REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
Ceci Gestão do patrimônio cultural integrado
1.
2.
3. l!ciTersidade Federal de Pernambuco
R.:'i:m:P:u:. ~fozart :eves Ramos
'k-eReimr. Prof.Geraldo José Marques Pereira
iDiretora da Editora Universitária: Prof.a Ana Maria de França Bezerra
Comissão Editorial
Pr::s-J....>nzeProf.a Célia Maria Médicis Maranhão
Titulares
.:.'la ~faria de França Bezerra
6erúcio de Barros Neto
Carlos Teixeira Brandt
Dilosa Caravalho de A. Barbosa
Háio Henrique A. Brainer
:XellY:fedeiros de Carvalho
Roberto Gomes Ferreira
Gabriela. Martin
Valderez Pinto Ferreira
Design
Caleidóscopio - Escritório de Design
GiselaAbad
:llichelle Paulino
Adriana Oliveira
Gestão do Patrimônio Cultural integrado == Gestión del
Patrimonio CulturalIntegrado / JukkaJokilehto ... et al. ;
apresentação e organização Sílvio Mendes Zancheti /
UFPE / Centro de Conservação Integrada Urbana e
Territorial. Programa de Pós-Graduação em Desenvol-
vimento Urbano. - Recife : Ed. Universitária da UFPE,
2002.
316 p. : il.
Inclui bibliografia.
ISBN 85-7315-177-3
l.Desenvolvimento urbano -Gestão do Patrimônio Cul-
tural Integrado. 2. Revitalização urbana - Áreas históri-
cas. I.Jokilehto, Jukka. II. Zancheti,Sílvio Mendes.
711.4(091)
711.409
ISBN 85-7315-177-3
All Rights Reserved
CDU (2.ed.)
CDD (20.ed.)
UFPE
BC/2002-040
Centro de Conservação Integrada Urbana e Territorial
Universidade Federal de Pernambuco
Rua do BomJesus, 224, 4° andar
50030-170 Recife-PE-Brasil
fone: 81 3224-5060 fax: 81 3224-5662
http:/ /www.ceci-br.org e-mail: ceci@hotlink.com.br
2002
Suplentes
Ângela Maria Barbosa Neves
José Thadeu Pinheiro
Maud Fragoso Perruci
Gilda Maria Lins de Araujo
Josélia Pacheco de Santana
Célia Maria da Silva Salsa
Pedro Lincon C. L. de Matos
Tradução
Juan Ignacio Jurado - Centurión Lopes
Juan Pablo Martin Rodrigues
Revisão
Margarida Michel
4. GESTÃO do
PATRIMÔNIO
CULTURAL
INTEGRADO
GESTIÓN dei
PATRIMONIO
CULTURAL
INTEGRADO
CENTRO DE CONSERVAÇÃO
I NTEGRADA URBANA E TuRRJTORIAL
PROGRAMA DE P ós-GRADUAÇÃO
EM DESENVOLVIMENTO URBANO
U NI VERSIDADE FEDERAL DE
p E R N A M B U C O
WüRLD HERTTAGE CENTRE
UN!TED NATIONS EDUCATIONAL,
S c1ENTIFJCAL AND C U LTURA L
Ü RGANIZATION
l NTERNATIONAL CENTRE FOR THE
STUDY OF THE PRESERVATION ANO
RESTORAT!ON OF' THE C ULTURAL
p R O P E R T Y
R E C F E
2 00 2
e E e 1
5. Sumário Sílvio Mendes Zancheti
Apresentação 7
Presentación 9
-1i_ Jukka Jokilehto
Conceitos e idéias sobre conservação 11
Conceptos e ideas sobre conservación 20
Bibliografia 29
2 Tomás Lapa e Sílvio Mendes Zancheti
Conservação Integrada Urbana e Territorial 31
La Conservación Integrada Urbana y Territorial 37
Bibliografia 43
3 Fernando Carrión
Vinte temas sobre os centros históricos na América Latina 45
Vinte temas sobre Los centros históricos en América Latina 51
Bibliografia 57
4 Nonna Lacerda
Os valores das estruturas ambientais urbanas: considerações teóricas 59
Los valores de las estructuras ambientales urbanas: consideraciones teóricas 65
Bibliografia 70
5 Sílvio Mendes Zancheti
O valor econômico total dos bens patrimoniais e ambientais 71
Elvalor económico total de los bienes patrimoniales y ambientales 75
Bibliografia 78
6 Sílvio Mendes Zanchetí
O desenvolvimento sustentável urbano 79
El desarrollo sostenibJe urbano 84
Bibliografia 89
7 Norma Lacerda
Globalização e identidades locais 91
Globalización e identidades locales 95
Bibliografia 98
8 Virgínia Pontual
A referência cultural e o planejamento da conservação integrada 99
La referencia cultural y el planeamiento de la conservación integrada 105
Bibliografia 111
9 VirgíniaPontual
A gestão da conservação integrada 113
La gestión de la conservación integrada 118
Bibliografia 123
10 VeraMílet
Base de informação para as tarefas da gestão 125
Base de información para las tareas de gestión 133
Bibliografia 141
11 /na Rita Sá Carneiro
Métodos de análise dos bens materiais naturais e culturais visando
à conservação
Métodos de análisis de los bienes materiales naturales y culturales
visando la conservación urbana
Bibliografia
12 Ann Rita Sá Carneiro e VeraMilet
Método de análise dos bens imateriais e método de leitura da imagem de uma
143
148
152
área urbana para sua reabilitação 153
Método de análisis de los biens inmateriales y método de lectura de la
imagen de una área urbana para su rehabilitación 157
Bibliografia 161
6. 13 Fátima Furtado
O processo de Monitoramento, Avaliação e Controle de Projetos 163
El proceso de acompafíamiento, valoracióny Control de Proyetos 169
Bibliografia 174
14 Herb Stovel
Monitoramento para o gerenciamento e conservação do patrimônio cultural 171
El seguimiento para la gestión y la conservacióndei patrimonio cultural 181
Bibliografia 190
15 Ricardo C. Furtado
Metodologias para Avaliação de Impactos Ambientais de Cidades 191
Metodologías para la valoración de Impactos Ambientales de Ciudades 197
Bibliografia 203
16 Tomás Lapa
A prospectiva no planejamento da conservação integrada 215
La prospectiva en la planificación de la conservación integrada 218
Bibliografia 220
17 Tomás Lapa
Metodologia de construção de cenários 221
Metodología de construcción de escenarios 225
Bibliografia 228
18 Tomás Lapa
Formulação de proposições alternativas 229
Formulación de las proposiciones alternativas 231
Bibliografia 232
19 Luísde la Mora
Os desafios a superar para desenvolver programas de conservação
urbana integrada 233
Los desafios a superar para desarrollar programas de conservadón
urbana integrada 238
Bibliografia 243
20 Luís de la Mora
A institucionalização dos processos de negociação para assegurar a
sustentabilidade dos projetos de conservação urbana integrada 245
La institucionalización de los procesos de negociadón para el aseguramiento
dei carácter sostenible de los proyectos de conservación urbana integrada 251
Bibliografia 257
21 NeyDantas
A produção da imagem da cidade 259
La producción de la imagen de la ciudad 265
Bibliografia 272
22 DoraArizaga Guzmán
Processo.de financiamento de projetos de conservação urbana 273
Proceso de financiación de proyectos de conservación urbana 279
Bibliografia 285
23 CirceMariaGama Monteiro
Revitalização, habitação em áreas históricas e a questão da gentrificação 287
Revitalización, vivienda en áreas históricasy la cuestión da la gentrificación 291
Bibliografia 295
24 Sueli Ramos Schiffer
A conservação urbana e a superação da pobreza 297
La conservación urbana y la superación de la pobreza 305
~
Bibliografia 314
7.
8. lpresentação
1
•
A gestão da conservação integrada urbana e territorial é um novo campo disciplinar
que procura reunir teorias, conceitos e experiências reais, demodo a formar uma práti-
ca planejada de ação pública para a conservação e o desenvolvimento das cidades
contemporâneas.
A origem dessa nova disciplina é recente, pois surgiu da convergência de duas matri-
zes de pensamento do planejamento urbano e territorial contemporâneo:
• A da conservação integrada, formulada inicialmente pelo urbanismo progressista
italiano dos anos 1960/70, e que encontrou sua expressão maior no Manifesto de
Amsterdã, de 1975;
• A do desenvolvimento sustentável, elaborada a partir dos preceitos apresentados
pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e que levou à Agen-
da 21 e a seus desdobramentos urbanos.
A conservação integrada trouxe em seu bojo contribuições teóricas e práticas mais
antigas e consolidadas, especialmente aquelas das teorias da conservação e do restau-
ro da arquiteturae da obra de arte. Por sua vez, o desenvolvimento sustentável restabe-
leceu a visão delongo prazo, mostrou a importância darelação intergcrações, e enfatizou
a importância do planejamento multidimensional da cidade, segundo os preceitos de
uma nova ética a respeito da conservação ambiental e da eqüidade social.
A conservação integrada é um principio fundamental para a conceituação do desen-
volvimento sustentável urbano, especialmente porque restabelece a cidade como um
artefato histórico-cultural que estabelece o nexo entre as gerações. Nesse sentido, a
cultura aparece como uma dimensão de mesma importância que a economia e a políti-
ca em qualquer estratégia de implantação de políticas de desenvolvimento sustentável.
O conceito de gestão está sendo adotado como uma forma de reconhecimento da im-
portância dos processos de negociação em participação políticana tomada de decisões
para o planejamento urbano contemporâneo.
Apesar da sólida base conceihial e prática dos seus alicerces, a nova disciplina da
gestão integrada da conservação carece ainda de pesquisas, sistematizações e sínteses
que permitamconsolidar esse corpo de conhecimentos. Inúmeros têmsido os esforços
acadêmicos e profissionais para gerar e organizar esse corpo.
O programa ITUC (Integrated Territorial and Urban Conservation), lançado e coorde-
nado pelo 'Centro Internacional para o Estudo da Preservação e do Restauro do
Patrimônio Cultural' (ICCROM), tem capitaneado esse processo. Desde 1995, vários
encontros, seminários e "workshops" foram realizados para discutir os fundamentos
da nova disciplina e sistematizar o conhecimento cxistente.1
O CECI tem participado da rede ITUC como ativo membro. Desde 1997, foram realiza-
dos quatro cursos de especialização em gestão daconservação integrada para técnicos
da América Latina. Em 2002, foi lançado o primeiro curso de especialização a distân-
cia para fornecer oportunidades de treinamento a um maior número de pessoas do
continente. Esse trabalho de formação está sendo acompanhado por um grande esfor-
ço de pesquisa e publicação de estudos para criar e organizar o corpo de conhecimen-
tos da nova disciplina.2
Este livro apresenta um dos produtos do trabalho de sistematização do CECI. Pela
primeira vez se dá a conhecer um conjunto completo e suficiente de conceitos, teorias e
recomendações práticas para a implantação da gestão da conservação integrada em
áreas urbanas históricas. Entretanto, este livro não é um 'manual' prático, pois está
1 Foram realizados encontros em Roma (1995 e 2001), Montreal (1996), Recife (1998), Malta
(2000), e Quito (2000).
2 O website do CECI (www.ceci-br.org) apresenta as principais atividades e realizações da
instituição.
9. dirigido para o treinamento de especialistas em gestão da conservação integrada. É,
antes de tudo, um instrumento de auxílio para a formação e qualificação profissional
do gestor da conservação integrada, mas que pode auxiliar, também, pesquisadores e
especialistas no assunto.
A estrutura do livro foi organizada com base na metodologia de gestão da conservação
integrada concebida pelo CECI e que tem sido utilizada nas pesquisas, nos treinamen-
tos e nas assessorias técnicas realizadas pela instituição nesses cinco últimos anos.
Essa metodologia foi inicialmenteconcebida para formatar o programa ITUC interna-
cionaP e foi aperfeiçoada ao longo dos cursos de especialização e pesquisas do CECJ.
O livro é uma obra coletiva que contou com a colaboração do corpo de pesquisadores
do CECI e de especialistas de renome internacional, que têm estado na linha de frente
do programa ITUC.
Todo esse esforço intelectual não teria sido possível sem o decisivo apoio institucional
e financeiro que a UNESCO, o World Heritage Centre e o ICCROM têm fornecido ao
CECI desde 1997.
3 Zancheti S. M., Jokilheto J. (1996). Reflections on integrated urban conservation planning.
http://www.ceci-br.org/Textos/smz-reflections.doc
•'
10. Presentación La gestión de la conservación integrada urbana y territorial es un nuevo campo disci-
plinar que procura reunir teorías, conceptos y experiencias reales, de modo que forme
una practica planificada de acción publica para la conservación y el desarrollo de las
ciudades contemporáneas.
EI origen de esa nueva asignatura es reciente, pues surgió de la convergencia de dos
matrices de pensamiento de planificación urbana y territorial contemporáneo:
·La de la conservaciónintegrada, formulada inicialmente por el urbanismo progresista
italiano de los anos 1960/1970, y que encontró su expresión mayor en el Manifiesto de
Ámsterdam, de 1975;
· La del desarrollo sustentable, elaborado a partir de los preceptos presentados por la
Cornisión Mundial sobre Medio Ambiente y desarrollo y que llevo a la agenda 21 y a
sus desdoblamientos urbanos.
La conservación integrada trajo en su bojo contribuciones teóricas y practicas más
antiguas y consolidadas, especialmente aquellas de las teorías de la conservación y de
la restauración de la arquitectura y de la obra de arte. Por su vez, el desarrollo sostenible
restableció lavisión a largo plazo, mostró la importancía de la relación intergeneracional
y enfatizó la importancía de la planificacíón multidimensional de la ciudad, scgúnlos
preceptos de una nueva ética a respecto de la conservación ambiental y de la equidad
social.
La conservación integrada es un principio fundamental para la conceptuación dei
desarrollo sostenible urbano especialmente porque restablece la ciudad como un
artefacto histórico-cultural qu~ establece el nexo entre las relaciones. En ese sentido la
cultura aparece como una dimensión de la rnisma irnportancia que la economía y
política en cualquier estrafégica de implantación de política de desarrollo sostenible.
El concepto de gestiónestá siendo adoptado como una forma dereconocimiento de la
importancia de los procesos de negociación en participación política.en la tomada de
decisiones para la planificación urbana contemporánea.
A pesar de la sólida base conceptua1y practica de los apoyos, la nueva disciplina de la
a gestión integrada de la conservación carece aún de investigaciones, sistematizaciones
y síntesis que permitan consolidar ese cuerpo de conocimientos. Innúmeros han sido
los esfuerzos académicos y profesionales para generar y organizar esc cuerpo.
El programa ITUC ( Integrated Territorial and Urban Conscrvation), lanzado y
coordinado por cl centro internacional para el estudio de la preservación y de la
restauración del patrimonio cultural ( ICCROM) ha capitaneado ese proceso. Desde
1995 varias encuentros, seminarios y workshops fueron realizados para discutir los
fundamentos de la nueva disciplina y sistematizar el conocirniento existente. 1
E! CECI ha participado de la red ITUCcomo miembro activo. Desde1997,fueron reali-
zados cuatro cursos de especialización en gestión de conservación integrada para
técnicas de América Latina. En 2002, fue Janzado el primer curso de especializacióna
distancia para fornecer oportunidades de entrenamiento a un mayor numero de
personas del continente. Ese trabajo de formación está siendo acompafí.ado por un
gran esfuerzo de investigación y publicación de estudios para crear y organizar el
cuerpo de conocimientos de la nueva asignatura. 2
Este libro presenta uno de los productos dei trabajo de sistematización del CECI. Por
primera vez se da a conocer un conjunto completo y suficiente de conceptos, teorías y
1 Fueron realizados encuentros en Roma (1995 y 2001) Montreal (1996), Recife (1998), Malta
(2000), y Quito (2000)
2 E! website dei CECI (www.ceci-br.org) presenta las principales actividades y realizaciones
de la institución
11. recornendaciones practicas para la irnplantación de la gestión de la conservación inte-
grada en áreas urbanas históricas. Entre tanto, este libra no es un manual practico,
pues esta dirigido para el entrenamiento de especialistas en gestión de la conservación
integrada. Es, antes de Lodo, un instrumento de auxilio para la formación y calificación
profesional del gestor de la conservaciónintegrada, pero que puede auxiliar, también,
a investigadores y especialistas en el asunto.
La estructura del libra fue organizada con base en la metodología de gestión de Ia
conservación integrada concebida por el CECI y que ha sido utilizada en las
investigaciones, en los entrenamientos y en las asesorias técnicas realizadas por la
institución en estos cinco últimos anos. Esa metodología fue inicialmente concebida
para formatear el programa ITUC intcrnacionaP y fue perfeccionada a lo largo de los
cursos de especialización e investigaciones del CECI.
El libra es una obra colectiva que contó conIa colaboración del cuerpo de investigado-
res del CECI y de los especialistas de renombre internacional, que han estado en la
línea de frente del programa lTUC
Todo ese esfuerzo intelectualno habría sido posiblesin el decisivo apoyo institucional
y financiero que la UNESCO, el WorldHeritagc Centre y el ICCROM hanfornecido ai
CECI desde 1997.
3 Zancheti S.M., Jokilehto j. (1996). Reflections on integrated urban conversation plannning.
http:// www.ceci-br.org/Textos/smz-reflections.doc
12. .i
J
1
1Conceitos e idéias sobre conservação
Jukka Jokilehto
Resumo
O documento traça a evolução dos conceitos relacionados com a definição, proteção,
restauração e conservação do patrimônio cultural do século dezenove para o século
vinte. Isso inclui uma nota sobre os diferentes tipos de patrimônio, de ruínas a
edificações históricas, cidades históricas e paisagens culturais. As principais aborda-
gens à restauração e conservação foram mencionadas, assim como os desenvolvimen-
tos mais recentes no planejamento e desenvolvimento de áreas históricas. Foi dada
atenção às noções de autenticidade e integridade, bem como à dimensão intangível do
patrimônio. Além disso, foi brevemente salientado o desenvolvimento da colaboração
internacional na segunda metade do século 20.
Conceitos
Processo de conscientização: A sociedade moderna atra-
vessou um processo de transformação, resultando em jul-
gamentos de valores diferentes quando comparados com
a sociedade tradicional. A Idade da Razão, no século 18,
refletiu-se na definição da verdade em relação à história
humana, concluindo que a história é feita pelos homens, e
que seu verdadeiro significado só pode ser compreendido
quando especificado em cada c:mtexto cultural relevan-
te. Os valores são produtos de processos culturais~e rela-
tivos às culturas envolvidas. Isso levou ao reconnecimcn-
to da pluralidade de valores e diversidade cultural na
sociedade.
A sociedade moderna aprendeu a perceber o ambiente em
referência ao conceito moderno de historicidade, reconhe-
cido como um valor. Nós tendemos a 'historicisar' tudo
que nos cerca. Considerando as atividades humanas uma
representação do universo da humanidade, cada expres-
são genuína de uma cultura individual pode ser associa-
da com valor universal como parte do todo. A Convenção
sobre Herança Mundial da UNESCO (1972) refere-se à no-
ção de 'valor universal de destaque' como uma exigência
para a inscrição na Lista do Patrimônio da Humanidade.
As localidades que se qualificarem são entendidas como
as mais representativas, expressões autênticas de tipos
particulares de patrimônio emcada cultura, ou culturas.
Valores culturais incluem: Valores de identidade (idade,
tradição, espiritual, simbólico), em referência a tradi-
ção e identidade; valores relativos artísticos ou técni-
cos baseados na pesquisa, em relação a outros traba-
lhos do mesmo autor ou na mesma cultura ou culturas
similares; valor de raridade indica a importância rela-
tiva de um recurso visto em seu contexto.
Valores socio-econômicos incluem: valor econômico
em relação ao patrimônio visto como um recurso, uma
consideração essencial relacionada com a avaliação
de custo-benefício; valores funcionais e de uso, inclu-
indo turismo; valor político.
11
Definição de patrimônio: o aspecto fundamental na con-
servação de qualquer recurso do patrimônio cultural (quer
seja um traballio artístico, uma edificação ou áreá histórica)
estáem sua definição e no reconhecimento singular de seus
aspectos tangíveis e intangíveis, sempre que for proposto
para restauração. Esse reconhecimento em si próprio já é
parte da restauração e é a base para um julgamento critico
referente ao tratamento requerido.
Restauração: tem sido definida como o momento
metodológico do reconhecimento do trabalho (recurso
patrimonial) na sua consistência física e no seu significa-
do (estético e histórico), em vista de sua transmissão para
o futuro. O foco da restauração é o objeto material, e o
objetivo é restabelecer a potencial unidade do elemento,
tanto quanto possível, sem. que se cometa uma fraude
histórica ou artística, e sem eliminar traços de sua passa-
gem pelo tempo (Brandi 1963). A restauração geralmente
requer conhecimentos e habilidades de especialistas.
Conservação: pode ser tomada como o termo geral para
a salvaguarda e proteção da patrimônio histórico, e como
a ação de prevenção da sua decadência. Ela engloba
todos os atos para prolongar a vida de nosso patrimônio
cultural e natural, sendo seu objetivo apresentar a todos
que usam e contemplam maravilhados as edificações
históricas as mensagens artísticas e humanas que essas
edificações possuem (Feilden, 1982:3). A conservação é
geralmente tomada como um termo geral relacionado
com a proteção do patrimônio cultural e natural, inclu-
indo áreas históricas e paisagens culturais, cujos ba-
lanço e natureza especificas dependem da fusão das
partes de que foram compostos, incluindo atividades
humanas, edificações, organização espacial e arredores
(UNESCO 1976, #3).
Conservação integrada: é alcançada pela aplicação de téc-
nicas de restauração sensíveis e pela escolha correta de
funções apropriadas no contexto de áreas históricas, le-
vando em conta a pluralidade de valores, tanto econômi-
cos como culturais, e visando julgamentos equilibrados.
13. ~
Desenvolvimento sustentável: temsido definido como a
·;:ç>acidade de a humanidade assegurar que se supram
as necessidades do presente sem comprometer a capaci-
dade das futuras gerações de suprir suas próprias neces-
sidades (UN, 1978).
Desenvolvimentoculturalmentesustentável: implica de-
senvolvimento baseado em valores e idéias compartilha-
das e nos padrões intelectuais, morais e estéticos da co-
munidade.
Da restauração de monumentos à conservação integrada
Background: Os conceitos modernos relacionados com a
conservação dopatrimônio cultural enatural estão funda-
mentalmente relacionados com o desenvolvimento da
modernidade. Esse desenvolvimento começano século de-
zoito, embora baseado em raíz.es .mais antigas. A própria
modernidade é marcada por várias mudanças na socieda-
de, indo de inovações técnicas e cientificas a aspectos soci-
ais e econômicos e a reflexões filosóficas e culturais. O con-
ceito depatrimônio cultural é baseadono novoconceito de
história. Foiproposto que osignificadoreale verdadeiro de
objetos eestruturas queformaram taispatrimôniossomente
poderia ser entendido quando visto no contexto cultural
especificoaoqualeles pertenciam. Tais conceitosforam for-
mulados especialmente por meio da contribuição de
Gionanni Battista Vico (1668-1774), na Itália, e Johann
Gottfried Herder (1744-1803), na Alemanha. Essa abertura
levou ao pluralismo e ao reconhecimento da diversidade
cultural, associada a valores não necessariamente
mensuráveis. A evolução foi particularmente marcada na
idade do Romantismo, do fim do século dezoito até a pri-
meira metade do século dezenove. A tarefa de um artista
mudou da busca da 'beleza ideal', vista em termos absolu-
tos como era no Classicismo, ao reconhecimento da
unicidade de cada contribuição autêntica e inovadora no
Romantismo. Nasociedade tradicional, um objeto erareco-
nhecido principalmente em relação à sua função; na
modernidade emergente, pelo contrário, os objetos herda-
dos do passado eram associados a um valor histórico e a
uma personalidade cultural e artística específicos.
Monumentos daAntigüidade: Na segunda metade do sé-
culo dezoito,o campo de açãodoreparo demonumentosda
antigüidadeem Romacomeçou a refletirconceitosmoder-
nos de restauração. Para isso contribuiu johann Joachim
Winckelmann (1717-68), um professor alemão apontado
como o responsável por monumentos antigos em Roma, e
que reconheceu a qualidade artística especifica de um tra-
balho de arte (especialmente da Antigüidade Oássica) en-
tendido apenas mediante de umestudo meticuloso. Como
resultado, ele foi chamado o pai da arqueologia moderna.
Em conseqüência da Revolução Francesa, quando idéias
nacionalistas eram integradas com o desenvolvimento, o
famoso artista neoclássico Antonio Canova (1757-1822),
Inspetor de Belas Artes em Roma, supervisionou algumas
das primeiras restaurações do Fórum Romano, colocando
em pratica as idéias de Winckelmann. As restaurações do
Coli..~ e do A.rco deTito são exemplosclássicos, projetados
12
por Raffaele Stern (1774-1820) e Giuseppe Valadier (1762-
1838).Sternobjetivou, principalmente, a conservação da es-
trutura histórica, usando simples contrafortes como refor-
ços. Valadier foi mais longe, visando ao restabelecimento
daforma arquitetura1do monwnenlo,enquanto distinguia
aindao trabalho novo do antigo.Porexemplo, na restaura-
ção do antigo Arco do Triunfo de Tito, no Fórum Romano
(1818-22), são construídas novas partes em travertino com
detalhes simplificados, de fonna a mostrar claramentea es-
trutura original em mármore. Essa idéias foram levadas a
outrospaíses, comopor exemplo Françae Grécia, esetoma-
ram referências-padrões para trabalhos derestauração pos-
teriores, tendo reflexosnos princípios modernos expressos
na Carta de Veneza (1964). Na Acrópole de Atenas, ares-
tauração do Templo de Athena Nikc, na década de 1830-
1840, foi um exemplo üúcial dessa política de restaura-
ção, recomendada por técnicos alemães, dinamarqueses
e gregos (Leo von Klenze, G.E. Schaubert, Kiriakos
Pittakis), durante o reinado grego estabelecido sob o go-
verno de Otto T.
Construções medievais: Enquanto naItáliafoi dadamaior
atenção aosmonumentos daAntigüidade,os países donorte
europeu, tais como a Inglaterra, Alemanhae França, come-
çaram a procurar por 'antigüidades locais', identificadas
em estruturasmedievaisque refletiamsuas própriashistó-
rias e identidades nacionais. Rapidamente, esse movimen-
to gerou o renascimento de estilos antigos, tais como o
Renascimento Clássicoe o Renascimento Gótico, ambos ex-
tremamente elegantes, emborabaseadosem princípios dife-
rentes.NaInglaterra, jáno fim doséculodewito, ocorreram
críticas e debates calorosos sobre as restaurações de moda
que freqüentemente resultavamemcatedrais e igrejas com-
pletamente renovadas. Arquitetos treinados em tradições
clássicas tendiam a favorecer projetos axiais eperspectivas
abertas, alterando assim o projeto original e eliminandoca-
racterísticas históricas. O mais ativo desses críticos foiJohn
Carter (1747-1817), que estava envolvido no estudo e regis-
tro de catedrais históricas para a Sociedadede Antiquários.
Outrosmembros dessa sociedade tomaram-se ativos napro-
moção de abordagensmaisconservadorasparao tratamen-
to de edificações históricas. Mais tarde, a restauração tor-
nou-semaisradical, e o principal arquitetofoiGeorgeGilbcrt
Scott (1811-78), cujo escritório foi responsável porcentenas
derestaurações de edificaçõeshistóricas, especialmenteigre-
jase catedrais, emmeadosdo século dezenove.
O Romantismo Alemão tomou-separticularmenteimpor-
tantena promoção dos interesses nacionais na conserva-
ção de estruturas medievais.Depois daliberação daRenânia
da ocupação francesa, o governo da Prússia pediu a Karl
Friedrich Schinkel (1781-1841) para assumir uma missão
(1815) com o objetivo de pesquisar edificações históricas
nessa área e recomendar medidas para sua proteção e res-
tauração. Isso setornoumn ponto de referência importante
no desenvolvimento da política de restauração germânica
(Denkmalpjlege). Foi dada atenção especial aovalorpatrióti-
co de tais edificações, e os trabalhos eram freqüentemente
limitados a tratamentosconservadores em seus caracteres,
dependendotambémdas restriçõeseconômicas desse perí-
14. l
"
.::.·
1
odo. As maiores restaurações incluíram o castelo de
Marienburg (1816-), a catedral de Magdeburg (1826-35) e a
restauração e continuação da construção da Catedral de
Colônia (1823-80), todosconcebidos comomonumentosna-
cionais da nação germânica.
Restauração Estilística: A França sofreu as conseqüênci-
as da Revolução Francesa, e os administradores locais
eram ignorantes sobre proteção, embora tenham havido
várias iniciativas para proteger prédios históricos já du-
rante a Revolução, promovidas mais tarde por escritores
tais como Victor Hugo. Ocorreu uma mudança em 1830,
quando Ludovic Vitet (1802-73) foi nomeado o primeiro
Inspetor Chefe dos monumentos, sucedido por Prosper
Mérimée (1803-70), em1834. Em 1837, urna Comissão go-
vernamental foi apontada para supervisionar as ativida-
des de restauração. O projeto estava nas mãos de arquite-
tos, o maisconhecidosendo EugeneE. Viollet-le-Duc (1814-
79), encarregado da maioria das maiores restaurações de
cerca de 1840 até sua morte, incluindo a igreja de La
Madeleine em Vézelay, Notre-Dame de Paris (comJean-
Baptiste Lassus), a Cité de Carcassonne, e o castelo de
Pierrefonds. Nesses trabalhos, foram desenvolvidos os
princípios da 'restauração estilística', como foi expresso
nas palavras do próprio Viollet-le-Duc:
"O termo restauração e a própria coisa são ambos modernos.
Restaurar uma edificação não é preservá-ln, repará-la, ou re-
construí-la; é recolocá-la numa condição de inteireza que pode
nunca ter existido em um certo tempo." ('Restauração', em:
Viollet-le-Duc, Dictionnaire raisonné de l'architecture
francaise, 1844-68)
O objetivo de tal restauração era então restabelecer a
edificação histórica, de uma forma que se supunha que
ela tivesse no período mais significativo de sua história.
Lidando com a arquitetura medieval, isso geralmente sig-
nificava a remoção de adições posteriores, especialmente
aquelas em estilo clássico, e a 'restauração' da estrutura
emsuaforma ideal. Essa abordagem tornou-se um verda-
deiro modismo, que foi exportado para outros países na
Europa e depois para todo o mundo. Um impacto posteri-
or pode ser visto na 'restauração de período' do Colonial
Williamburg, nos USA, nos anos 30. Ao mesmo tempo, os
restauradores contribuíram para o desenvolvimento de
metodologias que tiveram uma influência duradoura na
prática.
Movimento de conservação: Tais restaurações estilísticas,
freqüentemente favorecendo períodos históricos seletivos
a despeito de outros, provocaram entretanto fortes críti-
cas. A nova consciência histórica que evoluiu do século
dezoito chamou a atenção para o s~icado da autenti-
'_ç_idade tfo material histórico dos monumentos antigos.
Compreendeu-se que o trabalho de um artesão ou de um
artista era inevitavelmente caracterizado pela cultura e
pelas condições socioeconômicas da época. Era, portan-
to, impossível reproduzir o trabalho em seu significado
original emum contexto cultural diferente, mesmo que as
formas fossem fielmente copiadas. O principal promotor
13
Gestão do Patrimônio Cultural Tntegn;ido
desse movimento conservacionistafofüohn RuskinJ1819-
1900), que condenou a restauração como ' a destruição.
mais total que uma edificação pode sofrer, uma destrui-
ção da qual não se podem recolher vestígios: uma des-
truição acompanhada de uma descrição falsa da coisa
destruída' (Lamp of Memory', Ruskin1849). O resultado
de suas críticas foi uma mudança gradual das atitudes
para uma abordagem mais conservadora e mais respeito-
sa para com as várias fases históricas da construção.
A partir de 1860, o debate levou a um aumento da atenção
para com a conservação, acusando a palavra 'restaura-
ção' de indicnr uma ação negativa. Junto com Ruskin, um
lutador destacado do movimento 'anti-restauração' foi
~William Morr~l1834-96), que fundou a Sociedade para a
Proteção das Edificações Antigas (SPAB), em1877. A po-
lítica da SPAB tinha foco na promoção da manutenção e
do cuidado, publicando manuais e diretrizes, inclusive o
Manifesto (1877), escrito por Morris. O movimento tornou-
se também influentefora dos EUA, dando incentivos para
a fundação de sociedades similares em outros países, tais
como a França, Alemanha e Itália. Até na Índia, a conser-
vação de estruturas históricas foi fortemente influenciada
pelos princípios da SPAB. Na Itália, o movimento
conservacionista encontrou eco nos círculos universitári-
os de Milão, difundido por Camillo Boito (1836-1914), cuja
'Carta del restauro' (1883) enfatizava a manutenção dos
materiais históricos de todos os períodos, assegurando
que as novas intervenções fossem claramente marcadas,
por exemplo, diferenciando-as ou datando-as. Um prédio
histórico era vislo de forma similar a um manuscrito anti-
go, onde era necessário manter a leitura do texto antigo, e
fazer novas interpretações distintas e reversíveis caso
houvesse necessidade de revisá-las. A abordagem foi cha-
mada de 'restauração filológica'.
Desenvolvimento urbano: A segunda metade do século
dezenove viu o desenvolvimento gradual de administra-
ções estatais responsáveis pela proteção e conservação
das estruturas históricas. Na fase inicial, a principal aten-1 ~
ção foi dada a edificações simples ou monumentos. Uma 0
tomada deconsciência do valor de áreas históricas só acon- .l-
teceu muito mais tarde. Como resultado de mudanças emNestruturas sociais e econômicas e do rápido aumento da
população urpana, muitas cidades medievais fortificadas
perderam suas estruturas de defesa, devido à expansão
dos trabalhos de construção, como foi o caso do
Ringstrasse de Viena. Áreas urbanas históricas foram
submetidas a renovações radicais, e distritos inteiros pu-
deram ser reconstruídos, como foi relatado por John
Ruskin, na França e na Itália. Assimtambémfoi a renova-
ção do centro de Paris, conforme o projeto de Hausmann
no entorno de 1850, que praticamente não causou preocu-
pação aos arquitetos restauradores. Entretanto, havia al-
gum interesse em cidades históricas já no período do Ro-
mantismo, quando escritores ficavam divagando nos ar-
redores pitorescos antigos lembrando épocas passadas.
Mesmo em alguns casos de restaurações, cidades inteiras
poderiam ser consideradas monumentos, como no caso
da cidade fortificada de Carcassonne, restaurada por
15. Jul.:ka Jokilehto
Viollet-le-Duc e por seus sucessores na segunda metade
do século.
Vatores Patrimoniais: No final do século, as associações de
historiadores nos países de língua alemã discutiam os pro-
blemas dos centros urbanos, e políticas d.e conservação fo-
ram gradualmentesendo desenvolvidas em muitospaíses.
Para isso contribuíram os estudos (1889) de Camilo Sitte
sobre a natureza dos centros urbanos medievais. Uma im-
3 portante contribuição para a formulação da teoria da res-
8 tauração veio de Alois Riegl (1857-1905), um historiador da
-~ arte austríaco, cujo Denk111alkultus (Cult ofMonuments) foi
~ lpublicado em1903. Kiegl tomoudaraa distinção entre'mo-
~ numentos' (edificados parn transmitir uma mensagem) e
~ 'monumentos históricos' (edificaçõesque adquiriramvalor
~ histórico através do tempo). Sua analise dos valores (valo-
~ res históricos evalores contemporâneos) foi uma contribui-
~ ção importante para o pensamento moderno.
j
..
'j,
l!
1 b
Primeiras Cartas: Nas primeiras décadas do século 20, o
arquiteto Italiano e planejador de cidades Gustavo
Giovannoni (1873-1947) deu atenção especial a prédios
residenciais, a'arquitetura menor' (já notada por Morris),
como uma parte essencial da estrutura das áreas históri-
cas, juntocom os principais'monumentos' públicos. O pen-
samento e os ensinamentos de Giovannoni foram funda-
mentais para o desenvolvimPnto das políticas italianas de
conservação no contexto politicamentedelicado do Fascis-
mo Italiano. Ele enfatuou o papel da pesquisa e da analise
científica na tentativa de ler e interpretar os monumentos
antigos. Algumas vezes a abordagem é então chamada de
'restauração cientifica'. Suas idéias foram resumidas na
Carta dei Restauro, de 1932, seguindo a linha e indo além
da declaração da Conferência Internacional de Atenas
('Athens Charter'), no outono de 1931,para a qual ele tam-
bémcontribuiu. Nessesdocumentos, houve um movimento
definitivo para longe da restauração estilística, emdireção
à política modernadeconservação.
Movimento Moderno na Arquitetura: Baseadas nos de-
senvolvimentosiniciais do século dezenove, especialmente
nos Estados Unidos (Escola de Chicago), as necessidades
da sociedade contemporânea começaram a encontrar ex-
pressão no projeto de edifícios e assentamentos urbanos.
Houvemuitas linhas depensamentocmtermos de planeja-
,. mento urbano. A idéia de Garden City foi influenciada pe-
- los escritos deMorris eRuskin. O Movimento Internacional
- emArquiteturaModerna desenvolveu-seprincipalmentena
década de1920, depois daPrimeira Guerra Mundial, o qual
se tomou um paradigma em termos de modernidade.Em
alguns casos, houve esquemas de reconstrução em larga
escala nos centros de cidades antigas, como nos casos de
leuven, na Bélgica, reconstruída após a guerra.
CIAM: Enquanto alguns arquitetos ainda estavam inclina-
dos a procurar incentivos nos estilos históricos, o Movi-
mento Internacional tendeu a afastar-se do passado, visan-
do às necessidades emergentes da sociedade contemporâ-
nea, ba...;;eada numa racionalidade dara. Uma maior aten-
ção foi dada à reconstrução de habitações para um grande
número de famílias. No começo, tais esquemas eramclara-
menteexperimentaisemseu caráter, noespírito de Bauhaus.
Foisignificativo o estabelecimento das Conferências Inter-
nacionaisem ArquiteturaModerna (CIAM), em1928. Acon-
ferência da CTAM, de 1932, cm Atenas, produziu uma de-
claração importante, a chamada Carta de Atenas, editada e
comentada por Le Corbusier (não confundir com o docu-
mento de1931). Mesmo lidando com o projeto moderno, a
CIAM fez referências à proteção de áreas históricas - caso
fossem saudáveis o suficiente para as pessoas. Deveriam
ser projetadas novas construções dentro do espírito con-
temporâneo, semse permitiro pastiche. Isso foilevado algu-
mas vezes a umextremo quase destrutivo,não demonstran-
do qualquer simpatia para com o tecido histórico.
Reconstrução pós-guerra: A Segunda Guerra Mundial
causou enorme destruição nas cidades históricas, especi-
almente na Europa Central, mas também em outras partes
do mundo, resultando em uma grande campanha de re-
construção nas décadas seguintes. A perda súbita de ar-
redores e vizinhanças familiares chocou as pessoas, e
houve uma vontade generalizada de reconstruir os prédi-
os perdidos. As soluções variaram da reconstrução das
edificações históricas, na forma que elas tinham antes da
guerra, como emVarsóvia, ao uso deformas modernas de
construção, como nos arredores de St. Paul, em Londres.
No caso de Florença, houve uma concessão que produziu
a reconstrução de volumes e ritmos antigos, mas usando
uma linguagem arquitetural moderna.
Teoria da Restauração: A destruição enfatizou a necessi-
dade de se clarearem as diretrizes para a restauração de
estruturas históricas danificadas. O Instituto Italiano de
Restauração (Istituto Centra/e del Restauro) foi estabelecido
em1938 pelo historiador da arteGiulio CarloArgan (1904-
94). CesareBrandi (1906-88) foi nomeadoseu primeiro dire-
tor. Na ltália, o pensamentofilosófico foi muito influencia-
dopor BenedettoCroce (1866-1952), que fortaleceu a impor-
tânciade umaabordagem crítico-filosófica paraa históriae
a historiografia. Nosanos30, houve uma abertura em dire-
ção ao pensamentoalemão,como expresso na filosofia por
Edmund Husserl e MartinHeidegger, assimcomo a teoria
da restauração de Alais Riegl. Isso foi tomado como umc.
vantagempor Argan e Brandi. Como diretordo Instituto de
Restauração, Brandi tinha de fornecer diretrizes para ares-
tauração de trabalhos de arte e objetos históricos danifica-
dos pelaguerra. Daí desenvolveu sua teoria darestauração
(1963), primeiro publicadasob aforma de artigos, começan-
do em 1950. Brandi considerava relevante o valor de uso
para coisas que tinham sido concebidas como um instru-
mentoouferramenta, em que a principalquestãose relacio-
nava com o restabelecimento de suas funções. No caso de
umobjeto de arte, a chave para a restauração era trazerisso
da esfera artística paraa esfera crítica. Ele via a restauração 1
fundamen!_almente comouma metodologiae como ummo- 7~
n:e~to '.ےti$o no reconhecm:ento do tr~~alho er.n su~ con- 1~.
s1stenc~a'!JSica e suas polandades estehca e histónca. AJ ·
teoria de Brandipodeser vista como uma síntese do pensa-
11t. l'I> ,/
e ~-."'_.., c;.i_
..., '>·
14 -?. 'G' :}'"
--.l ~ f.
V ·v
16. [
-•
1
~
.
1
mento restaurador moderno, e ele fornece a metodologia
fundamental para a prática da restauração, tanto em rela-
ção aos trabalhos de arte como de arquitetura.
Preocupações da Europa Central: Paralelamente à
especificação dessa teoria, havia avanços em relação a áre-
as urbanashistóricas. A Alemanha tinha sido severamente
atingida durante a guerra e existia uma enorme tarefa de
reconstrução pela frente. Isso não foi feito sem sacrifícios,
mas com tentativas de salvaguardar o que fosse possível.
No caso de Hildesheim, o centro destruído da cidade foi
reconstruído emformas modernasnos anos 50, mas é inte-
ressante notar que isso não foi considerado satisfatório, e
cerca de 30 anos depois a praça central foi reconstruída da
forma que ela tinha antes dadestruição. Na Alemanha Ori-
ental, houve motivações políticas atépara demolir algumas
áreas queficaram de pé (por exemplo, em Berlime Leipzig).
Em muitos casos (por exemplo, Weimar, Rostock,
Naumburg, Erfurt),foram feitos esforçosespeciais pelo go-
verno pararestaurare reconstruircentros de cidade históri-
cos, mesmo sendo a política oficial emfavor de tecnologias
modernas e produção industrial.
Áreas de Conservação Britânicas: Na Grã-Bretanha, exis-
tiam novas legislações, adotadas para a conservação de
áreas e edificações históricas. Basicamente, a proteção era
baseada no sistema de listas (em classes diferentes) de 1.
edificações históricas. As novas leis lançaram a idéia de
2_ir~l9r de_~u_p_o' en~~ificaçõ~ hi~tóric_~ que eram talvez í"
menos importantes arquiteturalmente, mas que contribu- ~.
iam para a coerência de áreas históricas. Como resultado, .j
foi proposto que taü; áreas deveriam ser protegidas como :i...
'áreas de conservação'. O tamanho das áreas de conser- :,
vação podia variar bastante. Em alguns casos, podia ser ·:
uma simples rua, em outros, como no caso da cidade de '-.
Bath, podia estender-se por toda a paisagem dos arredo- ,
res. O foco principalna proteção era, entretanto, a a12arên-
cia externa, não a estrutura ou os interiores. Ao mesmo
tempo, os administradores britânicos tambémderamaten-
ção ao planejamento e gerenciamento das necessidades
crescentes do trafego, que era uma preocupação impor-
tante mesmo nas cidades pequenas.
Legislação Francesa: Na França, as políticasoficiaistinham
favorecido fortemente prédiospúblicos importantes. A pro-
teção podia ser estendida aos arredores de tais monumen-
tos, até uma distância de 500 metros. Umanovidadeimpor-
tante na identificação de áreas históricas foi a legislação
proposta pelo Ministro da Cultura, André Malraux, a as-
sim chamada Lei Malraux, de 1962. No inicio, o propósito
era selecionar áreas pitorescas negligenciadas e restaurá-
las oureconstruí-las como áreas monumentais, enfatizando
suas qualidades estéticas e históricas particulares. Os re-
sultados foram problemáticos, especialmente do ponto de
vista sociocultural, uma vez que os habitantes iniciais tive-
ram de ser removidos para ser substituídos por famílias
mais abastadas, aptas a sustentar o custo da restauração.
Como tempo,entretanto,aspolíticasmudarameforambus-
cadas soluçõesmais simpáticas,cornonocasodeStrasbourg.
15
Gestão do Patrimônio Cultural Integrado
Planejamento Italiano:Na Itália, importantes cidadeshis-
tóricas foram danificadas durante a guerra, tais como Flo-
rença e Gênova, exigindo maiores esforços de reconstru-
ção. Esses danos, entretanto, também aumentaram a cons-
ciência da importância dessas áreas históricas. Como re-
sultado, iniciou-se um debate nos anos 1950, promoven-
do várias iniciativas. Foi dada atenção especial a peque-
nos vilarejos nas montanhas, tais como Assisi, onde toda
a cidade e suas paisagens circundantes foram protegidos
no plano diretor (1952) preparado por G. Astengo, que
deu a devida atenção ao importante significado espiritu-
al do local. No caso de Urbino, nos anos 1960,o plano
diretor elaborado porG.C. de Carla integrou harmoniosa-
mente o desenvolvimentomoderno com o tecido histórico
existente.Também foi dada proteção especial à paisagem
circundante. É importante lembrar a cidade histórica de
Siena, que sempre foi conservadora desde a Idade Média,
e onde o planejamento moderno sustentou continuamen-
te a conservação. Pode ter sido por sorte, e parcialmente
um resultado d.e políticas prévias, que a cidade também
ficou fora da rede de comunicação do pós-guerra na Itá-
lia, limitando as possibilidades de desenvolvimento, e
favorecendo a sua conservação.
Como resultado dos debates Italianos, o conceito de 'centro
histórico' (centro storico), inicialmente limitado aocentroreal
da cidade, foi concebido em referência a qualquer parte da
cidade tendo significado histórico. Gradualmente, todo o
ambienteconstruído foi 'historicizado'. Nos anos1970, hou-
vealgtms projetos-chave para a implantação desses concei-
tos na prática. No caso de Bolonha, o tecido urbano históri-
co foi concebido como parte do 'serviço social' oferecido
pela comunidade, considerando o valor adicional do signi-
ficado cultural. Umaequipe, lideradapor P.L. Cervellati, R.-1
Scannavini e C. de Angelis, desenvolveu os métodos apli-
cados ao tecido histórico, baseados em uma leitura eanálise <,
sistemáticas do tecidoemreferência à tipologiae morfologia
das habitações. Algumas grandes estruturas de conventos
foram vistas como "contêineres", e reabilitadas com o pro-
pósito de abrigar os serviços sociais, tais como locais de
reuniões, livrarias, jardins de infância. Bolonha foi incluída
na seleção de 'case histories', para o Ano da Herança
Arquitetural Européia de 1975. Essas metodologias foram
posteriormente desenvolvidas em Ferrara, sob a direção de
Carlo Cesari, e a mesma abordagem de planejamento foi
estendida a todo o país.
Conservação integrada: O conceito de"conservação inte-
grada', jáexperimentado na Itália, foi definido e divulga-
do, primeiro na Carta Européia da Herança Arquitetural (26
deSetembro de1975), e, depois,na Declaração de A:msterdã
(25 de Outubro de 1975), um resultado do Ano da Herança
Arquitetural Européia . A Carta declara que o patrimônio1
arquitetural consiste "não apenas de nossos monumentos J
mais importantes: ela inclui os grupos de edificações me- ~~
nos importantes em nossas cidades antigas e vilarejos ca- '•
racterísticos em seus estadosnaturais ou modificados pelo u
homem" (#1). Tal herança é considerada em perigo, e a con-
servação integrada afastaria esses perigos":
17. fukka fokile/Jto
A conseroaçãointegrada éalcançada pela aplicação de técnicas
de restauração sensíveis epela escolha correta dasfunções apro-
priadas.No curso da história, os corações das cidades ealgumas
vezes de vilarejosforam deixados ase deteriorar ese tornaram
áreas de habitações de baixo nível. Sua restauração precisa ser
feita com um espirita dejustiça social esem levarà expulsão dos
habitantes mais pobres. Por isso, a conservação deve ser uma
das primeiras considerações em todos os planejamentos urbanos
e regionais. Deve-se notar que aconseroação integrada nãoeli-
mina a introdução da arquitetura moderna em áreas contendo
edificações antigas, uma vez queocontextoexistente, proporções,
formas, tamanhoseescalas sejam completamente respeitadas ese-
jam usados materiais tradicionais (#7)
Desenvolvimento sustentável; Na segunda metade do
século vinte, a industrialização levou o assim chamado
Mundo Ocidental a atingir um certo nível de bem-estar
social. Os países em desenvolvimento, entretanto, conti-
nuaram a lutar com mais e mais problemas sérios, agra-
vados pelo rápido crescimento populacional, a falta geral
de infra-estruturas e equipamentos urbanos e os conflitos
provocados pelas desigualdades culturais, sociais e eco-
nômicas. Ao mesmo tempo, o consumo dos recursos natu-
rais chegou a níveis insuportáveis. A partir dos anos 1970,
a preocupação com o meio ambiente e a ecologia tornou-
se umtópico importante das conferências internacionais.
A primeira foi em Estocolmo sobre o ambiente humano
(1972), seguida pela Conferência do Rio deJaneiro (1992),
e o encontro sobre o Habitat em Istambul (1996). A Comis-
são Mundial das Nações Unidas para o Meio Ambiente e
Desenvolvimento, nos anos 1980, refletiu sobre as ques-
tões de economia e meio ambiente, particularmente em
relação aos países em desenvolvimento. No assim cha-
mado Relatório de Brundtland (1987), o'desenvolvimen-
to sustentável' foi formulado como:
"A capacidade da humanidade de assegurar que as suas neces-
sidades do presentesejam atendidas, sem comprometeracapaci-
dade dasfuturas gerações de atender às suas próprias necessida-
des. O desenvolvimento sustentável não é um estado fixo de
harmonia, mas ao invés, um processo de mudança no qual a
exploraçãodos recursos, adireção dos investimentos, norienta-
çãodo desenvolvimento tecnológico e institucional são consis-
tentes com as necessidades tanto dofuturo como do presente "
(UN,1987).
Esse conceito foi complementado, posteriormente, pela de-
finição de desenvolvimento culturalmente sustentável,
implicando um desenvolvimento baseado em idéias, va-
lores, padrões intelectuais, morais e estéticos, comparti-
lbados pela comunidade. Tal dcsenvolvirnento é guiado
pelos princípios da diversidade cultural e pela aceitação
da mudança sustentável ao longo do tempo. O conceito
de desenvolvimento humano sustentável, como está pro-
posto pela UNDP, toma-se importante, referindo-se ao a':!_-
mento das opções e da capacidade de um indivíduo esco-
'her Também significa que a sociedade deveria desenvol-
Er-~e <-'!11 uma direção menos competitiva e mais
~.i.sta Éclaro que esse desenvolvimento preci-
sa estar baseado no envolvimento de grandes setores da
população. lsso é particularmente necessário, uma vez
que o desenvolvimento político, a partir de 1980, favore-
ceu a privatização, obrigando assim as autoridades a de-
senvolverem novos instrumentos para o planejamento, vis-
to como um processo. Vale reconhecer que os métodos de
planejamento urbano convencional provavelmente per-
manecem válidos, embora sua aplicação se tenha reduzi-
do em função das mudanças administrativas do fim do
século 20. Será um desafio para o novo século fazer novos
esforços para implementar essas metodologias.
Noções especiais sobre a definição de patrimônio tlC ~_.,
A noção de autenticidade recebeu uma considerável
atenção internacional nos anos] 990, parcialmente de-
vido à exigência de um teste de autenticidade como con-
dição para a inscrição na Lista de Patrimônio Mundial.
Um dos resultados foi a reunião de especialistas em au-
tenticidade em Nara, em 1994. Essa atenção pode ser
compreendida como uma reação a alguns desdobrainen-
tos, incluindo a mudança de soluções de conservação e
· preservação do patrimônio, baseadas predominante-
mente em dados técnicos e científicos, para aquelas com
...uma abordagem.!_nais cu)!_uraJ. Por outro lado, surgiu a
necessidade de se reverem as políticas de preservação
em um contexto internacional mais vasto. A maioria dos
princípios e conceitos estabelecidos, relacionados com
a conservação do patrimônio herança cultural, foram
definidos principalmente em relação a tipos de
patrimônio relevantes nos países ocidentais. Com a ex-
pansão da globalização, e particularmente devido ao
sucesso das atividades da UNESCO, o afloramento de
culturas tradicionais e o reconhecimento de novos as-
pectos do patrimônio, as políticas de conservação pre-
cisaram de revisão e eventual redefinição. A pluralidade
de valores foi claramente reconhecida no Documento so-
bre Autenticidade de Nara (1994).
16
A etimologia da palavra'autêntico' refere-se ao grego
'autos', significando próprio, autônomo, não depen-
dente de outros. Como tal, autêntico pode ser referido
cm diferentes tipos de contexto: o aspecto criativo pode
ser expresso na qualidade de um h·abalho de arte, defi-
nido como uma obra-prima, e incluindo um forte ele-
mento inovador. O aspecto legal refere-se à verificação
do fato de um documento particular ser verdadeiro e
genuíno. O aspecto cultural refere-se ao contexto de
uma comunidade e à veracidade do significado de
ações especificas. A avaliação da autenticidade deve-
ria levar em conta os vários aspectos do objeto, tais
como: material, forma, mão-de-obra, contexto, uso e
função. Será essencial identificar o que é relevante ao
local em questão, e realizar um balanço critico, conclu-
indo-se com um julgamento geral. Um só parâmetro
não é suficiente. De forma geral, a autenticidade do
material é fundamental. No caso de uma povoação tra-
dicional viva, esse requerimento pode necessitar ser
visto de acordo com o significado do recurso.
18. 1
A verificação da condição de integridade é requerida
para a inscrição de umsítio natural naLista de Patrimônio
Mundial. Existe, entretanto, uma concordância em usar
também essa noção emrelação a patrimônio cultural, par-
ticularmente quando se lida com paisagens culturais ou
grandes áreas históricas. Etimologicamente, integridade
significa inteireza, a condição de não ter nenhuma parte
faltando. No sentido moral, refere-se a principio moral
perfeito, aocaráter de virtudenão corrompida. Integração
significa a combinaçãoharmoniosa dos diferentes elemen-
tos em umapersonalidade, e integral refere-se à formação
de umelemento intrínseco de um todo.
No caso de patrimônio cultural, tais como áreas urbanas
históricas ou paisagens culturais, dificilmente existe
questionamento de inteireza em um sentido estrito. Seria
difícil defini-la e poderia ser contrária aos princípios de
conservação (preservação). Entretanto, a integridade pode
referir-se à condição histórica do objeto; mesmo uma ruí-
na pode ter sua integridade histórica. Os Padrões da Secre-
taria do Interior dos Estados Unidos referem-se a sete aspec-
tos da integridade em sítios históricos: localização, proje-
to, cenário, material, confecção, sentimento e associa-
ção. Em principio, esses aspectos são paralelos àqueles
citados na noção de autenticidade. A Carta de Veneza
(1964) refere-se à necessidade de preservar um cenário
(art.6). Ela tambémrecomenda que "não é permitido mo-
ver o todo ou parte de um monumento, exceto quando
justificadopor interesse naciona1ou internacional da mais
alta importância" (art.7). Finalmente, a Carta recomenda
que "itens de esculturas, pinturas ou decoração, que for-
mamparte integral do monumento, só podemser removi-
dos dele se esse for o único modo de assegurar a sua pre-
servação" (art.8). Em relação a áreas históricas, a noção
deintegridade refere-se à relação das partes que formam o
todo histórico, estrutural e funcional:
Toda área histórica eseus arredores devem ser considerados em
sua totalidade, como um todo coerente, cujo equilíbrioenature-
za espec{fica dependem dafusão das partesqueocompõem eque
incluem as atividades humanas, assim como as edificações, a
organizaçãoespacial eos arredores. Todos os elementos vf:zlidos,
incluindo as atividades humanas, mesmomodestas, têrn um sig-
nificado em relação ao todo que não deve ser desconsiderado"
(UNESC0,1976,#3).
A condição de integridade, portanto, é uma questão de
_gestão..!.e deve ser levada em consider~o se aefinir o
significado de um local e as estratégias para sua proteção
e conservação. Com o gradual alargamento da consciên-
cia a respeito de patrimônio, mais e mais países têmparti-
cipado dos debates sobre políticas e estratégias. Paralela-
mente à noção de autenticidade, tem sido dada atenção
especial ao fato de que o patrimônio não é somente uma
matéria física. O Japão foi o primeiro país a reconhecer a
necessidade de garantir a continuidade das varias habili-
dades e conhecimentos relacionados com a cultura e a
sociedade, mantidos por grupos ou indivíduos, o assim
chamado patrimônio intangível. Esses aspectos podem
Gestão do Patrimônio Cultural Integrado
ser observados em habilidades, conhecimentos, perícias,
váriostipos de desempenhos tradicionais e tradições orais,
assim como na própria língua, que transporta os signifi-
cados. Além disso, o aspecto intangível pode ser visto na
dimensão espiritual dos sítios culturais, tais como os ta-
bus, lendas e mitos associados a montanhas sagradas e
locais de cultos. Tais aspectos não são limitados à África
ou a comunidades tradicionais localizadas. Eles podem
ser encontrados em todas as partes do mundo e estão pre-
sentes em qualquer produto da criatividade humana, em
um trabalho de arte assim como em uma cidade ou vila
histórica.É nesse sentido que podemos entender as pala-
vras deJohn Ruskin, quando escreveu sobre o significado
da memória e da idade em um local:
11
De fato, a maior glória de uma edificação não está em suas
pedras, nem em seu ouro. Sua glória reside em sua Idade, e
naquele profando senso de expressividade, de vigilância auste-
ra, de simpatia misteriosa, de recusa, ou até mesmo de aprova-
ção ou condenação, que nós sentimos nas paredes que há muito
foram lavadas pelas ondas fugazes da humanidade. É em seu
testemunho duradouro contra oshomens, em seu calmo contras-
te com o caráter transitório de todas as coisas, na força que,
através do lapso das estações e dos tempos, do nascimento e
declínio das dinastias, das mudanças nn face do planeta e dos
limites do mar, mantém suaforma esculpida por um tempo in-
superável, une idades esquecidas com as vindouras, equase cons-
titui aidentidade, ao concentrarasimpatia das nações: énaque-
la mancha dourada de tempo que nós devemos procuraraverda-
deira luz, ecor, epreciosidade da arquitetura; esomente quando
uma edificação assume esse caráter, quando elafor incumbida
dessa fama, e abençoada pelos feitos dos homens, até que suas
paredes tenlumz sido testemunhasdo sofrimento,eseus pilaresse
ergam dasso111bras da morte, quesuaexistência, mais duradoura
do que a dos objetos naturais do mundo a seu redor, pode ser
premiada com até maisque essas posses, de linguagem edevida"
(Ruskin, 1848, Vl:x)
Colaboração internacional
O desenvolvimento da colaboração internacional para
a preservação de recursos patrimoniais culturais teve
inicio nos séculos dezoito e dezenove. Os primeiros
documentos com esse escopo incluem as primeiras ver-
sões da Convenção de Haia sobre a proteção de sítios
patrimoniais no caso de conflitos armados. O estabele-
cimento do Escritório Internacional de Museus, na dé-
cada de 1920, gerou ações posteriores, incluindo a Con-
ferência de Atenas de 1931. A declaração dessa confe-
rência, a assim chamada 'Carta de Atenas', foi um mar-
co, enfatizando questões relacionadas com o ·~mento
da consciência como uma condição fundamental para
~çã<:1 assimcomo a conservação, das diferentes'1
fases históricas de um local. A isso pode ser somada a ::i_-
Scgunda 'Carta de Atenas', que emergiu da Confcrên- S
eia da CIAM em Atenas, em 1933, focada principal- '!
mente na arquitetura moderna no planejamento de ci- ~
dades, embora fazendo algumas recomendações sobre -~'
a proteção de áreas históricas. ,..,. ,7 .:;
""" < <:._
lo -~ <:li
t~ ) -
t · -,.:. 3~.. '.
~'> -
17 _'} t- -~1
u
19. Jt*i7m!.o
O desem·olYimento real de uma colaboração internacio-
nal paraa proteção do patrimônio cultural aconteceu de-
pois daSegunda Guerra Mundial, com o estabelecimento
das ;ações Unidas e especialmente da UNESCO. Isso foi
seguido pelo restabelecimento do Escritório Internacio-
nal de Yluseus, como o Conselho Internacional de Mu-
seus (ICOM), uma organização não-governamental, e a
criação do Centro Internacional para o Estudo, Preserva-
ção eRestauração do Patrimônio Cultural (ICCROM) como
uma organização intergovernamental, lidando tanto com
o patrimônio móvel quanto com o construído. Seguiu-se o
Conselho Internacional de Monumentos e Sítios
(ICOMOS), uma outra organização não-governamental
que estabelece laços entre profissionais. Além disso, as
várias regiões do mundo criaram suas próprias organiza-
ções, mais especificamente orientadas para os problemas
dos seus países.
Muitas dessas organizações adotaram diferentes tipos de
documentos para encorajar e guiar a proteção e conserva-
ção do patrimônio. Assim são as convenções da UNESCO:
a Convenção de Haia (1954), já mencionada acima, a Con-
venção sobre us meios para proibir eprevenir ai111portação ilíci-
ta, exportação e transferência de posse do patri111ônio cultural
(1970) e a Convenção sobre aProteção do Patrimônio Cultural
e Natural Mundial, a assim chamada Convenção sobre o
Patrimônio Mundial (1972). Esta ultima nomeou um Co-
mitê intergovernamental, que gerencia a colaboração in-
ternacional para a proteção sítios de patrimônio cultural
e natural, inscritos na Lista de Patrimônio Mundial. As
convenções são oficialmente ratificadas pelos Estados que
se tornam Membros da Convenção e, assim, legalmente li-
gados pelas prescrições. Além disso, existem recomenda-
ções internacionais que não são obrigatórias, mas se consli-
tueinemreferênciasúteis, especialmentepara o desenvolvi-
mento de legislações e políticas nacionais. Varias organiza-
ções regionais podemterdocumentos similares, relevantes
para seus países, como os do Conselho da Europa.
Outro tipo de documento é a carta, um nome adotado para
uma série de recomendações e diretrizes do ICOMOS. Es-
sas incluem a Carta de Veneza (1964), preparada um ano
antes da fundação do ICOMOS, mas adotada por ele, pos-
teriormente, como sua doutrina fundamental. Essa carta
foi seguida por outras que abordam wngrande numero de
tópicos, tais como a conservação de sítios arqueológicos,
edificações, cidades e vilarejos históricos, assim como jar-
dins. Está também incluído o DocumentosobreaAutenticidn-
de de Nara, resultante deum encontro internacional deespe-
cialistas em Nara, em 1994. Existem várias Cartas nacio-
nais e internacionais, corno a Carta de Burra, na Austrália
(revisada em 1999), nCarta de Petrópolis, Brasil (1987) e ou-
tras recomendações de países da América Latina e do Nor-
te. As Direh'izes ePadrõesda Secretaria do Interior, EUA, torna-
ram-se uma referência mundial.Recentemente, paíseseuro-
peusproduziram, em colaboração com organizações inter-
nacionais, a chamada Carta da Cracóvia, de 2000.
A preparação de tais diretrizes, cartas e recomendações
:xxfeser ista corno um processo em andamento. Elas são
18
úteis ao fornecer recomendaçõesfirmes comrelação a ques-
tões especificas, mas também são importantes corno parte
do processo de aumento de consciência. Emmuitos casos,
é necessário estudar não só o documento que resulta de
tal processo, mas também as contribuições que foram pre-
paradas corno parte do processo. É óbvio que tais docu-
mentos são necessariamente o resultado de concessões,
mas eles refletem umnível de entendimentoque pennanece
corno um marco na evolução cultural. Uminstrumento es-
sencialpara a promoção e difusão dos conceitos expressos
nesses documentos é~treinamen!o e educ~ão tle todos os
envolvidos. O desenvol'virnento deprogramas detreinamen-
to, em colaboração com os Estados Membros, tem sido a
primeiraatividadedoICCROM, iniciada desdeosanos1%0.
O futuro da conservação urbana e territorial
As questões ressaltadas nessa aula são uma tentativa de
mostrar o desenvolvimento e a crescente tomada de cons-
ciência na definição e proteção dos recursos patrimoniais.
A principal atenção tem sido dada à abordagem surgida
no contexto europeu.Entretanto, tal desenvolvimento tem-
se estendido a outros continentes. No século dezenove,
issojá incluía a Índia, o Japão, o México, os EUA e o Norte
da Africa. Outrospaíses envolveram-se mais recentemen-
te, como por exemplo, a Austrália, o Canadá e a África
Subsaariana.Nas décadas passadas, houve um aumento
crescente da consciência de que a definição de patrimônio
cultural não pode ser limitada a simples monumentos e
obras de arte, mas que áreas históricas e paisagens cultu-
rais podem serigualmenteimportantes. Uma atençãocrcs-]
cente tem sido dada aos aspectos ecológicos e culturais e(
à saúde do meio ambiente comoum todo, assin1corno aos) ~,
aspectos sociais e culturais, promovendo o desenvolvi~!..,.
mento de políticas que sejam cultural e ambientalmente "
sustentáveis. Essa tomada de consciência tem sido acom- '.J
panhada por um desenvolvimento grad ual d ;-
metodologias para guiar políticas relevantes, estratégias ~
e programas de ação. Tais abordagens têm sido desenvol- :.;1
vidas ombro a ombro com a modernidade emergente, com "'
a racionalização da indústria da construção e com a defi-
nição de normas e objetivos do planejamento urbano. Es-
ses princípios têm sido salientados em várias conferênci-
as internacionais, declarações, recomendações e cartas.
Devido a grandes mudanças nas condições políticas, so-
ciais e econômicas em diferentes partes do mundo, a situ-
ação complicou-se mais ao se aproximar o fim do século
20. Essa complexidade, assim corno a privatização cres-
cente, trouxe a necessidade de compartilhar responsabili-
dades e envolver todos os segmentos da sociedade no de-
senvolvimento culturalmente sustentável. Nesse contex-
to, a conservação do patrimônio natural e cultural tem
sido reconhecida como um componente essencial do pro-
cesso de planejamento integrado.Entretanto, os múltiplos
campos de interesse e conseqüentes situações de conflito
não têm tornado essa tarefa mais fácil. A racionalidade
tipicamente "ocidental" é desafiada pela aparente
irracionalidade de urna variedade de culturas e
posicionamentos tradicionais, algumas vezes gerando li-
20. 1
Conceptos e ideas sobre conservación
Jukka Jokilehto
Resumen
El documento traza laevoluciónde los conceptos relacionados conla definición, protección,
restauración y conservación del patrirnonio cultural del siglo diecinueve para el siglo
veinte. Eso incluye una nota sobre los diferentes tipos de patrimonio, de ruínas y de
edificaciones históricas, ciudades históricas y paisajes culturales. Los principales abordajes
sobre la restauración y conservación fueron mencionados, así como los avances más
recientes en el campo de la planificación y dei desarrollo de áreas históricas. Fue dada
especial atención a las nociones de autenticidad e integridad, bien como la dimensión
inalcanzable del patrimonio. Aparte de eso, fue brevemente mencionada el desarrollo de
la colaboración internacional en la segunda mitad del sigla XX.
Conceptos
Proceso de concienciación. La sociedad moderna atravesó
un proceso de transformación resultando en juicios de
valores diferentes cuando comparados con la sociedad
tradicional. La edad de la razón, en el siglo 18, se reflejó
en la definición de la verdad con relación a la historia
humana, conc!uyendo que la historia esta hecha por los
hombrcs y que su verdadero significado sólo puede ser
comprendido cuando especificado en cada contexto cul-
lural relevante; los valores son productos de proccsos
culturales y relativos a las culturas envueltas. Eso llevó
al reconocimiento de la pluralidad de valores y diversidad
cultural en la sociedad.
La sociedad moderna aprendió a percibir el ambiente en
referenciaalconccptomoderno dehistoricidad, reconocido
como un valor. Nosotros tendemos a "historiar" todo lo
que nosrodea. Considerando las actividades humanas una
representación dei universo de la humanidad, cada
expresión gertUina de una cultural individual puede ser
asociado con valor universal con parte del todo. La
convenciónsobre Hcrencia Mundial de la UNFSCO (1972)
serefiere a lanoción de "Valor universalde destaque"como
una exigencia para la inscripcióncnla Lista dei Patrimonio
de las Humanidad. Las localidades que se cualifican son
entendidas como las más representativas, exprcsiones au-
tenticas de tipos particulares de patrimonio en cada cultu-
ra, o culturas.
Valores culturales incluyen: Valores de identidad (edad,
tradición, espiritual, simbólico) en referencia a la tradición
e identidad; valores relativos artísticos o técnicos basados
en la investigación, conrelacióna otros trabajos dei mismo
autor o en la misma cultura o culturas similares; valor de
rareza indica la importancia relativa de unrecurso visto en
su contexto.
Valores socio-económicos incluyen: valor económico en
relación al patrimonio visto como un recurso, una
20
consideración esencial relacionada con la valoración del
costebeneficio; Valores funcionalcs y de uso. Incluyendo
turismo y valor político.
Definición de patrimonio: e1 aspecto fundamental en la
conservación de cualquier recurso del patrimonio cultural
(sea un trabajo artístico, una edificación o un áreahistórica)
está en su definición y el reconocimicnto singular si sus
aspectos tangibles e inalcanzables siempre que este sea
propuesto para la restauración. Ese reconocimiento en si
propio ya es parte de la restauración y base para un juicio
criticoreferente al tratarnientorequerido.
Restauración ha sido definida como el momento
metodológico de reconocimiento del trabajo (recurso
patrimonial) en su consistencia física y su significado (es-
tético e histórico), cn vista de su trasmisión para el futuro.
El foco de restauración es el objeto material, y el objetivo
restableccr la potencial unidad del elemento, tanto como
sea posible, sin que se cometa unfraude histórico o artís-
tico, y sin eliminartrazos de su paso porel tiempo (Brandi
1963). La restauración generalmente requiere
conocimientos y habilidades de especialistas.
Conservación puede ser tomado como el termino general
para la salvaguarda y protección dei patrimonio histórico,
y como la acción de prevención de su decadencia. Esta en-
globa todos los actos para prolongar la vida de nuestro
patrimonio cultural y natural, siendo su objetivo presentar
a todos los que usan y contemplan maravillados las
edificaciones históricas, los mensajes artísticos y humanos
que esas edificaciones poseen (Feiden, 1982:3).
Conservaciónes en general tomado como un termino gene-
ral relacionado con la protección del patrimonio cultural y
natural, incluyendo áreas históricas y paisajes culturales,
cuyos balance y naturaleza específicos. Dependen de la
fusión de la partes de que fueron compuestos, incluyendo
actividades humanas, edificaciones y organizaciónespaci-
al y alrededores (UNESCO1976, #3)
t
21. 1
La Conservación integrada es alcanzada por la aplicación
de técnicas de restauración sensibles y por la elección
correcta de las funciones apropiadas en el contexto de
áreas históricas, tomando en cuenta la pluralidad deva-
lores, tanto económicos como culturales, y visando juicios
equilibrados.
Desarrollo sostenible ha sido definido com.o: la capacidad
de la humanidad de asegurar que se suplan las
necesidades del presente sin comprometer la capacidad
de las futuras generaciones de suplir sus propias
necesidades (UN, 1978).
Desarrollo culturalmente sostenible implica desarrollo
basado en valores e ideas compartidas y en los padrones
intelectuales, morales y estéticos de la comunidad.
De la restauración de monumentos a la conservación in-
tegrada
Background: los conceptos modernos relacionados con
la conservación del patrimonio cultural y natural están
fundamentalmente relacionados con el desarrollo de la
modernidad. Ese desarrollo comienza en el siglo XVIII,
aunque basado en raíces más antiguas.
La propia modernidad está marcada por varias cambias
en la sociedad, yendo de las innovaciones técnicas y cien-
tíficas a aspectos sociales y económicos pasando por
reflexiones filosóficas y culturales. El concepto de
patrimonio cultural está basado en el nuevo concepto de
historia. Fue propuesto que el significado real y verdadero
de objetos y estructuras que formaron tales patrimonios
solamente podría ser entendido cuando visto en el con-
texto cultural especifico al cual pertenecían. Tales
conceptos fueron formulados especialmentea través dela
contribución de Giovanni Batista Vico (1668-1774), en
ltalia, y Johann Gottfried Herder (1744-1803), en
Alemania. Esa abertura lleva al pluralismo y al
reconocimiento de la diversidad cultural, asociada a los
valores no necesariamente mensurables. La evoluciónfue
particularmente marcada en la época del romanticismo, a
finales de siglo XVIII hasta la primera mitad del XIX. La
tarea de un artista cambio de la búsqueda de la "belleza
ideal", vista en términos absolutos como era en el
clasicismo, al reconocimiento de la unicidad de cada
contribución autentica e innovadora en el romanticismo.
Enla sociedad tradicional, un objeto era reconocido prin-
cipalmente en relación con su función; en la modernidad
emergente, por lo contrario, los objetos heredados del
pasado eran asociados con un valor histórico y una
personalidad cultural y artística específicos.
Monumentos de antigüedad: En la segunda mitad del
sigla dieciocho, el campo de acción de la reparnción de
monumentos delaantigüedad en Roma comenzó areflejar
conceptos modernos de restauración. Para eso contribuyo
Johann Joachim Winckelmann (1717-68), un profesor
Alemán apuntado como responsable por monumentos
antiguos en Roma y que reconoció la calidad artística es-
21
Gestión del Patrimonio Cultural Integrado
pecifica de un trabajo de arte (especialmente de la
antigüedad clásica) entendido apenas a través de un
estudio meticuloso.
Como resultado él fue llamado el padre de la arqueología
moderna. Como consecuencia de la revolución francesa,
cuando ideas nacionalistas eran integradas con
desarrollo, el famoso artista neoclásico, Antonio Canova
(1757-1822), inspector de Bellas Artes en Roma, supervi-
so algunas de las primeras restauraciones del Forum Ro-
mano, colocando en practica las ideas de Wincklemann.
Las restauraciones del Coliseo y del Arco de Tito son
ejemplos clásicos, proyectos por RaféaleStern (1774-1820)
y Guiseppe Valadier (1762-1838). Stern objetivo princi-
palmente la estructura histórica usando simples
contrafuertes como refuerzo. Valadier fue más lejos, vi-
sando el restablecímíento de la forma. arquitectural del
monumento. Míentras distinguía el modo antiguo del
nuevo. Por ejemplo en la restauración del Antiguo Arco
de triunfo de Tito, en el Forum Romano (1818-1822), son
construidas nuevas partes en travertino con detalles sim-
plificados, de manera a mostrar claramente la estructura
original en mármol. Esas ideas fueron llevadas a otros
países, como por ejemplo Francia y Grecia, y se volvieron
referencias padrones expresos en la Carta de Venecía
(1964). Enla Acrópolis de Atenas, la restauración del tem-
plo de Atenía Nike, en la década de 1830-1840, fue un
ejemplo inicial de esa política de restauración, recomen-
dada por técnicosalemanes, dinamarqueses y griegos (Leo
von Klenze. Schaubert, Kiriakos Pittakis) Durante el rei-
nado griego establecido sobre elreinado de Otto I.
Construcciones medievales: Mientras en Italia fue dada
mayor atención a los monumentos de la antigüedad. Los
países del norte de Europa, tales como Inglaterra,
Alemania y Francia. Comenzaron a procurar
"Antigüedades locales" identificadas en estructuras
medievales que reflejaban sus propias historias e identi-
dades nacionales. Rápidamente, ese movimiento genera
el renacimiento de estilos antiguos, tales como el
renacimiento clásico o el renacimiento gótico, ambos ex-
tremamente elegantes a pesar de basados en principias
diferentes. En Inglaterra, ya a finales dei sigla XVIII,
ocurrieron criticas y debates calurosos sobre
restauraciones de moda que frecuentemente resultaban
en catedrales e iglesias completamente renovadas.
Arquitectos entrenados en tradiciones clásicas tendían
a favorecer proyectos axiales y perspectivas abiertas, al-
terando así el proyecto original y eliminando caracterís-
ticas históricas. El más activo de esos críticos fue John
Carter (1747-1817), que estaba envuelto en el estudio y
registro de catedrales históricas para la sociedad de
vnticuarios. Otros rnicmbros de esa sociedad se volvíeron
activos en la promoción de abordajes más conservado-
res pa1a el h·atamiento de edificaciones históricas. Más
tarde la restauración se volvió n-1.ás radical, y el princi-
pal arquitecto fue George Gilbert Scott (1811-78), cuyo
taller fue responsable por decenas de restauraciones de
edíficaciones históricas, especialmente iglesias y
catedrales, a mediados del siglo diecinueve.
22. !J Romanticismo Alemán se torno particularmente im-
portanteen la promoción de los intereses nacionales en la
conseITación de estructuras medievales, Después de la
liberación de Renaniade la ocupaciónfrancesa, el gobierno
de Prusia pidió a Karl Friedrich (1781-1841) para asumir
una misión (1815) con el objetivo de investigar
edificaciones históricas en ese área y de recomendar me-
didas para su proteccióny restauración, eso se volvió un
punto de referencia importante en el desarrollo de lapolí-
tica germánica (Denkmalpflege). Fue dada especial
atención ai valor patriótico de tales edificaciones, y los
trabajos cranfrccuentemente limitados a tratamientos con-
servadores en sus características, dependiendo también
de las restricciones económicas de ese periodo. Las
mayores restauraciones incluyeron el castillo de
Marienburg (1816-), la catedral de Magdeburg (1826-35),
y la restauración y continuación de la construcción de la
catedral de Colonia (1823-80), todos concebidos como
monumentos nacionales de la nación germánica.
Restauración estilística: Francia sufrió las consecuencias
de la Revolución Francesa, y los administradores locales
eran ignorantes sobre protección, a pesar de haber existi-
do varios intentos para proteger edifícios históricos ya
durante la rcvolución, promovidas más tarde porescrito-
res tales como Víctor Hugo. Ocurrió un cambio en 1830,
cuando Ludovic Vitet(1802-73) fue nombrado primer
inspector jefe de monumentos, sucedido por prospero
Merimée (1803-1870) en 1834. En 1837, una comisión
gubernamental fue apuntada para supervisar las
actividades de restauración. EI proyecto estaba en las
manos de los arquitectos, el más conocido siendo Eugene
E. Viollet-le-Duc (1814-79), encargado de la mcjora de la
mayoría de las mayores restauraciones desde aproxima-
damente 1840 hasta su muerte, incluyendo Ia iglesia de
La Madeleine cn Vezelay, Notre-Dame de Paris (conJean
Baptiste Lassus), a Cité de Carcasone, y el Castillo de
Pierrefonds. En esos trabajos, fueron desarrollados los
princípios de la "restauración estilística"como expreso
en las palabras del propio Viollet-le-Duc:
"El termino restauración y la propia cosa son ambos modernos.
Restaurar una edificación no es preservarla, repararia o
construiria; es recolocaria en una condición deentereza que puede
no haberexistido nuncaen un cierto tiempo" ('Restauración'
en: Viollet-le-Duc, Dictionnarie raisom1e de l,architecture
francaise, 1844-68)
EI objetivo de tal restauración era entones rcstablecer la
edificación histórica, de una forma que supóngase que
ella tuviese en el periodo más significativo de su historia.
Lidiando con arquitectura medieval, eso generalmente
significaba la remoción de adiciones posteriores, especi-
almente aquellas en estilo clásico, y la 'restauración'de
estructura cnsu forma ideal.
Ese abordaje se volvió un verdadero modismo que fue ex-
portado para otros países en Europa y después para todo
el mundo. Un impacto posterior puede ser visto en la
'restauración de período' del Colonial Williamburg, en
los Estados Unidos, en los anos 30. AI mismo tiempo, los
22
restauradores contribuyeron para el desarrollo de
metodologias que tuvieron w1a influencia duradera enla
practica.
Movimiento de conservación: Tales rcstauraciones
estilísticas, frecuentemente favoreciendo períodos histó-
ricos selectivos a despecho de los otros, provocaron, en-
tretanto fuertes criticas. La nueva conciencia histórica que
evoluciono dei siglo xvm!lama la atcnción para el signi-
ficado de la autenticidad dei material histórico de los
monumentos históricos Se comprende que el trabajo de
un artesano o de un artista era inevitablcmente caracteri-
zado por la cultura y porlas condicionessocio-económicas
de la época. Era, por lo tanto, imposible reducir el trabajo
ensu significado original en su contexto cultural diferen-
te, mismo que las formas fuesen fielmente copiadas. El
principal promotor de ese movimiento conservacionista
fue John Ruskin (1819-1900), que condeno la restauración
como 'la destrucción más total que una edificación puede
sufrir, una destrucción de la cual no se pueden recoger
vestígios: una destrucción acompafíada de una
descripción falsa de la cosa destruida' (Lamp of
memory'Ruskin1849). El resultado de sus criticas fue un
cambio gradual de las actitudes para un abordaje más
conservador y más respetuoso para con las varias fases
históricas de la construcción.
A partir de 1860, el debate lleva a un aumento de la
atención para con la conservación, acusando la palabra
'restauración' de indicar una acción negativa. Junto con
Ruskin, un luchador destacado del movimiento "anti-
restauración" estaba William Morris (1834-96), que fun-
do la Sociedad para la Protección de las Edificaciones
Antiguas (SPAB), en1877. La política da SPAB tenía foco
enla promoción de la manutención y dcl cuidado, publi-
cando manuales y directrices, incluso el manifiesto (1817)
escrito por Morris. El movimiento se volvió también
influyente fuera de los Estados Unidos, dando incentivo
para la fundación de sociedades similares en otros paí-
ses, tales como Francia, Alemania e ltalia. Hasta en la
India, la conservación de estructuras históricas fue
fuertemente influenciada por los princípios de la SPAB.
En Italia, el movimiento conservacionista encontró eco en
los ecos universitarios de Milan, difundido por Camilo
Boíto (1836-1914), cuya "carta del Restauro' (1883)
enfatizava la manutención de los materiales de todos los
periodos,
Asegurando que las nuevas intervenciones fuesen clara-
mente marcadas; por ejemplo, diferenciándolas o
datándolas. Unedifício histórico era visto de forma simi-
lara un manuscrito antiguo, donde eranecesario mantener
la lectura deltexto antiguo, y hacernuevas interpretaciones
distintas y reversibles caso hubiese necesidad de
revisarlas. El abordaje fue llamado de 'restauraçión
filológica'
Desarrollo urbano: Lasegundamitad dei siglo diecinueve
vio el desarrollo gradual de administraciones estatales
responsables por la protección y conservación de las
t
23. · t
1
estructuras históricas. En la fase inicial, la principal
atenciónfue dada a edificaciones sencillaso monumentos,
una tomada de conciencia del valor de las áreas históricas
sólo ocurrió mucho más tarde. Como resultado de los
cambies en estructuras sociales y económicas y del rápido
aumento de la población urbana, muchas ciudades
medievales fortificadas perdieron sus estructuras de
defensa debido a la expansión de los trabajos de
construcción, como fue el caso dei Ringstrasse de Viena.
Áreas urbanas históricas fueronsometidas a renovaciones
radicales, y distritos enteros pudieron ser reconstruidos
como fue relatado por John Ruskin en Francia y en Italia.
Así tambiénfue la renovación dei centro deParis, conforme
el proyecto de Hausmann en el entorno de 1850, que
prácticamentc no causo preocupación a los arquitectos res-
tauradares. Mientrastanto, había algún interés enciudades
históricas ya en el período del romanticismo, cuando los
escritores se quedaban divagando en los alrededores
pintorescos antiguos recordando épocas pasadas. Incluso
en algunos casos de restauraciones, ciudades enteras
podían ser consideradas monumentos, como en el caso de
la ciudad fortificada de Carcassone restaurada por Viollet-
le - Duc y por sus sucesores en la segunda mitad del siglo.
Valores patrimoniales: AI final dei siglo, las asociaciones
de historiadores enlospaíses delengua alemana discutían
los problemas de los centros urbanos. Y políticas de
conservaciónfueron gradualmente siendo desarrolladas
en muchos países. Para eso contribuyeron los estudios
(1889) de Camilo Sitte sobre la naturaleza de los centros
urbanos medievales. Una importante contribución para
lafonnulación de la teoria dela restauración vino de Aleois
Riegl (1857-1905), un historiador del arte austriaco, cuyo
Denkmalkutus (Cult of monuments) fue publicado en
1903. Riegl torno clara la distinción entre"monumentos"
(edificados para transmitir un mensaje) y /1
monumentos
históricos"(edificaciones que adquirieron valor histórico
a través del tiempo). Su análisis de los valores (valores
históricos y valores contemporáneos) fue unacontribución
importante para el pensamiento moderno.
Primeras cartas: En las primeras décadas del siglo 20. el
arquitecto italiano y planificador de ciudades Gustavo
Giovanni (1873-1947) dia atención especial a edificios
residenciales, la 'arquitectura menor' (ya notada por
Morris), como una parte esencias de la estructura de las
áreas históricas, junto con los principales 'monumentos
públicos'. El pensamiento y las ensefíanzas de Giovanni
fueron fundamentales para el desarrollo de las políticas
italianas de conservaciónen el contexto políticamente de-
licado del fascismo italiano. Él enfatizo el papel de la
investigación y del análisis científico en el intento de leer
y de interpretar los monumentos antiguos; Algunas
veces el abordaje y entonccs llamada de 'restauración
científica'.
Sus ideas fueron resumidas en la Carta dei Restauro de
1932, siguiendo la línea, y yendo más allá de la declaración
de la Conferencia Internacional de Atenas ('Athens
23
Gestión dei Patrimonio Cultural Integrado
Charter') en el otofio de 1931, para el cual también
contribuyo. En esos documentos, hubo un movimiento
definitivo para lejos de la restauración estilística, en
dirección a la política moderna de conservación.
Movimiento Moderno enla Arquitectura: Basadas en los
desarrollos iniciales del siglo diecinueve. Especialmente
en los Estados Unidos (Escuela de Chicago). Las
necesidades de la sociedad contemporánea comenzaron
a encontrar expresión en el proyecto de edifícios y
asentamientos urbanos. Hubo muchas líneas de
pensamientoen términos de planificación urbana; la idea
deiGraden City fue influenciada por los escritos deMorris
y Ruskin. El Movimiento Internacional en Arquitectura
Moderna se desarrollo principalmente en la década de
1920, después de la primera guerra mundial, quese volvió
un paradigma en términos de modernidad. En algunos
casos, hubo esquemas de reconstrucción en larga escala
en los centros de ciudades antiguas, corno en los casos de
Leuven en Bélgica, reconstruida después de la guerra.
CIAM: Mientras algunos arquitectos estaban todavía in-
clinados a procurar por incentivos en los estilos históri-
cos, el rnovimiento internacional tendió a alejarse del
pasado, visando las necesidades emergentes de la
sociedad contemporánea basada en una racionalidad cla-
ra. Una mayor atención fue dada a la reconstrucción de
habitaciones para un gran numero de familias; en el
comienzo, tales esquemas eran claramente experimentales
en su carácter, en el espíritu del Bauhaus. Fue significati-
vo el establecimiento de las conferencias lnternacionales
en Arquitectura Moderna (CIAM), en 1928. La conferen-
cia dei (CIAM) de1932en Atenas produjo una declaración
importante, la llamada Carta de Atenas, editada y comen-
tadapor Lc Corbusier (no confw1dir con el documento de
1931).A pesar de lidiarcon cl proyectomoderno la CTAM
hizo referencia a la protección de áreas históricas - caso
fuesen saludables lo suficiente para las personas.Deberían
ser proyectadas nuevas construcciones dentro del espíritu
contemporáneo, sin permitirse el pastiche; eso siendo
llevado algunas veces al extremo casi destructivo, no
demostrando cualquier simpatíacon el tejido histórico.
Reconstrucción posguerra:La Segunda Guerra Mundial
causa enorme destrucción en las Ciudades históricas, es-
pecialmenteenEuropa Central paro tambiénen otras par-
tes dei mundo, resultando en una gran campana de
reconstrucción en las décadas siguientes. La perdida sú-
bita de alrededores y vecindades familiares chocó a las
personas, y hubo una voluntad generalizada de recons-
truir los edifícios perdidos. Las soluciones variaron de la
reconstrucción de las edificaciones históricas en la for-
mas gue tenían antes de la guerra, como en Varsovia, al
uso de formas modernas de construcción como en los
alrededores de St. Paul en Londres.
En el caso de Florencia, hubo, una concesión que produjo
la reconstrucción de volúmenes y ritmos antiguos, pero
usando un lenguaje arquitectural moderno.
24. Flh~
Teoria de la restauración: La destrucción enfatizá la
necesidad de clarear las directrices para la restauración
de estructuras históricas damnificadas. El Instituto Ita-
liano de Restauración (Istituto Centra/e dei Restauro) fue
establecido en 1938 por Giulio Carlo Argan (1904-94);
Cesare Brandi (1906-88) fue nombrado primer director.
En Italia, el pensamiento filosófico fue muy influenciado
por Benedetto Croce (1866-1952), que fortaleció la
importancia de un abordaje critico filosófico para la
historia y la historiografía. En los aftas 30, hubo una
apertura en dirección al pensarniento alemán, como que-
da expresado en la filosofa por Edmund Husserl y Martín
Heidegger, así: como la teoría de la restauración de Alais
Riegl. Eso fue tomado como una ventajapor Argan e Bran-
di. Como director del Instituto de Restauración. Brandi
tenía que fornecer directrices para la restauración de
trabajos de arte y objetos históricos damnificados por la
guerra. De ahí desarrollo su teoría de la restauración
(1963), primero publicada bajo la forma de artículos
comenzando en 1950. Brandi consideraba relevante el
valor de uso para cosas que habíansido concebidas como
un instrumento o herramienta, y donde la principal
cuestión se relacionaba con el restablecimiento de sus
funciones. Enel caso de un objeto de arte, la llave para la
restauración era traer eso de la esfera artística para la
esfera critica.. Él veía la restauración fundamentalmente
como una metodología y como un momento crítico en el
reconocimiento del trabajo en su consistencia física y
sus polaridades estética e histórica. La teoría de Brandi
puede ser vista como una sfntesis del pensamiento res-
taurador moderno, y él fornece la metodología funda-
mental para la practica de la restauración en relación
tanto a los trabajos de arte como de arquitectura.
Preocupaciones de Europa central: Paralelamente a la
especificación de esa teoría había avances con relación a
áreas urbanas históricas. Alemania había sido severamen-
te afectada durante la guerra y existia una enorme tarea
de reconstrucción por delante. Eso no fue hecho sin
sacrifícios, pero fueron hechas intentonas de salvaguar-
darloque fuese posible. En el caso de Hildesheim, el cen-
tro destruído de la ciudad fue reconstruido en formas
modernas enlos anos cincuenta, pero es interesante notar
que eso nofue considerado satisfactorio y cerca de treinta
anos después la plaza central fue reconstruida de la for-
ma que tema antes de la destrucción. EnAlemania Orien-
tal, hubo motivacioncs políticas hasta para demoler
algunas áreas que quedaron en pie (porejemplo en Berlín
y en Leipzig). En muchos casos (por ejemplo, Weimar,
Rostock. Naumburg, Erfurt), fueron hechos esfuerzos
especiales por el gobierno para restaurar y reconstruir
centros de ciudad históricos a pesar de ser la política ofi-
cial a favor de tecnologías modernas y producción indus-
trial.
Áreas de conservación Británicas: Fn Gran Bretafía,
existían nuevas legislaciones adoptadas para la
conservación de áreas y edificaciones históricas.
Básicamente la protección era basada en el sistema de
listas (endases diferentes) de edificaciones históricas. Las
24
nuevas leyes lanzaron la idea dei 'Valor de grupo' en
edificacioncs históricas que eran tal vez menos importan-
tes arquitecturalmente, pero que contribuyeron para la
coherencia de áreas históricas. Como resultado fue
propuesto que tales áreas deberían ser protegidas como
'áreas de conservación'. El tama.õo de las áreas de
conservación podia variar bastante.
En algunos casos, podía ser una simple calle, en otros, en
el caso de la ciudad de Bath, podía entenderse por todo el
paisaje de los alrededores. El foco principalen laprotección
era, entre tanto, la apariencia externa, no la estructura o
los interiores. Al mismo tiempo, los administradores
Británicos también dieron atención a la plarúficación y
gerencia de las necesidades crecientes del trafico, que era
una preocupación importante incluso en las ciudades
pequei'as.
Legislación Francesa: En Francia, las políticas oficiales
habian favorecido fuertemente edificios públicos impor-
tantes. La protecciónpodía ser extendidaa los alrededores
de tales monumentos hasta una distancia de 500 metros.
Una novedad importante enla identificaciónde áreas his-
tóricas fue la legislación propuesta por el Ministerio de
Cultura, Andre Mahaux, la así llamada "Lcy Malraux',
de 1962. Inicialmente, el propósito era seleccionar áreas
pintorescas negligenciadas y restaurarias o reconstruirlas
como áreas monumentales, enfatizando sus cualidades
estéticas e históricas particulares. Los resultados fueron
problemáticos,especialmentedesdeel punto de vistasocio-
cultural, ma vez que los habitantes iniciales tuvieron que
ser removidos para ser sustituidos por familias con más
recursos y aptas para sustentar el coste de la restauración.
Con el tiempo,no cn tanto, las políticas cambiarony fueron
buscadas soluciones más simpáticas, como en el caso de
Strasbourg.
Planificación italiana: En Italia, importantes ciudades his-
tóricas fueron damnificadas durante la guerra, tales como
Florencia y Génova, exigiendo mayores esfuerzos de
reconstrucción. Esos danos, entre tanto, también
aumentaron la conciencia de la importancia de esas áreas
históricas. Como resultado, se inicio un debate en los afíos
50, promoviendo varias iniciativas. Fue dada especial
atencíón a pequenos pueblos en las montanas, tales como
Assis, enel cual todo el pueblo y sus paisajes circundantes
fueron protegidos en el plan director (1952) preparado
por G. Astengo, que dio la debida atención ai importante
significado espiritual dei local. En el caso de Urbino, en
los aftas 60, el plan director elaborado por G.C. de Carlo
Integro harmorúosamente el desarrollo moderno con el
tejido histórico existente. También fue dada especial
protección al paisaje circundante.
Es importante recordar la ciudad histórica de Siena, que
siempre fue conservadora desde la Edad Media, y donde
la planificación moderna sustento continuamente la
conservación. Puede habersido por suerte, y parcialmen-
te el resultado de políticas previas, que la ciudad también
se quedo por fuera.de la red de comunicación de la