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História da Música no
        Brasil
O Período Colonial
Música indígena
 Relatos de portugueses e estrangeiros
     Carta a El Rey Dom Manuel
     Jean de Lery
     Padres Jesuítas
Carta de Pero Vaz de Caminha
E olhando-nos, assentaram-se. E,
    depois de acabada a missa,
    assentados nós à pregação,
    levantaram-se muitos deles,
    tangeram corno ou buzina e
começaram a saltar e a dançar um
             pedaço.
Jean de Lery
Essas cerimônias duraram cerca de 2 horas e durante
esse tempo os quinhentos ou seiscentos selvagens não
     cessaram de dançar e cantar de um modo tão
harmonioso que ninguém diria não conhecerem música.
Se, como disse, no início dessa algazarra, me assustei,
   já agora me mantinha absorto em coro ouvindo os
acordes dessa imensa multidão e sobretudo a cadência
e o estribilho repetido a cada copla: He, he ayre, heyrá,
    heyraire, heyra, heyre, uêh. E ainda hoje quando
recordo essa cena sinto palpitar o coração e parece-me
                      a estar ouvindo.
Padre Manuel da Nóbrega
Ora um, ora outro lugar da cidade e à noite
     ainda faz cantar os meninos certas
   orações que lhe ensinou em sua língua
     deles, em lugar de certas canções
  lascivas e diabólicas que antes usavam.
José Ramos Tinhorão
  A impressão definida como diabólica das canções
indígenas derivava, naturalmente, da forma pela qual os
  padres as ouviam, sempre ligadas as danças rituais,
    entre batidas de pés no chão, volteios de corpo e
    pequenos estribilhos em uníssono [...] os jesuítas,
 assustados com o caráter selvagem do instrumental da
  música indígena – trombetas com crânio de gente na
  extremidade, flautas de ossos, chocalhos de cabeças
humanas, etc. – trataram de iniciar os catecúmenos nos
segredos do órgão, do cravo e do fagote, que melhor se
   adaptavam a música sacra [...] reduzindo-se o som
 original da música da terra a marcação de um ou outro
                instrumento de percussão.
Introdução da música européia

Catequese dos Jesuítas
Didática
   Cantochão
   Instrumentos musicais
         Teclas
         Sopros
         Cordas
         Percussões indígenas
Discussão

Qual a importância da letra e da música?
Quais seriam as consequências da música
indígena com a letra européia?
Ouve miscigenação?
Curt Lange
Nem se deve atribuir, visando a apologética
    da Ordem, uma atividade musical aos
      Jesuítas no Brasil que houvesse
  transcendido o princípio da catequese e
 do serviço normal, dentro da liturgia, para
  se elevar a regiões artísticas superiores,
  como o seriam, neste caso, a polifonia a
  capela ou a homofonia a vozes mistas e
                  orquestra.
Luciano Gallet
Ao fim de pouco tempo, a música primitiva
 tinha desaparecido entre os índios recém
  civilizados, substituída pela outra [...] os
  próprios missionários confessam que se
  admiravam da facilidade prodigiosa com
 que os indígenas aprenderam os cânticos
        da igreja que lhes ensinavam...
Luciano Gallet
  Em todas estas 3 aldeias há escola de ler e
escrever. Aonde os padres ensinam os meninos
índios; e alguns mais hábeis também ensinaram
 a contar, a cantar e tanger, tudo tomam bem, e
há já muitos que tangem flautas, violas, cravo, e
  oficiam missas em canto de órgão, coisas que
 os padres estimam muito [...] por este tempo, já
  devia estar agonizando a primitiva música dos
             índios recém civilizados.
Outras ordens religiosas
Franciscanos
Beneditinos
Carmelitas
Oratorianos
Mercedários etc.
Carta de Padre Jesuíta
Parece-me, segundo êles são amigos da música
    que nós, tocando e cantando entre eles os
  ganharíamos. Pouca diferença há do que eles
    fazem ao que nós fazemos e faríamos, se
   Vossa Realeza nos fizesse prover de alguns
     instrumentos para que aqui os toquemos
  (enviando alguns meninos que saibam tocar)
  como são frautas, gaitas e uns ferrinhos com
 umas argolinhas dentro, as quais tocam dando
  com um ferro no outro, e um par de pandeiros
                 com soalhas...
... Se viesse cá um tamborileiro e gaiteiro,
  parece-me que não haveria principal que
    não desse os seus filhos para que lhos
  ensinassem. E junto com isto [...] ir longe
 pela terra adentro, iriam seguros com isto,
   porque os negros a seus contrários (aos
     quais querem muito mal, tanto que se
  comem uns aos outros) os deixam entrar
     em suas terras e casas se lhes levam
             música e canto. [sic]
Autos

Definição
Prática/difusão
Consequências
Auto Pastoril (descrição de Fernão
           de Cardim)
 Outros saíram com uma dança de escudos à
      portuguesa, fazendo muitos trocados e
dançando ao som da viola, pandeiro e tamboril e
  frauta, e juntamente representavam um breve
diálogo, cantando algumas cantigas pastoris [...]
debaixo da ramada se representou pelos índios
     um diálogo pastoril, em língua brasileira,
 portuguesa e castelhana [...] houve boa música
 de vozes, frautas, danças, e dali em procissão
               fomos até a igreja [sic]
A vinda de Tomé de Souza
Fundação de instituições musicais
  Os mestres de capela
         Francisco de Vaccas
Outras regiões
    Pernambuco
    São Vicente
    Espírito Santo
    Rio de Janeiro
    São Paulo
Régis Duprat
Aos 4 de dezembro de 1551 foram criados
 na Sé de Salvador, por carta d’El Rey, os
   cargos de Chantre e 2 moços do coro;
 estes últimos são indicados e nomeados
 pelo Bispo de Salvador já em 1552, a 17
   de agosto. O Chantrado é preenchido
  somente no ano seguinte, pelo Capelão
  da Sé, Clérigo de Ordens de Evangelho
           Francisco de Vaccas.
Missas na Bahia (cartas)
Houve nestas vésperas 3 coros diversos:
 um de canto de órgão, outro de um cravo
 e outro de flautas de modo que, acabando
 um começava o outro, e todos, certo, com
    muita ordem quando vinha a sua vez.
      ************************************
[a missa foi ] oficiada com boa capela dos
  índios, com frautas, e de alguns cantores
    da Sé, com órgão, cravo e descantes
Atividade: identificar as
características musicais indígenas
       e as não indígenas


Wakti: faixa 1
Marlui Miranda: faixas 1, 4, 6, 8, 9, 15
Leitura
Bruno Kiefer. História da música brasileira
O negro escravo e a música

Contribuição indireta
    Sustentáculo econômico
Funções musicais eruditas e semi-
eruditas
    Caráter europeu
Bahia e Pernambuco
    Maiores produtores de açúcar
    5.000 negros por ano
A produção musical erudita e semi-
            erudita
 Executantes de música européia
    Bandas de música
    Orquestras particulares
    Charamelleyros
    Conjuntos sacros
Descrição de Pyrard de Laval
  Visitando a Bahia, em 1610, o francês
    Pyrard de Laval cita um potentado de
  então, cujo nome não menciona, mas diz
 ter sido capitão-general de Angola, o qual
    “possuía uma banda de música de 30
     figuras, todas negros escravos, cujo
regente era um francês provençal. E como
devesse ser melômano, queria que a todo
      instante tocasse a sua orquestra, a
   acompanhar, ainda, uma massa coral”.
Jaime Diniz
“Os conjuntos instrumentais dos charamelleyros é
  que nunca devem ter faltado às festividades da
     Senhora do Rosário, como também, muito
    provavelmente, deviam abrilhantar o dia da
      coroação dos reis e rainhas, angolas ou
        crioulos. As charamelas constituíam
    especialidade dos negros, escravos ou não.
  Trata-se seguramente de uma herança direta da
    cultura portuguesa, implantada no nordeste
   brasileiro já desde remotas eras, inclusive no
                   meio indígena...”
Bruno Kiefer
O termo “choromelleyro” (ou “charamelleyro”)
  abrangia não só os tocadores da charamela
     (instrumento de palheta dupla, de som
   estridente, do qual descendem o oboé e o
fagote), mas também de outros instrumentos de
    sopro. A notícia mais antiga relativa aos
  “choromelleyros” no Recife é encontrada na
documentação da Irmandade de N. Senhora do
Rosário dos Pretos e data de 1709 [...] Entre os
  instrumentos tocados pelos negros figurava
               também a marimba.
Charamela
Antigo instrumento de sopro, precursor da
   atual clarineta, de timbre estridente e
  áspero, da família da flauta, dotado de
    palheta simples que o ar fazia vibrar
  depois de percorrer um tubo cilíndrico,
      posto acima do corpo sonoro do
                instrumento.
                 (Aurélio)
Curt Lange
Era coisa normal, coisa de bom tom e sinal
 de distinção, ter negros choromelleyros no
      inventário de uma casa de gente
   abastada. Os choromeleiros aparecem
 abundantemente citados nas procissões e
     atos públicos gerais de Villa Rica e
                   Mariana...
Algumas características da
 execução dos músicos negros
Boas vestimentas
Repertório europeu ou de caráter europeu
Conhecimento de solfejo e teoria
Responsabilidade pela produção musical
no ambiente popular
Participação nos principais eventos
sociais da população
Vicente Salles
    No governo João Pereira Caldas
(1722-1780) é citada uma orquestra de 12
  músicos, negros escravos, composta de
timbales, 6 trompas, 2 rabecas, 2 flautas e
  2 clarins, e os negros se apresentavam
   “vestidos todos com vestidos azuis e
 escarlates, agaloados de galões de seda,
     com seus barretes nas cabeças”.
Fatores relacionais entre a música
        africana e européia
Repressão da livre manifestação musical
africana
Permanência das manifestações (à revelia)
     Necessidade de sobrevivência
     Renovação constante do contingente
Reclusão das manifestações musicais mais
autênticas aos guetos
Participação dos negros nas
manifestações musicais européias
Instrução musical dos negros
Papel dos mulatos
Ascenção social através da música
Livre manifestação dos mulatos
Utilização de instrumentos europeus nas
bandas e orquestras
Lentidão na interação entre as 2 culturas
    Relação de dominação
    Repressão
    Desprezo
Caráter predominantemente europeu da
música erudita e semi-erudita
Fenômeno derivado da formação das
cidades
Curt Lange
Nos tempos coloniais houve sempre um
justificado medo na população branca de
 poder produzir-se um levantamento dos
pretos, particularmente em Minas Gerais,
     onde a maioria dos escravos, em
      proporção com a população, era
assustadoramente grande. As proibições
das “danças indecentes” repetiam-se com
 frequência igual às de impedir que eles
             levassem armas.
As festas e folguedos dos pretos deram
motivo à maioria branca para expressões
de receio e desprezo, e a documentação
  sobre este particular é abundante. O
mulato que se movia perto ou ao lado do
     branco, como artesão ou artista,
fazendeiro, padre ou comerciante, reagia
    contra os pretos como se tivesse
         mentalidade de branco.
Procurava-se evitar rebeliões ou
  levantamentos, isolados ou em massa
     compacta, por que nos folguedos,
 incentivados pela dança e embriagados
pelo álcool (estritamente proibido como foi
o uso das armas, mas que aparecia, como
    estas, em tais oportunidades), eles
 podiam cair muito bem sobre os brancos
    num súbito arranque de vingança e
                 libertação.
Queixa do Bispo de Pernambuco à
        Rainha D. Maria I

“... Não só as danças indignas dos pretos se
       extinguão; mas as que fazem a São
       Gonçalo por serem estes, e aqueles
     festejos mais próprios dos bárbaros do
               que de catholicos...”
Música militar
Escassez de relatos antigos
Variedade nas formações instrumentais
    Charamelas
    Clarins
    Percussão
Bandas com negros escravos
Bandas com mulatos livres
Bandas com brancos
Expansão com a vinda da Família Real
Curt Lange
Quando mais tarde o Governador Gomes Freire
   de Andrade deu maior importância à tropa de
   Minas, seguindo-lhe o exemplo D. Antônio de
 Noronha e concluindo esta organização Luis da
    Cunha Menezes, no regimento de Dragões,
 integrado só por brancos (que era em realidade
      o “Regimento Regular de Cavalaria”), no
  Regimento de Linha (tropa paga) e nos Terços
  auxiliares, a Música (banda ou capela militar),
   formou-se só com gente de cor, com mulatos
livres. O tambor era geralmente preto escravo...”
A música nas cidades
Bahia
Pernambuco
Pará
São Paulo
São Vicente
Minas Gerais
Rio de Janeiro c.a. 1695
Funções Musicais
Mestres de capela
Cantores
Instrumentistas
    Organistas
    Cravistas
    Pianistas
    Charameleiros
    Flautistas
    Trompistas
    Etc.
Compositores
Teóricos
Bahia
Antiguidade
Importância
    Primeira Capital
    Primeiro Bispado
Régis Duprat
Aos 4 de dezembro de 1551 foram criados
 na Sé de Salvador, por carta d’El Rey, os
   cargos de Chantre e 2 moços do coro;
 estes últimos são indicados e nomeados
 pelo Bispo de Salvador já em 1552, a 17
   de agosto. O Chantrado é preenchido
  somente no ano seguinte, pelo Capelão
  da Sé, Clérigo de Ordens de Evangelho
           Francisco de Vaccas.
Manifestações musicais
Repertório da sé
   Música renascentista
   Cantochão
Formação até 1626
   1 mestre de capela
   1 organista
   4 moços do coro
Música em festividades públicas
Ópera
Comemoração do casamento de D.
        Pedro (1760)
    Pelas ruas não se ouvião se não músicos
    instromentos com diversissimas danças que
      admirando pelo modo, suspendião pelas
         estupendas forças que idearão [...]
Precedião a cavallo xarameleiros e trombetas com
    atabales e trompas, que pregoeiros de tanta
  magnificência dando alento aos seus concavos
   metais faziam que ressonasse o ar de alegres
  estrondos, cujos ecos publicavam real grandeza
Terceiro dia de festa
Ao som de armoniosos instrumentos dançarão se
  alguas danças commuas com toadas e modas
 da terra que bastantemente satisfizerão aos que
        contentes se achavão neste universal
 espetáculo de gozo e prazer [...] huma deliciosa
    sonata, cantando imediatamente o coro. Ao
          depois, huma das figuras dançou
       belissimamente o oitavado ao som dos
     instrumentos e concluirão a tarde, e a sua
       função com hum minuete a quatro. [sic]
Ópera
 Os dias 22, 23 e 25 reservou para si o
Senado da Camara para fazer representar
       à sua custa 3 óperas que se
    representarão na praça pela forma
 seguinte. Na primeira noite representou-
   se Alexandre na Índia, na segunda,
 Artaxerxes, na terceira, finalmente, Dido
Abandonada, cada uma destas óperas foi
tão bem executada que agradou a todos.
                   [sic]
Recitativo e Ária
Durante algum tempo a mais antiga
2 de julho de 1759
Obra profana
Laudatória a Coelho de Mello
    Pompa e grandiloquência
    Mitologia greco-romana
Texto em português
Voz, violino I e II, baixo contínuo
Música em Pernambuco
Início no séc. XVI (análogo à Bahia)
Matriz de Olinda
     M. de Capela Gomes Correia (1564)
Alguns compositores
     Inácio Ribeiro Nóia
     Luís Álvares Pinto
     Joaquim B. M. Ribeiro Pinto
A música no Pará
Início no séc. XVII
Companhia de Jesus
Chegada do Bispo em 1724
     Criação do corpo artístico
           1 chantre
           1 sub-chantre
           9 capelães músicos
           8 moços do coro
           1 organista
Casa de ópera ou Teatro Cômico (1763)
Outros estados
Mestres de capela e música religiosa
   Maranhão
   Paraná
   São Paulo
Minas Gerais
Produção composicional volumosa
Execução volumosa
Alto nível de elaboração
Motivações
     Riqueza advinda da mineração
     Tradições portuguesas
     Imigrações emboabas
Curt Lange
Nota-se desde os primórdios da formação da
Capitania [Minas Gerais] uma estranha devoção
   pela música no seu confuso conglomerado
   humano, produto, talvez, da nostalgia e do
 isolamento, como também da tradição musical
   portuguesa, enraizada desde tempos muito
antigos no seu povo e nos que procuravam uma
              nova vida além-mar
                      .
Saint-Hilaire
 ...E celebrou-se na igreja paroquial da Vila do
       Príncipe, uma missa com música, à qual
   assistiram, com grande toilette as pessoas as
    mais distintas da cidade. Os músicos, todos
      habitantes do país, estavam postos numa
tribuna e o povo não tomava parte nos cantos. A
    música convinha a santidade do lugar como
          também à solenidade da festa e foi
    perfeitamente executada. Diversos cantores
    tinham uma voz calorosa, e duvido que, em
        alguma cidade do norte da França, de
    semelhante população, se executasse uma
      missa com música tão bem como essa...
Formação social (Fritz Teixeira)
     Os mineradores e comerciantes
 portugueses, pernambucanos ou baianos,
   eram um grupo social novo, uma força
   nascente que se opunha à força antiga
 dos bandeirantes. Minas nasceu, portanto,
 de uma economia citadina e mercantilista
 e não rural ou agrária, como Pernambuco,
 por exemplo, cuja base eram os engenhos
     de açúcar e sua aristocracia rural.
Atividade musical
Rápido desenvolvimento
Grande quantidade de músicos
    250, somente em Vila Rica
Proveniência dos músicos
    Portugal
    Bahia
    Pernambuco
Atividade musical
Participação dos mulatos
Ascensão social
Negros e brancos
Funções
Religiosa (missas, procissões etc.)
Profana (saraus, exéquias, festas, óperas etc.)
Os mulatos (João José Teixeira, 1780)
  ...que aqueles mulatos que não se fazem
    absolutamente ociosos, se empregam no
    ofício de músicos, os quais são tantos na
       capitania de Minas, que certamente
   excedem o número dos que há em todo o
                      reino.
Os mulatos (Curt Lange)
...os mulatos de Pernambuco e da Bahia seriam
   os primeiros povoadores e a base profissional
       séria sobre a qual teve o seu fantástico
  desenvolvimento a atividade musical das Minas
 Gerais...Esta emancipação não foi possível para
  o negro, porque, quando ele era treinado para o
  exercício musical, com a finalidade de integrar a
    orquestra e o coro dos senhores de engenho
         não saía da condição de escravo.
Músicos
Padres (minoria)
Leigos (maioria)
     Saraus
     Bodas
     Enterros
     Missas e procissões
Instrução
     Casa do mestre de música
     Latim, teoria e prática musical
Irmandades
Corporações profissionais
Estilo musical

Rococó, Clássico
Peças européias
Imitação do estilo europeu
Peças brasileiras no estilo europeu
Algumas motivações do eurocentrismo
  Dominação européia
  Ausência de correntes estéticas nacionalistas
Alguns dos principais compositores
 José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita
 Francisco Gomes da Rocha
 Marcos Coelho Neto
 Ignácio Parreira Neves
J. J. Emerico Lobo de Mesquita
     Tércio (1783, autógrafo).
A modinha e o lundu
   Séculos XVIII e XIX
A modinha e o lundu
Raízes principais da música popular
    Ponto mais comum entre musicólogos
    Outros tipos de composição populares
           A Fofa
Primeiras referências no final do séc. XVIII
A Modinha
Diminutivo de moda
Moda: qualquer tipo de canção
Questões a respeito do país de origem
    Portugal ou Brasil?
    Atribuições a Domingos Caldas Barbosa
          Deixa o Brasil em c.a. de 1770
          Notícias em Lisboa em c.a. de 1775
Domingos Caldas Barbosa
Poeta, compositor, cantor e tocador de viola
Nasceu no Rio de Janeiro
Mulato
    Pai branco e mãe negra
Formação em colégio jesuíta
    Já chamava a atenção dos demais
          Poesias
          Veia satírica
• Veia satírica acarreta uma punição
     Afastamento p/ Colônia de Sacramento
     Permanece até 1762
 C.a de 1770 vai para Portugal
     Goza de proteção da corte
     Acesso às altas rodas sociais
     Suas habilidades impressionavam
     Recebe ordens sacras
• Auto denominação árcade: Lereno Selinuntino
• Viola de Lereno (1798)
      Coletânea de poesias em 2 volumes
      Várias edições
Domingos Caldas Barbosa
Apresentações e influências de
       Caldas Barbosa
“Meu amigo. Tive finalmente de assistir à
 assembléia de F...(D. Leonor de Almeida,
   Marquesa de Alorna) para que tantas
 vezes tinha sido convidado; que desatino
 não vi? Mas não direi tudo quanto vi; direi
   somente que cantaram mancebos e
      donzelas cantigas de amor tão
descompostas, que corei de pejo como se
  me achasse de repente em bordéis, ou
      com mulheres de má fazenda.
Antigamente ouviam e cantavam os meninos
 cantilenas guerreiras, que inspiravam ânimo e
  valor; (...) Hoje, pelo contrário, só se ouvem
 cantigas amorosas de suspiros, de requebros,
de namoros refinados, de garridices. Isto é com
 que embalam as crianças; o que ensinam aos
   meninos; o que cantam os moços, e o que
       trazem na boca donas e donzelas.
Que grandes máximas de modéstia, de
  temperança e de virtude se aprendem
 nestas canções! Esta praga é hoje geral
depois que o Caldas começou de pôr em
uso seus romances e de versejar para as
mulheres. Eu não conheço um poeta mais
prejudicial à educação particular e pública
do que este trovador de Vênus e Cupido;
A tafularia do amor, a meiguice do Brasil, e em
       geral a moleza americana que em seus
 cantares somente respiram as imprudências e
  liberdade do amor, e os ares voluptuosos de
 Pafos e de Cítara, e encantam com venenosos
   filtros a fantasia dos moços e o coração das
                       Damas.
Eu admiro a facilidade de sua veia. A
 riqueza de suas invenções, a variedade
dos motivos que toma para seus cantos; e
  o pico e a graça dos seus estribilhos e
    ritornelos com que os remata; mas
detesto os seus assuntos e, mais ainda, a
 maneira com que os trata e com que os
                   canta.”
           (Ribeiro dos Santos)
Modinha de Caldas Barbosa
Ah nhanhá venha escutar
Amor puro e verdadeiro,
Com preguiçosa doçura
Que é amor de brasileiro.

Gentes, como isto
Cá é temperado,
Que sempre a favor
Me sabe o salgado:
Nós lá no Brasil
A nossa ternura
A açúcar nos sabe,
Tem muita doçura,
Oh! Se tem! Tem
Tem um mel mui saboroso
É bem bom, é bem gostoso
Lundu de Laurindo Rabelo (tipo cantado em
  voz baixa e geralmente não publicado)

Eu tenho uma bengala
Da maior estimação.
É feita da melhor cana
E tem o melhor castão.
A minha caseira
Toda inteira se repela
Quando três vezes ao dia
Não dou bengaladas nela
Outras descrições da modinha
O stacato monótono da viola acompanhado pelo
   murmúrio tênue e suave de vozes femininas
  cantado modinhas, formava em conjunto, uma
       combinação do sons estranha e não
 desagradável. Isto constituiu incentivo para que
  galgássemos vários lances de escada, até os
   seus aposentos, que estavam apinhados de
   sobrinhos, sobrinhas e primos, aglomerados
   em torno de duas jovens muito elegantes, as
     quais, acompanhadas pelo seu mestre de
    canto, um frade baixo e quadrado, de olhos
      verdes, cantavam modinhas brasileiras.
Aqueles que nunca ouviram este original
      gênero de música, ignoram e
  permanecerão ignorando as melodias
  mais fascinantes que jamais existiram,
   desde os tempos dos Sibaritas. Elas
 consistem em lânguidos e interrompidos
  compassos, como se, por excesso de
    enlevo, faltasse o fôlego e a alma
 anelasse unir-se à alma afim, do objeto
                  amado.
Com uma inocente despreocupação, elas se
insinuam no coração, antes de ele ter tempo de
se resguardar contra a sua sedutora influência;
   imaginais saborear leite, mas o veneno da
    voluptuosidade é que vai penetrando nos
   recessos mais íntimos do ser. Pelo menos
   assim sucede àqueles que sentem a força
           desses sons harmoniosos;
            (Lord Beckford, 1787)
Características estilísticas
Linguagem tipicamente brasileira
    Nomes de origem africana
    Diminutivos
Uma ou duas vozes com acompanhamento
Maioria das vezes é 2/4
Viola de arame é o principal acompanhamento
Profusão de síncopes
Esquemas harmônicos simples
Esquemas formais: AABB; AABB-refrão
Predomínio das linhas melódicas
descendentes
Temas de amor; singelos; voluptuosos
Edilson de Lima
O Lundu
• Outras denominações: lundu, londu, landu,
 landum, londum ou lundum,
 Dança brasileira mais antiga com exemplos
 musicais
 Referências históricas a partir de 1770
 Dúvidas a respeito da origem:
     O quanto é ibérico ou africano?
 Provável origem brasileira
     Diversas citações em fontes brasileiras
     Em Portugal a dança popular era a fofa
A função (sátira): mais antiga menção ao Lundu. De
      Nicolau Tolentino de Almeida, c.a. 1770
Em bandolim marchetado,
Os ligeiros dedos prontos,
Loiro Paralta adamado,
Foi depois tocar por pontos
O doce londum chorado:
Se Márcia se bamboleia
Neste inocente exercício,
Se os quadrís saracoteia,
Quem sabe se traz cilício,
E por virtude os meneia?
Quadra de Domingos Caldas Barbosa.
          década de 1770
Eu vi correndo hoje o Tejo,
vinha soberbo e vaidoso;
só por ter nas suas margens
o meigo lundum gostoso.
Que lindas voltas que fez;
estendido pela praia,
queira beijar-lhe os pés
Se o lundum bem conhecera,
quem o havia cá dançar;
de gosto mesmo morrera,
sem poder nunca chegar.
Ai, rum, rum,
vence fandangos e gigas
a chulice do lundum.
Sobre a origem do Lundu
Tudo indica que o lundu tenha mesmo surgido no
  Brasil, mesmo sendo o resultado da mescla de
  elementos musicais e coreográficos de origens
     diversas. A dança nacional portuguesa na
   segunda metade do XVIII era a fôfa, dançada
       aos pares, ao som de violas e guitarras
   (portuguesas), dança que parece não ter sido
     praticada no Brasil, já que não é citada em
  documentos brasileiros. No Brasil setecentista,
  ao contrário, foram predominantemente citadas
         duas danças: o lundu e o batuque.
                 (Paulo Castagna)
O batuque
  O batuque, a julgar pelas descrições e ilustrações
  disponíveis (as principais foram publicadas por Carl
Friedrich von Martius e por Johann Moritz Rugendas),
 foi uma denominação portuguesa genérica para todo
    tipo de dança de negros, praticada em fazendas
durante o dia e ao ar livre, nos fins de semana ou dias
de festa. O batuque era acompanhado pela percussão
   de instrumentos idiófonos ou membranófonos ou,
   mais comumente, pela batida das próprias mãos,
      empregando-se também a umbigada, recurso
    coreográfico que se difundiu por todo o país em
 gêneros que ainda são observados entre populações
               de origem afro-brasileira.
                  (Paulo Castagna)
Sobre a origem do Lundu
 Já o lundu parece ter sido uma dança mais
difundida socialmente, praticada entre negros,
brancos e mulatos. Carl Friedrich von Martius,
  que esteve em Belém em 1819, associou o
lundu aos mulatos da cidade, com a seguinte
observação (SPIX e MARTIUS, 1981, v.3: 29):
   “Para o jogo, a música e a dança, está o
   mulato sempre disposto, e movimenta-se
    insaciável, nos prazeres, com a mesma
  agilidade dos seus congêneres do sul, aos
 sons monótonos, sussurrantes do violão, no
  lascivo lundu ou no desenfreado batuque.”
              (Paulo Castagna)
Viagem pitoresca pelo Brasil (1835, Rugendas)

“A dança habitual do negro é o ‘batuque’. Apenas
     se reúnem alguns negros e logo se ouve a
      batida cadenciada das mãos; é o sinal de
  chamada e de provocação à dança. O batuque
   é dirigido por um figurante; consiste em certos
     movimentos do corpo que talvez pareçam
  demasiado expressivos; são principalmente as
  ancas que se agitam; enquanto o dançarino faz
  estalar a língua e os dedos, acompanhando um
    canto monótono, os outros fazem círculo em
            volta dele e repetem o refrão.”
“Outra dança negra muito conhecida é o ‘lundu’,
   também dançada pelos portugueses, ao som
      do violão, por um ou mais pares. Talvez o
    ‘fandango’, ou o ‘bolero’ dos espanhóis, não
   passem de uma imitação aperfeiçoada dessa
 dança.” “Acontece muitas vezes que os negros
  dançam sem parar noites inteiras, escolhendo,
      por isso, de preferência, os sábados e as
              vésperas dos dias santos.”
Viagem pitoresca pelo Brasil (1835, Rugendas)


“[...] o tambor grande e a rabeca atraem a atenção dos
  moradores da casa, que correm às varandas e janelas
        para se regalarem com a vista do lascivo e até
  frenético landum, dançado por um negro e uma negra
  cujos próprios gestos e olhares serviriam apenas para
       pessoas de maior delicadeza, para criar as mais
   extremas sensações de repulsa. Mas os portugueses
     gostam tanto desta dança, desde que submetida a
    algumas modificações decentes, que nunca deixam
   de a contemplar com prazer, memo quando levada a
           extremos pelos seus inventores originais”
Anônimo registrado por C.P.F. Martius.
       Landum (instrumental)
Anônimo, registrado por Antônio Vieira dos
Santos. Primeiro lundu da Bahia (instrumental)
Cartas Chilenas (1787), de Tomás Antônio
                Gonzaga


Fingindo a moça que levanta a saia e voando na
   ponta dos dedinhos, prega no machacaz, de
  quem mais gosta, a lasciva embigada, abrindo
    os braços. Então o machacaz, mexendo a
    bunda, pondo uma mão na testa, outra na
     ilharga, ou dando alguns estalos com os
   dedos, seguindo das violas o compasso, lhe
  diz - “eu pago, eu pago” - e, de repente, sobre
            a torpe michela atira o salto.
Ó dança venturosa! Tu entravas nas
  humildes choupanas, onde as negras,
aonde as vis mulatas, apertando por baixo
  do bandulho a larga cinta, te honravam
 cos marotos e brejeiros, batendo sobre o
 chão o pé descalço. Agora já consegues
  ter entrada nas casas mais honestas e
                 palácios!
O período de Dom João VI
Largo do Paço, 1808 (Richard Bates)
Precedentes
Rio de Janeiro
    25.000 habitantes
    Cultura
Limitações impostas por Portugal
    Proibição de edições
    Inexistência de bibliotecas e museus
    públicos
José A. Castello
 Vida social não existia, por que não havia
   sociedade; questões públicas tampouco
 interessavam e mesmo não se conheciam:
quando muito, sabem se há paz ou guerra...é
    mesmo duvidoso se sentiam, não uma
    consciência nacional, mas ao menos
  capitaneal, embora usassem tratar-se de
              patrício e paisano.
Música antes de Dom João VI
Encenações de ópera
Irmandades musicais
    Religião
    Interesses de um grupo de músicos
José Maurício Nunes Garcia
José Maurício Nunes Garcia
          (Vasco Mariz)
Não era apenas mais um músico mulato, da
    série que tanto frutificou no período
      colonial...já se pode afirmar sem
  hesitação que o padre-mestre foi mesmo
      um homem culto, com educação
  humanista desusada para pessoa de sua
  modesta origem, orador apreciado, além
 de grande compositor e notável intérprete
                    também.
Estilo de José Maurício
   O estilo encontrado na música até agora
  conhecida do Rio de Janeiro colonial, assim
como na arquitetura, é tardio, mais complexo e
cosmopolita que a encontrada no nordeste ou
  em Minas Gerias. Além disso, José Maurício
   Nunes Garcia, apesar de sua base estética
 portuguesa e italiana, utiliza também modelos
importados de outras nacionalidades, sendo a
 riqueza de meios a característica principal de
sua produção e de outros autores do início do
                    séc. XIX.
O primeiro aspecto notável na música de Nunes Garcia
      é a semelhança de seu estilo com o classicismo
  internacional europeu do final do séc. XVIII, mas com
     a inclusão da contribuição austríaca, o que não é
       normalmente observado na música mineira e
  nordestina, mesmo até as primeiras décadas do séc.
    XIX. Mais sóbria, densa e detalhista que o exemplo
     mineiro, a música de Nunes Garcia parece ter se
   baseado em maiores novidades estilísticas que seus
      contemporâneos mineiros e paulistas, existindo
    indícios de que pode ter conhecido e assimilado o
   estilo de Joseph Haydn (aliás, não foi coincidência o
     fato de o primeiro livro sobre música impresso no
         Brasil ter versado sobre a vida de Haydn.
                     (Paulo Castagna)
Nunes Garcia também foi o primeiro compositor
brasileiro a diversificar os meios de expressão de sua
   produção musical, embora ainda predominasse a
música religiosa: escreveu obras para coro a cappella,
     para um ou dois coros e contínuo, para coro e
orquestra, para voz solista e orquestra, para orquestra
      (Abertura Zemira, Abertura em Ré, Sinfonia
     Tempestade), para conjunto de sopros (Doze
divertimentos, perdidos) música dramática (Ulissea, O
 triunfo da América, Coro para o entremês e a ópera
  Le due gemmelle, perdida), lições e fantasias para
      pianoforte, as modinhas Beijo a mão que me
condena, No momento da partida e Marília, se não me
          amas (perdida) e um tratado teórico.
                   (Paulo Castagna)
Tota pulchra es Maria
             (séc. XVIII)
O manuscrito desta obra (1783), a mais antiga
 composição conhecida do padremestre, está
 arquivado na Biblioteca Alberto Nepomuceno
  da Escola de Música da UFRJ. Seu texto é
 destinado às vésperas e missa da Imaculada
 Conceição da Virgem Maria (8 de dezembro).
  A peça possui uma incomum introdução na
qual se ouve um solo de flauta, seguido de um
 solo de soprano e, finalmente, da intervenção
 coral, sempre acompanhados pelas cordas e
          pelo contínuo. (P. Castagna)
Abertura em ré
                   (séc. XVIII)
Composta no estilo das aberturas de ópera italianas do final do
    séc. XVIII, cujo representante típico foi Giovanni Paisiello
 (1740-1816), desconhece-se o motivo pelo qual foi escrita, mas
     é certo que não foi destinada à ópera. Embora o termo
   abertura fosse utilizado, como informa Ernesto Vieira, para
  designar “Symphonia, peça de musica orchestral que precede
  uma opera, uma oratoria, um drama com musica ou qualquer
   outra composição de grande desenvolvimento”, a abertura
      também podia ter outra função: “Peça de musica para
     orchestra, no estylo da abertura propriamente dita, mas
     destinada a ser executada em concertos ou a servir de
     introducção ou intermedio em qualquer espectaculo ou
    solemnidade. São propriamente symphonias de pequenas
   dimensões, a que os auctores não quizeram dar este nome
    para não serem confundidas com as grandes symphonias
                      classicas” (P. Castagna)
Irmandade de Santa Cecília
Toda pessoa que quiser exercer a profissão
         de músico, ou seja, cantor ou
    instrumentista, será obrigado a entrar
   nesta confraria e para ser admitido por
        confrade representará a Mesa,
 declarando a qualidade de seu estado e a
     sua naturalidade para que a Mesa o
        possa admitir ou excluir sendo
     notoriamente inábil ou publicamente
   escandaloso pelo mau procedimento.
Serão obrigados os Irmãos e Músicos a contribuírem
    para o cofre da Irmandade anualmente com um
  vintém de cada pataca que ganharem de todas as
     funções que forem cantar ou tanger, ou seja
 Eclesiástica ou de Oratórios públicos ou particulares,
ao que ficarão responsáveis os Diretores das funções
   para entregarem logo que forem pagos das ditas
  funções no prazo de vinte e quatro horas ao Irmão
Procurador para se recolher ao cofre; e o não fazendo
 com mora de tempo se lhes tirará da primeira função
a que forem convidados em dobro os ditos vinténs em
            pena de sua rebelia ou omissão.
Chegada de Dom João VI
Transferência cultural da Bahia para o Rio
Chegada da corte
Criação de instituições importantes
    Jornais
    Biblioteca Nacional
    Museu Nacional
    Imprensa Nacional
Missão artística francesa
Dom João VI
Panorama musical após a chegada
         de D. João VI
No período em que D. João esteve no Rio
    (1808-1821), entretanto, ocorreu um
  extraordinário aumento na demanda de
      música, em função do número de
   portugueses que chegaram ao Brasil,
interessados em manter o mesmo nível de
       prática musical a que estavam
  acostumados em Lisboa, aumento esse
  que acarretou na preservação de maior
 quantidade de composições do período.
Houve, portanto, uma ampliação das perspectivas
   profissionais, que atraiu para o Rio de Janeiro
músicos de várias regiões do Brasil, mas também de
    Portugal e de outros países da Europa. Dos
  compositores e intérpretes passou-se a exigir a
 criação de obras religiosas mais virtuosísticas e o
    trabalho com gêneros profanos ainda pouco
   praticados no Brasil, como a ópera e a música
instrumental. O Rio assistia à chegada de um estilo
cortesão de consumo, com o qual ainda não estava
 habituado, mas que a ele teria rapidamente de se
             adaptar.     (P. Castagna)
Aclamação de Dom João VI
Cena de Rua, Rio de Janeiro (Debret)
Cena com a Família Real (Debret)
Igreja de Santa Cruz dos Militares no início do século XIX.
                    (Richard Bates)
Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, 1817 (Thomas Ender)
Missão Francesa
A vinda dessa missão foi indiscutivelmente
  benéfica para o Brasil. Ao mesmo tempo,
 porém, criou-se um condicionamento pelas
atividades ligadas ao provimento de modelos
europeus e ao recrutamento de discípulos, de
que foram manifestação concreta a fundação
     de escolas de artes e de museus e a
contratação de mestres estrangeiros. (Nélson
               Werneck Sodré)
Investimentos na música

Criação do Real Teatro São João
    Maior das Américas
    Concertos e óperas
Capela Real
     150 cantores e instrumentistas
     1° Mestre de Capela: José Maurício
     Músicos nacionais e estrangeiros
Capela Real
 Dizia-se geralmente que a Capela Real era
organizada de modo a satisfazer plenamente os
  amadores de música. Era constituída como a
  antiga Capela Real de Lisboa e não se havia
    olhado a despesas. Quatorze ou quinze
sopranos misturavam suas vozes características
 à música de [Marcos] Portugal e dos melhores
    compositores religiosos, e formaram um
 conjunto muito admirado, especialmente pelos
                 estrangeiros.
           (Alexandre Coldelaugh)
Execução de óperas italianas
A ópera italiana, até aqui, não tem apresentado, nem
   da parte dos cantores, nem da orquestra, nada
    perfeito; uma banda particular de música vocal
  instrumental, que o príncipe herdeiro formou com
  mestiços locais e pretos, indica bastante o talento
 musical do brasileiro. D. Pedro [...], costuma reger às
    vezes, ele próprio, essa orquestra, que, assim
  estimulada, procura executar as peças com muita
    perfeição. O discípulo preferido de J. Haydn, o
 cavalheiro Neukomm, achava-se então como diretor
da Capela do Paço, no Rio. Para suas missas, porém,
 compostas inteiramente no estilo dos mais célebres
mestres alemães, ainda não estava de todo madura a
                cultura musical do povo.
                 (Philipp von Martius)
Repertório europeu
o Requiem de Mozart [...] foi executado em
dezembro passado [1819] na Igreja do Parto,
  por uma numerosa orquestra. O mestre de
capela da Capela Real, Padre José Maurício,
 dirigiu o conjunto. “A dedicação, com a qual
 Padre Garcia resolveu todas as dificuldades,
para finalmente executar aqui uma obra prima
   do nosso imortal Mozart, recebeu o mais
caloroso agradecimento dos amantes da arte
                     locais.
                (S. Neukomm)
• Principais músicos
     Sigismund Neukomm (Salzburgo)
     Marcos Portugal
     José Maurício
           Vida
           Obra
           Cargos
           Relação com Dom João VI
           Relação com demais músicos
Bruno Kiefer
O regente não poupava dinheiro com a música
     da Capela Real. Mandava vir, inclusive,
sopranistas (castrati) da Europa, os primeiros a
 apontarem aqui. Se pensarmos na quantidade
  enorme de festas religiosas, comemorações
   familiares e políticas com função religiosa,
  poderemos ter uma idéia da intensidade da
          vida musical na Capela Real.
Características gerais
Crescimento cultural vertiginoso
Forte estímulo musical durante curto
período (13 anos)
Diminuição radical após retirada da corte
para o Reino
Período de Dom Pedro I
Decadência brusca das atividades musicais
    Capela Imperial (antiga Real)
    Teatro São João (incendiado)
Atividades musicais de Dom Pedro I
    Intérprete
           Canto, fagote, trombone, clarinete,
           violoncelo, flauta e rabeca.
    Compositor
           Hino da Independência
           Hino da Carta
    Mestres
           José Maurício Nunes Garcia
           Sigismund Neukomm
Carta da princesa Leopoldina
O meu marido é compositor também, faz-
 vos presente de uma sinfonia e de um Te
 Deum composto por ele. Na verdade são
  um pouco teatrais, o que é culpa do seu
     professor, mas o que vos posso
  assegurar é que ele próprio os compôs
         sem auxílio de ninguém.
Relato de Jacobus van Boelen
             (1826)
  A ópera imperial é esplendidamente
   construída e preparada, e é igual em
    tamanho ao Stads Schouwburg, de
 Amsterdã. As óperas e os bailados, para
cuja suntuosidade e beleza nada poupam,
  são executados por artistas italianos e
       merecem os maiores elogios.
Decadência após Dom Pedro I
Durante o governo de D. Pedro ainda havia freqüentes bailados e
    óperas italianas. [...] Com a abdicação do imperador, a arte
   mímica, já quase extenuada até a morte, recebeu o golpe de
    misericórdia.[...] Em lugar deles apresentavam-se agora só
     atores nacionais, em geral mulatos, e infelizmente colhiam
  patriótico aplauso geral dos espectadores [...]Os mulatos já são
   de nascença apenas obra de remendo da natureza, por isso
   são peritos remendões. As mais antigas, como as mais novas
  produções dramáticas de França e Alemanha foram produzidas
  em horrível transformação[...] Assim, recordo-me, por exemplo,
    duma representação do ‘Guilherme Tell’, de Schiller: a obra-
           prima alemã tornou-se comédia portuguesa.[1]
[1] Correio Mercantil do Rio de Janeiro, 1854.
Missa de Santa Cecília (estilo)
Textura homofônica
Trechos polifônicos (aplicados como um recurso
deliberado e destacado)
Caracterização idiomática bem definida: madeiras,
cordas.
Contraste entre a figuração idiomática do solista e do
restante da orquestra
Períodos bem definidos
Períodos simétricos
Começo e fim dos períodos coincidem com compassos
Ritmo harmônico lento
Harmonia convencional no baixo, baseado nas
principais funções harmônicas (I-IV-V-I)
Grandes nuances de volume de som
Grandes nuances agógicas
Utilização das madeiras tanto para o
preenchimento de harmonia quanto em conjunto
solista e em solos separados
Baixo de alberti
Ausência de baixo contínuo
Maior exploração do colorido orquestral, cada
instrumento age como um personagem
dramático, ao invés da tendência barroca de
contrastes de conjuntos, dinâmica ou timbre.
Exploração das potencialidades técnicas de
cada instrumento individualmente
Influencia do estilo alemão (principalmente
Áustria)
Valorização do soprano e melhor constituição
das vozes intermediárias
Maior exploração da expressividade do solista
Menor volume de ornamentação que o Barroco.
Exploração do silêncio como articulação
dramática
Preparação para cadências e modulação
Forma bem definida
Contraste temático
Abandono de afetos
Sistema maior menor
Sistema tonal
Exploração de potencial dramático das
tonalidades menores
Abdicação de Dom Pedro I (1831)
Agravamento da crise
    Dissolução da orquestra da Capela
    Imperial
Continuidade nas casas da aristocracia
    Importação de artistas e professores
    Sociedades musicais
Francisco Manuel da Silva
Mestres
    Sigismund Neukomm
    José Maurício Nunes Garcia
Fundador da Sociedade Beneficente
Musical (1833)
Participação na Sociedade Filarmônica
Mestre compositor da Imperial Câmara
(1841)
Mestre de capela (1842)
Cavaleiro da Ordem da Rosa (1857)
Criação do Conservatório Brasileiro de
Música (1855)
Composições
    Hino Nacional
Execução
    Violino, violoncelo, órgão e piano
Francisco Manuel (Vasco Mariz)
Francisco Manuel foi um compositor pouco
 original...grande parte de sua obra foi para
   ser interpretada na Capela Imperial...o
  grande feito de Francisco Manuel, como
    professor e organizador do ensino da
      música no Brasil, foi a criação do
            Conservatório do Rio de
  Janeiro...continuava também muito ativo
        como regente no Teatro Lírico
                 Fluminense.
Tendências românticas

Segunda metade do séc. XIX
Tendências românticas
Tardio em relação à Europa
Influências francesas
Crescimento da burguesia na segunda metade
do séc. XIX
     Militares, funcionários públicos
     Profissionais liberais, jornalistas
     Pequenos comerciantes etc.
Literatura inspirada em temas nacionais
     José de Alencar
Influências burguesas
Fundação de sociedades musicais
    Clube Beethoven; Clube Mozart;
    Sociedade de Conc. Clássicos etc.
Estímulo à música virtuosística
    Piano: Thalberg; Arthur Napoleão
    Gottschalk
    Flauta: Reichert
    Etc.
Promoção do ensino da música
Desenvolvimento do comércio e
fabricação de instrumentos
     I. Bevilacqua; M. Chesnay etc.
Sustento das apresentações musicais
pagas
Edições de partituras e periódicos
musicais
Criação do Conservatório de Música do
Rio de Janeiro (1847)
    Primeiro diretor: Francisco M. da Silva
    Atual Escola de Música da UFRJ
Fundação do Conservatório de
   Música do Rio de Janeiro
Nenhum mestre existe pago pela Nação,
nenhuma cadeira de ensino gratuito para
as massas, em cujo vasto seio se alberga
 o gênio das artes, foi até agora instituído
     pelo Governo. A música tem sido
 entregue a seus destinos; hoje só é lícito
     gozar de seu ensino as pessoas
abastadas que podem pagar mestres; ao
          povo nada se concede.
Por outro lado a conveniência da instituição de um
      conservatório de música sob o ponto de vista
 econômico e político é incontestável: sob este ponto
de vista ele deve ser considerado como uma industria,
   e assim produzindo todas as vantagens de outra
      qualquer, prestando uma ocupação honesta,
 civilizando por via do trabalho. A concepção pois, de
       uma instituição que tem por fim favorecer os
   progressos da música, difundir os conhecimentos
   dessa arte pela população, deve merecer toda a
          atenção do Governo e das Câmaras.
                 (Jornal O Brasil, 1841)
O repertório
Predominância do repertório europeu
    Música de salão
          Polca, schottisch, mazurca, valsa
          Gradativa nacionalização
Segunda metade do séc. XIX
    Gradativa diversificação
    Papel das sociedades musicais
A música na Bahia
Ligadas principalmente a igreja e às
corporações militares
Diminuição após a mudança de centro p/ o
Rio
Precárias condições de ensino
Compositores e músicos proeminentes
    Domingos da Rocha Mussurunga
    Damião Barbosa
    Guilherme de Mello
Decadência da produção baiana
Com relação às festas de igreja, houve tempo em
  que, talvez por imitação de Dom João VI, cada
  ricaço, cada senhor de engenho, não poupava
     sacrifícios para festejar com toda pompa e
  solenidade o Santo de sua devoção [...] nesse
   tempo podia haver dez festas no mesmo dia,
  que se encontravam instrumentistas e cantores
 para todas elas. Hoje, porém, quando acontece
    haver duas festas solenes no mesmo dia, é
    preciso que uma comece mais cedo para os
         cantores desta servirem na outra.
                (Guilherme de Mello)
São Paulo
Pouco desenvolvimento
Crescimento gradual do comércio de
instrumentos e impressos
Predominância das sociedades musicais
     Clube Haydn
     Sociedade Coral Clube Mendelssohn
     Sociedade de Quarteto Paulistano
Movimento da ópera nacional
Década de 1850
Valorização da língua nacional
Temas nacionais
Tendências indianistas e anti-escravistas
Permanências das características
estilísticas musicais européias
Prelúdio: As iniciativas de João
          Antônio Miranda
“Quero fazer representar no dia 7 de setembro uma
    ópera em italiano , cujo assunto seja nacional”
Texto de Manuel de Araújo Porto Alegre
Música de G. Giannini
Resultado diferente do esperado
    Apresentação de parte da ópera
    Texto em português
    “Véspera dos Guararapes”
    Sucesso e entusiasmo
    Afirmação da língua nacional
Espécie de concurso para estimular os
       compositores nacionais
Novas complicações
Resultados
   Primeira ópera brasileira em português
         “Marília de Itamaracá”
         Música de Adolpho Maersch
         Libreto de Simoni
Imperial Academia de Música e
           Ópera Nacional
Iniciativa de D. José Amat
     Ex-nobre
     Fugitivo da Espanha
     Professor de música no Rio
     Empresário e gerente do projeto
Apoio do governo Imperial
     Espaço para as apresentações
     Garantias de monopólio
Plano da Imperial Academia de
      Música e Ópera Nacional
Fazer com que o Conservatório de Música
coopere pelos meios ao seu alcance ao bem
da Academia
Proibir, durante 8 anos, que em teatro algum
subvencionado pelo Governo Imperial se
apresentem óperas líricas em língua nacional
Uma vez a cada ano, pelo menos, a
Academia dará uma partitura nova de
composição nacional
A academia dará representações de canto
em língua nacional, de cantatas e idílios, e
também de alguns atos ou cenas de
ópera já representadas aqui. E logo que
se achar habilitada representará, também
em língua nacional, algumas das
melhores óperas italianas, francesas e
espanholas ainda não conhecidas aqui
A academia dará 10% do produto líquido
de cada récita aos autores de qualquer
ópera lírica nacional que for por ela
representada
Estímulo as zarzuelas em língua
           nacional
Zarzuela
    Origem espanhola
    Geralmente um ato
    Caráter cômico
    Caráter popular
    Sem recitativo
    Diálogos alternados com canto
    Adaptação ao contexto brasileiro
Encenação de diversas zarzuelas e óperas em língua
  nacional
• “A estréia de um artista” (1857)
• “Pipelet” (1860)
      Música de Ferrari
      Libreto de Machado de Assis
• “A Noite de São João” (1860)
      Libreto de José de Alencar
      Música de Elias Alvares Lobo
      Sucesso na estréia
      Partitura encontra-se perdida
      Primeira ópera nacional com 2 autores nacionais
• “Moema e Paraguaçu” (1861)
      Libreto de F. B. de Abreu
      Música de Sangiorgi (italiano)
• “A noite no castelo” (1861)
      Libreto de A. J. F. dos Reis
      Música de Carlos Gomes
      Estréia de Carlos Gomes
      Grande sucesso

 “O jovem compositor teve anteontem uma
      demonstração que o deveria tocar
      profundamente” (jornal da época)
Problemas da ópera nacional
Complicações envolvendo D. José Amat
Predominância da ópera italiana
Eurocentrismo
Intérpretes estrangeiros que tinham
dificuldade com o português
Maiores rendimentos do repertório
estrangeiro
Os obstáculos que se
 entrepunham...pag.82, Kiefer
D. José Amat e a ópera nacional
O importante nesta atuação de D. José Amat é que ele
      representa uma idéia que estava em gestação
   naquela época [...] Amat foi possível por que a idéia
 da ópera nacional estava no ar. Ele sentiu o problema
    e foi em frente [...] [e] não foi o primeiro a levantar
     esta bandeira. Mais importante que a intenção de
   representar óperas estrangeiras em língua nacional
    foi a de encomendar anualmente pelo menos uma
 ópera a um autor brasileiro – e pagar direitos autorais,
           coisa que até então não se conhecia.
                       (Bruno Kiefer)
Elias Álvares Lobo
Nasceu em Itu (1834-1901)
A noite de São João
     Libreto de José de Alencar
Sucesso nas primeiras apresentações
Primeira ópera brasileira com música e
libreto de brasileiros e assunto regional
Escreveu ainda música sacra, camerística
e popular
Henrique Alves de Mesquita
  Nasceu no Rio de Janeiro (1830-1906)
  Aluno do Conservatório de Música do Rio de
  Janeiro
  Atuava como trompetista e regente
  Estuda no Conservatório de Paris
  Produção musical diversificada, erudita e
  popular
• Estrofes do Padre Fabrício (da Mágica Trunfo às
  Avessas). Faixa 11
Manuel Joaquim de Macedo
Nasceu no Rio de Janeiro (1847-1925)
Estudou em Bruxelas
    Violino e harmonia
Tiradentes
    Libreto: Augusto de Lima
    Jamais foi representada em vida


01. “Ora, ouvi-me...”
(Ária de Tiradentes, da ópera Tiradentes)
02. “A comoção traiu o meu afeto...”
(Ária de Marília, da ópera Tiradentes)
Divisão sintética dos períodos
        musicais no Brasil
Internacional (séc. XVI ao início do XIX)
Nacional incipiente (seg. met. do séc. XIX)
Nacionalista (início do séc. XX)
Nacional (década de 20 do séc. XX)
Alguns compositores brasileiros de música européia
               rumo ao nacionalismo

  Advindos de diversas partes do Brasil
  A maioria teve formação européia
  Influências wagnerianas
________________________________________
  Leopoldo Miguéz
  Alberto Nepomuceno
  Alexandre Levy
  Brasílio Itiberê da Cunha
  Henrique Oswald
  Antônio Francisco Braga
  Glauco Velasquez
Leopoldo Miguéz
Nascido em Niterói (1850-1902)
Filho de pai espanhol e mãe brasileira
Morou na Europa até os 21 anos
Estudou música na Espanha e Portugal
Estudou o Conservatório de Paris
     Influência wagneriana
Venceu o concurso de composição do
Hino da República (1889)
Atividade como regente
Diretor do Instituto Nacional de Música
Características estilísticas
Eminentemente européias
Situa-se principalmente na música
orquestral e dramática
Alberto Nepomuceno
Nasceu em Fortaleza (1864-1920)
O pai era violinista e organista na Catedral
de Fortaleza
Estuda vários anos no Recife
Atua como pianista e compositor no Rio
Estuda em Roma a partir de 1889
Estuda em Berlim em 1892
Estuda em Paris em 1894
Também fica bem classificado no concurso do
Hino da República
Recebe bolsa de estudos
Contatos com Grieg
    Influência na busca por uma música
nacional
1894 é nomeado Professor do Instituto
Nacional de Música
1895 regressa ao Brasil
Forte defensor da música em vernáculo
1910 organiza apresentações de música
brasileira na Europa
Características estilísticas
Produção bastante variada em estilo e formação
Influências brasileiras, principalmente nas canções
Música sinfônica
     Série Brasileira (Alvorada na Serra, Intermédio,
Sesta na Rede, O batuque) etc.
Música sacra
     Coro ou canto e órgão
Música dramática
     Óperas e música incidental
Música solista
     Peças para piano e órgão
Música camerística
     Trios, quartetos etc.
Alberto Nepomuceno
05. Andante expressivo
06. Serenata para orquestra de cordas
Antônio Francisco Braga
Nasceu no Rio de Janeiro (1868-1945)
Estudou música no Asilo dos Meninos Desvalidos
Estudou no Imperial Conservatório de Música
Um dos classificados no concurso do Hino da
República
Premiado com estadia na Europa por 2 anos
Estudou no Conservatório de Música de Paris
    Massenet
Apresentou suas obras em diversas salas européias
Fortes influências wagnerianas
Professor da Escola Nacional de Música
Características estilísticas
Concentração nas obras sinfônicas
Música programática
     Diversos poemas sinfônicos
Música sacra, dramática, solista, camerística
etc.
Tendências nacionalistas musicais pouco
pronunciadas
Estilo eminentemente europeu
Francisco Braga
• 07. Cauchemar (poema sinfônico)
Sílvio Deolindo Fróes
Nasceu na Bahia (1864)
Filho de um brasileiro com uma alemã
     Adelaide Von Enghenshwartz
     Cantora lírica
     Aluna de Rossini, Meyerbeer, Bellini etc.
Iniciou a carreira como pianista
1888 viaja para estudar na Europa (por 18 anos)
     França
     Alemanha
A música popular urbana de
      características nacionais
    A fisionomia da música nacional, com as suas
 peculiaridades de ritmo, melodia e harmonia, começa
        a esboçar-se, em composições impressas,
 despretenciosas, de índole popularesca, por volta do
 ano de 1870. Não quer isto dizer que anteriormente,
 quiçá mesmo na era colonial, alguns tipos de música
já bem reconhecivelmente brasileiros, como os lundus
  e certas modinhas, não estivessem em voga. O que
 há da mencionada época em diante, é a consciência
do forte sabor nacionalizante de algumas formas, que
   antes apenas se insinuavam, e que passam a ser
diligentemente procuradas, observadas e empregadas
    a granel nas peças dançantes dos compositores
                       populares.
Observa-se então um curioso fenômeno de
divergência entre a orientação dos compositores
 de escola, com obras cantadas ou executadas
     nos salões da boa sociedade, e a desses
 compositores populares, autores dos sucessos
  da moda, cuja musa velada tinha a irresistível
    atração das coisas proibidas. São eles que
 aprofundam o caráter brasileiro da música que
    produzem entregado-se, intuitivamente ou
  conscientemente, à pesquisa de modalidades
 rítmico melódicas ainda não empregadas pelos
       antecessores; modalidades que eram
simplesmente a transposição, para o domínio da
     música alfabetizada, que se escreve e se
    imprime, das peculiaridades e jeitos de se
   cantar, tocar ou bater o ritmo, usuais entre a
  gente do povo, especialmente entre os negros
                  (Luis Heitor)
Divisão entre os músicos populares
     e os músicos “escolados”
Ao dar-se o divórcio entre a música de escola e a
 música do povo os compositores que cultivavam
 a primeira passam a desdenhar ostensivamente
 os motivos nacionais. Nem mesmo os títulos em
   português eles se permitem conferir às suas
  composições; e muito menos textos vernáculos
  às canções ou óperas que produzem. Acentua-
 se a imitação do estrangeiro nas camadas altas
        da arte, em oposição à música dos
  compositores populares, que se torna [...] cada
       vez mais combativamente nacional.
Os autores de um gênero não freqüentam o outro;
      e é provavelmente esse isolamento dos
     antagonistas que revigoras as respectivas
 características. Observem os seus títulos: Como
  isto desenferruja a gente; Nhonhô em sarrilho;
    Quebra-quebra minha gente. E considere o
 abismo que separava essas chulices saborosas
 dos nomes em francês ou italiano que tinham as
    peças musicais bem comportadas: Désir de
         plaire; Bluettes; I tuoi capelli d’or.
                   (Luis Heitor)
Principais compositores populares
Joaquim Antônio da Silva Callado
    Flautista
Chiquinha Gonzaga
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    Pianista
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Hist da Mús no Brasil

  • 2. O Período Colonial Música indígena Relatos de portugueses e estrangeiros Carta a El Rey Dom Manuel Jean de Lery Padres Jesuítas
  • 3. Carta de Pero Vaz de Caminha E olhando-nos, assentaram-se. E, depois de acabada a missa, assentados nós à pregação, levantaram-se muitos deles, tangeram corno ou buzina e começaram a saltar e a dançar um pedaço.
  • 4. Jean de Lery Essas cerimônias duraram cerca de 2 horas e durante esse tempo os quinhentos ou seiscentos selvagens não cessaram de dançar e cantar de um modo tão harmonioso que ninguém diria não conhecerem música. Se, como disse, no início dessa algazarra, me assustei, já agora me mantinha absorto em coro ouvindo os acordes dessa imensa multidão e sobretudo a cadência e o estribilho repetido a cada copla: He, he ayre, heyrá, heyraire, heyra, heyre, uêh. E ainda hoje quando recordo essa cena sinto palpitar o coração e parece-me a estar ouvindo.
  • 5. Padre Manuel da Nóbrega Ora um, ora outro lugar da cidade e à noite ainda faz cantar os meninos certas orações que lhe ensinou em sua língua deles, em lugar de certas canções lascivas e diabólicas que antes usavam.
  • 6. José Ramos Tinhorão A impressão definida como diabólica das canções indígenas derivava, naturalmente, da forma pela qual os padres as ouviam, sempre ligadas as danças rituais, entre batidas de pés no chão, volteios de corpo e pequenos estribilhos em uníssono [...] os jesuítas, assustados com o caráter selvagem do instrumental da música indígena – trombetas com crânio de gente na extremidade, flautas de ossos, chocalhos de cabeças humanas, etc. – trataram de iniciar os catecúmenos nos segredos do órgão, do cravo e do fagote, que melhor se adaptavam a música sacra [...] reduzindo-se o som original da música da terra a marcação de um ou outro instrumento de percussão.
  • 7. Introdução da música européia Catequese dos Jesuítas Didática Cantochão Instrumentos musicais Teclas Sopros Cordas Percussões indígenas
  • 8. Discussão Qual a importância da letra e da música? Quais seriam as consequências da música indígena com a letra européia? Ouve miscigenação?
  • 9. Curt Lange Nem se deve atribuir, visando a apologética da Ordem, uma atividade musical aos Jesuítas no Brasil que houvesse transcendido o princípio da catequese e do serviço normal, dentro da liturgia, para se elevar a regiões artísticas superiores, como o seriam, neste caso, a polifonia a capela ou a homofonia a vozes mistas e orquestra.
  • 10. Luciano Gallet Ao fim de pouco tempo, a música primitiva tinha desaparecido entre os índios recém civilizados, substituída pela outra [...] os próprios missionários confessam que se admiravam da facilidade prodigiosa com que os indígenas aprenderam os cânticos da igreja que lhes ensinavam...
  • 11. Luciano Gallet Em todas estas 3 aldeias há escola de ler e escrever. Aonde os padres ensinam os meninos índios; e alguns mais hábeis também ensinaram a contar, a cantar e tanger, tudo tomam bem, e há já muitos que tangem flautas, violas, cravo, e oficiam missas em canto de órgão, coisas que os padres estimam muito [...] por este tempo, já devia estar agonizando a primitiva música dos índios recém civilizados.
  • 13. Carta de Padre Jesuíta Parece-me, segundo êles são amigos da música que nós, tocando e cantando entre eles os ganharíamos. Pouca diferença há do que eles fazem ao que nós fazemos e faríamos, se Vossa Realeza nos fizesse prover de alguns instrumentos para que aqui os toquemos (enviando alguns meninos que saibam tocar) como são frautas, gaitas e uns ferrinhos com umas argolinhas dentro, as quais tocam dando com um ferro no outro, e um par de pandeiros com soalhas...
  • 14. ... Se viesse cá um tamborileiro e gaiteiro, parece-me que não haveria principal que não desse os seus filhos para que lhos ensinassem. E junto com isto [...] ir longe pela terra adentro, iriam seguros com isto, porque os negros a seus contrários (aos quais querem muito mal, tanto que se comem uns aos outros) os deixam entrar em suas terras e casas se lhes levam música e canto. [sic]
  • 16. Auto Pastoril (descrição de Fernão de Cardim) Outros saíram com uma dança de escudos à portuguesa, fazendo muitos trocados e dançando ao som da viola, pandeiro e tamboril e frauta, e juntamente representavam um breve diálogo, cantando algumas cantigas pastoris [...] debaixo da ramada se representou pelos índios um diálogo pastoril, em língua brasileira, portuguesa e castelhana [...] houve boa música de vozes, frautas, danças, e dali em procissão fomos até a igreja [sic]
  • 17. A vinda de Tomé de Souza Fundação de instituições musicais Os mestres de capela Francisco de Vaccas Outras regiões Pernambuco São Vicente Espírito Santo Rio de Janeiro São Paulo
  • 18. Régis Duprat Aos 4 de dezembro de 1551 foram criados na Sé de Salvador, por carta d’El Rey, os cargos de Chantre e 2 moços do coro; estes últimos são indicados e nomeados pelo Bispo de Salvador já em 1552, a 17 de agosto. O Chantrado é preenchido somente no ano seguinte, pelo Capelão da Sé, Clérigo de Ordens de Evangelho Francisco de Vaccas.
  • 19. Missas na Bahia (cartas) Houve nestas vésperas 3 coros diversos: um de canto de órgão, outro de um cravo e outro de flautas de modo que, acabando um começava o outro, e todos, certo, com muita ordem quando vinha a sua vez. ************************************ [a missa foi ] oficiada com boa capela dos índios, com frautas, e de alguns cantores da Sé, com órgão, cravo e descantes
  • 20. Atividade: identificar as características musicais indígenas e as não indígenas Wakti: faixa 1 Marlui Miranda: faixas 1, 4, 6, 8, 9, 15
  • 21. Leitura Bruno Kiefer. História da música brasileira
  • 22. O negro escravo e a música Contribuição indireta Sustentáculo econômico Funções musicais eruditas e semi- eruditas Caráter europeu Bahia e Pernambuco Maiores produtores de açúcar 5.000 negros por ano
  • 23. A produção musical erudita e semi- erudita Executantes de música européia Bandas de música Orquestras particulares Charamelleyros Conjuntos sacros
  • 24. Descrição de Pyrard de Laval Visitando a Bahia, em 1610, o francês Pyrard de Laval cita um potentado de então, cujo nome não menciona, mas diz ter sido capitão-general de Angola, o qual “possuía uma banda de música de 30 figuras, todas negros escravos, cujo regente era um francês provençal. E como devesse ser melômano, queria que a todo instante tocasse a sua orquestra, a acompanhar, ainda, uma massa coral”.
  • 25. Jaime Diniz “Os conjuntos instrumentais dos charamelleyros é que nunca devem ter faltado às festividades da Senhora do Rosário, como também, muito provavelmente, deviam abrilhantar o dia da coroação dos reis e rainhas, angolas ou crioulos. As charamelas constituíam especialidade dos negros, escravos ou não. Trata-se seguramente de uma herança direta da cultura portuguesa, implantada no nordeste brasileiro já desde remotas eras, inclusive no meio indígena...”
  • 26. Bruno Kiefer O termo “choromelleyro” (ou “charamelleyro”) abrangia não só os tocadores da charamela (instrumento de palheta dupla, de som estridente, do qual descendem o oboé e o fagote), mas também de outros instrumentos de sopro. A notícia mais antiga relativa aos “choromelleyros” no Recife é encontrada na documentação da Irmandade de N. Senhora do Rosário dos Pretos e data de 1709 [...] Entre os instrumentos tocados pelos negros figurava também a marimba.
  • 27. Charamela Antigo instrumento de sopro, precursor da atual clarineta, de timbre estridente e áspero, da família da flauta, dotado de palheta simples que o ar fazia vibrar depois de percorrer um tubo cilíndrico, posto acima do corpo sonoro do instrumento. (Aurélio)
  • 28. Curt Lange Era coisa normal, coisa de bom tom e sinal de distinção, ter negros choromelleyros no inventário de uma casa de gente abastada. Os choromeleiros aparecem abundantemente citados nas procissões e atos públicos gerais de Villa Rica e Mariana...
  • 29. Algumas características da execução dos músicos negros Boas vestimentas Repertório europeu ou de caráter europeu Conhecimento de solfejo e teoria Responsabilidade pela produção musical no ambiente popular Participação nos principais eventos sociais da população
  • 30. Vicente Salles No governo João Pereira Caldas (1722-1780) é citada uma orquestra de 12 músicos, negros escravos, composta de timbales, 6 trompas, 2 rabecas, 2 flautas e 2 clarins, e os negros se apresentavam “vestidos todos com vestidos azuis e escarlates, agaloados de galões de seda, com seus barretes nas cabeças”.
  • 31. Fatores relacionais entre a música africana e européia Repressão da livre manifestação musical africana Permanência das manifestações (à revelia) Necessidade de sobrevivência Renovação constante do contingente Reclusão das manifestações musicais mais autênticas aos guetos
  • 32. Participação dos negros nas manifestações musicais européias Instrução musical dos negros Papel dos mulatos Ascenção social através da música Livre manifestação dos mulatos Utilização de instrumentos europeus nas bandas e orquestras
  • 33. Lentidão na interação entre as 2 culturas Relação de dominação Repressão Desprezo Caráter predominantemente europeu da música erudita e semi-erudita Fenômeno derivado da formação das cidades
  • 34. Curt Lange Nos tempos coloniais houve sempre um justificado medo na população branca de poder produzir-se um levantamento dos pretos, particularmente em Minas Gerais, onde a maioria dos escravos, em proporção com a população, era assustadoramente grande. As proibições das “danças indecentes” repetiam-se com frequência igual às de impedir que eles levassem armas.
  • 35. As festas e folguedos dos pretos deram motivo à maioria branca para expressões de receio e desprezo, e a documentação sobre este particular é abundante. O mulato que se movia perto ou ao lado do branco, como artesão ou artista, fazendeiro, padre ou comerciante, reagia contra os pretos como se tivesse mentalidade de branco.
  • 36. Procurava-se evitar rebeliões ou levantamentos, isolados ou em massa compacta, por que nos folguedos, incentivados pela dança e embriagados pelo álcool (estritamente proibido como foi o uso das armas, mas que aparecia, como estas, em tais oportunidades), eles podiam cair muito bem sobre os brancos num súbito arranque de vingança e libertação.
  • 37. Queixa do Bispo de Pernambuco à Rainha D. Maria I “... Não só as danças indignas dos pretos se extinguão; mas as que fazem a São Gonçalo por serem estes, e aqueles festejos mais próprios dos bárbaros do que de catholicos...”
  • 38. Música militar Escassez de relatos antigos Variedade nas formações instrumentais Charamelas Clarins Percussão Bandas com negros escravos Bandas com mulatos livres Bandas com brancos Expansão com a vinda da Família Real
  • 39. Curt Lange Quando mais tarde o Governador Gomes Freire de Andrade deu maior importância à tropa de Minas, seguindo-lhe o exemplo D. Antônio de Noronha e concluindo esta organização Luis da Cunha Menezes, no regimento de Dragões, integrado só por brancos (que era em realidade o “Regimento Regular de Cavalaria”), no Regimento de Linha (tropa paga) e nos Terços auxiliares, a Música (banda ou capela militar), formou-se só com gente de cor, com mulatos livres. O tambor era geralmente preto escravo...”
  • 40. A música nas cidades Bahia Pernambuco Pará São Paulo São Vicente Minas Gerais
  • 41. Rio de Janeiro c.a. 1695
  • 42. Funções Musicais Mestres de capela Cantores Instrumentistas Organistas Cravistas Pianistas Charameleiros Flautistas Trompistas Etc. Compositores Teóricos
  • 43. Bahia Antiguidade Importância Primeira Capital Primeiro Bispado
  • 44. Régis Duprat Aos 4 de dezembro de 1551 foram criados na Sé de Salvador, por carta d’El Rey, os cargos de Chantre e 2 moços do coro; estes últimos são indicados e nomeados pelo Bispo de Salvador já em 1552, a 17 de agosto. O Chantrado é preenchido somente no ano seguinte, pelo Capelão da Sé, Clérigo de Ordens de Evangelho Francisco de Vaccas.
  • 45. Manifestações musicais Repertório da sé Música renascentista Cantochão Formação até 1626 1 mestre de capela 1 organista 4 moços do coro Música em festividades públicas Ópera
  • 46. Comemoração do casamento de D. Pedro (1760) Pelas ruas não se ouvião se não músicos instromentos com diversissimas danças que admirando pelo modo, suspendião pelas estupendas forças que idearão [...] Precedião a cavallo xarameleiros e trombetas com atabales e trompas, que pregoeiros de tanta magnificência dando alento aos seus concavos metais faziam que ressonasse o ar de alegres estrondos, cujos ecos publicavam real grandeza
  • 47. Terceiro dia de festa Ao som de armoniosos instrumentos dançarão se alguas danças commuas com toadas e modas da terra que bastantemente satisfizerão aos que contentes se achavão neste universal espetáculo de gozo e prazer [...] huma deliciosa sonata, cantando imediatamente o coro. Ao depois, huma das figuras dançou belissimamente o oitavado ao som dos instrumentos e concluirão a tarde, e a sua função com hum minuete a quatro. [sic]
  • 48. Ópera Os dias 22, 23 e 25 reservou para si o Senado da Camara para fazer representar à sua custa 3 óperas que se representarão na praça pela forma seguinte. Na primeira noite representou- se Alexandre na Índia, na segunda, Artaxerxes, na terceira, finalmente, Dido Abandonada, cada uma destas óperas foi tão bem executada que agradou a todos. [sic]
  • 49. Recitativo e Ária Durante algum tempo a mais antiga 2 de julho de 1759 Obra profana Laudatória a Coelho de Mello Pompa e grandiloquência Mitologia greco-romana Texto em português Voz, violino I e II, baixo contínuo
  • 50. Música em Pernambuco Início no séc. XVI (análogo à Bahia) Matriz de Olinda M. de Capela Gomes Correia (1564) Alguns compositores Inácio Ribeiro Nóia Luís Álvares Pinto Joaquim B. M. Ribeiro Pinto
  • 51. A música no Pará Início no séc. XVII Companhia de Jesus Chegada do Bispo em 1724 Criação do corpo artístico 1 chantre 1 sub-chantre 9 capelães músicos 8 moços do coro 1 organista Casa de ópera ou Teatro Cômico (1763)
  • 52. Outros estados Mestres de capela e música religiosa Maranhão Paraná São Paulo
  • 53. Minas Gerais Produção composicional volumosa Execução volumosa Alto nível de elaboração Motivações Riqueza advinda da mineração Tradições portuguesas Imigrações emboabas
  • 54. Curt Lange Nota-se desde os primórdios da formação da Capitania [Minas Gerais] uma estranha devoção pela música no seu confuso conglomerado humano, produto, talvez, da nostalgia e do isolamento, como também da tradição musical portuguesa, enraizada desde tempos muito antigos no seu povo e nos que procuravam uma nova vida além-mar .
  • 55. Saint-Hilaire ...E celebrou-se na igreja paroquial da Vila do Príncipe, uma missa com música, à qual assistiram, com grande toilette as pessoas as mais distintas da cidade. Os músicos, todos habitantes do país, estavam postos numa tribuna e o povo não tomava parte nos cantos. A música convinha a santidade do lugar como também à solenidade da festa e foi perfeitamente executada. Diversos cantores tinham uma voz calorosa, e duvido que, em alguma cidade do norte da França, de semelhante população, se executasse uma missa com música tão bem como essa...
  • 56. Formação social (Fritz Teixeira) Os mineradores e comerciantes portugueses, pernambucanos ou baianos, eram um grupo social novo, uma força nascente que se opunha à força antiga dos bandeirantes. Minas nasceu, portanto, de uma economia citadina e mercantilista e não rural ou agrária, como Pernambuco, por exemplo, cuja base eram os engenhos de açúcar e sua aristocracia rural.
  • 57. Atividade musical Rápido desenvolvimento Grande quantidade de músicos 250, somente em Vila Rica Proveniência dos músicos Portugal Bahia Pernambuco
  • 58. Atividade musical Participação dos mulatos Ascensão social Negros e brancos Funções Religiosa (missas, procissões etc.) Profana (saraus, exéquias, festas, óperas etc.)
  • 59. Os mulatos (João José Teixeira, 1780) ...que aqueles mulatos que não se fazem absolutamente ociosos, se empregam no ofício de músicos, os quais são tantos na capitania de Minas, que certamente excedem o número dos que há em todo o reino.
  • 60. Os mulatos (Curt Lange) ...os mulatos de Pernambuco e da Bahia seriam os primeiros povoadores e a base profissional séria sobre a qual teve o seu fantástico desenvolvimento a atividade musical das Minas Gerais...Esta emancipação não foi possível para o negro, porque, quando ele era treinado para o exercício musical, com a finalidade de integrar a orquestra e o coro dos senhores de engenho não saía da condição de escravo.
  • 61. Músicos Padres (minoria) Leigos (maioria) Saraus Bodas Enterros Missas e procissões Instrução Casa do mestre de música Latim, teoria e prática musical Irmandades Corporações profissionais
  • 62. Estilo musical Rococó, Clássico Peças européias Imitação do estilo europeu Peças brasileiras no estilo europeu Algumas motivações do eurocentrismo Dominação européia Ausência de correntes estéticas nacionalistas
  • 63. Alguns dos principais compositores José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita Francisco Gomes da Rocha Marcos Coelho Neto Ignácio Parreira Neves
  • 64. J. J. Emerico Lobo de Mesquita Tércio (1783, autógrafo).
  • 65. A modinha e o lundu Séculos XVIII e XIX
  • 66. A modinha e o lundu Raízes principais da música popular Ponto mais comum entre musicólogos Outros tipos de composição populares A Fofa Primeiras referências no final do séc. XVIII
  • 67.
  • 68. A Modinha Diminutivo de moda Moda: qualquer tipo de canção Questões a respeito do país de origem Portugal ou Brasil? Atribuições a Domingos Caldas Barbosa Deixa o Brasil em c.a. de 1770 Notícias em Lisboa em c.a. de 1775
  • 69. Domingos Caldas Barbosa Poeta, compositor, cantor e tocador de viola Nasceu no Rio de Janeiro Mulato Pai branco e mãe negra Formação em colégio jesuíta Já chamava a atenção dos demais Poesias Veia satírica
  • 70. • Veia satírica acarreta uma punição Afastamento p/ Colônia de Sacramento Permanece até 1762 C.a de 1770 vai para Portugal Goza de proteção da corte Acesso às altas rodas sociais Suas habilidades impressionavam Recebe ordens sacras
  • 71. • Auto denominação árcade: Lereno Selinuntino • Viola de Lereno (1798) Coletânea de poesias em 2 volumes Várias edições
  • 72.
  • 74. Apresentações e influências de Caldas Barbosa “Meu amigo. Tive finalmente de assistir à assembléia de F...(D. Leonor de Almeida, Marquesa de Alorna) para que tantas vezes tinha sido convidado; que desatino não vi? Mas não direi tudo quanto vi; direi somente que cantaram mancebos e donzelas cantigas de amor tão descompostas, que corei de pejo como se me achasse de repente em bordéis, ou com mulheres de má fazenda.
  • 75. Antigamente ouviam e cantavam os meninos cantilenas guerreiras, que inspiravam ânimo e valor; (...) Hoje, pelo contrário, só se ouvem cantigas amorosas de suspiros, de requebros, de namoros refinados, de garridices. Isto é com que embalam as crianças; o que ensinam aos meninos; o que cantam os moços, e o que trazem na boca donas e donzelas.
  • 76. Que grandes máximas de modéstia, de temperança e de virtude se aprendem nestas canções! Esta praga é hoje geral depois que o Caldas começou de pôr em uso seus romances e de versejar para as mulheres. Eu não conheço um poeta mais prejudicial à educação particular e pública do que este trovador de Vênus e Cupido;
  • 77. A tafularia do amor, a meiguice do Brasil, e em geral a moleza americana que em seus cantares somente respiram as imprudências e liberdade do amor, e os ares voluptuosos de Pafos e de Cítara, e encantam com venenosos filtros a fantasia dos moços e o coração das Damas.
  • 78. Eu admiro a facilidade de sua veia. A riqueza de suas invenções, a variedade dos motivos que toma para seus cantos; e o pico e a graça dos seus estribilhos e ritornelos com que os remata; mas detesto os seus assuntos e, mais ainda, a maneira com que os trata e com que os canta.” (Ribeiro dos Santos)
  • 79. Modinha de Caldas Barbosa Ah nhanhá venha escutar Amor puro e verdadeiro, Com preguiçosa doçura Que é amor de brasileiro. Gentes, como isto Cá é temperado, Que sempre a favor Me sabe o salgado: Nós lá no Brasil A nossa ternura A açúcar nos sabe, Tem muita doçura, Oh! Se tem! Tem Tem um mel mui saboroso É bem bom, é bem gostoso
  • 80. Lundu de Laurindo Rabelo (tipo cantado em voz baixa e geralmente não publicado) Eu tenho uma bengala Da maior estimação. É feita da melhor cana E tem o melhor castão. A minha caseira Toda inteira se repela Quando três vezes ao dia Não dou bengaladas nela
  • 81. Outras descrições da modinha O stacato monótono da viola acompanhado pelo murmúrio tênue e suave de vozes femininas cantado modinhas, formava em conjunto, uma combinação do sons estranha e não desagradável. Isto constituiu incentivo para que galgássemos vários lances de escada, até os seus aposentos, que estavam apinhados de sobrinhos, sobrinhas e primos, aglomerados em torno de duas jovens muito elegantes, as quais, acompanhadas pelo seu mestre de canto, um frade baixo e quadrado, de olhos verdes, cantavam modinhas brasileiras.
  • 82. Aqueles que nunca ouviram este original gênero de música, ignoram e permanecerão ignorando as melodias mais fascinantes que jamais existiram, desde os tempos dos Sibaritas. Elas consistem em lânguidos e interrompidos compassos, como se, por excesso de enlevo, faltasse o fôlego e a alma anelasse unir-se à alma afim, do objeto amado.
  • 83. Com uma inocente despreocupação, elas se insinuam no coração, antes de ele ter tempo de se resguardar contra a sua sedutora influência; imaginais saborear leite, mas o veneno da voluptuosidade é que vai penetrando nos recessos mais íntimos do ser. Pelo menos assim sucede àqueles que sentem a força desses sons harmoniosos; (Lord Beckford, 1787)
  • 84. Características estilísticas Linguagem tipicamente brasileira Nomes de origem africana Diminutivos Uma ou duas vozes com acompanhamento Maioria das vezes é 2/4 Viola de arame é o principal acompanhamento Profusão de síncopes
  • 85. Esquemas harmônicos simples Esquemas formais: AABB; AABB-refrão Predomínio das linhas melódicas descendentes Temas de amor; singelos; voluptuosos
  • 87.
  • 88.
  • 89.
  • 90.
  • 91.
  • 92.
  • 93. O Lundu • Outras denominações: lundu, londu, landu, landum, londum ou lundum, Dança brasileira mais antiga com exemplos musicais Referências históricas a partir de 1770 Dúvidas a respeito da origem: O quanto é ibérico ou africano? Provável origem brasileira Diversas citações em fontes brasileiras Em Portugal a dança popular era a fofa
  • 94. A função (sátira): mais antiga menção ao Lundu. De Nicolau Tolentino de Almeida, c.a. 1770 Em bandolim marchetado, Os ligeiros dedos prontos, Loiro Paralta adamado, Foi depois tocar por pontos O doce londum chorado: Se Márcia se bamboleia Neste inocente exercício, Se os quadrís saracoteia, Quem sabe se traz cilício, E por virtude os meneia?
  • 95. Quadra de Domingos Caldas Barbosa. década de 1770 Eu vi correndo hoje o Tejo, vinha soberbo e vaidoso; só por ter nas suas margens o meigo lundum gostoso. Que lindas voltas que fez; estendido pela praia, queira beijar-lhe os pés Se o lundum bem conhecera, quem o havia cá dançar; de gosto mesmo morrera, sem poder nunca chegar. Ai, rum, rum, vence fandangos e gigas a chulice do lundum.
  • 96. Sobre a origem do Lundu Tudo indica que o lundu tenha mesmo surgido no Brasil, mesmo sendo o resultado da mescla de elementos musicais e coreográficos de origens diversas. A dança nacional portuguesa na segunda metade do XVIII era a fôfa, dançada aos pares, ao som de violas e guitarras (portuguesas), dança que parece não ter sido praticada no Brasil, já que não é citada em documentos brasileiros. No Brasil setecentista, ao contrário, foram predominantemente citadas duas danças: o lundu e o batuque. (Paulo Castagna)
  • 97. O batuque O batuque, a julgar pelas descrições e ilustrações disponíveis (as principais foram publicadas por Carl Friedrich von Martius e por Johann Moritz Rugendas), foi uma denominação portuguesa genérica para todo tipo de dança de negros, praticada em fazendas durante o dia e ao ar livre, nos fins de semana ou dias de festa. O batuque era acompanhado pela percussão de instrumentos idiófonos ou membranófonos ou, mais comumente, pela batida das próprias mãos, empregando-se também a umbigada, recurso coreográfico que se difundiu por todo o país em gêneros que ainda são observados entre populações de origem afro-brasileira. (Paulo Castagna)
  • 98. Sobre a origem do Lundu Já o lundu parece ter sido uma dança mais difundida socialmente, praticada entre negros, brancos e mulatos. Carl Friedrich von Martius, que esteve em Belém em 1819, associou o lundu aos mulatos da cidade, com a seguinte observação (SPIX e MARTIUS, 1981, v.3: 29): “Para o jogo, a música e a dança, está o mulato sempre disposto, e movimenta-se insaciável, nos prazeres, com a mesma agilidade dos seus congêneres do sul, aos sons monótonos, sussurrantes do violão, no lascivo lundu ou no desenfreado batuque.” (Paulo Castagna)
  • 99. Viagem pitoresca pelo Brasil (1835, Rugendas) “A dança habitual do negro é o ‘batuque’. Apenas se reúnem alguns negros e logo se ouve a batida cadenciada das mãos; é o sinal de chamada e de provocação à dança. O batuque é dirigido por um figurante; consiste em certos movimentos do corpo que talvez pareçam demasiado expressivos; são principalmente as ancas que se agitam; enquanto o dançarino faz estalar a língua e os dedos, acompanhando um canto monótono, os outros fazem círculo em volta dele e repetem o refrão.”
  • 100. “Outra dança negra muito conhecida é o ‘lundu’, também dançada pelos portugueses, ao som do violão, por um ou mais pares. Talvez o ‘fandango’, ou o ‘bolero’ dos espanhóis, não passem de uma imitação aperfeiçoada dessa dança.” “Acontece muitas vezes que os negros dançam sem parar noites inteiras, escolhendo, por isso, de preferência, os sábados e as vésperas dos dias santos.”
  • 101. Viagem pitoresca pelo Brasil (1835, Rugendas) “[...] o tambor grande e a rabeca atraem a atenção dos moradores da casa, que correm às varandas e janelas para se regalarem com a vista do lascivo e até frenético landum, dançado por um negro e uma negra cujos próprios gestos e olhares serviriam apenas para pessoas de maior delicadeza, para criar as mais extremas sensações de repulsa. Mas os portugueses gostam tanto desta dança, desde que submetida a algumas modificações decentes, que nunca deixam de a contemplar com prazer, memo quando levada a extremos pelos seus inventores originais”
  • 102. Anônimo registrado por C.P.F. Martius. Landum (instrumental)
  • 103.
  • 104. Anônimo, registrado por Antônio Vieira dos Santos. Primeiro lundu da Bahia (instrumental)
  • 105.
  • 106. Cartas Chilenas (1787), de Tomás Antônio Gonzaga Fingindo a moça que levanta a saia e voando na ponta dos dedinhos, prega no machacaz, de quem mais gosta, a lasciva embigada, abrindo os braços. Então o machacaz, mexendo a bunda, pondo uma mão na testa, outra na ilharga, ou dando alguns estalos com os dedos, seguindo das violas o compasso, lhe diz - “eu pago, eu pago” - e, de repente, sobre a torpe michela atira o salto.
  • 107. Ó dança venturosa! Tu entravas nas humildes choupanas, onde as negras, aonde as vis mulatas, apertando por baixo do bandulho a larga cinta, te honravam cos marotos e brejeiros, batendo sobre o chão o pé descalço. Agora já consegues ter entrada nas casas mais honestas e palácios!
  • 108. O período de Dom João VI
  • 109. Largo do Paço, 1808 (Richard Bates)
  • 110. Precedentes Rio de Janeiro 25.000 habitantes Cultura Limitações impostas por Portugal Proibição de edições Inexistência de bibliotecas e museus públicos
  • 111. José A. Castello Vida social não existia, por que não havia sociedade; questões públicas tampouco interessavam e mesmo não se conheciam: quando muito, sabem se há paz ou guerra...é mesmo duvidoso se sentiam, não uma consciência nacional, mas ao menos capitaneal, embora usassem tratar-se de patrício e paisano.
  • 112. Música antes de Dom João VI Encenações de ópera Irmandades musicais Religião Interesses de um grupo de músicos José Maurício Nunes Garcia
  • 113. José Maurício Nunes Garcia (Vasco Mariz) Não era apenas mais um músico mulato, da série que tanto frutificou no período colonial...já se pode afirmar sem hesitação que o padre-mestre foi mesmo um homem culto, com educação humanista desusada para pessoa de sua modesta origem, orador apreciado, além de grande compositor e notável intérprete também.
  • 114. Estilo de José Maurício O estilo encontrado na música até agora conhecida do Rio de Janeiro colonial, assim como na arquitetura, é tardio, mais complexo e cosmopolita que a encontrada no nordeste ou em Minas Gerias. Além disso, José Maurício Nunes Garcia, apesar de sua base estética portuguesa e italiana, utiliza também modelos importados de outras nacionalidades, sendo a riqueza de meios a característica principal de sua produção e de outros autores do início do séc. XIX.
  • 115. O primeiro aspecto notável na música de Nunes Garcia é a semelhança de seu estilo com o classicismo internacional europeu do final do séc. XVIII, mas com a inclusão da contribuição austríaca, o que não é normalmente observado na música mineira e nordestina, mesmo até as primeiras décadas do séc. XIX. Mais sóbria, densa e detalhista que o exemplo mineiro, a música de Nunes Garcia parece ter se baseado em maiores novidades estilísticas que seus contemporâneos mineiros e paulistas, existindo indícios de que pode ter conhecido e assimilado o estilo de Joseph Haydn (aliás, não foi coincidência o fato de o primeiro livro sobre música impresso no Brasil ter versado sobre a vida de Haydn. (Paulo Castagna)
  • 116. Nunes Garcia também foi o primeiro compositor brasileiro a diversificar os meios de expressão de sua produção musical, embora ainda predominasse a música religiosa: escreveu obras para coro a cappella, para um ou dois coros e contínuo, para coro e orquestra, para voz solista e orquestra, para orquestra (Abertura Zemira, Abertura em Ré, Sinfonia Tempestade), para conjunto de sopros (Doze divertimentos, perdidos) música dramática (Ulissea, O triunfo da América, Coro para o entremês e a ópera Le due gemmelle, perdida), lições e fantasias para pianoforte, as modinhas Beijo a mão que me condena, No momento da partida e Marília, se não me amas (perdida) e um tratado teórico. (Paulo Castagna)
  • 117. Tota pulchra es Maria (séc. XVIII) O manuscrito desta obra (1783), a mais antiga composição conhecida do padremestre, está arquivado na Biblioteca Alberto Nepomuceno da Escola de Música da UFRJ. Seu texto é destinado às vésperas e missa da Imaculada Conceição da Virgem Maria (8 de dezembro). A peça possui uma incomum introdução na qual se ouve um solo de flauta, seguido de um solo de soprano e, finalmente, da intervenção coral, sempre acompanhados pelas cordas e pelo contínuo. (P. Castagna)
  • 118. Abertura em ré (séc. XVIII) Composta no estilo das aberturas de ópera italianas do final do séc. XVIII, cujo representante típico foi Giovanni Paisiello (1740-1816), desconhece-se o motivo pelo qual foi escrita, mas é certo que não foi destinada à ópera. Embora o termo abertura fosse utilizado, como informa Ernesto Vieira, para designar “Symphonia, peça de musica orchestral que precede uma opera, uma oratoria, um drama com musica ou qualquer outra composição de grande desenvolvimento”, a abertura também podia ter outra função: “Peça de musica para orchestra, no estylo da abertura propriamente dita, mas destinada a ser executada em concertos ou a servir de introducção ou intermedio em qualquer espectaculo ou solemnidade. São propriamente symphonias de pequenas dimensões, a que os auctores não quizeram dar este nome para não serem confundidas com as grandes symphonias classicas” (P. Castagna)
  • 119. Irmandade de Santa Cecília Toda pessoa que quiser exercer a profissão de músico, ou seja, cantor ou instrumentista, será obrigado a entrar nesta confraria e para ser admitido por confrade representará a Mesa, declarando a qualidade de seu estado e a sua naturalidade para que a Mesa o possa admitir ou excluir sendo notoriamente inábil ou publicamente escandaloso pelo mau procedimento.
  • 120. Serão obrigados os Irmãos e Músicos a contribuírem para o cofre da Irmandade anualmente com um vintém de cada pataca que ganharem de todas as funções que forem cantar ou tanger, ou seja Eclesiástica ou de Oratórios públicos ou particulares, ao que ficarão responsáveis os Diretores das funções para entregarem logo que forem pagos das ditas funções no prazo de vinte e quatro horas ao Irmão Procurador para se recolher ao cofre; e o não fazendo com mora de tempo se lhes tirará da primeira função a que forem convidados em dobro os ditos vinténs em pena de sua rebelia ou omissão.
  • 121. Chegada de Dom João VI Transferência cultural da Bahia para o Rio Chegada da corte Criação de instituições importantes Jornais Biblioteca Nacional Museu Nacional Imprensa Nacional Missão artística francesa
  • 123. Panorama musical após a chegada de D. João VI No período em que D. João esteve no Rio (1808-1821), entretanto, ocorreu um extraordinário aumento na demanda de música, em função do número de portugueses que chegaram ao Brasil, interessados em manter o mesmo nível de prática musical a que estavam acostumados em Lisboa, aumento esse que acarretou na preservação de maior quantidade de composições do período.
  • 124. Houve, portanto, uma ampliação das perspectivas profissionais, que atraiu para o Rio de Janeiro músicos de várias regiões do Brasil, mas também de Portugal e de outros países da Europa. Dos compositores e intérpretes passou-se a exigir a criação de obras religiosas mais virtuosísticas e o trabalho com gêneros profanos ainda pouco praticados no Brasil, como a ópera e a música instrumental. O Rio assistia à chegada de um estilo cortesão de consumo, com o qual ainda não estava habituado, mas que a ele teria rapidamente de se adaptar. (P. Castagna)
  • 125. Aclamação de Dom João VI
  • 126. Cena de Rua, Rio de Janeiro (Debret)
  • 127. Cena com a Família Real (Debret)
  • 128. Igreja de Santa Cruz dos Militares no início do século XIX. (Richard Bates)
  • 129. Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, 1817 (Thomas Ender)
  • 130. Missão Francesa A vinda dessa missão foi indiscutivelmente benéfica para o Brasil. Ao mesmo tempo, porém, criou-se um condicionamento pelas atividades ligadas ao provimento de modelos europeus e ao recrutamento de discípulos, de que foram manifestação concreta a fundação de escolas de artes e de museus e a contratação de mestres estrangeiros. (Nélson Werneck Sodré)
  • 131. Investimentos na música Criação do Real Teatro São João Maior das Américas Concertos e óperas Capela Real 150 cantores e instrumentistas 1° Mestre de Capela: José Maurício Músicos nacionais e estrangeiros
  • 132. Capela Real Dizia-se geralmente que a Capela Real era organizada de modo a satisfazer plenamente os amadores de música. Era constituída como a antiga Capela Real de Lisboa e não se havia olhado a despesas. Quatorze ou quinze sopranos misturavam suas vozes características à música de [Marcos] Portugal e dos melhores compositores religiosos, e formaram um conjunto muito admirado, especialmente pelos estrangeiros. (Alexandre Coldelaugh)
  • 133. Execução de óperas italianas A ópera italiana, até aqui, não tem apresentado, nem da parte dos cantores, nem da orquestra, nada perfeito; uma banda particular de música vocal instrumental, que o príncipe herdeiro formou com mestiços locais e pretos, indica bastante o talento musical do brasileiro. D. Pedro [...], costuma reger às vezes, ele próprio, essa orquestra, que, assim estimulada, procura executar as peças com muita perfeição. O discípulo preferido de J. Haydn, o cavalheiro Neukomm, achava-se então como diretor da Capela do Paço, no Rio. Para suas missas, porém, compostas inteiramente no estilo dos mais célebres mestres alemães, ainda não estava de todo madura a cultura musical do povo. (Philipp von Martius)
  • 134. Repertório europeu o Requiem de Mozart [...] foi executado em dezembro passado [1819] na Igreja do Parto, por uma numerosa orquestra. O mestre de capela da Capela Real, Padre José Maurício, dirigiu o conjunto. “A dedicação, com a qual Padre Garcia resolveu todas as dificuldades, para finalmente executar aqui uma obra prima do nosso imortal Mozart, recebeu o mais caloroso agradecimento dos amantes da arte locais. (S. Neukomm)
  • 135. • Principais músicos Sigismund Neukomm (Salzburgo) Marcos Portugal José Maurício Vida Obra Cargos Relação com Dom João VI Relação com demais músicos
  • 136. Bruno Kiefer O regente não poupava dinheiro com a música da Capela Real. Mandava vir, inclusive, sopranistas (castrati) da Europa, os primeiros a apontarem aqui. Se pensarmos na quantidade enorme de festas religiosas, comemorações familiares e políticas com função religiosa, poderemos ter uma idéia da intensidade da vida musical na Capela Real.
  • 137. Características gerais Crescimento cultural vertiginoso Forte estímulo musical durante curto período (13 anos) Diminuição radical após retirada da corte para o Reino
  • 138. Período de Dom Pedro I Decadência brusca das atividades musicais Capela Imperial (antiga Real) Teatro São João (incendiado) Atividades musicais de Dom Pedro I Intérprete Canto, fagote, trombone, clarinete, violoncelo, flauta e rabeca. Compositor Hino da Independência Hino da Carta Mestres José Maurício Nunes Garcia Sigismund Neukomm
  • 139. Carta da princesa Leopoldina O meu marido é compositor também, faz- vos presente de uma sinfonia e de um Te Deum composto por ele. Na verdade são um pouco teatrais, o que é culpa do seu professor, mas o que vos posso assegurar é que ele próprio os compôs sem auxílio de ninguém.
  • 140. Relato de Jacobus van Boelen (1826) A ópera imperial é esplendidamente construída e preparada, e é igual em tamanho ao Stads Schouwburg, de Amsterdã. As óperas e os bailados, para cuja suntuosidade e beleza nada poupam, são executados por artistas italianos e merecem os maiores elogios.
  • 141. Decadência após Dom Pedro I Durante o governo de D. Pedro ainda havia freqüentes bailados e óperas italianas. [...] Com a abdicação do imperador, a arte mímica, já quase extenuada até a morte, recebeu o golpe de misericórdia.[...] Em lugar deles apresentavam-se agora só atores nacionais, em geral mulatos, e infelizmente colhiam patriótico aplauso geral dos espectadores [...]Os mulatos já são de nascença apenas obra de remendo da natureza, por isso são peritos remendões. As mais antigas, como as mais novas produções dramáticas de França e Alemanha foram produzidas em horrível transformação[...] Assim, recordo-me, por exemplo, duma representação do ‘Guilherme Tell’, de Schiller: a obra- prima alemã tornou-se comédia portuguesa.[1] [1] Correio Mercantil do Rio de Janeiro, 1854.
  • 142. Missa de Santa Cecília (estilo) Textura homofônica Trechos polifônicos (aplicados como um recurso deliberado e destacado) Caracterização idiomática bem definida: madeiras, cordas. Contraste entre a figuração idiomática do solista e do restante da orquestra Períodos bem definidos Períodos simétricos Começo e fim dos períodos coincidem com compassos Ritmo harmônico lento
  • 143. Harmonia convencional no baixo, baseado nas principais funções harmônicas (I-IV-V-I) Grandes nuances de volume de som Grandes nuances agógicas Utilização das madeiras tanto para o preenchimento de harmonia quanto em conjunto solista e em solos separados Baixo de alberti Ausência de baixo contínuo Maior exploração do colorido orquestral, cada instrumento age como um personagem dramático, ao invés da tendência barroca de contrastes de conjuntos, dinâmica ou timbre. Exploração das potencialidades técnicas de cada instrumento individualmente Influencia do estilo alemão (principalmente Áustria)
  • 144. Valorização do soprano e melhor constituição das vozes intermediárias Maior exploração da expressividade do solista Menor volume de ornamentação que o Barroco. Exploração do silêncio como articulação dramática Preparação para cadências e modulação Forma bem definida Contraste temático Abandono de afetos Sistema maior menor Sistema tonal Exploração de potencial dramático das tonalidades menores
  • 145. Abdicação de Dom Pedro I (1831) Agravamento da crise Dissolução da orquestra da Capela Imperial Continuidade nas casas da aristocracia Importação de artistas e professores Sociedades musicais
  • 146. Francisco Manuel da Silva Mestres Sigismund Neukomm José Maurício Nunes Garcia Fundador da Sociedade Beneficente Musical (1833) Participação na Sociedade Filarmônica Mestre compositor da Imperial Câmara (1841)
  • 147. Mestre de capela (1842) Cavaleiro da Ordem da Rosa (1857) Criação do Conservatório Brasileiro de Música (1855) Composições Hino Nacional Execução Violino, violoncelo, órgão e piano
  • 148. Francisco Manuel (Vasco Mariz) Francisco Manuel foi um compositor pouco original...grande parte de sua obra foi para ser interpretada na Capela Imperial...o grande feito de Francisco Manuel, como professor e organizador do ensino da música no Brasil, foi a criação do Conservatório do Rio de Janeiro...continuava também muito ativo como regente no Teatro Lírico Fluminense.
  • 150. Tendências românticas Tardio em relação à Europa Influências francesas Crescimento da burguesia na segunda metade do séc. XIX Militares, funcionários públicos Profissionais liberais, jornalistas Pequenos comerciantes etc. Literatura inspirada em temas nacionais José de Alencar
  • 151. Influências burguesas Fundação de sociedades musicais Clube Beethoven; Clube Mozart; Sociedade de Conc. Clássicos etc. Estímulo à música virtuosística Piano: Thalberg; Arthur Napoleão Gottschalk Flauta: Reichert Etc. Promoção do ensino da música
  • 152. Desenvolvimento do comércio e fabricação de instrumentos I. Bevilacqua; M. Chesnay etc. Sustento das apresentações musicais pagas Edições de partituras e periódicos musicais
  • 153. Criação do Conservatório de Música do Rio de Janeiro (1847) Primeiro diretor: Francisco M. da Silva Atual Escola de Música da UFRJ
  • 154. Fundação do Conservatório de Música do Rio de Janeiro Nenhum mestre existe pago pela Nação, nenhuma cadeira de ensino gratuito para as massas, em cujo vasto seio se alberga o gênio das artes, foi até agora instituído pelo Governo. A música tem sido entregue a seus destinos; hoje só é lícito gozar de seu ensino as pessoas abastadas que podem pagar mestres; ao povo nada se concede.
  • 155. Por outro lado a conveniência da instituição de um conservatório de música sob o ponto de vista econômico e político é incontestável: sob este ponto de vista ele deve ser considerado como uma industria, e assim produzindo todas as vantagens de outra qualquer, prestando uma ocupação honesta, civilizando por via do trabalho. A concepção pois, de uma instituição que tem por fim favorecer os progressos da música, difundir os conhecimentos dessa arte pela população, deve merecer toda a atenção do Governo e das Câmaras. (Jornal O Brasil, 1841)
  • 156. O repertório Predominância do repertório europeu Música de salão Polca, schottisch, mazurca, valsa Gradativa nacionalização Segunda metade do séc. XIX Gradativa diversificação Papel das sociedades musicais
  • 157. A música na Bahia Ligadas principalmente a igreja e às corporações militares Diminuição após a mudança de centro p/ o Rio Precárias condições de ensino Compositores e músicos proeminentes Domingos da Rocha Mussurunga Damião Barbosa Guilherme de Mello
  • 158. Decadência da produção baiana Com relação às festas de igreja, houve tempo em que, talvez por imitação de Dom João VI, cada ricaço, cada senhor de engenho, não poupava sacrifícios para festejar com toda pompa e solenidade o Santo de sua devoção [...] nesse tempo podia haver dez festas no mesmo dia, que se encontravam instrumentistas e cantores para todas elas. Hoje, porém, quando acontece haver duas festas solenes no mesmo dia, é preciso que uma comece mais cedo para os cantores desta servirem na outra. (Guilherme de Mello)
  • 159. São Paulo Pouco desenvolvimento Crescimento gradual do comércio de instrumentos e impressos Predominância das sociedades musicais Clube Haydn Sociedade Coral Clube Mendelssohn Sociedade de Quarteto Paulistano
  • 160. Movimento da ópera nacional Década de 1850 Valorização da língua nacional Temas nacionais Tendências indianistas e anti-escravistas Permanências das características estilísticas musicais européias
  • 161. Prelúdio: As iniciativas de João Antônio Miranda “Quero fazer representar no dia 7 de setembro uma ópera em italiano , cujo assunto seja nacional” Texto de Manuel de Araújo Porto Alegre Música de G. Giannini Resultado diferente do esperado Apresentação de parte da ópera Texto em português “Véspera dos Guararapes” Sucesso e entusiasmo Afirmação da língua nacional
  • 162. Espécie de concurso para estimular os compositores nacionais Novas complicações Resultados Primeira ópera brasileira em português “Marília de Itamaracá” Música de Adolpho Maersch Libreto de Simoni
  • 163. Imperial Academia de Música e Ópera Nacional Iniciativa de D. José Amat Ex-nobre Fugitivo da Espanha Professor de música no Rio Empresário e gerente do projeto Apoio do governo Imperial Espaço para as apresentações Garantias de monopólio
  • 164. Plano da Imperial Academia de Música e Ópera Nacional Fazer com que o Conservatório de Música coopere pelos meios ao seu alcance ao bem da Academia Proibir, durante 8 anos, que em teatro algum subvencionado pelo Governo Imperial se apresentem óperas líricas em língua nacional Uma vez a cada ano, pelo menos, a Academia dará uma partitura nova de composição nacional
  • 165. A academia dará representações de canto em língua nacional, de cantatas e idílios, e também de alguns atos ou cenas de ópera já representadas aqui. E logo que se achar habilitada representará, também em língua nacional, algumas das melhores óperas italianas, francesas e espanholas ainda não conhecidas aqui A academia dará 10% do produto líquido de cada récita aos autores de qualquer ópera lírica nacional que for por ela representada
  • 166. Estímulo as zarzuelas em língua nacional Zarzuela Origem espanhola Geralmente um ato Caráter cômico Caráter popular Sem recitativo Diálogos alternados com canto Adaptação ao contexto brasileiro
  • 167. Encenação de diversas zarzuelas e óperas em língua nacional • “A estréia de um artista” (1857) • “Pipelet” (1860) Música de Ferrari Libreto de Machado de Assis • “A Noite de São João” (1860) Libreto de José de Alencar Música de Elias Alvares Lobo Sucesso na estréia Partitura encontra-se perdida Primeira ópera nacional com 2 autores nacionais
  • 168. • “Moema e Paraguaçu” (1861) Libreto de F. B. de Abreu Música de Sangiorgi (italiano) • “A noite no castelo” (1861) Libreto de A. J. F. dos Reis Música de Carlos Gomes Estréia de Carlos Gomes Grande sucesso “O jovem compositor teve anteontem uma demonstração que o deveria tocar profundamente” (jornal da época)
  • 169. Problemas da ópera nacional Complicações envolvendo D. José Amat Predominância da ópera italiana Eurocentrismo Intérpretes estrangeiros que tinham dificuldade com o português Maiores rendimentos do repertório estrangeiro
  • 170. Os obstáculos que se entrepunham...pag.82, Kiefer
  • 171. D. José Amat e a ópera nacional O importante nesta atuação de D. José Amat é que ele representa uma idéia que estava em gestação naquela época [...] Amat foi possível por que a idéia da ópera nacional estava no ar. Ele sentiu o problema e foi em frente [...] [e] não foi o primeiro a levantar esta bandeira. Mais importante que a intenção de representar óperas estrangeiras em língua nacional foi a de encomendar anualmente pelo menos uma ópera a um autor brasileiro – e pagar direitos autorais, coisa que até então não se conhecia. (Bruno Kiefer)
  • 172. Elias Álvares Lobo Nasceu em Itu (1834-1901) A noite de São João Libreto de José de Alencar Sucesso nas primeiras apresentações Primeira ópera brasileira com música e libreto de brasileiros e assunto regional Escreveu ainda música sacra, camerística e popular
  • 173. Henrique Alves de Mesquita Nasceu no Rio de Janeiro (1830-1906) Aluno do Conservatório de Música do Rio de Janeiro Atuava como trompetista e regente Estuda no Conservatório de Paris Produção musical diversificada, erudita e popular • Estrofes do Padre Fabrício (da Mágica Trunfo às Avessas). Faixa 11
  • 174. Manuel Joaquim de Macedo Nasceu no Rio de Janeiro (1847-1925) Estudou em Bruxelas Violino e harmonia Tiradentes Libreto: Augusto de Lima Jamais foi representada em vida 01. “Ora, ouvi-me...” (Ária de Tiradentes, da ópera Tiradentes) 02. “A comoção traiu o meu afeto...” (Ária de Marília, da ópera Tiradentes)
  • 175. Divisão sintética dos períodos musicais no Brasil Internacional (séc. XVI ao início do XIX) Nacional incipiente (seg. met. do séc. XIX) Nacionalista (início do séc. XX) Nacional (década de 20 do séc. XX)
  • 176. Alguns compositores brasileiros de música européia rumo ao nacionalismo Advindos de diversas partes do Brasil A maioria teve formação européia Influências wagnerianas ________________________________________ Leopoldo Miguéz Alberto Nepomuceno Alexandre Levy Brasílio Itiberê da Cunha Henrique Oswald Antônio Francisco Braga Glauco Velasquez
  • 177. Leopoldo Miguéz Nascido em Niterói (1850-1902) Filho de pai espanhol e mãe brasileira Morou na Europa até os 21 anos Estudou música na Espanha e Portugal Estudou o Conservatório de Paris Influência wagneriana Venceu o concurso de composição do Hino da República (1889) Atividade como regente Diretor do Instituto Nacional de Música
  • 178. Características estilísticas Eminentemente européias Situa-se principalmente na música orquestral e dramática
  • 179. Alberto Nepomuceno Nasceu em Fortaleza (1864-1920) O pai era violinista e organista na Catedral de Fortaleza Estuda vários anos no Recife Atua como pianista e compositor no Rio Estuda em Roma a partir de 1889 Estuda em Berlim em 1892 Estuda em Paris em 1894
  • 180. Também fica bem classificado no concurso do Hino da República Recebe bolsa de estudos Contatos com Grieg Influência na busca por uma música nacional 1894 é nomeado Professor do Instituto Nacional de Música 1895 regressa ao Brasil Forte defensor da música em vernáculo 1910 organiza apresentações de música brasileira na Europa
  • 181. Características estilísticas Produção bastante variada em estilo e formação Influências brasileiras, principalmente nas canções Música sinfônica Série Brasileira (Alvorada na Serra, Intermédio, Sesta na Rede, O batuque) etc. Música sacra Coro ou canto e órgão Música dramática Óperas e música incidental Música solista Peças para piano e órgão Música camerística Trios, quartetos etc.
  • 182. Alberto Nepomuceno 05. Andante expressivo 06. Serenata para orquestra de cordas
  • 183. Antônio Francisco Braga Nasceu no Rio de Janeiro (1868-1945) Estudou música no Asilo dos Meninos Desvalidos Estudou no Imperial Conservatório de Música Um dos classificados no concurso do Hino da República Premiado com estadia na Europa por 2 anos Estudou no Conservatório de Música de Paris Massenet Apresentou suas obras em diversas salas européias Fortes influências wagnerianas Professor da Escola Nacional de Música
  • 184. Características estilísticas Concentração nas obras sinfônicas Música programática Diversos poemas sinfônicos Música sacra, dramática, solista, camerística etc. Tendências nacionalistas musicais pouco pronunciadas Estilo eminentemente europeu
  • 185. Francisco Braga • 07. Cauchemar (poema sinfônico)
  • 186. Sílvio Deolindo Fróes Nasceu na Bahia (1864) Filho de um brasileiro com uma alemã Adelaide Von Enghenshwartz Cantora lírica Aluna de Rossini, Meyerbeer, Bellini etc. Iniciou a carreira como pianista 1888 viaja para estudar na Europa (por 18 anos) França Alemanha
  • 187. A música popular urbana de características nacionais A fisionomia da música nacional, com as suas peculiaridades de ritmo, melodia e harmonia, começa a esboçar-se, em composições impressas, despretenciosas, de índole popularesca, por volta do ano de 1870. Não quer isto dizer que anteriormente, quiçá mesmo na era colonial, alguns tipos de música já bem reconhecivelmente brasileiros, como os lundus e certas modinhas, não estivessem em voga. O que há da mencionada época em diante, é a consciência do forte sabor nacionalizante de algumas formas, que antes apenas se insinuavam, e que passam a ser diligentemente procuradas, observadas e empregadas a granel nas peças dançantes dos compositores populares.
  • 188. Observa-se então um curioso fenômeno de divergência entre a orientação dos compositores de escola, com obras cantadas ou executadas nos salões da boa sociedade, e a desses compositores populares, autores dos sucessos da moda, cuja musa velada tinha a irresistível atração das coisas proibidas. São eles que aprofundam o caráter brasileiro da música que produzem entregado-se, intuitivamente ou conscientemente, à pesquisa de modalidades rítmico melódicas ainda não empregadas pelos antecessores; modalidades que eram simplesmente a transposição, para o domínio da música alfabetizada, que se escreve e se imprime, das peculiaridades e jeitos de se cantar, tocar ou bater o ritmo, usuais entre a gente do povo, especialmente entre os negros (Luis Heitor)
  • 189. Divisão entre os músicos populares e os músicos “escolados” Ao dar-se o divórcio entre a música de escola e a música do povo os compositores que cultivavam a primeira passam a desdenhar ostensivamente os motivos nacionais. Nem mesmo os títulos em português eles se permitem conferir às suas composições; e muito menos textos vernáculos às canções ou óperas que produzem. Acentua- se a imitação do estrangeiro nas camadas altas da arte, em oposição à música dos compositores populares, que se torna [...] cada vez mais combativamente nacional.
  • 190. Os autores de um gênero não freqüentam o outro; e é provavelmente esse isolamento dos antagonistas que revigoras as respectivas características. Observem os seus títulos: Como isto desenferruja a gente; Nhonhô em sarrilho; Quebra-quebra minha gente. E considere o abismo que separava essas chulices saborosas dos nomes em francês ou italiano que tinham as peças musicais bem comportadas: Désir de plaire; Bluettes; I tuoi capelli d’or. (Luis Heitor)
  • 191. Principais compositores populares Joaquim Antônio da Silva Callado Flautista Chiquinha Gonzaga Pianista Ernesto Nazareth Pianista
  • 192. Primeiros sinais de brasilidade