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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE SACAVÉM E PRIOR VELHO
Escola Secundária de Sacavém
12º ano - Português
OS LUSÍADAS
1. REFLEXÕES DO POETA
CANTO I (estrofes 105 e 106)
A fragilidade da condição humana
As traições e perigos a que os navegadores estão sujeitos justificam este desabafo do
poeta. Não será por acaso que esta reflexão surge no final do Canto I, dado o contexto
de perigo em que a armada se encontra, mas que consegue ultrapassar. Ver-se-á, no
Canto X, até onde a ousadia, a coragem e o desejo de ir sempre mais além pode levar o
«bicho da terra tão pequeno», tão dependente da fragilidade da condição humana.
CANTO V (estrofes 92 a 100)
Crítica à falta de cultura e de apreço pelos poetas que os portugueses revelam
O poeta começa por mostrar como o canto, o louvor, incita à realização dos feitos; dá
em seguida exemplos do apreço dos Antigos pelos seus poetas, bem como da
importância dada ao conhecimento e à cultura, que levava a que as armas não
fossemincompatíveis com o saber.
Não é, infelizmente, o que se passa com os portugueses: não se pode amar o que não se
conhece, e a falta de cultura dos heróis nacionais é responsável pela indiferença que
manifestam pela divulgação dos seus feitos. Apesar disso, o poeta, movido pelo amor da
pátria, reitera o seu propósito de continuar a engrandecer, com os seus versos, as
«grandes obras» realizadas.
Manifesta, desta forma, a vertente pedagógica da sua epopeia, na defesa da
realização plena do Homem, em todas as suas capacidades.
2
CANTO VI (estrofes 95 a 99)
O verdadeiro caminho da fama e da glória
Continuando a exercer a sua função pedagógica, o poeta defende um novo conceito
de nobreza, espelho do modelo da virtude renascentista: a fama e a imortalidade, o
prestígio e o poder adquirem-se pelo esforço – na batalha ou enfrentando os
elementos naturais, sacrificando o corpo e sofrendo pela perda dos companheiros;
não se é nobre por herança, permanecendo no luxo e na ociosidade, nem pela
concessão de favores se deve alcançar lugar de relevo.
CANTO VII (estrofes 3 a 14)
Elogio ao espírito de cruzada dos portugueses/crítica a outros povos
Percorrido tão longo e difícil caminho, é momento para que, na chegada a Calecut, o
poeta faça novo louvor aos portugueses. Exalta, então, o seuespírito de Cruzada, a
incansável divulgação da Fé - por África, Ásia e América - e assim inserindo a viagem
à Índia na missão transcendente que assumiram como marca da sua identidade nacional.
Por oposição, critica duramente as outras nações europeias (Alemães, Franceses,
Italianos, Ingleses…)
(estrofes 78 a 87) - Canto VII
Crítica aos ambiciosos que exploram e oprimem o povo
Invocação às Ninfas do Tejo e do Mondego
Numa reflexão de tom marcadamente autobiográfico, o poeta exprime um estado de
espírito bem diferente do que o caracterizava, no Canto I, na Invocação às Tágides
(entusiasmado). «Cego…insano e temerário», percorre um caminho «árduo, longo e
vário» e precisa de auxílio porque, segundo diz, teme que o barco da sua vida e da
sua obra não chegue a bom porto. Uma vida que tem sido cheia de adversidades,
que enumera: a pobreza, a desilusão, os perigos do mar e da guerra, «N~ua mão sempre
a espada e noutra a pena;». Como não ver neste retrato a intenção de espelhar o modelo
de virtude enunciado noutros momentos da obra?
Em retribuição, recebe novas contrariedades – de novo a crítica aos contemporâneos e
o alerta, para a inevitável inibição do surgimento de outros poetas, em
consequência de tais exemplos.
3
Mas a crítica aumenta de tom na parte final, quando são enumerados aqueles que
nunca cantará e que, implicitamente, denuncia abundarem na sociedade do seu
tempo: os ambiciosos, que sobrepõem os seus interesses aos do povo e do rei (bem
comum e do seuRei); os dissimulados; os exploradores do povo, que não defendam
«que se pague o suor da servil gente».
No final, retorna à definição do seu herói: o que arrisca a vida «por seuDeus, por
seuRei».
CANTO VIII (estrofes 96 a 99)
Crítica ao poder do dinheiro
A propósito da narração do suborno do Catual e das suas exigências aos navegadores,
são agora enumerados os efeitos perniciosos do ouro/dinheiro/riqueza: provoca
derrotas, faz dos amigos traidores, mancha o que há de mais puro, deturpa o
conhecimento e a consciência; os textos e as leis são por ele condicionados; está na
origem de difamações, da tirania de Reis, corrompe até os sacerdotes, sob a
aparência da virtude.
Retomando a função pedagógica do seu canto, o poeta aponta um dos males da
sociedade sua (de Camões) contemporânea, orientada por valores materialistas.
CANTO IX (estrofes 92 a 95)
O caminho para merecer a fama
O poeta não perde a oportunidade, no final deste canto, de esboçar o perfil dos que
podem ser recompensados (imortalizados) - na Ilha dos Amores - reiterando valores
como a justiça, a coragem, o amor à Pátria e a lealdade ao Rei.
4
CANTO X (estrofes 145 a 148)
Crítica aos portugueses / apelo ao rei
Os últimos versos de Os Lusíadas revelam sentimentos contraditórios: desalento,
orgulho e esperança.
O poeta recusa continuar o seu canto, não por cansaço, mas por desânimo. O seu
desalento advém de constatar que canta para «gente surda e endurecida (…) /no gosto
da cobiça e na rudeza». É a imagem que nos dá do Portugal do seu tempo.
Por contraste, o orgulho nos que continuam dispostos a lutar pela grandeza do passado e
a esperança de que o Rei saiba estimular e aproveitar essas energias latentes para dar
continuidade à glorificação do «peito ilustre lusitano» e dar matéria a novo canto.
O poema encerra, assim, com uma mensagem que abarca o passado, o presente e o
futuro. A glória do passado deverá serencarada como exemplo presente para
construir um futuro glorioso.
2. ILHA DOS AMORES
Cantos IX e X
Os navegantes portugueses iniciam a viagem de regresso a Portugal. Vénus prepara-
lhes, com a ajuda das ninfas e de seu filho Cupido, uma recompensa pelos perigos e
tormentas que enfrentaram vitoriosamente. Encaminha-os para uma ilha paradisíaca,
povoada de ninfas sedutoras. Estas divindades fingem assustar-se com a presença dos
marinheiros, mas logo se rendem aos prazeres do amor.
Esta ilha não existe na realidade, foi criada a partir da imaginação do poeta.
A grandeza dos Descobrimentos também se mede pela grandeza do prémio e este foi o
da imortalidade, simbolicamente representada na união homens-deuses.
No banquete em que se homenageiam os navegantes, a ninfa Tétis leva Vasco da Gama
ao cimo de um monte para lhe mostrar a Máquina do Mundo e lhe dar a noção do que
será o Império Português. É o auge da glorificação : Vasco da Gama vê o que só aos
deuses é dado ver.
5
A nível da estrutura do poema, sobrepõem-se os três planos: os viajantes
Confraternizam (viagem) com as entidades mitológicas (mitologia) e ouvem a História
de Portugal futura (história).
CANTO VI
Reflexões do poeta
1. «Por meio destes hórridos perigos
Destes trabalhos graves e temores
Identifique os antecedentes das expressões sublinhadas.
2. Explique, neste contexto, a utilização anafórica da negativa «não» (estrofes 95 e 96).
2.1. Afinal, quem são os que não alcançam a verdadeira fama?
3. A estrofe 97 é iniciada pelo articulador «Mas». Porquê?
3.1. Afinal, quem são os que alcançam a verdadeira fama?
4. Explique o uso do articulador «Dest’arte» (deste modo) a iniciar a última estrofe.
5. Relaciona o conteúdo desta reflexão do poeta com o momento da narrativa em que
está encaixada.
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  • 1. 1 AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE SACAVÉM E PRIOR VELHO Escola Secundária de Sacavém 12º ano - Português OS LUSÍADAS 1. REFLEXÕES DO POETA CANTO I (estrofes 105 e 106) A fragilidade da condição humana As traições e perigos a que os navegadores estão sujeitos justificam este desabafo do poeta. Não será por acaso que esta reflexão surge no final do Canto I, dado o contexto de perigo em que a armada se encontra, mas que consegue ultrapassar. Ver-se-á, no Canto X, até onde a ousadia, a coragem e o desejo de ir sempre mais além pode levar o «bicho da terra tão pequeno», tão dependente da fragilidade da condição humana. CANTO V (estrofes 92 a 100) Crítica à falta de cultura e de apreço pelos poetas que os portugueses revelam O poeta começa por mostrar como o canto, o louvor, incita à realização dos feitos; dá em seguida exemplos do apreço dos Antigos pelos seus poetas, bem como da importância dada ao conhecimento e à cultura, que levava a que as armas não fossemincompatíveis com o saber. Não é, infelizmente, o que se passa com os portugueses: não se pode amar o que não se conhece, e a falta de cultura dos heróis nacionais é responsável pela indiferença que manifestam pela divulgação dos seus feitos. Apesar disso, o poeta, movido pelo amor da pátria, reitera o seu propósito de continuar a engrandecer, com os seus versos, as «grandes obras» realizadas. Manifesta, desta forma, a vertente pedagógica da sua epopeia, na defesa da realização plena do Homem, em todas as suas capacidades.
  • 2. 2 CANTO VI (estrofes 95 a 99) O verdadeiro caminho da fama e da glória Continuando a exercer a sua função pedagógica, o poeta defende um novo conceito de nobreza, espelho do modelo da virtude renascentista: a fama e a imortalidade, o prestígio e o poder adquirem-se pelo esforço – na batalha ou enfrentando os elementos naturais, sacrificando o corpo e sofrendo pela perda dos companheiros; não se é nobre por herança, permanecendo no luxo e na ociosidade, nem pela concessão de favores se deve alcançar lugar de relevo. CANTO VII (estrofes 3 a 14) Elogio ao espírito de cruzada dos portugueses/crítica a outros povos Percorrido tão longo e difícil caminho, é momento para que, na chegada a Calecut, o poeta faça novo louvor aos portugueses. Exalta, então, o seuespírito de Cruzada, a incansável divulgação da Fé - por África, Ásia e América - e assim inserindo a viagem à Índia na missão transcendente que assumiram como marca da sua identidade nacional. Por oposição, critica duramente as outras nações europeias (Alemães, Franceses, Italianos, Ingleses…) (estrofes 78 a 87) - Canto VII Crítica aos ambiciosos que exploram e oprimem o povo Invocação às Ninfas do Tejo e do Mondego Numa reflexão de tom marcadamente autobiográfico, o poeta exprime um estado de espírito bem diferente do que o caracterizava, no Canto I, na Invocação às Tágides (entusiasmado). «Cego…insano e temerário», percorre um caminho «árduo, longo e vário» e precisa de auxílio porque, segundo diz, teme que o barco da sua vida e da sua obra não chegue a bom porto. Uma vida que tem sido cheia de adversidades, que enumera: a pobreza, a desilusão, os perigos do mar e da guerra, «N~ua mão sempre a espada e noutra a pena;». Como não ver neste retrato a intenção de espelhar o modelo de virtude enunciado noutros momentos da obra? Em retribuição, recebe novas contrariedades – de novo a crítica aos contemporâneos e o alerta, para a inevitável inibição do surgimento de outros poetas, em consequência de tais exemplos.
  • 3. 3 Mas a crítica aumenta de tom na parte final, quando são enumerados aqueles que nunca cantará e que, implicitamente, denuncia abundarem na sociedade do seu tempo: os ambiciosos, que sobrepõem os seus interesses aos do povo e do rei (bem comum e do seuRei); os dissimulados; os exploradores do povo, que não defendam «que se pague o suor da servil gente». No final, retorna à definição do seu herói: o que arrisca a vida «por seuDeus, por seuRei». CANTO VIII (estrofes 96 a 99) Crítica ao poder do dinheiro A propósito da narração do suborno do Catual e das suas exigências aos navegadores, são agora enumerados os efeitos perniciosos do ouro/dinheiro/riqueza: provoca derrotas, faz dos amigos traidores, mancha o que há de mais puro, deturpa o conhecimento e a consciência; os textos e as leis são por ele condicionados; está na origem de difamações, da tirania de Reis, corrompe até os sacerdotes, sob a aparência da virtude. Retomando a função pedagógica do seu canto, o poeta aponta um dos males da sociedade sua (de Camões) contemporânea, orientada por valores materialistas. CANTO IX (estrofes 92 a 95) O caminho para merecer a fama O poeta não perde a oportunidade, no final deste canto, de esboçar o perfil dos que podem ser recompensados (imortalizados) - na Ilha dos Amores - reiterando valores como a justiça, a coragem, o amor à Pátria e a lealdade ao Rei.
  • 4. 4 CANTO X (estrofes 145 a 148) Crítica aos portugueses / apelo ao rei Os últimos versos de Os Lusíadas revelam sentimentos contraditórios: desalento, orgulho e esperança. O poeta recusa continuar o seu canto, não por cansaço, mas por desânimo. O seu desalento advém de constatar que canta para «gente surda e endurecida (…) /no gosto da cobiça e na rudeza». É a imagem que nos dá do Portugal do seu tempo. Por contraste, o orgulho nos que continuam dispostos a lutar pela grandeza do passado e a esperança de que o Rei saiba estimular e aproveitar essas energias latentes para dar continuidade à glorificação do «peito ilustre lusitano» e dar matéria a novo canto. O poema encerra, assim, com uma mensagem que abarca o passado, o presente e o futuro. A glória do passado deverá serencarada como exemplo presente para construir um futuro glorioso. 2. ILHA DOS AMORES Cantos IX e X Os navegantes portugueses iniciam a viagem de regresso a Portugal. Vénus prepara- lhes, com a ajuda das ninfas e de seu filho Cupido, uma recompensa pelos perigos e tormentas que enfrentaram vitoriosamente. Encaminha-os para uma ilha paradisíaca, povoada de ninfas sedutoras. Estas divindades fingem assustar-se com a presença dos marinheiros, mas logo se rendem aos prazeres do amor. Esta ilha não existe na realidade, foi criada a partir da imaginação do poeta. A grandeza dos Descobrimentos também se mede pela grandeza do prémio e este foi o da imortalidade, simbolicamente representada na união homens-deuses. No banquete em que se homenageiam os navegantes, a ninfa Tétis leva Vasco da Gama ao cimo de um monte para lhe mostrar a Máquina do Mundo e lhe dar a noção do que será o Império Português. É o auge da glorificação : Vasco da Gama vê o que só aos deuses é dado ver.
  • 5. 5 A nível da estrutura do poema, sobrepõem-se os três planos: os viajantes Confraternizam (viagem) com as entidades mitológicas (mitologia) e ouvem a História de Portugal futura (história). CANTO VI Reflexões do poeta 1. «Por meio destes hórridos perigos Destes trabalhos graves e temores Identifique os antecedentes das expressões sublinhadas. 2. Explique, neste contexto, a utilização anafórica da negativa «não» (estrofes 95 e 96). 2.1. Afinal, quem são os que não alcançam a verdadeira fama? 3. A estrofe 97 é iniciada pelo articulador «Mas». Porquê? 3.1. Afinal, quem são os que alcançam a verdadeira fama? 4. Explique o uso do articulador «Dest’arte» (deste modo) a iniciar a última estrofe. 5. Relaciona o conteúdo desta reflexão do poeta com o momento da narrativa em que está encaixada.
  • 6. 6