O documento descreve a estrutura métrica, estrófica e narrativa dos Lusíadas de Camões. O poema é escrito majoritariamente em decassílabos heróicos distribuídos em oitavas rimadas. As oitavas formam 10 Cantos de tamanho variável. A narrativa desenvolve-se através de quatro partes - Proposição, Invocação, Dedicatória e Narração - e articula quatro planos narrativos sobre a viagem de Vasco da Gama à Índia.
2. O poema está escrito em versos decassilábicos, com
predomínio do decassílabo heróico (acentos na 6 a e 10a
sílabas).
É considerado o metro mais adequado à poesia épica,
pelo seu ritmo grave e vigoroso.
Surgem também alguns raros exemplos de decassílabo
sáfico (acentos na 4ª, 8a e 10a sílabas).
3. As estrofes são de oito versos (oitavas) e
apresentam o seguinte esquema rimático :
abababcc.
A este tipo estrófico costuma chamar-se oitava
rima, oitava heróica ou oitava italiana.
4. As estrofes estão distribuídas por 10
Cantos. O número de estrofes por canto
varia de 87, no Canto VII, a 156 no Canto
X.
No seu conjunto, o poema apresenta 1102
estrofes.
5. As partes constituintes
Os Lusíadas constroem-se pela sucessão de quatro partes:
Proposição - parte introdutória, na qual o poeta anuncia o que
vai cantar. (Canto I, ests. 1-3)
6. Invocação - pedido de ajuda às divindades inspiradoras.
A principal Invocação é feita às Tágides, no Canto I, ests. 4 e 5;
além desta, há mais três: a Calíope, no Canto III, ests. 4 e 5, às
Nin-fas do Tejo e do Mondego, no Canto VII, ests. 78-82 e,
finalmente, a Calíope, no Canto X, est. 8.
7. Dedicatória - oferecimento do poema a uma personalidade
importante.
Esta parte, facultativa, pode ter origem nas Geórgicas de Virgílio
ou nos Fastos de Ovídio; não existe em nenhuma das epopeias
da Antiguidade.
8. Narração - parte que constitui o corpo da epopeia; a narrativa
das acções levadas a cabo pelo protagonista.
Começando no Canto I, est. 19, só termina no Canto X, est. 144,
apresentando apenas pequenas interrupções pontuais.
9. Obra narrativa complexa, Os Lusíadas constroem-se através da articulação
de quatro planos narrativos, não deixando, ainda assim, de apresentar uma
exemplar unidade de ação.
Como plano narrativo fulcral apresenta-nos a Viagem de Vasco da Cama à
índia. Continua-mente articulado a este e paralelo a ele, surge um segundo
plano que diz respeito à intervenção dos Deuses do Olimpo na Viagem.
Encaixado no primeiro plano, tem lugar um terceiro, que é constituído pela
História de Portugal, contada por Vasco da Gama ao Rei de Melinde, por
Paulo da Gama ao Catual de Calecut e por entidades divinas que vaticinam
futuros feitos dos Portugueses. Um quarto plano é constituído pelas
considerações do poeta.
12. Em Síntese:
O Camões escreveu Os Lusíadas sob a forma de
narrativa épica ou epopeia, forma muito
utilizada na Antiguidade Clássica e que Camões
conhecia bem.
O Definição de epopeia
O Uma epopeia, forma literária da Antiguidade
Clássica, define-se como uma narrativa,
estruturada em verso, que narra, através de
uma linguagem cuidada, os feitos grandiosos de
um herói, com interesse para toda a
Humanidade.