O documento discute a ética e responsabilidade dos designers na criação de experiências para outros grupos. Apresenta experimentos que sugerem ser possível projetar experiências de usuários, mas também mostra riscos como controle excessivo e falta de representação de vozes diversas. Defende que questionar continuamente os aspectos éticos e ouvir diferentes perspectivas é essencial para projetar experiências de forma responsável e inclusiva.
Ética e estética da experiência projetada para o Outro
1. Ética e estética da experiência
projetada para o Outro
Frederick van Amstel @usabilidoido
Design de Serviços e Design de Experiências
DADIN - UTFPR
www.usabilidoido.com.br
2. Aviso: o objetivo desta fala não é vender nenhum
produto, consultoria ou ideologia. Seu objetivo é
estimular profissionais que projetam experiências a
fazerem seus próprios questionamentos éticos e
chegar a conclusões diferentes das conclusões de um
pesquisador que deixou o mercado de UX há 10 anos.
4. Os Experimentos 68 e 69 que realizei com estudantes de
design sugerem que sim.
5. E quando usuários não são
designers, ainda é possível
projetar suas experiências?
6. O MESMO
Pessoas de grupo
social similar
(designers, diretores,
clientes, etc)
O OUTRO
Pessoas de grupo
social diferente
(usuários, pobres,
negros, indígenas,
etc)
Experiência do designer
Experiência do usuário
22. Mesmo que os processos de UX partam de princípios
morais, facilmente eles se tornam imorais na prática.
23. O impacto ambiental das minas de diamante (Dillon Marsh,
2015) é similar ao impacto social do Duplo Diamante.
24. O Duplo Diamante é frequentemente usado para extrair
informações sem que o Outro seja ouvido de verdade.
Não é à toa que uma das técnicas utilizadas para extrair
informações se chame mineração de dados.
25. Como ouvir e fazer ser ouvida
a voz do Outro ao projetar a
sua experiência?
26. O Outro pode se sentir mais à vontade para falar em
entrevistas em profundidade (Change by Design, 2014).
27. O Outro precisa sentir que sua voz será ouvida.
Através do Design Participativo gera-se o compromisso.
28. A síntese das múltiplas vozes do Outro precisa ser muito
cuidadosa para não silenciar ou diminuir nenhuma voz.
31. Passageiros e motoristas concordam com a opção de viajar em
silêncio no Uber Comfort. Isso é anti-ético porque o motorista
não pode expressar suas preferências da mesma maneira.
33. O Teatro do Oprimido Tecnológico é uma maneira de sensibilizar
e debater implicações éticas do uso de tecnologias.
van Amstel, F. M. (2019). Teatro do Oprimido na Educação em Design de Interação. In Anais Estendidos do XVIII
Simpósio Brasileiro sobre Fatores Humanos em Sistemas Computacionais (pp. 11-12). SBC.
34. E quando não podemos eliminar
a funcionalidade anti-ética?
35. Podemos repassar o questionamento ético ao Outro, embora
isso não seja tão responsável.
36. Quando a interface representa ações humanas ao invés de
conceitos computacionais, o Outro pode antecipar com
maior precisão as consequências sociais de suas ações.
37. E o que podemos fazer
quando não podemos nem
mudar o texto das interfaces?
38. A estética também expressa a moralidade das interações
(Salmazo, 2021).
40. Por trás de toda estética, há uma ética implícita, ou seja,
um modo de viver em sociedade. Por exemplo, animojis
permitem expressar emoções para outras pessoas sem
mostrar o rosto, tal como máscaras de carnaval.
41. A máscara esconde a identidade do ator e permite que ele
interaja como se fosse um personagem, tal como o bloco
dos Bate-Bola no Rio de Janeiro. Isso é moral ou imoral?
Depende. É anti-ético? Sim.
43. A estética da interação costuma atender aos gostos típicos
de classe, raça e gênero.
Barbieri, F., & Camacho-Collados, J. (2018, June). How gender and skin tone modifiers affect emoji semantics in
Twitter. In Proceedings of the Seventh Joint Conference on Lexical and Computational Semantics (pp. 101-106).
44. Priorizar o gosto estético de grupos privilegiados costuma
prejudicar grupos desprivilegiados.
45. O que fazer quando o gosto
preconceituoso do Mesmo
distingue, exclui, diminui e
desumaniza o Outro?
46. Não há uma resposta fácil para isso. O grupo de estudos da rede
Design & Opressão é um espaço para discutir esse assunto.
47. A live sobre Augusto Boal e seu livro Estética do Oprimido (2009) pode
ser um bom começo para quem quer se engajar com esse assunto.
48. E se nada disso for possível? E
se o grau de liberdade para
tomar decisões éticas for zero? E
se o Mesmo existir só para
oprimir o Outro?
49. Quando não há decisões éticas a fazer, o trabalho está prestes a ser
automatizado. É melhor pedir demissão logo do que esperar por ela.
50. E se as máquinas acabarem
com todos os nossos empregos?
51. É possível delegar decisões éticas e estéticas para as máquinas, mas
não é possível delegar a responsabilidade por estas decisões.
52. Designers de experiência
precisam se tornar metadesigners
ou infradesigners para ter a
liberdade de tomar decisões
éticas em um cenário de
automação das experiências.
53. Obrigado!
Frederick van Amstel @usabilidoido
Design de Serviços e Design de Experiências
DADIN - UTFPR
www.usabilidoido.com.br