A poesia trovadoresca surgiu na Idade Média entre os séculos V e XV e refletia as duras condições de vida da época. Dividia-se em cantigas de amigo, amor e escárnio e maldizer, sendo transmitida em três cancioneiros e tendo como agentes principais o trovador, jogral e soldadeiras.
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila Ribeiro
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1. Poesia Trovadoresca
A poesia trovadoresca situa-se na Idade Média, um período de mil anos, entre a queda do Império Romano
do Ocidente (séc. V) à queda do império Romano do Oriente (séc. XV).
Foi um período, em que a esperança média de vida era reduzida, devido às más condições de vida (viviam
em casas escuras e desconfortáveis) e à falta de higiene (não havia esgotos nem casas de banho). A somar a
esta época sombria da nossa história, estava a dureza do quotidiano e tremenda injustiça social.
A sociedade encontrava-se dividida em três ordens: o clero e a nobreza, que constituíam as ordens
privilegiadas e o povo.
Nesta altura, a Igreja tinha uma grande influência na sociedade.
Cantigas de amigo
Quando é que a poesia trovadoresca começou ? Entre finais do século XII e meados do século XIV/época do
nascimento das nacionalidades ibéricas e da Reconquista Cristã
Onde é que a poesia trovadoresca começou ? Reinos de Leão e Galiza, reino de Portugal, reino de Castela
Como é que a poesia trovadoresca era trasnmitida ? Três grandes cancioneiros: o Cancioneiro da Ajuda, o Cancioneiro
da Biblioteca Nacional e o Cancioneiro da Biblioteca Vaticana
Que géneros de poesia troavdoresca existem? Cantiga de amigo, cantiga de amor e cantiga de escárnio e
maldizer
Qual a razão para se chamarem de cantigas ? O lirismo medieval associava-se à música: a poesia era cantada,
ou entoada, e instrumentada
Que agentes estão associados à poesia trovadoresca?
O trovador (criador da poesia e da música), o jogral (artista
profissional de origem popular, que interpretava cantigas de
outros) e as soldadeiras (cantadeiras bailarinas)
Sujeito poético Donzela apaixonada
Objeto Amigo e amado
Características do sujeito poético
Moça solteira, simples, enamorada e, por vezes, ingénua. Carácter
feminino traduzido na sedução, na saudade do amigo, na confiança
amorosa, no sofrimento e nos queixumes.
Características do objeto Mentiroso, traidor, formoso, ausente
Relacionamento entre sujeito poético e objeto
O amor é natural e espontâneo, mas pode desencadear ciúmes, angústia
ou arrebatamento apaixonado ou a zanga.
Ambiente Doméstico (a casa), rural (a fonte, o campo), a praia
Relação com a Natureza
Contacto com a Natureza, que refletindo o estado de espírito da donzela
e, muitas vezes os elementos da Natureza desempenham um papel de
confidentes. Há, portanto, uma relação de intimidade e de comunhão.
Sentimentos
Alegria de amar e de ser amada; a tristeza da ausência do amigo; e
saudade do passado, o ciúme, a vingança, …
Confidentes Mãe, vizinha, irmã, amiga ou Natureza.
Linguagem
Simples e repetitiva; predomínio de alguns recursos expressivos como a
apóstrofe, a anáfora, a personificação e a metáfora
Estrutura
Obedece ao paralelismo (os vários elementos versificatórios – pausas,
ritmo e rima – estão subordinados a um jogo de simetrias, em que
predomina a repetição, como princípio estruturador); Nas estrofes
ímpares a rima é em i e nas estrofes pares a rima é em a; Constituída
pelo processo de leixa-pren (o segundo verso da estrofe ímpar repete-se
2. Cantigas de amor
Cantigas de escárnio e maldizer
como primeiro verso da estrofe ímpar seguinte, acontecendo o mesmo
com as estrofes pares)
Sujeito poético Trovador
Objeto A dona, a “senhor”
Características do sujeito poético
Implora ou queixa-se à dama, mas também ao próprio Amor; cativo,
coitado, servidor, aflito, enlouquecido, sofredor.
Características do objeto
Mulher formosa e ideal que apresenta como características físicas:
“fermosura”, beldade, corpo delgado; características morais: bondade,
lealdade, “comprida de ben”; características sociais: bom senso, “mui
comunal”, “falar mui bem”; características genéricas: “prez”, “loor”, “grã
valor”, a melhor entre todas as mulheres.
Relacionamento entre sujeito poético e objeto
Regras do amor cortês e Vassalagem amorosa do sujeito: sofrer quando
ela quiser; guardar mesura, ter autodomínio (respeito pela senhor/ amor
espiritual); respeitar o seu “prez” (preço/ valor); prestar vassalagem.
Ambiente
Natureza idealizada: a descrição das flores de maio, da brisa da
primavera e do cantar do rouxinol; Ambiente cortesão (palaciano).
Características gerais
A veneração da mulher; o amor à margem do casamento; o fingimento
do amor; o amor ao Amor; a coita (sofrimento) de amor.
Sentimentos
A coita de amor; o amor infeliz; a saudade; o desespero (o sofrimento
que provoca loucura); a morte por amor.
Sujeito poético Trovador
Objeto
Outros trovadores a quem lhes falta a arte e são falsos na expressão do
amor; figuras cujos vícios e costumes eram censuráveis.
Cantigas de escárnio
Cantigas em que o trovador troça de uma determinada pessoa
indiretamente, recorrendo ao duplo sentido e à ambiguidade das
palavras, à ironia, à alusão e à sugestão jocosa.
Cantigas de maldizer
Cantigas em que o trovador ridiculariza determinada pessoa de forma
direta, criticando situações de adultério, amores interesseiros ou ilícitos,
entre outros.
Temas
Na poesia satírica, cantigas de escárnio e maldizer, os trovadores
satirizam o amor cortês e as mesuras a que ele obrigava, retratam
aspetos particulares da vida da corte e especialmente da boémia
jogralesca, a pobreza envergonhada de alguns nobres, a avareza de
alguns ricos-homens, o fingimento da morte de amor nas cantigas de
amor, entre outros temas que possibilitavam a ridicularização individual
e social.