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Argumento teleológico - William Paley

  • 1. Filosofia  –  10º  Ano                                                                                                                              A  religião,  a  razão  e  a  fé:  argumentos  a  favor  da  existência  de  Deus       O  argumento  teleológico  ou  do  desígnio    “Supõe  que  ao  atravessar  uma  mata  tropeço  numa  pedra  e  me  perguntam  como  foi  ela   parar  ali.  Poderia  talvez  responder  que,  tanto  quanto  me  é  dado  a  saber,  a  pedra  sempre  ali   esteve;  e  talvez  não  fosse  muito  fácil  mostrar  o  absurdo  desta  resposta.  Mas  suponha-­‐se  que   eu  tinha  encontrado  um  relógio  no  chão  e  procurava  saber  como  poderia  ele  estar    naquele   lugar.  Muito  dificilmente  me  poderia  ocorrer  a  resposta  que  tinha  dado  antes  –  que,  tanto   quanto  me  era  dado  a  saber,  o  relógio  poderia  sempre  ali  ter  estado.  Contudo,  por  que  razão   esta  resposta,  que  serviu  para  a  pedra,  não    serve  para  o  relógio?  Por  que  razão  não  é  esta   resposta  tão  admissível  no  segundo  caso  como  no  primeiro?  Por  esta  razão  e  por  nenhuma   outra:  a  saber,  quando  inspecionamos  o  relógio,  vemos  (o  que  não  poderia  acontecer  no  caso   da  pedra)  que  as  suas  diversas  partes  estão  forjadas  e  associadas  com  um  propósito;  por   exemplo,  vemos  que  as  suas  diversas  partes  estão  fabricadas  e  ajustadas  de  modo  a  produzir   movimento  e  que  esse  movimento  está  regulado  de  modo  a  assinalar  a  hora  do  dia;  e  vemos   que  se  as  suas  diversas  partes  tivessem  uma  forma  diferente  da  que  têm,  se  tivessem  um   tamanho  diferente  do  que  têm  ou  tivessem  sido  colocadas  de  forma  diferente  daquela  em   que  estão  colocadas  ou  se  tivessem  sido  colocadas  segundo  uma  outra  ordem  qualquer,  a   máquina   não   produziria   nenhum   movimento   ou   não   produziria   nenhum   movimento   que   servisse  para  o  que  este  serve.     Tendo  este  mecanismo  sido  observado  (...)  pensamos  que  a  inferência  é  inevitável:  o   relógio  teve  de  ter  um  criador;  teve  de  existir  num  tempo  e  num  outro  espaço  um  artífice   ou  artífices  que  o  fabricaram  para  o  propósito  que  vemos  ter  agora  e  que  compreenderam  a   sua   construção   e   projetaram   o   seu   uso.   (...)   Pois   todo   o   sinal   de   invenção,   toda   a   manifestação   de   desígnio,   que   existia   no   relógio,   existe   nas   obras   da   natureza,   com   a   diferença   que   na   natureza   são     mais,   maiores   e   num   grau   tal   que   excede   toda   a   computação.  Quero  dizer  que  os  artefactos  da  natureza  ultrapassam  os  artefactos  da  arte   em  complexidade,  subtileza  e  em  curiosidade  do  mecanismo;  e,  se  possível,  ainda  vão  mais   além  deles  em  número  e  variedade;  e,  no  entanto,  num  grande  número  de  casos  não  são   menos  claramente  adequados  ao  seu  fim  ou  menos  claramente  adaptados  à  sua  função  do   que  as  produções  mais  perfeitas  do  engenho  humano.  (...)  Em  suma,  após  todos  os  esquemas   e  lutas  de  uma  filosofia  relutante,  temos  necessariamente  de  recorrer  a  uma  Deidade.  Os   sinais  de  desígnio  são  demasiado  fortes    para  serem  ignorados.  O  desígnio  tem  de  ser  um   projetista.  Esse  projetista  tem  de  ser  uma  pessoa.  Essa  pessoa  é  DEUS.”    PALEY,  William  (1802),  Teologia  Natural,  cap.1,  2,  27.   Professora    Joana  Inês  Pontes   William  Paley  (1743-­‐1805):  foi  um  teólogo  cristão,  filósofo  e  educador.  Ficou  famoso  pela  sua   versão  simples  e  direta  do  argumento  do  desígnio  (que  já  tinha  sido  formulado  por  Tomás  de   Aquino)  onde  se  encontra  a  famosa  comparação  do  universo  com  um  relógio.