O documento discute o Modernismo em Portugal, com foco em Fernando Pessoa. Apresenta as principais revistas e fases do movimento Modernista português, como o Orfismo e o Presencismo. Detalha também os heterônimos criados por Pessoa, como Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos, e suas respectivas obras.
2. O Modernismo começa a se formar a partir das
primeiras tendências, misturando-as, expressa uma
nova forma de o homem ocidental observar, sentir e
interpretar a vida experimentada nas cidades do início
do século XX. O espírito moderno é produto das
ambíguas (realização x desconforto, insatisfação)
experiências que o ser humano passa a vivenciar.
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3. O movimento modernista português costuma
ser dividido em fases: o orfismo (1915 -
revista Orpheu) e o presencismo (1927 –
revista Presença).
Meio de comunicação mais significativo
desse período, as revistas literárias foram as
responsáveis por informar, divulgar e
consagrar o que se produziu em literatura
nessa época.
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4. MODERNISMO
Surgiu em 1915 com a publicação da revista Orpheu que
decreta o fim dos valores artísticos do século XIX. É por meio dela
que o século XX e suas experimentações literárias ganham espaço
em Portugal sob a influência das correntes de vanguarda.
A revista Orpheu teve apenas dois números (março e junho de
1915) e sofreu ataques furiosos da imprensa conservadora, que
chamou os modernistas de “loucos futurista”.
Movimento típico de Lisboa, o orfismo se organiza com o
objetivo de escandalizar o burguês. Os artistas afirmavam ser
contra o provincianismo e a literatura estereotipada dos períodos
anteriores. Embora tenha chocado a sociedade, o orfismo não
conquistou grande público.
Representantes: Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro
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6. Fernando Antônio Nogueira Pessoa (1888 – 1935) nasceu em
Lisboa. Vai para a África do Sul com a mãe e o padrasto aos cinco
anos e vive lá até concluir o colégio de inglês. De volta a Lisboa,
começa a frequentar a faculdade, mas não conclui os estudos.
Um dos produtores de Orpheu, Pessoa dirige o segundo
número da revista, que define as características do movimento.
Escreveu muito durante toda vida, mas, ao morrer tinha
apenas um livro publicado Mensagem, ganhando com ele o
segundo lugar no concurso instituído pelo Secretariado de
Propaganda Nacional de Lisboa.
Em jornais e revistas, deixou alguns textos de crítica literária
e uns poucos poemas em inglês ou português. O restante só veio a
público postumamente. Pessoa criou um modelo próprio para
transmitir a conturbação do século XX. Soube como ninguém
casar tradição com modernidade, tradição com angústia. Deu voz
à grandes inquietações, aos medos e aos sentimentos mais
obscuros do homem do início do século e sua nova organização
social.
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7. Além das poesias que assinou como Fernando
Pessoa, escreveu outras que assinou como Álvaro de
Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro.
Para cada um deles, Fernando Pessoa inventou um
estilo, uma visão de mundo particular e até uma
“biografia”.
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8. ALBERTO CAEIRO
1889 - 1915
Escreve com uma linguagem muito simples e
com um vocabulário muito limitado, pois só teve
instrução primária. O poeta está diretamente em
contato com a natureza, buscando a felicidade
através dos sentidos. Afirmava que “pensar é
estar doente dos olhos”, e por isso descrevia o
mundo como ele o enxergava, através dos seus
sentidos.
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10. RICARDO REIS
1887 – 1935?
É um poeta de inspiração neoclássica, e tem
como lema o “Carpe diem” (aproveite o dia). É
discípulo de Alberto Caeiro e tem, como o mestre,
grande paixão pela natureza, embora exaltando-a
em estilo diferente.
A linguagem de Ricardo Reis é clássica. Usa
um vocabulário erudito e, muito
apropriadamente, seus poemas são metrificados e
apresentam uma sintaxe rebuscada.
Para ele os deuses estão acima de tudo e
controlam o destino dos homens:
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12. 1890 – 1935?
O estilo de Álvaro de Campos é marcado pela
oralidade e pela estrutura poética muito próxima
da prosa. Constante em seus poemas é o
pessimismo, revoltado. Álvaro de Campos é um
poeta futurista, que exalta as fábricas, a energia
elétrica, as máquinas, a velocidade.
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13. Mais afinado com as ideias Modernista;
Engenheiro;
Volta-se para o presente;
Saudades do tempo;
Uso de verso livre;
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14. O heterônimo Álvaro de Campos apresenta três fases
distintas em sua poesia. De início é influenciado pelo
decadentismo simbolista, depois pelo futurismo e por fim,
amargurado, escreve poemas pessimistas e desiludidos.
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15. PRIMEIRA FASE
No poema Opiário, o engenheiro Campos,
influenciado pelo simbolismo, ainda metrifica e
rima. Escreve quadras, estrofes de quatro versos,
de teor autobiográfico e já se apresenta
amargurado e insatisfeito:
"Eu fingi que estudei engenharia.
Vivi na Escócia. Visitei a Irlanda.
Meu coração é uma avozinha que anda
Pedindo esmolas às portas da alegria."
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16. SEGUNDA FASE
Campos em seguida envereda pelo futurismo,
adotando um estilo febril, entre as máquinas e a
agitação da cidade, do que resultam poemas como
Ode Triunfal:
"À dolorosa luz das lâmpadas elétricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos."
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17. TERCEIRA FASE
A última fase do heterônimo Álvaro de Campos, em
que pontifica o poema Tabacaria, apresenta um poeta
amargurado, refletindo de forma pessimista e desiludida
sobre a existência:
"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."
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18. Assim como Ricardo Reis, também Álvaro de Campos
confessa-se discípulo de Alberto Caeiro. Mas se Reis envereda
pelo neoclassicismo ao tentar imitar o mestre, Campos se
revela inquieto e frustrado por não conseguir seguir os
preceitos de Caeiro. No poema que se inicia pelo verso
"Mestre, meu mestre querido", dialoga com Caeiro, revelando
toda sua angústia:
"Meu mestre, meu coração não aprendeu a tua serenidade.
Meu coração não aprendeu nada.
(...)
A calma que tinhas, deste-ma, e foi-me inquietação."
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19. FERNANDO PESSOA
ELE MESMO
A obra que Fernando Pessoa assinou com
seu próprio nome está reunida nos volumes
Cancioneiro e Mensagem.
O Cancioneiro é composto por poemas líricos,
rimados e metrificados, de forte influência
simbolista. É do Cancioneiro um dos poemas mais
célebres de Pessoa, Autopsicografia, em que
reflete sobre o fazer poético:
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20. "O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm."
O leitor atento há de perceber que o poeta parte de uma dor
sua, real, integral. Só quem sente uma dor pode fingir outra
que não sente. Só quem tem personalidade pode ser ator.
Como Fernando Pessoa.
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21. Mensagem (1934), livro em língua portuguesa publicado por
Pessoa. Os poemas do livro estão organizados de forma a compor
uma epopeia fragmentária, em que o conjunto dos textos líricos
acaba formando um elogio de teor épico a Portugal. Traçando a
história do seu país, Pessoa envereda por um nacionalismo.
O livro Mensagem está dividido em três partes: Brasão, Mar
português e O Encoberto.
Na primeira, conta-se a história das glórias portuguesas.
Na segunda, são apresentadas as navegações e conquistas
marítimas de Portugal.
Na terceira, é apresentado o mito de retorno de Portugal às épocas
de glória.
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