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O Tipo e o
Horizonte
Temporal dos
Financiamentos
Uma das principais preocupações que deve ser
tida ao negociar um financiamento com a
Banca, passa pelo mesmo ter o tipo e o prazo
adequado à necessidade em causa
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O Tipo e o Horizonte Temporal dos Financiamentos
Introdução
Uma das principais preocupações que deve ser tida ao negociar um
financiamento com a Banca, passa pelo mesmo ter o tipo e o prazo
adequado à necessidade em causa.
Com excepção de alguns períodos em que o acesso ao crédito foi
extremamente limitado, o custo do crédito é maioritariamente apontado
como o principal problema na relação das Empresas com a Banca.
Sem prejuízo de concordarmos que a dificuldade de acesso ao crédito e o
custo do crédito são problemas para as empresas, temos que ao longo dos
últimos trinta anos os períodos de extrema dificuldade no acesso ao
crédito foram poucos e curtos e que entre a adesão ao Euro e a crise de
2007 o crédito não esteve particularmente caro, para a generalidade dos
riscos.
E estas circunstâncias não impediram que inúmeras empresas tivessem
graves problemas derivados da gestão do seu passivo bancário. Muitos
desses problemas derivavam da desadequação de tipo e de prazo dos
financiamentos contraídos às necessidades existentes e esses problemas
foram exponencialmente empolados com a crise que se iniciou em 2007.
É da escola que o reembolso do financiamento deve ser adequado à
capacidade esperada de geração de fundos da aplicação que vai ser feita
dos fundos.
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Mas muitas vezes são mais valorizados outros factores, que sendo
aparentemente agradáveis para as partes envolvidas, podem vir a ter
custos elevadíssimos.
Não foram 10, nem 100, nem 1000, nem 10.000 os investimentos de longo
prazo que durante anos foram financiados pelas chamadas contas
correntes caucionadas. Para o empresário a CCC tinha resposta mais
rápida e taxas mais agradáveis e para o bancário era muito mais fácil fazer
aprovar uma CCC, que é um crédito de curto prazo renovável ou
denunciável num curto prazo (como muito duramente se aperceberam
inúmeros empresários) do que propor e fazer aprovar compromissos a
três, cinco ou dez anos.
E assim se viveu, muitas vezes correndo tudo bem, durante anos. O pior é
quando as coisas correm menos bem, ou quando chegam as crises ou
quando os mercados ficam mal dispostos.
Quando isto sucede além das dificuldades inerentes ao negócio ou ao
mercado, os empresários confrontam-se com mais um problema, e grave.
A tesouraria das empresas e a sua actividade ficam reféns da posição dos
bancos relativamente ao seu envolvimento e muitas vezes as necessidades
ou leituras dos bancos são exactamente em contraciclo com as
necessidades das empresas.
É possível evitar estas situações?
Não é de todo possível eliminar estes riscos, mas é possível minorá-lo de
forma significativa.
É o que abordaremos de seguida.
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Apoios de Tesouraria I
As Contas Correntes Caucionadas
O apoio de tesouraria é por definição um apoio de curto prazo. Sem
dúvida que a forma mais simples e muitas das vezes a mais económica é a
conta corrente caucionada, daqui em diante CCC.
A CCC deve ser usada de forma activa. Utilizada quando existem
necessidades de tesouraria e regularizada quando se fazem os
recebimentos.
Este ciclo pode ser mais curto ou mais longo, mas uma CCC é isto. O que
não for isto não é uma CCC, mas sim outra coisa.
Uma das circunstâncias em que as CCC são indevidamente utilizadas,
sucede se a empresa estiver em crescimento. As suas necessidades de
fundo de maneio aumentam naturalmente e então o que é necessário não
é uma CCC, é isso sim o correcto financiamento a médio/ longo prazo das
novas necessidades permanentes de fundo de maneio, tema que
trataremos à frente. Se a CCC deixou de financiar a tesouraria e passou a
financiar outro tipo de necessidade, então há que financiar devidamente
essa necessidade para continuar a ter apoio de tesouraria.
Outra circunstancia que leva à utilização incorrecta das CCC é a
degradação das margens e dos resultados da empresa. À medida que a
margem enfraquece e os resultados regridem, a empresa diminui os meios
libertos para fazer face às suas responsabilidades. Existindo
disponibilidade na CCC, ela será utilizada com esse fim e não para o fim
devido. A empresa fica sem este apoio de tesouraria.
Em qualquer dos casos este tipo de utilização envolve graves riscos, para a
empresa e para os bancos.
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Uma empresa em expansão pode hipotecar parte do seu potencial se os
bancos não continuarem a financiar desta forma incorrecta as suas novas
necessidades de fundo de maneio, o mesmo se diminuírem o seu apoio. E
muitas vezes quando se tentar inverter caminho e ir buscar a solução
correcta já se deu alguma degradação da relação ou do nível de
contrapartidas dadas pela empresa (sobre utilização da CCC, deterioração
dos saldos médios), tornando muito mais difícil a sua negociação.
Uma empresa com problemas ao nível dos resultados ver esses problemas
reflectidos ao nível da sua liquidez. Mas existindo CCC disponíveis não os
sente, pelo menos até elas se esgotarem ou serem retiradas. Não sentindo
problemas de liquidez a propensão a abordar devidamente o problema de
fundo, o problema no negócio, é menor, adiando a busca de soluções e
levando a um deteriorar da situação. A solução para este problema não
passa certamente pela utilização indevida das CCC…
Os dois exemplos acima mostram os riscos envolvidos na utilização das
CCC, devendo existir por partes das empresa e dos bancos o maior
respeito pelo tipo de crédito em causa no sentido de não pôr em causa a
capacidade de financiamento da empresa e o risco assumido pelas
instituições de crédito.
Apoios de Tesouraria II
O Crédito Comercial
Por crédito comercial entende-se o crédito que tem subjacente uma
transacção comercial especifica e a intervenção do cliente. Estamos a falar
por exemplo de letras, cheques pré datados, remessas de documentos
exportação ou factoring.
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Trata-se do tipo de crédito de tesouraria por excelência. Mas durante anos
caiu em desuso.
Caiu em desuso dado que com o crédito abundante, as empresas
financiavam a sua tesouraria da forma mais simples e mais barata, as CCC.
Outro factor fundamental para essa menor utilização foi o seu custo. Na
busca de comissões os bancos sobrecarregaram de forma desapropriada
este tipo de crédito. O facto de serem operações de curto prazo, fazia
muitas vezes com que as comissões flat aplicadas, levassem a que os
custos com as mesmas fossem maiores que os juros cobrados, levando a
taxas efectivas inibidoras da sua utilização.
Por ultimo, as empresas fugiam ao “trabalho administrativo” inerente as
este tipo de crédito. O trabalho administrativo que é no fundo controlar
prazos de pagamento de uma forma muito mais fiável, rigorosa e efectiva
que em conta corrente…
Mas o crédito comercial deve ser o crédito de tesouraria por excelência.
Razões não faltam, ficam algumas:
- A sua ligação às transacções que dão origem à necessidade
- O estreito acompanhamento a que obriga das contas de clientes
- A ajuda que pode advir da análise pelos bancos da qualidade de crédito
dos cientes envolvidos
- O maior comprometimento do cliente com a data de pagamento,
comparativamente com a simples conta correte
- E muito importante, o facto de a empresa se estar a financiar “gastando”
muito pouco da sua capacidade de endividamento, dado que existindo
outros intervenientes e sendo por norma operações de curto prazo, os
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bancos não as consideram, ou consideram com um rácio baixo, na sua
exposição.
- Para os bancos são operações rentáveis e de mais baixo risco, dada a já
referida intervenção de terceiros.
Tendo tantas vantagens as razões para a sua menor utilização são as já
abordadas.
Os bancos já começaram a olhar mais para este tipo de crédito.
Compete agora às empresas voltar a considerar como fonte de
financiamento a antecipação de recebimentos de clientes. É disso que se
trata, diminuição financeira do Prazo Médio de Recebimento, que é na
esmagadora maioria das empresas, o grande responsável pelo aumento
das necessidades de fundo de maneio.
Como?
- Negociando com os seus clientes condições de pagamento que incluam a
titulação do crédito por meios que permitam a sua antecipação (cheques
pré datados, letras ou aceitação do pagamento de facturas em factoring,
entre outros)
- Negociando com os bancos linhas para este tipo de produtos. Os bancos
estão muito receptivos a estes negócios
- Estabelecendo sistemas de controle integrados entre a gestão das contas
de clientes e a componente financeira dessas contas, de molde a
optimizar trabalho administrativo.
Conseguir-se-ão
- Melhores vendas, dado que se consegue transformar o seu produto em
liquidez
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- Melhor risco de crédito da carteira de clientes, face ao maior
acompanhamento
- Melhor capacidade de endividamento, dado que a exposição em crédito
financeiro directo que os bancos estão dispostos a ter na empresa não
está a ser consumida pelo financiamento da tesouraria
Só vantagens?
Praticamente, mas um risco importante que não deve nunca ser
descurado. Se bem que o dinheiro já tenha sido recebido o cliente ainda
não pagou. O risco de crédito nesse cliente mantém-se e deve ser
considerado os plafons estipulados pela empresa para cada cliente.
Apoios de Tesouraria III
O Crédito por Assinatura
O Crédito por Assinatura compreende em traços gerais as garantias
bancárias e os créditos documentários.
Se bem que utilizados por bastantes empresas, poucas vezes o são na
óptica do apoio de tesouraria.
Estamos perante um tipo de crédito que neste momento os bancos estão
também bastantes interessados, dado que não consome liquidez.
E como utilizar o crédito por assinatura como apoio de tesouraria?
Uma utilização bastante eficaz é a utilização de garantias bancárias de
bom pagamento a favor de um fornecedor. Em termos práticos, solicita-se
a um fornecedor um alargamento do prazo de pagamento, oferecendo
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como contrapartida o facto de o acréscimo de saldo em conta corrente
passar a ficar garantido por uma instituição bancária.
Esta utilização é particularmente atraente quando em negociação com um
novo fornecedor. A empresa apresentar-se a um fornecedor com uma
garantia bancária para cobrir parte ou a totalidade do seu saldo de conta
corrente, inspira um nível de confiança que dá à empresa compradora
uma posição negocial da qual pode tirar importantes vantagens, quer ao
nível de condições de pagamento, como de preço.
E estamos perante um apoio de tesouraria. Ao permitir o alongamento do
prazo de pagamento, contribui para a diminuição das necessidades de
fundo de maneio.
Outro instrumento que permite de forma muito eficaz suprir necessidades
de tesouraria pontuais ou mesmo com um caracter mais regular são os
créditos documentários.
Uma negociação correcta de uma encomenda com as condições de
pagamento a estabelecerem-se por crédito documentário, permite não só
baixar de forma muitíssimo significativa baixar o risco de crédito do
negócio ( principal razão da sua utilização mais comum ), mas também
financiar as necessidades financeiras que possam derivar dessa
encomenda ou mesmo financiar a tesouraria.
Assim um crédito documentário desde que devidamente negociado com o
cliente pode por exemplo ser endossável a um fornecedor, obviando
portanto a uma eventual necessidade de tesouraria que possa advir do
ciclo de produção ou das transacções comerciais inerentes a essa
encomenda.
Pode também ser descontado pelo banco, antecipando o pagamento a ser
feito pelo banco do cliente. E aqui, ao contrário das letras ou do factoring
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com recurso, este adiantamento normalmente não tem inerente a
manutenção do risco de crédito, dado que em determinadas
circunstancias o banco do cliente já terá garantido o pagamento na data
prevista.
Trata-se portanto de um instrumento que permite negociar condições de
pagamento que podem ser a chave para a concretização de um negócio,
ao mesmo tempo que dota a empresa de um instrumento que lhe pode
permitir a obtenção de liquidez para esse, ou mesmo outros negócios,
sem sobrecarregar a tesouraria normal da empresa.
Em sentido contrário, ou seja como compradora, a empresa também pode
fazer uma utilização deste instrumento, com efeitos sobre a tesouraria
similares ao conseguido coma garantia bancária de bom pagamento.
Outra utilização como cliente deriva da globalização. Cada vez fazem-se
mais negócios com fornecedores mais distantes e com menos
conhecimento pessoal. Zonas há do globo onde as empresas fornecedoras
conseguem preços extremamente baixos, mas face ao desconhecimento
das nossas empresas pedem muitas vezes pagamentos antecipados. Além
do risco de crédito inerente a um pagamento antecipado, temos ainda o
esforço que é pedido à tesouraria, muitas vezes por períodos longos
(ciclos de produção e transportes de regiões longínquas).
A correcta utilização de créditos documentários de importação pode
permitir a uma empresa alargar o seu leque de opções em termos de
fornecimento, conseguindo eventualmente vantagens concorrenciais
importantes, sem “hipotecar” a sua tesouraria corrente.
Na utilização deste produto há que ter particular atenção, na negociação
com a banca ou com o fornecedor ou cliente, às despesas associadas.
Existe uma comissão base, mas depois em trade finance existem uma série
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de despesas inerentes sobretudo à comunicação entre bancos que podem
ultrapassar o valor da comissão base, donde a importância da atenção à
negociação das mesmas.
Ficaram alguns exemplos da possibilidade de utilização do crédito por
assinatura. As possibilidades de utilização são quase infinitas, podendo um
correcto domínio destes instrumentos ser essencial à concretização de
muitos negócios.
Apoios de Tesouraria IV
A livrança
Há 40 anos de uma empresa necessitasse de um apoio de tesouraria,
pedia uma livrança.
Com o desenvolvimento da economia e da actividade bancária surgiram
múltiplas formas de as empresas se financiarem no curto prazo, passando
a livrança a ter um peso residual.
Contudo nos últimos anos com a falta de liquidez e com uma maior
sensibilidade ao risco por parte dos bancos, a livrança voltou a ser um
instrumento em uso.
É bom para as empresas?
Pode ser.
Se for a única forma pela qual o banco esteja disponível para emprestar,
então a livrança é boa…
Mas também pela positiva pode ter vantagens para a empresa.
Um cliente que pede o adiamento por dois meses do pagamento de uma
factura relevante, pode e deve ser financiado por uma livrança que cubra
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esse gap na tesouraria, com vencimento para o novo “vencimento” da
factura.
Uma compra importante de matéria prima de molde por exemplo a
garantir um bom desconto de pronto pagamento, pode e deve ser
financiado por livranças, com vencimentos para as datas posteriores em
que essa matéria prima será utilizada. Evita um esforço suplementar à
tesouraria e tem o seu reembolso adequado a libertação de fundos
existente.
Para qualquer destes exemplos um prazo demasiado curto ou demasiado
longo será pernicioso. Um prazo demasiado curto levará à tesouraria o
peso que se lhe queria retirar. Um prazo demasiado longo dará à
tesouraria uma sensação de liquidez que não é real.
A utilização de livranças tem um custo fiscal de algum relevo mas uma
série de vantagens.
Por um lado permite a correcta afectação de fundos a determinada
necessidade, em contraponto à utilização por exemplo de CCC. Esta
afectação directa obriga a empresa a uma disciplina financeira de que os
bancos gostam, mas que é também fundamental para as empresas.
Também permite ultrapassar necessidades pontuais, sem recurso à
tesouraria normal, facilitando o funcionamento da mesma, sem
deterioração de prazos de pagamento ou das posições bancárias normais,
situações que ocorrerem poderão penalizar a empresa em futuras
necessidades ou negociações.
Uma vantagem importante das livranças correctamente utilizadas é,
principalmente para as empresas de menor dimensão, a criação de um
histórico bancário de cumprimento, um dos principais critérios em que os
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bancos assentam a sua decisão de concessão ou manutenção de apoio os
seus clientes.
Temos portanto que a utilização de livranças deve ser feita sem
constrangimentos, existindo mesmo situações em que ela se mostra o
instrumento mais adequado, quer para a gestão da tesouraria da
empresa, quer para facilitar a análise do banco relativamente a uma
necessidade específica, facilitando a aprovação das operações no tempo e
condições mais favoráveis.
Conclusão Apoios de Tesouraria
Permitimo-nos a algumas notas a título de resumo:
- existem diversos produtos bancários através dos quais se pode financiar
a tesouraria
- para cada situação relevante deve ser utilizado o tipo de financiamento
adequado
- as empresas devem ter cuidado para que a sua capacidade de
financiamento da tesouraria não seja utilizada para outros fins
- neste tipo de financiamento há que ter extrema atenção às comissões
flat
- os instrumentos de apoio à tesouraria podem além do seu papel
primordial, servir de potenciador de negócios específicos
- uma gestão adequada da tesouraria permite maior liberdade à empresa
e ao empresário, diminui os custos financeiros, baixa o risco empresa e
permite aos seus parceiros uma percepção de melhor risco da empresa
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Crédito de Médio e Longo Prazo I
Crédito ao Investimento
Salvo raríssimas excepções os investimentos devem ser financiado por
crédito de médio e longo prazo ( a partir daqui CMLP ).
A rentabilidade e libertação de fluxos financeiros para pagamento por
norma dá-se num horizonte plurianual, donde o horizonte temporal do
financiamento deve ser coincidente com os cash flows previsionais do
projecto.
Dissemos que os financiamentos devem ser financiados por CMLP … além
dos capitais próprios adequados. E cremos que para capitais próprios
adequados não existe um rácio. Cada caso é um caso, mas na esmagadora
maioria dos casos os investimentos devem ter as duas componentes. Um
investimento não deve ser feito só com capitais próprios. Leva a uma
imobilização desnecessária dos mesmos e perde-se o efeito fiscal dos
juros. Na mesma linha não deve ser feito só com capitais alheios; é muito
difícil a aprovação e aumenta o seu risco, também para o promotor.
Mas a principal questão nos investimentos e respectivo crédito é a
correcta adequação do plano de reembolso à capacidade de geração de
fundos do projecto.
O plano de reembolso deve ser perfeitamente adaptado ao cash flow
esperado do projecto.
Após decidir que um projecto avança, ou seja que se acha que ele é
rentável, há que ter o máximo cuidado com o seu financiamento. O
financiamento de um projecto faz parte e é parte fundamental de um
projecto. Muitos bons projectos já ficaram na gaveta por falta de
financiamento, mas também muitos bons projectos já falharam por terem
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financiamento inadequado. Não em termos de montante, mas de plano
de reembolso.
Assim considerando que o financiamento é parte integrante do projecto, o
projecto só é bom se o financiamento for bom.
Muitas vezes os promotores caem no erro fatal de aceitarem
financiamentos inadequados ao projecto. Os bancos preferem prazo o
menos longos possíveis e os promotores aceitam para não inviabilizar o
projecto e inviabilizam-nos, com elevados custos.
Não existem regras para qual a relação óptima entre os cash flow
esperados de um projecto e o plano de reembolso.
Mas avançamos com uma hipótese. Que o plano de reembolsos coincida
com a análise de sensibilidade pior que for efectuada. Assim, mesmo que
ocorra o pior cenário previsto, manter-se-á a capacidade de reembolso.
E se as coisas ainda correrem pior?
Bom, uma hipótese é ter reservado alguns capitais próprios para essa
eventualidade, Não se deixa degradar a situação, mantendo alguma
posição negocial com o financiador.
A outra é a renegociação, que deve ser feita atempadamente, antes de
uma degradação e de incumprimento. É fundamental a monitorização e a
acção adequada.
E porque não ter condições de reembolso mais suaves que o cash flow do
cenário mais pessimista?
Em primeiro lugar o banco. Os bancos são avessos a prazos de reembolso
demasiado longos. E ao pedirmos um plano de reembolso inferior aos
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cash flow da hipótese mais pessimista, estamos a transmitir que não
acreditamos no projecto…
E para o promotor. Um plano mais longo encarece o projecto por via dos
juros e se a implementação correr bem existirá um excesso de liquidez
que nem sempre é benéfico…
Falámos da que consideramos a principal preocupação no crédito ao
investimento. Vamos abordar muito sumariamente mais dois temas.
Nos casos em que se possa aplicar, um prazo de utilização bem negociado,
o mais longo possível, poupa muito dinheiro em juros e dá espaço de
manobra à empresa para acertos que possam ser necessários efectuar,
após por o processo em marcha.
Para os bancos, o CMLP deve ter sempre garantias extra. O prazo é maior,
aumenta a incerteza, logo aumenta o risco e aí vem a “necessidade” de
garantias adicionais. A empresa deve sempre apresentar garantias
adicionais num CMLP. Não tem de ser reais, como se pensa no imediato.
Muitas vezes existem outras possibilidades de constituir e oferecer
garantias, que melhoram a possibilidade de aprovação de um crédito…
Crédito de Médio e Longo Prazo II
Crédito Apoio ao Crescimento
O Crédito de Apoio ao Crescimento (CAC) é também um crédito ao
investimento. Então porquê uma abordagem não integrada no ponto
anterior.
Duas razões fundamentais.
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As necessidades de CAC não derivam de decisões de investimento. Não
existe um projecto de investimento. Derivam isso sim das necessidades
inerentes ao normal crescimento de um negócio.
A outra razão é a primordial para esta abordagem específica. Esta
necessidade muitas vezes não é diagnosticada. Sente-se o peso da
necessidade sobre a tesouraria da empresa, mas não a identificamos
como uma necessidade de financiamento de MLP e por isso muitas vezes
não é devidamente financiada, com os custos inerentes.
E estamos a falar de?
Estamos a falar, por exemplo, do aumento das necessidades de fundo de
maneio inerente aos aumentos de actividade, dos trabalhos de
desenvolvimento ou busca de novos produtos ou dos trabalhos de
prospecção de novos mercados.
Estes investimentos, que os são, não são geralmente abordados nessa
óptica. São acções ou necessidades criadas derivadas do normal
desenvolvimento do negócio, consumindo meios que a ele estão afectos.
Em situações de negócios estruturalmente com elevada liquidez é algo
que não é grave. A liquidez excessiva está a ser investida e ainda sobra
liquidez.
Mas a situação normal é os negócios serem curtos de liquidez. E quando
um negócio é curto de liquidez, desviá-la para necessidades ou actividades
que não são na realidade correntes, afecta o normal desenrolar da
exploração. E pode trazer consequências nefastas tanto nas empresas que
estão em expansão, dado que lhes retira meios essenciais a essa
expansão, como nas empresas que estão com alguns problemas e buscam
novos caminhos, dado que os mesmos se agravarão com esta incorrecta
alocação de fundos.
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É portanto essencial identificar atempadamente estas necessidades e
financiá-las adequadamente. Tentar financiá-las de outra maneira traz
problemas e tentar financiá-las após elas trazerem problemas, torna
muito mais difícil a negociação com a banca.
Tentando olhar as situações apontadas.
Uma empresa em saudável crescimento das vendas ( a bom preço e a
bons riscos ) vê forçosamente as suas necessidades de fundo de maneio
crescerem. Face ao valor acrescentado criado, mesmo sem degradação
dos prazos médios de recebimento, as necessidades crescem. O valor das
facturas a clientes por receber, mesmo que não vencidas é sempre
superior ao crédito que se consegue de fornecedores.
E quanto melhor corre o negócio maior é o problema. Estas necessidades
vão sendo financiadas por apoios de tesouraria, mas os apoios de
tesouraria, não só não são ilimitados, como têm uma vertente de
compromisso por parte da banca baixo. São apoios de curto prazo
renováveis… E a margem, mesmo que seja boa, libertada pelo negócio,
não consegue financiar este crescimento das necessidades de fundo de
maneio.
Em crescimento, uma parte fundamental das necessidades de fundo de
maneio tornam-se permanentes. Tornando-se permanentes, devem ser
financiadas por meios adequados. Capitais próprios ou CMLP.
Assim, quando a tesouraria começa a ser pressionada pelo aumento das
necessidades de fundo de maneio inerentes ao crescimento, deve-se não
só conseguir um aumento das facilidades de crédito de curto prazo, mas
financiar no MLP parte dessas necessidades.
Financiar com um financiamento que tenha um plano de reembolso
adequado à libertação de fundos provenientes do crescimento das
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vendas. Assim o crescimento estará financiado e o financiamento será
liquidado à medida que o negócio vá libertando margem. E se as
necessidades de fundo de maneio diminuírem e esse financiamento ainda
estiver activo é fácil; diminui-se o recurso ao financiamento de curto
prazo.
Ao adoptar estratégias de financiamento adequadas baixa-se de forma
significativa o risco da empresa, neste caso os riscos inerentes a um
crescimento não controlado.
As outras situações abordadas (novos produtos, novos mercados) são
normalmente financiadas, porque realizadas, com os meios normais da
empresa. Estamos a retirar meios, financeiros e humanos, onde eles serão
necessários e aos estarem em dupla afectação a realização não será a que
seria possível.
Encarar estas situações como investimentos e dotá-las dos meios
humanos e financeiros adequados é mais de meio caminho para terem
sucesso.
Crédito de Médio e Longo Prazo III
Crédito de Reestruturação ou Consolidação
O Crédito de Reestruturação ou Consolidação (CRC) surge porque algo não
correu bem. Portanto a primeira fase de um crédito deste tipo, não tem a
ver com o crédito…
Se a iniciativa é da empresa, há que antes de mais, analisar muito bem o
que correu menos bem ( o nível de actividade, o tipo de financiamento
que existe, as previsões de retorno de um investimento, ou qualquer
outro factor ou factores ).
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Após conclusões sólidas do análise, implementar as correcções ou
adaptações necessárias e só depois de pode avançar para uma proposta
de CRO.
Avançar sem tratar muito bem esta fase baixa as possibilidades de obter
um CRO nas condições adequadas e baixa muitíssimo a possibilidade de
cumprimento, independentemente da solução que seja encontrada ao
nível do financiamento.
Já com a análise efectuada e os devidos acertos tratados, existe uma
perspectiva de como a actividade irá decorrer nos tempos vindouros. É
com base nesse trabalho previsional que deve ser negociada a
renegociação.
Caso a iniciativa do CRC seja do banco, a análise é similar, mas
eventualmente mais simples, porque refere essencialmente a parte
financeira pura.
Na negociação, entre a posição típica do banco, que perante um alerta
quer ver reembolsado o mais rápido possível o seu capital e a posição
típica da empresa que quer o menor esforço de tesouraria possível, há
que encontrar um meio termo.
Um meio termo que respeite a capacidade previsional de libertação de
fundos da empresa e que apresente um prazo de reembolso não
demasiado extenso para o banco. Existem diversos instrumentos na
montagem operacional de CRC que permitem atingir estes objectivos.
Mas há que os atingir. Para a empresa, principalmente, mas também para
o banco, aceitar um CRC com condições que à partida tenham uma baixa
probabilidade de serem cumpridas, é pôr-se numa situação pior que a
situação de partida. Passa mais tempo e perde uma oportunidade de se
viabilizar, Quando o problema ressurgir, por exemplo após um período de
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carência, a situação está mais degradada e a negociação será muito mais
difícil.
São portanto factores fundamentais neste tipo de crédito conseguir
transmitir muito bem ao banco a visão da empresa sobre a solução e
manter uma posição negocial flexível, mas consciente e assertiva de modo
a conseguir um acordo cumprível.
Não abordámos na primeira parte do texto sobre CRC, mas nestas
situações, a primeira pergunta do banco é:
Tem garantias reais para dar?
É natural que o banco queira reforçar garantias. Os bancos querem
sempre reforçar garantias! E aproveitam todas as oportunidades. Aqui,
sobretudo perante um pedido de renegociação por parte do cliente,
sentem uma legitimidade maior para essa posição. Determinados fundos
tinham sido disponibilizados, com determinado plano de reembolso. Se a
empresa não consegue reembolsar como previu e pede ajuda ao banco,
então ele pede algo em troca.
Se não existirem garantias, não existem. Resolvido. Há que negociar sem
elas.
Se existirem, a empresa passa a ter uma posição negocial mais favorável,
que deve conscientemente utilizar.
Um reforço de garantias é para o banco algo de essencial. Então pela
parte da empresa há também que conseguir o que lhe é essencial. Dá, mas
pede algo em troca.
Um plano de reembolso adequado e uma melhoria nas taxas e comissões.
E se o valor da garantia o suportar ( se for folgadamente superior ao valor
do crédito ) e a empresa necessitar, um acréscimo ao crédito, que bem
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aplicado poderá melhorar as condições de exploração da empresa e ser
reembolsado em condições favoráveis.
Numa situação de CRC, por iniciativa do banco ou da empresa, a empresa
está por norma numa situação de fragilidade. Mas esta situação de
fragilidade não deve levar a aceitação de condições, sobretudo ao nível do
plano de reembolso, que não sejam as adequadas. Há sobretudo que ter e
transmitir a consciência que uma boa solução é boa para ambas as partes.
E deve aproveitar para tentar melhorar as condições; pelo menos fazer
tudo para conseguir as melhores condições possíveis.
É uma situação de fragilidade, mas que não deve ser pontualmente
ultrapassada a qualquer preço.
Conclusão Crédito de Médio e Longo Prazo
De novo algumas notas a título de resumo:
- há que adequar sempre o plano de reembolso à capacidade de geração
de fundos. Não respeitar este princípio é um erro gravíssimo.
- a existência de garantias e essencial no CMLP. Há que existir
disponibilidade, mas também imaginação
- o tratamento de um CMLP é um momento por excelência para parar e
olhar para a empresa, que não deve ser desperdiçado
- muitas vezes os problemas que surgem na montagem de um CMLP, quer
no pedido quer na aprovação, são ultrapassáveis com soluções fora do
mainstream, adaptadas a cada caso. Pela “personalização” inerente não
cabe neste âmbito elencá-las. Mas que quase sempre existem é uma
verdade…
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- um CMLP, deve ser sempre atempadamente tratado. Evitam-se
decisões menos boas forçadas pelo factor tempo ou evita-se tratar a
solicitação já numa posição frágil
Final
Um agradecimento pelo interesse que revelaram os nossos leitores ao
acompanharem estas publicações.
Um desejo de que as mesmas tenham sido interessantes e que tenham
contribuído para alguma reflexão útil.
Mais um agradecimento pelo feed back que temos recebido, que nos tem
permitido análises diferentes e que enriquecem a nossa visão deste e de
outros temas.
Uma certeza de que a melhor compreensão recíproca entre as empresas e
a banca será muito positiva pata ambas as partes.
Uma disponibilização a dar a contribuição da CJA BUSINESS CONSULTING,
na certeza que podemos aportar valor acrescentado às empresas nossas
clientes.
OBRIGADO