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Desenvolvimento Sustentável: a Educação e o Ambiente
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Campus de Santa Apolónia - Apartado 1101 - 5301-856 Bragança
Telf. - 273 303 000 / 273 330 649 Fax. - 273 313 684
E-mail - adolesciencia@ipb.pt

o

se

adolesciência

Vol 1, nº 1
Abril, 2012
Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança

AdolesCiência
Volume 1, Nº 1, Abril de 2012
Publicação bianual
Diretor

Vitor B. Gonçalves, Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança

Diretora-adjunta

Luísa Diz Lopes, Agrupamento de Escolas
Abade de Baçal

Conselho Científico

2

Albino António Bento, Escola Superior Agrária - Instituto Politécnico de Bragança
Alexandra Soares Rodrigues, Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança
Ana Luísa Alves, EB2/3 de Valpaços
Ana Maria Alves, Escola Superior de Educação - Instituto
Politécnico de Bragança
António Francisco Ribeiro Alves, Escola Superior de
Educação - Instituto Politécnico de Bragança
Carla do Espírito Santo Guerreiro, Escola Superior de
Educação - Instituto Politécnico de Bragança
Carlos Aguiar, Escola Superior Agrária - Instituto Politécnico de Bragança
Carlos Mesquita Morais, Escola Superior de Educação Instituto Politécnico de Bragança
Delmina Maria Pires, Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança
Eugénia Jorge Anes, Escola Superior de Saúde - Instituto
Politécnico de Bragança
Fernanda Monteiro Vicente, Agrupamento de Escolas de
Macedo de Cavaleiros
Henrique da Costa Ferreira, Escola Superior de Educação
- Instituto Politécnico de Bragança
Ilda Freire Ribeiro, Escola Superior de Educação - Instituto
Politécnico de Bragança
Jorge M. M. Morais, Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança
João Marques Gomes, Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança
José Augusto Bragada, Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança
Manuel Vara Pires, Escola Superior de Educação - Instituto
Politécnico de Bragança
Maria Cristina Martins, Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança
Maria Helena Pimentel, Escola Superior de Saúde - Instituto Politécnico de Bragança
Maria José Afonso Magalhães Rodrigues, Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança
Maria Nascimento Mateus, Escola Superior de Educação
- Instituto Politécnico de Bragança
Paulo Alexandre Alves, Escola Superior de Tecnologia e
Gestão - Instituto Politécnico de Bragança
Rosa Maria Ramos Novo, Escola Superior de Educação Instituto Politécnico de Bragança
Vasco Paulo Alves, Escola Superior de Educação - Instituto
Politécnico de Bragança

Conselho Editorial

Adorinda Maria Gonçalves, Escola Superior de Educação
- Instituto Politécnico de Bragança
Anabela Rodrigues, Agrupamento de Escolas Paulo Quintela
Ana Marcos, Escola Secundária Emídio Garcia
Ana Paula Soares e Romão, Agrupamento de Escolas
Abade de Baçal
António Luís Ramos, Agrupamento de Escolas de Macedo
de Cavaleiros
Cecília de Lurdes Falcão, Escola Secundária Miguel Torga
Cristiana Veloso Morais,Agrupamento de Escolas Abade
de Baçal
Irene Maria Capela Alves, Escola EB/S D. Afonso III
- Vinhais
Iria dos Anjos ds Silva Gonçalves, Escola Básica e Secundária D. Afonso III
Isabel Chumbo, Escola Superior de Educação - Instituto
Politécnico de Bragança
Isabel Ribeiro Castro, Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança
João Sérgio Pina Sousa, Escola Superior de Educação Instituto Politécnico de Bragança
Manuel Norberto Trindade, Agrupamento de escolas
Abade de Baçal
Margarida Benigna Rodrigues, Agrupamento de Escolas
Paulo Quintela
Maria Amélia Rodrigues de Sampaio e Melo, Agrupamento de Escolas Abade de Baçal
Maria Antónia Pires Martins, Agrupamento de escolas
Paulo Quintela
Maria da Anunciação Pais Lopes de Melo Vaz, Escola
Secundária Miguel Torga
Maria Eugenia Rocha, Escola Secundária Miguel Torga
Maria Rosário Caldeira, Escola Secundária Miguel Torga
- Bragança
Olga Maria Nunes, Escola Secundária Miguel Torga
Paula Maria Veigas Minhoto, Agrupamento de Escolas
Abade de Baçal
Sofia Rodrigues, Instituto Politécnico de Bragança - Escola
Superior de Educação
Sónia de Lurdes Rodrigues, Agrupamento de Escolas
Abade de Baçal

Conselho de Redação

Luísa Diz Lopes, Agrupamento de Escolas Abade de Baçal
Vitor B. Gonçalves, Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança

ISSN: 110/2012
Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança
Campus de Santa Apolónia - Apartado 1101 - 5301-856 Bragança Telf. 273 303 000 - 273 330 649 - Fax. 273 313 684 E-mail: adolesciencia@ipb.pt
www.adolesciencia.ipb.pt
ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012
revista júnior de investigação

Nota de Abertura
O mundo atual compele as sociedades para um compromisso quase absoluto com a ciência e a técnica.
E a sua presença no nosso quotidiano é tão intensa que se mascara com a própria realidade. E este é um
percurso incontornável.
Da mesma forma, o percurso escolar dos jovens, independentemente das áreas de formação que seguem, deve conter a informação e fornecer as ferramentas para que os mesmos possam vir a ser participantes ativos no seu mundo. Disso depende a sua integração e o seu sucesso. Ter competências que
permitam ao indivíduo apreender a realidade que o envolve, retirar dela a informação necessária para a
compreensão dos fenómenos que o circundam e tirar daí conclusões sobre os melhores percursos a seguir
e ações a tomar são essenciais para a sua adaptação competitiva. Nesse sentido, é fundamental estimular
os jovens a realizarem projetos de investigação, com graus de desenvolvimento diferenciados consoante a
sua faixa etária, mas usando metodologias adequadas.
A escola desempenha um papel fundamental neste domínio, dado que tem a responsabilidade de fornecer os conhecimentos e desenvolver as competências investigativas das crianças e dos jovens. Mas isso
não se faz de forma passiva, explicando. É necessário ir mais além, envolver, fazer com que participem
ativamente, criar grupos de pesquisa que possam por em marcha um projeto de investigação, adequado à
sua faixa etária, mas sem desvirtuar o processo.
Muitas das questões levantadas por estes jovens investigadores serão simples, quase banais. Mas, se a
investigação for conduzida com rigor, sem faz-de-conta, não será de desprezar. Por um lado, porque o
conhecimento nunca é de mais. Por outro lado, porque contribuiu para formar cidadãos melhor preparados para o mundo atual. E, se essa investigação for complementada com a elaboração de um texto que a
descreva, então o seu contributo é ainda mais relevante.
Dar visibilidade a estes projetos, desenvolvidos em ambiente escolar, resultantes de um trabalho participado por alunos e professores, é uma das principais tarefas a que se propõe a AdolesCiência. Espera-se
que a divulgação das experiências de investigação realizadas por estes jovens possa contribuir para que
muitas outras investigações se realizem e, igualmente, passem para um registo escrito.
Maria da Conceição da Costa Martins
Diretora da Escola Superior de Educação
Instituto Politécnico de Bragança

ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012

3
Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança

Editorial

4

Jovens, investigação, ciência e comunicação são quatro conceitos que norteiam o projeto que culmina
com a publicação deste primeiro número da revista AdolesCiência.
Com o objetivo de desenvolver a consciência científica dos jovens, envolveram-se as escolas básicas e
secundárias, mobilizando docentes que se disponibilizaram para sensibilizar e orientar colegas e alunos
para a participação neste projeto e correspondente construção de trabalhos. Para assegurar a qualidade
dos trabalhos publicados, pudemos contar com a disponibilidade dos docentes das escolas de terceiro
ciclo e secundário e das várias escolas que integram o Instituto Politécnico de Bragança que aceitaram
efetuar o trabalho de revisão, apesar dos constrangimentos temporais que a sua atividade lhes coloca.
Tínhamos consciência de que a tarefa não seria fácil: a tipologia textual é exigente e o processo de
produção e revisão é longo; os alunos têm tendência a fugir do que exige muito esforço; os professores
nas escolas estão mergulhados em trabalho, o que lhes deixa pouco tempo disponível para outras atividades. Mas também tínhamos a convicção de que era possível iniciar um processo de mudança e de que
podíamos contar com a capacidade de trabalho, com a competência e disponibilidade existente nos diversos estabelecimentos de ensino.
Pensamos ter sido dado um passo significativo no sentido de contribuir para que os alunos possam olhar
para a investigação e para a comunicação escrita de forma mais consciente e crítica.
Por isso, a morosidade do percurso foi compensada pela vontade de contribuir para a educação integral
dos jovens incentivando-os a investigar e a comunicar o conhecimento aprendido. Não foi uma vontade
solitária. A ela juntaram-se muitas pessoas que acreditaram que era possível percorrer com esses jovens
o caminho da construção de conhecimento. Essas divulgaram o projeto, incentivaram colegas e jovens
a aderir a este desafio, orientaram alunos e acompanharam-nos durante o longo processo cujo resultado
superou as nossas expectativas iniciais.
E porque acreditamos que a literatura é realmente uma base fundamental na construção do homem e
que o desenvolvimento da competência científica não exclui a importância da competência literária, como
Rómulo de Carvalho/António Gedeão tão bem comprovou, não podemos deixar de citar uma das mais
belas passagens de Memorial do Convento, quando Bartolomeu Gusmão, o padre cientista, pede à enigmática Blimunda que recolha as vontades que farão voar a passarola e as coloque num frasco : “Tem uma
vontade dentro, já está cheio, mas esse é o indecifrável mistério das vontades, onde couber uma, cabem
milhões, o um é igual ao infinito”. Por isso a revista AdolesCiência está aberta a todos quantos pretendam
enveredar pelo caminho do conhecimento. Onde cabe um, cabem muitos.
Apresentam-se aqui vinte e quatro trabalhos distribuídos por diversas tipologias e áreas do conhecimento, que fornecem uma boa perspetiva do que pode ser feito nas escolas. Estes abrem um caminho
que, esperamos, seja longo e profícuo.
Aos autores e professores que os orientaram, fica um sincero agradecimento.
Luísa Diz Lopes
Vitor B. Gonçalves
ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012
revista júnior de investigação

artigo- investigação & práticas

A importância da Educação Sexual em meio
escolar
The importance of sex education in schools
Ana Beatriz Alves Machado
ana.beatriz.alves.machado@hotmail.com
Lígia Raquel Neves Fraga
ligia_fraga@hotmail.com
Ana Rita Carvalho Costa
ritacosta1997@hotmail.com
Rúben Miguel do Adro Tacheiro
ruben_miguel17@live.com.pt
Prof. Ana Luísa Videira Alves
analuisalves@gmail.com
Escola Básica Júlio do Carvalhal, Agrupamento de Escolas de Valpaços – Portugal

Resumo
Em Portugal existe legislação referente à educação sexual em meio escolar desde 1984. A mais recente
é de agosto de 2009. Este estudo pretende perceber se esta lei está a ser cumprida num Agrupamento
de Escolas do norte do país e quais as principais dúvidas, relacionadas com a sexualidade, que os adolescentes apresentam. Para isso foi aplicado um questionário a 274 alunos (46.4% de rapazes e 53.6%
de raparigas), entre os 10 e os 20 anos de idade (média = 13.7%). O estudo permitiu concluir que a
maioria (75.4%) concorda com aulas de educação sexual nas escolas, no entanto, do total da amostra,
59.0% nunca tiveram aulas de educação sexual. Também se percebeu que grande parte não fala nunca
destes assuntos com os pais (34.1%). As dúvidas relacionadas com a temática são variadas (desde as
mudanças na adolescência, às doenças sexualmente transmissíveis ou aos métodos contracetivos, passando pela relação que estes jovens estabelecem com os pais e amigos), pelo que se torna necessária e
urgente a aplicação da atual legislação sobre a educação sexual nas escolas do nosso país.
Palavras – chave: Educação Sexual, escola, adolescentes

Abstract
In Portugal there is legislation regarding sex education in schools since 1984. The latest is from
August 2009. This study aims to understand whether this law is being accomplished in a Group of
Schools from the north of the country and what are the main questions that adolescents have as far as
sexuality is concerned. For this purpose a questionnaire was given to 274 students (46.4% were boys
and 53.6% were girls) between the ages of 10 and 20 (average = 13.7%). The study concluded that
the majority (75.4%) agrees with sex education in schools, however, from the total sample 59.0% have
never had sex education classes. It was also noticed that most never speak about these matters with
their parents (34.1%). Doubts related to the topic are varied; it is therefore necessary and urgent the
implementation of current legislation on sex education in the schools of our country.

Keywords: Sexual Education, school, adolescents

Sobre o(s) autor(es)
Ruben (15 anos) - Ainda não decidiu que profissão quer seguir, embora se sinta inclinado a escolher algo relacionado
com a área da saúde. Interessa-se por ciências e música. Pratica danças de salão.
Lígia (14 anos) - Quer seguir a área de contabilidade e gestão. As áreas de interesse prendem-se com as artes e a
dança. Parte do seu tempo é dedicado à dança clássica e contemporânea. 
Ana Beatriz (14 anos) - Ainda se sente indecisa quanto ao seu futuro profissional, mas gostaria de seguir um curso superior relacionado com a área de humanidades. A arte, em geral, faz as suas delícias; gosta de cantar, dançar e desenhar.
Ana Rita (14 anos) - Gostaria de ser médica ou farmacêutica. Adora música e astronomia. Toca piano e lê muito.
Como não há ondas em valpaços dedica-se a “surfar” na net, mantendo-se sempre bastante informada.
Volume 1 (1), Abril de 2012

5
Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança

Introdução
Em Portugal, de acordo com Reis e Matos (2008), a abordagem da educação sexual nas escolas tem levado, nas últimas décadas, a grandes debates e tomada de diferentes posições. Os mesmos autores referem
que a primeira legislação sobre a implementação desta temática em meio escolar data dos anos oitenta (Lei
n.º 3/84 de 24 de março – Educação Sexual e Planeamento Familiar).
No entanto, à data, apesar da existência desta legislação e da introdução do tema nos currículos, a educação sexual continuava a ser um tema polémico (Vilar, 1987).
Já em 2005 o Ministério da Educação cria o Grupo de Trabalho para a Educação Sexual (GTES) que
recomenda a abordagem da educação sexual no âmbito de um programa de promoção da saúde.
Porém, de acordo com Anastácio (2007), embora existisse toda esta legislação desde 1984, a educação
sexual nas escolas continuava a não ser implementada, o que talvez explique a publicação, a 6 de agosto de
2009, da Lei 60 /2009. Esta torna obrigatória a abordagem da temática em todas as turmas do ensino básico
e secundário e recomenda a criação de gabinetes de apoio e informação ao aluno em todos os estabelecimentos de 3º ciclo e ensino secundário.
De facto, as escolas são o mais importante meio para trabalhar com os jovens este tipo de temas, para
assim promover atitudes positivas face à sua saúde e sexualidade (Gaspar, Matos, Gonçalves, Ferreira, &
Linhares, 2006).
Por norma, “os adolescentes passam cada vez mais tempo com os amigos e comunicam menos com os
pais” (Tomé, 2009, p.162). Para Matos (2009) as conversas entre pais e filhos prendem-se essencialmente
com a vida escolar, enquanto é com os amigos que eles falam das suas dúvidas face às emoções e à sexualidade. Muitos jovens dizem não falar com os pais sobre estes assuntos por vergonha e medo que os pais
possam vir a desconfiar de uma suposta vida sexual precoce (Gaspar et al., 2006). Tudo isto pode contribuir
para que a informação obtida sobre estes assuntos nem sempre seja a mais correta, nem que as escolhas dos
adolescentes sejam as mais adequadas (Ramiro, Reis, & Matos, 2008). Por este motivo é importante que os
pais se consciencializem do seu papel formador, educando corretamente os seus filhos nesta área e que as
escolas interviessem de uma forma complementar e clarificadora (Reato, 2006).

6

Metodologia
Fizeram parte da amostra 274 alunos de um Agrupamento de Escolas do distrito de Vila Real. Os participantes tinham idades compreendidas entre os 10 e os 20 anos, a frequentar o 2º e 3º ciclos do ensino básico e
ensino secundário. Pertenciam ao sexo feminino 53.6% da amostra e ao sexo masculino os restantes 46.4%.
Para a recolha dos dados foi utilizado um questionário (de caráter anónimo) que foi aplicado a 25.0% da
população escolar do referido Agrupamento. O questionário era constituído por 23 questões fechadas e uma
questão aberta. Um dos grupos de perguntas referia-se a questões relacionadas com a opinião dos alunos sobre a implementação da educação sexual nas escolas. Um segundo grupo de questões tinha por objetivo perceber quais as dúvidas dos alunos relacionadas com a temática da sexualidade. Um último grupo referia-se às
fontes de informação dos jovens sobre estes assuntos. Após a recolha dos dados, construiu-se uma base de
dados, tratados quantitativamente com o programa SPSS (Statistic Package for Social Sciences) – versão 16.

Análise dos dados
A leitura da tabela I permite-nos perceber que a maioria dos inquiridos concorda com a implementação
de aulas de Educação Sexual nas escolas. A percentagem de alunos que concorda com esta medida é muito
aproximada em ambos os sexos sendo, no entanto, os que frequentam o ensino secundário quem mais concorda, quando comparados com os alunos de 2º e 3º ciclos. Relativamente ao facto de já terem tido, ou não,
aulas de Educação Sexual na escola, observamos que a grande maioria nunca teve este tipo de aulas, sendo
Machado, Costa, Fraga,Tacheiro,, Alves (2012)

ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012
revista júnior de investigação

Concorda com as aulas de Educação Sexual na Escola?
- Concorda
- Não concorda nem discorda
- Discorda
Já teve aulas de Educação Sexual
ao longo da vida?
- Sim
- Não
Costuma falar de assuntos relacionados com a sexualidade com os
pais?
- Muitas vezes
- Algumas vezes
- Raramente
- Nunca
Costuma fazer pesquisas na Internet para esclarecer dúvidas relacionadas com esta temática?
- Quase sempre
- Muitas vezes
- Algumas vezes
- Raramente
- Nunca

(n = 80)

Ensino Secundário

(n=120)

3º Ciclo

(n = 74)

2º Ciclo

(n = 147)

Raparigas

(n = 127)

Rapazes

(n=274)

Amostra total

os alunos do ensino secundário quem mais responde nunca ter tido aulas de educação sexual ao longo da sua
vida de estudantes. Constatámos ainda que os alunos a frequentar o 2º e 3º ciclos nunca, ou raramente, abordam
estes assuntos ou partilham pareceres com os seus familiares, ao mesmo tempo que percebemos que os jovens
que falam mais com os pais são os do ensino secundário. No que concerne à utilização da internet como meio de
esclarecimento de dúvidas sobre esta temática, a quase totalidade responde que nunca ou raramente utiliza este
meio para clarificar as suas dúvidas. Comparando ambos os sexos apercebemo-nos de que os elementos do sexo
masculino tendem a utilizar mais a internet para este fim, bem como os alunos do ensino secundário, quando
comparados com os do 2º e 3º ciclos.

75.4
19.5
5.1

78.7%
15.7%
5.5%

75.4%
19.5%
5.1%

58.9%
24.7%
16.4%

78.2%
21.0%
0.8%

86.2%
12.5%
1.2%

41.0%
59.0%

36.5%
63.5%

44.9%
55.1%

35.1%
64.9%

56.3%
43.7%

23.8%
76.2%

6.2%
24.5%
35.2%
34.1%

5.6%
18.3%
38.9%
37.3%

6.8%
29.9%
32.0%
31.3%

2.7%
12.3%
39.7%
45.2%

5.0%
25.8%
34.2%
35.0%

11.2%
33.8%
32.5%
22.5%

3.0%
3.4%
25.4%
25.0%
43.3%

4.8%
4.0%
23.4%
28.2%
39.5%

1.4%
2.8%
27.1%
22.2%
46.5%

2.8%
2.8%
15.5%
12.7%
66.2%

3.4%
4.3%
22.2%
27.4%
42.7%

2.5%
2.5%
38.8%
32.5%
23.8%

Tabela I – Opiniões / perceções sobre a Educação Sexual na Escola em função da amostra total, do sexo e do ciclo / nível de ensino frequentado (n =274)

De acordo com os dados da tabela II podemos observar que a maior parte das dúvidas destes alunos se prendem com as doenças sexualmente transmissíveis (61.9%), os métodos contracetivos (52.9%) e as mudanças na
adolescência (51.0%). Os relacionamentos com colegas e amigos (43.7%), os relacionamentos com pais e outros
familiares (42.7%) e os sistemas reprodutores (33.2%) são as dúvidas referidas em menor percentagem. É no 2º
ciclo que se registam mais dúvidas, principalmente ao nível das temáticas: mudanças na adolescência (70.0%),
doenças sexualmente transmissíveis (69.7%) e relacionamentos com os colegas e amigos (50.7%). No 3º ciclo e
secundário os alunos referem, principalmente, como assuntos sobre os quais gostariam de ter mais informação:
doenças sexualmente transmissíveis (63.6% e 53.2%, respetivamente) e métodos contracetivos (59.7% e 46.9%,
respetivamente).
Machado, Costa, Fraga,Tacheiro,, Alves (2012)

ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012

7
Sistemas reprodutores
- Totalmente falso
- Falso
- Verdadeiro
- Totalmente verdadeiro

(n = 80)

Ensino Secundário

(n=120)

3º Ciclo

(n = 74)

2º Ciclo

(n = 147)

Raparigas

(n = 127)

Rapazes

(n=274)

Amostra total

Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança

27.9%
38.9%
26.8%
6.4%

32.0%
33.6%
24.8%
9.6%

24.3%
43.6%
28.6%
3.6%

17.6%
39.7%
29.4%
13.2%

29.4%
32.8%
32.8%
5.0%

34.6%
47.4%
15.4%
2.6%

20.6%
28.5%
33.0%
18.0%

24.6%
21.4%
31.7%
22.2%

17.0%
34.8%
34.0%
14.2%

10.0%
20.0%
40.0%
30.0%

20.2%
23.5%
37.0%
19.3%

30.8%
43.6%
20.5%
5.1%

19.0%
37.3%
30.8%
12.9%

21.3%
32.0%
35.2%
11.5%

17.0%
41.8%
27.0%
14.2%

12.3%
36.9%
33.8%
16.9%

17.6%
31.9%
37.8%
12.6%

26.6%
45.6%
17.7%
10.1%

25.0%
32.3%
30.4%
12.3%

29.3%
29.3%
30.1%
11.4%

21.2%
35.0%
30.7%
13.1%

21.9%
34.4%
20.3%
23.4%

26.1%
24.4%
39.5%
10.1%

26.0%
42.9%
24.7%
6.5%

13.3%
24.7%
33.8%
28.1%

17.1%
22.0%
31.7%
29.3%

10.0%
27.1%
35.7%
27.1%

9.1%
21.2%
33.3%
36.4%

13.6%
22.9%
33.9%
29.7%

16.5%
30.4%
34.2%
19.0%

16.2%
30.9%
32.8%
20.1%

18.7%
30.9%
28.5%
22.0%

14.0%
30.9%
36.8%
18.4%

11.5%
41.0%
34.4%
13.1%

15.1%
25.2%
38.7%
21.0%

21.5%
31.6%
22.8%
24.1%

Mudanças da adolescência
- Totalmente falso
- Falso
- Verdadeiro
- Totalmente verdadeiro
Relacionamento com amigos e colegas
- Totalmente falso
- Falso
- Verdadeiro
- Totalmente verdadeiro
Relacionamento com pais
e outros familiares
- Totalmente falso
- Falso
- Verdadeiro
- Totalmente verdadeiro

8

Doenças
sexualmente
transmissíveis
- Totalmente falso
- Falso
- Verdadeiro
- Totalmente verdadeiro
Métodos contracetivos
- Totalmente falso
- Falso
- Verdadeiro
- Totalmente verdadeiro

Tabela II – Principais dúvidas dos alunos em função da amostra total, do sexo e do ciclo / nível de ensino frequentado
(n =274)

Machado, Costa, Fraga,Tacheiro,, Alves (2012)

ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012
revista júnior de investigação

Conclusões
Os resultados permitem-nos concluir que a implementação das aulas de educação sexual, nas escolas deste
agrupamento, ainda não é algo que aconteça em todas as turmas, uma vez que a maioria dos alunos refere nunca ter tido aulas relacionadas com este tema. Percebemos ainda que seria importante que estes assuntos fossem
abordados nas aulas, não só porque seria algo que iria ao encontro dos interesses destes alunos, mas também
porque estes não costumam falar destes assuntos com os adultos, como confirma o nosso estudo: poucos são
os jovens que mantêm diálogo com os pais sobre sexualidade. De acordo com a literatura os adolescentes preferem falar destes assuntos com os amigos e não com os pais (Matos, 2009; Ramiro et al, 2008; Tomé, 2009). Seria
importante que fosse um adulto a esclarecer as dúvidas dos mais novos pois, como ficou claro no nosso estudo,
estas apresentam-se em elevada percentagem na amostra estudada. A Escola seria, assim, a par com a família, o
meio mais favorável à abordagem desta temática uma vez que é neste espaço que os jovens passam a maior parte
do dia.

Referências Bibliográficas
Anastácio, Z. (2007). Educação Sexual no 1.º CEB: Conceções, Obstáculos e Argumentos dos professores para a sua (não) consecução. Tese de Doutoramento. Braga: Instituto de Estudos da Cri­ nça - Universidade do Minho.
a
Gaspar, T., Matos, M. G., Gonçalves, A., Ferreira, M..& Linhares, F. (2006). Comportamentos Sexuais, conhecimentos e atitudes face ao
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GTES (2005). Educação para a saúde – relatório preliminar, acedido em julho de 2007 em www.dgidc.min-edu.pt
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Lei 60 /2009 de 6 de agosto
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Paulo: UniRepro, pp. 109-115.
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século XXI – Teorias, Modelos e Práticas. (pp.839 - 854). Évora: Universidade de Évora / CIEP.
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Texto Editores, pp. 156 – 163.
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Lisboa: Texto Editora, pp. 165 – 179.

Machado, Costa, Fraga,Tacheiro,, Alves (2012)

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artigo - investigação & práticas
Como seria a Terra sem a Lua?
How would the Earth be without moon?

Adriana Patrícia Gonçalves Estevinho
a.dizinha@hotmail.com
Elisabete da Conceição Afonso Mesquita
Elisabete.can96@hotmail.com
Prof. Paula Maria Lino Veigas Minhoto
Agrupamento de Escolas Abade de Baçal
Paula Minhoto@gmail.com

Resumo

A vida que existe na Terra resulta de um conjunto de circunstâncias muito particulares
e raras nas quais se inclui a presença da Lua. A Lua é o satélite natural da Terra e os
dois planetas influenciam-se mutuamente. Apesar de ser um pequeno planeta a Lua é
responsável por vários fenómenos terrestres como as marés que afetam a velocidade de
rotação da Terra. O seu afastamento, apesar de lento é constante e provocará alterações
nas condições do planeta que permitem sustentar a vida e afectará algumas espécies em
particular.
Palavras-chave: Lua, Terra, gravidade, planeta e satélite.

Abstract

10

Life on Earth results from a whole of very particular and rare circumstances in which
the presence of the Moon is included. The Moon is a natural satellite of the Earth
and both planets influence each other. In spite of being a small planet, the Moon is
responsible for many land  phenomenons like tides that affect the speed of the Earth’s
rotation. Its distance , in spite of being slow is constant and will cause changes in the
conditions of the planet that enable to maintain life and will affect some species in
particular.
Keywords: Moon, Earth, gravity, planet, satellite.

Sobre o(s) autor(es)
Adriana Estevinho (15 anos) - tem como disciplina preferida a física e química e gostava de ser farmacêutica. Os tempos livres
são, preferencialmente para ouvir música e passear.
Elisabete Mesquita ( 16 anos) - gosta de tudo o que se relacione com medicina. Gostava de ter uma carreira ligada à cirurgia.
Nos tempos livres, o que gosta mesmo de fazer é ouvir música e passear.

Volume 1 (1), Abril de 2012
revista júnior de investigação
A TERRA E A LUA
A Lua é o único satélite natural da Terra e é uma companhia constante do nosso planeta no seu percurso em
torno do Sol. A origem da Lua só começou a ser esclarecida depois da análise das rochas trazidas para Terra
pelas missões Apollo. Esta análise revelou que a constituição das rochas dos dois planetas é muito semelhante
o que levou à teoria hoje mais aceite sobre a origem da Lua: um planeta semelhante a Marte teria chocado com
a Terra arrancando parte da sua crusta, os fragmentos projectados ter-se-iam reagrupado e originado a Lua
(Oliveira, 2007).
Segundo Silva, Santos, Gramaxo, Mesquita, Baldaia e Félix (2007) “a Lua, constitui com a Terra, um conjunto
raro no sistema solar, pois a sua dimensão comparada com a dimensão da Terra é excepcionalmente grande
relativamente ao que acontece com os outros planetas e seus satélites”(p. 82). A Lua encontra-se a 380 000 km
da Terra e esta proximidade faz com que pareça muito maior do que é na realidade. Possui cerca de 3.460 km de
diâmetro, 27% do diâmetro da Terra. Esta pequena bola de rocha, poeirenta e sem atmosfera, determina muito
do que se passa no planeta Terra.
Para além de ser a nossa vizinha celeste mais próxima é também como um escudo protector que nos defende
contra o impacto de alguns meteoritos ao interpor-se entre eles e a Terra. É a sua presença que mantém a nossa
posição numa zona do sistema solar cuja temperatura é a ideal para a manutenção das condições de existência
de vida - mais perto do Sol seria demasiado elevada e mais longe demasiado baixa. É também devido à presença
da nossa Lua que o eixo da Terra é estável (Santos, 2003) e tem uma inclinação de 23,4 graus, o que origina as
estações do ano.
A Lua, como todos os planetas, não tem luz própria, reflete a luz solar. A forma como a vemos no céu depende
da incidência dos raios solares. Quando a Lua se encontra alinhada com o Sol, a face que é visível da Terra está
totalmente às escuras e a face oculta está iluminada (fase de lua nova).
Aproximadamente 7,5 dias depois, a Lua encontra-se num ângulo de 90º em relação ao Sol. Nesta posição,
a porção iluminada equivale a metade da face visível, portanto um quarto da superfície lunar (fase de quarto
crescente). Quando a Lua se encontra em oposição ao Sol, à volta de 15 dias após a Lua nova, a sua face visível
fica totalmente iluminada (fase de lua cheia). Mais uma semana até que se forme um ângulo de 270º e a Lua estará
em fase de quarto minguante.
A quantidade de luz reflectida pela Lua cheia é 12 a 16 % mais que nas outras fases e ao incidir na Terra aclara
as noites e influencia o comportamento de predadores e presas.
Outro efeito da Lua sobre a Terra são as marés. A atração gravitacional da Lua é responsável pelos efeitos de
maré que ocorrem na Terra.� “A palavra maré é um termo genericamente usado para definir a variação do nível
do mar em relação à terra produzida pela atração gravitacional da Lua e do Sol. Como a Terra está muito mais
perto da Lua as forças lunares geradoras de maré têm um efeito muito mais significativo sobre os oceanos, com
importantes consequências de longo termo para a órbita lunar e rotação da Terra”(Pimenta, s. d., p.3) . Segundo o
Instituto Hidrográfico (s. d.) de um modo geral, podemos dizer que a maré sobe quando das passagens meridianas
superior e inferior da Lua, isto é, temos preia-mar (maré cheia) quando a Lua passa por cima de nós e quando a
Lua passa por baixo de nós, ou seja, por cima dos nossos antípodas.
Segundo Galeano (2009) a onda formada pelas marés é mais alta no lado da Terra próximo da Lua, devido à
atracção, isso faz com que as águas nos pólos baixem para convergir no ponto mais próximo da Lua; porém, no
lado oposto da Terra, a inércia excede, em módulo, a força devida à Lua, conforme princípio da acção reacção
proposto por Newton, causando assim a mesma elevação nas águas nesse lado oposto. Isto significa que a maré
irá subir do outro lado da Terra tanto quando sobe no lado que está próximo da Lua. Este efeito é particularmente
intenso quando o Sol e a Lua estão em oposição (Lua cheia) ou alinhados (Lua nova): nesse caso, a influência
do Sol reforça a da Lua e ocorrem as marés vivas (matematicamente os constituintes somam-se). Por outro lado,
quando o Sol e a Lua estão em quadratura (Quarto crescente e Quarto minguante), a influência do Sol contraria a
da Lua e ocorrem as marés mortas (matematicamente os constituintes subtraem-se).
O efeito das marés causa um atrito com o fundo do oceano que atrasa o movimento de rotação da Terra fazendo
com que a duração do dia aumente 0,002 s por século. A Lua está a afastar-se da Terra 3cm/ano (Pimenta, s. d.).
Estevinho, Mesquita, Minhoto (2012)

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E se a lua não estivesse lá?
A ideia de que a Lua influencia a vida na Terra é transversal a várias culturas e os seus efeitos estendem-se
desde o crescimento do cabelo até ao dia em que nascem as crianças passando por quase tudo o que é possível
imaginar. Embora nem todos eles estejam cientificamente comprovados para outros existe uma explicação
lógica. A constatação de que a lua se está a afastar de nós torna importante conhecer a extensão e a veracidade
de alguns dos supostos efeitos.

12

Sem a Lua a Terra oscilaria no espaço como um pião e perderia a sua posição privilegiada no sistema solar, a
inclinação do eixo da Terra deixaria de ser estável e a Terra balançaria caoticamente, as variações de temperatura
resultantes desta oscilação tornariam as condições impróprias para a existência de vida. As estações do ano
tal como as conhecemos não existiriam, teríamos verões fora do normal com temperaturas acima dos 100º e
invernos bastantes rigorosos, as placas de gelo avançariam pelo equador, os círculos polares derreteriam, os
níveis dos oceanos subiriam, as ilhas desapareceriam e as cidades costeiras ficariam inundadas (Galeano, 2009).
No entender de Santos (2003) o efeito das marés na desaceleração da Terra e consequente aumento da duração
do dia provocará uma alteração entre o número de horas de luz e obscuridade (fotoperíodo). Esta alteração
teria reflexos na produção e na reprodução das plantas, pois o seu desenvolvimento e, em particular, a floração
está dependente do fotoperíodo e as alterações deste poderiam afectar as plantas com flor, a sua reprodução
e dispersão. Tendo em conta que as plantas estão na base das cadeias alimentares, os efeitos estender-se-iam a
outros seres vivos.
O ciclo das marés faz variar, periodicamente, a imersão e emersão das zonas litorais e afecta os seres vivos
das zonas-entre-maré. Muitas espécies destes locais apresentam aumento de atividade quando a maré sobe por
exemplo: a anémona Actinia equina expande-se à medida que a maré enche (Costa, 2003). O ciclo das marés e o
efeito da luminosidade nocturna da Lua afecta as correntes de nutrientes e a profundidade a que se distribuem
os peixes, segundo Costa (2003), afectando directamente a pesca. Espécies migradoras, como as enguias, são
afectadas pela subida e descida da maré. O afastamento da Lua ou a sua ausência alteraria o ritmo das marés e
consequentemente a dinâmica da zona costeira e a possibilidade de sobrevivência das espécies destes locais.
Espécies de vários filos apresentam ritmos lunares, principalmente em termos de comportamento reprodutivo.
McDowall (1969) apresenta vários exemplos de seres vivos afectados por este fenómeno. Um exemplo muito
conhecido é do peixe-rei da Califórnia Leuresthes tenuis , que abandona a água para depositar os ovos na areia
sempre 3 ou 4 dias depois da lua nova ou da lua cheia. Segundo um artigo do site Ciência Hoje (2010)nos pólipos
dos corais da família Acropora ocorre uma libertação simultânea de gâmetas, à noite, alguns dias após a lua cheia.
Em todos estes seres vivos a ausência da Lua afectaria o ciclo de vida e poderia levar à sua extinção.
Jovchevich (2006) apresenta um conjunto de estudos que mostram que existe um efeito das fases da Lua sobre
o crescimento e desenvolvimento de algumas plantas.
a)	 Existem no entanto algumas crenças populares que, achamos, podiam ser esclarecidas com procedimentos experimentais simples.O cabelo deve cortar-se sempre no quarto crescente. Para verificar
se há diferenças entre cortar no quarto crescente ou no minguante a mesma pessoa cortaria o cabelo
todos os meses, durante um ano cortaria o cabelo no quarto minguante e no ano seguinte no quarto
crescente. O crescimento mensal do cabelo seria registado numa tabela. No final seriam comparados
os registos de crescimento de cada mês e o total anual.
b)	 Os bebés nascem quando muda a Lua. Consultar os registos de partos naturais, não induzidos, de
uma maternidade, de um determinado período de tempo e compará-los com os registos de mudanças
das fases lunares.

Estevinho, Mesquita, Minhoto (2012)

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Conclusão
É difícil saber com toda a certeza como seria a vida na Terra se a Lua nunca tivesse existido, tendo em conta que
os seres vivos que existem hoje resultaram da acumulação de um conjunto único de circunstâncias entre as quais
se encontra a presença da Lua. A vida seria com toda a certeza diferente. Conhecendo a influência da Lua em
vários aspetos, é lógico prever que o afastamento do nosso satélite vai provocar alterações nas condições de vida
da Terra e em particular na sobrevivência imediata de várias espécies. Há contudo alguns aspectos desta influência
que não estão suficientemente esclarecidos e por isso não passam de crenças populares.

Referências Bibliográficas
Ciência Hoje (10-12-2010). A estranha reprodução nos recifes de corais http://www.cienciahoje.pt/index.
php?oid=46422&op=all
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Jovchelevich; P.(2006 ) Revisão de literatura sobre a influência dos ritmos astronómicos na agricultura.
Disponível em: http://www.fmr.edu.br/npi/014.pdf
McDowall R.(1969). Lunar rhythms in aquatic animals a general review. Fisheries Research Division. Disponível
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Pimenta, A.; Ferreira, L.;Afonso, G.;. Evolução dinâmica do sistema terra–lua: Um modelo semi-empírico.
Disponível em: http://www.ufpe.br/cgtg/ISIMGEO/CD/html/geodesia/Artigos/G019.pdf
Santos, C. (2003) Influência da astronomia nas Ciências agrárias. Disponível em: http://www.dfq.feis.unesp.br/
astro/arquivos/astronomia_cienciasagrarias.pdf
Silva, A.; Santos, E., Gramaxo, F., Mesquita, A., Baldaia, L., & Félix. J.(2007). Terra Universo de Vida. Porto
Editora. Porto

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artigo - investigação & práticas
Efeitos da microgravidade no raciocínio lógicomatemático, proposta de experimentação
Efects of microgravity in the logical and
mathematical reasoning, experimentation
proposal
Eduardo Teixeira Soares Pereira
dia_bos_1982_@hotmail.com
Verónica Maria Podence Falcão
veronicapodence@sapo.pt
Prof. Sónia de Lurdes Rodrigues
slgrodrigues@sapo.pt
Agrupamento de Escolas Abade de Baçal - Bragança

Resumo

O trabalho a seguir apresentado tem por objetivo procurar perceber se o nosso raciocínio
se processa da mesma maneira em presença de microgravidade ou se, pelo contrário,
sofre alguma alteração. A nossa questão foca-se mais especificamente num teste de
matemática e, a partir da análise das diferentes variantes intervenientes na resolução
do mesmo e das condições em causa (ambiente de microgravidade), inferirmos a
possibilidade de o resultado do teste poder ser melhor do que quando elaborado em
condições de gravidade normal.
Palavras-chave: microgravidade, raciocínio, oxigenação, cérebro, matemática.

Abstract

14

This work aims at realizing if our reasoning is performed similarly in the presence
of microgravity or if, on the contrary, it suffers any change. Our question focuses
more specifically on a math test, and from the analysis of the different variants that
are intervenient in the resolution of the test and of the conditions of the experience
(microgravity environment), we have inferred that the test result may be more positive
than when it is done in conditions of normal gravity.
Keywords: microgravity, reasoning, Oxygenation, brain, Mathematics.

Sobre o(s) autor(es)
Eduardo Pereira (17 anos) - Ainda se sente indeciso em relação à sua futura profissão, embora esteja mais inclinado a seguir
um curso relacionado com o ambiente. Interessa-se por desporto e ciências. Pratica futebol.
Verónica Podence (17anos) - Apesar de permanecer indecisa, gostaria de seguir a área de saúde, nomeadamente medicina, ou
magistratura. Interessa-se pelas áreas das artes, matemática, biologia e literatura. Dedica parte do seu tempo à leitura e à escrita.

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revista júnior de investigação

Introdução
O corrente trabalho pretende tentar compreender se, na presença de microgravidade, um humano consegue
fazer um teste de matemática de forma mais eficaz, isto é, com melhores resultados, do que nas condições da
Terra. Para tal, começámos por reunir todas as definições necessárias para uma adequada resposta, bem como as
informações importantes para a compreensão dos assuntos em causa para que a hipótese seja o mais credível e
fiável possível.

Microgravidade e raciocínio Lógico-Matemático
Microgravidade

O interesse pelo espaço vem já de há longos anos, cheios de expectativas, suposições e mistérios, não se tendo
esgotado quando, em 1961, o conhecido astronauta Yuri Alexeyevich Gagarin conseguiu concretizar o sonho de
muitos e realizar a primeira viagem espacial (NASA, s.d.). Assim como é inevitável pensar em Gagarin quando
falamos em espaço, torna-se ainda mais impossível não se referir, entre outros elementos característicos do
mesmo, a microgravidade.
Habituados à gravidade terrestre, tornou-se estranha a imagem dos homens do espaço a levitar dentro da nave
e muita gente se questionou sobre o que realmente era a microgravidade.
Respondendo, então, a essas pessoas e a muitas outras que continuam sem um esclarecimento, podemos
afirmar que a microgravidade é o nome dado pela NASA(National Aeronautics and Space Administration)a uma força
de gravidade extremamente reduzida, quer seja a microgravidade simulada no planeta Terra (como em quedas
livres ou voos parabólicos) ou a obtida no espaço em experiências a bordo de estações espaciais. Quando os
humanos estão num ambiente de baixa gravidade, ou microgravidade, não possuem peso aparente, daí se chegar
mesmo a dizer que não o possuem, dizendo estar em gravidade zero, termo tecnicamente incorreto, uma vez
que, mesmo a 300 quilómetros da Terra, a gravidade continua a cerca de 90% da existente na superfície terrestre
(NASA, 1996).

Raciocínio lógico-matemático

Num teste de matemática são postas várias habilidades à prova, sendo uma delas, e também uma das mais
importantes, o raciocínio, mais especificamente o raciocínio lógico-matemático. Interessa para o estudo tentar
perceber como se origina o raciocínio e o que é importante para o mesmo. Para tal utilizou-se como instrumento
de hipótese de experimentação um teste de matemática.
O córtex cerebral, parte mais exterior do cérebro, constituído por cerca de 20 mil milhões de neurónios, é o
responsável por diversas receções e interpretações sensoriais, bem como pelo pensamento e pela perceção espacial,
entre outras funções. A região frontal é a que coordena o pensamento e o raciocínio. (Portal São Francisco)
No entanto, sabendo já que o raciocínio depende de um bom funcionamento cerebral, resta tentar perceber
como se processa a circulação cerebral.

Circulação cerebral

Nos seres humanos a circulação cerebral é assegurada pelo Polígono de Willis, um conjunto de artérias que
vascularizam o cérebro, que assume disposições diversas nos diferentes indivíduos (Terapia Ocupacional Portugal,
2004).
Sendo o cérebro um órgão altamente irrigado é de esperar que as suas funções, tal como nos restantes órgãos,
dependam de uma boa oxigenação e, como tal, de uma boa irrigação. A boa circulação neste é, então, fulcral,
uma vez que é um dos órgãos mais ativos e, por isso, consome e requer uma grande quantidade de oxigénio, para
ser mais preciso, cerca de 25% do oxigénio usado pelo corpo (Super Interessante, 2002). A sua oxigenação é de
tal forma importante para o seu bom funcionamento que, em crianças com uma insuficiente irrigação cerebral,
se verifica sonolência, interferência na atenção e prejuízo na compreensão (Vera, Conde, Wajnsztejn, & Nemr,
2006). A hipoxemia caracterizada, então, por uma concentração baixa de oxigénio, neste caso, no cérebro, leva ao
Pereira, Falcão, Rodrigues (2012)

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cansaço mental e prejudica as funções cerebrais nas crianças e, nos adultos, manifesta-se, entre outros sintomas,
como falta de ar, palpitações, irritação e confusão mental.
Do que foi anteriormente referido, depreendeu-se a importância de uma boa irrigação para um bom
funcionamento mental e, como tal, para um raciocínio adequado, mas estas conclusões dizem respeito ao
ambiente de gravidade terrestre. Certamente ao nível de todo o corpo e, portanto, também no encéfalo, deve
haver alterações aquando de uma menor presença de gravidade. Seguidamente apresentar-se-ão essas alterações.

Efeitos da microgravidade no corpo humano

16

Tal como já referimos anteriormente, Gagarin foi um elemento muito importante na compreensão do espaço
mas a sua viagem, que pretendia também testar algumas hipóteses até então formuladas por diversos cientistas
de como seria a vida no espaço não foi suficientemente longa para nos deixar perceber todas as implicações que
a microgravidade tinha no nosso corpo.
Estando a biologia dos seres humanos adaptada a um meio terrestre e às suas condições, é de esperar que,
quando em ambiente estranho, o corpo se comporte de uma maneira diferente e que o seu funcionamento seja
também alterado.
Para perceber a forma como o corpo reage a estas condições foram feitas várias experiências, nomeadamente um
estudo feito pela NASA, no ano de 2008, que pretendia alcançar respostas a esta incógnita, colocando voluntários
numa cama, onde ficariam durante três meses, sem se poderem levantar, pois os efeitos são semelhantes aos
sentidos pelos astronautas quando estão em missão. Mais recentemente, continua-se a estudar esse problema,
tendo a Expedição 26 na Estação Espacial Internacional, que se realizou entre Novembro de 2010 e Março de
2011, tido como uma das missões perceber as alterações fisiológicas e funcionais provocadas pela microgravidade
no corpo humano (NASA, NASA, 2011).
Após diversas experiências, conseguiram-se, então, perceber, alguns desses efeitos, que são distintos conforme
seja uma missão de curto ou de longo prazo.
De seguida, iremos focar-nos mais nos efeitos a nível cerebral e as alterações na parte mais superior do corpo,
por ser a área em estudo.
Nas primeiras horas de permanência no espaço, as alterações são significativas, concentrando-se os fluidos
corporais na parte superior do humano. No entanto, tendo o cérebro uma enorme capacidade de controlo do
fluxo sanguíneo e de todas as determinantes necessárias à nossa sobrevivência, seria possível que não houvesse
um aumento significativo da quantidade de sangue que irriga este órgão. Mas, nas suas viagens espaciais, os
astronautas apresentam comummente edema facial, voz anasalada e distensão das veias e artérias cranianas e do
pescoço. Isso leva-nos a acreditar que o fluxo cerebral, de facto, é maior quando em presença de microgravidade,
o que é apoiado por estudos que demonstram um aumento do fluxo cerebral e do volume líquido craniano nos
primeiros sete dias de órbita. Foram, ainda, registadas outras informações relevantes, tais como o aumento da
velocidade média do sangue numa artéria e aumento da pressão das artérias cranianas (Santos & Bonamino, 2003).
Quando a duração da permanência em microgravidade é maior, os efeitos começam a ser mais intensos,
notando-se uma atrofia muscular, perda da densidade óssea e redução do tamanho do coração em cerca de um
quarto. Estas alterações mais significativas devem-se a uma tentativa de o corpo humano se adaptar às novas
condições habitacionais.

METODOLOGIA E ANÁLISE DE DADOS
Partindo da contextualização acima referida, podemos começar a apresentar a nossa hipótese para o problema
anteriormente colocado.
Estando um ser humano em órbita e, portanto, num local com gravidade reduzida, o fluxo cerebral aumenta,
como já mencionámos em cima. Ora, se o cérebro é mais irrigado e, da mesma maneira, mais oxigenado, estão
reunidas as condições para uma boa capacidade mental e um bom funcionamento cerebral, o que torna mais
eficaz a nossa capacidade de raciocínio.
Se temos uma melhor aptidão racional e lógica, seremos capazes de resolver com mais facilidade um teste
Pereira, Falcão, Rodrigues (2012)

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de matemática ou qualquer outro exercício que exija competências do mesmo tipo. Assim, a nossa resposta é
positiva, ou seja, consideramos que na presença de microgravidade, um ser humano conseguirá realizar um teste
de matemática de forma mais eficaz.
Para o testar, seria necessário que um grupo de pessoas, saudáveis e sem problemas de circulação, realizasse
uns testes de matemática, dentro das suas capacidades, de dificuldade determinada, na Terra, com um tempo
previamente estabelecido e seria pedido que realizassem um outro teste, com o mesmo grau de dificuldade e o
mesmo tempo, em condições de microgravidade, isto é, dentro de uma estação espacial ou qualquer outro veículo
espacial em órbita. Os resultados obtidos seriam depois comparados com ferramentas estatísticas adequadas.
Há, ainda, que ter em conta que as suposições por nós feitas só são aplicáveis para períodos de permanência em
microgravidade relativamente curtos, até cerca de três dias e nunca ultrapassando uma semana, já que, como foi
referido antes, quando o corpo está em ambiente de microgravidade por um tempo mais prolongado, começam a
surgir efeitos mais significativos, como a diminuição do tamanho do coração, pela tentativa de se adaptar. Nestas
condições, se o coração diminui o seu volume, também o sangue por ele bombardeado será menor e, portanto, a
teoria já não se aplicará da mesma forma. No entanto, seria interessante também continuar a experiência ao longo
do tempo de permanência no espaço, como experimentação complementar.

CONCLUSÃO

Partindo da dúvida acerca do que aconteceria no caso de se fazer um teste de matemática em ambiente de
microgravidade, e após se analisarem as diversas derivantes que estão implicadas na resolução do mesmo, a
investigação levada a cabo teve o objectivo de permitir perceber se os resultados seriam os mesmos que na Terra,
ou se, pelo contrário, havia algum tipo de alteração e, neste caso se era benéfica ou não.
Concluiu-se que, quando exposto a uma gravidade reduzida, o corpo humano sofria diversas alterações,
nomeadamente, ao nível da distribuição dos fluidos corporais, como seja o sangue. Este tem tendência a ocupar
as regiões mais superiores do organismo, nomeadamente, a cabeça. Estando mais irrigado, como já se referiu
anteriormente, o cérebro recebe uma maior percentagem de oxigénio, o que permite que as funções ligadas a este
órgão se executem com maior eficácia. Assim, na mesma ordem de pensamentos, também o raciocínio lógicomatemático será efectuado de forma mais eficiente, permitindo, ao indivíduo, resolver o teste considerado com
mais facilidade.

Referências Bibliográficas
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Pereira, Falcão, Rodrigues (2012)

ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012

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Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança

artigo - investigação & práticas
Inverno demográfico
Demographic Winter

João Pedro Lopes Moreno
Escola EB 2,3 Paulo Quintela
morenopedro@live.com.pt
Prof. Maria Antónia Pires Martins
Escola EB 2,3 Paulo Quintela
mitomartins@sapo.pt

Resumo

A população portuguesa tem vindo a sofrer, nas últimas décadas, um acentuado envelhecimento.
Apenas o contributo do saldo migratório impede que a população não diminua. É nas regiões do
interior que o envelhecimento e diminuição da população são mais acentuados. Associada ao fraco
dinamismo demográfico está o fraco dinamismo económico, originando o desfalecer de uma região
com grande potencial patrimonial, cultural e natural.

Palavras-chave: Idosos, envelhecimento, despovoamento, emigração
Abstract

18

The Portuguese population has been suffering a marked aging in recent decades. Only the contribution the migratory balance prevents the population from decreasing. It is in the inner regions where
aging and declining population are more pronounced. Associated with weak demographic dynamism
is the weak economic performance, resulting in the fainting of a region with great potential natural,
cultural and heritage.

Keywords: Elderly, aging, depopulation, emigration

Sobre o(s) autor(es)
João Moreno, 14 anos, é aluno do 9ºano, no Agrupamento de Escolas Paulo Quintela. Gosta de matemática, edu-

cação física, geografia, inglês e ciências ...
Fora da escola gosta de andar de bicicleta e de mota, jogar futebol com os amigos, estar no computador e também
de interagir com o ambiente e de procurar informação sobre diversos temas.
Volume 1 (1), Abril de 2012
revista júnior de investigação

INTRODUÇÃO

Após o Censo de 2011, considerou-se pertinente fazer uma breve análise às alterações demográficas ocorridas, nas últimas décadas, na nossa região, especialmente a partir de 1960. Ao longo do trabalho pretendemos
identificar as diferentes causas que estão na origem desta redefinição da estrutura etária da população portuguesa,
particularizando as regiões de Bragança e da Terra Fria Transmontana.
Para o presente estudo utilizaram-se dados estatísticos disponibilizados online pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e pela Base de Dados PORDATA.

EVOLUÇÃO DEMOGRÁFICA PORTUGUESA

Entre os Censos de 1960 e 2011, a população portuguesa passou de 8.889.392para 10.561.614 indivíduos, correspondendo a um crescimento de 18,8 %.
Atendendo ao aumento da longevidade e dos respetivos efeitos na composição etária da população, na queda
da fecundidade, o processo do envelhecimento demográfico agrava-se, permanecendo a níveis muito inferiores
aos necessários para renovar as gerações (Carrilho, M. 2010).
Esta evolução demográfica não se registou de forma uniforme em todo o território nacional. Se por um lado
se assiste a um crescimento da população litoral, por outro lado, regista-se um “esvaziamento” das regiões do
interior. Em 2011, são 198 os municípios que registam decréscimos populacionais face a 171 municípios em 2001,
acentuando o padrão de litoralização que já se tinha verificado na década anterior, reforçando o movimento de
concentração da população junto das grandes áreas metropolitanas de Lisboa e Porto (INE, 2011). Em oposição,
a maior parte dos municípios do interior perdeu população.
Assim, “o fenómeno do duplo envelhecimento da população, caracterizado pelo aumento da população idosa
e pela redução da população jovem, agravou-se na última década” (INE, 2011, p. 11).

Gráfico 1- Proporção da população jovem e idosa em relação à população total. Fonte: INE, PORDATA

Desde 1960 que se regista uma variação do valor relativo de jovens e idosos, no sentido inverso. Se por um
lado, a percentagem de jovens diminuiu de 29% para 15%, praticamente para metade, por outro lado, a percentagem de idosos mais do que duplicou, passando de 8% para 19% (gráfico 1).
Nas últimas décadas, verificou-se o agravamento do índice de envelhecimento da população que passou de 27
idosos por 100 jovens, em 1960, para 129 idosos para 100 jovens, em 2011 (gráfico).

Gráfico 2- Índice de envelhecimento da população portuguesa entre 1960-2011. Fonte: PORDATA

Moreno, Martins (2012)

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Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança

Inverno demográfico

A tabela 1 mostra as características mais visíveis da dinâmica demográfica portuguesa entre 1960 e 2010.
•	 A taxa de natalidade apresenta uma acentuada diminuição, especialmente entre 1960 e 1991.
•	 O índice sintético de fecundidade reduz para metade o seu valor, entre 1960 e 1991. Desde 1981 que o
número médio de crianças por mulher permanece abaixo do nível de renovação de gerações, que é de 2,1.
•	 A esperança média de vida aumenta 18 anos.
Assistimos a uma diminuição de nascimento e, consequentemente, menos jovens. Simultaneamente, o número
de idosos aumenta, resultante do aumento da esperança média de vida da população

Ano

Taxa de Natalidade ‰

1960
1970
1981
1991
2001
2010 (estimativa)

24,1
20,8
15,4
11,7
11
9,5

Índice sintético de fecundidade
3,2
3
2,13
1,57
1,46
1,37

Esperança média de vida
(HM)
61
67
71
74
76
79

Tabela 1- Indicadores demográficos de Portugal (1960-2010)

O aumento da esperança média de vida, associado à diminuição da natalidade, alterou a estrutura etária da
população portuguesa. Consequentemente, verifica-se o estreitamento da base da pirâmide etária, com redução
dos jovens e o alargamento do topo, com acréscimo dos idosos, resultado do acentuado envelhecimento da
população portuguesa (Rebelo & Penalva, 2004). Segundo Carrilho e Patrício (2004) “as projeções disponíveis
apontam para a diminuição da população e para o agravar do fenómeno do envelhecimento, mesmo na hipótese
de os níveis de fecundidade aumentarem e os saldos migratórios continuarem positivos” (p. 149).
Portugal - um país de partida e de chegada
“As migrações fazem parte da história da Humanidade. O próprio povoamento do planeta se deve a esta
necessidade tão humana que muda de forma tão definitiva e constante a essência das culturas, das raças e das línguas” (AMI, 2008, p. 9). Também a história portuguesa está muito condicionada pelos movimentos migratórios
por terras mais ou menos longínquas. No início do século XX a grande debandada era, fundamentalmente, para
o Brasil. As duas guerras mundiais travaram este fluxo migratório transoceânico de portugueses.
A falta de oportunidades e o clima de pobreza que reinava no auge do antigo regime levaram mil20
hões de portugueses a atravessar o Atlântico em direção ao Novo Mundo: Brasil (22% dos 2 milhões
de emigrantes portugueses entre 1950 e 1984), Venezuela (8%), Canadá (9%) e EUA (13%) foram os
destinos eleitos para refazerem as suas vidas” (AMI, 2008, p. 1).
Com o final da II Guerra Mundial e a necessidade de reconstruir os países europeus envolvidos, a emigração
passou a centrar-se nas economias florescentes da Europa Ocidental, carentes de mão-de-obra não especializada
e com condições laborais superiores às oferecidas em Portugal. “Com isto, França (31%), Alemanha (9%) e Suíça
passaram então a ser o destino de eleição destes portugueses” (AMI, 2008, p. 9). Durante a década de sessenta
Portugal perde cerca de milhão e meio de portugueses. O fim do Império Ultramarino, em 1975, fez regressar
cerca de meio milhão de portugueses, especialmente de Angola e de Moçambique. Em 1986 Portugal integra
a Comunidade Económica Europeia, facilitando a saída de trabalhadores portugueses para países que tinham
carência de mão-de-obra. Esta integração no Espaço Europeu torna Portugal atrativo para imigrantes provenientes dos PALOP, do Brasil e da Europa de Leste (AMI, 2008).

CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS DA TERRA FRIA TRANSMONTANA

Evolução da população residente na Terra Fria Transmontana
O intenso movimento migratório ocorrido na década de 60 quer para o litoral e as grandes cidades nacionais, quer para a Europa, teve na região transmontana um forte impacto. Segundo (Cepeda, 2005)“a inexistência
de empregos industriais e a baixa produtividade do sector primário, motivada em boa parte pelo fraco índice
de mecanização existente, criaram as condições ideais para a debandada de boa parte da população da nossa
Moreno, Martins (2012)

ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012
revista júnior de investigação
região”(p. 12), levando à partida de muitos jovens à procura de novas oportunidades que na região lhes eram
negadas.
Ainda, segundo Cepeda (2005) a Terra Fria Transmontana (TFT) era, do ponto de vista demográfico, “pouca
dinâmica e em processo acelerado de desertificação humana” (p. 15).
1950/60
Concelho de -1,8
Bragança
TFT
9,2
Continente 4,7

1960/70
-14,6

1970/81
10,3

1981/91
-7,9

1991/01
4,9

2001/11
1,7

1950/11
-7,5

-26,5
-2,6

-0,69
15,6

-15,1
0,3

-3,5
5

-3,7
1,8

-35,5
26,8

Tabela 2- Taxas de variação da População Residente (%) - Fonte: Cepeda (2005), com base em INE – IX, X, XI, XII, XIII e XIV
R.G.P. e XV R.G.P. (resultados provisórios)

Os valores negativos das taxas de variação populacional apresentados na década de 60, mostram a evidência
do forte surto migratório ocorrido nesta década, com especial relevo na TFT (Tabela 2 e Gráfico 3). Na década
seguinte (70/81), a chegada dos retornados fez amortecer o efeito de perda populacional que se vinha a fazer
sentir. Nos anos 80 dilui-se o efeito dos retornados e a TFT continua a esvaziar. “Longe dos centros industriais
e de comércio, sem comunicações rápidas e cómodas, a região “exportou homens”, já que não tinha capacidade
para os sustentar e fixar”(Cepeda, 2005, p. 16). Na última década do século XX a TFT continua a perder população, com exceção do concelho de Bragança.
O concelho de Bragança inverteu a tendência para a perda de população, apresentando uma taxa de variação populacional de 4,9%, facto que não será estranho o papel desempenhado pelo Instituto Politécnico, já em velocidade de
cruzeiro, com uma população estudantil a rondar os 5 500 alunos. O efeito multiplicador que gera em todos os sectores
de atividade da cidade explica, em grande medida, o porquê da atratividade de Bragança” (Cepeda, 2005, p. 16).

21

Gráfico 3- Taxas de Variação da População Residente (%). Fonte: INE

Na última década, continua a registar-se um aumento da população do concelho de Bragança, apesar de muito
ligeiro, e a TFT mantém o mesmo ritmo de perda da população que trazia da década anterior (tabela 2 e gráfico 3).
De 1950 a 2011 a TFT perdeu 35,5% da sua população enquanto o concelho de Bragança apresenta uma diminuição significativamente inferior, com 7,5% (tabela 2 e gráfico 3).
A evolução da população de uma região resulta da conjugação entre o saldo migratório (diferença entre entradas e saídas da população) e o crescimento natural da população (diferença entre nascimentos e óbitos). Todos
os concelhos da TFT apresentaram nas últimas décadas crescimentos naturais negativos. O saldo migratório
registado no concelho de Bragança na década de 90, com a chegada de pessoas provenientes da Europa de Leste
e a diminuição dos fluxos de saída, compensou este crescimento natural negativo e ainda permitiu registar um
Moreno, Martins (2012)

ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012
Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança

crescimento populacional de 4,9%.
Estrutura etária da população
A contínua perda de população, fundamentalmente jovem adulta, associada a uma diminuição da natalidade,
resulta num profundo envelhecimento da população da TFT. Segundo os dados do Censo de 2011, esta região
apresenta uma percentagem de 36,2% de idosos e apenas 8,6% de Jovens (gráfico 4). O concelho de Bragança,
que continua a apresentar um ligeiro crescimento da sua população, indica um menor envelhecimento da sua
população, comparativamente à região onde se enquadra (TFT), mas superior em relação ao envelhecimento da
população de Portugal Continental.

Gráfico 4- Proporção de Jovens e Idosos em relação à população total (2011). Fonte: XV R.C.P. (resultados provisórios)

22

Gráfico 5- Índice de envelhecimento Fonte: XV R.C.P. (resultados provisórios)

Os índices de envelhecimento da população têm vindo a aumentar progressivamente nas últimas décadas. No
ano de 2011 a TFT registou um valor de 420 idosos por cada 100 jovens (gráfico 5). No concelho de Bragança o
peso dos idosos é cerca de duas vezes maior que o dos jovens e na TFT esse peso é cerca de quatro vezes maior.
Os valores são assustadoramente elevados, fazendo desta região uma área profundamente envelhecida, com todas
as consequências sociais e económicas que acarreta.

Moreno, Martins (2012)

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revista júnior de investigação

CONCLUSÃO

Na década de 60 do século XX, Portugal sofreu uma forte perda de população, como resultado do grande
surto migratório dirigido para a Europa Central. Foi nas regiões do interior que esta perda mais se acentuou, especialmente nas freguesias rurais. Os jovens procuraram nas cidades do litoral e nos países ricos da Europa, outras
condições de vida que não encontravam no seu local de origem.
Ao longo da segunda metade do séc. XX a nossa região não conseguiu criar condições para fixar a população,
esvaziando-se progressivamente. Aldeias, vilas e cidades contribuíram “generosamente”, para engrossar o fluxo populacional que corria ininterruptamente para as cidades do litoral do país ou dos países de acolhimento. Os valores negativos
de saldos migratórios aumentavam de ano para ano, assumindo proporções preocupantes(Cepeda, 2005, p. 21).

A crescente perda de população também fez perder “massa crítica” que seria o grande suporte de desenvolvimento (Cepeda, 2005). A tardia construção de redes rodoviárias que permitiriam a fácil acessibilidade ao litoral e
às regiões mais industrializadas foi ditando o enfraquecimento demográfico de uma região que apresenta grandes
potenciais em termos de recursos naturais, patrimoniais e culturais.
Será necessário promover iniciativas que fixem a mão-de-obra mais qualificada, que tornem as atividades dos
diferentes setores mais produtivas e, consequentemente, mais competitivas.

Referências Bibliográficas
AMI (2008). Migrações- Parte I. Obtido em 28 de Dezembro de 2011, de http://www.ami.org.pt/media/pdf/migracoes1.pdf
Carrilho, M. J., & Patrício, L. (2004). A situação demográfica recente em Portugal. Revista de Estudos demográficos, nº36 , pp. 127-152.
Cepeda, F. (2005). Terra fria transmontana- desenvolver é preciso. Bragança: Câmara Municipal de Bragança.
INE. (7 de Dezembro de 2011). Censos 2011- Resultados provisórios. Obtido em 28 de Janeiro de 2012, de Instituto Nacional
de Estatística: http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_
boui=129675729&DESTAQUESmodo=2
INE. IX, X, XI, XII, XIII, XIV e XV Recenseamento Geral da População. Intituto Nacional de Estatística.
Rebelo, J., & Penalva, H. (Setembro de 2004). Evolução da população idosa em Portugal nos próximos 20 anos e seu impacto na sociedade. Obtido
em 20 de Janeiro de 2012, de www.apdemografia.pt/ficheiros_comunicacoes/786534234.pdf

23

Moreno, Martins (2012)

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artigo - investigação & práticas
O clima de Trás-os-Montes – características,
curiosidades e evolução
The climate of Trás-os-Montes– characteristics,
curiosities and evolution
Filipa de Melo Pinto Correia
Escola E.B. 2/3 Paulo Quintela
filipademelocorreia@hotmail.com
Prof. Maria Antónia Pires Martins
Escola E.B. 2/3 Paulo Quintela
mitomartins@sapo.pt

Resumo

Portugal é um país onde domina o clima com caraterísticas Mediterrânicas, mas com várias províncias
climáticas. A latitude, proximidade do mar e o relevo são fatores responsáveis por grande parte das
diferenças climáticas encontradas. No sentido de procurar encontrar possíveis alterações climáticas
utilizaram-se registos de Normais Climáticas, comparando-se os valores, na tentativa de encontrar
possíveis mudanças registadas.
Palavras-chave: clima, mudança climática, Trás-os-Montes, Bragança

24

Abstract
Portugal is a country that has generally a mediterranean climate. However, it has several climatic
provinces. Concerning these different climates in Portugal, the most important factors are the latitude, proximity to the sea and the relief. In order to find climate changes, records of Climate Normals
were used to discover differences after comparing the values.
Keywords: weather, weather changes, Trás-os-Montes, Bragança

Sobre o(s) autor(es)
Filipa Correia, 15 anos, é aluna do 9ºano, no Agrupamento de Escolas Paulo Quintela. Adora ler, ver
filmes, ouvir música e viajar. Quer seguir a área de Ciências e o seu sonho é formar-se em Medicina.

Volume 1 (1), Abril de 2012
revista júnior de investigação

INTRODUÇÃO

Procedeu-se a uma breve caraterização do clima em Portugal, identificando fatores que possam contribuir para
a explicação das diferenças climáticas, particularizando a região de transmontana.
As investigações foram baseadas sobretudo em obras de consagrados geógrafos portugueses, artigos da
Fundação Calouste Gulbenkian e enciclopédias. Foram consultadas tabelas inseridas em Normais Climatológicas,
para descobrir as possíveis alterações ocorridas no clima
Descrevem-se os dados relativos à evolução do clima na região de Trás-os-Montes, entre 1931 e 1980.

FATORES QUE INFLUENCIAM O CLIMA PORTUGUÊS

Como consequência das condições gerais da atmosfera, resultantes da latitude a que se encontra Portugal, o
nosso país fica “submetido aa condições atmosféricas de feição bem diferente” (Medeiros, 2000, p. 83) . ”No
inverno, um tempo instável e chuvoso pode cobrir toda a fachada atlântica da península” (Ribeiro & Lautensach,
1988, p. 371) resultante da influência de situações depressionárias que atingem as nossas latitudes. No verão, por
influência de anticiclones, encontramos massas de ar estáveis em todo o país, com tempo quente e seco de forte
luminosidade e grande insolação, imprimindo um “inconfundível cunho mediterrânico, mais ou menos duradouro mas fortemente marcado em todo o país” (Ribeiro & Lautensach, 1988, p. 371).
O clima de Portugal, embora mediterrâneo por natureza, não deixa de apresentar influências diretas do oceano,
visto por Ribeiro (1988) como um “regulador da atmosfera”. A posição do país, na fachada oceânica da península
ibérica, sofre uma influência atlântica que abrange no verão uma estreita faixa costeira, mas no inverno cobre a
maior parte do território, excetuando as áreas mais interiores do país.
Por sua vez, os contrastes das massas de relevo, “concentradas na metade setentrional do país e interpostas
entre a faixa litoral e os planaltos do interior” (Ribeiro & Lautensach, 1988, p. 371) também se refletem nos contrastes de clima. A barreira constituída pelas montanhas do Minho e a cordilheira central, provocam as grandes
precipitações nas montanhas de noroeste, com valores de mais de três mil milímetros anuais, incluída nas mais
elevadas da Europa. Para oriente destas elevações a precipitação desce acentuadamente.

CLIMA PORTUGUÊS

O clima é a sucessão habitual de estados da atmosfera, corresponde “à descrição estatística em termos quantitativos da média e da variabilidade das grandezas relevantes relativas a períodos de tempo suficientemente
longos” (Instituto de Meteorologia e Agência Estatal de Meteorologia, 2011, p. 15). O período adotado pela
Organização Meteorológica Mundial (OMM) é de 30 anos.
Hermann Lautensach criou 11 províncias climáticas: oito no norte de Portugal e 7 no sul (tabela 1). A Provín- 25
cia Continental do norte corresponde aos planaltos de Trás-os-Montes ou “Terra Fria”, representada pelas estações meteorológicas de Bragança e Vila Real. Para Lautensach (1988) tem um “verão quente e curto, inverno
longo e frio, com neves ocasionais(…) precipitação que varia com o relevo e que, mesmo a leste, continua superior a 600mm”(p. 366).
Região marítima
Região montanhosa
Região continental
1. Província Atlântica
5. Província montanhosa
6.Província Continental do
do norte
do norte de Portugal
norte
Norte de Portugal
2. Província Atlântica
7. Província do Alto Douro
8. Província da Beira Interior
3. Província Atlântica
9. Província continental do
do sudoeste
centro
4. Província do Al10. Província do alto AlenSul de Portugal
garve
tejo
11.Província continental do
sul
Tabela 1- As províncias climáticas de Portugal - Fonte: (Ribeiro & Lautensach, 1988, p. 364)

Correia, Martins (2012)

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Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança

A Província do Alto Douro situa-se na região do vale e bacia do Alto Douro ou “Terra Quente”. A estação
meteorológica de Mirandela situa-se nesta província, apresentando um “verão longo e muito quente, inverno
suave e curto. (…) e precipitação anual inferior a 500 mm, três meses secos ou mais” (Ribeiro & Lautensach,
1988, p. 366). Ribeiro (1988) designa-o por “Clima transmontano de afinidades continentais, muito mais seco,
com inverno moderado e verão ardente” (p. 384), que permite apresentar outras formas de vegetação no meio
da austera e rude Meseta Ibérica.
Podemos considerar que a região de Trás-os-Montes apresenta um mosaico de climas muito contrastados.

MUDANÇA CLIMÁTICA

A mudança climática, segundo o Intergovernamental Panel on Climate Change (IPCC), “corresponde a uma
variação estatística significativa das médias que caracterizam o clima e/ou das suas variabilidades durante um
período suficientemente grande, da ordem de décadas” (Santos, Forbes, & Moita, 2001, p. 5).
A Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (CQNUAC) define “mudança climática” como aquela que resulta direta ou indiretamente das atividades humanas, enquanto que a “variabilidade
climática” é definida como a mudança climática atribuível a causas naturais.
Manifestações da variação interanual do clima podem ser registadas por vagas de calor ou de frio, por secas ou
por situações de intensa precipitação.
“Alguns destes fenómenos são o resultado de flutuações periódicas do clima que podem verificar-se no
espaço de tempo de uma geração humana ou duas. Outros estarão ainda ligados a uma variabilidade em escala
mais longa do clima, da ordem do século.” (Ferreira, 2005, p. 371)

Causas internas podem perturbar o equilíbrio energético do planeta como por exemplo: as erupções vulcânicas, as modificações de temperaturas oceânicas, as variações da superfície dos gelos e a modificação do uso do
solo. (Ferreira, 2005)
Também causas externas ao sistema climático, ligadas às variações orbitais da Terra, podem ser responsáveis
pelas alterações climáticas.
Mudança/variabilidade climática em Portugal Continental
A temperatura média do ar em Portugal Continental no período 1931-2000 apresenta uma tendência crescente
desde a década de 70 (figura 1). De salientar que os 6 anos mais quentes ocorreram nos últimos 12 anos analisados. O aumento da temperatura média resultou “ de uma subida maior da temperatura mínima diária do que da
26 temperatura máxima diária” resultando numa redução da amplitude térmica diurna em muitas estações climáticas
portuguesas. (Santos, Forbes, & Moita, 2001).
Figura 1- Temperatura média do ar em Portugal continental: média regional no período 1931-2000 Fonte:
(Santos, Forbes, & Moita, 2001, p. 8)

O mesmo estudo aponta para uma tendência decrescente de precipitação, embora fraca, que se torna mais

pronunciada a partir de 1976, acrescentando que “as tendências observadas parecem implicar uma redução da
duração da estação chuvosa” (2001, p. 8).
Descrição e análise dos dados
Pretendeu-se identificar as eventuais diferenças registadas nos valores de temperatura e precipitações de esCorreia, Martins (2012)

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tações meteorológicas pertencentes às duas Províncias climáticas, da nossa região. Escolheram-se as estações de
Bragança e Vila Real para a Província Continental do Norte e a estação de Mirandela para a Província do Alto
Douro. Algumas estações meteorológicas que existiam na região no período 1931-1960, passaram a estações
udométricas, não havendo registo de todos os dados que eram necessários para a análise que nos tínhamos proposto fazer. Utilizaram-se os normais climatológicos dos períodos 1931-1960 e 1951-1980.
Tabela 2- Temperaturas médias e nº de dias com valores extremos de temperatura
Fonte: (SMN, 1970) e (INMG, 1991)

Relativamente às temperaturas médias mensais registadas nestes dois períodos em cada uma das estações meteorológicas, verificámos que Bragança apresenta uma ligeiríssima subida na maior parte dos meses, enquanto em
Vila Real a temperatura desce em seis meses e mantêm-se em quatro, o que nos permite inferir que nesta estação
há uma tendência contrária à de Bragança, isto é, tende para uma descida da temperatura média (tabela 2). Com27
paradas as temperaturas médias anuais regista-se a subida de 3 décimas em Bragança e a descida de duas décimas
em Vila Real (gráficos 1 e 2).
Gráfico 1- Temperaturas médias mensais

Gráfico 2- Temperaturas médias mensais
Correia, Martins (2012)

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Gráfico 3- Número de dias com temperatura mínima inferior a 0ºC

O número de dias com temperaturas negativas desceu em todos os meses onde houve registos, com exceção
dos meses de Março e Maio (gráfico 3 e tabela 2).

28

Gráfico 4- Número de dias com temperatura máxima superior a 25ºC

Nesta estação verifica-se uma tendência de aumento do número de dias com temperaturas superiores a 25ºC

(gráfico 4)
Gráfico 5- Número de dias com temperatura mínima inferior a 0ºC
Correia, Martins (2012)

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revista júnior de investigação
Vila Real apresenta uma descida considerável no número de dias com temperaturas mínimas negativas (Grá-

fico 5). Em contrapartida, os meses de verão têm menos dias com registos de valores superiores a 25ºC (gráfico
6 e tabela 2).
Gráfico 6- Número de dias com temperatura máxima superior a 25ºC
Em ambas as estações meteorológicas os invernos tornaram-se menos rigorosos. Apenas Bragança regista

29
uma tendência para verões que apresentam maior número de dias com elevadas temperaturas.
No que diz respeito à análise da precipitação, Bragança registou uma diminuição significativa da precipitação
total anual, registando-se, em Vila Real, um ligeiro aumento (tabela 3).
	
Precipitação (mm)
Bragança
Vila Real
41º 49’N; 6º 46’O
41º 19´N; 7º 44’O
1931-1960
1951-1980
1931-1960
1951-1980
Janeiro
148,8
105,4
156,5
163,8
Fevereiro
104,4
99,2
110,4
165,5
Março
133,2
81,5
145,6
133,6
Abril
72,9
54,5
77,3
76,9
Maio
68,7
53
61,2
69,2
Junho
42,2
41,4
31,5
47,5
Julho
14,8
15,6
10,2
14,2
Agosto
15,7
14,4
15,5
16,9
Correia, Martins (2012)

ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012
Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança

Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Ano

38,7
78,6
110,4
143,7
972,1

32,9
65,6
87,1
90,5
741,1

38,4
83,6
129,8
158,8
1018,8

48,7
99,9
136,3
155,6
1128,1

Tabela 3- Valores de precipitação total - Fonte: (SMN, 1970) e (INMG, 1991)

Gráfico 7- Precipitação total mensal em Bragança

Foi nos meses de inverno que a diminuição da precipitação em Bragança foi mais acentuada. (gráfico 7). É de
salientar que esta diminuição ocorreu em 11 meses do ano.
Gráfico 8- Precipitação total mensal em Bragança

30

Vila Real teve em quase todos os meses um ligeiro aumento da precipitação, com especial destaque para o mês
de fevereiro (gráfico 8).
No que diz respeito à análise da temperatura, Mirandela registou uma ligeira diminuição da temperatura média
anual. Relativamente ao número de dias com temperaturas extremas, verifica-se um aumento do número de dias
com temperaturas mínimas negativas e uma diminuição do número de dias com temperaturas superiores a 25ºC
(tabela 4).
Tabela 4- Valores de temperatura - Fonte: (SMN, 1970) e (INMG, 1991)

Correia, Martins (2012)

ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012
revista júnior de investigação
Gráfico 9- Temperaturas médias mensais

Gráfico 10- Número de dias com temperatura mínima inferior a 0ºC

31
As temperaturas médias mensais são muito idênticas, registando-se uma ligeira tendência para diminuir (gráfico 9).

Há um agravamento do número de dias com temperatura mínima negativa, havendo novos registos em Abril
e Outubro, no período 51-80 (gráfico 10 e tabela 4). Também nos meses de primavera e outono há diminuição
do número de dias com temperaturas superiores a 25ºC (gráfico 11 e tabela 4).
Correia, Martins (2012)

ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012
Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança
Gráfico 11- Número de dias com temperatura máxima superior a 25ºC

Conclui-se que as estações intermédias se tornam mais frias.

Tabela 5- Valores da precipitação total - Fonte: (SMN, 1970) e (INMG, 1991)

A Precipitação apresentou uma ligeira subida no seu valor total, não havendo relação entre variação da precipitação e estação do ano (gráfico 12).
Gráfico 12- Precipitação total mensal em Mirandela

32

CONCLUSÃO

Conclui-se que os invernos se tornam menos rigorosos nas localidades da Terra Fria Transmontana analisadas.

Correia, Martins (2012)

ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012
revista júnior de investigação
Apenas Bragança regista aumento do número de dias com temperaturas elevadas. Também aqui se verificou
uma considerável diminuição da precipitação.
Mirandela, integrada na Terra Quente Transmontana, as estações intermédias tornam-se mais frescas.
Estes dados ainda são muito parcos para tirar ilações de uma forma atrevida.
Contudo, parece que Trás-os-Montes acompanha uma tendência geral que se manifesta numa aproximação
dos invernos e dos verões, estes menos quentes, aqueles menos rigorosos.
A evolução parece, pois, ainda pouco percetível e difícil de delinear.

Referências Bibliográficas

Ferreira, D. (2005). O clima de Portugal estará a mudar? In C. A. Medeiros, Geografia de Portugal (Vol. I). Casais de Mem Martins,
Rio de Mouro: Printer Portuguesa.
INMG. (1991). O clima de Portugal. Normais climatológicos da região de “Trás-os-Montes e Alto Douro e Beira Interior”, correspondentes a 19511980 (Fascículo XLIX-3ª região). Lisboa.
Instituto de Meteorologia e Agência Estatal de Meteorologia. (2011). Atlas climático ibérico- temperatura do ar e precipitação (1971-2000).
Closas-Orcoyen.
Medeiros, C. A. (2000). Geografia de Portugal-ambiente natural e ocupação humana. Uma introdução (5ª ed.). Lisboa: Editorial Estampa.
Ribeiro, O., & Lautensach, H. (1988). Geografia de Portugal- O ritmo climático e a paisagem (Vol. II). Lisboa: Edições João Sá da Costa.
Santos, F. D., Forbes, K., & Moita, R. (2001). Mudança climática em Portugal. Cenários, impactes e medidas de adaptação- SIAM. Sumário
executivo e conclusões. Lisboa: Gradiva.
SMN. (1970). O clima de Portugal- Normais climatológicos do Continente, Açores e madeira correspondentes a 1931-1960 (2ª ed., Fascículo XIII).
Lisboa.

33

Correia, Martins (2012)

ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012
Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança

artigo - investigação & práticas
Os jovens e os média numa escola de Bragança
Youth and media in a Bragança’s school

Ana João Pires Gomes Guerra
ganocas@hotmail.com
Berta Isabel Gomes Gonçalves
atreb_braganca@hotmail.com
Joana Maria Rodrigues Teixeira
joanamrt@gmail.com
Rita Isabel Afonso Costa Teixeira
ritaxteixeira17@hotmail.com
Prof. Luísa Diz Lopes
Agrupamento de Escolas Abade de Baçal, Bragança
luisa.dizlopes@gmail.com

Resumo

A relação dos jovens com os média surge hoje facilitada devido aos dispositivos eletrónicos que lhes
permitem aceder a variadas fontes de informação. Neste trabalho, tentou-se compreender que meios os
jovens privilegiam, como os usam e durante quanto tempo, como hierarquizam as fontes que têm ao seu
dispor, que lugar ocupa a imprensa escrita, áudio, audiovisual e online no seu quotidiano e o que motiva o
seu uso. Para tal, aplicaram-se inquéritos a 40% dos alunos do 7.º ao 12.º ano numa escola em Bragança.
Os resultados sugerem que o grau académico do agregado familiar pode influenciar a relação dos jovens
com os média, que a internet é o meio mais procurado para diversos fins, que a televisão ainda ocupa um
lugar preponderante e que a rádio é um meio pouco usado, apesar de disponível online.
Palavras-chave: Media, jovens, informação

34

Abstract

The relationship of young people with the media seems easier today due to the use of electronic devices,
allowing them to access various sources of information. In this study, we have tried to understand which
media the  young people prefer,  how and how long they use  them  ,  how they rank  the available
sources,  what is the relative importance of different media – press,  audio,  audiovisual  and online  –
in their daily lives  and  what motivates  their use.  For such  investigation  we implemented surveys to
40% of  students from the 7th to the 12th grade at a high school in Bragança. The results suggest that
the academic degree of parents weighs on the relationship of young people with media, that internet is the
most used media for various purposes, television is still important in young people’s lives and  radio is
rarely used, although available online.

Keywords: media, youth, information

Sobre o(s) autor(es)

Ana João Guerra ( 16 anos) - frequenta o 11º ano na área de Ciências e Tecnologias. Interessa-se por atividades de diversas áreas,
como por exemplo música e cinema, mas também atividades relacionadas com Biologia e Matemática.
Berta Gonçalves (16 anos)- pretende seguir os passos dos pais e ser médica, não se imaginando noutro ambiente. A música em
especial o canto constituem a sua paixão. Ocupa os tempos livres estando com os meus amigos. Gosta de se manter informada no
que toca a assuntos políticos, desenvolvimento cientifico e musical
Joana Teixeira (17 anos) - Vive em Bragança, frequenta o 12º ano na área de Ciências e Tecnologias e pretende seguir um curso
superior ligado à saúde. Costuma passar o meu tempo livre com os amigos, mas não dispensa a leitura de um livro, a visualização
de um bom filme e o registo, por escrito, de algumas das ideias.
Rita Teixeira (18 anos) - frequenta o 12º ano e quer seguir economia. Nos tempos livres gosta de estar com os amigos, passear,
fazer compras, ver televisão, ler e navegar na internet. É uma pessoa curiosa relativamente ao mundo em que vive.

Volume 1 (1), Abril de 2012
revista júnior de investigação

Introdução
Na sociedade atual, a informação é abundante, variada e cada vez mais efémera. Os inúmeros meios de
comunicação de massa a que temos acesso, como a televisão, a internet, os jornais e a rádio, colocam ao nosso
dispor inúmeras informações diárias. Num estudo efetuado em duas escolas de Castelo Branco, (Miranda &
Silva, Repositório da Universidade de Lisboa, 2011, p. 3), defende-se que esta abundância é um problema, uma
vez que a maioria dos jovens tem dificuldades em distinguir a importância da informação encontrada e em
hierarquizar a mesma e, mais grave ainda, em diferenciar fontes separando aquelas que são credíveis das que o
não são.
É necessário que os jovens adquiram competências que lhes permitam avaliar as fontes que utilizam,
selecionar os recursos e tratar o que leem. A literacia da informação, essencial numa sociedade com o mesmo
nome, é definida na Biblioteca do Conhecimento online como “um conjunto de competências de aprendizagem e
pensamento crítico necessárias para aceder, avaliar, e usar a informação de forma eficiente”(Literacia da Informação).

Os jovens estão permanentemente conectados e têm acesso a inúmeras fontes de informação digitais e
impressas. Alguns investigadores defendem que a internet está a minar a capacidade de concentração dos jovens
e que a pesquisa que estes fazem é muito mais superficial do que a dos seus progenitores. Isto significa que mais
informação pode não ser sinónimo de qualidade. Questionado sobre a quantidade de informação que alguns
cliques permitem obter, Nicholas Carr, uma das vozes céticas da internet, respondeu:
Internet nos incita a buscar lo breve y lo rápido y nos aleja de la posibilidad de concentrarnos en una sola
cosa. Lo que yo defiendo en mi libro es que las diferentes formas de tecnología incentivan diferentes formas
de pensamiento y por diferentes razones Internet alienta la multitarea y fomenta muy poco la concentración.
(Carr, 2011)

Os jovens que frequentam hoje o terceiro ciclo e o ensino secundário, nascidos entre 1992 e 2000, constituem
a geração dos nativos digitais, usando a terminologia de Prenski (2001).
Os telemóveis e outros dispositivos eletrónicos com acesso à internet permitem aceder a canais de rádio,
televisão, jornais e revistas e movimentar-se nas redes sociais, entre outros serviços disponíveis. No retrato que
faz desta geração digital, Melão) considera que o aspecto com maior relevância na vida dos jovens se baseia
na “exposição a diferentes media em simultâneo e as consequências decorrentes de distintos níveis de acesso
à Internet e actividades levadas a cabo online” (2011, p.95). Neste mesmo retrato, a autora, citando Cardoso,
Espanha e Lapa, refere que “o telemóvel e o computador são instrumentos indispensáveis de interação social,
combinados em simultâneo com media tradicionais, tais como o cinema e a televisão” e que estes começam a ser
utilizados cada vez mais cedo: “em todos os países um terço das crianças com nove/dez anos que usa a internet
fá-lo diariamente” (apud Melão, 2011).
Conhecer a perceção dos jovens sobre os meios de comunicação, a utilização que fazem deles, quais
privilegiam, que serviços usam e com que objetivo e saber se a idade e o ano de escolaridade influenciam o
uso que fazem destes meios foi o propósito do estudo que se apresenta realizado numa escola com 3º ciclo e
secundário da cidade de Bragança.

Metodologia e análise de dados

Este estudo realizou-se numa escola de Bragança, com uma população de 497 alunos do ensino regular,
sendo questionados 40% dos alunos de cada ano do 7º ao 12º, da turma A e B.. Com a aplicação do inquérito,
pretendeu-se avaliar a quantidade de tempo que os jovens dedicam a cada meio e quais preferem, o tipo de uso
efetuado, a relação dos média com a aquisição de conhecimento, quais os meios utilizados preferencialmente
na obtenção de informação, a perceção sobre a fiabilidade que lhes atribuem e quais as redes sociais e serviços
preferidos.
Teixeira, Teixeira, Guerra, Gonçalves, Lopes (2012)

ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012

35
Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança

Os jovens inquiridos têm idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos. A habilitação dos pais é bastante
heterogénea como o gráfico seguinte mostra, mas revela também que os dos alunos de 7º ano são os que possuem um nível de formação mais avançado, com cerca de 60% das mães e de 50% dos pais com licenciatura ou
formação superior a esta. Regista-se, também o facto de 11% dos pais e 7% das mães dos alunos de 8º ano não
possuírem a escolaridade mínima. Neste ano de escolaridade nenhum dos progenitores é licenciado. ������������
cor, funcionando melhor em condições de baixa luminosidade e especialmente sensíveis na deteção de movimentos na visão
periférica). Esta conversão dá-se através de uma reação química sendo, posteriormente, estes impulsos levados
até ao cérebro, onde serão interpretados. Mais uma vez, passa a existir, em vez de um estímulo, uma sensação.
(Faisca, pp. 4,5)

	

Gráfico 1 - Habilitações académicas dos pais

36

				

Gráfico 2 - Habilitações académicas dos pais	

Teixeira, Teixeira, Guerra, Gonçalves, Lopes (2012)

ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012
revista júnior de investigação
No que diz respeito à relação dos jovens com os média, constata-se que, ao contrário do que acontece com
a televisão, que regista uma forte utilização todos os dias, a imprensa escrita e online é muito menos procurada e
a diferença entre uma e outra não é significativa. Destacam-se os 7º e o 12º anos na leitura de jornais impressos
4 a 6 vezes por semana. O caso dos mais velhos pode ser explicado pela maturidade e exigência de informação
nesse nível de ensino, o dos mais novos poderá relacionar-se com o nível cultural do agregado familiar, como
os gráficos dedicados a esse dado documentam. Isto pode explicar também que 50% dos alunos de 7º afirmem
ler a imprensa online 1 a 3 dias por semana e 41% dos de 12º todos os dias. Curiosamente, 4% dos alunos nunca
vê televisão e são de 12º ano. Apesar de se poder pensar que a imprensa online está a destronar a impressa, os
resultados mostram que ainda não existe uma preferência muito clara pela primeira com exceção dos alunos de
12º ano, pois 41% afirma ler jornais e revistas online todos os dias e 30% 4 a 6 vezes por semana. No terceiro ciclo
a percentagem de alunos que nunca lê a imprensa online é bastante elevada, mas esse número vai decrescendo
ao longo dos três anos do ensino secundário, crescendo o número dos que a leem todos os dias, até aos 41% já
referidos.
Quanto à rádio, esta continua a ser usada, mas, como o Gráfico 1 documenta, esse uso não se relaciona com
a procura de informação. Deverá ocorrer sobretudo para ouvir música.

Gráfico 3 - Relação dos jovens com os média (televisão e rádio)

Gráfico 4 - Relação dos jovens com os média (jornais e revistas)

Teixeira, Teixeira, Guerra, Gonçalves, Lopes (2012)

ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012

37
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Adolesciencia abril 12

  • 1. www.adolesciencia.ipb.pt artigos entrevistas ISSN - 2182-6277 relatos recensões cu revista júnior de investigação In c ent iva A importância da Educação Sexual em meio escolar Como seria a Terra sem a Lua? Efeitos da microgravidade no raciocínio lógico-matemático, proposta de experimentação Inverno demográfico O clima de Trás-os-Montes – características, curiosidades e evolução Os jovens e os média numa escola de Bragança Os espectadores de cinema em Portugal nos últimos 40 anos - O caso da cidade de Bragança ão aç stig n d o a in v e . . . . . . . . . . . . . . . . . Artigo no Desenvolvimento Sustentável: a Educação e o Ambiente Plantas medicinais transmontanas: principais espécies e usos e sua fiabilidade no combate a problemas de saúde Emagrecer sem benefícios en sin i o bá d ár sic o e se c u n Luz e Sombra em Mensagem de Fernando Pessoa Sinto, logo penso - O estímulo-reflexão em Fernando Pessoa, Ortónimo Lendas e Mitos das Fontes do Concelho de Bragança Relato Líquenes como bioindicadores de poluição atmosférica Organização Celular e Observação Microscópica Peso e Massa de um Corpo Procriação médica assistida - presente e futuro . . . Artes Matemática e Ciências Naturais Ciências Humanas, Sociais e da Educação Ciências Agrárias Ciências Documentais Literatura e Linguística Ciências do Desporto e da Saúde Recensão O Ano da Morte de Ricardo Reis O Retrato de Dorian Gray Entrevista André Novo: a inovação nos cuidados de saúde em Trás-os-Montes Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança Campus de Santa Apolónia - Apartado 1101 - 5301-856 Bragança Telf. - 273 303 000 / 273 330 649 Fax. - 273 313 684 E-mail - adolesciencia@ipb.pt o se adolesciência Vol 1, nº 1 Abril, 2012
  • 2. Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança AdolesCiência Volume 1, Nº 1, Abril de 2012 Publicação bianual Diretor Vitor B. Gonçalves, Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança Diretora-adjunta Luísa Diz Lopes, Agrupamento de Escolas Abade de Baçal Conselho Científico 2 Albino António Bento, Escola Superior Agrária - Instituto Politécnico de Bragança Alexandra Soares Rodrigues, Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança Ana Luísa Alves, EB2/3 de Valpaços Ana Maria Alves, Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança António Francisco Ribeiro Alves, Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança Carla do Espírito Santo Guerreiro, Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança Carlos Aguiar, Escola Superior Agrária - Instituto Politécnico de Bragança Carlos Mesquita Morais, Escola Superior de Educação Instituto Politécnico de Bragança Delmina Maria Pires, Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança Eugénia Jorge Anes, Escola Superior de Saúde - Instituto Politécnico de Bragança Fernanda Monteiro Vicente, Agrupamento de Escolas de Macedo de Cavaleiros Henrique da Costa Ferreira, Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança Ilda Freire Ribeiro, Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança Jorge M. M. Morais, Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança João Marques Gomes, Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança José Augusto Bragada, Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança Manuel Vara Pires, Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança Maria Cristina Martins, Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança Maria Helena Pimentel, Escola Superior de Saúde - Instituto Politécnico de Bragança Maria José Afonso Magalhães Rodrigues, Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança Maria Nascimento Mateus, Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança Paulo Alexandre Alves, Escola Superior de Tecnologia e Gestão - Instituto Politécnico de Bragança Rosa Maria Ramos Novo, Escola Superior de Educação Instituto Politécnico de Bragança Vasco Paulo Alves, Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança Conselho Editorial Adorinda Maria Gonçalves, Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança Anabela Rodrigues, Agrupamento de Escolas Paulo Quintela Ana Marcos, Escola Secundária Emídio Garcia Ana Paula Soares e Romão, Agrupamento de Escolas Abade de Baçal António Luís Ramos, Agrupamento de Escolas de Macedo de Cavaleiros Cecília de Lurdes Falcão, Escola Secundária Miguel Torga Cristiana Veloso Morais,Agrupamento de Escolas Abade de Baçal Irene Maria Capela Alves, Escola EB/S D. Afonso III - Vinhais Iria dos Anjos ds Silva Gonçalves, Escola Básica e Secundária D. Afonso III Isabel Chumbo, Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança Isabel Ribeiro Castro, Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança João Sérgio Pina Sousa, Escola Superior de Educação Instituto Politécnico de Bragança Manuel Norberto Trindade, Agrupamento de escolas Abade de Baçal Margarida Benigna Rodrigues, Agrupamento de Escolas Paulo Quintela Maria Amélia Rodrigues de Sampaio e Melo, Agrupamento de Escolas Abade de Baçal Maria Antónia Pires Martins, Agrupamento de escolas Paulo Quintela Maria da Anunciação Pais Lopes de Melo Vaz, Escola Secundária Miguel Torga Maria Eugenia Rocha, Escola Secundária Miguel Torga Maria Rosário Caldeira, Escola Secundária Miguel Torga - Bragança Olga Maria Nunes, Escola Secundária Miguel Torga Paula Maria Veigas Minhoto, Agrupamento de Escolas Abade de Baçal Sofia Rodrigues, Instituto Politécnico de Bragança - Escola Superior de Educação Sónia de Lurdes Rodrigues, Agrupamento de Escolas Abade de Baçal Conselho de Redação Luísa Diz Lopes, Agrupamento de Escolas Abade de Baçal Vitor B. Gonçalves, Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança ISSN: 110/2012 Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança Campus de Santa Apolónia - Apartado 1101 - 5301-856 Bragança Telf. 273 303 000 - 273 330 649 - Fax. 273 313 684 E-mail: adolesciencia@ipb.pt www.adolesciencia.ipb.pt ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012
  • 3. revista júnior de investigação Nota de Abertura O mundo atual compele as sociedades para um compromisso quase absoluto com a ciência e a técnica. E a sua presença no nosso quotidiano é tão intensa que se mascara com a própria realidade. E este é um percurso incontornável. Da mesma forma, o percurso escolar dos jovens, independentemente das áreas de formação que seguem, deve conter a informação e fornecer as ferramentas para que os mesmos possam vir a ser participantes ativos no seu mundo. Disso depende a sua integração e o seu sucesso. Ter competências que permitam ao indivíduo apreender a realidade que o envolve, retirar dela a informação necessária para a compreensão dos fenómenos que o circundam e tirar daí conclusões sobre os melhores percursos a seguir e ações a tomar são essenciais para a sua adaptação competitiva. Nesse sentido, é fundamental estimular os jovens a realizarem projetos de investigação, com graus de desenvolvimento diferenciados consoante a sua faixa etária, mas usando metodologias adequadas. A escola desempenha um papel fundamental neste domínio, dado que tem a responsabilidade de fornecer os conhecimentos e desenvolver as competências investigativas das crianças e dos jovens. Mas isso não se faz de forma passiva, explicando. É necessário ir mais além, envolver, fazer com que participem ativamente, criar grupos de pesquisa que possam por em marcha um projeto de investigação, adequado à sua faixa etária, mas sem desvirtuar o processo. Muitas das questões levantadas por estes jovens investigadores serão simples, quase banais. Mas, se a investigação for conduzida com rigor, sem faz-de-conta, não será de desprezar. Por um lado, porque o conhecimento nunca é de mais. Por outro lado, porque contribuiu para formar cidadãos melhor preparados para o mundo atual. E, se essa investigação for complementada com a elaboração de um texto que a descreva, então o seu contributo é ainda mais relevante. Dar visibilidade a estes projetos, desenvolvidos em ambiente escolar, resultantes de um trabalho participado por alunos e professores, é uma das principais tarefas a que se propõe a AdolesCiência. Espera-se que a divulgação das experiências de investigação realizadas por estes jovens possa contribuir para que muitas outras investigações se realizem e, igualmente, passem para um registo escrito. Maria da Conceição da Costa Martins Diretora da Escola Superior de Educação Instituto Politécnico de Bragança ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012 3
  • 4. Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança Editorial 4 Jovens, investigação, ciência e comunicação são quatro conceitos que norteiam o projeto que culmina com a publicação deste primeiro número da revista AdolesCiência. Com o objetivo de desenvolver a consciência científica dos jovens, envolveram-se as escolas básicas e secundárias, mobilizando docentes que se disponibilizaram para sensibilizar e orientar colegas e alunos para a participação neste projeto e correspondente construção de trabalhos. Para assegurar a qualidade dos trabalhos publicados, pudemos contar com a disponibilidade dos docentes das escolas de terceiro ciclo e secundário e das várias escolas que integram o Instituto Politécnico de Bragança que aceitaram efetuar o trabalho de revisão, apesar dos constrangimentos temporais que a sua atividade lhes coloca. Tínhamos consciência de que a tarefa não seria fácil: a tipologia textual é exigente e o processo de produção e revisão é longo; os alunos têm tendência a fugir do que exige muito esforço; os professores nas escolas estão mergulhados em trabalho, o que lhes deixa pouco tempo disponível para outras atividades. Mas também tínhamos a convicção de que era possível iniciar um processo de mudança e de que podíamos contar com a capacidade de trabalho, com a competência e disponibilidade existente nos diversos estabelecimentos de ensino. Pensamos ter sido dado um passo significativo no sentido de contribuir para que os alunos possam olhar para a investigação e para a comunicação escrita de forma mais consciente e crítica. Por isso, a morosidade do percurso foi compensada pela vontade de contribuir para a educação integral dos jovens incentivando-os a investigar e a comunicar o conhecimento aprendido. Não foi uma vontade solitária. A ela juntaram-se muitas pessoas que acreditaram que era possível percorrer com esses jovens o caminho da construção de conhecimento. Essas divulgaram o projeto, incentivaram colegas e jovens a aderir a este desafio, orientaram alunos e acompanharam-nos durante o longo processo cujo resultado superou as nossas expectativas iniciais. E porque acreditamos que a literatura é realmente uma base fundamental na construção do homem e que o desenvolvimento da competência científica não exclui a importância da competência literária, como Rómulo de Carvalho/António Gedeão tão bem comprovou, não podemos deixar de citar uma das mais belas passagens de Memorial do Convento, quando Bartolomeu Gusmão, o padre cientista, pede à enigmática Blimunda que recolha as vontades que farão voar a passarola e as coloque num frasco : “Tem uma vontade dentro, já está cheio, mas esse é o indecifrável mistério das vontades, onde couber uma, cabem milhões, o um é igual ao infinito”. Por isso a revista AdolesCiência está aberta a todos quantos pretendam enveredar pelo caminho do conhecimento. Onde cabe um, cabem muitos. Apresentam-se aqui vinte e quatro trabalhos distribuídos por diversas tipologias e áreas do conhecimento, que fornecem uma boa perspetiva do que pode ser feito nas escolas. Estes abrem um caminho que, esperamos, seja longo e profícuo. Aos autores e professores que os orientaram, fica um sincero agradecimento. Luísa Diz Lopes Vitor B. Gonçalves ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012
  • 5. revista júnior de investigação artigo- investigação & práticas A importância da Educação Sexual em meio escolar The importance of sex education in schools Ana Beatriz Alves Machado ana.beatriz.alves.machado@hotmail.com Lígia Raquel Neves Fraga ligia_fraga@hotmail.com Ana Rita Carvalho Costa ritacosta1997@hotmail.com Rúben Miguel do Adro Tacheiro ruben_miguel17@live.com.pt Prof. Ana Luísa Videira Alves analuisalves@gmail.com Escola Básica Júlio do Carvalhal, Agrupamento de Escolas de Valpaços – Portugal Resumo Em Portugal existe legislação referente à educação sexual em meio escolar desde 1984. A mais recente é de agosto de 2009. Este estudo pretende perceber se esta lei está a ser cumprida num Agrupamento de Escolas do norte do país e quais as principais dúvidas, relacionadas com a sexualidade, que os adolescentes apresentam. Para isso foi aplicado um questionário a 274 alunos (46.4% de rapazes e 53.6% de raparigas), entre os 10 e os 20 anos de idade (média = 13.7%). O estudo permitiu concluir que a maioria (75.4%) concorda com aulas de educação sexual nas escolas, no entanto, do total da amostra, 59.0% nunca tiveram aulas de educação sexual. Também se percebeu que grande parte não fala nunca destes assuntos com os pais (34.1%). As dúvidas relacionadas com a temática são variadas (desde as mudanças na adolescência, às doenças sexualmente transmissíveis ou aos métodos contracetivos, passando pela relação que estes jovens estabelecem com os pais e amigos), pelo que se torna necessária e urgente a aplicação da atual legislação sobre a educação sexual nas escolas do nosso país. Palavras – chave: Educação Sexual, escola, adolescentes Abstract In Portugal there is legislation regarding sex education in schools since 1984. The latest is from August 2009. This study aims to understand whether this law is being accomplished in a Group of Schools from the north of the country and what are the main questions that adolescents have as far as sexuality is concerned. For this purpose a questionnaire was given to 274 students (46.4% were boys and 53.6% were girls) between the ages of 10 and 20 (average = 13.7%). The study concluded that the majority (75.4%) agrees with sex education in schools, however, from the total sample 59.0% have never had sex education classes. It was also noticed that most never speak about these matters with their parents (34.1%). Doubts related to the topic are varied; it is therefore necessary and urgent the implementation of current legislation on sex education in the schools of our country. Keywords: Sexual Education, school, adolescents Sobre o(s) autor(es) Ruben (15 anos) - Ainda não decidiu que profissão quer seguir, embora se sinta inclinado a escolher algo relacionado com a área da saúde. Interessa-se por ciências e música. Pratica danças de salão. Lígia (14 anos) - Quer seguir a área de contabilidade e gestão. As áreas de interesse prendem-se com as artes e a dança. Parte do seu tempo é dedicado à dança clássica e contemporânea.  Ana Beatriz (14 anos) - Ainda se sente indecisa quanto ao seu futuro profissional, mas gostaria de seguir um curso superior relacionado com a área de humanidades. A arte, em geral, faz as suas delícias; gosta de cantar, dançar e desenhar. Ana Rita (14 anos) - Gostaria de ser médica ou farmacêutica. Adora música e astronomia. Toca piano e lê muito. Como não há ondas em valpaços dedica-se a “surfar” na net, mantendo-se sempre bastante informada. Volume 1 (1), Abril de 2012 5
  • 6. Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança Introdução Em Portugal, de acordo com Reis e Matos (2008), a abordagem da educação sexual nas escolas tem levado, nas últimas décadas, a grandes debates e tomada de diferentes posições. Os mesmos autores referem que a primeira legislação sobre a implementação desta temática em meio escolar data dos anos oitenta (Lei n.º 3/84 de 24 de março – Educação Sexual e Planeamento Familiar). No entanto, à data, apesar da existência desta legislação e da introdução do tema nos currículos, a educação sexual continuava a ser um tema polémico (Vilar, 1987). Já em 2005 o Ministério da Educação cria o Grupo de Trabalho para a Educação Sexual (GTES) que recomenda a abordagem da educação sexual no âmbito de um programa de promoção da saúde. Porém, de acordo com Anastácio (2007), embora existisse toda esta legislação desde 1984, a educação sexual nas escolas continuava a não ser implementada, o que talvez explique a publicação, a 6 de agosto de 2009, da Lei 60 /2009. Esta torna obrigatória a abordagem da temática em todas as turmas do ensino básico e secundário e recomenda a criação de gabinetes de apoio e informação ao aluno em todos os estabelecimentos de 3º ciclo e ensino secundário. De facto, as escolas são o mais importante meio para trabalhar com os jovens este tipo de temas, para assim promover atitudes positivas face à sua saúde e sexualidade (Gaspar, Matos, Gonçalves, Ferreira, & Linhares, 2006). Por norma, “os adolescentes passam cada vez mais tempo com os amigos e comunicam menos com os pais” (Tomé, 2009, p.162). Para Matos (2009) as conversas entre pais e filhos prendem-se essencialmente com a vida escolar, enquanto é com os amigos que eles falam das suas dúvidas face às emoções e à sexualidade. Muitos jovens dizem não falar com os pais sobre estes assuntos por vergonha e medo que os pais possam vir a desconfiar de uma suposta vida sexual precoce (Gaspar et al., 2006). Tudo isto pode contribuir para que a informação obtida sobre estes assuntos nem sempre seja a mais correta, nem que as escolhas dos adolescentes sejam as mais adequadas (Ramiro, Reis, & Matos, 2008). Por este motivo é importante que os pais se consciencializem do seu papel formador, educando corretamente os seus filhos nesta área e que as escolas interviessem de uma forma complementar e clarificadora (Reato, 2006). 6 Metodologia Fizeram parte da amostra 274 alunos de um Agrupamento de Escolas do distrito de Vila Real. Os participantes tinham idades compreendidas entre os 10 e os 20 anos, a frequentar o 2º e 3º ciclos do ensino básico e ensino secundário. Pertenciam ao sexo feminino 53.6% da amostra e ao sexo masculino os restantes 46.4%. Para a recolha dos dados foi utilizado um questionário (de caráter anónimo) que foi aplicado a 25.0% da população escolar do referido Agrupamento. O questionário era constituído por 23 questões fechadas e uma questão aberta. Um dos grupos de perguntas referia-se a questões relacionadas com a opinião dos alunos sobre a implementação da educação sexual nas escolas. Um segundo grupo de questões tinha por objetivo perceber quais as dúvidas dos alunos relacionadas com a temática da sexualidade. Um último grupo referia-se às fontes de informação dos jovens sobre estes assuntos. Após a recolha dos dados, construiu-se uma base de dados, tratados quantitativamente com o programa SPSS (Statistic Package for Social Sciences) – versão 16. Análise dos dados A leitura da tabela I permite-nos perceber que a maioria dos inquiridos concorda com a implementação de aulas de Educação Sexual nas escolas. A percentagem de alunos que concorda com esta medida é muito aproximada em ambos os sexos sendo, no entanto, os que frequentam o ensino secundário quem mais concorda, quando comparados com os alunos de 2º e 3º ciclos. Relativamente ao facto de já terem tido, ou não, aulas de Educação Sexual na escola, observamos que a grande maioria nunca teve este tipo de aulas, sendo Machado, Costa, Fraga,Tacheiro,, Alves (2012) ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012
  • 7. revista júnior de investigação Concorda com as aulas de Educação Sexual na Escola? - Concorda - Não concorda nem discorda - Discorda Já teve aulas de Educação Sexual ao longo da vida? - Sim - Não Costuma falar de assuntos relacionados com a sexualidade com os pais? - Muitas vezes - Algumas vezes - Raramente - Nunca Costuma fazer pesquisas na Internet para esclarecer dúvidas relacionadas com esta temática? - Quase sempre - Muitas vezes - Algumas vezes - Raramente - Nunca (n = 80) Ensino Secundário (n=120) 3º Ciclo (n = 74) 2º Ciclo (n = 147) Raparigas (n = 127) Rapazes (n=274) Amostra total os alunos do ensino secundário quem mais responde nunca ter tido aulas de educação sexual ao longo da sua vida de estudantes. Constatámos ainda que os alunos a frequentar o 2º e 3º ciclos nunca, ou raramente, abordam estes assuntos ou partilham pareceres com os seus familiares, ao mesmo tempo que percebemos que os jovens que falam mais com os pais são os do ensino secundário. No que concerne à utilização da internet como meio de esclarecimento de dúvidas sobre esta temática, a quase totalidade responde que nunca ou raramente utiliza este meio para clarificar as suas dúvidas. Comparando ambos os sexos apercebemo-nos de que os elementos do sexo masculino tendem a utilizar mais a internet para este fim, bem como os alunos do ensino secundário, quando comparados com os do 2º e 3º ciclos. 75.4 19.5 5.1 78.7% 15.7% 5.5% 75.4% 19.5% 5.1% 58.9% 24.7% 16.4% 78.2% 21.0% 0.8% 86.2% 12.5% 1.2% 41.0% 59.0% 36.5% 63.5% 44.9% 55.1% 35.1% 64.9% 56.3% 43.7% 23.8% 76.2% 6.2% 24.5% 35.2% 34.1% 5.6% 18.3% 38.9% 37.3% 6.8% 29.9% 32.0% 31.3% 2.7% 12.3% 39.7% 45.2% 5.0% 25.8% 34.2% 35.0% 11.2% 33.8% 32.5% 22.5% 3.0% 3.4% 25.4% 25.0% 43.3% 4.8% 4.0% 23.4% 28.2% 39.5% 1.4% 2.8% 27.1% 22.2% 46.5% 2.8% 2.8% 15.5% 12.7% 66.2% 3.4% 4.3% 22.2% 27.4% 42.7% 2.5% 2.5% 38.8% 32.5% 23.8% Tabela I – Opiniões / perceções sobre a Educação Sexual na Escola em função da amostra total, do sexo e do ciclo / nível de ensino frequentado (n =274) De acordo com os dados da tabela II podemos observar que a maior parte das dúvidas destes alunos se prendem com as doenças sexualmente transmissíveis (61.9%), os métodos contracetivos (52.9%) e as mudanças na adolescência (51.0%). Os relacionamentos com colegas e amigos (43.7%), os relacionamentos com pais e outros familiares (42.7%) e os sistemas reprodutores (33.2%) são as dúvidas referidas em menor percentagem. É no 2º ciclo que se registam mais dúvidas, principalmente ao nível das temáticas: mudanças na adolescência (70.0%), doenças sexualmente transmissíveis (69.7%) e relacionamentos com os colegas e amigos (50.7%). No 3º ciclo e secundário os alunos referem, principalmente, como assuntos sobre os quais gostariam de ter mais informação: doenças sexualmente transmissíveis (63.6% e 53.2%, respetivamente) e métodos contracetivos (59.7% e 46.9%, respetivamente). Machado, Costa, Fraga,Tacheiro,, Alves (2012) ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012 7
  • 8. Sistemas reprodutores - Totalmente falso - Falso - Verdadeiro - Totalmente verdadeiro (n = 80) Ensino Secundário (n=120) 3º Ciclo (n = 74) 2º Ciclo (n = 147) Raparigas (n = 127) Rapazes (n=274) Amostra total Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança 27.9% 38.9% 26.8% 6.4% 32.0% 33.6% 24.8% 9.6% 24.3% 43.6% 28.6% 3.6% 17.6% 39.7% 29.4% 13.2% 29.4% 32.8% 32.8% 5.0% 34.6% 47.4% 15.4% 2.6% 20.6% 28.5% 33.0% 18.0% 24.6% 21.4% 31.7% 22.2% 17.0% 34.8% 34.0% 14.2% 10.0% 20.0% 40.0% 30.0% 20.2% 23.5% 37.0% 19.3% 30.8% 43.6% 20.5% 5.1% 19.0% 37.3% 30.8% 12.9% 21.3% 32.0% 35.2% 11.5% 17.0% 41.8% 27.0% 14.2% 12.3% 36.9% 33.8% 16.9% 17.6% 31.9% 37.8% 12.6% 26.6% 45.6% 17.7% 10.1% 25.0% 32.3% 30.4% 12.3% 29.3% 29.3% 30.1% 11.4% 21.2% 35.0% 30.7% 13.1% 21.9% 34.4% 20.3% 23.4% 26.1% 24.4% 39.5% 10.1% 26.0% 42.9% 24.7% 6.5% 13.3% 24.7% 33.8% 28.1% 17.1% 22.0% 31.7% 29.3% 10.0% 27.1% 35.7% 27.1% 9.1% 21.2% 33.3% 36.4% 13.6% 22.9% 33.9% 29.7% 16.5% 30.4% 34.2% 19.0% 16.2% 30.9% 32.8% 20.1% 18.7% 30.9% 28.5% 22.0% 14.0% 30.9% 36.8% 18.4% 11.5% 41.0% 34.4% 13.1% 15.1% 25.2% 38.7% 21.0% 21.5% 31.6% 22.8% 24.1% Mudanças da adolescência - Totalmente falso - Falso - Verdadeiro - Totalmente verdadeiro Relacionamento com amigos e colegas - Totalmente falso - Falso - Verdadeiro - Totalmente verdadeiro Relacionamento com pais e outros familiares - Totalmente falso - Falso - Verdadeiro - Totalmente verdadeiro 8 Doenças sexualmente transmissíveis - Totalmente falso - Falso - Verdadeiro - Totalmente verdadeiro Métodos contracetivos - Totalmente falso - Falso - Verdadeiro - Totalmente verdadeiro Tabela II – Principais dúvidas dos alunos em função da amostra total, do sexo e do ciclo / nível de ensino frequentado (n =274) Machado, Costa, Fraga,Tacheiro,, Alves (2012) ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012
  • 9. revista júnior de investigação Conclusões Os resultados permitem-nos concluir que a implementação das aulas de educação sexual, nas escolas deste agrupamento, ainda não é algo que aconteça em todas as turmas, uma vez que a maioria dos alunos refere nunca ter tido aulas relacionadas com este tema. Percebemos ainda que seria importante que estes assuntos fossem abordados nas aulas, não só porque seria algo que iria ao encontro dos interesses destes alunos, mas também porque estes não costumam falar destes assuntos com os adultos, como confirma o nosso estudo: poucos são os jovens que mantêm diálogo com os pais sobre sexualidade. De acordo com a literatura os adolescentes preferem falar destes assuntos com os amigos e não com os pais (Matos, 2009; Ramiro et al, 2008; Tomé, 2009). Seria importante que fosse um adulto a esclarecer as dúvidas dos mais novos pois, como ficou claro no nosso estudo, estas apresentam-se em elevada percentagem na amostra estudada. A Escola seria, assim, a par com a família, o meio mais favorável à abordagem desta temática uma vez que é neste espaço que os jovens passam a maior parte do dia. Referências Bibliográficas Anastácio, Z. (2007). Educação Sexual no 1.º CEB: Conceções, Obstáculos e Argumentos dos professores para a sua (não) consecução. Tese de Doutoramento. Braga: Instituto de Estudos da Cri­ nça - Universidade do Minho. a Gaspar, T., Matos, M. G., Gonçalves, A., Ferreira, M..& Linhares, F. (2006). Comportamentos Sexuais, conhecimentos e atitudes face ao VIH / SIDA em adolescentes migrantes. Psicologia, Saúde & Doenças, 7 (2), 299 – 316. GTES (2005). Educação para a saúde – relatório preliminar, acedido em julho de 2007 em www.dgidc.min-edu.pt Lei n.º 3/84 de 24 de março Lei 60 /2009 de 6 de agosto Matos, M. G. (2009). Novos desafios. In Matos, M.G. & Sampaio, D. (Coords.). Jovens com Saúde – Diálogo com uma geração. Lisboa: Texto Editores,pp.328 – 339. Ramiro, L., Reis, M. & Matos, M. G. (2008). Educação Sexual: propostas para Escolas. In Matos, M. G. (Coord.). Sexualidade, Segurança & SIDA – estado da arte e propostas em meio escolar. Lisboa: Aventura Social e Saúde, pp. 223 – 264. Reato, L.F.N. (2006). Desenvolvimento da sexualidade. In Kobayashi, S. T. (Coord.).Manual de Atenção à Saúde do Adolescente. São Paulo: UniRepro, pp. 109-115. Reis, M. & Matos, M.G. (2008) Educação Sexual na atualidade: perspetivas e caminhos. In Bonito, J. (Coord.). Educação para a Saúde no século XXI – Teorias, Modelos e Práticas. (pp.839 - 854). Évora: Universidade de Évora / CIEP. Tomé, G. (2009). Os amigos e o grupo. In Matos, M.G. & Sampaio, D. (Coords.). Jovens com Saúde – Diálogo com uma geração. Lisboa: Texto Editores, pp. 156 – 163. Vilar, D. (1987). Aprendizagem sexual e educação sexual. In Gomes, F., Albuquerque, A. Nunes, J. S. (coords.). Sexologia em Portugal. Lisboa: Texto Editora, pp. 165 – 179. Machado, Costa, Fraga,Tacheiro,, Alves (2012) ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012 9
  • 10. Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança artigo - investigação & práticas Como seria a Terra sem a Lua? How would the Earth be without moon? Adriana Patrícia Gonçalves Estevinho a.dizinha@hotmail.com Elisabete da Conceição Afonso Mesquita Elisabete.can96@hotmail.com Prof. Paula Maria Lino Veigas Minhoto Agrupamento de Escolas Abade de Baçal Paula Minhoto@gmail.com Resumo A vida que existe na Terra resulta de um conjunto de circunstâncias muito particulares e raras nas quais se inclui a presença da Lua. A Lua é o satélite natural da Terra e os dois planetas influenciam-se mutuamente. Apesar de ser um pequeno planeta a Lua é responsável por vários fenómenos terrestres como as marés que afetam a velocidade de rotação da Terra. O seu afastamento, apesar de lento é constante e provocará alterações nas condições do planeta que permitem sustentar a vida e afectará algumas espécies em particular. Palavras-chave: Lua, Terra, gravidade, planeta e satélite. Abstract 10 Life on Earth results from a whole of very particular and rare circumstances in which the presence of the Moon is included. The Moon is a natural satellite of the Earth and both planets influence each other. In spite of being a small planet, the Moon is responsible for many land  phenomenons like tides that affect the speed of the Earth’s rotation. Its distance , in spite of being slow is constant and will cause changes in the conditions of the planet that enable to maintain life and will affect some species in particular. Keywords: Moon, Earth, gravity, planet, satellite. Sobre o(s) autor(es) Adriana Estevinho (15 anos) - tem como disciplina preferida a física e química e gostava de ser farmacêutica. Os tempos livres são, preferencialmente para ouvir música e passear. Elisabete Mesquita ( 16 anos) - gosta de tudo o que se relacione com medicina. Gostava de ter uma carreira ligada à cirurgia. Nos tempos livres, o que gosta mesmo de fazer é ouvir música e passear. Volume 1 (1), Abril de 2012
  • 11. revista júnior de investigação A TERRA E A LUA A Lua é o único satélite natural da Terra e é uma companhia constante do nosso planeta no seu percurso em torno do Sol. A origem da Lua só começou a ser esclarecida depois da análise das rochas trazidas para Terra pelas missões Apollo. Esta análise revelou que a constituição das rochas dos dois planetas é muito semelhante o que levou à teoria hoje mais aceite sobre a origem da Lua: um planeta semelhante a Marte teria chocado com a Terra arrancando parte da sua crusta, os fragmentos projectados ter-se-iam reagrupado e originado a Lua (Oliveira, 2007). Segundo Silva, Santos, Gramaxo, Mesquita, Baldaia e Félix (2007) “a Lua, constitui com a Terra, um conjunto raro no sistema solar, pois a sua dimensão comparada com a dimensão da Terra é excepcionalmente grande relativamente ao que acontece com os outros planetas e seus satélites”(p. 82). A Lua encontra-se a 380 000 km da Terra e esta proximidade faz com que pareça muito maior do que é na realidade. Possui cerca de 3.460 km de diâmetro, 27% do diâmetro da Terra. Esta pequena bola de rocha, poeirenta e sem atmosfera, determina muito do que se passa no planeta Terra. Para além de ser a nossa vizinha celeste mais próxima é também como um escudo protector que nos defende contra o impacto de alguns meteoritos ao interpor-se entre eles e a Terra. É a sua presença que mantém a nossa posição numa zona do sistema solar cuja temperatura é a ideal para a manutenção das condições de existência de vida - mais perto do Sol seria demasiado elevada e mais longe demasiado baixa. É também devido à presença da nossa Lua que o eixo da Terra é estável (Santos, 2003) e tem uma inclinação de 23,4 graus, o que origina as estações do ano. A Lua, como todos os planetas, não tem luz própria, reflete a luz solar. A forma como a vemos no céu depende da incidência dos raios solares. Quando a Lua se encontra alinhada com o Sol, a face que é visível da Terra está totalmente às escuras e a face oculta está iluminada (fase de lua nova). Aproximadamente 7,5 dias depois, a Lua encontra-se num ângulo de 90º em relação ao Sol. Nesta posição, a porção iluminada equivale a metade da face visível, portanto um quarto da superfície lunar (fase de quarto crescente). Quando a Lua se encontra em oposição ao Sol, à volta de 15 dias após a Lua nova, a sua face visível fica totalmente iluminada (fase de lua cheia). Mais uma semana até que se forme um ângulo de 270º e a Lua estará em fase de quarto minguante. A quantidade de luz reflectida pela Lua cheia é 12 a 16 % mais que nas outras fases e ao incidir na Terra aclara as noites e influencia o comportamento de predadores e presas. Outro efeito da Lua sobre a Terra são as marés. A atração gravitacional da Lua é responsável pelos efeitos de maré que ocorrem na Terra.� “A palavra maré é um termo genericamente usado para definir a variação do nível do mar em relação à terra produzida pela atração gravitacional da Lua e do Sol. Como a Terra está muito mais perto da Lua as forças lunares geradoras de maré têm um efeito muito mais significativo sobre os oceanos, com importantes consequências de longo termo para a órbita lunar e rotação da Terra”(Pimenta, s. d., p.3) . Segundo o Instituto Hidrográfico (s. d.) de um modo geral, podemos dizer que a maré sobe quando das passagens meridianas superior e inferior da Lua, isto é, temos preia-mar (maré cheia) quando a Lua passa por cima de nós e quando a Lua passa por baixo de nós, ou seja, por cima dos nossos antípodas. Segundo Galeano (2009) a onda formada pelas marés é mais alta no lado da Terra próximo da Lua, devido à atracção, isso faz com que as águas nos pólos baixem para convergir no ponto mais próximo da Lua; porém, no lado oposto da Terra, a inércia excede, em módulo, a força devida à Lua, conforme princípio da acção reacção proposto por Newton, causando assim a mesma elevação nas águas nesse lado oposto. Isto significa que a maré irá subir do outro lado da Terra tanto quando sobe no lado que está próximo da Lua. Este efeito é particularmente intenso quando o Sol e a Lua estão em oposição (Lua cheia) ou alinhados (Lua nova): nesse caso, a influência do Sol reforça a da Lua e ocorrem as marés vivas (matematicamente os constituintes somam-se). Por outro lado, quando o Sol e a Lua estão em quadratura (Quarto crescente e Quarto minguante), a influência do Sol contraria a da Lua e ocorrem as marés mortas (matematicamente os constituintes subtraem-se). O efeito das marés causa um atrito com o fundo do oceano que atrasa o movimento de rotação da Terra fazendo com que a duração do dia aumente 0,002 s por século. A Lua está a afastar-se da Terra 3cm/ano (Pimenta, s. d.). Estevinho, Mesquita, Minhoto (2012) ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012 11
  • 12. Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança E se a lua não estivesse lá? A ideia de que a Lua influencia a vida na Terra é transversal a várias culturas e os seus efeitos estendem-se desde o crescimento do cabelo até ao dia em que nascem as crianças passando por quase tudo o que é possível imaginar. Embora nem todos eles estejam cientificamente comprovados para outros existe uma explicação lógica. A constatação de que a lua se está a afastar de nós torna importante conhecer a extensão e a veracidade de alguns dos supostos efeitos. 12 Sem a Lua a Terra oscilaria no espaço como um pião e perderia a sua posição privilegiada no sistema solar, a inclinação do eixo da Terra deixaria de ser estável e a Terra balançaria caoticamente, as variações de temperatura resultantes desta oscilação tornariam as condições impróprias para a existência de vida. As estações do ano tal como as conhecemos não existiriam, teríamos verões fora do normal com temperaturas acima dos 100º e invernos bastantes rigorosos, as placas de gelo avançariam pelo equador, os círculos polares derreteriam, os níveis dos oceanos subiriam, as ilhas desapareceriam e as cidades costeiras ficariam inundadas (Galeano, 2009). No entender de Santos (2003) o efeito das marés na desaceleração da Terra e consequente aumento da duração do dia provocará uma alteração entre o número de horas de luz e obscuridade (fotoperíodo). Esta alteração teria reflexos na produção e na reprodução das plantas, pois o seu desenvolvimento e, em particular, a floração está dependente do fotoperíodo e as alterações deste poderiam afectar as plantas com flor, a sua reprodução e dispersão. Tendo em conta que as plantas estão na base das cadeias alimentares, os efeitos estender-se-iam a outros seres vivos. O ciclo das marés faz variar, periodicamente, a imersão e emersão das zonas litorais e afecta os seres vivos das zonas-entre-maré. Muitas espécies destes locais apresentam aumento de atividade quando a maré sobe por exemplo: a anémona Actinia equina expande-se à medida que a maré enche (Costa, 2003). O ciclo das marés e o efeito da luminosidade nocturna da Lua afecta as correntes de nutrientes e a profundidade a que se distribuem os peixes, segundo Costa (2003), afectando directamente a pesca. Espécies migradoras, como as enguias, são afectadas pela subida e descida da maré. O afastamento da Lua ou a sua ausência alteraria o ritmo das marés e consequentemente a dinâmica da zona costeira e a possibilidade de sobrevivência das espécies destes locais. Espécies de vários filos apresentam ritmos lunares, principalmente em termos de comportamento reprodutivo. McDowall (1969) apresenta vários exemplos de seres vivos afectados por este fenómeno. Um exemplo muito conhecido é do peixe-rei da Califórnia Leuresthes tenuis , que abandona a água para depositar os ovos na areia sempre 3 ou 4 dias depois da lua nova ou da lua cheia. Segundo um artigo do site Ciência Hoje (2010)nos pólipos dos corais da família Acropora ocorre uma libertação simultânea de gâmetas, à noite, alguns dias após a lua cheia. Em todos estes seres vivos a ausência da Lua afectaria o ciclo de vida e poderia levar à sua extinção. Jovchevich (2006) apresenta um conjunto de estudos que mostram que existe um efeito das fases da Lua sobre o crescimento e desenvolvimento de algumas plantas. a) Existem no entanto algumas crenças populares que, achamos, podiam ser esclarecidas com procedimentos experimentais simples.O cabelo deve cortar-se sempre no quarto crescente. Para verificar se há diferenças entre cortar no quarto crescente ou no minguante a mesma pessoa cortaria o cabelo todos os meses, durante um ano cortaria o cabelo no quarto minguante e no ano seguinte no quarto crescente. O crescimento mensal do cabelo seria registado numa tabela. No final seriam comparados os registos de crescimento de cada mês e o total anual. b) Os bebés nascem quando muda a Lua. Consultar os registos de partos naturais, não induzidos, de uma maternidade, de um determinado período de tempo e compará-los com os registos de mudanças das fases lunares. Estevinho, Mesquita, Minhoto (2012) ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012
  • 13. revista júnior de investigação Conclusão É difícil saber com toda a certeza como seria a vida na Terra se a Lua nunca tivesse existido, tendo em conta que os seres vivos que existem hoje resultaram da acumulação de um conjunto único de circunstâncias entre as quais se encontra a presença da Lua. A vida seria com toda a certeza diferente. Conhecendo a influência da Lua em vários aspetos, é lógico prever que o afastamento do nosso satélite vai provocar alterações nas condições de vida da Terra e em particular na sobrevivência imediata de várias espécies. Há contudo alguns aspectos desta influência que não estão suficientemente esclarecidos e por isso não passam de crenças populares. Referências Bibliográficas Ciência Hoje (10-12-2010). A estranha reprodução nos recifes de corais http://www.cienciahoje.pt/index. php?oid=46422&op=all Galeano, D. (2009). Influência da Lua nas marés da Terra. Disponível em: http://curiofisica.com.br/ciencia/ fisica/influencia-da-lua-nas-mares-da-terra Instituto Hidrográfico. http://www.hidrografico.pt/glossario-cientifico-mares.php Jovchelevich; P.(2006 ) Revisão de literatura sobre a influência dos ritmos astronómicos na agricultura. Disponível em: http://www.fmr.edu.br/npi/014.pdf McDowall R.(1969). Lunar rhythms in aquatic animals a general review. Fisheries Research Division. Disponível em: http://www.nzetc.org/tm/scholarly/tei-Bio17Tuat03-t1-body-d5.html Oliveira, O.; Ribeiro, E.;Silva,J.(2007). Desafios. Edições ASA. Lisboa Pimenta, A.; Ferreira, L.;Afonso, G.;. Evolução dinâmica do sistema terra–lua: Um modelo semi-empírico. Disponível em: http://www.ufpe.br/cgtg/ISIMGEO/CD/html/geodesia/Artigos/G019.pdf Santos, C. (2003) Influência da astronomia nas Ciências agrárias. Disponível em: http://www.dfq.feis.unesp.br/ astro/arquivos/astronomia_cienciasagrarias.pdf Silva, A.; Santos, E., Gramaxo, F., Mesquita, A., Baldaia, L., & Félix. J.(2007). Terra Universo de Vida. Porto Editora. Porto 13 Estevinho, Mesquita, Minhoto (2012) ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012
  • 14. Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança artigo - investigação & práticas Efeitos da microgravidade no raciocínio lógicomatemático, proposta de experimentação Efects of microgravity in the logical and mathematical reasoning, experimentation proposal Eduardo Teixeira Soares Pereira dia_bos_1982_@hotmail.com Verónica Maria Podence Falcão veronicapodence@sapo.pt Prof. Sónia de Lurdes Rodrigues slgrodrigues@sapo.pt Agrupamento de Escolas Abade de Baçal - Bragança Resumo O trabalho a seguir apresentado tem por objetivo procurar perceber se o nosso raciocínio se processa da mesma maneira em presença de microgravidade ou se, pelo contrário, sofre alguma alteração. A nossa questão foca-se mais especificamente num teste de matemática e, a partir da análise das diferentes variantes intervenientes na resolução do mesmo e das condições em causa (ambiente de microgravidade), inferirmos a possibilidade de o resultado do teste poder ser melhor do que quando elaborado em condições de gravidade normal. Palavras-chave: microgravidade, raciocínio, oxigenação, cérebro, matemática. Abstract 14 This work aims at realizing if our reasoning is performed similarly in the presence of microgravity or if, on the contrary, it suffers any change. Our question focuses more specifically on a math test, and from the analysis of the different variants that are intervenient in the resolution of the test and of the conditions of the experience (microgravity environment), we have inferred that the test result may be more positive than when it is done in conditions of normal gravity. Keywords: microgravity, reasoning, Oxygenation, brain, Mathematics. Sobre o(s) autor(es) Eduardo Pereira (17 anos) - Ainda se sente indeciso em relação à sua futura profissão, embora esteja mais inclinado a seguir um curso relacionado com o ambiente. Interessa-se por desporto e ciências. Pratica futebol. Verónica Podence (17anos) - Apesar de permanecer indecisa, gostaria de seguir a área de saúde, nomeadamente medicina, ou magistratura. Interessa-se pelas áreas das artes, matemática, biologia e literatura. Dedica parte do seu tempo à leitura e à escrita. Volume 1 (1), Abril de 2012
  • 15. revista júnior de investigação Introdução O corrente trabalho pretende tentar compreender se, na presença de microgravidade, um humano consegue fazer um teste de matemática de forma mais eficaz, isto é, com melhores resultados, do que nas condições da Terra. Para tal, começámos por reunir todas as definições necessárias para uma adequada resposta, bem como as informações importantes para a compreensão dos assuntos em causa para que a hipótese seja o mais credível e fiável possível. Microgravidade e raciocínio Lógico-Matemático Microgravidade O interesse pelo espaço vem já de há longos anos, cheios de expectativas, suposições e mistérios, não se tendo esgotado quando, em 1961, o conhecido astronauta Yuri Alexeyevich Gagarin conseguiu concretizar o sonho de muitos e realizar a primeira viagem espacial (NASA, s.d.). Assim como é inevitável pensar em Gagarin quando falamos em espaço, torna-se ainda mais impossível não se referir, entre outros elementos característicos do mesmo, a microgravidade. Habituados à gravidade terrestre, tornou-se estranha a imagem dos homens do espaço a levitar dentro da nave e muita gente se questionou sobre o que realmente era a microgravidade. Respondendo, então, a essas pessoas e a muitas outras que continuam sem um esclarecimento, podemos afirmar que a microgravidade é o nome dado pela NASA(National Aeronautics and Space Administration)a uma força de gravidade extremamente reduzida, quer seja a microgravidade simulada no planeta Terra (como em quedas livres ou voos parabólicos) ou a obtida no espaço em experiências a bordo de estações espaciais. Quando os humanos estão num ambiente de baixa gravidade, ou microgravidade, não possuem peso aparente, daí se chegar mesmo a dizer que não o possuem, dizendo estar em gravidade zero, termo tecnicamente incorreto, uma vez que, mesmo a 300 quilómetros da Terra, a gravidade continua a cerca de 90% da existente na superfície terrestre (NASA, 1996). Raciocínio lógico-matemático Num teste de matemática são postas várias habilidades à prova, sendo uma delas, e também uma das mais importantes, o raciocínio, mais especificamente o raciocínio lógico-matemático. Interessa para o estudo tentar perceber como se origina o raciocínio e o que é importante para o mesmo. Para tal utilizou-se como instrumento de hipótese de experimentação um teste de matemática. O córtex cerebral, parte mais exterior do cérebro, constituído por cerca de 20 mil milhões de neurónios, é o responsável por diversas receções e interpretações sensoriais, bem como pelo pensamento e pela perceção espacial, entre outras funções. A região frontal é a que coordena o pensamento e o raciocínio. (Portal São Francisco) No entanto, sabendo já que o raciocínio depende de um bom funcionamento cerebral, resta tentar perceber como se processa a circulação cerebral. Circulação cerebral Nos seres humanos a circulação cerebral é assegurada pelo Polígono de Willis, um conjunto de artérias que vascularizam o cérebro, que assume disposições diversas nos diferentes indivíduos (Terapia Ocupacional Portugal, 2004). Sendo o cérebro um órgão altamente irrigado é de esperar que as suas funções, tal como nos restantes órgãos, dependam de uma boa oxigenação e, como tal, de uma boa irrigação. A boa circulação neste é, então, fulcral, uma vez que é um dos órgãos mais ativos e, por isso, consome e requer uma grande quantidade de oxigénio, para ser mais preciso, cerca de 25% do oxigénio usado pelo corpo (Super Interessante, 2002). A sua oxigenação é de tal forma importante para o seu bom funcionamento que, em crianças com uma insuficiente irrigação cerebral, se verifica sonolência, interferência na atenção e prejuízo na compreensão (Vera, Conde, Wajnsztejn, & Nemr, 2006). A hipoxemia caracterizada, então, por uma concentração baixa de oxigénio, neste caso, no cérebro, leva ao Pereira, Falcão, Rodrigues (2012) ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012 15
  • 16. Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança cansaço mental e prejudica as funções cerebrais nas crianças e, nos adultos, manifesta-se, entre outros sintomas, como falta de ar, palpitações, irritação e confusão mental. Do que foi anteriormente referido, depreendeu-se a importância de uma boa irrigação para um bom funcionamento mental e, como tal, para um raciocínio adequado, mas estas conclusões dizem respeito ao ambiente de gravidade terrestre. Certamente ao nível de todo o corpo e, portanto, também no encéfalo, deve haver alterações aquando de uma menor presença de gravidade. Seguidamente apresentar-se-ão essas alterações. Efeitos da microgravidade no corpo humano 16 Tal como já referimos anteriormente, Gagarin foi um elemento muito importante na compreensão do espaço mas a sua viagem, que pretendia também testar algumas hipóteses até então formuladas por diversos cientistas de como seria a vida no espaço não foi suficientemente longa para nos deixar perceber todas as implicações que a microgravidade tinha no nosso corpo. Estando a biologia dos seres humanos adaptada a um meio terrestre e às suas condições, é de esperar que, quando em ambiente estranho, o corpo se comporte de uma maneira diferente e que o seu funcionamento seja também alterado. Para perceber a forma como o corpo reage a estas condições foram feitas várias experiências, nomeadamente um estudo feito pela NASA, no ano de 2008, que pretendia alcançar respostas a esta incógnita, colocando voluntários numa cama, onde ficariam durante três meses, sem se poderem levantar, pois os efeitos são semelhantes aos sentidos pelos astronautas quando estão em missão. Mais recentemente, continua-se a estudar esse problema, tendo a Expedição 26 na Estação Espacial Internacional, que se realizou entre Novembro de 2010 e Março de 2011, tido como uma das missões perceber as alterações fisiológicas e funcionais provocadas pela microgravidade no corpo humano (NASA, NASA, 2011). Após diversas experiências, conseguiram-se, então, perceber, alguns desses efeitos, que são distintos conforme seja uma missão de curto ou de longo prazo. De seguida, iremos focar-nos mais nos efeitos a nível cerebral e as alterações na parte mais superior do corpo, por ser a área em estudo. Nas primeiras horas de permanência no espaço, as alterações são significativas, concentrando-se os fluidos corporais na parte superior do humano. No entanto, tendo o cérebro uma enorme capacidade de controlo do fluxo sanguíneo e de todas as determinantes necessárias à nossa sobrevivência, seria possível que não houvesse um aumento significativo da quantidade de sangue que irriga este órgão. Mas, nas suas viagens espaciais, os astronautas apresentam comummente edema facial, voz anasalada e distensão das veias e artérias cranianas e do pescoço. Isso leva-nos a acreditar que o fluxo cerebral, de facto, é maior quando em presença de microgravidade, o que é apoiado por estudos que demonstram um aumento do fluxo cerebral e do volume líquido craniano nos primeiros sete dias de órbita. Foram, ainda, registadas outras informações relevantes, tais como o aumento da velocidade média do sangue numa artéria e aumento da pressão das artérias cranianas (Santos & Bonamino, 2003). Quando a duração da permanência em microgravidade é maior, os efeitos começam a ser mais intensos, notando-se uma atrofia muscular, perda da densidade óssea e redução do tamanho do coração em cerca de um quarto. Estas alterações mais significativas devem-se a uma tentativa de o corpo humano se adaptar às novas condições habitacionais. METODOLOGIA E ANÁLISE DE DADOS Partindo da contextualização acima referida, podemos começar a apresentar a nossa hipótese para o problema anteriormente colocado. Estando um ser humano em órbita e, portanto, num local com gravidade reduzida, o fluxo cerebral aumenta, como já mencionámos em cima. Ora, se o cérebro é mais irrigado e, da mesma maneira, mais oxigenado, estão reunidas as condições para uma boa capacidade mental e um bom funcionamento cerebral, o que torna mais eficaz a nossa capacidade de raciocínio. Se temos uma melhor aptidão racional e lógica, seremos capazes de resolver com mais facilidade um teste Pereira, Falcão, Rodrigues (2012) ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012
  • 17. revista júnior de investigação de matemática ou qualquer outro exercício que exija competências do mesmo tipo. Assim, a nossa resposta é positiva, ou seja, consideramos que na presença de microgravidade, um ser humano conseguirá realizar um teste de matemática de forma mais eficaz. Para o testar, seria necessário que um grupo de pessoas, saudáveis e sem problemas de circulação, realizasse uns testes de matemática, dentro das suas capacidades, de dificuldade determinada, na Terra, com um tempo previamente estabelecido e seria pedido que realizassem um outro teste, com o mesmo grau de dificuldade e o mesmo tempo, em condições de microgravidade, isto é, dentro de uma estação espacial ou qualquer outro veículo espacial em órbita. Os resultados obtidos seriam depois comparados com ferramentas estatísticas adequadas. Há, ainda, que ter em conta que as suposições por nós feitas só são aplicáveis para períodos de permanência em microgravidade relativamente curtos, até cerca de três dias e nunca ultrapassando uma semana, já que, como foi referido antes, quando o corpo está em ambiente de microgravidade por um tempo mais prolongado, começam a surgir efeitos mais significativos, como a diminuição do tamanho do coração, pela tentativa de se adaptar. Nestas condições, se o coração diminui o seu volume, também o sangue por ele bombardeado será menor e, portanto, a teoria já não se aplicará da mesma forma. No entanto, seria interessante também continuar a experiência ao longo do tempo de permanência no espaço, como experimentação complementar. CONCLUSÃO Partindo da dúvida acerca do que aconteceria no caso de se fazer um teste de matemática em ambiente de microgravidade, e após se analisarem as diversas derivantes que estão implicadas na resolução do mesmo, a investigação levada a cabo teve o objectivo de permitir perceber se os resultados seriam os mesmos que na Terra, ou se, pelo contrário, havia algum tipo de alteração e, neste caso se era benéfica ou não. Concluiu-se que, quando exposto a uma gravidade reduzida, o corpo humano sofria diversas alterações, nomeadamente, ao nível da distribuição dos fluidos corporais, como seja o sangue. Este tem tendência a ocupar as regiões mais superiores do organismo, nomeadamente, a cabeça. Estando mais irrigado, como já se referiu anteriormente, o cérebro recebe uma maior percentagem de oxigénio, o que permite que as funções ligadas a este órgão se executem com maior eficácia. Assim, na mesma ordem de pensamentos, também o raciocínio lógicomatemático será efectuado de forma mais eficiente, permitindo, ao indivíduo, resolver o teste considerado com mais facilidade. Referências Bibliográficas NASA. (1996). Obtido em 27 de Janeiro de 2012, de http://www.nasa.gov/audience/foreducators/topnav/materials/listbytype/ What_Is_Microgravity.html NASA. (s.d.). NASA. Obtido em 28 de Janeiro de 2012, de http://www.nasa.gov/mission_pages/shuttle/sts1/gagarin_anniversary. html NASA. (16 de 03 de 2011). NASA. Obtido em 27 de Janeiro de 2012, de http://www.nasa.gov/mission_pages/station/expeditions/ expedition26/exp26_lands.html Portal São Francisco. (s.d.). Obtido em 16 de Abril de 2012, de http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/corpo-humano-sistemanervoso/cortex-cerebral.php Santos, P. E., & Bonamino, M. H. (2003). Efeitos Cardiovasculares Agudos da Exposição ao Ambiente Microgravitacional. arquivo Brasileiro de Cardiologia , 80, pp. 105- 115. Super Interessante. (Março de 2002). Obtido em 16 de Abril de 2012, de http://super.abril.com.br/saude/usina-ideias-442735.shtml Vera, C. F., Conde, G. E., Wajnsztejn, R., & Nemr, K. (Outubro-Dezembro de 2006). Transtornos de Aprendizagem e Presença de Respiração Oral em Indivíduos com diagnóstico de Transtornos de Déficit de Atenção Hiperatividade (TDAH). Revista CEFAC , 8, pp. 441-445. Pereira, Falcão, Rodrigues (2012) ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012 17
  • 18. Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança artigo - investigação & práticas Inverno demográfico Demographic Winter João Pedro Lopes Moreno Escola EB 2,3 Paulo Quintela morenopedro@live.com.pt Prof. Maria Antónia Pires Martins Escola EB 2,3 Paulo Quintela mitomartins@sapo.pt Resumo A população portuguesa tem vindo a sofrer, nas últimas décadas, um acentuado envelhecimento. Apenas o contributo do saldo migratório impede que a população não diminua. É nas regiões do interior que o envelhecimento e diminuição da população são mais acentuados. Associada ao fraco dinamismo demográfico está o fraco dinamismo económico, originando o desfalecer de uma região com grande potencial patrimonial, cultural e natural. Palavras-chave: Idosos, envelhecimento, despovoamento, emigração Abstract 18 The Portuguese population has been suffering a marked aging in recent decades. Only the contribution the migratory balance prevents the population from decreasing. It is in the inner regions where aging and declining population are more pronounced. Associated with weak demographic dynamism is the weak economic performance, resulting in the fainting of a region with great potential natural, cultural and heritage. Keywords: Elderly, aging, depopulation, emigration Sobre o(s) autor(es) João Moreno, 14 anos, é aluno do 9ºano, no Agrupamento de Escolas Paulo Quintela. Gosta de matemática, edu- cação física, geografia, inglês e ciências ... Fora da escola gosta de andar de bicicleta e de mota, jogar futebol com os amigos, estar no computador e também de interagir com o ambiente e de procurar informação sobre diversos temas. Volume 1 (1), Abril de 2012
  • 19. revista júnior de investigação INTRODUÇÃO Após o Censo de 2011, considerou-se pertinente fazer uma breve análise às alterações demográficas ocorridas, nas últimas décadas, na nossa região, especialmente a partir de 1960. Ao longo do trabalho pretendemos identificar as diferentes causas que estão na origem desta redefinição da estrutura etária da população portuguesa, particularizando as regiões de Bragança e da Terra Fria Transmontana. Para o presente estudo utilizaram-se dados estatísticos disponibilizados online pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e pela Base de Dados PORDATA. EVOLUÇÃO DEMOGRÁFICA PORTUGUESA Entre os Censos de 1960 e 2011, a população portuguesa passou de 8.889.392para 10.561.614 indivíduos, correspondendo a um crescimento de 18,8 %. Atendendo ao aumento da longevidade e dos respetivos efeitos na composição etária da população, na queda da fecundidade, o processo do envelhecimento demográfico agrava-se, permanecendo a níveis muito inferiores aos necessários para renovar as gerações (Carrilho, M. 2010). Esta evolução demográfica não se registou de forma uniforme em todo o território nacional. Se por um lado se assiste a um crescimento da população litoral, por outro lado, regista-se um “esvaziamento” das regiões do interior. Em 2011, são 198 os municípios que registam decréscimos populacionais face a 171 municípios em 2001, acentuando o padrão de litoralização que já se tinha verificado na década anterior, reforçando o movimento de concentração da população junto das grandes áreas metropolitanas de Lisboa e Porto (INE, 2011). Em oposição, a maior parte dos municípios do interior perdeu população. Assim, “o fenómeno do duplo envelhecimento da população, caracterizado pelo aumento da população idosa e pela redução da população jovem, agravou-se na última década” (INE, 2011, p. 11). Gráfico 1- Proporção da população jovem e idosa em relação à população total. Fonte: INE, PORDATA Desde 1960 que se regista uma variação do valor relativo de jovens e idosos, no sentido inverso. Se por um lado, a percentagem de jovens diminuiu de 29% para 15%, praticamente para metade, por outro lado, a percentagem de idosos mais do que duplicou, passando de 8% para 19% (gráfico 1). Nas últimas décadas, verificou-se o agravamento do índice de envelhecimento da população que passou de 27 idosos por 100 jovens, em 1960, para 129 idosos para 100 jovens, em 2011 (gráfico). Gráfico 2- Índice de envelhecimento da população portuguesa entre 1960-2011. Fonte: PORDATA Moreno, Martins (2012) ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012 19
  • 20. Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança Inverno demográfico A tabela 1 mostra as características mais visíveis da dinâmica demográfica portuguesa entre 1960 e 2010. • A taxa de natalidade apresenta uma acentuada diminuição, especialmente entre 1960 e 1991. • O índice sintético de fecundidade reduz para metade o seu valor, entre 1960 e 1991. Desde 1981 que o número médio de crianças por mulher permanece abaixo do nível de renovação de gerações, que é de 2,1. • A esperança média de vida aumenta 18 anos. Assistimos a uma diminuição de nascimento e, consequentemente, menos jovens. Simultaneamente, o número de idosos aumenta, resultante do aumento da esperança média de vida da população Ano Taxa de Natalidade ‰ 1960 1970 1981 1991 2001 2010 (estimativa) 24,1 20,8 15,4 11,7 11 9,5 Índice sintético de fecundidade 3,2 3 2,13 1,57 1,46 1,37 Esperança média de vida (HM) 61 67 71 74 76 79 Tabela 1- Indicadores demográficos de Portugal (1960-2010) O aumento da esperança média de vida, associado à diminuição da natalidade, alterou a estrutura etária da população portuguesa. Consequentemente, verifica-se o estreitamento da base da pirâmide etária, com redução dos jovens e o alargamento do topo, com acréscimo dos idosos, resultado do acentuado envelhecimento da população portuguesa (Rebelo & Penalva, 2004). Segundo Carrilho e Patrício (2004) “as projeções disponíveis apontam para a diminuição da população e para o agravar do fenómeno do envelhecimento, mesmo na hipótese de os níveis de fecundidade aumentarem e os saldos migratórios continuarem positivos” (p. 149). Portugal - um país de partida e de chegada “As migrações fazem parte da história da Humanidade. O próprio povoamento do planeta se deve a esta necessidade tão humana que muda de forma tão definitiva e constante a essência das culturas, das raças e das línguas” (AMI, 2008, p. 9). Também a história portuguesa está muito condicionada pelos movimentos migratórios por terras mais ou menos longínquas. No início do século XX a grande debandada era, fundamentalmente, para o Brasil. As duas guerras mundiais travaram este fluxo migratório transoceânico de portugueses. A falta de oportunidades e o clima de pobreza que reinava no auge do antigo regime levaram mil20 hões de portugueses a atravessar o Atlântico em direção ao Novo Mundo: Brasil (22% dos 2 milhões de emigrantes portugueses entre 1950 e 1984), Venezuela (8%), Canadá (9%) e EUA (13%) foram os destinos eleitos para refazerem as suas vidas” (AMI, 2008, p. 1). Com o final da II Guerra Mundial e a necessidade de reconstruir os países europeus envolvidos, a emigração passou a centrar-se nas economias florescentes da Europa Ocidental, carentes de mão-de-obra não especializada e com condições laborais superiores às oferecidas em Portugal. “Com isto, França (31%), Alemanha (9%) e Suíça passaram então a ser o destino de eleição destes portugueses” (AMI, 2008, p. 9). Durante a década de sessenta Portugal perde cerca de milhão e meio de portugueses. O fim do Império Ultramarino, em 1975, fez regressar cerca de meio milhão de portugueses, especialmente de Angola e de Moçambique. Em 1986 Portugal integra a Comunidade Económica Europeia, facilitando a saída de trabalhadores portugueses para países que tinham carência de mão-de-obra. Esta integração no Espaço Europeu torna Portugal atrativo para imigrantes provenientes dos PALOP, do Brasil e da Europa de Leste (AMI, 2008). CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS DA TERRA FRIA TRANSMONTANA Evolução da população residente na Terra Fria Transmontana O intenso movimento migratório ocorrido na década de 60 quer para o litoral e as grandes cidades nacionais, quer para a Europa, teve na região transmontana um forte impacto. Segundo (Cepeda, 2005)“a inexistência de empregos industriais e a baixa produtividade do sector primário, motivada em boa parte pelo fraco índice de mecanização existente, criaram as condições ideais para a debandada de boa parte da população da nossa Moreno, Martins (2012) ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012
  • 21. revista júnior de investigação região”(p. 12), levando à partida de muitos jovens à procura de novas oportunidades que na região lhes eram negadas. Ainda, segundo Cepeda (2005) a Terra Fria Transmontana (TFT) era, do ponto de vista demográfico, “pouca dinâmica e em processo acelerado de desertificação humana” (p. 15). 1950/60 Concelho de -1,8 Bragança TFT 9,2 Continente 4,7 1960/70 -14,6 1970/81 10,3 1981/91 -7,9 1991/01 4,9 2001/11 1,7 1950/11 -7,5 -26,5 -2,6 -0,69 15,6 -15,1 0,3 -3,5 5 -3,7 1,8 -35,5 26,8 Tabela 2- Taxas de variação da População Residente (%) - Fonte: Cepeda (2005), com base em INE – IX, X, XI, XII, XIII e XIV R.G.P. e XV R.G.P. (resultados provisórios) Os valores negativos das taxas de variação populacional apresentados na década de 60, mostram a evidência do forte surto migratório ocorrido nesta década, com especial relevo na TFT (Tabela 2 e Gráfico 3). Na década seguinte (70/81), a chegada dos retornados fez amortecer o efeito de perda populacional que se vinha a fazer sentir. Nos anos 80 dilui-se o efeito dos retornados e a TFT continua a esvaziar. “Longe dos centros industriais e de comércio, sem comunicações rápidas e cómodas, a região “exportou homens”, já que não tinha capacidade para os sustentar e fixar”(Cepeda, 2005, p. 16). Na última década do século XX a TFT continua a perder população, com exceção do concelho de Bragança. O concelho de Bragança inverteu a tendência para a perda de população, apresentando uma taxa de variação populacional de 4,9%, facto que não será estranho o papel desempenhado pelo Instituto Politécnico, já em velocidade de cruzeiro, com uma população estudantil a rondar os 5 500 alunos. O efeito multiplicador que gera em todos os sectores de atividade da cidade explica, em grande medida, o porquê da atratividade de Bragança” (Cepeda, 2005, p. 16). 21 Gráfico 3- Taxas de Variação da População Residente (%). Fonte: INE Na última década, continua a registar-se um aumento da população do concelho de Bragança, apesar de muito ligeiro, e a TFT mantém o mesmo ritmo de perda da população que trazia da década anterior (tabela 2 e gráfico 3). De 1950 a 2011 a TFT perdeu 35,5% da sua população enquanto o concelho de Bragança apresenta uma diminuição significativamente inferior, com 7,5% (tabela 2 e gráfico 3). A evolução da população de uma região resulta da conjugação entre o saldo migratório (diferença entre entradas e saídas da população) e o crescimento natural da população (diferença entre nascimentos e óbitos). Todos os concelhos da TFT apresentaram nas últimas décadas crescimentos naturais negativos. O saldo migratório registado no concelho de Bragança na década de 90, com a chegada de pessoas provenientes da Europa de Leste e a diminuição dos fluxos de saída, compensou este crescimento natural negativo e ainda permitiu registar um Moreno, Martins (2012) ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012
  • 22. Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança crescimento populacional de 4,9%. Estrutura etária da população A contínua perda de população, fundamentalmente jovem adulta, associada a uma diminuição da natalidade, resulta num profundo envelhecimento da população da TFT. Segundo os dados do Censo de 2011, esta região apresenta uma percentagem de 36,2% de idosos e apenas 8,6% de Jovens (gráfico 4). O concelho de Bragança, que continua a apresentar um ligeiro crescimento da sua população, indica um menor envelhecimento da sua população, comparativamente à região onde se enquadra (TFT), mas superior em relação ao envelhecimento da população de Portugal Continental. Gráfico 4- Proporção de Jovens e Idosos em relação à população total (2011). Fonte: XV R.C.P. (resultados provisórios) 22 Gráfico 5- Índice de envelhecimento Fonte: XV R.C.P. (resultados provisórios) Os índices de envelhecimento da população têm vindo a aumentar progressivamente nas últimas décadas. No ano de 2011 a TFT registou um valor de 420 idosos por cada 100 jovens (gráfico 5). No concelho de Bragança o peso dos idosos é cerca de duas vezes maior que o dos jovens e na TFT esse peso é cerca de quatro vezes maior. Os valores são assustadoramente elevados, fazendo desta região uma área profundamente envelhecida, com todas as consequências sociais e económicas que acarreta. Moreno, Martins (2012) ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012
  • 23. revista júnior de investigação CONCLUSÃO Na década de 60 do século XX, Portugal sofreu uma forte perda de população, como resultado do grande surto migratório dirigido para a Europa Central. Foi nas regiões do interior que esta perda mais se acentuou, especialmente nas freguesias rurais. Os jovens procuraram nas cidades do litoral e nos países ricos da Europa, outras condições de vida que não encontravam no seu local de origem. Ao longo da segunda metade do séc. XX a nossa região não conseguiu criar condições para fixar a população, esvaziando-se progressivamente. Aldeias, vilas e cidades contribuíram “generosamente”, para engrossar o fluxo populacional que corria ininterruptamente para as cidades do litoral do país ou dos países de acolhimento. Os valores negativos de saldos migratórios aumentavam de ano para ano, assumindo proporções preocupantes(Cepeda, 2005, p. 21). A crescente perda de população também fez perder “massa crítica” que seria o grande suporte de desenvolvimento (Cepeda, 2005). A tardia construção de redes rodoviárias que permitiriam a fácil acessibilidade ao litoral e às regiões mais industrializadas foi ditando o enfraquecimento demográfico de uma região que apresenta grandes potenciais em termos de recursos naturais, patrimoniais e culturais. Será necessário promover iniciativas que fixem a mão-de-obra mais qualificada, que tornem as atividades dos diferentes setores mais produtivas e, consequentemente, mais competitivas. Referências Bibliográficas AMI (2008). Migrações- Parte I. Obtido em 28 de Dezembro de 2011, de http://www.ami.org.pt/media/pdf/migracoes1.pdf Carrilho, M. J., & Patrício, L. (2004). A situação demográfica recente em Portugal. Revista de Estudos demográficos, nº36 , pp. 127-152. Cepeda, F. (2005). Terra fria transmontana- desenvolver é preciso. Bragança: Câmara Municipal de Bragança. INE. (7 de Dezembro de 2011). Censos 2011- Resultados provisórios. Obtido em 28 de Janeiro de 2012, de Instituto Nacional de Estatística: http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_ boui=129675729&DESTAQUESmodo=2 INE. IX, X, XI, XII, XIII, XIV e XV Recenseamento Geral da População. Intituto Nacional de Estatística. Rebelo, J., & Penalva, H. (Setembro de 2004). Evolução da população idosa em Portugal nos próximos 20 anos e seu impacto na sociedade. Obtido em 20 de Janeiro de 2012, de www.apdemografia.pt/ficheiros_comunicacoes/786534234.pdf 23 Moreno, Martins (2012) ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012
  • 24. Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança artigo - investigação & práticas O clima de Trás-os-Montes – características, curiosidades e evolução The climate of Trás-os-Montes– characteristics, curiosities and evolution Filipa de Melo Pinto Correia Escola E.B. 2/3 Paulo Quintela filipademelocorreia@hotmail.com Prof. Maria Antónia Pires Martins Escola E.B. 2/3 Paulo Quintela mitomartins@sapo.pt Resumo Portugal é um país onde domina o clima com caraterísticas Mediterrânicas, mas com várias províncias climáticas. A latitude, proximidade do mar e o relevo são fatores responsáveis por grande parte das diferenças climáticas encontradas. No sentido de procurar encontrar possíveis alterações climáticas utilizaram-se registos de Normais Climáticas, comparando-se os valores, na tentativa de encontrar possíveis mudanças registadas. Palavras-chave: clima, mudança climática, Trás-os-Montes, Bragança 24 Abstract Portugal is a country that has generally a mediterranean climate. However, it has several climatic provinces. Concerning these different climates in Portugal, the most important factors are the latitude, proximity to the sea and the relief. In order to find climate changes, records of Climate Normals were used to discover differences after comparing the values. Keywords: weather, weather changes, Trás-os-Montes, Bragança Sobre o(s) autor(es) Filipa Correia, 15 anos, é aluna do 9ºano, no Agrupamento de Escolas Paulo Quintela. Adora ler, ver filmes, ouvir música e viajar. Quer seguir a área de Ciências e o seu sonho é formar-se em Medicina. Volume 1 (1), Abril de 2012
  • 25. revista júnior de investigação INTRODUÇÃO Procedeu-se a uma breve caraterização do clima em Portugal, identificando fatores que possam contribuir para a explicação das diferenças climáticas, particularizando a região de transmontana. As investigações foram baseadas sobretudo em obras de consagrados geógrafos portugueses, artigos da Fundação Calouste Gulbenkian e enciclopédias. Foram consultadas tabelas inseridas em Normais Climatológicas, para descobrir as possíveis alterações ocorridas no clima Descrevem-se os dados relativos à evolução do clima na região de Trás-os-Montes, entre 1931 e 1980. FATORES QUE INFLUENCIAM O CLIMA PORTUGUÊS Como consequência das condições gerais da atmosfera, resultantes da latitude a que se encontra Portugal, o nosso país fica “submetido aa condições atmosféricas de feição bem diferente” (Medeiros, 2000, p. 83) . ”No inverno, um tempo instável e chuvoso pode cobrir toda a fachada atlântica da península” (Ribeiro & Lautensach, 1988, p. 371) resultante da influência de situações depressionárias que atingem as nossas latitudes. No verão, por influência de anticiclones, encontramos massas de ar estáveis em todo o país, com tempo quente e seco de forte luminosidade e grande insolação, imprimindo um “inconfundível cunho mediterrânico, mais ou menos duradouro mas fortemente marcado em todo o país” (Ribeiro & Lautensach, 1988, p. 371). O clima de Portugal, embora mediterrâneo por natureza, não deixa de apresentar influências diretas do oceano, visto por Ribeiro (1988) como um “regulador da atmosfera”. A posição do país, na fachada oceânica da península ibérica, sofre uma influência atlântica que abrange no verão uma estreita faixa costeira, mas no inverno cobre a maior parte do território, excetuando as áreas mais interiores do país. Por sua vez, os contrastes das massas de relevo, “concentradas na metade setentrional do país e interpostas entre a faixa litoral e os planaltos do interior” (Ribeiro & Lautensach, 1988, p. 371) também se refletem nos contrastes de clima. A barreira constituída pelas montanhas do Minho e a cordilheira central, provocam as grandes precipitações nas montanhas de noroeste, com valores de mais de três mil milímetros anuais, incluída nas mais elevadas da Europa. Para oriente destas elevações a precipitação desce acentuadamente. CLIMA PORTUGUÊS O clima é a sucessão habitual de estados da atmosfera, corresponde “à descrição estatística em termos quantitativos da média e da variabilidade das grandezas relevantes relativas a períodos de tempo suficientemente longos” (Instituto de Meteorologia e Agência Estatal de Meteorologia, 2011, p. 15). O período adotado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) é de 30 anos. Hermann Lautensach criou 11 províncias climáticas: oito no norte de Portugal e 7 no sul (tabela 1). A Provín- 25 cia Continental do norte corresponde aos planaltos de Trás-os-Montes ou “Terra Fria”, representada pelas estações meteorológicas de Bragança e Vila Real. Para Lautensach (1988) tem um “verão quente e curto, inverno longo e frio, com neves ocasionais(…) precipitação que varia com o relevo e que, mesmo a leste, continua superior a 600mm”(p. 366). Região marítima Região montanhosa Região continental 1. Província Atlântica 5. Província montanhosa 6.Província Continental do do norte do norte de Portugal norte Norte de Portugal 2. Província Atlântica 7. Província do Alto Douro 8. Província da Beira Interior 3. Província Atlântica 9. Província continental do do sudoeste centro 4. Província do Al10. Província do alto AlenSul de Portugal garve tejo 11.Província continental do sul Tabela 1- As províncias climáticas de Portugal - Fonte: (Ribeiro & Lautensach, 1988, p. 364) Correia, Martins (2012) ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012
  • 26. Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança A Província do Alto Douro situa-se na região do vale e bacia do Alto Douro ou “Terra Quente”. A estação meteorológica de Mirandela situa-se nesta província, apresentando um “verão longo e muito quente, inverno suave e curto. (…) e precipitação anual inferior a 500 mm, três meses secos ou mais” (Ribeiro & Lautensach, 1988, p. 366). Ribeiro (1988) designa-o por “Clima transmontano de afinidades continentais, muito mais seco, com inverno moderado e verão ardente” (p. 384), que permite apresentar outras formas de vegetação no meio da austera e rude Meseta Ibérica. Podemos considerar que a região de Trás-os-Montes apresenta um mosaico de climas muito contrastados. MUDANÇA CLIMÁTICA A mudança climática, segundo o Intergovernamental Panel on Climate Change (IPCC), “corresponde a uma variação estatística significativa das médias que caracterizam o clima e/ou das suas variabilidades durante um período suficientemente grande, da ordem de décadas” (Santos, Forbes, & Moita, 2001, p. 5). A Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (CQNUAC) define “mudança climática” como aquela que resulta direta ou indiretamente das atividades humanas, enquanto que a “variabilidade climática” é definida como a mudança climática atribuível a causas naturais. Manifestações da variação interanual do clima podem ser registadas por vagas de calor ou de frio, por secas ou por situações de intensa precipitação. “Alguns destes fenómenos são o resultado de flutuações periódicas do clima que podem verificar-se no espaço de tempo de uma geração humana ou duas. Outros estarão ainda ligados a uma variabilidade em escala mais longa do clima, da ordem do século.” (Ferreira, 2005, p. 371) Causas internas podem perturbar o equilíbrio energético do planeta como por exemplo: as erupções vulcânicas, as modificações de temperaturas oceânicas, as variações da superfície dos gelos e a modificação do uso do solo. (Ferreira, 2005) Também causas externas ao sistema climático, ligadas às variações orbitais da Terra, podem ser responsáveis pelas alterações climáticas. Mudança/variabilidade climática em Portugal Continental A temperatura média do ar em Portugal Continental no período 1931-2000 apresenta uma tendência crescente desde a década de 70 (figura 1). De salientar que os 6 anos mais quentes ocorreram nos últimos 12 anos analisados. O aumento da temperatura média resultou “ de uma subida maior da temperatura mínima diária do que da 26 temperatura máxima diária” resultando numa redução da amplitude térmica diurna em muitas estações climáticas portuguesas. (Santos, Forbes, & Moita, 2001). Figura 1- Temperatura média do ar em Portugal continental: média regional no período 1931-2000 Fonte: (Santos, Forbes, & Moita, 2001, p. 8) O mesmo estudo aponta para uma tendência decrescente de precipitação, embora fraca, que se torna mais pronunciada a partir de 1976, acrescentando que “as tendências observadas parecem implicar uma redução da duração da estação chuvosa” (2001, p. 8). Descrição e análise dos dados Pretendeu-se identificar as eventuais diferenças registadas nos valores de temperatura e precipitações de esCorreia, Martins (2012) ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012
  • 27. revista júnior de investigação tações meteorológicas pertencentes às duas Províncias climáticas, da nossa região. Escolheram-se as estações de Bragança e Vila Real para a Província Continental do Norte e a estação de Mirandela para a Província do Alto Douro. Algumas estações meteorológicas que existiam na região no período 1931-1960, passaram a estações udométricas, não havendo registo de todos os dados que eram necessários para a análise que nos tínhamos proposto fazer. Utilizaram-se os normais climatológicos dos períodos 1931-1960 e 1951-1980. Tabela 2- Temperaturas médias e nº de dias com valores extremos de temperatura Fonte: (SMN, 1970) e (INMG, 1991) Relativamente às temperaturas médias mensais registadas nestes dois períodos em cada uma das estações meteorológicas, verificámos que Bragança apresenta uma ligeiríssima subida na maior parte dos meses, enquanto em Vila Real a temperatura desce em seis meses e mantêm-se em quatro, o que nos permite inferir que nesta estação há uma tendência contrária à de Bragança, isto é, tende para uma descida da temperatura média (tabela 2). Com27 paradas as temperaturas médias anuais regista-se a subida de 3 décimas em Bragança e a descida de duas décimas em Vila Real (gráficos 1 e 2). Gráfico 1- Temperaturas médias mensais Gráfico 2- Temperaturas médias mensais Correia, Martins (2012) ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012
  • 28. Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança Gráfico 3- Número de dias com temperatura mínima inferior a 0ºC O número de dias com temperaturas negativas desceu em todos os meses onde houve registos, com exceção dos meses de Março e Maio (gráfico 3 e tabela 2). 28 Gráfico 4- Número de dias com temperatura máxima superior a 25ºC Nesta estação verifica-se uma tendência de aumento do número de dias com temperaturas superiores a 25ºC (gráfico 4) Gráfico 5- Número de dias com temperatura mínima inferior a 0ºC Correia, Martins (2012) ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012
  • 29. revista júnior de investigação Vila Real apresenta uma descida considerável no número de dias com temperaturas mínimas negativas (Grá- fico 5). Em contrapartida, os meses de verão têm menos dias com registos de valores superiores a 25ºC (gráfico 6 e tabela 2). Gráfico 6- Número de dias com temperatura máxima superior a 25ºC Em ambas as estações meteorológicas os invernos tornaram-se menos rigorosos. Apenas Bragança regista 29 uma tendência para verões que apresentam maior número de dias com elevadas temperaturas. No que diz respeito à análise da precipitação, Bragança registou uma diminuição significativa da precipitação total anual, registando-se, em Vila Real, um ligeiro aumento (tabela 3). Precipitação (mm) Bragança Vila Real 41º 49’N; 6º 46’O 41º 19´N; 7º 44’O 1931-1960 1951-1980 1931-1960 1951-1980 Janeiro 148,8 105,4 156,5 163,8 Fevereiro 104,4 99,2 110,4 165,5 Março 133,2 81,5 145,6 133,6 Abril 72,9 54,5 77,3 76,9 Maio 68,7 53 61,2 69,2 Junho 42,2 41,4 31,5 47,5 Julho 14,8 15,6 10,2 14,2 Agosto 15,7 14,4 15,5 16,9 Correia, Martins (2012) ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012
  • 30. Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança Setembro Outubro Novembro Dezembro Ano 38,7 78,6 110,4 143,7 972,1 32,9 65,6 87,1 90,5 741,1 38,4 83,6 129,8 158,8 1018,8 48,7 99,9 136,3 155,6 1128,1 Tabela 3- Valores de precipitação total - Fonte: (SMN, 1970) e (INMG, 1991) Gráfico 7- Precipitação total mensal em Bragança Foi nos meses de inverno que a diminuição da precipitação em Bragança foi mais acentuada. (gráfico 7). É de salientar que esta diminuição ocorreu em 11 meses do ano. Gráfico 8- Precipitação total mensal em Bragança 30 Vila Real teve em quase todos os meses um ligeiro aumento da precipitação, com especial destaque para o mês de fevereiro (gráfico 8). No que diz respeito à análise da temperatura, Mirandela registou uma ligeira diminuição da temperatura média anual. Relativamente ao número de dias com temperaturas extremas, verifica-se um aumento do número de dias com temperaturas mínimas negativas e uma diminuição do número de dias com temperaturas superiores a 25ºC (tabela 4). Tabela 4- Valores de temperatura - Fonte: (SMN, 1970) e (INMG, 1991) Correia, Martins (2012) ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012
  • 31. revista júnior de investigação Gráfico 9- Temperaturas médias mensais Gráfico 10- Número de dias com temperatura mínima inferior a 0ºC 31 As temperaturas médias mensais são muito idênticas, registando-se uma ligeira tendência para diminuir (gráfico 9). Há um agravamento do número de dias com temperatura mínima negativa, havendo novos registos em Abril e Outubro, no período 51-80 (gráfico 10 e tabela 4). Também nos meses de primavera e outono há diminuição do número de dias com temperaturas superiores a 25ºC (gráfico 11 e tabela 4). Correia, Martins (2012) ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012
  • 32. Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança Gráfico 11- Número de dias com temperatura máxima superior a 25ºC Conclui-se que as estações intermédias se tornam mais frias. Tabela 5- Valores da precipitação total - Fonte: (SMN, 1970) e (INMG, 1991) A Precipitação apresentou uma ligeira subida no seu valor total, não havendo relação entre variação da precipitação e estação do ano (gráfico 12). Gráfico 12- Precipitação total mensal em Mirandela 32 CONCLUSÃO Conclui-se que os invernos se tornam menos rigorosos nas localidades da Terra Fria Transmontana analisadas. Correia, Martins (2012) ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012
  • 33. revista júnior de investigação Apenas Bragança regista aumento do número de dias com temperaturas elevadas. Também aqui se verificou uma considerável diminuição da precipitação. Mirandela, integrada na Terra Quente Transmontana, as estações intermédias tornam-se mais frescas. Estes dados ainda são muito parcos para tirar ilações de uma forma atrevida. Contudo, parece que Trás-os-Montes acompanha uma tendência geral que se manifesta numa aproximação dos invernos e dos verões, estes menos quentes, aqueles menos rigorosos. A evolução parece, pois, ainda pouco percetível e difícil de delinear. Referências Bibliográficas Ferreira, D. (2005). O clima de Portugal estará a mudar? In C. A. Medeiros, Geografia de Portugal (Vol. I). Casais de Mem Martins, Rio de Mouro: Printer Portuguesa. INMG. (1991). O clima de Portugal. Normais climatológicos da região de “Trás-os-Montes e Alto Douro e Beira Interior”, correspondentes a 19511980 (Fascículo XLIX-3ª região). Lisboa. Instituto de Meteorologia e Agência Estatal de Meteorologia. (2011). Atlas climático ibérico- temperatura do ar e precipitação (1971-2000). Closas-Orcoyen. Medeiros, C. A. (2000). Geografia de Portugal-ambiente natural e ocupação humana. Uma introdução (5ª ed.). Lisboa: Editorial Estampa. Ribeiro, O., & Lautensach, H. (1988). Geografia de Portugal- O ritmo climático e a paisagem (Vol. II). Lisboa: Edições João Sá da Costa. Santos, F. D., Forbes, K., & Moita, R. (2001). Mudança climática em Portugal. Cenários, impactes e medidas de adaptação- SIAM. Sumário executivo e conclusões. Lisboa: Gradiva. SMN. (1970). O clima de Portugal- Normais climatológicos do Continente, Açores e madeira correspondentes a 1931-1960 (2ª ed., Fascículo XIII). Lisboa. 33 Correia, Martins (2012) ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012
  • 34. Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança artigo - investigação & práticas Os jovens e os média numa escola de Bragança Youth and media in a Bragança’s school Ana João Pires Gomes Guerra ganocas@hotmail.com Berta Isabel Gomes Gonçalves atreb_braganca@hotmail.com Joana Maria Rodrigues Teixeira joanamrt@gmail.com Rita Isabel Afonso Costa Teixeira ritaxteixeira17@hotmail.com Prof. Luísa Diz Lopes Agrupamento de Escolas Abade de Baçal, Bragança luisa.dizlopes@gmail.com Resumo A relação dos jovens com os média surge hoje facilitada devido aos dispositivos eletrónicos que lhes permitem aceder a variadas fontes de informação. Neste trabalho, tentou-se compreender que meios os jovens privilegiam, como os usam e durante quanto tempo, como hierarquizam as fontes que têm ao seu dispor, que lugar ocupa a imprensa escrita, áudio, audiovisual e online no seu quotidiano e o que motiva o seu uso. Para tal, aplicaram-se inquéritos a 40% dos alunos do 7.º ao 12.º ano numa escola em Bragança. Os resultados sugerem que o grau académico do agregado familiar pode influenciar a relação dos jovens com os média, que a internet é o meio mais procurado para diversos fins, que a televisão ainda ocupa um lugar preponderante e que a rádio é um meio pouco usado, apesar de disponível online. Palavras-chave: Media, jovens, informação 34 Abstract The relationship of young people with the media seems easier today due to the use of electronic devices, allowing them to access various sources of information. In this study, we have tried to understand which media the  young people prefer,  how and how long they use  them  ,  how they rank  the available sources,  what is the relative importance of different media – press,  audio,  audiovisual  and online  – in their daily lives  and  what motivates  their use.  For such  investigation  we implemented surveys to 40% of  students from the 7th to the 12th grade at a high school in Bragança. The results suggest that the academic degree of parents weighs on the relationship of young people with media, that internet is the most used media for various purposes, television is still important in young people’s lives and  radio is rarely used, although available online. Keywords: media, youth, information Sobre o(s) autor(es) Ana João Guerra ( 16 anos) - frequenta o 11º ano na área de Ciências e Tecnologias. Interessa-se por atividades de diversas áreas, como por exemplo música e cinema, mas também atividades relacionadas com Biologia e Matemática. Berta Gonçalves (16 anos)- pretende seguir os passos dos pais e ser médica, não se imaginando noutro ambiente. A música em especial o canto constituem a sua paixão. Ocupa os tempos livres estando com os meus amigos. Gosta de se manter informada no que toca a assuntos políticos, desenvolvimento cientifico e musical Joana Teixeira (17 anos) - Vive em Bragança, frequenta o 12º ano na área de Ciências e Tecnologias e pretende seguir um curso superior ligado à saúde. Costuma passar o meu tempo livre com os amigos, mas não dispensa a leitura de um livro, a visualização de um bom filme e o registo, por escrito, de algumas das ideias. Rita Teixeira (18 anos) - frequenta o 12º ano e quer seguir economia. Nos tempos livres gosta de estar com os amigos, passear, fazer compras, ver televisão, ler e navegar na internet. É uma pessoa curiosa relativamente ao mundo em que vive. Volume 1 (1), Abril de 2012
  • 35. revista júnior de investigação Introdução Na sociedade atual, a informação é abundante, variada e cada vez mais efémera. Os inúmeros meios de comunicação de massa a que temos acesso, como a televisão, a internet, os jornais e a rádio, colocam ao nosso dispor inúmeras informações diárias. Num estudo efetuado em duas escolas de Castelo Branco, (Miranda & Silva, Repositório da Universidade de Lisboa, 2011, p. 3), defende-se que esta abundância é um problema, uma vez que a maioria dos jovens tem dificuldades em distinguir a importância da informação encontrada e em hierarquizar a mesma e, mais grave ainda, em diferenciar fontes separando aquelas que são credíveis das que o não são. É necessário que os jovens adquiram competências que lhes permitam avaliar as fontes que utilizam, selecionar os recursos e tratar o que leem. A literacia da informação, essencial numa sociedade com o mesmo nome, é definida na Biblioteca do Conhecimento online como “um conjunto de competências de aprendizagem e pensamento crítico necessárias para aceder, avaliar, e usar a informação de forma eficiente”(Literacia da Informação). Os jovens estão permanentemente conectados e têm acesso a inúmeras fontes de informação digitais e impressas. Alguns investigadores defendem que a internet está a minar a capacidade de concentração dos jovens e que a pesquisa que estes fazem é muito mais superficial do que a dos seus progenitores. Isto significa que mais informação pode não ser sinónimo de qualidade. Questionado sobre a quantidade de informação que alguns cliques permitem obter, Nicholas Carr, uma das vozes céticas da internet, respondeu: Internet nos incita a buscar lo breve y lo rápido y nos aleja de la posibilidad de concentrarnos en una sola cosa. Lo que yo defiendo en mi libro es que las diferentes formas de tecnología incentivan diferentes formas de pensamiento y por diferentes razones Internet alienta la multitarea y fomenta muy poco la concentración. (Carr, 2011) Os jovens que frequentam hoje o terceiro ciclo e o ensino secundário, nascidos entre 1992 e 2000, constituem a geração dos nativos digitais, usando a terminologia de Prenski (2001). Os telemóveis e outros dispositivos eletrónicos com acesso à internet permitem aceder a canais de rádio, televisão, jornais e revistas e movimentar-se nas redes sociais, entre outros serviços disponíveis. No retrato que faz desta geração digital, Melão) considera que o aspecto com maior relevância na vida dos jovens se baseia na “exposição a diferentes media em simultâneo e as consequências decorrentes de distintos níveis de acesso à Internet e actividades levadas a cabo online” (2011, p.95). Neste mesmo retrato, a autora, citando Cardoso, Espanha e Lapa, refere que “o telemóvel e o computador são instrumentos indispensáveis de interação social, combinados em simultâneo com media tradicionais, tais como o cinema e a televisão” e que estes começam a ser utilizados cada vez mais cedo: “em todos os países um terço das crianças com nove/dez anos que usa a internet fá-lo diariamente” (apud Melão, 2011). Conhecer a perceção dos jovens sobre os meios de comunicação, a utilização que fazem deles, quais privilegiam, que serviços usam e com que objetivo e saber se a idade e o ano de escolaridade influenciam o uso que fazem destes meios foi o propósito do estudo que se apresenta realizado numa escola com 3º ciclo e secundário da cidade de Bragança. Metodologia e análise de dados Este estudo realizou-se numa escola de Bragança, com uma população de 497 alunos do ensino regular, sendo questionados 40% dos alunos de cada ano do 7º ao 12º, da turma A e B.. Com a aplicação do inquérito, pretendeu-se avaliar a quantidade de tempo que os jovens dedicam a cada meio e quais preferem, o tipo de uso efetuado, a relação dos média com a aquisição de conhecimento, quais os meios utilizados preferencialmente na obtenção de informação, a perceção sobre a fiabilidade que lhes atribuem e quais as redes sociais e serviços preferidos. Teixeira, Teixeira, Guerra, Gonçalves, Lopes (2012) ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012 35
  • 36. Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Bragança Os jovens inquiridos têm idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos. A habilitação dos pais é bastante heterogénea como o gráfico seguinte mostra, mas revela também que os dos alunos de 7º ano são os que possuem um nível de formação mais avançado, com cerca de 60% das mães e de 50% dos pais com licenciatura ou formação superior a esta. Regista-se, também o facto de 11% dos pais e 7% das mães dos alunos de 8º ano não possuírem a escolaridade mínima. Neste ano de escolaridade nenhum dos progenitores é licenciado. ������������ cor, funcionando melhor em condições de baixa luminosidade e especialmente sensíveis na deteção de movimentos na visão periférica). Esta conversão dá-se através de uma reação química sendo, posteriormente, estes impulsos levados até ao cérebro, onde serão interpretados. Mais uma vez, passa a existir, em vez de um estímulo, uma sensação. (Faisca, pp. 4,5) Gráfico 1 - Habilitações académicas dos pais 36 Gráfico 2 - Habilitações académicas dos pais Teixeira, Teixeira, Guerra, Gonçalves, Lopes (2012) ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012
  • 37. revista júnior de investigação No que diz respeito à relação dos jovens com os média, constata-se que, ao contrário do que acontece com a televisão, que regista uma forte utilização todos os dias, a imprensa escrita e online é muito menos procurada e a diferença entre uma e outra não é significativa. Destacam-se os 7º e o 12º anos na leitura de jornais impressos 4 a 6 vezes por semana. O caso dos mais velhos pode ser explicado pela maturidade e exigência de informação nesse nível de ensino, o dos mais novos poderá relacionar-se com o nível cultural do agregado familiar, como os gráficos dedicados a esse dado documentam. Isto pode explicar também que 50% dos alunos de 7º afirmem ler a imprensa online 1 a 3 dias por semana e 41% dos de 12º todos os dias. Curiosamente, 4% dos alunos nunca vê televisão e são de 12º ano. Apesar de se poder pensar que a imprensa online está a destronar a impressa, os resultados mostram que ainda não existe uma preferência muito clara pela primeira com exceção dos alunos de 12º ano, pois 41% afirma ler jornais e revistas online todos os dias e 30% 4 a 6 vezes por semana. No terceiro ciclo a percentagem de alunos que nunca lê a imprensa online é bastante elevada, mas esse número vai decrescendo ao longo dos três anos do ensino secundário, crescendo o número dos que a leem todos os dias, até aos 41% já referidos. Quanto à rádio, esta continua a ser usada, mas, como o Gráfico 1 documenta, esse uso não se relaciona com a procura de informação. Deverá ocorrer sobretudo para ouvir música. Gráfico 3 - Relação dos jovens com os média (televisão e rádio) Gráfico 4 - Relação dos jovens com os média (jornais e revistas) Teixeira, Teixeira, Guerra, Gonçalves, Lopes (2012) ISSN 2182-6277 - Volume 1 (1), Abril de 2012 37