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1993 - UNESCO constituiu uma Comissão para refletir sobre
as formas pelas quais a educação poderia responder às
exigências do século XXI.




    Concluiu que uma das formas de viabilizar a
     educação seria planejar sistemas através
        dos quais o homem, sujeito de sua
      aprendizagem e de seu próprio destino,
              deveria aprender a ser.
Foram colocadas quatro questões fundamentais à respeito do
problema:

 Teriam os sistemas educativos condições de se adaptar à
 evolução da sociedade?




 Poderiam, tais sistemas, atender à demanda por uma educação
 que contribua para a formação de uma mão de obra criativa e
 qualificada, adaptada à evolução da tecnologia e a revolução da
 inteligência, fazendo frente às economias mundiais?




  Como se relacionariam os sistemas públicos e privados de
  educação no sentido de garantir os resultados necessários ?
Em que medida a educação poderia criar uma
linguagem universal que permitisse superar as
contradições e transmitir a todos os habitantes do
planeta, apesar delas, os valores de abertura para o
outro, de compreensão mútua e os ideais da paz?
EDUCAÇÃO UM TESOURO A DESCOBRIR
                Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre
                Educação para o século XXI



Diante dos múltiplos desafios do futuro, a educação surge
como um trunfo indispensável à humanidade na construção
dos ideais de paz, liberdade e justiça social.



            FÉ NO PAPEL ESSENCIAL DA EDUCAÇÃO NO
            DESENVOLVIMENTO CONTÍNUO, TANTO DAS
                PESSOAS COMO DAS SOCIEDADES.



        Não como um “remédio milagroso”, mas como uma via que
      conduza a um desenvolvimento humano mais harmonioso, mais
         autêntico, fazendo recuar a pobreza, a exclusão social, as
               incompreensões, as opressões, as guerras...
Quadro prospectivo


Notáveis descobertas e progressos científicos.




Numerosos países libertaram-se do subdesenvolvimento.




O nível de vida continuou a progredir, a ritmos muito
diferentes, conforme o país.
Fala-se em desilusões do progresso, no plano econômico e
social:


 Aumento do desemprego e dos fenômenos de exclusão social,
 mesmo nos países mais ricos.


 Persistência das desigualdades de desenvolvimento no mundo.



 Apesar da humanidade estar mais consciente dos perigos que
 ameaçam o meio ambiente, não conseguiu, ainda, meios para
 solucionar esse problema.


 Após a Segunda Guerra e a Guerra Fria, as tensões permanecem
 latentes e explodem, tanto entre nações como entre grupos
 étnicos, ou a propósito de injustiças acumuladas no plano
 econômico e social.
A educação se situa no coração do desenvolvimento
   tanto da pessoa humana como das comunidades.




  Cabe-lhe a missão de fazer com que todos, sem
    exceção, façam frutificar os seus talentos e
potencialidades criativas, o que implica, por parte de
 cada um, a capacidade de se responsabilizar pela
         realização do seu projeto pessoal.
A IDÉIA DE EDUCAÇÃO PERMANENTE DEVE SER
                   REPENSADA E AMPLIADA:


Deve ser encarada como uma construção contínua da pessoa humana,
dos seus saberes e aptidões, da sua capacidade de discernir e agir.




Deve levar cada um a tomar consciência de si próprio e do meio
ambiente que o rodeia, e a desempenhar o papel social que lhe cabe
enquanto trabalhador e cidadão.




NECESSIDADE        DE CAMINHAR   PARA    “UMA      SOCIEDADE
EDUCATIVA”: uma sociedade em que cada um seja, alternadamente,
professor e aluno.
O conceito de EDUCAÇÃO AO LONGO DE TODA A VIDA
aparece como uma das chaves de acesso ao século XXI.
Pôr em relevo o potencial educativo dos modernos meios de
comunicação, da vida profissional, ou ainda das atividades de cultura
e lazer.




É desejável que a escola lhe transmita ainda mais o gosto e prazer de
aprender, a capacidade de ainda mais aprender a aprender, a
curiosidade intelectual.




Nada pode substituir o sistema formal de educação, que nos inicia
nos vários domínios das disciplinas cognitivas. Nada substitui a
relação de autoridade, mas também de diálogo, entre professor e
aluno.
Para responder ao conjunto das suas missões, a educação deve
   organizar-se em torno de quatro aprendizagens fundamentais que, ao
    longo de toda a vida, serão de algum modo para cada indivíduo, os
                       pilares do conhecimento:


APRENDER A CONHECER - adquirir os instrumentos da compreensão.




           APRENDER A FAZER - para poder agir sobre o meio envolvente.




APRENDER A VIVER JUNTOS - a fim de participar e cooperar com os outros
                         em todas as atividades humanas.



           APRENDER A SER - via essencial que integra as três precedentes.
Cada um dos “quatro pilares do conhecimento”
  deve ser objeto de igual atenção por parte do
 ensino formal, a fim de que a educação apareça
como uma experiência global a ser vivenciada ao
longo de toda a vida, no plano cognitivo e prático,
 para o indivíduo enquanto pessoa e membro da
                   sociedade.
Não visa tanto a aquisição de um repertório de saberes codificados,
mas o domínio dos próprios instrumentos do conhecimento.



Pretende que cada um aprenda a compreender o mundo que o
rodeia, pelo menos na medida em que isso lhe é necessário para
viver dignamente, para desenvolver as suas capacidades
profissionais, para comunicar-se.



O aumento dos saberes favorece o despertar da curiosidade
intelectual, estimula o sentido crítico e permite compreender o real,
mediante a aquisição da autonomia na capacidade de discernir.


O conhecimento é múltiplo e evolui infinitamente, tornando-se cada
vez mais inútil tentar conhecer tudo.
“Um espírito verdadeiramente formado, hoje em dia, tem
necessidade de uma cultura geral vasta e da possibilidade
  de trabalhar em profundidade determinado número de
assuntos. Deve-se, do princípio ao fim do ensino, cultivar,
        simultaneamente, estas duas tendências”.
                                           Laurent Schwartz
Aprender para conhecer supõe, antes
     tudo, aprender a aprender,
exercitando a atenção, a memória e o
            pensamento.
Aprender a conhecer e APRENDER A FAZER são praticamente
indissociáveis.




  está mais estreitamente ligada à questão da formação profissional




  Como ensinar o aluno a pôr em prática os seus conhecimentos?



  Como adaptar a educação ao trabalho futuro quando não se
  pode prever qual será a sua evolução?
Nas sociedades assalariadas que se desenvolveram ao longo do
século XX, a partir do modelo industrial, a substituição do trabalho
humano pelas máquinas acentuou o caráter cognitivo das tarefas.




    O futuro destas economias depende da sua capacidade
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                          empregos.




     Aprender a fazer não pode continuar a ter o significado
    simples de preparar alguém para uma tarefa material bem
                          determinada.
O progresso técnico modifica as qualificações
  exigidas pelos novos processos de produção.




    O mercado de trabalho substitui a exigência de uma
 qualificação ainda ligada à idéia de competência material,
pela exigência de uma competência que se apresenta como
            uma espécie de coquetel individual.



                  Combina a qualificação, adquirida pela
                    formação técnica e profissional, o
              comportamento social, a aptidão para o trabalho
               em equipe, a capacidade de iniciativa, o gosto
                                pelo risco.
Qualidades como a capacidade de comunicar, de trabalhar com os
outros, de gerir e de resolver conflitos, tornam-se cada vez mais
importantes.




É provável que nas organizações do futuro os déficits relacionais
possam criar graves disfunções exigindo qualificações de novo
tipo, com base mais comportamental do que intelectual.




    A intuição, o jeito, a capacidade de julgar, a
 capacidade de manter unida uma equipe não são
de fato qualidades, necessariamente, reservadas a
            pessoas com altos estudos.
O mundo atual é, muitas vezes, um mundo de violência que se
opõe à esperança posta por alguns no progresso da humanidade.




         A história humana sempre foi conflituosa, mas há elementos
         novos que acentuam o perigo e, especialmente, o extraordinário
         potencial de autodestruição criado pela humanidade no decorrer
         do século XX.
Poderemos conceber uma educação capaz de
evitar os conflitos, ou de os resolver de maneira
 pacífica, desenvolvendo o conhecimento dos
        outros, das suas culturas, da sua
                  espiritualidade?
O ensino da não-violência na escola se constitui num instrumento
para lutar contra os preconceitos geradores de conflitos.




Se a convivência entre os segmentos que se oprimem e
discriminam for feita num contexto igualitário (a escola), e se
existirem objetivos e projetos comuns, os preconceitos e a
hostilidade latente podem desaparecer e dar lugar a uma
cooperação mais serena e até à amizade.




A educação deve utilizar duas vias complementares: a descoberta
progressiva do outro e, ao longo de toda a vida, a participação em
projetos comuns, que parece ser um método eficaz para evitar ou
resolver conflitos latentes.
A descoberta do outro

      A educação tem por missão, por um lado, transmitir
      conhecimentos sobre a diversidade da espécie humana e,
      por outro, levar as pessoas a tomar consciência das
      semelhanças e da interdependência entre todos os seres
      humanos do planeta.




      Passando à descoberta do outro pela descoberta de si
      mesmo, a educação deve antes de mais nada ajudá-los a
      descobrir-se   a   si   mesmos.     Só   então   poderão,
      verdadeiramente, pôr-se no lugar dos outros e compreender
      as suas reações.
Desenvolver esta atitude de empatia, na escola, é muito útil para
os comportamentos sociais ao longo de toda a vida.




Os métodos de ensino não devem ir contra este reconhecimento
do outro. O confronto através do diálogo e da troca de
argumentos é um dos instrumentos indispensáveis à educação
do século XXI.
Tender para objetivos comuns


   Quando se trabalha em conjunto
   sobre projetos motivadores e fora
   do habitual, as diferenças e até os
   conflitos interindividuais tendem a
   reduzir-se, chegando a desaparecer
   em alguns casos.




   A educação formal deve, pois, reservar tempo e ocasiões
   suficientes em seus programas para iniciar, desde a primeira
   infância, projetos de cooperação, no campo das atividades
   desportivas e culturais e também estimular a sua participação em
   atividades sociais.
A educação deve contribuir para o desenvolvimento total da
pessoa — espírito e corpo, inteligência, sensibilidade, sentido
estético, responsabilidade pessoal, espiritualidade.




Todo o ser humano deve ser preparado para elaborar
pensamentos autônomos e críticos e para formular os seus
próprios juízos de valor, de modo a poder decidir, por si mesmo,
como agir nas diferentes circunstâncias da vida.




Mais do que preparar os sujeitos para uma dada sociedade, o
problema neste século é fornecer-lhes constantemente forças e
referências intelectuais que lhes permitam compreender o mundo
que as rodeia e comportar-se nele como atores responsáveis e
justos.
A educação parece ter, como papel essencial, conferir a todos os
seres humanos a liberdade de pensamento, discernimento,
sentimentos e imaginação de que necessitam para desenvolver
os seus talentos e permanecerem donos do seu próprio destino.




A diversidade das personalidades, a autonomia e o espírito de
iniciativa, até mesmo o gosto pela provocação, são os suportes
da criatividade e da inovação.




Num mundo em mudança, de que um dos principais motores
parece ser a inovação tanto social como econômica, deve ser
dada importância especial à imaginação e à criatividade.
“O desenvolvimento tem por objeto a
 realização completa do homem, em
toda a sua riqueza e na complexidade
  das suas expressões e dos seus
compromissos: indivíduo, membro de
 uma família e de uma coletividade,
  cidadão e produtor, inventor de
   técnicas e criador de sonhos”
A educação ao longo de toda a vida baseia-se em quatro pilares:
aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos,
aprender a ser.



Aprender a conhecer - aprender a aprender, para beneficiar-se das
oportunidades oferecidas pela educação ao longo de toda a vida.



Aprender a fazer - a fim de adquirir, não somente uma qualificação
profissional mas, de uma maneira mais ampla, competências que
tornem a pessoa apta a enfrentar numerosas situações e a
trabalhar em equipe.
Aprender a viver juntos - desenvolvendo a compreensão do outro
e a percepção das interdependências — realizar projetos comuns
e preparar-se para gerir conflitos — no respeito pelos valores do
pluralismo, da compreensão mútua e da paz.



Aprender a ser - para melhor desenvolver a sua personalidade e
estar à altura de agir com cada vez maior capacidade de
autonomia, de discernimento e de responsabilidade pessoal.

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Introdução
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Humanista
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Behaviorismo
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Quatro pilares

  • 1.
  • 2. 1993 - UNESCO constituiu uma Comissão para refletir sobre as formas pelas quais a educação poderia responder às exigências do século XXI. Concluiu que uma das formas de viabilizar a educação seria planejar sistemas através dos quais o homem, sujeito de sua aprendizagem e de seu próprio destino, deveria aprender a ser.
  • 3. Foram colocadas quatro questões fundamentais à respeito do problema: Teriam os sistemas educativos condições de se adaptar à evolução da sociedade? Poderiam, tais sistemas, atender à demanda por uma educação que contribua para a formação de uma mão de obra criativa e qualificada, adaptada à evolução da tecnologia e a revolução da inteligência, fazendo frente às economias mundiais? Como se relacionariam os sistemas públicos e privados de educação no sentido de garantir os resultados necessários ?
  • 4. Em que medida a educação poderia criar uma linguagem universal que permitisse superar as contradições e transmitir a todos os habitantes do planeta, apesar delas, os valores de abertura para o outro, de compreensão mútua e os ideais da paz?
  • 5. EDUCAÇÃO UM TESOURO A DESCOBRIR Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI Diante dos múltiplos desafios do futuro, a educação surge como um trunfo indispensável à humanidade na construção dos ideais de paz, liberdade e justiça social. FÉ NO PAPEL ESSENCIAL DA EDUCAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO CONTÍNUO, TANTO DAS PESSOAS COMO DAS SOCIEDADES. Não como um “remédio milagroso”, mas como uma via que conduza a um desenvolvimento humano mais harmonioso, mais autêntico, fazendo recuar a pobreza, a exclusão social, as incompreensões, as opressões, as guerras...
  • 6. Quadro prospectivo Notáveis descobertas e progressos científicos. Numerosos países libertaram-se do subdesenvolvimento. O nível de vida continuou a progredir, a ritmos muito diferentes, conforme o país.
  • 7. Fala-se em desilusões do progresso, no plano econômico e social: Aumento do desemprego e dos fenômenos de exclusão social, mesmo nos países mais ricos. Persistência das desigualdades de desenvolvimento no mundo. Apesar da humanidade estar mais consciente dos perigos que ameaçam o meio ambiente, não conseguiu, ainda, meios para solucionar esse problema. Após a Segunda Guerra e a Guerra Fria, as tensões permanecem latentes e explodem, tanto entre nações como entre grupos étnicos, ou a propósito de injustiças acumuladas no plano econômico e social.
  • 8. A educação se situa no coração do desenvolvimento tanto da pessoa humana como das comunidades. Cabe-lhe a missão de fazer com que todos, sem exceção, façam frutificar os seus talentos e potencialidades criativas, o que implica, por parte de cada um, a capacidade de se responsabilizar pela realização do seu projeto pessoal.
  • 9. A IDÉIA DE EDUCAÇÃO PERMANENTE DEVE SER REPENSADA E AMPLIADA: Deve ser encarada como uma construção contínua da pessoa humana, dos seus saberes e aptidões, da sua capacidade de discernir e agir. Deve levar cada um a tomar consciência de si próprio e do meio ambiente que o rodeia, e a desempenhar o papel social que lhe cabe enquanto trabalhador e cidadão. NECESSIDADE DE CAMINHAR PARA “UMA SOCIEDADE EDUCATIVA”: uma sociedade em que cada um seja, alternadamente, professor e aluno.
  • 10. O conceito de EDUCAÇÃO AO LONGO DE TODA A VIDA aparece como uma das chaves de acesso ao século XXI.
  • 11. Pôr em relevo o potencial educativo dos modernos meios de comunicação, da vida profissional, ou ainda das atividades de cultura e lazer. É desejável que a escola lhe transmita ainda mais o gosto e prazer de aprender, a capacidade de ainda mais aprender a aprender, a curiosidade intelectual. Nada pode substituir o sistema formal de educação, que nos inicia nos vários domínios das disciplinas cognitivas. Nada substitui a relação de autoridade, mas também de diálogo, entre professor e aluno.
  • 12.
  • 13. Para responder ao conjunto das suas missões, a educação deve organizar-se em torno de quatro aprendizagens fundamentais que, ao longo de toda a vida, serão de algum modo para cada indivíduo, os pilares do conhecimento: APRENDER A CONHECER - adquirir os instrumentos da compreensão. APRENDER A FAZER - para poder agir sobre o meio envolvente. APRENDER A VIVER JUNTOS - a fim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas. APRENDER A SER - via essencial que integra as três precedentes.
  • 14. Cada um dos “quatro pilares do conhecimento” deve ser objeto de igual atenção por parte do ensino formal, a fim de que a educação apareça como uma experiência global a ser vivenciada ao longo de toda a vida, no plano cognitivo e prático, para o indivíduo enquanto pessoa e membro da sociedade.
  • 15.
  • 16. Não visa tanto a aquisição de um repertório de saberes codificados, mas o domínio dos próprios instrumentos do conhecimento. Pretende que cada um aprenda a compreender o mundo que o rodeia, pelo menos na medida em que isso lhe é necessário para viver dignamente, para desenvolver as suas capacidades profissionais, para comunicar-se. O aumento dos saberes favorece o despertar da curiosidade intelectual, estimula o sentido crítico e permite compreender o real, mediante a aquisição da autonomia na capacidade de discernir. O conhecimento é múltiplo e evolui infinitamente, tornando-se cada vez mais inútil tentar conhecer tudo.
  • 17. “Um espírito verdadeiramente formado, hoje em dia, tem necessidade de uma cultura geral vasta e da possibilidade de trabalhar em profundidade determinado número de assuntos. Deve-se, do princípio ao fim do ensino, cultivar, simultaneamente, estas duas tendências”. Laurent Schwartz
  • 18. Aprender para conhecer supõe, antes tudo, aprender a aprender, exercitando a atenção, a memória e o pensamento.
  • 19.
  • 20. Aprender a conhecer e APRENDER A FAZER são praticamente indissociáveis. está mais estreitamente ligada à questão da formação profissional Como ensinar o aluno a pôr em prática os seus conhecimentos? Como adaptar a educação ao trabalho futuro quando não se pode prever qual será a sua evolução?
  • 21. Nas sociedades assalariadas que se desenvolveram ao longo do século XX, a partir do modelo industrial, a substituição do trabalho humano pelas máquinas acentuou o caráter cognitivo das tarefas. O futuro destas economias depende da sua capacidade de transformar o progresso dos conhecimentos em inovações geradoras de novas empresas e de novos empregos. Aprender a fazer não pode continuar a ter o significado simples de preparar alguém para uma tarefa material bem determinada.
  • 22. O progresso técnico modifica as qualificações exigidas pelos novos processos de produção. O mercado de trabalho substitui a exigência de uma qualificação ainda ligada à idéia de competência material, pela exigência de uma competência que se apresenta como uma espécie de coquetel individual. Combina a qualificação, adquirida pela formação técnica e profissional, o comportamento social, a aptidão para o trabalho em equipe, a capacidade de iniciativa, o gosto pelo risco.
  • 23. Qualidades como a capacidade de comunicar, de trabalhar com os outros, de gerir e de resolver conflitos, tornam-se cada vez mais importantes. É provável que nas organizações do futuro os déficits relacionais possam criar graves disfunções exigindo qualificações de novo tipo, com base mais comportamental do que intelectual. A intuição, o jeito, a capacidade de julgar, a capacidade de manter unida uma equipe não são de fato qualidades, necessariamente, reservadas a pessoas com altos estudos.
  • 24.
  • 25. O mundo atual é, muitas vezes, um mundo de violência que se opõe à esperança posta por alguns no progresso da humanidade. A história humana sempre foi conflituosa, mas há elementos novos que acentuam o perigo e, especialmente, o extraordinário potencial de autodestruição criado pela humanidade no decorrer do século XX.
  • 26. Poderemos conceber uma educação capaz de evitar os conflitos, ou de os resolver de maneira pacífica, desenvolvendo o conhecimento dos outros, das suas culturas, da sua espiritualidade?
  • 27. O ensino da não-violência na escola se constitui num instrumento para lutar contra os preconceitos geradores de conflitos. Se a convivência entre os segmentos que se oprimem e discriminam for feita num contexto igualitário (a escola), e se existirem objetivos e projetos comuns, os preconceitos e a hostilidade latente podem desaparecer e dar lugar a uma cooperação mais serena e até à amizade. A educação deve utilizar duas vias complementares: a descoberta progressiva do outro e, ao longo de toda a vida, a participação em projetos comuns, que parece ser um método eficaz para evitar ou resolver conflitos latentes.
  • 28. A descoberta do outro A educação tem por missão, por um lado, transmitir conhecimentos sobre a diversidade da espécie humana e, por outro, levar as pessoas a tomar consciência das semelhanças e da interdependência entre todos os seres humanos do planeta. Passando à descoberta do outro pela descoberta de si mesmo, a educação deve antes de mais nada ajudá-los a descobrir-se a si mesmos. Só então poderão, verdadeiramente, pôr-se no lugar dos outros e compreender as suas reações.
  • 29. Desenvolver esta atitude de empatia, na escola, é muito útil para os comportamentos sociais ao longo de toda a vida. Os métodos de ensino não devem ir contra este reconhecimento do outro. O confronto através do diálogo e da troca de argumentos é um dos instrumentos indispensáveis à educação do século XXI.
  • 30. Tender para objetivos comuns Quando se trabalha em conjunto sobre projetos motivadores e fora do habitual, as diferenças e até os conflitos interindividuais tendem a reduzir-se, chegando a desaparecer em alguns casos. A educação formal deve, pois, reservar tempo e ocasiões suficientes em seus programas para iniciar, desde a primeira infância, projetos de cooperação, no campo das atividades desportivas e culturais e também estimular a sua participação em atividades sociais.
  • 31.
  • 32. A educação deve contribuir para o desenvolvimento total da pessoa — espírito e corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal, espiritualidade. Todo o ser humano deve ser preparado para elaborar pensamentos autônomos e críticos e para formular os seus próprios juízos de valor, de modo a poder decidir, por si mesmo, como agir nas diferentes circunstâncias da vida. Mais do que preparar os sujeitos para uma dada sociedade, o problema neste século é fornecer-lhes constantemente forças e referências intelectuais que lhes permitam compreender o mundo que as rodeia e comportar-se nele como atores responsáveis e justos.
  • 33. A educação parece ter, como papel essencial, conferir a todos os seres humanos a liberdade de pensamento, discernimento, sentimentos e imaginação de que necessitam para desenvolver os seus talentos e permanecerem donos do seu próprio destino. A diversidade das personalidades, a autonomia e o espírito de iniciativa, até mesmo o gosto pela provocação, são os suportes da criatividade e da inovação. Num mundo em mudança, de que um dos principais motores parece ser a inovação tanto social como econômica, deve ser dada importância especial à imaginação e à criatividade.
  • 34. “O desenvolvimento tem por objeto a realização completa do homem, em toda a sua riqueza e na complexidade das suas expressões e dos seus compromissos: indivíduo, membro de uma família e de uma coletividade, cidadão e produtor, inventor de técnicas e criador de sonhos”
  • 35. A educação ao longo de toda a vida baseia-se em quatro pilares: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos, aprender a ser. Aprender a conhecer - aprender a aprender, para beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela educação ao longo de toda a vida. Aprender a fazer - a fim de adquirir, não somente uma qualificação profissional mas, de uma maneira mais ampla, competências que tornem a pessoa apta a enfrentar numerosas situações e a trabalhar em equipe.
  • 36. Aprender a viver juntos - desenvolvendo a compreensão do outro e a percepção das interdependências — realizar projetos comuns e preparar-se para gerir conflitos — no respeito pelos valores do pluralismo, da compreensão mútua e da paz. Aprender a ser - para melhor desenvolver a sua personalidade e estar à altura de agir com cada vez maior capacidade de autonomia, de discernimento e de responsabilidade pessoal.