Enfrentamento da dor e do luto entre profissionais de saúde
1. Parte 1: A VISÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM
Parte 2: A VISÃO DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA
FEIRA DE SANTANA-BA
2010
Enfrentamento da doença entre os profissionais de
saúde: “DOR” E “LUTO”.
Rodrigo Bastos – Enfermeiro
almeidabastos.rodrigo@gmail.com
2. - Na Idade Média, existiam os hospices (hospedarias) em
monastérios, que abrigavam não somente os doentes e
moribundos, mas também os famintos, mulheres em
trabalho de parto, pobres, órfãos e leprosos.
3. - Os viajantes permaneciam o
tempo suficiente para se
recuperarem. Só então reiniciavam a
caminhada rumo ao destino final.
- Esta forma de hospitalidade tinha
como característica o acolhimento, a
proteção, o alívio do sofrimento, mais
do que a busca pela cura.
4. - Século XX, em particular após a Segunda Guerra Mundial,
houve o grande avanço científico nos campos médico-cirúrgico,
farmacêutico e na tecnologia de diagnóstico;
- O esforço para prolongar a vida por meios artificiais tornou-
se uma obsessão científica. A tríade do ser humano – corpo,
mente e espírito – foi ignorada, cuidando-se tão somente do
primeiro componente.
5. - Durante a 2ª metade do século XX, houve uma mudança de
valores na sociedade ocidental: negar a morte, valorizar a
produtividade, juventude;
• Tempo de Sobrevida acima da Qualidade de Vida;
- Quando a evolução do processo mórbido derrotava as
intervenções terapêuticas, a equipe médica se retirava do
campo deixando o doente entregue ao seu destino.
6. - Em 1967, a Enfermeira inglesa Cicely Saunders,
adaptou e desenvolveu as habilidades do
Cuidado Integral para estes pacientes no âmbito
físico, psicológico, espiritual, familiar, social.
- Fundação do St. Christopher´s Hospice, o
primeiro serviço a oferecer cuidado integral
ao paciente, desde o controle de sintomas,
alívio da dor e do sofrimento psicológico.
7. - A morte não foi conquistada --- Todos nós vamos morrer;
- Nosso sistema de saúde e a Ciência aprendeu a curar algumas
doenças, o que resultou basicamente em prolongar a vida com
doenças crônicas e o processo de morrer.
Qualidade
de Vida Qualidade de Morte
8. - Os pacientes e seus familiares se preocupam que seus sintomas
não serão cuidados adequadamente e que vão perder a função e
o controle;
- Existe a preocupação de quem dará o cuidado, quem pagará
por isso, como será morrer e o que vem depois;
- O sofrimento atinge aspectos diversos do ser humano:
Psicológico, Social, Espiritual, Biológico.
9. “O sofrimento humano somente é intolerável quando ninguém
cuida.” – Dame Cicely Sauders
“Os corpos não sofrem, as pessoas sofrem.” –
Eri Cassel
“Não há (…) contentamento maior que a alegria do coração. É
melhor a morte que uma vida amarga, e o descanso eterno,
mais que uma doença prolongada.” – Eclesiástico 30, 16-17
10. - A humanização no atendimento exige dos profissionais de
saúde essencialmente compartilhar com o seu cliente
experiências e vivências que resultem na aplicação do foco
de suas ações.
- Humanizar o cuidar é dar qualidade à relação com o
cliente. É acolher as angústias do ser humano diante da
fragilidade de corpo, mente e espírito.
11. - A OMS preconizou o controle da dor e dos sintomas comuns
em cuidados paliativos como das mais importantes
prioridades no sistema de saúde pública, sendo a
humanização uma ferramenta mestre para a obtenção do
tratamento adequado.
(WHO, 2009)
12. Descrédito no
caráter paliativo
do tratamento
Desistência
médica e/ou da
instituição.
Cuidados de
Enfermagem assim
como de outros
profissionais
13. “A dor é tudo o que a pessoa que a vivencia diz ser, onde quer
que ela diga que exista.” (Mahon, 1994)
- O fenômeno doloroso é complexo e subjetivo, fruto da
interação de múltiplos fatores e de sua interação com o
ambiente de forma dinâmica, envolvendo interações
complexas e contínuas, em constante transformação.
14. Dor aguda X Dor crônica
- Dor Aguda: está relacionada a afecções traumáticas,
infecciosas ou inflamatórias; há expectativa de
desaparecimento após a cura da lesão.
- Dor Crônica: é aquela que persiste após o tempo razoável
para a cura de uma lesão ou que está associada a processos
patológicos crônicos, que causam dor contínua ou recorrente
Requer interação interdisciplinar e enfoque individualizado.
15. - A Enfermagem e, especialmente, o Enfermeiro, têm
enorme potencial para otimizar o cuidado com a Dor;
- O enfermeiro é um excelente avaliador da Dor e sua
intensidade, está mais atento à sintomatologia de natureza
não apenas física;
- Previne complicações indesejáveis e tem a arte de lidar
com as limitações que surgem.
16. - Pela proximidade de suas ações no controle e prevenção da
Dor no paciente, observa-se a importância do
desenvolvimento do Enfermeiro na habilidade de
comunicação verbal e não verbal:
Saber falar
Saber calar
Saber tocar
Estar atento
17. - A proximidade exige além do conhecimento técnico para
implementar essas ações do cuidar de maneira
individualizada, o aprendizado do lidar com o sofrimento
psicológico, social, espiritual e físico.
Chorar
Calar
Zangar
Duvidar
18. Histórico:
- Olhar nos olhos, conforto;
- Classificação da experiência da dor;
- Característica da dor: início e duração, localização,
gravidade, qualidade, padrão de dor, medidas de alívio,
sintomas concomitantes;
- Efeitos da dor sobre o cliente: sinais e sintomas físicos,
efeitos comportamentais, influência sobre as atividades da
vida diária;
- Estado neurológico.
19. Diagnóstico de Enfermagem:
- Ansiedade relacionada com dor não aliviada;
- Controle da dor inadequado;
- Desesperança relacionada com dor crônica maligna;
- Imobilidade física relacionada com dor
musculoesquelética;
- Déficit do autocuidado relacionado com dor;
- Distúrbio do padrão do sono relacionado com dor lombar.
20. Prescrições de Enfermagem:
- Estabelecer um relacionamento com o paciente com Dor;
- Orientar o paciente em relação a Dor e seu alívio;
- Usar a situação paciente-grupo;
- Controlar as pessoas que entram em contato com o
paciente;
- Administrar agentes farmacológicos;
- Promover relaxamento;
- Ajudar na assimilação da experiência dolorosa.
21. Implementação da Assistência:
- Estratégias de saúde holística:
• Toque terapêutico;
• Acupuntura;
• Massoterapia; etc.
- Terapia Farmacológica da dor
• Analgésicos (controlada pelo paciente, local ou
regional, etc).
22. Resultados Esperados:
- A facilitação da expressão dos sentimentos pelo paciente,
dando-lhe uma sensação de que está sendo bem cuidado;
- Oferecimento de apoio, tranquilização e compreensão, que
podem aliviar a dor atual ou prevenir a dor futura;
- Ensinar aos pacientes e familiares medidas não
convencionais para o alivio da dor;
- Reduzir ou aliviar a dor por meio de analgésicos.
23. - Embora se use indiscriminadamente em conjunto com o
termo “sofrimento”, o Luto é um processo natural, normal,
da adaptação a uma perda.
- É a resposta total à separação causada pela perda que
envolve dimensões, tais como: psicológicas, espirituais,
cognitivas, sociais e somáticas.
24. - O luto depende das percepções de cada pessoa ou família, do
que se perdeu e do que a perda significa num determinado
ponto do seu tempo.
- Como a perda é um componente do desenvolvimento
humano, o Luto pode ajudar a pessoa a adaptar-se e também
a crescer com a experiência.
25. Sentimentos
(tristeza, solidão, saudade,
ira, …)
Sensações
(Hipersensibilidade,
despersonalização, boca
seca, …)
Pensamentos
(incredulidade, confusão,
alucinações, …)
Comportamentos e
condutas
(comportamentos de
risco, choro frequente,
hiperatividade, …)
29. - A base das avaliações e intervenções da Enfermagem é a
compreensão do processo de Luto como parte natural do
processo de perda do vínculo;
- As Ações de Enfermagem a quem sofre uma perda um
misto de atitudes: Estar presente, saber escutar, exprimir
sentimentos honestos, e convidar o indivíduo em
sofrimento a partilhar suas experiências.
31. 1º Diagnóstico:
- Sintomatologia:
• Negação de perda;
• Raiva excessiva expressa de forma inapropriada;
• Ruminações de sentimentos de culpa excessivos;
• Alteração na concentração e ou na concretização de tarefas;
• Dificuldade em expressar a perda.
“Luto Disfuncional expresso por Distúrbio do Humor”
32. Intervenções de enfermagem:
- Determinar a fase de luto na qual o paciente está fixado;
- Desenvolva uma relação de confiança com o utente. Mostre empatia
e interesse;
- Manter uma atitude de aceitação, possibilitando ao paciente a
expressão de sentimentos;
- Auxilie o utente na resolução de problemas enquanto ele tenta
determinar métodos mais adaptativos de coping relativamente à
experiência de perda. Ofereça feedback positivo pelas estratégias
identificadas e pelas tomadas de decisão.
“Luto Disfuncional expresso por Distúrbio do Humor”
33. Resultados Esperados:
- O enlutado será capaz de verbalizar os normais estádios do
processo de luto e o comportamento associado a cada um;
- O enlutado será capaz de associar o seu próprio estádio no
processo de luto e expressa sentimentos verdadeiros
relativamente à perda;
- O enlutado não manifesta exageros emocionais e luto
disfuncional e é capaz de realizar as suas atividades de vida
diária de forma individual.
“Luto Disfuncional expresso por Distúrbio do Humor”
34. 2º Diagnóstico:
- Sintomatologia:
• Negação de perda;
• Raiva excessiva expressa de forma inapropriada;
• Ruminações de sentimentos de culpa excessivos;
• Alteração na concentração e ou na concretização de tarefas;
• Dificuldade em expressar a perda.
“Luto Disfuncional expresso por Distúrbio de Adaptação”
35. Intervenções de enfermagem:
- Determine a fase do processo de perda em que o doente se encontra
bloqueado;
- Ajude o doente a compreender que sentimentos como a culpa e a
raiva em relação do objeto da perda são apropriadas e aceitáveis
durante o processo de luto;
- Proporcione reforço positivo pelas estratégias apresentadas e pelas
decisões tomadas. Estimule o doente a procurar apoio espiritual
durante este processo sob a forma que desejar;
- Permita que o doente expresse a sua raiva.
“Luto Disfuncional expresso por Distúrbio de Adaptação”
36. Resultados Esperados:
- O enlutado é capaz de apresentar verbalmente as fases
normais do processo de luto e os comportamentos associados a
cada fase;
- O enlutado é capaz de perceber em que fase do processo de
luto se encontra e de expressar sentimentos genuínos em
relação à perda;
- O doente já não apresenta manifestações emocionais
exageradas nem comportamentos relacionados com o luto
disfuncional
“Luto Disfuncional expresso por Distúrbio de Adaptação”
38. “Todo objeto ou fenômeno do Universo consiste de dois
aspectos opostos YIN e YANG, que se acham em conflito e
interdependência. Essa relação entre YIN e YANG é a lei
universal do mundo material, o princípio e fonte da
existência de milhares de coisas. É a origem e causa para o
florescimento e perecimento das coisas.”
- O Livro Neijing (500 – 300 a.C.)
39. - No organismo vivo, sua estrutura
material é YIN (substância) enquanto
que a atividade funcional exercida por
essa base orgânica é YANG (função);
- O metabolismo YANG só é possível
através da utilização da substância YIN
armazenada;
- A quebra deste estado de equilíbrio
(YIN e YANG) é fator de
enfraquecimento do organismo e
predispõe a instalação de doenças.
40. - O tratamento utiliza os pontos Regulares,
Extras e Ashis para intervir nos Canais
Energéticos e promover o livre fluxo da
energia Qi e do Sangue (Xue).
- Regulação da Energia Qi no corpo. Utiliza
o próprio potencial energético do
indivíduo para equilibrá-lo e promover
Qualidade de Vida e Saúde.
41. - Uma das características básicas do Qi e do Sangue é fluir.
Quando o fluxo é interrompido, seja por deficiência das
funções orgânicas que garantem seu movimento, ou devido a
presença de fatores patógenos operantes, manifesta-se a dor.
- O paciente terminal, a depender de seu quadro clínico,
possui a estagnação de Qi e Sangue variando em grau e
localização e origem, variando assim a intensidade da
dor e o seu tratamento.
42. - Estimulação manual:
Puntura em pontos energéticos
- Estimulação elétrica:
Eletroacupuntura
- Estimulação térmica
Moxabustão
- Microssistemas:
Aurículo, Mãos, Abdômen, etc.
43. • Objetivos do tratamento da DOR AGUDA:
- Aliviar a dor;
- Melhorar as funções orgânicas;
- Prevenir ou minimizar as possíveis sequelas da condição,
incluindo a cronicidade;
- Recomendar medidas profiláticas.
44. • Objetivos do tratamento da DOR CRÔNICA:
- Participar na educação do paciente, para que este possa
auto gerenciar a sua condição de modo eficiente;
- Tratar simultaneamente, sempre que possível, os
componentes sensorial e afetivo;
45. “Se quer colher em um ano, deve plantar cereais.
Se quer colher em uma década, deve plantar árvores.
Mas se quere colher por toda uma vida, deve cuidar do
Ser Humano.”
- Provérbio Chinês -
Rodrigo Bastos – Enfermeiro
almeidabastos.rodrigo@gmail.com