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    Guião



                           Disciplina de Português
                Profª: Helena Maria Coutinho
Para falar ao
   vento, bastam
palavras; para falar
  ao coração, são
 necessárias obras.
     Sermão da Sexagésima
A TÉCNICA DA ARGUMENTAÇÃO


  Argumentar = é expressar
    uma convicção e uma
 explicação para persuadir o
interlocutor a modificar o seu
       comportamento.
Argumentar é desenvolver organizadamente um raciocínio, uma ideia, uma
opinião, um ponto de vista ou uma convicção, de forma a influenciar, a convencer e a
persuadir um auditório ou leitor.

No nosso quotidiano estamos argumentar:
     quando defendemos um ponto de vista,
     quando apresentamos a nossa opinião,
     quando propomos uma solução para um problema
     ou quando queremos convencer os outros a aceder a um pedido nosso…

Por vezes, enfrentamos a oposição dos outros e, então, temos de argumentar ainda
melhor para os convencer.
E argumentar bem é um ato de inteligência que, para ser eficaz, tem as suas regras.
Nos nossos dias, o discurso argumentativo assume com frequência a forma escrita
em ensaios, teses, editoriais, artigos de opinião, cartas e manifestos, textos
publicitários, onde a «arte de bem discorrer» de forma a convencer o leitor é
praticada diariamente.


Nos parlamentos, nos debates políticos, nas mesas redondas, nas campanhas
eleitorais permanece a tradição de apresentação oral de ideias organizadas e
fundamentadas, que se discutem, tendo em vista convencer o público da
legitimidade de determinadas propostas.
Segundo Aristóteles, um discurso
pressupõe a existência de três
elementos fundamentais:
   a pessoa que fala - ORADOR
   o ASSUNTO de que se fala
   a(s) pessoa(s) para quem se fala -
   AUDITÓRIO

Para provocar a adesão do auditório a
certas teses, é fun-damental que o
orador conheça quais as teses e os
valores inicialmente admitidos pelo
auditório. Eles deverão constituir o
ponto de partida do discurso.
Ter um conhecimento claro da ideia do assunto que se vai
defender, buscando-se a informação e a documentação necessárias.
Considerar as pessoas que se pretende convencer, a fim de preparar
ou selecionar as razões que se consideram mais eficazes para cada caso
concreto.
Elaborar um guião com os principais dados e argumentos que se vão
utilizar.
Prever possíveis réplicas dos ouvintes e preparar outros argumentos ou
respostas que possam convencê-los.
Apresentar com correção e clareza os argumentos, procurando não
ofender ninguém.
O encadeamento das ideias e dos argumentos deve respeitar uma
progressão interna:
    • levantamento e apresentação das características e dos traços
       marcantes da situação ou do problema a tratar;
    • organização cronológica dos factos ou dos aspetos significativos;
    • demonstração da validade da tese com argumentos pertinentes;
    • inclusão de elementos de prova que validem as opiniões
       expressas (provas, exemplos, citações).
 Definir os argumentos mais pertinentes para a defesa de uma tese que se
   quer apresentar a um determinado auditório;
 Organizar e articular esses argumentos de forma a estruturar coerentemente
   o discurso;
 Organizar as palavras e as frases com enriquecimento estilístico;
 Escolher o tom certo para sublinhar a justeza das suas ideias, a pertinência
   dos seus argumentos e para valorizar as suas intenções.
Um orador, quando produz o seu discurso, deve ter como objetivos:
     instruir o auditório, provando a veracidade do que afirma;
     agradar ao auditório pela justeza, beleza e brilho da sua
       argumentação;
     comover o auditório, despertando-lhe todas as emoções que
       seja possível suscitar em favor da causa defendida.
A argumentação deve organizar-se em três partes:
    I.    A exposição da tese, devendo ser breve e clara.
    II.   O corpo da argumentação, contendo as razões que
          apoiam a tese e a refutação das opiniões contrárias.
    III. A conclusão, consistindo num reafirmar da tese.



            Há uma estrutura de base que se
                     organiza em
             tese, antítese e síntese.
Um texto argumentativo não oratório segue, geralmente, uma estrutura triádica
organizada em:
     introdução – onde se apresenta a tese a demonstrar, anunciando, ao mesmo
       tempo, o plano que se vai seguir na argumentação;
     desenvolvimento – onde se patenteiam os argumentos estabelecidos segundo
       princípios lógicos, articulados entre si, para confirmar a tese e refutar ou
       contradizer as objeções que venham a ser levantadas pelo leitor (antítese); os
       argumentos procuram convencer o leitor, persuadindo-o, implicando-o no ponto
       de vista de quem escreve, que deve ir apresentando provas e exemplos do que
       afirma, levantando hipóteses, inferindo causas e estabelecendo consequências;
     conclusão – realiza a síntese do exposto ou exprime os propósitos a seguir; pode
       apresentar um comentário geral à situação discutida ou uma reflexão que é
       ponto da situação do problema que foi tratado.
O texto oratório (sermão e outros discursos) deve seguir os princípios clássicos que
preveem um plano desenvolvido em cinco partes (é o caso do Sermão de Santo
António aos Peixes):
      Exórdio – apresenta o assunto do discurso ou do sermão;
      Narração ou Exposição – necessariamente breve, tem de ser clara e pode
        servir para situar a matéria num contexto preciso ou para apresentar os
        dados essenciais da questão em causa;
      Confirmação e Refutação – que discutem a matéria mostrando os
        argumentos favoráveis e os Contrários
      Peroração – apresenta a conclusão que se tirou da discussão feita e deve
        ser utilizada para comover os ouvintes e levá-los a seguirem as perspetivas
        e os objetivos do orador.
No       texto      argumentativo       encadeiam-se       alegações,     raciocínios
lógicos, provas, exemplos, citações, alegorias, conselhos e ordens, de acordo com o
fim que se tem em vista e a impressão que se quer provocar no leitor, sendo estes
dois aspetos o objetivo último da argumentação. Esta pode desenrolar-se segundo
um raciocínio lógico, ou não – escolha que é determinada pela atitude do autor e
pelo destinatário que se quer convencer. Sempre que a apresentação de argumentos
tem em vista suscitar uma discussão ou debate de ideias, é preferível a organização
discursiva dialética através do esquema TESE – ANTÍTESE – SÍNTESE.

Os argumentos podem apelar à razão ou as emoções, ao bom senso, aos valores
morais, aos conhecimentos, à capacidade de reflexão e de estabelecer juízos de
valor. Ao autor importa convencer o leitor inteligente e persuadi-lo da legitimidade
dos argumentos, levando-o a considerar válido, plausível e verdadeiro aquilo que é
exposto de modo a se sentir predisposto a aceitar os pontos de vista apresentados.
Entre os argumentos mais usuais que se empregam para convencer outros estão:

    • A autoridade, isto é, basear-se na opinião de alguma pessoa, entidade ou
      documento com prestígio.
    • A universalidade, isto é, a aceitação generalizada.
        Por exemplo: Em todas as partes considera-se que ...
    • A experiência pessoal, sobretudo se foi reiterada.
        É frequente ouvir: Como verifiquei várias vezes ...
    • A semelhança com algo que é aceite benevolamente pelos ouvintes.

    (Qualquer argumento pode ser a favor ou contra determinada tese)
Escolha e ordenação dos argumentos
    Para uma correta construção argumentativa é fundamental a escolha
    dos argumentos que suportam a demonstração da tese. Eles devem
    ser pertinentes e coerentes, apresentados de forma lógica e
    articulada e organizados por ordem crescente de importância.
Articulação e coesão do discurso
As qualidades principais do discurso argumentativo são o rigor, a clareza, a
objetividade, a coerência, a sequencialização e a riqueza lexical. Para tal, devem ter-
se em conta os seguintes elementos linguísticos:
     • Correta estruturação e ordenação das frases;
     • Uso     correto     dos    conectores    do    discurso    (de    causa-efeito-
        consequência, hipótese-solução, oposição, disjunção, etc.);
     • Respeito pelas regras da concordância;
     • Uso adequado dos deícticos (determinantes, pronomes, advérbios) que
        evitam as repetições dos nomes;
     • Utilização     de     um     vocabulário      variado,    com     recurso     a
        sinónimos, antónimos, etc…
1. Preparação da argumentação:
     • procura de argumentos (seleção, número, precisão)
     • disposição dos argumentos (plano, encadeamento)
     • procura de figuras de estilo

1.1 encontrar respostas para as seguintes perguntas:
     • que quero eu provar?
     • estes argumentos são realmente válidos?
     • de que factos disponho? serão sólidos? quais vou utilizar? quais devo
        manter em reserva?
     • haverá pontos fracos na minha argumentação?
     • em que ponto posso ou devo ceder?
2. Etapas do texto argumentativo:
     • encontrar o problema
     • analisar os dados
     • dispor adequadamente os argumentos e contra-argumentos
     • reformular
     • enunciar soluções e propostas
     • usar figuras de estilo adequadas
     • formular juízos de valor (concordância ou discordância final)

3. Qualidades do texto argumentativo:
     • rigor, clareza, objetividade, coerência, sequencialização, riqueza lexical
4. Estrutura do texto argumentativo:
     • Introdução: um parágrafo único; afirmação polémica
     • Desenvolvimento: dois ou mais parágrafos; argumentos e contra-
        argumentos, exemplos (cada
     • parágrafo do desenvolvimento deve decompor-se em três elementos:
        ponto de partida, argumento
     • e exemplo; os parágrafos devem ser encadeados uns nos outros pelos
        conectores lógicos)
     • Conclusão: um parágrafo único; retoma da afirmação inicial confirmada
        ou contrariada
SUGESTÃO DE PRODUÇÃO DE TEXTO
   1º parágrafo: TEMA + argumento 1 + argumento 2 + argumento 3
   2° parágrafo : desenvolvimento do argumento 1
   3° parágrafo: desenvolvimento do argumento 2
   4° parágrafo: desenvolvimento do argumento 3
   5° parágrafo: expressão inicial + reafirmação do tema + observação
   final.

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O que é argumentar

  • 1.  Guião Disciplina de Português Profª: Helena Maria Coutinho
  • 2. Para falar ao vento, bastam palavras; para falar ao coração, são necessárias obras. Sermão da Sexagésima
  • 3. A TÉCNICA DA ARGUMENTAÇÃO Argumentar = é expressar uma convicção e uma explicação para persuadir o interlocutor a modificar o seu comportamento.
  • 4. Argumentar é desenvolver organizadamente um raciocínio, uma ideia, uma opinião, um ponto de vista ou uma convicção, de forma a influenciar, a convencer e a persuadir um auditório ou leitor. No nosso quotidiano estamos argumentar:  quando defendemos um ponto de vista,  quando apresentamos a nossa opinião,  quando propomos uma solução para um problema  ou quando queremos convencer os outros a aceder a um pedido nosso… Por vezes, enfrentamos a oposição dos outros e, então, temos de argumentar ainda melhor para os convencer. E argumentar bem é um ato de inteligência que, para ser eficaz, tem as suas regras.
  • 5. Nos nossos dias, o discurso argumentativo assume com frequência a forma escrita em ensaios, teses, editoriais, artigos de opinião, cartas e manifestos, textos publicitários, onde a «arte de bem discorrer» de forma a convencer o leitor é praticada diariamente. Nos parlamentos, nos debates políticos, nas mesas redondas, nas campanhas eleitorais permanece a tradição de apresentação oral de ideias organizadas e fundamentadas, que se discutem, tendo em vista convencer o público da legitimidade de determinadas propostas.
  • 6. Segundo Aristóteles, um discurso pressupõe a existência de três elementos fundamentais: a pessoa que fala - ORADOR o ASSUNTO de que se fala a(s) pessoa(s) para quem se fala - AUDITÓRIO Para provocar a adesão do auditório a certas teses, é fun-damental que o orador conheça quais as teses e os valores inicialmente admitidos pelo auditório. Eles deverão constituir o ponto de partida do discurso.
  • 7. Ter um conhecimento claro da ideia do assunto que se vai defender, buscando-se a informação e a documentação necessárias. Considerar as pessoas que se pretende convencer, a fim de preparar ou selecionar as razões que se consideram mais eficazes para cada caso concreto. Elaborar um guião com os principais dados e argumentos que se vão utilizar. Prever possíveis réplicas dos ouvintes e preparar outros argumentos ou respostas que possam convencê-los. Apresentar com correção e clareza os argumentos, procurando não ofender ninguém.
  • 8. O encadeamento das ideias e dos argumentos deve respeitar uma progressão interna: • levantamento e apresentação das características e dos traços marcantes da situação ou do problema a tratar; • organização cronológica dos factos ou dos aspetos significativos; • demonstração da validade da tese com argumentos pertinentes; • inclusão de elementos de prova que validem as opiniões expressas (provas, exemplos, citações).
  • 9.  Definir os argumentos mais pertinentes para a defesa de uma tese que se quer apresentar a um determinado auditório;  Organizar e articular esses argumentos de forma a estruturar coerentemente o discurso;  Organizar as palavras e as frases com enriquecimento estilístico;  Escolher o tom certo para sublinhar a justeza das suas ideias, a pertinência dos seus argumentos e para valorizar as suas intenções.
  • 10. Um orador, quando produz o seu discurso, deve ter como objetivos:  instruir o auditório, provando a veracidade do que afirma;  agradar ao auditório pela justeza, beleza e brilho da sua argumentação;  comover o auditório, despertando-lhe todas as emoções que seja possível suscitar em favor da causa defendida.
  • 11. A argumentação deve organizar-se em três partes: I. A exposição da tese, devendo ser breve e clara. II. O corpo da argumentação, contendo as razões que apoiam a tese e a refutação das opiniões contrárias. III. A conclusão, consistindo num reafirmar da tese. Há uma estrutura de base que se organiza em tese, antítese e síntese.
  • 12. Um texto argumentativo não oratório segue, geralmente, uma estrutura triádica organizada em:  introdução – onde se apresenta a tese a demonstrar, anunciando, ao mesmo tempo, o plano que se vai seguir na argumentação;  desenvolvimento – onde se patenteiam os argumentos estabelecidos segundo princípios lógicos, articulados entre si, para confirmar a tese e refutar ou contradizer as objeções que venham a ser levantadas pelo leitor (antítese); os argumentos procuram convencer o leitor, persuadindo-o, implicando-o no ponto de vista de quem escreve, que deve ir apresentando provas e exemplos do que afirma, levantando hipóteses, inferindo causas e estabelecendo consequências;  conclusão – realiza a síntese do exposto ou exprime os propósitos a seguir; pode apresentar um comentário geral à situação discutida ou uma reflexão que é ponto da situação do problema que foi tratado.
  • 13. O texto oratório (sermão e outros discursos) deve seguir os princípios clássicos que preveem um plano desenvolvido em cinco partes (é o caso do Sermão de Santo António aos Peixes):  Exórdio – apresenta o assunto do discurso ou do sermão;  Narração ou Exposição – necessariamente breve, tem de ser clara e pode servir para situar a matéria num contexto preciso ou para apresentar os dados essenciais da questão em causa;  Confirmação e Refutação – que discutem a matéria mostrando os argumentos favoráveis e os Contrários  Peroração – apresenta a conclusão que se tirou da discussão feita e deve ser utilizada para comover os ouvintes e levá-los a seguirem as perspetivas e os objetivos do orador.
  • 14. No texto argumentativo encadeiam-se alegações, raciocínios lógicos, provas, exemplos, citações, alegorias, conselhos e ordens, de acordo com o fim que se tem em vista e a impressão que se quer provocar no leitor, sendo estes dois aspetos o objetivo último da argumentação. Esta pode desenrolar-se segundo um raciocínio lógico, ou não – escolha que é determinada pela atitude do autor e pelo destinatário que se quer convencer. Sempre que a apresentação de argumentos tem em vista suscitar uma discussão ou debate de ideias, é preferível a organização discursiva dialética através do esquema TESE – ANTÍTESE – SÍNTESE. Os argumentos podem apelar à razão ou as emoções, ao bom senso, aos valores morais, aos conhecimentos, à capacidade de reflexão e de estabelecer juízos de valor. Ao autor importa convencer o leitor inteligente e persuadi-lo da legitimidade dos argumentos, levando-o a considerar válido, plausível e verdadeiro aquilo que é exposto de modo a se sentir predisposto a aceitar os pontos de vista apresentados.
  • 15. Entre os argumentos mais usuais que se empregam para convencer outros estão: • A autoridade, isto é, basear-se na opinião de alguma pessoa, entidade ou documento com prestígio. • A universalidade, isto é, a aceitação generalizada. Por exemplo: Em todas as partes considera-se que ... • A experiência pessoal, sobretudo se foi reiterada. É frequente ouvir: Como verifiquei várias vezes ... • A semelhança com algo que é aceite benevolamente pelos ouvintes. (Qualquer argumento pode ser a favor ou contra determinada tese)
  • 16. Escolha e ordenação dos argumentos Para uma correta construção argumentativa é fundamental a escolha dos argumentos que suportam a demonstração da tese. Eles devem ser pertinentes e coerentes, apresentados de forma lógica e articulada e organizados por ordem crescente de importância.
  • 17. Articulação e coesão do discurso As qualidades principais do discurso argumentativo são o rigor, a clareza, a objetividade, a coerência, a sequencialização e a riqueza lexical. Para tal, devem ter- se em conta os seguintes elementos linguísticos: • Correta estruturação e ordenação das frases; • Uso correto dos conectores do discurso (de causa-efeito- consequência, hipótese-solução, oposição, disjunção, etc.); • Respeito pelas regras da concordância; • Uso adequado dos deícticos (determinantes, pronomes, advérbios) que evitam as repetições dos nomes; • Utilização de um vocabulário variado, com recurso a sinónimos, antónimos, etc…
  • 18. 1. Preparação da argumentação: • procura de argumentos (seleção, número, precisão) • disposição dos argumentos (plano, encadeamento) • procura de figuras de estilo 1.1 encontrar respostas para as seguintes perguntas: • que quero eu provar? • estes argumentos são realmente válidos? • de que factos disponho? serão sólidos? quais vou utilizar? quais devo manter em reserva? • haverá pontos fracos na minha argumentação? • em que ponto posso ou devo ceder?
  • 19. 2. Etapas do texto argumentativo: • encontrar o problema • analisar os dados • dispor adequadamente os argumentos e contra-argumentos • reformular • enunciar soluções e propostas • usar figuras de estilo adequadas • formular juízos de valor (concordância ou discordância final) 3. Qualidades do texto argumentativo: • rigor, clareza, objetividade, coerência, sequencialização, riqueza lexical
  • 20. 4. Estrutura do texto argumentativo: • Introdução: um parágrafo único; afirmação polémica • Desenvolvimento: dois ou mais parágrafos; argumentos e contra- argumentos, exemplos (cada • parágrafo do desenvolvimento deve decompor-se em três elementos: ponto de partida, argumento • e exemplo; os parágrafos devem ser encadeados uns nos outros pelos conectores lógicos) • Conclusão: um parágrafo único; retoma da afirmação inicial confirmada ou contrariada
  • 21.
  • 22.
  • 23. SUGESTÃO DE PRODUÇÃO DE TEXTO 1º parágrafo: TEMA + argumento 1 + argumento 2 + argumento 3 2° parágrafo : desenvolvimento do argumento 1 3° parágrafo: desenvolvimento do argumento 2 4° parágrafo: desenvolvimento do argumento 3 5° parágrafo: expressão inicial + reafirmação do tema + observação final.