Nestes versos, o poeta reflete sobre a importância da glória e do louvor alcançados por meio de grandes feitos, lamentando que os portugueses nem sempre saibam aliar a coragem à eloquência e às letras, ao contrário de outros povos da antiguidade. Ele critica a sociedade portuguesa por não valorizar a poesia e a arte.
3. Canto I Os Lusíadas
Reflexão do poeta
105 O recado que trazem é de amigos,
Mas debaixo o veneno vem coberto;
Que os pensamentos eram de inimigos,
Segundo foi o engano descoberto.
Oh! grandes e gravíssimos perigos,
Oh! caminho de vida nunca certo,
Que aonde a gente põe sua esperança,
Tenha a vida tão pouca segurança!
106 No mar tanta tormenta, e tanto dano,
Tantas vezes a morte apercebida!
Na terra tanta guerra, tanto engano,
Tanta necessidade avorrecida!
Onde pode acolher-se um fraco humano,
Onde terá segura a curta vida,
Que não se arme, e se indigne o Céu sereno
Contra um bicho da terra tão pequeno?
4. Canto I Os Lusíadas
Canto I (105-106)
Os perigos que espreitam o ser humano (o herói), tão pequeno diante
das forças poderosas da natureza (tempestades, o mar, o vento...), do
poder da guerra e dos traiçoeiros enganos dos inimigos.
6. Os Lusíadas
105 O recado que trazem é de amigos,
Mas debaixo o veneno vem coberto;
Antítese
Que os pensamentos eram de inimigos,
Segundo foi o engano descoberto.
Oh! grandes e gravíssimos perigos,
Oh! caminho de vida nunca certo,
Que aonde a gente põe sua esperança,
Tenha a vida tão pouca segurança!
De acordo com Os Lusíadas, Baco opunha-se a Marte e Vénus em relação à
“caminhada” dos portugueses até à Índia.
Sendo assim, Baco preparou uma cilada, mandando um piloto por ele
industriado dizer aos portugueses para seguirem outro caminho que os levaria
ao perigoso porto de Quíloa. Mas Vénus intervém, fazendo a armada retomar o
seu caminho até Mombaça.
É a isto que o poeta se refere no poema, que chegou alguém e fez-se amigo
deles, mas conseguiram perceber que afinal essa pessoa só vinha para os
enganar, sendo desmascarado.
7. Os Lusíadas
105 O recado que trazem é de amigos,
Mas debaixo o veneno vem coberto;
Que os pensamentos eram de inimigos,
Segundo foi o engano descoberto.
Oh! grandes e gravíssimos perigos, Frases
Interjeições
Oh! caminho de vida nunca certo, Exclamativas
Anáfora
Que aonde a gente põe sua esperança,
Tenha a vida tão pouca segurança!
Estes dois versos transmitem a ideia de que os caminhos da vida são perigosos e
incertos.
Nunca podemos ter cem por cento de esperança e certezas porque os perigos e
o caminho de vida incerta faz com que a vida seja pouco segura.
8. Os Lusíadas
106 No mar tanta tormenta, e tanto dano, Paralelismo
Tantas vezes a morte apercebida! anafórico
Na terra tanta guerra, tanto engano, sintáctico
Tanta necessidade avorrecida!
Onde pode acolher-se um fraco humano,
Onde terá segura a curta vida, Personificação do
Que não se arme, e se indigne o Céu sereno céu
Contra um bicho da terra tão pequeno?
Interrogação
Metáfora retórica
Repetição
Se nem no mar
nem na terra
Anáfora estão seguros,
onde estarão?
Se tanto no mar como na terra existem perigos, tormentas, guerras e
necessidade que podem causar a morte do Homem…
… então, como é que o Homem sendo tão fraco e tão pequeno pode estar
seguro perante estas adversidades todas.
10. Canto V Os Lusíadas
Reflexão do poeta
92 Quão doce é o louvor e a justa glória
Dos próprios feitos, quando são soados!
Qualquer nobre trabalha que em memória
Vença ou iguale os grandes já passados .
As envejas da ilustre e alheia história
Fazem mil vezes feitos já sublimados.
Quem valerosas obras exercita,
Louvor alheio muito o esperta e incita.
…
95 Dá a terra Lusitana Cipiões,
Césares, Alexandres e dá Augustos;
Mas não lhes dá, contudo, aqueles dões
Cuja falta os faz duros e robustos.
Octávio, entre as maiores opressões
Compunha versos doutos e venustos;
Não dirá Fúlvia, certo, que é mentira,
Quando a deixava António por Glafira.
11. Canto V Os Lusíadas
97 Enfim, não houve forte Capitão
Que não fosse também douto e ciente,
Da Lácia, Grega ou Bárbara nação
Senão da portuguesa tão somente.
Sem vergonha o não digo, que a razão
De algum não ser por versos excelente,
É não se ver prezado o verso e rima,
Porque quem não sabe arte, não a estima.
12. Canto I Os Lusíadas
Canto V (92-100)
“O sujeito poético põe em
destaque a importância das
letras e lamenta que os
portugueses nem sempre
saibam aliar a força e a
coragem ao saber e à
eloquência”
14. Canto V Os Lusíadas
92 Quão doce é o louvor e a justa glória
Dos próprios feitos, quando são soados!
Qualquer nobre trabalha que em memória
Vença ou iguale os grandes já passados .
As envejas da ilustre e alheia história
Fazem mil vezes feitos já sublimados.
Quem valerosas obras exercita,
Louvor alheio muito o esperta e incita.
Sabe sempre bem e é sempre “doce” quando a glória é atingida com suor e
justiça.
Para que seja relembrado um dia mais tarde, tem que trabalhar muito, para
superar os grandes exemplos do passado.
A inveja dos feitos dos antepassados promove a sua continuação no
presente( e para serem invejados, têm de ser conhecidos…)
O louvor vai ser um incentivo para quem quer e procura fazer obras
valorosas.
15. Canto V Os Lusíadas
95 Dá a terra Lusitana Cipiões,
Césares, Alexandres e dá Augustos;
Portugal tem heróis
Mas não lhes dá, contudo, aqueles dões tão ilustres como os
Cuja falta os faz duros e robustos. estrangeiros aqui
Octávio, entre as maiores opressões referidos.
Compunha versos doutos e venustos;
Não dirá Fúlvia, certo, que é mentira,
Quando a deixava António por Glafira.
A terra portuguesa é fértil em heróis, mas faltam-lhes dons e qualidades,
sendo essa falta substituída pela dureza e frieza que os classifica como
pessoas.
16. Canto V Os Lusíadas
97 Enfim, não houve forte Capitão
Que não fosse também douto e ciente,
Da Lácia, Grega ou Bárbara nação
Senão da portuguesa tão somente.
Sem vergonha o não digo, que a razão
De algum não ser por versos excelente,
É não se ver prezado o verso e rima,
Porque quem não sabe arte, não a estima.
Os chefes da antiguidade eram guerreiros (épicos) mas também cultos,
conhecedores das letras.
Forte critica à sociedade portuguesa, por não saber nada de arte, ser um
povo ignorante.