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Controladoria II                                                                           Prof. Moreira 




                            ANÁLISE DE BALANÇOS


1) OBJETIVO DA ANÁLISE DE BALANÇOS 

                                                  
                                  “A Análise de Balanços objetiva 
                       extrair informações das Demonstrações Financeiras 
                                    para a tomada de decisões.” 
 
As demonstrações financeiras fornecem uma série de dados sobre a empresa, de acordo com 
regras  contábeis.  A  análise  de  Balanços  transforma  esses  dados  em  informações  e  será  tanto 
mais eficiente quanto melhores informações produzir. 
 
É importante a distinção entre dados e informações. 
 
DADOS  são  números  ou  descrição  de  objetos  ou  eventos  que,  isoladamente,  não  provocam 
nenhuma reação no leitor. 
 
INFORMAÇÕES representam, para quem as recebe, uma comunicação que pode produzir rea‐
ção ou decisão, freqüentemente acompanhada de um efeito surpresa. 
 
Por exemplo, quando se diz que o Brasil tem X milhões de habitantes, tem‐se um dado. Quando 
se divide, porém o Produto Nacional por esse dado, encontra‐se a renda per capita; quando se 
compara  essa  renda  com  a  de  outros  países  e  quando  se  constrói  uma  série  histórica  dessa 
renda, pode‐se chegar à conclusão de que o Brasil é um país pobre e que vem perdendo posi‐
ção em relação a outros países. Aí se tem informação. 
 
As demonstrações financeiras mostram, por exemplo, que a empresa tem Y milhares de dívida. 
Isto é um dado. A conclusão de que a dívida é excessiva ou é normal, de que a empresa pode 
ou não pagá‐la é informação. O objetivo da Análise de Balanços é produzir informação. 
 
As demonstrações financeiras publicadas de uma empresa podem apresentar centenas de nú‐
meros, isto é, de dados. Vejamos: em média são 40 cifras no Balanço, 20 na Demonstração de 
Resultado, 20 na Demonstração das Origens e  Aplicações de Recursos e 40 na Demonstração 
das  Mutações  do  Patrimônio  Líquido,  perfazendo  120  importâncias.  Nas  companhias  abertas, 
passa‐se para 240 algarismos publicados em vista da comparação com o exercício anterior e das 
demonstrações com correção integral chega‐se a 480 números. Convenhamos que é excesso de 
valores para quem muitas vezes deseja apenas saber se a empresa pode ou não receber crédi‐
tos. 
 
Daí a importância de transformar‐se, por exemplo, 400 dados em uma informação. 
 
                                                                                                      1
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1.1) Análise de Balanços começa onde termina a Contabilidade 
 
Para  o  contador  a  preocupação  básica  são  os  registros  das  operações.  Na  aquisição  de  uma 
máquina, por exemplo, quais os custos que comporão o custo de aquisição, a taxa de deprecia‐
ção,  qual  será  sua  classificação  no  balanço  e  sua  atualização  monetária?  O  contador  procura 
captar,  organizar  e  compilar  dados.  Sua  matéria‐prima  são  fatos  de  significado  econômico‐
financeiro expressos em moeda. Seu produto final são as demonstrações financeiras. 
 
O analista de balanços preocupa‐se com as determinações financeiras que, por sua vez, preci‐
sam  ser  transformadas  em  informações  que  permitam  concluir  se  a  empresa  merece  ou  não 
crédito, se vem sendo bem ou mal administrada, se tem ou não condições de pagar suas dívi‐
das, se é ou não lucrativa, se vem evoluindo ou regredindo, se é eficiente ou ineficiente, se irá 
falir ou se continuará operando. 
 
O grau de excelência da Análise de Balanços é dado exatamente pela qualidade e extensão das 
informações que conseguir gerar. 
          

1.2) Linguagem descomplicada 

O produto de Análise de Balanços são relatórios escritos em linguagem corrente. Na medida do 
possível,  recomenda‐se  o  uso  de  gráficos  como  auxiliares  para  simplificar  as  conclusões  mais 
complexas. Ao contrário das demonstrações financeiras, os relatórios de análise devem ser ela‐
borados como se fossem dirigidos a leigos, ainda que não o sejam, isto é, sua linguagem deve 
ser  inteligível  por  qualquer  mediano  dirigente  de  empresa,  gerente  de  banco  ou  gerente  de 
crédito. É claro que isto não acontece com as demonstrações financeiras, que, aliás, não tem 
nenhuma preocupação nesse sentido. As demonstrações financeiras apresentam‐se carregadas 
de termos técnicos e suas notas explicativas são feitas exclusivamente para técnicos, a tal pon‐
to que permitem freqüentemente manipulações e acobertamentos. Assim, a Análise de Balan‐
ços deve assumir também o papel de tradução dos elementos contidos nas demonstrações fi‐
nanceiras. 
 


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Um relatório de análise de balanços que apresentasse dados em vez de informações não pode‐
ria ser considerado um bom relatório. São freqüentes os relatórios que se estendem em textos 
como: 
 
“O índice de endividamento é de 220%; isto significa que para cada $ 100 de capital próprio 
existem $ 220 de terceiros. Esse índice mostra um crescimento de 10% em relação ao ano an‐
terior que, por sua vez, já crescera 18%. Os recursos de terceiros são predominantemente de 
curto prazo (85%). Já os índices de liquidez encontrados foram respectivamente: liquidez geral 
– 1,25; liquidez corrente – 1,40; e liquidez seca – 1,01, o que mostra que a empresa tem mais 
reais realizáveis do que dívidas de curto prazo. 
 
Esse tipo de relatório transforma um tipo de dado encontrado nas demonstrações financeiras 
em outros dados, o que para o leitor pouco ou nada vale. 
 
 
1.3) O que incluir no relatório 
 
Um relatório adequado de Análise de Balanços deve, em lugar dos dados apresentados, expor: 
 
“O grau de endividamento da empresa encontra‐se em nível razoável ao ramo de atividade; 
entretanto, vem crescendo de maneira indesejável, pois há dois anos podia ser considerado 
bom. A composição do endividamento mostra um perfil de dívida insatisfatório devido à ex‐
cessiva participação das obrigações de curto prazo. Já a liquidez da empresa pode ser consi‐
derada boa.” 
 
Em linhas gerais, podem‐se listar as seguintes informações produzidas pela Análise de Balanços: 
 
• Situação financeira; 
• Situação econômica; 
• Desempenho; 
• Eficiência na utilização de recursos; 
• Pontos fortes e fracos; 
• Tendências e perspectivas; 
• Quadro evolutivo; 
• Adequação das fontes às aplicações de recursos; 
• Causas das alterações na situação financeira; 
• Causas das alterações na rentabilidade; 
• Evidências de erros na administração; 
• Providências que deveriam ser tomadas e não foram; 
• Avaliação de alternativas econômico‐financeiras futuras. 
 
 




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2) USUÁRIOS DA ANÁLISE DE BALANÇOS 

Segundo Matarazzo, a análise de balanços permite uma visão das estratégias e dos planos de 
uma empresa, além de estimar o seu futuro, suas limitações e suas potencialidades. É de pri‐
mordial  importância  para  todos  aqueles  que  pretendam  se  relacionar  com  a  empresa,  quer 
fornecedores, financiadores, acionistas e até empregados. A procura de um bom emprego de‐
veria sempre se iniciar com a análise financeira da empresa.  
 
Realmente,  um  candidato  a  emprego  deveria  inicialmente  tomar  conhecimento  da  situação 
econômico‐financeira da empresa antes de se sujeitar ao processo seletivo, o que na maioria 
das vezes não ocorre. Dessa forma, entre duas oportunidades de emprego equivalentes, o can‐
didato deveria dar preferência àquela cuja continuidade da empresa não está comprometida. E 
isso só é possível de se descobrir através da aplicação das técnicas de análise de balanços. 
 
Podemos dividir os diversos usuários interessados na análise de balanços em dois grupos: usuá‐
rios internos e usuários externos. 
 
No primeiro grupo podemos relacionar os administradores ou gestores e os próprios emprega‐
dos. Já no segundo grupo, dos usuários externos, podemos destacar: os fornecedores, clientes, 
governo, instituições financeiras, concorrentes e investidores. 
         
2.1) Gestores 
 
A análise financeira de balanços para uso dos gestores ou administradores é um instrumento de 
grande valia para a tomada de decisões. Através da análise dos balanços projetados é possível, 
por exemplo, saber qual será o impacto, a longo prazo, de uma ação tomada hoje. Assim sendo, 
a  análise  feita  internamente,  permite  não  apenas  avaliar  a  situação  econômico‐financeira  da 
empresa no passado, mas também as tendências futuras. Segundo Padoveze e Benedicto, é tão 
grande o leque de informações para fins internos que se pode extrair da análise financeira que 
qualquer especificação ficará sempre parcial. Dentre os diversos interesses dos usuários inter‐
nos, podemos destacar: formular estratégias; antecipar a possibilidade de pagar dividendos ou 
juros de capital próprio; conhecer a estrutura de capitais; comparar o desempenho com outras 
empresas do mesmo segmento etc. 
          
2.2) Empregados 
 
Conhecer a saúde financeira da empresa, por parte dos empregados, é importante para a avali‐
ação da estabilidade e planejamento do futuro. No entanto, os funcionários só se preocupam 
em tomar conhecimento da situação econômico‐financeira da empresa nas épocas de dissídio 
coletivo, em que são discutidos os reajustes salariais e o aumento dos benefícios. 
 

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2.3) Fornecedores 
 
A principal preocupação dos fornecedores é quanto a situação de liquidez dos seus clientes, ou 
seja, a capacidade de quitar seus compromissos assumidos no prazo de vencimento. “Conside‐
rando vendas de curto prazo, um olhar sobre os indicadores de liquidez torna‐se fundamental. 
No  caso  de  vendas  de  longo  prazo  e/ou  parceladas,  há  a  necessidade  também  da  análise  de 
geração de lucros e caixa, além da capacidade de pagamento.” 
 
2.4) Clientes 
 
Pode até parecer estranho o fato de um cliente se interessar pela análise de balanços de seus 
fornecedores. Mas na atual conjuntura, é extremamente importante para os clientes tomarem 
conhecimento  da  capacidade  de  manutenção  do  fornecimento  pelos  fornecedores  com  que 
têm parcerias, a fim de se prever o risco de desabastecimento. 
 
A lei n.º 8.666, de 21 de junho de 1993, que estabelece normas gerais sobre licitações e contra‐
tos administrativos pertinentes a obras, serviços (inclusive de publicidade), compras, alienações 
e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, 
dispõe  em  seu  artigo  31.º,  sobre  a  exigência  da  apresentação  das  demonstrações  financeiras 
para análise da capacidade financeira do licitante, conforme abaixo: 
 
                          “Art.  31º  A  documentação  relativa à  qualificação  econômico‐financeira 
                          limitar‐se‐à a: 
                          I  ‐  balanço  patrimonial  e  demonstrações  contábeis  do  último  exercício 
                          social,  já  exigíveis  e  apresentados  na  forma  da  lei,  que  comprovem  a 
                          boa  situação  financeira  da  empresa,  vedada  a  sua  substituição  por  ba‐
                          lancetes  ou  balanços  provisórios,  podendo  ser  atualizados  por  índices 
                          oficiais quando encerrado há mais de 3 (três) meses da data de apresen‐
                          tação da proposta; 
                          (...) 
                          §  1º  A  exigência  de  índices  limitar‐se‐á  à  demonstração  da  capacidade 
                          financeira do licitante com vistas aos compromissos que terá que assu‐
                          mir caso lhe seja adjudicado o contrato, vedada a exigência de valores 
                          mínimos de faturamento anterior, índices de rentabilidade ou lucrativi‐
                          dade.” 
 
2.5) Governo 
 
O principal interesse dos órgãos governamentais na análise de balanços está na fiscalização do 
cumprimento das obrigações tributárias. As demonstrações contábeis evidenciam a geração de 
praticamente todos os tributos, sendo importante fonte de consulta para os fiscais. 
 
                                                                                             5
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2.6) Instituições Financeiras 
 
As instituições financeiras constituem‐se tradicionalmente no principal usuário do produto da 
análise de balanços. “Historicamente, sabe‐se que o processo de avaliação de empresas foi de‐
senvolvido,  em  grande  parte,  no  sistema  bancário  americano,  o  qual  procurava  relacionar  o 
risco das diversas empresas com suas solicitações de empréstimos.” 
 
Além  de  verificar  a  capacidade  financeira  de  curto  prazo  de  seus  clientes,  os  bancos  buscam 
avaliar a capacidade de geração de lucros da empresa, pois mesmo que a operação financeira 
seja de curto prazo, existe a possibilidade de renovação de crédito por parte do devedor, o que 
acaba estendendo o interesse pela análise de longo prazo, inclusive. 
 
2.7) Concorrentes 
 
A melhor forma de sabermos como está o desempenho de uma empresa em relação ao merca‐
do, é através da análise dos balanços dos concorrentes, ou seja, das empresas do mesmo seg‐
mento.  Através  de  técnicas  estatísticas  é  possível  a  construção  de  padrões  de  análise,  como 
veremos mais adiante. 
 
2.8) Investidores 
 
Os investidores fazem análise de balanços para a avaliação do custo de oportunidade no mo‐
mento de aplicar seus recursos na aquisição de ações ou debêntures. As análises que mais inte‐
ressam os investidores é a da rentabilidade e da lucratividade. Também levam em conta outros 
fatores relacionados ao preço e à valorização das ações no mercado mobiliário. 


          

3) METODOLOGIA DE ANÁLISE 

 
                    “A Análise de Balanços baseia‐se no raciocínio científico”
 
Na maioria das ciências, o processo de tomada de decisões obedece mais ou menos a seqüên‐
cia da figura a seguir:   
                                                     




 
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Na Medicina, por exemplo, em qualquer exame preliminar, o médico tira a temperatura, pres‐
são,  pulsação  etc.  Esses  são  os  indicadores  (1).  O  médico  compara  então  cada  indicador  com 
um padrão próprio (2) desenvolvido e aprimorado e, em seguida, ponderando conjuntamente 
seus indicadores, elabora as conclusões (3), mental ou formalmente, transmitindo‐as ou não ao 
paciente de alguma forma que faz parte de sua técnica de trabalho. Em seguida, toma uma de‐
cisão (4), como internar o paciente, encaminhá‐lo a outro especialista, receitar medicamentos 
ou simplesmente dizer que está tudo “OK”. 
 
Se se tratar de um exame especializado, como exame radiológico, a seqüência será a mesma. A 
etapa  de  decisão  nem  sempre  estará  imediatamente  presente,  pois  poderá  ser  tomada  por 
outra pessoa. 
 
As etapas 1, 2 e 3 devem ser feitas sempre em seqüência e estar perfeitamente coordenadas. 
Entretanto, cada uma se vale de técnicas próprias. Por exemplo, a escolha de indicadores pode 
recorrer a técnicas modernas de engenharia, como raio laser e ultra‐som. Já a comparação com 
padrões se apóia na estatística, em experimentos com cobaias etc. A elaboração de diagnósti‐
cos ou conclusões distingue‐se perfeitamente da etapa comparação com padrões, pois é agora 
que  serão  devidamente  ponderadas,  pesadas  e  medidas  as  informações  parciais  obtidas  nas 
duas etapas anteriores. 
 
Em Direito, os elementos considerados representam os indicadores; a lei, a jurisprudência ou os 
comentários  de  juristas  representam  os  padrões;  a  ponderação  pela  vivência  e  pelo  conheci‐
mento representa a etapa de elaboração de conclusões. A partir desta é que virão as decisões 
de condenar, absolver, entrar em acordo etc. 
 
Em Análise de Balanços aplica‐se o mesmo raciocínio científico: 
 
    1) Extraem‐se índices das demonstrações financeiras; 
    2) Comparam‐se os índices com os padrões; 
    3) Ponderam‐se as diferentes informações e chega‐se a um diagnóstico ou conclusões; 
    4) Tomam‐se decisões. 
 
Quando está seqüência não é levada em conta, fatalmente a Análise de Balanços fica prejudi‐
cada. Às vezes, por falta de padrões ou por não se saber construí‐los, deixam‐se de fazer com‐
parações. A qualidade da análise então fica comprometida, pois como poderá fazer afirmativas 
sem os elementos de referência? 
 
A comparabilidade dos dados de análise de balanço pode ser feita em vários aspectos, como: 
 
• Comparação com períodos passados; 
• Comparação com períodos orçados; 
• Comparação com padrões setoriais; 
• Comparação com padrões internacionais; 
• Comparação com padrões internos da empresa; 
• Comparação com empresas concorrentes etc. 
 
A maneira mais adequada de dar um atributo de informação gerencial aos indicadores de análi‐
se de balanços é o acompanhamento tendencial. O acompanhamento dos indicadores de forma 
                                                                                                       7
Controladoria II                                                                              Prof. Moreira 


contínua (no mínimo mensal e preferencialmente de forma gráfica) possibilita apreender situa‐
ções de tendências futuras, dando, portanto, aos gestores uma ferramenta adicional para mu‐
dança e planejamento. 
 
      
3.1) O Papel dos Índices de Balanço 


                         “Um índice é como uma vela acesa num quarto escuro” 
                                                          
Índice  é  a  relação  entre  contas  ou  grupo  de  contas  das  Demonstrações  Financeiras,  que  visa 
evidenciar determinado aspecto da situação econômico ou financeira de uma empresa. 
 
Os índices constituem a técnica de análise mais empregada. Muitas vezes, na prática, ou mes‐
mo em alguns livros, confunde‐se Análise de Balanços com extração de índices. A característica 
fundamental dos índices é fornecer visão ampla da situação econômico e financeira da empre‐
sa. 
 
Os  índices  servem  de  medida  dos  diversos  aspectos  econômicos  e  financeiros  das  empresas. 
Assim como um médico usa certos indicadores, como pressão e temperatura, para elaborar o 
quadro clínico do paciente, os índices financeiros permitem construir um quadro de avaliação 
da  empresa.  Há,  porém,  uma  diferença:  enquanto  o  médico  pode  ter  certeza  de  que  há  algo 
errado com o paciente que apresenta pressão muito alta – talvez a iminência de um derrame –, 
na empresa, um endividamento elevado não significa que esteja à beira da insolvência. Outros 
fatores, como prestígio da empresa junto ao governo, relacionamento com o mercado financei‐
ro etc., podem fazê‐la operar indefinidamente, mesmo que mantenha sempre elevado o endi‐
vidamento. O índice financeiro, porém, é um alerta. 
 
3.1.1) Quantos índices são necessários para uma boa análise? 
 
O importante não é o cálculo de grande número de índices, mas de um conjunto de índices que 
permita conhecer a situação da empresa, segundo o grau de profundidade desejada da análise. 
A profundidade de análise é variável de usuário para usuário. O fornecedor pode apenas querer 
rápidas informações sobre a empresa, a respeito de sua rentabilidade, de seu índice de liquidez. 
Se esse mesmo fornecedor estiver interessado não em vender mercadoria, mas em adquirir a 
própria empresa‐cliente ou fundi‐la com a sua, evidentemente desejará uma análise muito mais 
profunda. 
 
Portanto, a quantidade de índices que deve ser utilizada na análise depende exclusivamente da 
profundidade que se deseja da análise.  
 
Entretanto,  a  análise  de  índices  é  do  tipo  que  começa  muito  bem  e  vai  perdendo  o  fôlego  à 
medida  que  se  acrescentam  novos  índices,  ou  seja,  há  um  rendimento  decrescente.  Quando, 
por exemplo, se dobra o número de índices, não se consegue dobrar a quantidade de informa‐
ções. Isso pode ser ilustrado pelo gráfico a seguir: 




                                                                                                         8
Controladoria II                                                                            Prof. Moreira 




Nesta figura observa‐se na linha horizontal a quantidade de índices e na linha vertical a quanti‐
dade de informações. 
 
Quando se aumenta a quantidade de índices de 2 para 5, obtém‐se um (Δ1) que representa o 
acréscimo de informações devido ao aumento da quantidade de índices. Quando se aumenta a 
quantidade de índices de 12 para 15, o (Δ2) então obtido é muito menor que o (Δ1). Isso signifi‐
ca rendimentos decrescentes.  
 
O aumento da quantidade de índices é também aumento de custos; portanto, a análise de índi‐
ces  entra  em  rendimentos  decrescentes  a  partir  de  certo  ponto,  identificado  na  curva  como 
ponto P. 
 
A análise de empresa industriais e comerciais através de índices tradicionais deve ter, no míni‐
mo, 4, e não é preciso estender‐se além de 11 índices. 
 
3.1.2) Aspectos da empresa revelados pelos índices 

Pode‐se subdividir a análise das Demonstrações Financeiras em análise da situação financeira e 
análise da situação econômica. 
 
Inicialmente  analisa‐se  a  situação  financeira  separadamente  da  situação  econômica;  no  mo‐
mento seguinte, juntam‐se as conclusões dessas duas análises. 
 
Assim,  os  índices  são  divididos  em  índices  que  evidenciam  aspectos  da  situação  financeira  e 
índices que evidenciam aspectos da situação econômica. Os índices da situação financeira, por 
sua vez, são divididos em índices de estrutura de capital e índices de liquidez. 
 
     




                                                                                                       9

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  • 1. Controladoria II  Prof. Moreira  ANÁLISE DE BALANÇOS 1) OBJETIVO DA ANÁLISE DE BALANÇOS    “A Análise de Balanços objetiva  extrair informações das Demonstrações Financeiras  para a tomada de decisões.”    As demonstrações financeiras fornecem uma série de dados sobre a empresa, de acordo com  regras  contábeis.  A  análise  de  Balanços  transforma  esses  dados  em  informações  e  será  tanto  mais eficiente quanto melhores informações produzir.    É importante a distinção entre dados e informações.    DADOS  são  números  ou  descrição  de  objetos  ou  eventos  que,  isoladamente,  não  provocam  nenhuma reação no leitor.    INFORMAÇÕES representam, para quem as recebe, uma comunicação que pode produzir rea‐ ção ou decisão, freqüentemente acompanhada de um efeito surpresa.    Por exemplo, quando se diz que o Brasil tem X milhões de habitantes, tem‐se um dado. Quando  se divide, porém o Produto Nacional por esse dado, encontra‐se a renda per capita; quando se  compara  essa  renda  com  a  de  outros  países  e  quando  se  constrói  uma  série  histórica  dessa  renda, pode‐se chegar à conclusão de que o Brasil é um país pobre e que vem perdendo posi‐ ção em relação a outros países. Aí se tem informação.    As demonstrações financeiras mostram, por exemplo, que a empresa tem Y milhares de dívida.  Isto é um dado. A conclusão de que a dívida é excessiva ou é normal, de que a empresa pode  ou não pagá‐la é informação. O objetivo da Análise de Balanços é produzir informação.    As demonstrações financeiras publicadas de uma empresa podem apresentar centenas de nú‐ meros, isto é, de dados. Vejamos: em média são 40 cifras no Balanço, 20 na Demonstração de  Resultado, 20 na Demonstração das Origens e  Aplicações de Recursos e 40 na Demonstração  das  Mutações  do  Patrimônio  Líquido,  perfazendo  120  importâncias.  Nas  companhias  abertas,  passa‐se para 240 algarismos publicados em vista da comparação com o exercício anterior e das  demonstrações com correção integral chega‐se a 480 números. Convenhamos que é excesso de  valores para quem muitas vezes deseja apenas saber se a empresa pode ou não receber crédi‐ tos.    Daí a importância de transformar‐se, por exemplo, 400 dados em uma informação.    1
  • 2. Controladoria II  Prof. Moreira            1.1) Análise de Balanços começa onde termina a Contabilidade    Para  o  contador  a  preocupação  básica  são  os  registros  das  operações.  Na  aquisição  de  uma  máquina, por exemplo, quais os custos que comporão o custo de aquisição, a taxa de deprecia‐ ção,  qual  será  sua  classificação  no  balanço  e  sua  atualização  monetária?  O  contador  procura  captar,  organizar  e  compilar  dados.  Sua  matéria‐prima  são  fatos  de  significado  econômico‐ financeiro expressos em moeda. Seu produto final são as demonstrações financeiras.    O analista de balanços preocupa‐se com as determinações financeiras que, por sua vez, preci‐ sam  ser  transformadas  em  informações  que  permitam  concluir  se  a  empresa  merece  ou  não  crédito, se vem sendo bem ou mal administrada, se tem ou não condições de pagar suas dívi‐ das, se é ou não lucrativa, se vem evoluindo ou regredindo, se é eficiente ou ineficiente, se irá  falir ou se continuará operando.    O grau de excelência da Análise de Balanços é dado exatamente pela qualidade e extensão das  informações que conseguir gerar.    1.2) Linguagem descomplicada  O produto de Análise de Balanços são relatórios escritos em linguagem corrente. Na medida do  possível,  recomenda‐se  o  uso  de  gráficos  como  auxiliares  para  simplificar  as  conclusões  mais  complexas. Ao contrário das demonstrações financeiras, os relatórios de análise devem ser ela‐ borados como se fossem dirigidos a leigos, ainda que não o sejam, isto é, sua linguagem deve  ser  inteligível  por  qualquer  mediano  dirigente  de  empresa,  gerente  de  banco  ou  gerente  de  crédito. É claro que isto não acontece com as demonstrações financeiras, que, aliás, não tem  nenhuma preocupação nesse sentido. As demonstrações financeiras apresentam‐se carregadas  de termos técnicos e suas notas explicativas são feitas exclusivamente para técnicos, a tal pon‐ to que permitem freqüentemente manipulações e acobertamentos. Assim, a Análise de Balan‐ ços deve assumir também o papel de tradução dos elementos contidos nas demonstrações fi‐ nanceiras.    2
  • 3. Controladoria II  Prof. Moreira  Um relatório de análise de balanços que apresentasse dados em vez de informações não pode‐ ria ser considerado um bom relatório. São freqüentes os relatórios que se estendem em textos  como:    “O índice de endividamento é de 220%; isto significa que para cada $ 100 de capital próprio  existem $ 220 de terceiros. Esse índice mostra um crescimento de 10% em relação ao ano an‐ terior que, por sua vez, já crescera 18%. Os recursos de terceiros são predominantemente de  curto prazo (85%). Já os índices de liquidez encontrados foram respectivamente: liquidez geral  – 1,25; liquidez corrente – 1,40; e liquidez seca – 1,01, o que mostra que a empresa tem mais  reais realizáveis do que dívidas de curto prazo.    Esse tipo de relatório transforma um tipo de dado encontrado nas demonstrações financeiras  em outros dados, o que para o leitor pouco ou nada vale.      1.3) O que incluir no relatório    Um relatório adequado de Análise de Balanços deve, em lugar dos dados apresentados, expor:    “O grau de endividamento da empresa encontra‐se em nível razoável ao ramo de atividade;  entretanto, vem crescendo de maneira indesejável, pois há dois anos podia ser considerado  bom. A composição do endividamento mostra um perfil de dívida insatisfatório devido à ex‐ cessiva participação das obrigações de curto prazo. Já a liquidez da empresa pode ser consi‐ derada boa.”    Em linhas gerais, podem‐se listar as seguintes informações produzidas pela Análise de Balanços:    • Situação financeira;  • Situação econômica;  • Desempenho;  • Eficiência na utilização de recursos;  • Pontos fortes e fracos;  • Tendências e perspectivas;  • Quadro evolutivo;  • Adequação das fontes às aplicações de recursos;  • Causas das alterações na situação financeira;  • Causas das alterações na rentabilidade;  • Evidências de erros na administração;  • Providências que deveriam ser tomadas e não foram;  • Avaliação de alternativas econômico‐financeiras futuras.      3
  • 4. Controladoria II  Prof. Moreira  2) USUÁRIOS DA ANÁLISE DE BALANÇOS  Segundo Matarazzo, a análise de balanços permite uma visão das estratégias e dos planos de  uma empresa, além de estimar o seu futuro, suas limitações e suas potencialidades. É de pri‐ mordial  importância  para  todos  aqueles  que  pretendam  se  relacionar  com  a  empresa,  quer  fornecedores, financiadores, acionistas e até empregados. A procura de um bom emprego de‐ veria sempre se iniciar com a análise financeira da empresa.     Realmente,  um  candidato  a  emprego  deveria  inicialmente  tomar  conhecimento  da  situação  econômico‐financeira da empresa antes de se sujeitar ao processo seletivo, o que na maioria  das vezes não ocorre. Dessa forma, entre duas oportunidades de emprego equivalentes, o can‐ didato deveria dar preferência àquela cuja continuidade da empresa não está comprometida. E  isso só é possível de se descobrir através da aplicação das técnicas de análise de balanços.    Podemos dividir os diversos usuários interessados na análise de balanços em dois grupos: usuá‐ rios internos e usuários externos.    No primeiro grupo podemos relacionar os administradores ou gestores e os próprios emprega‐ dos. Já no segundo grupo, dos usuários externos, podemos destacar: os fornecedores, clientes,  governo, instituições financeiras, concorrentes e investidores.    2.1) Gestores    A análise financeira de balanços para uso dos gestores ou administradores é um instrumento de  grande valia para a tomada de decisões. Através da análise dos balanços projetados é possível,  por exemplo, saber qual será o impacto, a longo prazo, de uma ação tomada hoje. Assim sendo,  a  análise  feita  internamente,  permite  não  apenas  avaliar  a  situação  econômico‐financeira  da  empresa no passado, mas também as tendências futuras. Segundo Padoveze e Benedicto, é tão  grande o leque de informações para fins internos que se pode extrair da análise financeira que  qualquer especificação ficará sempre parcial. Dentre os diversos interesses dos usuários inter‐ nos, podemos destacar: formular estratégias; antecipar a possibilidade de pagar dividendos ou  juros de capital próprio; conhecer a estrutura de capitais; comparar o desempenho com outras  empresas do mesmo segmento etc.    2.2) Empregados    Conhecer a saúde financeira da empresa, por parte dos empregados, é importante para a avali‐ ação da estabilidade e planejamento do futuro. No entanto, os funcionários só se preocupam  em tomar conhecimento da situação econômico‐financeira da empresa nas épocas de dissídio  coletivo, em que são discutidos os reajustes salariais e o aumento dos benefícios.    4
  • 5. Controladoria II  Prof. Moreira  2.3) Fornecedores    A principal preocupação dos fornecedores é quanto a situação de liquidez dos seus clientes, ou  seja, a capacidade de quitar seus compromissos assumidos no prazo de vencimento. “Conside‐ rando vendas de curto prazo, um olhar sobre os indicadores de liquidez torna‐se fundamental.  No  caso  de  vendas  de  longo  prazo  e/ou  parceladas,  há  a  necessidade  também  da  análise  de  geração de lucros e caixa, além da capacidade de pagamento.”    2.4) Clientes    Pode até parecer estranho o fato de um cliente se interessar pela análise de balanços de seus  fornecedores. Mas na atual conjuntura, é extremamente importante para os clientes tomarem  conhecimento  da  capacidade  de  manutenção  do  fornecimento  pelos  fornecedores  com  que  têm parcerias, a fim de se prever o risco de desabastecimento.    A lei n.º 8.666, de 21 de junho de 1993, que estabelece normas gerais sobre licitações e contra‐ tos administrativos pertinentes a obras, serviços (inclusive de publicidade), compras, alienações  e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,  dispõe  em  seu  artigo  31.º,  sobre  a  exigência  da  apresentação  das  demonstrações  financeiras  para análise da capacidade financeira do licitante, conforme abaixo:    “Art.  31º  A  documentação  relativa à  qualificação  econômico‐financeira  limitar‐se‐à a:  I  ‐  balanço  patrimonial  e  demonstrações  contábeis  do  último  exercício  social,  já  exigíveis  e  apresentados  na  forma  da  lei,  que  comprovem  a  boa  situação  financeira  da  empresa,  vedada  a  sua  substituição  por  ba‐ lancetes  ou  balanços  provisórios,  podendo  ser  atualizados  por  índices  oficiais quando encerrado há mais de 3 (três) meses da data de apresen‐ tação da proposta;  (...)  §  1º  A  exigência  de  índices  limitar‐se‐á  à  demonstração  da  capacidade  financeira do licitante com vistas aos compromissos que terá que assu‐ mir caso lhe seja adjudicado o contrato, vedada a exigência de valores  mínimos de faturamento anterior, índices de rentabilidade ou lucrativi‐ dade.”    2.5) Governo    O principal interesse dos órgãos governamentais na análise de balanços está na fiscalização do  cumprimento das obrigações tributárias. As demonstrações contábeis evidenciam a geração de  praticamente todos os tributos, sendo importante fonte de consulta para os fiscais.    5
  • 6. Controladoria II  Prof. Moreira  2.6) Instituições Financeiras    As instituições financeiras constituem‐se tradicionalmente no principal usuário do produto da  análise de balanços. “Historicamente, sabe‐se que o processo de avaliação de empresas foi de‐ senvolvido,  em  grande  parte,  no  sistema  bancário  americano,  o  qual  procurava  relacionar  o  risco das diversas empresas com suas solicitações de empréstimos.”    Além  de  verificar  a  capacidade  financeira  de  curto  prazo  de  seus  clientes,  os  bancos  buscam  avaliar a capacidade de geração de lucros da empresa, pois mesmo que a operação financeira  seja de curto prazo, existe a possibilidade de renovação de crédito por parte do devedor, o que  acaba estendendo o interesse pela análise de longo prazo, inclusive.    2.7) Concorrentes    A melhor forma de sabermos como está o desempenho de uma empresa em relação ao merca‐ do, é através da análise dos balanços dos concorrentes, ou seja, das empresas do mesmo seg‐ mento.  Através  de  técnicas  estatísticas  é  possível  a  construção  de  padrões  de  análise,  como  veremos mais adiante.    2.8) Investidores    Os investidores fazem análise de balanços para a avaliação do custo de oportunidade no mo‐ mento de aplicar seus recursos na aquisição de ações ou debêntures. As análises que mais inte‐ ressam os investidores é a da rentabilidade e da lucratividade. Também levam em conta outros  fatores relacionados ao preço e à valorização das ações no mercado mobiliário.    3) METODOLOGIA DE ANÁLISE    “A Análise de Balanços baseia‐se no raciocínio científico”   Na maioria das ciências, o processo de tomada de decisões obedece mais ou menos a seqüên‐ cia da figura a seguir:        6
  • 7. Controladoria II  Prof. Moreira  Na Medicina, por exemplo, em qualquer exame preliminar, o médico tira a temperatura, pres‐ são,  pulsação  etc.  Esses  são  os  indicadores  (1).  O  médico  compara  então  cada  indicador  com  um padrão próprio (2) desenvolvido e aprimorado e, em seguida, ponderando conjuntamente  seus indicadores, elabora as conclusões (3), mental ou formalmente, transmitindo‐as ou não ao  paciente de alguma forma que faz parte de sua técnica de trabalho. Em seguida, toma uma de‐ cisão (4), como internar o paciente, encaminhá‐lo a outro especialista, receitar medicamentos  ou simplesmente dizer que está tudo “OK”.    Se se tratar de um exame especializado, como exame radiológico, a seqüência será a mesma. A  etapa  de  decisão  nem  sempre  estará  imediatamente  presente,  pois  poderá  ser  tomada  por  outra pessoa.    As etapas 1, 2 e 3 devem ser feitas sempre em seqüência e estar perfeitamente coordenadas.  Entretanto, cada uma se vale de técnicas próprias. Por exemplo, a escolha de indicadores pode  recorrer a técnicas modernas de engenharia, como raio laser e ultra‐som. Já a comparação com  padrões se apóia na estatística, em experimentos com cobaias etc. A elaboração de diagnósti‐ cos ou conclusões distingue‐se perfeitamente da etapa comparação com padrões, pois é agora  que  serão  devidamente  ponderadas,  pesadas  e  medidas  as  informações  parciais  obtidas  nas  duas etapas anteriores.    Em Direito, os elementos considerados representam os indicadores; a lei, a jurisprudência ou os  comentários  de  juristas  representam  os  padrões;  a  ponderação  pela  vivência  e  pelo  conheci‐ mento representa a etapa de elaboração de conclusões. A partir desta é que virão as decisões  de condenar, absolver, entrar em acordo etc.    Em Análise de Balanços aplica‐se o mesmo raciocínio científico:    1) Extraem‐se índices das demonstrações financeiras;  2) Comparam‐se os índices com os padrões;  3) Ponderam‐se as diferentes informações e chega‐se a um diagnóstico ou conclusões;  4) Tomam‐se decisões.    Quando está seqüência não é levada em conta, fatalmente a Análise de Balanços fica prejudi‐ cada. Às vezes, por falta de padrões ou por não se saber construí‐los, deixam‐se de fazer com‐ parações. A qualidade da análise então fica comprometida, pois como poderá fazer afirmativas  sem os elementos de referência?    A comparabilidade dos dados de análise de balanço pode ser feita em vários aspectos, como:    • Comparação com períodos passados;  • Comparação com períodos orçados;  • Comparação com padrões setoriais;  • Comparação com padrões internacionais;  • Comparação com padrões internos da empresa;  • Comparação com empresas concorrentes etc.    A maneira mais adequada de dar um atributo de informação gerencial aos indicadores de análi‐ se de balanços é o acompanhamento tendencial. O acompanhamento dos indicadores de forma  7
  • 8. Controladoria II  Prof. Moreira  contínua (no mínimo mensal e preferencialmente de forma gráfica) possibilita apreender situa‐ ções de tendências futuras, dando, portanto, aos gestores uma ferramenta adicional para mu‐ dança e planejamento.      3.1) O Papel dos Índices de Balanço  “Um índice é como uma vela acesa num quarto escuro”    Índice  é  a  relação  entre  contas  ou  grupo  de  contas  das  Demonstrações  Financeiras,  que  visa  evidenciar determinado aspecto da situação econômico ou financeira de uma empresa.    Os índices constituem a técnica de análise mais empregada. Muitas vezes, na prática, ou mes‐ mo em alguns livros, confunde‐se Análise de Balanços com extração de índices. A característica  fundamental dos índices é fornecer visão ampla da situação econômico e financeira da empre‐ sa.    Os  índices  servem  de  medida  dos  diversos  aspectos  econômicos  e  financeiros  das  empresas.  Assim como um médico usa certos indicadores, como pressão e temperatura, para elaborar o  quadro clínico do paciente, os índices financeiros permitem construir um quadro de avaliação  da  empresa.  Há,  porém,  uma  diferença:  enquanto  o  médico  pode  ter  certeza  de  que  há  algo  errado com o paciente que apresenta pressão muito alta – talvez a iminência de um derrame –,  na empresa, um endividamento elevado não significa que esteja à beira da insolvência. Outros  fatores, como prestígio da empresa junto ao governo, relacionamento com o mercado financei‐ ro etc., podem fazê‐la operar indefinidamente, mesmo que mantenha sempre elevado o endi‐ vidamento. O índice financeiro, porém, é um alerta.    3.1.1) Quantos índices são necessários para uma boa análise?    O importante não é o cálculo de grande número de índices, mas de um conjunto de índices que  permita conhecer a situação da empresa, segundo o grau de profundidade desejada da análise.  A profundidade de análise é variável de usuário para usuário. O fornecedor pode apenas querer  rápidas informações sobre a empresa, a respeito de sua rentabilidade, de seu índice de liquidez.  Se esse mesmo fornecedor estiver interessado não em vender mercadoria, mas em adquirir a  própria empresa‐cliente ou fundi‐la com a sua, evidentemente desejará uma análise muito mais  profunda.    Portanto, a quantidade de índices que deve ser utilizada na análise depende exclusivamente da  profundidade que se deseja da análise.     Entretanto,  a  análise  de  índices  é  do  tipo  que  começa  muito  bem  e  vai  perdendo  o  fôlego  à  medida  que  se  acrescentam  novos  índices,  ou  seja,  há  um  rendimento  decrescente.  Quando,  por exemplo, se dobra o número de índices, não se consegue dobrar a quantidade de informa‐ ções. Isso pode ser ilustrado pelo gráfico a seguir:  8
  • 9. Controladoria II  Prof. Moreira  Nesta figura observa‐se na linha horizontal a quantidade de índices e na linha vertical a quanti‐ dade de informações.    Quando se aumenta a quantidade de índices de 2 para 5, obtém‐se um (Δ1) que representa o  acréscimo de informações devido ao aumento da quantidade de índices. Quando se aumenta a  quantidade de índices de 12 para 15, o (Δ2) então obtido é muito menor que o (Δ1). Isso signifi‐ ca rendimentos decrescentes.     O aumento da quantidade de índices é também aumento de custos; portanto, a análise de índi‐ ces  entra  em  rendimentos  decrescentes  a  partir  de  certo  ponto,  identificado  na  curva  como  ponto P.    A análise de empresa industriais e comerciais através de índices tradicionais deve ter, no míni‐ mo, 4, e não é preciso estender‐se além de 11 índices.    3.1.2) Aspectos da empresa revelados pelos índices  Pode‐se subdividir a análise das Demonstrações Financeiras em análise da situação financeira e  análise da situação econômica.    Inicialmente  analisa‐se  a  situação  financeira  separadamente  da  situação  econômica;  no  mo‐ mento seguinte, juntam‐se as conclusões dessas duas análises.    Assim,  os  índices  são  divididos  em  índices  que  evidenciam  aspectos  da  situação  financeira  e  índices que evidenciam aspectos da situação econômica. Os índices da situação financeira, por  sua vez, são divididos em índices de estrutura de capital e índices de liquidez.      9