O documento discute a vitória de Trump nas eleições americanas e seu impacto no mercado de café, as importações emergenciais de café conilon pelo Brasil e os preços atuais do café.
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Santos, 18 de novembro de 2.016 – ano 83 – número 46
A vitória de Trump nas eleições presidenciais americanas trouxe incertezas políticas e econômicas para os EUA e
para o restante do mundo, levando os mais diversos mercados ao redor do planeta a se reposicionarem. Na ICE Futures US, em
Nova Iorque, a inesperada vitória de Trump mudou a percepção dos operadores e a partir da quarta-feira, dia 9, a rolagem para
março dos contratos de café com vencimento no próximo mês de dezembro, que até o dia 8 vinha sendo executada com muita
dificuldade, se acelerou e hoje já está praticamente concluída, dando grande alivio aos que estavam na posição vendida.
O Balanço Semanal do CNC – Conselho Nacional do Café, distribuído hoje, informa que os interessados na
importação emergencial de café conilon, obtiveram a sinalização favorável do ministro da Agricultura, Blairo Maggi.
São dois pleitos: o primeiro das indústrias de solúvel que querem importar café conilon verde em regime de
“drawback” – voltado ao beneficiamento e posterior exportação do mesmo - acenando com a possibilidade de perda de
competitividade da indústria brasileira e, consequentemente, de “market share” do Brasil no mercado mundial de café solúvel.
O outro, das indústrias de torrefação e moagem voltadas para o consumo interno brasileiro, que também pretendem importar
café conilon verde e assim alterar o mínimo possível seus “blends”.
Consideramos essas importações prejudiciais ao cafeicultor brasileiro. Acabamos de colher uma safra de ciclo alto e,
como não poderia deixar de ser, os armazéns estão cheios. Nossos produtores fizeram a “lição de casa” e vêm investindo, ano
após ano, em seus cafezais, aumentando continuamente a produtividade por hectare e a qualidade dos cafés brasileiros. Além
de maiores produtores e exportadores, já somos também os maiores exportadores mundiais de cafés diferenciados.
Os cafeicultores brasileiros investem ano após ano em suas lavouras e em diversas safras, quando os preços mundiais
estão baixos, vendem seus cafés com prejuízo. Neste ano, quando as condições estão favoráveis aos produtores, querem
importar café...
O consumo mundial está crescendo e o Brasil, maior produtor e exportador do mundo, além de segundo maior
consumidor, está sem estoques remanescentes e enfrenta seguidos problemas climáticos. Só para manter nosso atual “market
share” no consumo mundial, precisamos caminhar rapidamente para safras médias de 60 milhões de sacas. Além disso,
precisamos refazer o estoque de segurança. Pela primeira vez, em nossa longa história de produtores e exportadores de café,
estamos com os estoques de segurança zerados. O pequeno estoque público que resta será leiloado no início de 2017.
Precisamos de preços melhores que os atuais para nossos cafeicultores recuperarem prejuízos de safras passadas e se
sentirem estimulados a aumentar a área plantada com café. Cafeicultor também precisa de bons lucros.
Não consideramos elevado o atual patamar de preços em Nova Iorque. Em outras épocas, com o dólar tendo poder de
compra bem maior do que hoje, já esteve bem mais alto, muitas vezes acima de três dólares por libra peso. Para atender
problemas pontuais, vamos colocar em risco uma atividade que se consolidou no Brasil ao longo de séculos e se transformou
em parte de nossa identidade como nação. O preço do café verde, perto do valor gerado por ele para toda a cadeia produtiva e
industrial, é insignificante.
A "Green Coffee Association" divulgou que os estoques americanos de café verde totalizaram 6.207.005 em 31 de
outubro de 2016. Uma alta de 7.982 sacas em relação às 6.199.023 sacas existentes em 30 de setembro de 2016.
Até dia 17, os embarques de novembro estavam em 834.652 sacas de café arábica, 12.358 sacas de café conilon, mais
65.228 sacas de café solúvel, totalizando 912.238 sacas embarcadas, contra 1.022.566 sacas no mesmo dia de outubro. Até o
mesmo dia 17, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em novembro totalizavam 1.776.106 sacas,
contra 1.842.095 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 11, sexta-feira, até o fechamento de hoje, sexta-feira, dia 17,
caiu nos contratos para entrega em março próximo 100 pontos ou US$ 1,32 (R$ 4,46) por saca. Em reais, as cotações para
entrega em março próximo na ICE fecharam no dia 11 a R$ 734,41 por saca, e hoje dia 17, a R$ 725,19 por saca. Hoje, sexta-
feira, nos contratos para entrega em março a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 85 pontos. No mercado estável de
hoje, são as seguintes cotações nominais por saca, para os cafés verdes, do tipo 6 para melhor, safra 2016/2017, condição
porta de armazém:
R$630/650,00 - CEREJA DESCASCADO – (CD), BEM PREPARADO.
R$590/610,00 - FINOS A EXTRA FINOS – MOGIANA E MINAS.
R$570/590,00 - BOA QUALIDADE – DUROS, BEM PREPARADOS.
R$550/560,00 - DUROS COM XÍCARAS MAIS FRACAS.
R$530/540,00 - RIADOS.
R$500/530,00 - RIO.
R$500/530,00 - P.BATIDA P/O CONSUMO INT.: DURA.
R$480/500,00 - P.BATIDA P/O CONSUMO INT.: RIADAS.
DÓLAR COMERCIAL DE SEXTA-FEIRA: R$ 3,3820 PARA COMPRA.