O documento discute a origem, taxonomia, importância para pesquisa, características e manejo de cobaias em laboratório. As cobaias são roedores nativos da América do Sul que foram domesticados e se tornaram amplamente usados como modelos animais. O documento fornece detalhes sobre a reprodução, nutrição, identificação e planejamento da criação de cobaias em colônias de pesquisa.
1. Universidade Federal da Bahia
Instituto de Ciências da Saúde
ICSC48 – Bioterismo e Modelos Animais
Criação e Manejo de Cobaias
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2. ORIGEM
• Cavia porcellus - cobaia, coelhinho,
porquinho da Índia
• Provenientes da América do Sul
• WAGNER, J. E. & MANNING, P. J. The
Biology of the Guinea Pig. New York:
Academic Press, 1976.
• De roedor nativo a animal de laboratório
• Vistos pela primeira vez pelos espanhóis no Peru (século XVII)
• Levados por marinheiros para a Europa com o propósito de domesticação e
exposição
• Primeiras tentativas de obtenção de germ-free na Alemaha (Nuttal &
Thierfelder, 1895)
• Reyniers (1946) obteve com sucesso a produção de GF
3. Posição taxonômica
• Classe: Mamífera
• Ordem: Rodentia
• Família: Cavidae
• Gênero: Cavia
• Cavia aperea – "Brazilian guinea pig" (preá), até os Andes
• Cavia fulgida – "shiny guinea pig", leste do Brasil
• Cavia intermedia – "intermediate guinea pig", Santa Catarina, Brasil, descrita em 1999
• Cavia magna – "greater guinea pig", Uruguay, sudeste do Brasil
• Cavia porcellus – "domestic guinea pig", sem ancestral exatamente conhecido
• Cavia anolaimae - considerado sinônimo de C. porcellus - Colombia
• Cavia guianae - considerado sinônimo de C. porcellus - Venezuela, Guiana, Brasil
• Cavia tschudii (C. cutleri)– "montane guinea pig", Peru, Chile e Argentina
• Cavia nana - considerado sinônimo de C. tschudii, Chile
4. Importância na experimentação
biológica
• Modelo animal para:
• Nutrição
• Farmacologia
• Imunologia / alergia
• Radiologia
• Obtenção de sistema
complemento
• Lavoiser, 1790
• Primeiras utilizações
experimentais
5. Algumas variedades
de C. porcellus
• Identificadas pelo tamanho e
pela direção dos pelos
• inglesa (Dunkin – Hartley, 1926)
- pêlo curto, liso e macio
• Mais comum em pesquisas.
• Abissínia (também inglesa)
• mutante de pêlos curtos e
ásperos em ‘rosetas’,
• Peruana - mutante de pêlos
longos e sedosos
• domesticação e de exposição
6. Comportamento
• Sociais, tímidos, dóceis e raramente mordem ou arranham
• Assustam-se facilmente
• Defecam e urinam nos comedouros e derramam sua alimentação pelo piso
da gaiola
• Adultos mordem as orelhas dos jovens e os machos podem brigar
violentamente
• Disputas por uma fêmea em estro até que se estabeleça a hierarquia do
grupo
• Extremamente susceptíveis a estímulos estressantes (alterações ambientais,
modificações na ração, no comedouro, na água e no bebedouro, barulho
intenso, movimentos bruscos)
• Miopatia de contenção!!!
• Cuidados com fêmeas gestantes
7. Características fisiológicas importantes
• Eritrócitos menos frágeis em
soluções eletrolíticas
• Protrombina - longo tempo
para sua conversão
• Escassa produção de
tromboplastina no pulmão
• Excelentes fontes de
complemento para ensaios
sorológicos
• Sistema linfático bem
desenvolvido e gânglios da
cabeça e do pescoço
facilmente acessíveis
• Maior formação de abscessos
bacterianos ( Ernst, 2012)
8. Relação com a fisiologia humana
• Metabolismo lipídico
• Altas concentrações de colesterol livre
• Maior parte do colesterol é LDL (alta proporção LDL/HDL)
• Possuem as lipoproteínas plasmáticas CETP, LCAT e LPL
• Reduzem TGs e LDL com exercícios e medicamentos e elevam HDL
9. Influência do colesterol dietético
• Outras influências dietéticas interessantes: fibras, gorduras,
carboidratos, deficiência de vitamina C
• Associação das respostas fisiológicas com gênero e status hormonal
• Modelo para estudos de aterosclerose e inflamação
10. Nutrição
• Fundamentalmente
herbívoros (grãos, verduras
e pasto)
• Rações comerciais são
peletizadas (max 5mm)
• Consumo médio diário: 40 g
/ adulto
• Validade das rações - 90 dias
• Dependentes de fontes
exógenas de ácido ascórbico
• 10 mg/kg para manutenção
de animais / 30 mg/kg
fêmeas gestantes
11.
12. Sistema de reprodução
• Animal poliéstrico
• Estro - menos de 12 hs
• Ciclo estral completo de 13 a 25 dias (em média 16 dias)
• Filhotes por ninhada - 1 a 8
• Gestação - 59 a 72 dias (média 63 dias)
• Puberdade - entre 55 e 70 dias
• Filhotes nascem com pêlos, olhos abertos e dentição completa
• Precocidade e auto-suficiência – ingestão de alimentos sólidos 3-
5 dias Desmame - 14 – 21 dias (180g)
• Amamentam crias de outras fêmeas (do mesmo grupo)
• Peso ao nascer - 80 - 100 g
13. SISTEMA DE ACASALAMENTO
• Seleção por valores genéticos
• Fêmeas - três meses de idade (400 g - 500 g)
• Machos - quatro meses (500 g - 600 g)
• Primeiro parto - antes dos 6 meses de idade
• Calcificação da pelve – partos distócicos
• Acasalamento monogâmico – macho/fêmea acasalados durante toda
a vida reprodutiva
• Vantagem de fácil identificação dos filhotes e registros
• Acasalamento poligâmico – 1 macho / 5 a 12 fêmeas
• Espaço mínimo por animal (1200 cm2)
• Vantagem de maior número de animais produzidos em menos espaço
• Dificuldade para registro de crias e fêmeas inférteis
• Vida útil dos reprodutores na colônia - 24 a 30 meses idade
14. Desmame e sexagem
• Desmame - 180 g
• Separação por sexo e tamanho
• Machos e fêmeas apresentam o
orifício genital em igual distância
do ânus
• Machos - área arredondada com
sulco único e contínuo
• Fêmeas - sulco interrompido pela
membrana vaginal
15. Controle da consangüinidade na
colônia
• ANIMAIS CONSANGÜÍNEOS – INBRED
• acasalamento entre irmãos e/ou pais e filhos
• 20 gerações consecutivas
• 35 cepas inbred destinadas principalmente ao estudo do câncer
• ANIMAIS NÃO-CONSANGÜÍNEOS – OUTBRED
• constituição genética variada
• estado de heterozigose - Método Poiley
• Colônia 510 fêmeas e 102 machos
• Gaiolas para cada unidade reprodutiva (5 fêmeas x 1 macho)
• Colônia dividida em 6 grupos (cada grupo 85 fêmeas e 17 machos)
16. Produção mensal estimada em uma colônia
510 fêmeas / 102 machos
• Período médio de gestação = 63 dias
• Número médio de filhotes/parto = 2,75
• Taxa de mortalidade de lactente = 10%
• Número de filhotes desmamados/parto = 2,5
• Desmame = 21 dias de idade
• Acasalamento = média de 90 dias de idade
• Intervalo entre partos = 63 dias de gestação + 16 dias de ciclo estral = 79 dias
• 365 dias (ano): 79 dias (intervalo) = 4,6 partos/ano (arredonda 5 partos)
• 5 partos x 2,5 filhotes = 12,5 filhotes desmamados/ano/fêmea
• 12,5 desmamados/ano x 510 fêmeas = 6.375 desmamados/ano
• Ou seja, 531,25 desmamados/mês
• índice reprodutivo = 1 filhote/fêmea/mês.
17. Planejamento da reposição
• Filhotes desmamados: 50% fêmeas / 50% machos
• Reposição de 100% dos reprodutores - cada período de 24 meses
• Reposição mensal – 510 / 24 = 21,25 (fêmeas) e
• 102 / 24 = 4,25 (machos)
• Taxa de mortalidade dos reprodutores e animais em crescimento
= 3%
• Reserva mensal de 22 fêmeas e 5 machos de filhotes
desmamados para futuros reprodutores
18. Identificação dos animais e registro da
colônia de cobaia
• Tatuagem individual nas
orelhas
• Cada orelha - três letras ou
números
• Aplicação de corantes -
solução de ácido pícrico
(amarelo)
• Curta duração e deve ser
periodicamente renovado
• Registros dos eventos
ocorridos: data do
acasalamento, nascimento,
quantidade de filhotes
nascidos, mortos, desmame,
variações ambientais etc.
19. Contenção
• Mão sob o tórax e com a
outra apoiar a parte
posterior
• Suportar o peso do animal
• Deve ficar sentado sobre a
palma da mão
• Os anestésicos devem ser
utilizados sempre que
necessário, obtendo-se
maior facilidade e tempo de
• manipulação do animal.