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Fernão Lopes, Crónica de D. João I
Rúben Inocêncio
Setembro 2020
Fernão Lopes nasceu, provavelmente, entre 1380 e 1390 em Lisboa. Teve a toda a sua vida ligada
a ofícios relacionados com a literatura e o aquivo geral do reino. Entre esses trabalhos destaca-
se as funções de guarda-mor da Torre do Tombo e, talvez a mais importante, cronista do reino
nomeado por D. Duarte. Durante este cargo foi-lhe dada a tarefa de colocar em crónica1
os
reinados dos antigos reis de Portugal, incluindo o célebre D. João I, Mestre de Avis.
A importância desta crónica é evidente pois retrata duas grandes passagens da história de
Portugal: a crise dinástica de 1383 a 1385 com a ascensão de Mestre de Avis e ainda a os
confrontos que D. João I trava com Castela até o restabelecimento de paz. A obra encontra-se
assim dividida nestas duas partes.
1. Crise Dinástica de 1383-1385
A crise dinástica foi consequência de vários acontecimentos na corte portuguesa, tendo como
principal protagonista D. Fernando. Este monarca deixou apenas uma filha (D. Beatriz), com D.
Leonor Teles, como sucessora do trono português, ou seja, não deixou filho varão que pudesse
um dia herdar o trono e dar continuidade à Dinastia Afonsina.
D. Fernando, após ter-se envolvido em diversas batalhas com Castela que resultaram em
sucessivas derrotas, acabou por ser obrigado a assinar o Tratado de Salvaterra de Magos com
Castela, tratado este que obrigou D. Beatriz a casar com D. João I de Castela a fim de ceder o
governo de Portugal a Castela e pior que isso a perda da independência.
Com o tratado assinado e a morte de D. Fernando em 1383, instala-se então uma crise dinástica
que só tem fim com a aclamação de um dos quatro possíveis pretendentes:
D. Constança D. Inês de
Castro
D. Teresa
D. Pedro I
D. Leonor
Teles
D. Fernando
Infante D. João Infante D. Dinis D. João Mestre
de Avis
D. Beatriz
D. João I
de Castela
Linhagem Ilegítima
Linhagem Legítima
Pretendentes
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Crónica de D. João I| Rúben Inocêncio
2
2. Resumo dos Capítulos 11, 115 e 148 (1ª parte)
Opta-se por fazer um resumo e alguma análise dos capítulos 11, 115 e 148, da primeira parte,
pois são estes que constam nas metas curriculares de Português de secundário.
Capítulo 11: Mestre de Avis, juntamente com Álvaro Pais e seu pajem, conspiram contra a
Rainha Leonor Teles e seu amante castelhano Conde Andeiro para conseguirem devolver ao
trono português a independência do poder castelhano.
1. O pajem e Álvaro de Pais cavalgam pelas ruas de Lisboa bradando ao povo (que tanto
adorava Mestre de Avis) que o Conde Andeiro estava prestes a matar o Mestre nos
paços da rainha.
2. A população pega em armas, algumas até improvisadas, na esperança de salvar o
Mestre. Ao chegar aos paços, a multidão encontra as portas do paço fechadas, fazendo
com que os ânimos de quem ali estava se descontrolassem numa tentativa de
verificarem se o Mestre estava vivo.
3. Ao ver que a população estava deveras inquieta, Mestre de Avis aparece à janela dos
paços confirmando a sua sobrevivência e anunciando que o Conde está morto e,
portanto, nada há a temer.
4. Após o tumulto, o Mestre deixa os paços e contacta com a população que se mostra
aliviada e alegre novamente.
Capítulo 115: É feita uma primeira descrição das defesas que Lisboa prepara devido ao
ataque que é comandado pelo “elRei de Castella” e que está cada vez mais próxima da
cidade. Para isso, o Mestre lidera e delega tarefas, tais como: recolher mantimentos,
erguer muros e fortificações, levantar vigias, … Fernão Lopes realça o espírito patriótico
do povo que age como se de um só se tratassem.
1. Mestre e seus aliados recolhem alimentos (gado) às terras envolventes na com objetivo
de aguentar um possível longo cerco à cidade. A população, inicialmente, divide-se entre
aqueles que decidem fugir para Setúbal, aqueles que irão aguentar a cidade e uma
minoria que permanece nas vilas apoiando Castela.
2. Já dentro das muralhas, preparam-se defesas ao nível dos: muros, torres, armamento e
homens de armas, entradas da cidade, zonas ribeiras, etc. Nesta preparação são
referidos não só fidalgos, a quem foram delegadas algumas tarefas maiores, como
também mulheres que ajudam, sem medo, a preparar os terrenos.
3. Existe uma comparação, por parte do cronista, entre os portugueses que defendem tão
bem a sua cidade e os filhos de Israel (que o mesmo fizeram) e ainda é destacado a
superioridade de rei de Castela em termos de quantidade de homens, mas apenas para
que realçar a postura valente da cidade Lisboeta perante um inimigo tão feroz.
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Crónica de D. João I| Rúben Inocêncio
3
Capítulo 148: Este capítulo é uma homenagem a toda a população pelo sofrimento e
miséria que viveu durante o cerco. Desde homens e mulheres que são expulsos do
interior do cerco por não lutar, ou por não contribuir para a defesa, a mortes lentas
devido à fome e à situação precário que de um modo geral a “gente” viveu.
1. Já a meio do longo cerco, os mantimentos faltam devido à elevada população que
permanecia dentro das muralhas. A população vê-se com necessidade de procurar
alimento fora das muralhas, correndo grande perigo. O Mestre é ainda obrigado a
colocar determinados grupos socioeconómicos (miseráveis, prostitutas, quem não
combate, judeus…) fora do cerco.
2. Existe quem ainda procure migalhas e sementes no chão imundo para sobreviver, já que
o preço dos alimentos básicos é muito elevado. A fome afeta crianças que correm pela
cidade procurando esmola e mesmo mães que incapazes de amamentar os filhos vêm-
nos morrer.
3. Um rumor assombra a cidade: o Mestre iria expulsar todos aqueles que não têm o que
comer; no entanto é desmentido mais tarde. O capítulo acaba com um forte e
emocionante apelo à “geeraçom que depois veo”, ou seja, aqueles que leem a crónica,
dizendo que são afortunados aqueles que não tiveram de enfrentar tais sofrimentos.
3. Personagens Individuais e coletivas
Nas Crónicas de D. João I faz é de extrema importância salientar, não só personagens individuais,
como também a personagem coletiva, ou seja, o Povo. Esta necessidade deve-se ao facto de o
povo ser a força motriz para todo o enredo da mudança de dinastia e vitória sobre Castela, a
nível militar e político.
Feita esta chamada de atenção, podemos então aprofundar alguns detalhes sobre as
personagens que mais impacto tiveram na Crise Dinástica e ainda na Batalha de Aljubarrota:
✓ Mestre de Avis – demonstra-se um homem multifacetado, por um lado é bravo e
inteligente, devido ao esquema e destreza com que executou o plano de matar o Conde
Andeiro, por outro lado, é também um homem receoso e solidário que se identifica com
o mais comum homem do povo. É um verdadeiro líder.
✓ Álvaro Pais – Membro da burguesia que atua como aliado do Mestre e que é
fundamental no plano de influenciar a alma do povo a vir socorrer o Mestre quando este
estava em suposto perigo.
✓ D. Leonor Teles – Mulher que representa o falso governo português, pois embora fosse
rainha e legítima herdeira do trono, estava envolvida com a corte espanhola e na
tentativa de extinguir a liberdade lusa. Era apoiada pela alta nobreza e clero e repudiada
pelo povo que a apelidava de “aleivosa”2
.
✓ Povo – Personagem considerada principal e que, tal como expresso antes, constitui a
força geradora de revolução. Pode ser apelidado também de herói coletivo, na medida
em que representa todos aqueles que queriam preservar a independência de Portugal.
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Crónica de D. João I| Rúben Inocêncio
4
De facto, a Crónica de D. João I consiste no primeiro documento (daí ter sido revolucionário e
tão importante nos dias de hoje) que representa a afirmação e consciência coletiva do povo
enquanto cidadãos portugueses que protegem a todo o custo a sua nação, daí referimo-nos
também a Fernão Lopes como o primeiro historiador português.
4. Linguagem e Estilo Lírico
Fernão Lopes foi um enorme revolucionário e o grande pai da crónica na literatura portuguesa,
desde a forma como interpretou documentos muito anteriores a si para os integrar nas suas
crónicas, até à forma como os expressava com um estilo bastante próximo do leitor, torna-se
evidente que poderá ter sido mesmo o primeiro historiador português.
Das suas crónicas, podemos destacar e esmiuçar certos pontos:
✓ Visualismo – Descrição viva e próxima da imaginação onde são incluídas sensações
(visão, audição, olfato) ou até mesmo o ritmo e os ânimos presentes através de
recursos expressivos (comparação, enumeração, adjetivação e personificação) e
também da descrição pormenorizada dos locais ou das ações.
✓ Dinamismo – Colocação do leitor no desenrolar das ações, ou seja, existe a ilusão de
que nos encontramos no desenrolar do enredo. Este envolvimento é feito por:
sequencialização gradativa3
das ações; uso de verbos de ação (verbos que imprimem
ritmo e força ao discurso); e existe predomínio da caraterização indireta das
personagens, pelo seu comportamento.
✓ Coloquialismo4
– como forma de aproximar o leitor, mais uma vez, à ação narrada,
Fernão Lopes utiliza: 1ª/2ª pessoa; linguagem oralizante e expressões populares;
utilização alternada e diversa de diferentes registos discursivos (descrição, narração,
diálogo); algum discurso direto conferindo intensidade dramática à ação.
5. Glossário
(1)Crónica - História que expõe os factos em narração simples e segundo a ordem em que eles se vão dando.
(2)”aleivosa” - Traiçoeira; que engana, atraiçoa; que se comporta de modo falso.
(3)gradação - Aumento ou diminuição gradual.
(4)Coloquial - Relativo ao discurso oral ou a um discurso espontâneo e informal.
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  • 1. A Studocu não é patrocinada ou endossada por alguma faculdade ou universidade Fernão Lopes, Crónica de D. João I Português (Ensino Secundário (Portugal)) A Studocu não é patrocinada ou endossada por alguma faculdade ou universidade Fernão Lopes, Crónica de D. João I Português (Ensino Secundário (Portugal)) Descarregado por Carla Marisa (reguilas@portugalmail.pt) lOMoARcPSD|17642713
  • 2. Fernão Lopes, Crónica de D. João I Rúben Inocêncio Setembro 2020 Fernão Lopes nasceu, provavelmente, entre 1380 e 1390 em Lisboa. Teve a toda a sua vida ligada a ofícios relacionados com a literatura e o aquivo geral do reino. Entre esses trabalhos destaca- se as funções de guarda-mor da Torre do Tombo e, talvez a mais importante, cronista do reino nomeado por D. Duarte. Durante este cargo foi-lhe dada a tarefa de colocar em crónica1 os reinados dos antigos reis de Portugal, incluindo o célebre D. João I, Mestre de Avis. A importância desta crónica é evidente pois retrata duas grandes passagens da história de Portugal: a crise dinástica de 1383 a 1385 com a ascensão de Mestre de Avis e ainda a os confrontos que D. João I trava com Castela até o restabelecimento de paz. A obra encontra-se assim dividida nestas duas partes. 1. Crise Dinástica de 1383-1385 A crise dinástica foi consequência de vários acontecimentos na corte portuguesa, tendo como principal protagonista D. Fernando. Este monarca deixou apenas uma filha (D. Beatriz), com D. Leonor Teles, como sucessora do trono português, ou seja, não deixou filho varão que pudesse um dia herdar o trono e dar continuidade à Dinastia Afonsina. D. Fernando, após ter-se envolvido em diversas batalhas com Castela que resultaram em sucessivas derrotas, acabou por ser obrigado a assinar o Tratado de Salvaterra de Magos com Castela, tratado este que obrigou D. Beatriz a casar com D. João I de Castela a fim de ceder o governo de Portugal a Castela e pior que isso a perda da independência. Com o tratado assinado e a morte de D. Fernando em 1383, instala-se então uma crise dinástica que só tem fim com a aclamação de um dos quatro possíveis pretendentes: D. Constança D. Inês de Castro D. Teresa D. Pedro I D. Leonor Teles D. Fernando Infante D. João Infante D. Dinis D. João Mestre de Avis D. Beatriz D. João I de Castela Linhagem Ilegítima Linhagem Legítima Pretendentes Descarregado por Carla Marisa (reguilas@portugalmail.pt) lOMoARcPSD|17642713
  • 3. Crónica de D. João I| Rúben Inocêncio 2 2. Resumo dos Capítulos 11, 115 e 148 (1ª parte) Opta-se por fazer um resumo e alguma análise dos capítulos 11, 115 e 148, da primeira parte, pois são estes que constam nas metas curriculares de Português de secundário. Capítulo 11: Mestre de Avis, juntamente com Álvaro Pais e seu pajem, conspiram contra a Rainha Leonor Teles e seu amante castelhano Conde Andeiro para conseguirem devolver ao trono português a independência do poder castelhano. 1. O pajem e Álvaro de Pais cavalgam pelas ruas de Lisboa bradando ao povo (que tanto adorava Mestre de Avis) que o Conde Andeiro estava prestes a matar o Mestre nos paços da rainha. 2. A população pega em armas, algumas até improvisadas, na esperança de salvar o Mestre. Ao chegar aos paços, a multidão encontra as portas do paço fechadas, fazendo com que os ânimos de quem ali estava se descontrolassem numa tentativa de verificarem se o Mestre estava vivo. 3. Ao ver que a população estava deveras inquieta, Mestre de Avis aparece à janela dos paços confirmando a sua sobrevivência e anunciando que o Conde está morto e, portanto, nada há a temer. 4. Após o tumulto, o Mestre deixa os paços e contacta com a população que se mostra aliviada e alegre novamente. Capítulo 115: É feita uma primeira descrição das defesas que Lisboa prepara devido ao ataque que é comandado pelo “elRei de Castella” e que está cada vez mais próxima da cidade. Para isso, o Mestre lidera e delega tarefas, tais como: recolher mantimentos, erguer muros e fortificações, levantar vigias, … Fernão Lopes realça o espírito patriótico do povo que age como se de um só se tratassem. 1. Mestre e seus aliados recolhem alimentos (gado) às terras envolventes na com objetivo de aguentar um possível longo cerco à cidade. A população, inicialmente, divide-se entre aqueles que decidem fugir para Setúbal, aqueles que irão aguentar a cidade e uma minoria que permanece nas vilas apoiando Castela. 2. Já dentro das muralhas, preparam-se defesas ao nível dos: muros, torres, armamento e homens de armas, entradas da cidade, zonas ribeiras, etc. Nesta preparação são referidos não só fidalgos, a quem foram delegadas algumas tarefas maiores, como também mulheres que ajudam, sem medo, a preparar os terrenos. 3. Existe uma comparação, por parte do cronista, entre os portugueses que defendem tão bem a sua cidade e os filhos de Israel (que o mesmo fizeram) e ainda é destacado a superioridade de rei de Castela em termos de quantidade de homens, mas apenas para que realçar a postura valente da cidade Lisboeta perante um inimigo tão feroz. Descarregado por Carla Marisa (reguilas@portugalmail.pt) lOMoARcPSD|17642713
  • 4. Crónica de D. João I| Rúben Inocêncio 3 Capítulo 148: Este capítulo é uma homenagem a toda a população pelo sofrimento e miséria que viveu durante o cerco. Desde homens e mulheres que são expulsos do interior do cerco por não lutar, ou por não contribuir para a defesa, a mortes lentas devido à fome e à situação precário que de um modo geral a “gente” viveu. 1. Já a meio do longo cerco, os mantimentos faltam devido à elevada população que permanecia dentro das muralhas. A população vê-se com necessidade de procurar alimento fora das muralhas, correndo grande perigo. O Mestre é ainda obrigado a colocar determinados grupos socioeconómicos (miseráveis, prostitutas, quem não combate, judeus…) fora do cerco. 2. Existe quem ainda procure migalhas e sementes no chão imundo para sobreviver, já que o preço dos alimentos básicos é muito elevado. A fome afeta crianças que correm pela cidade procurando esmola e mesmo mães que incapazes de amamentar os filhos vêm- nos morrer. 3. Um rumor assombra a cidade: o Mestre iria expulsar todos aqueles que não têm o que comer; no entanto é desmentido mais tarde. O capítulo acaba com um forte e emocionante apelo à “geeraçom que depois veo”, ou seja, aqueles que leem a crónica, dizendo que são afortunados aqueles que não tiveram de enfrentar tais sofrimentos. 3. Personagens Individuais e coletivas Nas Crónicas de D. João I faz é de extrema importância salientar, não só personagens individuais, como também a personagem coletiva, ou seja, o Povo. Esta necessidade deve-se ao facto de o povo ser a força motriz para todo o enredo da mudança de dinastia e vitória sobre Castela, a nível militar e político. Feita esta chamada de atenção, podemos então aprofundar alguns detalhes sobre as personagens que mais impacto tiveram na Crise Dinástica e ainda na Batalha de Aljubarrota: ✓ Mestre de Avis – demonstra-se um homem multifacetado, por um lado é bravo e inteligente, devido ao esquema e destreza com que executou o plano de matar o Conde Andeiro, por outro lado, é também um homem receoso e solidário que se identifica com o mais comum homem do povo. É um verdadeiro líder. ✓ Álvaro Pais – Membro da burguesia que atua como aliado do Mestre e que é fundamental no plano de influenciar a alma do povo a vir socorrer o Mestre quando este estava em suposto perigo. ✓ D. Leonor Teles – Mulher que representa o falso governo português, pois embora fosse rainha e legítima herdeira do trono, estava envolvida com a corte espanhola e na tentativa de extinguir a liberdade lusa. Era apoiada pela alta nobreza e clero e repudiada pelo povo que a apelidava de “aleivosa”2 . ✓ Povo – Personagem considerada principal e que, tal como expresso antes, constitui a força geradora de revolução. Pode ser apelidado também de herói coletivo, na medida em que representa todos aqueles que queriam preservar a independência de Portugal. Descarregado por Carla Marisa (reguilas@portugalmail.pt) lOMoARcPSD|17642713
  • 5. Crónica de D. João I| Rúben Inocêncio 4 De facto, a Crónica de D. João I consiste no primeiro documento (daí ter sido revolucionário e tão importante nos dias de hoje) que representa a afirmação e consciência coletiva do povo enquanto cidadãos portugueses que protegem a todo o custo a sua nação, daí referimo-nos também a Fernão Lopes como o primeiro historiador português. 4. Linguagem e Estilo Lírico Fernão Lopes foi um enorme revolucionário e o grande pai da crónica na literatura portuguesa, desde a forma como interpretou documentos muito anteriores a si para os integrar nas suas crónicas, até à forma como os expressava com um estilo bastante próximo do leitor, torna-se evidente que poderá ter sido mesmo o primeiro historiador português. Das suas crónicas, podemos destacar e esmiuçar certos pontos: ✓ Visualismo – Descrição viva e próxima da imaginação onde são incluídas sensações (visão, audição, olfato) ou até mesmo o ritmo e os ânimos presentes através de recursos expressivos (comparação, enumeração, adjetivação e personificação) e também da descrição pormenorizada dos locais ou das ações. ✓ Dinamismo – Colocação do leitor no desenrolar das ações, ou seja, existe a ilusão de que nos encontramos no desenrolar do enredo. Este envolvimento é feito por: sequencialização gradativa3 das ações; uso de verbos de ação (verbos que imprimem ritmo e força ao discurso); e existe predomínio da caraterização indireta das personagens, pelo seu comportamento. ✓ Coloquialismo4 – como forma de aproximar o leitor, mais uma vez, à ação narrada, Fernão Lopes utiliza: 1ª/2ª pessoa; linguagem oralizante e expressões populares; utilização alternada e diversa de diferentes registos discursivos (descrição, narração, diálogo); algum discurso direto conferindo intensidade dramática à ação. 5. Glossário (1)Crónica - História que expõe os factos em narração simples e segundo a ordem em que eles se vão dando. (2)”aleivosa” - Traiçoeira; que engana, atraiçoa; que se comporta de modo falso. (3)gradação - Aumento ou diminuição gradual. (4)Coloquial - Relativo ao discurso oral ou a um discurso espontâneo e informal. Descarregado por Carla Marisa (reguilas@portugalmail.pt) lOMoARcPSD|17642713