1) O documento analisa o uso de diferentes classes de palavras no esboço "Estava balofa" de Fernando Pessoa, incluindo adjetivos, nomes e advérbios.
2) Discute como a palavra "porca" é usada como um adjetivo em uma frase e como um nome em outra frase, através de um processo chamado conversão.
3) Explica que não são apenas adjetivos e advérbios que podem ser flexionados em graus, mas também nomes, dando exemplos de nomes no diminutivo, grau normal e aument
Apresentação para décimo ano de 2017 8, aula 33-34
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 100-101
1.
2. 1.1. Na primeira estrofe, desenvolve-se a
oposição «sentimento» (v. 1) /
«pensamento» (v. 5), central na obra de
Pessoa ortónimo. O sujeito poético não
consegue apenas sentir, ainda que, por
vezes, assim lhe pareça. Contudo, ao
analisar-se («ao medir-me», v. 4),
compreende que, no momento em que é
«sentimental» (v. 3), as suas emoções já
foram intelectualizadas e transformadas
em «pensamento» (v. 5).
3. 2. Com a mudança de pessoa verbal, da
primeira do singular para a primeira do
plural, o eu lírico procede a uma
universalização das suas afirmações,
generalizando a «todos que vivemos» (v.
7), todos os seres humanos, o seu caso
particular.
4. 3. Segundo o sujeito poético, a «única
vida que temos» é «dividida» entre a
«vivida» e a «pensada», ou seja, é a que
integra as emoções e os pensamentos.
5. 4. Os últimos três versos do poema
apresentam um carácter conclusivo face
às afirmações anteriores e à indefinição
que as mesmas deixam no ar. Depois de
refletir sobre qual a «verdadeira» (v. 13)
vida de cada ser humano, que se debate
entre o sentimento e a razão, o sujeito
poético termina destacando a supremacia
do pensamento, pois, segundo ele (e
como explicitou na sua teoria do fingimento poético), «a vida que a gente tem/É
a que tem de pensar.» (vv. 17-18).
6.
7. 1.1 Os adjetivos sublinhados na
passagem «É vulgar referirmos em
conversa os universos múltiplos que
habitavam a cabeça de Fernando
Pessoa, um plano aparentemente infinito
[...]» (ll. 1-3) desempenham a função
sintática de
a) modificador do nome restritivo.
b) complemento direto.
c) predicativo do sujeito.
d) modificador do nome apositivo.
8. 1.2. No contexto em que ocorre, a palavra
«onde» (l. 3) pertence à classe dos
a) quantificadores.
b) advérbios.
c) pronomes relativos. [advérbios relativo]
d) verbos.
10. Outras palavras relativas
Advérbio relativo
onde
Determinantes relativos
cujo, cuja, cujos, cujas
Quantificadores relativos
quanto, quanta, quantos, quantas
11. 1.3. A utilização do advérbio «agora»
(1.4) constitui um mecanismo de coesão
a) frásica.
b) referencial.
c) lexical.
d) temporoaspetual.
12. 1.4. Com o uso do advérbio
«inegavelmente» (l. 4) o autor visa
a) asseverar a limitação da designação de
«poeta».
b) negar categoricamente a pluralidade da
obra de Pessoa.
c) intensificar o carácter polémico dos
textos do ortónimo.
d) minimizar a obra não literária de
Fernando Pessoa.
13. 1.5. A forma «melhor», usada na linha 9,
corresponde ao grau superlativo relativo
[comparativo]
a) de superioridade do adjetivo «bom».
b) de superioridade do advérbio «bem».
c) de inferioridade do advérbio «mal».
d) de inferioridade do adjetivo «mau».
14. Lentamente
Bem
Comparativo
Mais lentamente que
Melhor que | Mais bem que
Tão lentamente comoTão bem como
Menos lentamente que
Menos bem que
Superlativo absoluto analítico
Muito lentamente
Muito bem
Superlativo absoluto sintético
Lentissimamente
Otimamente
Superlativo relativo
O mais lentamente que
O melhor que
O menos lentamente que O menos bem que
15. 1.6. O recurso estilístico utilizado na
expressão «era uma antena magnética» (l.
10), caracterizadora de Fernando Pessoa,
é
a) a sinédoque.
b) a hipálage.
c) a metáfora.
d) o pleonasmo.
16. 1.7. Com o uso de «ele» (l. 15) para
retomar o referente «Pessoa» (l. 14), o
enunciador serve-se da
a) catáfora.
b) anáfora.
c) elipse.
d) correferência não anafórica.
17. antecedente/referente
na vida e na obra de Pessoa (que até no
apelido foi irónico, ele, que tantas parece
ter sido).
anáfora
18. 2.1. A função sintática desempenhada
pela expressão «a cabeça de Fernando
Pessoa» é a de complemento direto.
19. É vulgar referirmos em conversa os
universos múltiplos que habitavam a
cabeça de Fernando Pessoa.
que habitavam a cabeça de Fernando
Pessoa.
que a habitavam.
20. 2.2. A oração tal tal tal é uma oração
subordinada substantiva completiva.
21. Quanto mais lemos o que escreveu,
melhor compreendemos que era tudo
menos isso
subordinada substantiva completiva
conjunção subordinativa completiva
22. 2.3. O antecedente do pronome relativo
em causa é «várias gerações de
investigadores — os pessoanos — e de
leitores» (ll. 17-18).
23. A curiosidade gerada por uma obra tão
diversificada (e que parece ainda ter
várias outras surpresas por revelar),
alimenta várias gerações de
investigadores — os pessoanos — e de
leitores,
que a cada leva de novos títulos, fixações,
reedições e interpretações questionam
oração subordinada adjetiva relativa restritiva
quem foi… Pessoa.
oração subordinada substantiva relativa
24.
25. No sketch «Estava balofa» (série Fonseca),
surge com muita frequência uma dada CLASSE
DE PALAVRAS (sobretudo no fim das frases que
a senhora mais velha profere: «balofa»,
«nojenta», «gorda», «magra», «forte», «inchada»,
«luzidia», «pesadona», «banhosa», «grande»).
Qual é essa classe? A dos adjetivos. Podem as
palavras acima ficar antes e depois dos nomes?
Sim São graduáveis (isto é, flexionáveis em
grau)? Sim. Assim sendo, dentro da classe de
palavras em que já as integrámos, pô-la-íamos no
subgrupo dos adjetivos qualificativos.
26. Algumas das palavras do sketch
apareciam graduadas. Faz corresponder
um dos graus 1-8 às abonações a-d.
a) 4; b) 4; c) 1; d) 3.
27. Repara em «Parecia porca» / «Parecia uma
porca».
Indica a classe das duas palavras «porca».
Na primeira frase «porca» é adjetivo. Na segunda,
nome. Repara que se trata de palavras diferentes
(embora iguais na aparência). Em termos do
PROCESSO DE FORMAÇÃO, o que aconteceu foi
o seguinte. Tínhamos «porca», pertencente a uma
dada classe, a dos nomes. Essa palavra levou ao
aparecimento de «porca» agora como palavra de
outra classe, a dos adjetivos. Este processo de
formação designa-se conversão (ou derivação
imprópria).
28. Vejamos ainda outra CLASSE. Indica a
classe das palavras em itálico:
Sentiu-se mal, com certeza. / mal — advérbio
Sinto-me bem. / bem — advérbio
Em «Sinto-me melhor [do que como
estava antes]», melhor é um advérbio no grau
comparativo de superioridade. Se «melhor»
estivesse no grau normal, a frase ficava assim:
«Sinto-me bem».
29. Atentemos em: a) uma dietazinha; b) as
dietas; c) uma dietazona. Indica a CLASSE das
palavras em itálico: classe dos nomes. Não são
apenas os adjectivos ou os advérbios que se
podem flexionar em grau. Indica os graus em
que estão as três palavras:
a) diminutivo; b) normal; c) aumentativo.
30. Em termos de FORMAÇÃO, a) e c)
são derivadas por sufixação, tendo aliás
em comum a mesma forma de base,
correspondente ao singular de b).
Olhando o que se diz sobre os
valores de sufixos aumentativos e
diminutivos na p. 352 do teu manual, que
valores atribuirias aos sufixos em a) e
em c):
a) pequenez, b) grandeza.
31. Já mais no plano da SINTAXE, podemos
notar que nas falas da senhora velha
predominam expressões predicativas que
atribuem propriedades ao sujeito: «[A Dona
Sandra] está mais magra»; «[A Dona Sandra]
estava balofa», «Eu estava fortezinha»; «Agora,
[você] está bem»; «[Você] parecia uma porca»;
«A pele parecia gosma», «[A pele] era como
sebo». Estas expressões predicativas que pus
em itálico incluem todas um verbo copulativo
(«estar», «ser», «parecer»), seguindo-se um
segmento que desempenha a função sintática
de predicativo do sujeito.
32. Há, ainda assim, casos em que o
predicador é um verbo transitivo: «A Dona
Sandra fez uma dieta». Quanto a funções
sintáticas, diremos que «uma dieta» é o
complemento direto, sendo o segmento «fez
uma dieta» o predicado.
33. E é possível encontrar pelo menos um
caso de verbo transitivo-predicativo (ou seja,
de verbo que selecciona complemento direto e
predicativo do complemento direto). Com
efeito, em «Agora, [eu] sinto-me melhor», «me»
é o complemento direto e «melhor» é o
predicativo do complemento direto.