O documento apresenta um resumo sobre o movimento Romantismo no século XVIII na Europa e no Brasil. O Romantismo surgiu como uma reação ao racionalismo do período neoclássico e enfatizava o subjetivismo e a expressão das emoções. No Brasil, autores como Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias e principalmente José de Alencar ajudaram a desenvolver uma literatura nacional romântica com temas indianistas e regionais.
1. Estudos sobre o Romantismo: século XVIII
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS
ROMÂNTICOS
2. Romantismo
movimento artístico, político e filosófico surgi
do nas últimas décadas do século
XVIII na Europa que perdurou por grande
parte do século XIX. Caracterizou-se como
uma
visão
de
mundo
contrária
ao
racionalismo
que
marcou
o
período
neoclássico
e
buscou
um nacionalismo que viria a consolidar os
estados nacionais na Europa.
3. Inicialmente apenas uma atitude, um estado
de espírito, o Romantismo toma mais tarde a
forma de um movimento e o espírito
romântico passa a designar toda uma visão de
mundo centrada no indivíduo. Os autores
românticos voltaram-se cada vez mais para si
mesmos,
retratando
o
drama
humano, amores trágicos, ideais utópicos e
desejos de escapismo.
4. O termo romântico refere-se, assim, ao movimento estético ou, em um
sentido mais lato, à tendência idealista ou poética de alguém que
carece de sentido objetivo.
5. Origem
O Romantismo surgiu na Europa em uma época
em que o ambiente intelectual era de grande
rebeldia. Na política, caíam os sistemas de
governo despóticos e surgia o liberalismo
político (não confundir com o liberalismo
econômico do Século XX). No campo social
imperava o inconformismo. No campo
artístico, o repúdio às regras. A Revolução
Francesa é o clímax desse século de oposição.
6. O Romantismo viria a se manifestar de formas
bastante variadas nas diferentes artes e
marcaria,
sobretudo,
a
literatura
e
a música (embora ele só venha a se manifestar
realmente aqui mais tarde do que em outras
artes). À medida que a escola foi sendo
explorada, foram surgindo críticos à sua
demasiada idealização da realidade. Destes
críticos surgiu o movimento que daria forma
ao Realismo.
7. “Metamos o martelo nas teorias, nas poéticas e
nos sistemas. Abaixo este velho reboco que
mascara a fachada da arte!” Victor Hugo
8. Na Europa, a partir da metade do século
XVIII, surgem autores que, libertando-se
parcialmente dos limites traçados pela
poética neoclássica, apresentam novas
concepções literárias. Em suas obras, eles
expressam sentimentos inspirados nas
tradições nacionais, falam de amor e saudade
num tom pessoal, realizando uma poesia
mais comunicativa e espontânea do que a
neoclássica.
9. Era o nascimento do Romantismo que foi
desenvolvendo-se e enriquecendo-se à
medida que se expandia. Assim, acabou
adquirindo características tão variadas que se
torna impossível descrevê-lo em todas as
suas dimensões.
11. No Brasil, percebe-se o desejo de criação de
uma literatura nacional. Assim representou a
primeira tentativa consciente de se produzir
literatura
verdadeiramente
brasileira.
Abandonou aos poucos o tom lusitano, a fim
de dar lugar a um estilo mais próximo da fala
brasileira.
12. A prosa Romântica Brasileira
A prosa romântica inicia-se com a publicação do
primeiro romance brasileiro "O filho do
Pescador", de Antônio Gonçalves Teixeira e Sousa
em 1843. O primeiro romance brasileiro em folhetim
foi "A Moreninha", de Joaquim Manuel de
Macedo, publicado em 1844. O romance brasileiro
caracteriza-se por ser uma "adaptação" do romance
europeu, conservando a estrutura folhetinesca
européia, com início, meio e fim seguindo a ordem
cronológica dos fatos.
13. O Romance brasileiro poderia ser dividido em
duas fases: Antes de José de Alencar e PósJosé de Alencar, pois antes desse importante
autor as narrativas eram basicamente
urbanas, ambientadas no Rio de Janeiro, e
apresentavam uma visão muito superficial
dos hábitos e comportamentos da sociedade
burguesa.
14. E com José de Alencar surgiram novos estilos de
prosa
romântica
como
os
romances
regionalistas, históricos e indianistas e o
romance passou a ser mais crítico e realista. Os
romances brasileiros fizeram muito sucesso em
sua época já que uniam o útil ao agradável: A
estrutura típica do romance europeu,
ambientada
nos
cenários
facilmente
identificáveis pelo leitor brasileiro(cafés, teatros,
ruas de cidades como o Rio de Janeiro).
15. O sucesso também se deve ao fato de que os
romances eram feitos para a classe
burguesa, ressaltando o luxo e a pompa da
vida social burguesa e ocultando a hipocrisia
dos costumes burgueses. Por isso pode-se
dizer que, no geral, o romance brasileiro era
urbano, superficial, folhetinesco e burguês.
17. José
de Alencar é considerado o patriarca
da literatura brasileira. Inaugurou novos estilos
românticos e consolidou o romantismo no Brasil
desenhando o retrato cultural brasileiro de forma
completa e abrangente. E devido a essa visão ampla
do cenário brasileiro, sua obra iniciaria um período
de transição entre Romantismo e Realismo. Suas
narrativas apresentam um desenvolvimento dos
conflitos femininos da mulher burguesa do século
XIX, já que seus romances a tinha como público alvo.
Sua obra pode ser fragmentada em três categorias:
18. Romances Urbanos
Romances ambientados no Rio de Janeiro, protagonizados por
personagens femininos, mostravam o luxo e a pompa das
atividades sociais burguesas, no entanto apresentavam uma
critica sutil aos hábitos hipócritas da burguesia e seu caráter
capitalista. São exemplos de romances urbanos de José de
Alencar:
Senhora - Faz crítica ao casamento por interesse, à hipocrisia, à
cobiça e à soberba burguesa.
Lucíola - Critica o fato de a burguesia, que financia a prostituição
durante a noite, ter aversão às mesmas durante o dia.
Diva - Ressalta a beleza das jovens e ricas burguesas, o
virtuosismo e a pureza e, em contrapartida, critica o casamento
por interesse financeiro.
19. Romances Regionalistas
Narrativas que se sucedem em centros afastados da capital
imperial, ou seja, histórias que acontecem em lugares
tipicamente brasileiros, mais pitorescos, menos influenciados
pela cultura européia. Apesar de José de Alencar narrar seus
romances regionalistas com uma incrível fluência e suavidade, as
histórias narradas são superficiais devido ao fato de que o autor
não viajara para as regiões que descreveu, mas pesquisara a
fundo sobre elas. Basicamente, são romances que procuram ser
mais fiéis ao projeto de brasilidade e propaganda do Brasil
independente, o objetivo é fazer propaganda aos próprios
brasileiros, expondo a diversidade do país. São Exemplos de
romances regionalistas de José de Alencar:
O Gaúcho
O Sertanejo
O Tronco do Ipê
20.
Romances Históricos e Indianistas
Romances que revelam a preocupação de José de Alencar em exibir
o índio como herói nacional. Enquanto os autores românticos da Europa
retratavam o saudosismo através de menções à época medieval, no
Brasil, Alencar procurou buscar na cultura indígena brasileira o passado
fiel da história brasileira. Seus romances trazem uma linguagem mais
original, com vocábulos do tupi, retratam o índio como símbolo de
bravura, de pureza e de amor ao ambiente natural. Pode-se dizer que
suas narrativas tendiam ao estilo poético por entrelaçar o caráter básico
da prosa com o lirismo do gênero poético. Em resumo, suas obras
utilizam o indianismo como forma de revelar um conceito mais original
de brasilidade e criar um projeto de língua brasileira. Dentre as obras
mais importantes de José de Alencar nesse ramo do romantismo, estão:
O Guarani
Ubirajara
As Minas de Prata
Iracema
21. A Importância da Obra de José de Alencar
Considerado o mais importante escritor do Romantismo
brasileiro, é ele quem consegue expressar o perfeito retrato
da cultura brasileira, explorando novas vertentes da produção
literária, criando e abrindo caminhos para a criação de uma
literatura brasileira original, ampla e de boa qualidade. E por isso
foi o autor que mais se aproximou do objetivo da escola
romântica, mesclando a idealização e o sonho com um realismo
sutil, valorizando os elementos naturais da cultura brasileira e o
índio como figura-mãe da original cultura brasileira. Suas obras
foram capazes de inspirar nos burgueses o gosto pela leitura
nacional e também, de inspirar diversos autores a seguir
caminhos por ele traçados, concretizando assim seu projeto
nacionalista
de
revelar
o
Brasil
num
todo.
22. Referências históricas
Contexto sócio-político da época (início do Romantismo no
Brasil):
1808 - chegada ao Brasil de D. João VI e da família Real
1808/1821 - abertura dos portos às nações amigas;
instalações de bibliotecas e escolas de nível superior; início
da atividade editorial.
1822 - Proclamação da Independência. Daí nasce o desejo
de uma literatura autenticamente brasileira.
1831 - abdicação de D. Pedro I e início do Período de
Regência, que vai até 1840 (maioridade de D. Pedro II);
fundação da Companhia Dramática Nacional; início da
Guerra do Paraguai até 1840)
24. Características
Podem-se apontar, no amplo e diversificado movimento
romântico, algumas tendências básicas:
a exaltação dos sentimentos pessoais, muitas vezes até
autopiedade
exaltação de seu “eu” - subjetivismo
a expressão dos estados da alma, das paixões e emoções, da
fé, dos ideais religiosos
apóiam-se em valores nacionais e populares
desejo de liberdade, de igualdade e de reformas sociais; e a
valorização da Natureza, que é vista como exemplo de
manifestação do poder de Deus e como refúgio acolhedor para o
homem que foge dos vícios e corrupções da vida em sociedade
em alguns casos, fuga da realidade através da arte (direção
histórica e nacionalista ou direção idílica e saudosista)
25. A linguagem sofreu transformações: em lugar da
bem cuidada sintaxe clássica e das composições
de metro fixo, os românticos preferiram uma
linguagem mais coloquial, comunicativa e
simples, criando ritmos novos e variando as
formas métricas. Essa liberdade de expressão é
uma das características típicas do Romantismo e
constitui um aspecto importante para a evolução
da literatura ocidental. O espírito de renovação
lingüística é uma contribuição importante do
Romantismo e foi retomado, no século XX, pelos
modernistas.
26. Na poesia, distinguem-se três fases, as
chamadas Gerações Românticas:
Gerações
1ª Geração
2ª Geração
3ª Geração
Nomes
Principais poetas
Principais temas
Nacionalista ou
Indianista
Gonçalves de
Magalhães, Gonçalves
Dias e Araújo PortoAlegre
Exaltação da natureza,
excesso de
sentimentalismo, amor
indianista, ufanismo
(exaltação da pátria)
Ultra-Romântica ou Mal
do Século
Álvares de Azevedo,
Casimiro de Abreu,
Junqueira Freire e
Fagundes Varela
Egocentrismo,
sentimentalismo
exagerado, morte,
tristeza, solidão, tédio,
melancolia,
subjetivismo,
idealização da mulher.
Condoreira ou Social
Castro Alves,
Sousândrade, Tobias
Barreto
Sentimentos liberais e
abolicionistas
27. Indianismo - uma das formas mais significativas do
nacionalismo romântico. O índio é um ser idealizado
(nobre, valoroso, fiel), apesar disso demonstra a
valorização das origens da nacionalidade.
Ultra Romântico ou Mal do Século - voltando-se
inteiramente para dentro de si mesmos, esses
poetas expressaram em seus versos pessimistas um
profundo desencanto pela vida. Muitos marcados
pela tuberculose, mal que deu nome à fase
Condoreirismo - poesia social e libertária que reflete
as lutas internas da Segunda metade do reinado de
D. Pedro II.
28. Autores
Gonçalves de Magalhães
Domingos José Gonçalves de Magalhães nasceu no Rio de
Janeiro, em 1811. Viveu na Europa, onde teve contato com
a poesia romântica. A obra Suspiros Poéticos e Saudades foi
considerada a obra inaugural do Romantismo no Brasil. O
autor procurou criar e consolidar uma literatura nacional
para o país. Morreu em Roma, em 1882. Seu poema de
destaque foi Noite tempestuosa do livro Urânias.
Obras: Suspiros Poéticos e Saudades (1836); Urânias (1862);
Cânticos Fúnebres (1864) e outros
30. Gonçalves Dias
Primeiro grande poeta do Romantismo
brasileiro. A temática indianista que caracteriza
sua obra apresenta forte colorido e ritmo. Seu
grande poema indianista Os Timbiras ficou
incompleto, pois durante o naufrágio em que o
poeta morreu perderam-se também os textos.
Além da vertente indianista, também se destaca
a lírica amorosa, mas não apresenta
passionalidade. Aqui a mulher é sempre um anjo,
idealizada, numa ótica platônica.
31. Obras Principais:
"I Juca Pirama", "Canção do Tamoio", “Os Timbiras” -
sentimento de honra e valentia do índio
"Leito de folhas verdes", "Se se morre de amor", "Como? És
tu?", "Ainda uma vez - adeus!", "Seus olhos" - sentimento
amoroso
"Canção do Exílio" - solidão, exílio, amor à pátria, retomada
por muitos modernistas
"O mar", "A noite", "A tarde" - poesias impregnadas de
religiosidade sobre a majestade da natureza
Livros - Primeiros Cantos (1846), Segundos Cantos
(1848), Sextilhas de Frei Antão (1848), Últimos Cantos
(1851), Os Timbiras, Cantos (1857).
33. Álvares de Azevedo
Poeta que melhor representou a estética ultra-romântica.
Tendência aos aspectos mórbidos e depressivos da
existência, degeneração dos sentimentos, decadentismo e
até satanismo. A escolha vocabular reflete essa tendência:
"pálpebra demente", "matéria impura", "fúnebre
clarão",
"boca
maldita",
entre
outros.
Esta
linguagem, acrescida de termos científicos, voltará no
Simbolismo com Augusto dos Anjos.
Morreu tuberculoso aos 20 anos de idade, não sendo
reunida em livro sua obra.
34. Obras
"Liras dos vinte anos" - livro-síntese dessa
geração pois revela a força lírica e a v ironia
romântico-macabra
"Macário" - composição livre, meio diálogo, meio
narração
"O Conde Lopo"
"Poema do Frade"
"Pedro Ivo" (poemetos)
"Noite na Taverna" - prosa narrativa fala da
boemia estudantil da época, que era uma forma
de protesto e fuga
36. Junqueira Freire
Luís Junqueira Freire nasceu em 1832, em
Salvador. Formou-se professor aos 20 anos.
Morreu em 1855, logo após a publicação das
Inspirações do Claustro. Seu poema em
destaque foi Meu filho no claustro.
Obras Principais:
Inspirações do claustro (1855)
Contradições poéticas (data incerta)
38. Casimiro de Abreu
Poeta que representa a sensibilidade brasileira
espontânea. Levou vida boemia e morreu de
tuberculose Sua poesia não foi muito
inovadora, sendo considerado mais ingênuo dos
românticos. Conhecido como "poeta da
infância", fala muito da inocência perdida
Trabalha também temas do chamado
“romantismo descabelado”: exílio e lirismo
amoroso.
39. Obras Principais:
Camões e o Jau (teatro)
Carolina (romance)
Camila (memórias)
A Virgem Loura (prosa)
Primaveras (poesia)
41. Castro Alves
Porta-voz das ânsias coletivas tem na poesia abolicionista sua melhor
realização na linha social ("Navio Negreiro" e "Vozes d'África). Em suas
obras, atribui ao poeta a missão de denunciar as injustiças sociais e de
clamar pela liberdade ("Adeus, meu canto").
Esse tipo de poesia se realiza num estilo vibrante, em que predominam
as
comparações, metáforas, antíteses, hipérboles, apóstrofes, empregadas
quase sempre em função de elementos grandiosos da natureza, que
sugerem
imensidão,
força,
majestade,
como:
montanhas, cordilheiras, oceanos, tempestades, furacões, astros, cacho
eiras, configurando assim o estilo chamado Condoreirismo.
Sua poesia amorosa é bem mais sensual do que se fazia na época.
Nela, a mulher, diante das vagas idealizações ultra-românticas, aparece
em toda sua beleza física e envolvida por um clima de erotismo e paixão.
Como a maioria dos poetas românticos morre cedo, aos 24 anos de
idade.
42. Obras Principais:
"Espumas Flutuantes" (1870)
"A Cachoeira de Paulo Afonso" (1876)
"Os escravos" (1883)
além das poesias escreveu para o teatro
“Gonzaga ou a Revolução de Minas” (1876)