O documento discute como bailes semanais para idosos promovem socialização e superação. A pesquisa observou um baile semanal para idosos e encontrou que os participantes mantinham o desejo de se relacionar e viver com intensidade, apesar da idade avançada, e que cada um tinha uma história de força e vontade de viver.
1. DA SUPERAÇÃO À SOCIABILIDADE: O BAILE NA TERCEIRA IDADE
Angelina Monteiro – PET/Educação
angelinamonteiro3@gmail.com
Palavras chave: idoso; antropologia; baile;
Resumo
Presente no mundo atual para determinados países, entre eles o Brasil, a longevidade
tem merecido olhares e entendimentos. Segundo estimativas das Nações Unidas, em 2025, o
Brasil ocupará a 6ª posição em termos de envelhecimento populacional e terá 31 milhões de
pessoas com 60 anos ou mais. Há vários critérios para demarcar o que vem a ser uma pessoa
“idosa”. O mais comum baseia-se no limite etário, como é o caso, por exemplo, da definição
da Política Nacional do Idoso (Lei 8.842, de 04/01/1994) e do Estatuto do Idoso (Lei 10.741,
de 1/10/ 2003) que endossa essa definição. Já a Organização Mundial da Saúde (OMS)
considera idosa a pessoa com 60 anos ou mais, se esta reside em países em desenvolvimento,
e com 65 anos ou mais se reside em países desenvolvidos. No trabalho evidencio1 uma das
estruturas de convívio social oferecidas a homens e mulheres reunidos em torno do conceito
de “melhor idade”: O Baile da Melhor Idade. Organizado pelo Grupo Travessia, ocorre todas
as quartas-feiras no Clube Caixeiral, localizado na Praça Cel. Pedro Osório, centro histórico
da cidade de Pelotas. Baile é uma palavra que deriva do verbo bailar, vem do latim, significa
dançar (saltare, tripudiare), movimentar o corpo com saltos regulados e com arte. Os bailes
são expressões sociais antigas e, atualmente, existem vários tipos de bailes: públicos,
privados, generalistas ou temáticos. A investigação ocorreu a partir de três leituras indicadas:
Aprender antropologia (LAPLANTINE, 1988); O trabalho do antropólogo: olhar, ouvir,
escrever (OLIVEIRA, 2006) e Trabalho de Campo (DAMATTA, 1987). A abordagem
antropológica de base que se considera, hoje, vem a ser a observação direta dos
comportamentos sociais a partir de uma relação humana. Isso com intuito de desconstruir a
antropologia especulativa. O foco de minha pesquisa foi a motivação que faz com que
1
Desenvolvido com duas colegas, Josiane Maria Hartwig e Juraci Souza Rodeghiero, o estudo e o trabalho de
campo integraram a disciplina de Antropologia I do curso de Licenciatura em Ciências Sociais da UFPel.
2. pessoas, mesmo com idade avançada, mantenham a vontade de se relacionar, viver com
intensidade, se divertir, trabalhar. Interessei-me também por conhecer como cultivam ou
iniciam novas amizades, o que pôde ser observado no Baile da Melhor Idade. Ao compor
meu diário de campo, busquei registrar, entre 20 de maio de 2011 e 15 de junho de 2011,
como a longevidade tem sido vivida por um grupo de pessoas. Trata-se de um trabalho
etnográfico fruto de uma experiência de imersão. Os resultados colhidos neste pequeno tempo
de observação e diálogos indicam que cada uma das pessoas ouvidas era detentora de uma
história de superação, de força e de vontade de viver. Havia também, desejo de se relacionar,
de aprender, de familiarizar-se com o novo e, ainda, unidade e cooperação.
REFERÊNCIAS
DAMATTA, Roberto. Terceira arte: Trabalho de campo In Relativizando; Uma Introdução à
Antropologia Social. Rocco, Rio de Janeiro – RJ, 1987.
LAPLANTINE, François. Aprender Antropologia. Brasiliense, São Paulo - SP, 1988. In
Terceira parte: A Especificidade da Prática Antropológica.
FRANÇA, Lucia Helena e STEPANSKY, Daizy Valmorbida. Educação permanente para
trabalhadores
idosos
–
o
retorno
à
rede
social.
Disponível
em:
http://www.senac.br/bts/312/boltec312e.htm
GUSMÃO, Neusa Maria Mendes de. Por uma Antropologia da Educação no Brasil. Scielo.
Pro-Posições vol.21 nº. Campinas May/Aug. 2010.
Disponível
em
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-73072010000200017&script=sci_arttext
OLIVEIRA, Roberto Cardoso de. O Trabalho do Antropologo, 2ª Ed. Brasília: Paralelo 15.
Unesp, São Paulo- SP, 2006. In “O trabalho do antropólogo: Olhar, ouvir e escrever”.
PERES, Marcos Augusto de Castro. Velhice e analfabetismo, uma relação paradoxal: a
exclusão
educacional
em
contextos
rurais
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estado. vol.26 nº.3 Brasília set./dez. 2011.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid
região
Nordeste.
Disponível
Scielo.
Soc.
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