6. MEDO E TERROR
PAIXÃO
“[...]sentir medo diante de um perigo iminente que
possa prejudicar ou destruir a si mesmo, são
evocadas as paixões, as quais surgem provocadas
pela presença ou imagem de algo que me leva a
reagir, geralmente de improviso .”
“A história presente perpassa pela idade de seis anos
quando, numa ida à praia de Copacabana, num
domingo, com a família, logo eu, tão esperta e
inteligente, falante e bem articulada, me perdi de
meus pais, num ponto da praia, no Posto Seis. A
praia estava cheia, e eu estava com a incumbência de
tomar conta de meu irmão que era bem ‘arteiro’ e,
no entanto, quem se perdeu, fui eu!”
Delumeau fala que “a palavra medo está carregada
de tanta vergonha que a escondemos, enterramos no
mais profundo de nós o medo que nos domina as
entranhas.”
CORAGEM
“Eu, já me dando conta de que me perdera e,
apavorada, interpelei uma mulher que me pareceu
ser uma mãe com seu filhinho e marido. Abordei-a
perguntando se ela havia visto “uma mulher com
bolinhas amarelas no cabelo”, referindo-me a uma
presilha que minha mãe estava usando. Ao falar com
ela, não aguentei e chorei... Ela prontamente se
encarregou de me ajudar a encontrar meus pais.”
“Ao sentir medo ou imaginar um perigo que pudesse
me prejudicar, diante de reações improvisadas, devo
ter suscitado alguma paixão na moça que me
ajudava.”
“Assim como o termo paixão vem a ser associado a
um estágio inferior dos sentimentos humanos, o
medo, igualmente é levado a ser comparado à
covardia. Mas ambos deveriam ser considerados
como fatores que levam a ação, posto que grandes
feitos sejam geralmente, motivados por eles. O que
não existe de paixão no medo? Ou quanto de medo,
há nas paixões?”