O documento discute três eras da economia brasileira, as características do crescimento econômico recente e os desafios para a sustentabilidade desse crescimento, incluindo taxas moderadas e instáveis, redução do dinamismo industrial e fontes limitadas de inovação.
2. AS 3 ERAS DA ECONOMIA BRASILEIRA:
A “era desenvolvimentista”, que se estendeu de
1930 a 1980;
A “era de instabilidade macroeconômica inibidora
do crescimento”, que se estendeu de 1980-2003;
A “era da redução da desigualdade e da pobreza”, a
partir de 2004.
3.
4. CRESCIMENTO RECENTE:
características gerais
Crescimento moderado
Redução da vulnerabilidade externa
Controle da inflação
Melhorias sociais e distributivas
Ampliação da infraestrutura
Situação de tranquilidade fiscal
Sem dívida externa do setor público
PODERIA REPRESENTAR UM NOVO CICLO DE
DESENVOLVIMENTO DE LONGO PRAZO?
QUE TIPO DE CICLO SERIA?
5. PADRÃO DE CRESCIMENTO RECENTE
ELEVAÇÃO MAIS RÁPIDA DOS RENDIMENTOS DE BASE DO
MERCADO DE TRABALHO, determinada pela política de valorização
do salário mínimo.
EXPANSÃO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
EXPANSÃO DO CRÉDITO
AUMENTO DO INVESTIMENTO PÚBLICO GERANDO EXPANSÃO
DA INFRAESTRUTURA
DESONERAÇÃO TRIBUTÁRIA
REDUÇÃO DA TAXA DE JURO E DA TJLP do BNDES
DESVALORIZAÇÃO CAMBIAL
CONTROLE DE CAPITAIS DE CURTO PRAZO ATRAVÉS DO IOF
AS LINHAS DE FINANCIAMENTO DO BNDESPARA ELEVAR O
INVESTIMENTO PRIVADO
6.
7.
8.
9.
10. CAUSAS DA QUEDA DA DESIGUALDADE
E DA POBREZA
Renda do trabalho(58%)
Previdência (19%)
Bolsa Família (13%)
Benefício de Prestação Continuada (4%)
Outras rendas (aluguéis e juros) (6%)
SEM AS POLÍTICAS SOCIAIS PATROCINADAS PELO
GOVERNO A DESIGUALDADE SOCIAL TERIA
CAÍDO 36% MENOS.
REDUÇÃO DA POBREZA NA DÉCADA: 57,5%
14. EMPREGO FORMAL
DADOS DO CAGED, MINISTÉRIO DO
TRABALHO:
No acumulado até outubro de 2012 foram criados 1,1
milhão de empregos com carteira assinada.
Saldo 31,7% menor que o observado no mesmo período
no ano de 2011.
15.
16. Salário mínimo real, R$ constantes de dez/2011
Salário mínimo real, R$ constantes de dez/2011
28. NÍVEL DE ATIVIDADE
Variação real anual PIB (1995 - 2010)
(em %)
-2,0
-1,0
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
PIB - var. real anual - (% a.a.)
Fonte: IBGE/CCN. Elaboração: Ipea/Dimac.
.
PIB: taxa real de crescimento anual (1985-2010)* (Em %)
2,5
2,1
3,5
4,5
29.
30. Taxas de crescimento moderadas e
instáveis
Políticas macro não favorecem o crescimento:
Política fiscal contracionista; elevado superávit primário.
Juros altos, ainda que em queda;
Taxa de câmbio valorizada por muito tempo;
Déficit em transações correntes
31.
32.
33.
34.
35.
36.
37. Participação da Indústria no PIB e
a Taxa de Câmbio (1980-2010)
Índice (1990 = 100)
0
20
40
60
80
100
120
140
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
Índice
dos
valores:
1990
=
100
Participação da Indústria de Transformação no PIB Taxa de Câmbio Efetiva Real
Fonte: Ipeadata. Elaboração: Ipea/Dimac.
38.
39.
40. Investimento Público executado (%PIB)
(União, estados, municípios e estatais) (2003-2010*).
Em 2011 foi de 4,37% do PIB e em 2012, 4,68% (estimado)
2,6% 2,7% 2,7%
3,0% 2,9%
3,7%
4,3%
5,0%
0,0%
1,0%
2,0%
3,0%
4,0%
5,0%
6,0%
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010**
Investimento público executado (União, estados, municípios e estatais)
Fonte: Ipea
*Consideradas apenas as aplicações diretas de cada ente, desconsiderando-se portanto as transferências.
**2010: Estimativa preliminar de 5,0% para o Investimento Público (União, estados, municípios e estatais)
41.
42.
43.
44.
45.
46.
47.
48.
49.
50.
51.
52.
53. Participação relativa dos componentes da
pauta de exportações - Manufaturados e
Básicos (% Total em 12 meses) Índice (1990 = 100)
29,0%
32,0%
35,0%
38,0%
41,0%
44,0%
47,0%
50,0%
53,0%
56,0%
set/07
dez/07
mar/08
jun/08
set/08
dez/08
mar/09
jun/09
set/09
dez/09
mar/10
jun/10
set/10
dez/10
mar/11
jun/11
set/11
Produtos manufaturados Produtos básicos
Fonte: SECEX. Elaboração: Ipea/Dimac
76. Hipótese
Padrão de crescimento econômico brasileiro possui
contradições internas que podem dificultar a
compatibilização entre elevação do produto, aumento
real dos salários, distribuição de renda e inflação sob
controle.
77. Dinâmica da inflação nos anos 2000 (Braga,2011;
Braga e Bastos, 2010; Serrano e Summa, 2011)
1. Preços monitorados;
2. Flutuações no câmbio;
3. Preços das commodities;
4. Salários mínimo e médio e políticas de
transferência de renda.
78. Fatos estilizados sobre a trajetória
recente da inflação
Importância da
valorização da
taxa de
câmbio neste
processo
80. Nos últimos anos, diagnósticos sobre inflação no
Brasil foram deslocados para o mercado de trabalho.
Cria um conflito distributivo entre salários e lucros
porque os salários têm sido majorados acima da
produtividade média da economia
83. Abordagem da inflação de custos
Inflação como resultado de um conflito distributivo:
disputa entre trabalhadores e capitalistas por fatias
maiores da renda nacional
Uma das formas de se acomodar o conflito e garantir
melhorias reais de renda para trabalhadores e
capitalistas é a obtenção de ganhos de produtividade
que permitiriam a elevação dos salários reais sem
comprometer as margens de lucro dos capitalistas
84.
85. Importância da produtividade
Constitui variável chave na difícil tarefa de
compatibilizar crescimento econômico induzido pelo
mercado interno e inflação sob controle
Sob baixa produtividade, o incremento do poder
aquisitivo dos salários será limitado pela inflação e
pelas medidas de política macro de curto prazo postas
em ação para debelá-la
86. Mudança do foco do debate:
Os diagnósticos de inflação normalmente ignoram a
existência de deficiências na estrutura produtiva
O debate sobre inflação fica limitado a políticas
macroeconômicas de curto prazo
Mudança: da macroeconomia de curto prazo para a
análise das inter-relações entre os elos que compõem a
cadeia produtiva, em particular daqueles que têm
condicionado a economia brasileira a operar sob baixa
produtividade
87. Proposição:
pensar a inflação como um fenômeno de
natureza estrutural, que se reporta a
políticas de desenvolvimento econômico no
sentido mais amplo.
Inflação é um tema para além da
macroeconomia de curto prazo.
88. PERGUNTAS:
salários elevados e produtividade baixa - dado o
evidente conflito distributivo, melhor seria reduzir
salários ou elevar a produtividade do trabalho?
Melhor paralizar a política de combate à pobreza e
à concentração da renda ou fazer políticas voltadas
para o desenvolvimento econômico?
89.
90. TAXAS DE CRESCIMENTO MODERADAS E
INSTÁVEIS
INDÚSTRIA PERDE DINAMISMO
REDUZIDAS FONTES DE INOVAÇÃO E AVANÇOS
TECNOLÓGICOS
INCAPACIDADE DE ELEVAR O INVESTIMENTO
HETEROGENEIDADE ESTRUTURAL
91. 1. Taxas de crescimento moderadas
e instáveis
Políticas macro não favorecem o crescimento:
Política fiscal contracionista; elevado superávit primário.
Juros altos, ainda que em queda;
Taxa de câmbio valorizada por muito tempo;
Déficit em transações correntes
92. Indústria
Indústria nacional vem perdendo dinamismo:
Cai a participação da indústria no PIB, de 36% em 1984
para 15% em 2011 (Belluzzo e Almeida, 2010) . Mas deve-
se ter cautela com os indicadores de desindustrialização.
Déficit comercial nos setores industriais e superávit em
produtos básicos - Especialização regressiva da pauta
exportadora brasileira
Participação brasileira na corrente de comércio
internacional caiu de 1,38% em 1984 para 1,2% em 2009.
(Kupfer e Laplane)
93. 2. Reduzidas fontes de inovações e
avanços tecnológicos
Importância secundária dada pelo Estado brasileiro à
ciência, tecnologia e educação
Entre 2000 e 2009 o gasto com P&D da China passou de
0,9% do PIB para 1,7%; no Brasil passou de 1,0% para
1,2%.
Em termos absolutos, o gasto chinês com P&D era 2,2
vezes maior que o do Brasil em 2000. Em 2009, foi 6,5
vezes maior que o brasileiro (Pacheco, 2011).
Recursos humanos formados para o sistema de ciência,
tecnologia e inovação na China é 15 vezes maior, embora
a população chinesa seja “apenas” 7 vezes maior que a
brasileira (Pacheco, 2011).
94.
95. 3. Insuficiente capacidade de ampliar a
formação bruta de capital fixo
Furtado: aumento da produtividade física do trabalho
é fruto da acumulação de capital
Crescimento da produtividade eleva a renda real da
coletividade
Aumento do consumo leva à diversificação da estrutura
produtiva
Crescimento induz o Investimento, que é a variável
chave para a produtividade, para a dinâmica do
crescimento e da mudança estrutural
96. O ciclo de investimentos recente não foi capaz de
promover modificações estruturais:
Concentrou-se na indústria tradicional e em setores
primário-exportadores (Miguez, 2012).
Kupfer e Laplane (2010): maiores lucros do setor
industrial entre 2003/7 foram destinados ao des-
endividamento em vez do investimento.
97. 4. Heterogeneidade estrutural
Persistentes diferenciais de produtividade entre
setores, regiões, segmentos urbanos, classes sociais e
segmentos de classes
Apropriação diferenciada/desigual dos ganhos de
produtividade reforçam o problema da política salarial
de recuperação do salário mínimo e médio da economia
e, portanto, o problema das desigualdades sociais.
98. Considerações finais
Em que pese a taxa de crescimento do PIB terem sido
mais elevadas e as políticas salarial e de gastos sociais
terem provocado mudanças distributivas da renda, é
evidente a debilidade do padrão de crescimento em
gerar transformações estruturais favoráveis ao
desenvolvimento.
Os fatores que freiam a sua dinâmica limitam o maior
aproveitamento dos seus frutos pela classe trabalhadora
99. Considerações finais
Continuidade da política de recuperação do poder
aquisitivo dos salários depende de modificações
importantes no atual padrão de crescimento.
Afirmar que a inflação é de salários em contexto de
baixo crescimento da produtividade, acentuada
heterogeneidade estrutural e sistema industrial pouco
dinâmico é tautológico: é mais apropriado falar na
ausência de uma ação mais eficaz e profunda na
direção do desenvolvimento, como afirmavam os
estruturalista, com políticas industrial, educacional,
infraestrutural e de proteção social.