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Design Especulativo
e Ficção Projetual
Frederick van Amstel @usabilidoido
Escola de Arquitetura e Design - PUCPR
www.usabilidoido.com.br
O palco teatral é um espaço que permite representar tanto
ações possíveis quanto ações impossíveis.
O teatro foi (e continua sendo) uma atividade importante para
reforçar ou questionar tabus, normas sociais e hábitos.
Design também se encontra nesse limiar entre o possível e o
impossível (Raymond Loewy).
Design strives for
MAYA - Most Advanced
Yet Acceptable!
Vivemos numa sociedade que acredita que o possível é
determinado pelo avanço da Ciência e da Tecnologia…
… enquanto o impossível é determinado pela morosidade da
Política e da Educação.
Essa crença nos impede ver que a Tecnologia também elimina
possibilidades, assim como a Política também cria.
Nessa disputa pela realidade, o possível é constantemente
negado, escondido, diminuído ou desprezado pelos opressores.
Design colonizador faz os oprimidos acreditarem que somente a
posse das tecnologia que lhes faltam abrirá possibilidades.
Por estar no limiar entre o possível e o impossível, Design é um
espaço estratégico para os oprimidos (Carelman).
Design coloca Ciência e Tecnologia sob jugo do cotidiano.
Design também pode, assim com o Teatro, questionar tabus,
normas sociais e hábitos (Dunne & Raby).
Design Especulativo utiliza a dimensão do futuro para criar
possibilidades no presente (Ginsberg e King).
Design Especulativo trabalha com futuros impossíveis,
improváveis ou implausíveis (Ginsberg, 2013).
Design historicamente sempre esteve associado à utopia
(Cybersin, Bonsiepe).
Através do Design Especulativo, o design começou a explorar
também a distopia (Dunne & Raby).
Porém, a distopia de uns é a realidade de outros. A Cidade
murada de Kowloon inspirou o cenário de Blade Runner (1982).
Por muitos anos, o Design Especulativo se esquivou de tratar de
opressões (Oniria, Luiza Prado e Pedro Oliveira).
Futrô: estilo de Design Especulativo desenvolvido na PUCPR
para trabalhar com opressões.
Futrô consiste em antecipar o desenvolvimento de uma
tecnologia no passado e especular sobre um possível presente
alternativo em que os oprimidos tenham mais possibilidades de
reação à opressão.
Um estilo parecido com o Futrô é o Steampunk, porém, este é
mais comum na Ficção Científica.
O formato mais utilizado para fazer Futrô é a Ficção Projetual.
Trata-se de uma história em que a tecnologia é protagonista.
Futrô se aproveita do conhecimento sobre contextos passados
para introduzir tecnologias ficcionais sem causar rupturas.
As interações proporcionadas pela tecnologia Futrô são
apresentadas dentro de um cotidiano inexorável.
Futrô utiliza fotomontagem, documentos falsos, fake news e
mockumentário para se aproximar do cotidiano.
Ficção Projetual X Ficção Científica
• Futuro próximo
• Tecnologias existentes
• Depende de projeto
• História do cotidiano
• Personagens comuns
• Visa debate
• Futuro distante
• Tecnologias imaginárias
• Depende de descoberta
• História espetacular
• Personagens heróis
• Visa entretenimento
Possível sem tensões
Impossível devido à tensões
Possível com tensões Ficção Projetual
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O pretexto da brincadeira é muito útil para falar de tensões.
Quando a tensão ultrapassa o limite, é possível desculpar-se.
A brincadeira também permite fazer o impossível e ver o que
acontece, explorando seus desdobramentos.
Método do Humor
• O humor abre espaço para discursos críticos
• O efeito surpresa do humor incentiva explorar
novas possibilidades
• Recursos humorísticos aplicáveis ao design: zoeira,
bizarrice, alegoria, paródia, sátira, ironia
• Aumenta o risco de desviar os participantes do
foco do projeto
Design de Piadas (Gonzatto et al, 2010)
Modificadores tecnológicos
• Miniaturização: diminuir o tamanho
• Potencialização: aumentar a potência
• Simplificação: facilitar o uso
• Banalização: baratear e ampliar o acesso
• Apropriação: utilizar para outro fim
A nova câmera Kodak
é tão pequena que
você nem pode vê- a
Kodak SS
a nova câmera
S, uma câmera tão
que cabe no
e sua ca ça; regis-
a todo momento
ova Kodak SS, não
onde e nem o
agora você pode.agora você pode.
Anova Kodak SS vem com
dois ro os de fi me Kodak
exc usivos, são menores e
mais baratos, mas pos-
suem a mesma capacida-
de de fotos que o tradicio-
na .
VHS É COISA
DO PASSADO
Com tecnologia japonesa, o monóculo de vídeo te leva para o
cinema sem sair do conforto da sua casa. E não para por aí!
Não é necessário nenhum aparelho para você assistir seus
filmes favoritos!
JÁ DISPONÍVEL NAS MELHORES LOCADORA
A mesma tecnologia que
você já conhecia, mais o
novo sistema de utilizaçao
única. Cada momento será
único e inesquecível.
Não precisa rebobinar.
TDK,TDK, contra o acúmulo de
poeira.
Em breve, somente nas
melhores lojas de utensílios
da cidade.
Cúia Elétrica
Economize uma boca do fog
essa maravilhosa tecnologi
grande durabilidade e efici
Não gasta quase nada de en
tudo fica pronto rapidinho
Renove a tradição de toma
chimarrão, com a praticida
você merece.você merece.
Quando se especula sobre a
tecnologia, é fundamental especular
também sobre a sociedade.
Ficção Projetual precisa ter nexo: Que sociedade produziria esta
tecnologia? Que tecnologia esta sociedade produziria?
Nexo é complexo: mudanças tecnológicas e sociais se propagam
em rede tal como mudanças ecológicas.
Dialética tecnologia-sociedade
1. Observar mudanças na sociedade
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4. Introduzir tecnologia emergente na sociedade
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Exercício
• Esboçar no papel cenas de interações opressivas e
libertárias. Definir opressores, oprimidos e
tecnologias. Explorar contextos variados.
• Utilizar recursos humorísticos: zoeira, bizarrice,
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• Utilizar modificadores tecnológicos:
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EXEMPLOS
Brasil, o país do Pong (Artur Ribas, Diego Ginez, Eduardo
Sudario, Rodrigo Romanowski).
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A Revolução Científica Brasileira (C. Matusaki, G. Souza, I.
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Newmind: A Família (A. Cavalcante Júnior, I. Chiesorin, D.
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Frederick van Amstel @usabilidoido
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Design Especulativo e Ficção Projetual

  • 1. Design Especulativo e Ficção Projetual Frederick van Amstel @usabilidoido Escola de Arquitetura e Design - PUCPR www.usabilidoido.com.br
  • 2. O palco teatral é um espaço que permite representar tanto ações possíveis quanto ações impossíveis.
  • 3. O teatro foi (e continua sendo) uma atividade importante para reforçar ou questionar tabus, normas sociais e hábitos.
  • 4. Design também se encontra nesse limiar entre o possível e o impossível (Raymond Loewy). Design strives for MAYA - Most Advanced Yet Acceptable!
  • 5. Vivemos numa sociedade que acredita que o possível é determinado pelo avanço da Ciência e da Tecnologia…
  • 6. … enquanto o impossível é determinado pela morosidade da Política e da Educação.
  • 7. Essa crença nos impede ver que a Tecnologia também elimina possibilidades, assim como a Política também cria.
  • 8. Nessa disputa pela realidade, o possível é constantemente negado, escondido, diminuído ou desprezado pelos opressores.
  • 9. Design colonizador faz os oprimidos acreditarem que somente a posse das tecnologia que lhes faltam abrirá possibilidades.
  • 10. Por estar no limiar entre o possível e o impossível, Design é um espaço estratégico para os oprimidos (Carelman).
  • 11. Design coloca Ciência e Tecnologia sob jugo do cotidiano.
  • 12. Design também pode, assim com o Teatro, questionar tabus, normas sociais e hábitos (Dunne & Raby).
  • 13. Design Especulativo utiliza a dimensão do futuro para criar possibilidades no presente (Ginsberg e King).
  • 14. Design Especulativo trabalha com futuros impossíveis, improváveis ou implausíveis (Ginsberg, 2013).
  • 15. Design historicamente sempre esteve associado à utopia (Cybersin, Bonsiepe).
  • 16. Através do Design Especulativo, o design começou a explorar também a distopia (Dunne & Raby).
  • 17. Porém, a distopia de uns é a realidade de outros. A Cidade murada de Kowloon inspirou o cenário de Blade Runner (1982).
  • 18. Por muitos anos, o Design Especulativo se esquivou de tratar de opressões (Oniria, Luiza Prado e Pedro Oliveira).
  • 19. Futrô: estilo de Design Especulativo desenvolvido na PUCPR para trabalhar com opressões.
  • 20. Futrô consiste em antecipar o desenvolvimento de uma tecnologia no passado e especular sobre um possível presente alternativo em que os oprimidos tenham mais possibilidades de reação à opressão.
  • 21. Um estilo parecido com o Futrô é o Steampunk, porém, este é mais comum na Ficção Científica.
  • 22. O formato mais utilizado para fazer Futrô é a Ficção Projetual. Trata-se de uma história em que a tecnologia é protagonista.
  • 23. Futrô se aproveita do conhecimento sobre contextos passados para introduzir tecnologias ficcionais sem causar rupturas.
  • 24. As interações proporcionadas pela tecnologia Futrô são apresentadas dentro de um cotidiano inexorável.
  • 25. Futrô utiliza fotomontagem, documentos falsos, fake news e mockumentário para se aproximar do cotidiano.
  • 26. Ficção Projetual X Ficção Científica • Futuro próximo • Tecnologias existentes • Depende de projeto • História do cotidiano • Personagens comuns • Visa debate • Futuro distante • Tecnologias imaginárias • Depende de descoberta • História espetacular • Personagens heróis • Visa entretenimento
  • 27. Possível sem tensões Impossível devido à tensões Possível com tensões Ficção Projetual Ficção Científica
  • 28. O pretexto da brincadeira é muito útil para falar de tensões. Quando a tensão ultrapassa o limite, é possível desculpar-se.
  • 29. A brincadeira também permite fazer o impossível e ver o que acontece, explorando seus desdobramentos.
  • 30. Método do Humor • O humor abre espaço para discursos críticos • O efeito surpresa do humor incentiva explorar novas possibilidades • Recursos humorísticos aplicáveis ao design: zoeira, bizarrice, alegoria, paródia, sátira, ironia • Aumenta o risco de desviar os participantes do foco do projeto
  • 31. Design de Piadas (Gonzatto et al, 2010)
  • 32. Modificadores tecnológicos • Miniaturização: diminuir o tamanho • Potencialização: aumentar a potência • Simplificação: facilitar o uso • Banalização: baratear e ampliar o acesso • Apropriação: utilizar para outro fim
  • 33. A nova câmera Kodak é tão pequena que você nem pode vê- a Kodak SS a nova câmera S, uma câmera tão que cabe no e sua ca ça; regis- a todo momento ova Kodak SS, não onde e nem o agora você pode.agora você pode. Anova Kodak SS vem com dois ro os de fi me Kodak exc usivos, são menores e mais baratos, mas pos- suem a mesma capacida- de de fotos que o tradicio- na . VHS É COISA DO PASSADO Com tecnologia japonesa, o monóculo de vídeo te leva para o cinema sem sair do conforto da sua casa. E não para por aí! Não é necessário nenhum aparelho para você assistir seus filmes favoritos! JÁ DISPONÍVEL NAS MELHORES LOCADORA
  • 34. A mesma tecnologia que você já conhecia, mais o novo sistema de utilizaçao única. Cada momento será único e inesquecível. Não precisa rebobinar. TDK,TDK, contra o acúmulo de poeira. Em breve, somente nas melhores lojas de utensílios da cidade. Cúia Elétrica Economize uma boca do fog essa maravilhosa tecnologi grande durabilidade e efici Não gasta quase nada de en tudo fica pronto rapidinho Renove a tradição de toma chimarrão, com a praticida você merece.você merece.
  • 35. Quando se especula sobre a tecnologia, é fundamental especular também sobre a sociedade.
  • 36. Ficção Projetual precisa ter nexo: Que sociedade produziria esta tecnologia? Que tecnologia esta sociedade produziria?
  • 37. Nexo é complexo: mudanças tecnológicas e sociais se propagam em rede tal como mudanças ecológicas.
  • 38. Dialética tecnologia-sociedade 1. Observar mudanças na sociedade 2. Medir tensões 3. Modificar uma tecnologia emergente para aumentar tensões 4. Introduzir tecnologia emergente na sociedade 5. Medir tensões
  • 39. Para criar possibilidades através do Design, precisamos aproveitar as fraquezas e brechas da tecnologia/sociedade.
  • 40. Precisamos também ser tão criativos com a sociedade como somos criativos com a tecnologia (Ranner).
  • 41. Museu com peças de Design Especulativo e Ficções Projetuais futurologias.tumblr.com
  • 42. Exercício • Esboçar no papel cenas de interações opressivas e libertárias. Definir opressores, oprimidos e tecnologias. Explorar contextos variados. • Utilizar recursos humorísticos: zoeira, bizarrice, alegoria, paródia, sátira, ironia • Utilizar modificadores tecnológicos: miniaturização, potencialização, simplificação, banalização, apropriação • Produzir pelo menos 10 fotografias com as cenas
  • 44. Brasil, o país do Pong (Artur Ribas, Diego Ginez, Eduardo Sudario, Rodrigo Romanowski).
  • 45. Brasil, o país do Pong (Artur Ribas, Diego Ginez, Eduardo Sudario, Rodrigo Romanowski).
  • 46. A Revolução Científica Brasileira (C. Matusaki, G. Souza, I. Ruaro, K. Cruz, M. Kuhnen, P. Lupi, W. Vianna, V. Botelho)
  • 47. Newmind: A Família (A. Cavalcante Júnior, I. Chiesorin, D. Soares, L. Côrtes e W. Cordeiro)
  • 48. Obrigado! Frederick van Amstel @usabilidoido Escola de Arquitetura e Design - PUCPR www.usabilidoido.com.br