Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
Cartilagem
1. Serviço de Cirurgia Plástica e Queimados da Santa Casa de Misericórdia de São José do Rio Preto
Dr Brunno Rosique
TECIDO CONJUNTIVO ESPECIALIZADO – CARTILAGEM
1 Introdução
- tecido conjuntivo especializado de consistência rígida, mas que mantém certo grau de flexibilidade.
- Não possui vasos sanguíneos e linfáticos e nervos, sendo nutrido e inervado pelos vasos e nervos do tecido conjuntivo
envolvente.
2 Funções
- suporte de tecidos moles;
- revestimento de superfícies articulares onde absorve choques e facilita o deslizamento;
- auxilia na formação e crescimento dos ossos longos;
- forma o molde inicial de muitos ossos no período embrionário.
3 Estrutura
- células: condrócitos;
- material intercelular: fibras (colágenas ou colágenas + elásticas), substância fundamental amorfa (glicosaminoglicanas,
proteoglicanas e glicoproteínas) e fluido intersticial.
4 Outras características
- a consistência firme se deve às ligações eletrostáticas entre as glicosaminoglicanas sulfatadas (GAGs) e o colágeno, e à gran de
quantidade de moléculas de água presas às GAGs;
- as cartilagens (exceto as articulares e fibrosas) são envolvidas por uma bainha de tecido conjuntivo denominada de
pericôndrio.
5 Pericôndrio
- bainha de tecido conjuntivo denso (emsua maior parte), que envolve todas as cartilagens (exceto as articulares e a fibrosa);
- duas camadas: externa fibrosa (fibroblastos, fibras de colágeno tipo I e vasos sanguíneos) e interna celular (células
condrogênica);
- funções: (1) fonte de novos condrócitos para o crescimento da cartilageme (2) nutrição da cartilagem.
6 Histogênese
As cartilagens são inicialmente formadas no embrião, a partir do mesênquima:
- células mesenquimáticas retraem seus prolongamentos e tornam-se arredondadas;
- as células multiplicam-se e formam aglomerados de células com citoplasma basófilo (condroblastos);
- os condroblastos iniciama síntese da matriz, afastando-se uns dos outros e ficando aprisionados emlacunas na matriz;
- as células aprisionadas (condrócitos) ainda se dividem, formando grupos de duas ou mais células (grupos isógenos).
7 Crescimento das cartilagens
- intersticial: à medida que os condrócitos de um grupo isógeno produzem matriz, elas são empurradas para longe uma da outra,
ocupando lacunas separadas (crescimento a partir do interior da cartilagem);
- aposicional: as células condrogênicas sofrem divisão e se diferenciam em condroblastos, que começam a elaborar a matriz
(crescimento por adição na periferia).
- Obs: o crescimento intersticial ocorre somente na fase inicial da formação da cartilagem; as cartilagens que não têm
pericôndrio e do disco epifisário crescem dessa forma.
8 Tipos de cartilagens
- hialina: material extracelular com delicadas fibrilas de colágeno tipo II;
- elástica: material extracelular com poucas fibrilas de colágeno II e muitas fibras elásticas;
- fibrosa: material extracelular com muitas fibras colágenas tipo I
-
2. 9 Cartilagem hialina
- localização: nariz e laringe, extremidades ventrais das costelas (onde se articulam com o externo), nos anéis da traquéia e
brônquios, nas superfícies articulares das articulações móveis, discos epifisários dos ossos emcrescimento.
- Além de fibrilas de colágeno II (que não forma grandes feixes), existem outros colágenos secundários (IX, X, XI);
- o alto conteúdo de água de solvatação nas GAGs atua como sistema de absorção de choques mecânicos;
- o material extracelular em torno dos condrócitos é pobre em colágeno e rica em condroitino-sulfato, que contribui para sua
basofilia, metacromasia e reação PAS (+) e chama-se MATRIZ TERRITORIAL.
- recentemente identificou-se que imediatamente ao redor das lacunas existe uma fina rede de fibras colágenas embebidas num
material semelhante à lâmina basal, que talvez sirva para proteção contra pressão mecânica.
- o material extracelular é rico em agrecanas (grandes moléculas de proteoglicanas) que têm carga negativa e atraem cátions;
estes por sua vez, atraemmoléculas de água, tornando a matriz muito hidratada e resistente à pressão.
- Condrócitos: os periféricos são mais achatados e os centrais mais arredondados; in vivo ocupam toda a lacuna e nos preparados
histológicos aparecem retraídos; têm núcleo grande, nucléolo proeminente, citoplasma pouco corado commuitas mitocôndrias,
RER e C. Golgi bem desenvolvidos; vivem sob baixas tensões de oxigênio, degradando a glicose por mecanismo anaeróbico;
os nutrientes do sangue chegam por difusão, através da água de solvatação das macromoléculas e pelo bombeamento
promovido pelas forças de compressão; contorno irregular para aumentar a adesão e captação de nutrientes da matriz
extracelular.
10 Cartilagem elástica
- localização: pavilhão da orelha, tubas auditivas, epiglote e cartilagem cuneiforme da laringe.
- pode aparecer sozinha ou associada à cartilagem hialina;
- além das fibrilas colágenas, apresenta uma rede de fibras elásticas finas, contínuas comas do pericôndrio;
- os condrócitos são mais numerosos e maiores e a matriz é menos abundante que da hialina;
- os feixes de fibras elásticas da matriz territorial são mais abundantes e espessos que do resto da matriz.
11 Fibrocartilagem
- localização: discos intervertebrais, sínfise pubiana, discos articulares e nos pontos de inserção óssea de ligamentos e tendões;
- intermediária entre cartilagem hialina e tecido conjuntivo denso;
- não possui pericôndrio;
- quantidade reduzida de SFA e abundantes feixes de colágeno I;
- condrócitos organizados emfileiras paralelas, alternados com feixes grossos de fibras colágenas;
- discos intervertebrais: núcleo pulposo (centro gelatinoso com muito ácido hialurônico e células que desaparecemaos 20 anos;
resiste à compressão) e anel fibroso (circunda o núcleo pulposo e é constituído de fibrocartilagem; resiste à tração).
- A ruptura do anel fibroso, mais freqüente na região posterior resulta na expulsão do núcleo pulposo e achatamento do disco;
quando isto ocorre emdireção à medula espinhal, pode comprimir nervos, produzindo dores e distúrbios neurológicos.