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ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO: COMPROMISSO SOCIAL DAS
                                       UNIVERSIDADES


                                                                           Marvile Palis Costa
                                                  Maria Olívia Duarte Batistuta e Almeida
                                                                                                   1
                                                                      Terezinha Silva Freitas


RESUMO: Este trabalho apresenta uma reflexão sobre ensino, pesquisa e extensão universitária,
buscando mostrar como essa tríade se correlaciona e quais as bases essenciais para o seu sucesso.
Para essa pesquisa optou-se pela pesquisa bibliográfica, assumindo a idéia de que o ensino e a
pesquisa formam as bases para as ações de extensão. Por outro lado, os resultados apresentados na
extensão auxiliam na determinação e direcionamento do ensino e da pesquisa. Assim, percebemos
como a sociedade pode receber e oferecer sua participação na evolução do ensino superior. Na
relação entre indivíduo, educação e sociedade, a pesquisa ocupa lugar de destaque, pois caracteriza-
se (ou pelo menos deveria) por estar no centro do desenvolvimento econômico e social. A prática
efetiva do ensino dentro e fora de sala de aula mostra-se como uma opção para a melhoria da
situação social atual, sendo forte instrumento da sociedade na busca de novas fronteiras de
conhecimento. A prática do ensino ainda favorece o acesso a serviços que podem ser oferecidos à
sociedade em um projeto de extensão. Assim concluiu-se que a extensão, quando apoiada nas bases
do ensino e da pesquisa oferece inúmeros benefícios à sociedade e esta extensão, por sua vez
aponta os caminhos a serem seguidos de forma a se tornar cada vez mais prática as ações de ensino
e de pesquisa.


PALAVRAS-CHAVE: Ensino. Pesquisa. Extensão. Educação Superior. Sociedade.



INTRODUÇÃO


       Educação é uma condição fundamental para que o indivíduo desenvolva suas
capacidades produtivas e, sobretudo, a cidadania. Desde a Educação Básica até os
mais altos níveis de ensino, a humanização do indivíduo é fundamental para que os
conhecimentos se consolidem e se tornem praticáveis na sociedade. Nesse sentido,
                      2
para que a Escola , principalmente de ensino superior, cumpra sua função social é
mister que busque a inserção na sociedade de forma abrangente e ao mesmo tempo
pontual, criando mecanismos que possam garantir a ligação entre o conhecimento
produzido pelas instituições de ensino e aquele que a sociedade realmente


1Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em Docência na Educação Superior da
Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Uberaba – MG.

2Consideramos escola a instituição máxima de formação educacional, permeando todos os
níveis de ensino: desde a pré-escola até os ensinos de pós-graduação, passando pelo
fundamental, médio e superior.
2



necessita, reduzindo o hiato teoria versus prática e produção versus aplicação de
conhecimento.
      Neste     contexto   torna-se   fundamental   a   prática   da   “tão   desejada”
indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão – A universidade que pratica esse
tripé é detentora da grande virtude do compromisso social, pois consegue assimilar
as demandas sociais e incorporá-las em seus currículos e ações – uma universidade
que se distancia das questões sociais torna-se mais susceptível a produção de
conhecimento com baixa aplicabilidade prática. Portanto, é preciso levar em
consideração que a universidade não se restrinja a conhecimentos científicos, mas
também a objetivos econômicos, políticos, sociais e culturais.
      Antes de pensarmos sobre uma possível ampliação desses conceitos,
precisamos tentar entender a verdadeira função social da universidade. Para tanto,
algumas questões são levantadas: existe um projeto que elenca as prioridades
definidas pela sociedade?
      Para que a ação do homem na sociedade seja realmente verdadeira,
presume-se que a concreta transformação da realidade social é seu ponto de
partida. Enquanto princípio, a indissociabilidade mencionada é demonstrada quando
a produção do conhecimento de uma instituição de ensino tem o poder de
transformar a realidade onde está inserida. E quanto mais associada a esses
princípios básicos estiver a Universidade, mais próxima da realidade local e da
produção de soluções ela estará.
      Numa relação básica, a universidade desenvolve o conhecimento por meio do
ensino, que é aprimorado pela pesquisa e difundido pela extensão. Essa “façanha”
só será alcançada quando as universidades superarem o paradigma do ensino
reprodutivo e se envolver de forma integrada em inovadoras formas de produzir o
conhecimento e aplicá-los no cotidiano social.




ENSINO PESQUISA E EXTENSÃO


      As universidades são instituições que existem para atender às necessidades da
comunidade. Essas instituições estão associadas ao desenvolvimento não só cultural, mas
3



também econômico, social e político, sendo espaço propício para a produção do
conhecimento e para a formação de cidadãos.
      O ensino universitário pouco mudou desde o século passado. Algumas
faculdades usam as mesmas matrizes curriculares de muitos anos atrás. Demo
(1990) defende a importância da produção do conhecimento criativo e crítico como
princípio de formação superior. Muitos professores continuam avaliando somente a
memória dos alunos. Eles transmitem conhecimento e cobram o mesmo nas provas.
Só é considerado um resultado satisfatório o daquele aluno que respondeu de forma
idêntica ao que foi dito em sala de aula. O cenário mudou. Não é mais significativo e
nem produtivo, diante de tanto conhecimento disponível, tentar armazenar tantos
saberes no cérebro humano. Os meios digitais fazem isso com muito mais
competência e, quase perfeição. Nas escolas do século XXI os alunos precisam
aprender a pesquisar, selecionar, compreender, relacionar e agregar esse verdadeiro
turbilhão de informações. (BOLSON, 2006). A instituição escolar está sendo
pressionada a ser revista em função de questões ideológicas, políticas e sociais.
      Segundo a LDB 9394/96


                      a educação superior tem por finalidade formar diplomados nas diferentes
                      áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e
                      para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira e colaborar
                      na sua formação contínua; incentivar o trabalho de pesquisa e investigação
                      científica, visando o desenvolvimento da ciência e tecnologia e da criação e
                      difusão da cultura e promover a extensão, aberta à participação da
                      população, visando à difusão das conquistas e benefícios resultantes da
                      criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição.


      Segundo Gonçalves (1972), a universidade que não se expande é
universidade sem comunicação, é universidade alheada do meio, que contrapõe-se
às suas características de atuação externa que poderá ser executada por todas as
disciplinas que nela se cultivam, desde as ciências exatas até as ciências sociais e
humanas, bem como, pelos seus campos interdisciplinares.
      Um ensino superior de qualidade tem a importante missão de promover o
desenvolvimento do país, bem como das pessoas que nele vivem. Ensino, pesquisa
e extensão são as funções básicas de uma Universidade comprometida com a
formação integral do indivíduo e sua inserção na comunidade. Esses três papéis
centrais devem ser equivalentes e praticados no mesmo patamar de importância
para que não seja violado o preceito constitucional. "As universidades gozam de
4



autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial e
                                                                                 3
obedecerão ao princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão" .


       A Constituição Federal evidencia no artigo 207 a institucionalidade do ensino,
da pesquisa e extensão na universidade para que o ensino não se estabeleça
somente na graduação e a pesquisa na pós-graduação, e a figura do professor, cada
vez mais, se acentua na necessidade de um pesquisador e não somente na figura
de um docente. Um profissional dotado de habilidades para a investigação             e
absorção dos resultados na pesquisa, com condições de formar                  alunos
qualificados.
       Um ensino de qualidade é aquele que aponta para a construção do
conhecimento, que promove essa construção na atuação, como afirma Vasquez
(1968, p. 206): “A teoria em si não transforma o mundo. Pode contribuir para a
transformação, mas para isso tem que sair de si mesma, e em primeiro lugar, tem
que ser assimilada pelos que vão ocasionar, com seus atos reais, efetivos, tão
transformação”.
       A sociedade brasileira tem uma grande expectativa em relação à formação
universitária. Necessário se faz que o ensino seja eficaz no desenvolvimento de
competências. Paiva (1993) cita algumas dessas competências:
           •    Imaginação na busca de soluções para problemas novos e
                inesperados;
           •    Capacidade de raciocinar logicamente sobre conteúdos simbólicos;
           •    Capacidade de compreender e de desenvolver os conhecimentos
                científicos;
           •    Entendimento do processo produtivo como um todo;
           •    Capacidade de avaliar as tendências de mudanças na sociedade, na
                cultura, na política, no mercado etc.;
           •    Precisão e adequação nas formas de comunicação escrita, oral e
                visual;
           •    Capacidade de desempenhar múltiplos papéis profissionais e de
                adaptação rápida às novas gerações de equipamentos e ferramentas;

3Grifo nosso.
5



             •   Responsabilidade, compromisso e persistência na busca dos objetivos
                 projetados;
             •   Pensamento crítico e envolvimento ético na busca de soluções para
                 os problemas sociais, do meio ambiente e em defesa dos direitos
                 humanos dentro e fora do local de trabalho.

         Por meio do ensino é que o educando se relaciona com a ciência, e muito
além de uma sala de aula, é imprescindível seu envolvimento em espaços de
promoção da aprendizagem, assim um ensino de qualidade é aquele que
desencadeia conhecimento capaz de transformar a atuação do indivíduo como ser
social. “[...] ninguém chega a ser pesquisador, a ser cientista, se ele não domina os
conhecimentos já existentes na área em que ele se propõe a ser investigador, a ser
cientista” (SAVIANI, 1984, p.51). Somente um ensino de qualidade vai dar condições
de pesquisas que poderão acrescentar algo para a ciência e tecnologia. Nesse
processo, a figura do professor é de fundamental importância na condução dos
alunos propiciando a interferência do mesmo na realidade social. O conhecimento
científico contribui com destaque para o desenvolvimento da economia e uma
melhor qualidade de vida da humanidade e a pesquisa - processo sistemático de
construção do conhecimento - gera novo conhecimento ou corrobora um já
existente, sistematizando esse conhecimento. A pesquisa, tanto a básica quanto a
aplicada, deveria ser sistematicamente direcionada ao estudo dos grandes
problemas, podendo fazer uso de metodologias que propiciassem a participação das
populações na condição de sujeitos, e não na de meros espectadores (NOGUEIRA,
2000).
         A pesquisa articula o trabalho realizado na universidade com setores da
sociedade, possibilita a produção de conhecimento universidade/comunidade,
visando à criação de conhecimentos que possibilitam transformações da sociedade.
         O ensino depende da pesquisa para sustentá-lo e aprimorá-lo. Ele também
precisa da extensão para fazê-lo chegar até a comunidade e torná-lo aplicável. A
pesquisa depende do ensino e da extensão para difusão e para sua aplicabilidade,
indicando novos rumos. A extensão necessita dos conteúdos apreendidos e
necessários como ponto de partida para novas descobertas que propiciem sua
efetivação e precisa da pesquisa para diagnóstico e apresentação de soluções para
6



problemas diversos que porventura surgirem, bem como para uma constante
atualização.


                     Pensar o ensino indissociado da pesquisa é pensar o ensino com base na
                     lógica da pesquisa, isto é, como ela se constitui. Percebe-se então, que é
                     possível tomar diferentes caminhos para a realização de uma investigação,
                     mas é forçoso admitir que não há pesquisa sem dúvida, sem
                     questionamento. Isso significa reconhecer que a pesquisa tem a dúvida
                     como princípio fundamental. É ela que nos impulsiona a refletir, a levantar
                     questões, a procurar respostas, a imaginar possibilidades, enfim, a estudar
                     e a construir o conhecimento. Foi assim que, historicamente, a humanidade
                     se comportou ao trilhar a trajetória do conhecimento, O novo sempre foi
                     fruto da necessidade, da perplexidade e da insegurança, originárias do
                     raciocínio e da observação (CUNHA, p. 27-38).


      A universidade leva até a comunidade os conhecimentos que produz com a
pesquisa por meio da extensão. A extensão é a forma de socialização e
democratização do conhecimento. Assim, o conhecimento é difundido pela
comunidade e não se restringe apenas aos que entram na universidade. Projetos de
extensão bem planejados e bem executados permitem que a universidade chegue
até a comunidade para prestar-lhe serviços e dar assistência para satisfação das
necessidades e anseios. Necessário se faz que a extensão seja indissociável do
ensino e também da pesquisa, a tripla função se complementa à medida que o
material é fornecido para a pesquisa e à medida em que fornece campo para o
ensino, formando assim cidadãos.


                     Numa sociedade cuja quantidade e qualidade de vida assenta em
                     configurações cada vez mais complexas de saberes, a legitimidade da
                     universidade só será cumprida quando as atividades, hoje ditas de
                     extensão, se aprofundarem tanto que desapareçam enquanto tais e passem
                     a ser parte integrante das atividades de investigação e de ensino.”
                     (SANTOS, 2009).


      De acordo com a nova concepção, as ações desenvolvidas pela extensão
estão sendo questionadas em relação ao assistencialismo; a extensão passou a ser
percebida como processo articulador do ensino com a pesquisa. A extensão passa
de uma isolada ou última função para pilar da instituição, promotora da ação política,
estratégica, democrática, tornando assim uma instituição voltada para solução de
problemas sociais por meio da pesquisa, realimentando o processo ensino-
aprendizagem, resultando na intervenção da realidade. Pensando na afirmativa de
que a extensão é parte indispensável da ação da universidade, institui-se atividades
7



acadêmicas, bem como administrativas, adotando medidas para redirecionamento
da política pública. Em outros termos queremos dizer que a extensão, caracterizada
como orgânica, deve ser emancipadora, libertadora, possibilitar a autonomia e elevar
o pensamento para além do senso comum (JANTSCH e SCHAEFER, p. 150).
      O objetivo da extensão é o elo da universidade com a sociedade, resultado
das atividades de ensino e pesquisa, reafirmando assim o compromisso social das
instituições de ensino superior, concretizando a promoção e garantia                      do
desenvolvimento social, bem como os anseios da comunidade. Ressaltamos que as
ações promovidas pela extensão universitária objetivam o acesso da comunidade
aos saberes científicos, filosóficos, culturais e tecnológicos, mas não visa isenção
da função de responsabilidade do Estado.


                     Se entendermos que tais atividades podem ser realizadas no âmbito
                     universidade como um todo, sendo que cada docente deva se dedicar
                     somente àquela que lhe seja mais pertinente, não se apresentam problemas
                     mais amplos relativos à sua consecução. Porém, se entendermos que na
                     educação superior o ensino não é dissociado da pesquisa e da extensão, e
                     que cada professor universitário deveria ser em sua prática cotidiana o
                     responsável por estas atividades, cabe-nos indagar sobre ( e procurar
                     respostas para) as maneiras pelas quais ele poderia realizar essa
                     integração.(PACHANE, p. 129)


      Portanto, a integração entre ensino, pesquisa e extensão é fundamental para
que a universidade cumpra seu papel perante a sociedade.


CONSIDERAÇÕES FINAIS


      Podemos perceber que é dado um caminho às universidades: articular o
ensino, a pesquisa e a extensão. A legislação é clara e os instrumentos de avaliação
do ensino superior estão mais imperativos neste sentido. Cabe às IES organizarem-
se em torno de um projeto comum e aqui, concluímos ser o próprio Projeto
Pedagógico Institucional que mostrará o caminho em torno desse objetivo que
passará a ser comum a todos os envolvidos no processo, traduzindo a importância
de a Universidade conhecer as necessidades da comunidade, intervindo assim na
realidade.
      É preciso uma organização impar neste momento, onde cada um faz a sua
parte de forma integrada, harmônica e competente. Uma organização que envolva
todas as ações desenvolvidas, inter-relacionando-as, indissocializando-as, com
8



professores e alunos envolvidos, envolvimento este que tenha caráter de
intervenção e aqui ressaltamos a importância das aptidões que farão dos alunos
pessoas prontas para gerar benefícios que sejam significativos para a sociedade.
Sabemos que a Universidade acontece, publica e promove, mas muitas vezes,
assemelha-se a uma gaiola de papagaios, onde o som naturalmente é perceptível,
mas o entendimento impossível.
      Portanto, segundo a bibliografia consultada, a tríade ensino, pesquisa e
extensão são atividades dependentes entre si, e é necessária uma profunda reflexão
e a tomada de iniciativas urgentes para a sua valorização em âmbito acadêmicos.
Profissionais bem formados e o sucesso desses, dependem, diretamente, do nível
de desenvolvimento desses três pilares da escola superior.
      É preciso ainda uma gestão colaborativa, cooperativa, que congregue
esforços, tornando as ações fortes não para responder aos mecanismos federais de
fiscalização, mas para garantir a função social que se espera de uma universidade.




      REFERÊNCIAS




BOLSON, E. L. O ensino universitário do futuro. In: Revista administradores.
Editora SENAC, 2006.

Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de
1988. 22 ed. São Paulo: Saraiva, 1999.

CUNHA, M. I; FERNANDES, C. M. A Prática continuada de professores
universitários. Brasília: Ed. Brasileira, 1994.

DEMO, P. Educação e Desenvolvimento: Mito e realidade de uma relação quase
sempre fantasiosa. Campinas: Papirus, 1999.

Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro. Regulamento de Pesquisa, Extensão e
Iniciação Científica. Diretrizes e Normas, 1996.

GONÇALVES, Newton. A extensão como uma das funções básicas da
universidade. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 1972.

JANTSCH, A.; SHAEFER, S. O conhecimento popular. Petrópolis: Vozes, 1995.
9



PAIVA, V. Novo paradigma de desenvolvimento: educação, cidadania e trabalho.
In: Revista de Ciência da Educação, Educação e Sociedade. Campinas: Papirus,
1993.

NOGUEIRA, M. D. P. (org). Extensão Universitária: diretrizes e políticas. Belo
Horizonte: PROEX/UFMG, 2000.

SANTOS, B. S. A Universidade no Século XXI: Para uma reforma democrática e
emancipatória da Universidade. Disponível em
<http://www.ces.uc.pt/bss/documentos/auniversidadedosecXXI.pdf>. Acesso em 28
out 2009.

SAVIANI, D. Educação: do senso comum à consciência filosófica. São Paulo: Cortez, 1984.

VASQUEZ, A.S. Filosofia da Práxis. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1968.

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  • 1. ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO: COMPROMISSO SOCIAL DAS UNIVERSIDADES Marvile Palis Costa Maria Olívia Duarte Batistuta e Almeida 1 Terezinha Silva Freitas RESUMO: Este trabalho apresenta uma reflexão sobre ensino, pesquisa e extensão universitária, buscando mostrar como essa tríade se correlaciona e quais as bases essenciais para o seu sucesso. Para essa pesquisa optou-se pela pesquisa bibliográfica, assumindo a idéia de que o ensino e a pesquisa formam as bases para as ações de extensão. Por outro lado, os resultados apresentados na extensão auxiliam na determinação e direcionamento do ensino e da pesquisa. Assim, percebemos como a sociedade pode receber e oferecer sua participação na evolução do ensino superior. Na relação entre indivíduo, educação e sociedade, a pesquisa ocupa lugar de destaque, pois caracteriza- se (ou pelo menos deveria) por estar no centro do desenvolvimento econômico e social. A prática efetiva do ensino dentro e fora de sala de aula mostra-se como uma opção para a melhoria da situação social atual, sendo forte instrumento da sociedade na busca de novas fronteiras de conhecimento. A prática do ensino ainda favorece o acesso a serviços que podem ser oferecidos à sociedade em um projeto de extensão. Assim concluiu-se que a extensão, quando apoiada nas bases do ensino e da pesquisa oferece inúmeros benefícios à sociedade e esta extensão, por sua vez aponta os caminhos a serem seguidos de forma a se tornar cada vez mais prática as ações de ensino e de pesquisa. PALAVRAS-CHAVE: Ensino. Pesquisa. Extensão. Educação Superior. Sociedade. INTRODUÇÃO Educação é uma condição fundamental para que o indivíduo desenvolva suas capacidades produtivas e, sobretudo, a cidadania. Desde a Educação Básica até os mais altos níveis de ensino, a humanização do indivíduo é fundamental para que os conhecimentos se consolidem e se tornem praticáveis na sociedade. Nesse sentido, 2 para que a Escola , principalmente de ensino superior, cumpra sua função social é mister que busque a inserção na sociedade de forma abrangente e ao mesmo tempo pontual, criando mecanismos que possam garantir a ligação entre o conhecimento produzido pelas instituições de ensino e aquele que a sociedade realmente 1Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em Docência na Educação Superior da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Uberaba – MG. 2Consideramos escola a instituição máxima de formação educacional, permeando todos os níveis de ensino: desde a pré-escola até os ensinos de pós-graduação, passando pelo fundamental, médio e superior.
  • 2. 2 necessita, reduzindo o hiato teoria versus prática e produção versus aplicação de conhecimento. Neste contexto torna-se fundamental a prática da “tão desejada” indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão – A universidade que pratica esse tripé é detentora da grande virtude do compromisso social, pois consegue assimilar as demandas sociais e incorporá-las em seus currículos e ações – uma universidade que se distancia das questões sociais torna-se mais susceptível a produção de conhecimento com baixa aplicabilidade prática. Portanto, é preciso levar em consideração que a universidade não se restrinja a conhecimentos científicos, mas também a objetivos econômicos, políticos, sociais e culturais. Antes de pensarmos sobre uma possível ampliação desses conceitos, precisamos tentar entender a verdadeira função social da universidade. Para tanto, algumas questões são levantadas: existe um projeto que elenca as prioridades definidas pela sociedade? Para que a ação do homem na sociedade seja realmente verdadeira, presume-se que a concreta transformação da realidade social é seu ponto de partida. Enquanto princípio, a indissociabilidade mencionada é demonstrada quando a produção do conhecimento de uma instituição de ensino tem o poder de transformar a realidade onde está inserida. E quanto mais associada a esses princípios básicos estiver a Universidade, mais próxima da realidade local e da produção de soluções ela estará. Numa relação básica, a universidade desenvolve o conhecimento por meio do ensino, que é aprimorado pela pesquisa e difundido pela extensão. Essa “façanha” só será alcançada quando as universidades superarem o paradigma do ensino reprodutivo e se envolver de forma integrada em inovadoras formas de produzir o conhecimento e aplicá-los no cotidiano social. ENSINO PESQUISA E EXTENSÃO As universidades são instituições que existem para atender às necessidades da comunidade. Essas instituições estão associadas ao desenvolvimento não só cultural, mas
  • 3. 3 também econômico, social e político, sendo espaço propício para a produção do conhecimento e para a formação de cidadãos. O ensino universitário pouco mudou desde o século passado. Algumas faculdades usam as mesmas matrizes curriculares de muitos anos atrás. Demo (1990) defende a importância da produção do conhecimento criativo e crítico como princípio de formação superior. Muitos professores continuam avaliando somente a memória dos alunos. Eles transmitem conhecimento e cobram o mesmo nas provas. Só é considerado um resultado satisfatório o daquele aluno que respondeu de forma idêntica ao que foi dito em sala de aula. O cenário mudou. Não é mais significativo e nem produtivo, diante de tanto conhecimento disponível, tentar armazenar tantos saberes no cérebro humano. Os meios digitais fazem isso com muito mais competência e, quase perfeição. Nas escolas do século XXI os alunos precisam aprender a pesquisar, selecionar, compreender, relacionar e agregar esse verdadeiro turbilhão de informações. (BOLSON, 2006). A instituição escolar está sendo pressionada a ser revista em função de questões ideológicas, políticas e sociais. Segundo a LDB 9394/96 a educação superior tem por finalidade formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira e colaborar na sua formação contínua; incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o desenvolvimento da ciência e tecnologia e da criação e difusão da cultura e promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição. Segundo Gonçalves (1972), a universidade que não se expande é universidade sem comunicação, é universidade alheada do meio, que contrapõe-se às suas características de atuação externa que poderá ser executada por todas as disciplinas que nela se cultivam, desde as ciências exatas até as ciências sociais e humanas, bem como, pelos seus campos interdisciplinares. Um ensino superior de qualidade tem a importante missão de promover o desenvolvimento do país, bem como das pessoas que nele vivem. Ensino, pesquisa e extensão são as funções básicas de uma Universidade comprometida com a formação integral do indivíduo e sua inserção na comunidade. Esses três papéis centrais devem ser equivalentes e praticados no mesmo patamar de importância para que não seja violado o preceito constitucional. "As universidades gozam de
  • 4. 4 autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial e 3 obedecerão ao princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão" . A Constituição Federal evidencia no artigo 207 a institucionalidade do ensino, da pesquisa e extensão na universidade para que o ensino não se estabeleça somente na graduação e a pesquisa na pós-graduação, e a figura do professor, cada vez mais, se acentua na necessidade de um pesquisador e não somente na figura de um docente. Um profissional dotado de habilidades para a investigação e absorção dos resultados na pesquisa, com condições de formar alunos qualificados. Um ensino de qualidade é aquele que aponta para a construção do conhecimento, que promove essa construção na atuação, como afirma Vasquez (1968, p. 206): “A teoria em si não transforma o mundo. Pode contribuir para a transformação, mas para isso tem que sair de si mesma, e em primeiro lugar, tem que ser assimilada pelos que vão ocasionar, com seus atos reais, efetivos, tão transformação”. A sociedade brasileira tem uma grande expectativa em relação à formação universitária. Necessário se faz que o ensino seja eficaz no desenvolvimento de competências. Paiva (1993) cita algumas dessas competências: • Imaginação na busca de soluções para problemas novos e inesperados; • Capacidade de raciocinar logicamente sobre conteúdos simbólicos; • Capacidade de compreender e de desenvolver os conhecimentos científicos; • Entendimento do processo produtivo como um todo; • Capacidade de avaliar as tendências de mudanças na sociedade, na cultura, na política, no mercado etc.; • Precisão e adequação nas formas de comunicação escrita, oral e visual; • Capacidade de desempenhar múltiplos papéis profissionais e de adaptação rápida às novas gerações de equipamentos e ferramentas; 3Grifo nosso.
  • 5. 5 • Responsabilidade, compromisso e persistência na busca dos objetivos projetados; • Pensamento crítico e envolvimento ético na busca de soluções para os problemas sociais, do meio ambiente e em defesa dos direitos humanos dentro e fora do local de trabalho. Por meio do ensino é que o educando se relaciona com a ciência, e muito além de uma sala de aula, é imprescindível seu envolvimento em espaços de promoção da aprendizagem, assim um ensino de qualidade é aquele que desencadeia conhecimento capaz de transformar a atuação do indivíduo como ser social. “[...] ninguém chega a ser pesquisador, a ser cientista, se ele não domina os conhecimentos já existentes na área em que ele se propõe a ser investigador, a ser cientista” (SAVIANI, 1984, p.51). Somente um ensino de qualidade vai dar condições de pesquisas que poderão acrescentar algo para a ciência e tecnologia. Nesse processo, a figura do professor é de fundamental importância na condução dos alunos propiciando a interferência do mesmo na realidade social. O conhecimento científico contribui com destaque para o desenvolvimento da economia e uma melhor qualidade de vida da humanidade e a pesquisa - processo sistemático de construção do conhecimento - gera novo conhecimento ou corrobora um já existente, sistematizando esse conhecimento. A pesquisa, tanto a básica quanto a aplicada, deveria ser sistematicamente direcionada ao estudo dos grandes problemas, podendo fazer uso de metodologias que propiciassem a participação das populações na condição de sujeitos, e não na de meros espectadores (NOGUEIRA, 2000). A pesquisa articula o trabalho realizado na universidade com setores da sociedade, possibilita a produção de conhecimento universidade/comunidade, visando à criação de conhecimentos que possibilitam transformações da sociedade. O ensino depende da pesquisa para sustentá-lo e aprimorá-lo. Ele também precisa da extensão para fazê-lo chegar até a comunidade e torná-lo aplicável. A pesquisa depende do ensino e da extensão para difusão e para sua aplicabilidade, indicando novos rumos. A extensão necessita dos conteúdos apreendidos e necessários como ponto de partida para novas descobertas que propiciem sua efetivação e precisa da pesquisa para diagnóstico e apresentação de soluções para
  • 6. 6 problemas diversos que porventura surgirem, bem como para uma constante atualização. Pensar o ensino indissociado da pesquisa é pensar o ensino com base na lógica da pesquisa, isto é, como ela se constitui. Percebe-se então, que é possível tomar diferentes caminhos para a realização de uma investigação, mas é forçoso admitir que não há pesquisa sem dúvida, sem questionamento. Isso significa reconhecer que a pesquisa tem a dúvida como princípio fundamental. É ela que nos impulsiona a refletir, a levantar questões, a procurar respostas, a imaginar possibilidades, enfim, a estudar e a construir o conhecimento. Foi assim que, historicamente, a humanidade se comportou ao trilhar a trajetória do conhecimento, O novo sempre foi fruto da necessidade, da perplexidade e da insegurança, originárias do raciocínio e da observação (CUNHA, p. 27-38). A universidade leva até a comunidade os conhecimentos que produz com a pesquisa por meio da extensão. A extensão é a forma de socialização e democratização do conhecimento. Assim, o conhecimento é difundido pela comunidade e não se restringe apenas aos que entram na universidade. Projetos de extensão bem planejados e bem executados permitem que a universidade chegue até a comunidade para prestar-lhe serviços e dar assistência para satisfação das necessidades e anseios. Necessário se faz que a extensão seja indissociável do ensino e também da pesquisa, a tripla função se complementa à medida que o material é fornecido para a pesquisa e à medida em que fornece campo para o ensino, formando assim cidadãos. Numa sociedade cuja quantidade e qualidade de vida assenta em configurações cada vez mais complexas de saberes, a legitimidade da universidade só será cumprida quando as atividades, hoje ditas de extensão, se aprofundarem tanto que desapareçam enquanto tais e passem a ser parte integrante das atividades de investigação e de ensino.” (SANTOS, 2009). De acordo com a nova concepção, as ações desenvolvidas pela extensão estão sendo questionadas em relação ao assistencialismo; a extensão passou a ser percebida como processo articulador do ensino com a pesquisa. A extensão passa de uma isolada ou última função para pilar da instituição, promotora da ação política, estratégica, democrática, tornando assim uma instituição voltada para solução de problemas sociais por meio da pesquisa, realimentando o processo ensino- aprendizagem, resultando na intervenção da realidade. Pensando na afirmativa de que a extensão é parte indispensável da ação da universidade, institui-se atividades
  • 7. 7 acadêmicas, bem como administrativas, adotando medidas para redirecionamento da política pública. Em outros termos queremos dizer que a extensão, caracterizada como orgânica, deve ser emancipadora, libertadora, possibilitar a autonomia e elevar o pensamento para além do senso comum (JANTSCH e SCHAEFER, p. 150). O objetivo da extensão é o elo da universidade com a sociedade, resultado das atividades de ensino e pesquisa, reafirmando assim o compromisso social das instituições de ensino superior, concretizando a promoção e garantia do desenvolvimento social, bem como os anseios da comunidade. Ressaltamos que as ações promovidas pela extensão universitária objetivam o acesso da comunidade aos saberes científicos, filosóficos, culturais e tecnológicos, mas não visa isenção da função de responsabilidade do Estado. Se entendermos que tais atividades podem ser realizadas no âmbito universidade como um todo, sendo que cada docente deva se dedicar somente àquela que lhe seja mais pertinente, não se apresentam problemas mais amplos relativos à sua consecução. Porém, se entendermos que na educação superior o ensino não é dissociado da pesquisa e da extensão, e que cada professor universitário deveria ser em sua prática cotidiana o responsável por estas atividades, cabe-nos indagar sobre ( e procurar respostas para) as maneiras pelas quais ele poderia realizar essa integração.(PACHANE, p. 129) Portanto, a integração entre ensino, pesquisa e extensão é fundamental para que a universidade cumpra seu papel perante a sociedade. CONSIDERAÇÕES FINAIS Podemos perceber que é dado um caminho às universidades: articular o ensino, a pesquisa e a extensão. A legislação é clara e os instrumentos de avaliação do ensino superior estão mais imperativos neste sentido. Cabe às IES organizarem- se em torno de um projeto comum e aqui, concluímos ser o próprio Projeto Pedagógico Institucional que mostrará o caminho em torno desse objetivo que passará a ser comum a todos os envolvidos no processo, traduzindo a importância de a Universidade conhecer as necessidades da comunidade, intervindo assim na realidade. É preciso uma organização impar neste momento, onde cada um faz a sua parte de forma integrada, harmônica e competente. Uma organização que envolva todas as ações desenvolvidas, inter-relacionando-as, indissocializando-as, com
  • 8. 8 professores e alunos envolvidos, envolvimento este que tenha caráter de intervenção e aqui ressaltamos a importância das aptidões que farão dos alunos pessoas prontas para gerar benefícios que sejam significativos para a sociedade. Sabemos que a Universidade acontece, publica e promove, mas muitas vezes, assemelha-se a uma gaiola de papagaios, onde o som naturalmente é perceptível, mas o entendimento impossível. Portanto, segundo a bibliografia consultada, a tríade ensino, pesquisa e extensão são atividades dependentes entre si, e é necessária uma profunda reflexão e a tomada de iniciativas urgentes para a sua valorização em âmbito acadêmicos. Profissionais bem formados e o sucesso desses, dependem, diretamente, do nível de desenvolvimento desses três pilares da escola superior. É preciso ainda uma gestão colaborativa, cooperativa, que congregue esforços, tornando as ações fortes não para responder aos mecanismos federais de fiscalização, mas para garantir a função social que se espera de uma universidade. REFERÊNCIAS BOLSON, E. L. O ensino universitário do futuro. In: Revista administradores. Editora SENAC, 2006. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. 22 ed. São Paulo: Saraiva, 1999. CUNHA, M. I; FERNANDES, C. M. A Prática continuada de professores universitários. Brasília: Ed. Brasileira, 1994. DEMO, P. Educação e Desenvolvimento: Mito e realidade de uma relação quase sempre fantasiosa. Campinas: Papirus, 1999. Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro. Regulamento de Pesquisa, Extensão e Iniciação Científica. Diretrizes e Normas, 1996. GONÇALVES, Newton. A extensão como uma das funções básicas da universidade. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 1972. JANTSCH, A.; SHAEFER, S. O conhecimento popular. Petrópolis: Vozes, 1995.
  • 9. 9 PAIVA, V. Novo paradigma de desenvolvimento: educação, cidadania e trabalho. In: Revista de Ciência da Educação, Educação e Sociedade. Campinas: Papirus, 1993. NOGUEIRA, M. D. P. (org). Extensão Universitária: diretrizes e políticas. Belo Horizonte: PROEX/UFMG, 2000. SANTOS, B. S. A Universidade no Século XXI: Para uma reforma democrática e emancipatória da Universidade. Disponível em <http://www.ces.uc.pt/bss/documentos/auniversidadedosecXXI.pdf>. Acesso em 28 out 2009. SAVIANI, D. Educação: do senso comum à consciência filosófica. São Paulo: Cortez, 1984. VASQUEZ, A.S. Filosofia da Práxis. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1968.