pdfPastor Robson Colaço
 
NR32---Treinamento-Perfurocortantes.pptx
NR32---Treinamento-Perfurocortantes.pptxNR32---Treinamento-Perfurocortantes.pptx
NR32---Treinamento-Perfurocortantes.pptxRayaneArruda2
 

Último (12)

medicamentos+periodonti medicamentos+periodontia
medicamentos+periodonti medicamentos+periodontiamedicamentos+periodonti medicamentos+periodontia
medicamentos+periodonti medicamentos+periodontia
 
aula de codigo de etica dos profissionais da enfermagem
aula de codigo de etica dos profissionais da  enfermagemaula de codigo de etica dos profissionais da  enfermagem
aula de codigo de etica dos profissionais da enfermagem
 
Dengue no Brasil 2024 treinamento DDS pptx
Dengue no Brasil 2024 treinamento DDS pptxDengue no Brasil 2024 treinamento DDS pptx
Dengue no Brasil 2024 treinamento DDS pptx
 
CATALOGO_LOTI_LORD_OF_THE_ICE-RUI-UNAS_TENSAI INDÚSTRIA
CATALOGO_LOTI_LORD_OF_THE_ICE-RUI-UNAS_TENSAI INDÚSTRIACATALOGO_LOTI_LORD_OF_THE_ICE-RUI-UNAS_TENSAI INDÚSTRIA
CATALOGO_LOTI_LORD_OF_THE_ICE-RUI-UNAS_TENSAI INDÚSTRIA
 
preparo quimico mecanico passo a passo instrumentação
preparo quimico mecanico passo a passo instrumentaçãopreparo quimico mecanico passo a passo instrumentação
preparo quimico mecanico passo a passo instrumentação
 
Conceitos de Saúde Coletiva e Saúde Pública.pptx
Conceitos de Saúde Coletiva e Saúde Pública.pptxConceitos de Saúde Coletiva e Saúde Pública.pptx
Conceitos de Saúde Coletiva e Saúde Pública.pptx
 
Encontro Clínico e Operações - Fotos do Evento
Encontro Clínico e Operações - Fotos do EventoEncontro Clínico e Operações - Fotos do Evento
Encontro Clínico e Operações - Fotos do Evento
 
Níveis de biosseguranca ,com um resumo completo
Níveis  de biosseguranca ,com um resumo completoNíveis  de biosseguranca ,com um resumo completo
Níveis de biosseguranca ,com um resumo completo
 
BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus, Estrutura Celular de Célula...
BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus,   Estrutura Celular de Célula...BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus,   Estrutura Celular de Célula...
BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus, Estrutura Celular de Célula...
 
PNAB- POLITICA NACIONAL DE ATENÇAO BASICA
PNAB- POLITICA NACIONAL DE ATENÇAO BASICAPNAB- POLITICA NACIONAL DE ATENÇAO BASICA
PNAB- POLITICA NACIONAL DE ATENÇAO BASICA
 
Devaneio Excessivo - O grande Desafio.pdf
Devaneio Excessivo - O grande Desafio.pdfDevaneio Excessivo - O grande Desafio.pdf
Devaneio Excessivo - O grande Desafio.pdf
 
NR32---Treinamento-Perfurocortantes.pptx
NR32---Treinamento-Perfurocortantes.pptxNR32---Treinamento-Perfurocortantes.pptx
NR32---Treinamento-Perfurocortantes.pptx
 

Feohifomicose por fungos demáceos

  • 1. Raniê Ralph Microbiologia Segunda-feira, 18 de dezembro de 2006. Profa Mariceli. Micoses causadas por fungos demáceos. Fungos demáceos são aqueles que possuem hifas, esporos e blastoconídios pigmentados. A coloração acastanhada deve-se à melanina. Relatos de casos têm aumentado consideravelmente. Pacientes com ou sem imunodeficiência. Espectro variando de superficiais (ptiríase) a invasiva (cerebral). A maioria das espécies é sapróbia (solo e vegetais). Na realidade, todas são sapróbias de meio ambiente, ou seja, não são contagiosas. Assim, não são transmitidas entre humanos e sim a partir do meio ambiente. Fator que favorece patogenicidade: melanina na parede celular que possui ação antifagocitária. Caso 1 Paciente do sexo feminino, 5 anos e 8 meses, branca, procedente de Campo Largo, PR. Há seis meses surgiu com mancha negra na palma da mão direita, assintomática (apenas incomodo estético – fato importante). Permanecera alguns dias em cidade litorânea do Estado do Paraná, meses antes do aparecimento da lesão. Ao exame, apresentou mancha enegrecida de 0,5 cm de diâmetro na palma da mão direita. Caso 2 Paciente do sexo feminino, 12 anos e 3 meses, branca, procedente de navegantes, cidade litorânea de SC. Apresenta há dois anos mancha negra na palma da mão direita e há 3 meses lesão semelhante no terço inferior do antebraço direito, ambas assintomáticas. Ao exame, verificaram-se mancha enegrecida de 4x3 cm na palma da mão direita e outra de 2 cm de diâmetro no terço inferior do antebraço direito. Caso 3 Paciente do sexo masculino, 4 anos e 10 meses, branco, procedente de Paranaguá, cidade litorânea de PR com manchas semelhantes a dos casos anteriores. Características comuns dos pacientes dos 3 casos Pacientes de região litorânea. Mancha negra acastanhada era o principal sinal/sintoma. Acomete principalmente palma da mão, e também plantas dos pés. Estudo micológico Exame micológico direto das escamas das lesões (raspado) exibe: hifas demáceas, septadas e ramificadas, fragmentos de hifas e células leveduriformes alongadas. Obs: o fungo não apresenta dimorfismo. A cultura em Ágar Sabouraud mostrou: colônias escuras e úmidas. Com o envelhecimento, houve o desenvolvimento de uma fase filamentosa, de coloração negra. Na micromorfologia havia presença de blastocinídios pigmentados; e posteriormente, grande quantidade de hifas demáceas septadas. Diagnóstico: feohifomicose superficial por Hortae (Phaeoannalomyces) werneckii. Todos os casos foram tratados com derivados imidazólicos tópicos, havendo desaparecimento das lesões em 30 dias. A lesões palmares podem receber o nome de Tinea nigra. O que se sabe é que ela é adquirida por pessoas que freqüentaram praias, e que são extremamente benignas, e por isso subnotificadas. Não há explicação sobre como a micose é adquirida: não há conhecimento se o fungo está na areia, em plantas mortas, etc. Sabe-se que são fungos halófitos, ou seja, que suportam grandes concentrações de sal. Às vezes, o próprio raspado para fazer exame já constitui um tratamento. A grande importância dessa micose é o diagnóstico diferencial, pois elas podem simular melanomas. 1
  • 2. Raniê Ralph Microbiologia Outra micose por fungo demáceo Paciente de 85 anos, sexo feminino, com queixa de nódulos multifocais no antebraço e mão direita. Relatava atividade de jardinagem (fungos são originados do meio ambiente) e a presença de um único nódulo indolor no antebraço há 3 anos, que foi excisado cirurgicamente. Meses após esta cirurgia, pequenos nódulos surgiram ao redor daquele que foi retirado. A área atingida gradualmente se estendeu e as lesões coalesceram. Observaram-se múltiplos nódulos de tamanhos variados, alguns com crostas na superfície e circundados por eritema. Exceto pela presente apresentação clínica, o paciente estava em boas condições de saúde (não era imunossuprimida). Não se trata de uma lesão superficial porque houve também comprometimento do tecido subcutâneo. Foi feito o exame histológico (biópsia) no qual foram observadas estruturas arredondas que recebem o nome de corpos escleróticos (não são hifas e sim células de parede espessa que geralmente aparecem em cachos). Não são leveduras, porque estas constituem células fúngicas que se replicam por brotamento e os corpos escleróticos dividem-se por cissiparidade. Por esse motivo não apresentam dimorfismo clássico: não se transformam em leveduras e sim em corpos escleróticos. Essa micose é chamada de cromoblastomicose: causada por fungo demáceo, cuja única porta de entrada é o traumatismo, ou seja, o fungo tem que ser inoculado traumaticamente no tecido subcutâneo. Os fungos, obrigatoriamente, no exame direto, não aparecem como hifas e sim como corpos escleróticos (importante para prova). As hifas são observadas na cultura, nunca no paciente e conseqüentemente no exame direto de seu material clínico. Existem inúmeros agentes de cromoblastomicoses. No caso clínico foi isolado Phialophora verrucosa. Paciente foi tratada com itraconazol (100 mg/dia) e evoluiu para cura. Outras micoses causadas por fungos demáceos Todas as outras micoses descritas também são feohifomicoses, ou seja, micoses causadas por fungos demáceos. Paciente de 74 anos devido a persistentes problemas oculares recebeu tratamento com predinisona (40 mg/dia). O paciente também apresentou sintomas de diabetes e iniciou o uso de insulina. Três fatores de risco para esta feohifomicose: idade, uso de corticóides e diabetes. Seis meses depois procurou o hospital com pápulas e crostas cutâneas no joelho e no cotovelo. As lesões apresentavam tendência a se expandirem, mas de maneira superficial. A coloração mostrou hifas e a cultura exibiu um fungo de hifa acastanhada com esporos como se fossem nódulos ao longo da hifa: característica de Alternaria spp. Não foi observada presença de corpos escleróticos e por isso a micose não é chamada de cromoblastomicose. Além disso, esta micose descrita é mais superficial do que as cromoblastomicoses. Diagnóstico difícil Ausência de especificidade. Polimorfismo de lesões. Swab x Biópsia: com certeza a biópsia tem valor maior do que o swab, exceto na Tinha negra que não permite realização de biópsia. Foi feito teste de suscetibilidade a drogas antifúngicas: Anfotericina B: sensível Fluconazol: sensibilidade dose dependente. Itraconazol: resistente. Cetoconazol: sensível. A predinisona foi progressivamente interrompida. O paciente foi tratado com cetoconazol, uso tópico (2x ao dia/2 meses). As lesões regrediram completamente. Não existe uma droga padrão. A maioria dos pacientes infectados por esse fungo são indivíduos de áreas rurais. Acredita-se, então, que o fungo seja inoculado a partir do meio ambiente por traumatismo. Paciente de 48 anos, sexo masculino, foi admitido com nódulos e úlceras na perna direita. As lesões começaram após traumatismo. 2
  • 3. Raniê Ralph Microbiologia Oito meses antes o paciente havia sido submetido a transplante cardíaco e estava em uso de terapia imunossupressora: tracolimus e predinisona. O exame direto histopatológico (por biópsia) exibiu hifas escuras e a cultura revelou colônias escuras. O fungo isolado foi a Exophiala jeanselmei (principal agente que atinge especialmente imunossuprimidos). Não causam cromoblastomicose porque classicamente aparecem como hifas enquanto os fungos das cromoblastomicoses exibem-se como corpos escleróticos e acometem principalmente pessoas imunocompetentes. O paciente foi tratado com itraconazol (Sporanox) oral durante 3 meses, mas nenhuma resposta clínica foi observada. TSA: Anfotericina B: sensível. Itraconazol: resistente. Tratamento foi substituído por anfotericina B uma vez que em pacientes imunodeprimidos o tratamento deve ser mais drástico. Assim, mesmo a anfotericina B não sendo indicada para lesões subcutâneas, ela foi implementada porque os azólicos são apenas fungistáticos. (Fungizon) intravenosa e após 4 meses as lesões regrediram. Relatos de feohifomicose por Exophiala jeanselmei têm aumentado consideravelmente, principalmente em indivíduos imunocomprometidos. Os pacientes relatam traumatismos meses antes do aparecimento da lesão. A maioria dos casos ocorre em adultos (cerca de 55 anos). Diagnóstico clínico diferencial em relação a micetomas, cromoblastomicose e aspergilose. O tratamento é difícil em todos os casos. Culturas: 10 a 15 dias. Droga de escolha: itraconazol durante meses. Excisão cirúrgica: a melhor escolha e indicada quando existe lesão única e em imunocompetentes. Em imunosuprimidos possui contraindicações porque pode causar infecções disseminadas ao cair na corrente sanguínea. Em 2000, 189.000 mulheres fizeram implante de silicone nos seios nos Estados Unidos. No período de 6 meses, 22 mulheres se submeteram a revisão cirúrgica e 5 delas apresentaram pontos enegrecidos no líquido do implante. A bolsa do silicone estava infectada por um fungo demáceo: Curvularia lunata. t Clinical Infectious Diseases 2004; 38:206-16. Primary Central Nervous System Phaeohyphomycosis: A Review of 101 Cases. Sanjey G. Revankar, 1 Deanna A. Sutton 2 and Michal. a) Critério de inclusão dos casos no review: Lesões ou clínica compatível com infecção do SNC. Isolamento do fungo do tecido cerebral ou líquor. Identificação do fungo. b) Etiologia: Cladophialophora ban iana – maioria dos casos (guardar esse nome – agente demáceo que causa lesões em tecido cerebral. Apresenta tropismo por tecido cerebral, assim como: criptococos, agentes da zygomicose e C. bantiana). Ramichloridium sp (menos importante). Hifas demáceos, escuro, hifas septadas e conídios formados na forma de cadeias como se fossem cordões. Obs: Questão de prova: Quais os fungos apresentam tropismo pelo SNC? Cladophialophora bantiana, Agentes da Zygomicose e Cryptococcus. c) Distribuição geográfica: Encontrados em todo o mundo, são preferencialmente do solo. EUA: maioria dos relatos, seguidos por Ásia e Oriente Médio. d) Fatores de risco: 52% sem nenhum fator associado: fato importante fungo que provavelmente entra por inalação e que não precisa de fator de risco para infectar. 48% restantes: câncer (com neutropenia), transplante, infecções por HIV, usuário de drogas, etc. 3
  • 4. Raniê Ralph Microbiologia e) Achados clínicos 87% abscesso cerebral (destes 86% com presença de hifas), meningite, encefalite, etc. f) Terapia: Maioria: combinação de terapia antifúngica e cirurgia. Droga mais usada: anfotericina B. Segunda: anfotericina B em formulação lipídica. Outras: 5-fluorocitocina, itraconazol. Ambas freqüentemente em combinação com anfotericina B. Novos azólicos (voriconazol, posaconazol) não foram usados. g) Evolução dos casos: Mortalidade em geral: 73%. Entre os pacientes imunodeficientes foi de 71% (equivalente aos imunocompetentes). Assim, percebe-se que o sistema imune pouco influenciou na evolução do paciente. Todos os pacientes não tratados morreram. Tratamento: anfotericina B+ 5-FC ou itraconazol foi associado a maior sobrevivência. Apenas cirurgia: 77% de mortalidade. O tratamento medicamentoso ainda é superior à cirurgia. h) Discussão A patogênese da feohifomicose cerebral é desconhecida. Na zigomicose ocorre migração a partir de tecidos adjacentes da fossa nasal até o cérebro, sem cair na corrente sanguínea. Os criptococos partem do pulmão, atingem a corrente sanguínea, e a seguir o cérebro. Sinusite e otite ocorreram antes das lesões? Quando presentes, eram em lados opostos ao lado do cérebro que foi acometido. Isso é importante? Será que realmente a partir de uma sinusite ou de uma otite é que os fungos migraram? Disseminação hematogênica é a mais incriminada, provavelmente a partir de foco subclínico no pulmão. Por que a predileção de C. bantiana pelo SNC? Não se sabe, raramente ela é encontrada em outros locais. Por que tão poucos indivíduos são infectados? Também não se sabe: se é um fungo de meio ambiente que atinge imunocompetentes, era para haver uma grande parcela da população acometida. Dificuldades no diagnóstico laboratorial: o diagnóstico clínico é difícil porque os sintomas de abscessos e meningites remetem a muitas doenças. O Laboratorial também é complicado porque para o exame é necessário fragmento retirado por biópsia. 4
  • 5. Raniê Ralph Microbiologia Feohifomicoses: micoses causadas por fungos filamentosos de cor escura. Grande espectro de infecções: Superficiais (Tinea nigra). Cutâneas. Subcutâneas: feohifomicoses subcutâneas (os fungos não aparecem na forma de corpos escleróticos e sim de hifas); micetomas; cromoblastomicose (micoses de tecido subcutâneo em que o fungo aparece na forma de corpos escleróticos). Invasiva: cerebral. Agentes: Hortae werneckii (Tinea nigra). Alternaria spp. Curvularia spp. Fonsecae pedrosoi (principal agente de cromoblastomicose no Brasil). Madurela grisea (Micetoma) Exophila jeanselmei (feohifomicose subcutânea). Cladophialophora ban iana (feohifomicose cerebral).t Bipolares spp e Alternaria spp: agentes envolvidos em sinusite alérgica, asma e infecção pulmonar. Portas de entradas: Feohifomicoses de modo geral: inoculação traumática do fungo, especialmente as subcutâneas. Exceto a Tinea nigra que não se sabe a forma de contágio (provavelmente deve ser só o contato). Inalação. Ingestão de alimentos ou água: provavelmente muito raro/improvável (???). Penetração através de cateter (???). Fatores de risco: Superficial (não precisa do trauma), cutânea, sub-cutânea: exposição traumática do paciente a material contaminado. Invasiva (cerebral): Imunodeficiência (medida por células). Fungemias: muito raras. Susceptibilidade a drogas antifúngicas Depende da espécie. Geralmente são mais sensíveis a itraconazol, seguido por anfotericina B. São pouco sensíveis ao fluconazol. 5
  • 6. Raniê Ralph Microbiologia Micoses subcutâneas Cromoblastomicoses: lesões vegetantes, elevadas em relação à pele, com aspecto de couve-flor. Localizadas preferencialmente nos pés do sexo masculino, na faixa etária de 30 a 40 anos. Essas pessoas adquirem essas doenças no local de trabalho (fungos de meio ambiente) onde estão sujeitas a traumatismos, ou seja, os pacientes possuem trabalhos rurais. São todos indivíduos imunocompetentes. O melhor diagnóstico para micose subcutânea é a biópsia que encontrará o agente na forma de corpos escleróticos no caso da cromoblastomicose. Micetomas: Etimologia: tumor causado por fungos. A lesão apresenta uma tríade, ou seja, esta micose subcutânea possui 3 sinais clínicos importantes: Tumefação: aspecto tumoral, edemaciado. Fístulas: que se abrem espontaneamente na superfície e drenam secreção. Grãos: observados na secreção e que correspondem a emaranhados de microrganismos (de hifas fúngicas ou de células bacterianas) vistos a olho nu. Os micetomas possuem dois tipos de agentes etiológicos: Fungos: recebem o nome de eumicetoma. O principal agente é a Madurela spp. Bactérias: causadas por um grupo de bactérias que possuem morfologia filamentosa (células longas) que se assemelham a hifas. São os Actinomycetos. Nesse caso, o micetoma chama-se actinomicótico. No Brasil, o principal causador é a Nocardia brazieliensis. Clinicamente não se distingue qual o tipo do micetoma. A diferenciação pode ser feita pelo exame direto: diâmetro pequeno – indica bactéria; diâmetro grande – indica fungo. A cultura também permite a distinção. Se o micetoma for por fungos o tratamento envolve azólicos e se for por bactérias utiliza-se bactrim. A epidemiologia é idêntica a da cromoblastomicose: trabalhodores rurais, sexo masculino, nos membros inferiores. Micose subcutânea causada por fungos dimórficos e não-demáceos Esporotricose cujo agente é o Sporothrix schenckii. Atinge os tecidos subcutâneo e linfático. Caracteriza-se por lesões ulceradas e outras lesões satélites ao longo dos vasos linfáticos. Acomete homens e mulheres, e também crianças. É mais freqüente nos membros superiores. Entre as micoses subcutâneas é extremamente urbana: acomete pessoas das áreas urbanas, especialmente ligadas a atividades com plantas - hortifrute, decoração de festas, jardinagem, crianças que brincam e se machucam com vegetais. A 25 graus está na forma filamentosa. A 35 graus está na forma de levedura. No paciente estará na forma de levedura, mas é uma exceção porque o exame direto normalmente dá negativo. Em compensação o cultivo é extremamente fácil, mas demora em torno de uma semana. 6