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CUID’ARTE
2013 - Centro Hospitalar de Setúbal, E.P.E.
A Revista de Enfermagem do Centro
Hospitalar de Setúbal, é uma publicação
editada pela área de enfermagem do Centro
Hospitalar de Setúbal, E.P.E. Tem por missão
dar a conhecer as práticas de cuidados de enfer-
magem e ser um veiculo para a publicação de
artigos inéditos que contribuam para o conheci-
mento e desenvolvimento da profissão.
Direção
Enfermeira Diretora: Olga Maria Ferreira
Núcleo Redatorial - Grupo Científico:
Enf. Vitor Varela, (Mestre em Comportamento Organi-
zacional); Enf.ª Susana Ribeiro, (Mestre em Psicoge-
rontologia).
Núcleo Redatorial - Grupo de Redação
Enf.ª Cláudia Estevão; Enf. Francisco Vaz,
(Licenciado em Investigação Social Aplicada);
Enf.ª Isabel Martins, (Mestre em Enfermagem
de Saúde Infantil e Pediatria); Enf. João Gomes.
Secretariado
Ana Pádua
Edição
Cuid’arte
Propriedade
Centro Hospitalar de Setúbal, E.P.E.
Administração e Redação
Serviço de Gestão da Formação do Centro Hos-
pitalar de Setúbal
Rua Camilo Castelo Branco, 2910-446 SETÙBAL
Telefone: 265 549 000 - Fax: 265 532 020
E-Mail: cuidarte.setubal@gmail.com
Edição Gráfica
Pedro Pedroso
(Técnico de Pós-Produção Audiovisual)
Distribuição e periodicidade
Suporte Digital - (Adobe Acrobate Reader - PDF)
Semestral (Maio/Setembro)
Depósito Legal
Nº 258630/07
ISSN - 1646-7175
Anotada na ERC
SumárioAno 6 | nº 9 | maio 2013
Editorial
4 Enfermeira Diretora Olga Maria Ferreira
Artigo de Revisão
5 Cuidados de Enfermagem em Urgência:
Revisão da Literatura
Fernanda Loureiro
10 Consentimento em Saúde
Ana Sofia Cardoso
Paula Coelho Banha
16 A Mecânica Corporal na Prevenção de Lesões
Músculo-Esqueléticas em Enfermeiros
Susana Isabel Dias Ribeiro
Em Destaque
23 1as
Jornadas de Enfermagem do Centro
Hospitalar de Setúbal, EPE.
25 Concurso de Posters das 1as
Jornadas
de Enfermagem do Centro Hospitalar de
Setúbal, EPE.
Editorial
Ser gestor(a) duma organização de saúde, nomeadamente dos hospitais, não é uma tarefa fácil.
Há alguns anos fazendo parte de um conselho de administração, percebi que é mais fácil gerir, quando se tem em
conta o potencial humano e se valorizam as pessoas não só enquanto profissionais mas, essencialmente, enquan-
to seres humanos em tudo o que o conceito implica.
A produção teórica/científica no que diz respeito a gestão, liderança, administração, é uma ferramenta indispensá-
vel, que ajuda e orienta o gestor nos aspetos fundamentais do seu dia-a-dia.
Também a aprendizagem pela prática, tão ou mais importante que a anterior, significa a segurança e o apoio, sem
a qual o terreno se pode tornar escorregadio.
Cada etapa prolonga-se na seguinte, confundindo-se com ela e oferecendo-nos suportes, onde nos devemos
agarrar sem julgar a batalha ganha. As pessoas desafiam-nos constantemente, enquanto profissionais mas acima
de tudo testando a nossa capacidade de olharmos o ser humano como algo valioso, profundo, imprescindível…
Não acho que o façam sempre de uma forma consciente mas, na resposta que procuram, será avaliado certamen-
te o conceito Kantiano de que qualquer Pessoa deve ser tratada como um fim em si mesma e não como um meio
para… Ser|, portanto, este, um dos aspetos (éticos) a n~o descurar para qualquer gestor. Aquele que envolve
qualquer profissão, qualquer cidadão, qualquer sociedade.
Na mesma instituição os profissionais adotam formas diferentes de se relacionarem entre si e com os utentes.
Estes diferentes comportamentos são resultantes de quê?
Da estrutura organizacional?
Do desenvolvimento de cada um?
Dos diferentes métodos de trabalho?
Dos estados emocionais individuais?
Naturalmente, que estas questões e suas respostas não são absolutas. São históricas, sociais e culturais.
E, tal como em muitas áreas, a gestão implica uma postura ética que evidencie os valores humanos, a integridade e fundamentalmente a pedra
basilar do conceito – a liberdade Eu, não sou eu e um gestor; Eu, não sou eu e um chefe; Eu, não sou eu e uma função. Eu sou um ser inteiro, inte-
gro e, como tal, devo agir.
Será nesse agir que devemos reconhecer que todos os outros são livres para agirem também, e questionarmos se quando tantas vezes, cumprimos
ordens, isso nos exime da responsabilidade ou se implica a necessidade de pensarmos se efetivamente a liberdade tem lugar, ou não.
É sábio aquele que afirma que o fracasso é a estrada do sucesso se o facto ocorrido proporciona a oportunidade de se acertar no caminho.
Todos somos gestores de alguma coisa. Importante clarificar que, todos somos gestores das nossas vidas e é com esse olhar que temos de gerir os
outros… Sem atropelar a sua liberdade e as suas opções.
Organização do trabalho, regras, normas, orientações fazem parte do nosso círculo profissional mas, tudo deve ser feito com peso e medida.
As sensibilidades estão à flor da pele. Não há nada que prejudique mais o progresso de que falar, pensar e acreditar nas crises.
Só a própria palavra, contém um veneno paralisante e um efeito hipnótico. Para tudo, até as mentes.
Como dizia Anthony Robbins “… Se n~o fizermos mais do que estamos a fazer conseguiremos, apenas, aquilo que j| temos.”
A nossa função (entre outras) é não aumentar o desânimo que leva à inércia, à desmotivação, à paragem absoluta. É desenvolver estratégias e
formas que envolvam o que está para além do dinheiro e das compensações económicas.
Todos sabemos que o positivismo das equipas resulta consideravelmente do trabalho dos líderes/gestores. De terem um papel facilitador. De pre-
pararem o palco para os seus atores…
Como disse atrás, todos somos gestores das nossas vidas. Temporariamente, também somos líderes em determinados momentos ou circunstân-
cias diferentes.
Mesmo quando há líderes definidos nas nossas áreas de atuação.
Cabe-nos, cada vez mais, o papel e a responsabilidade de ter um clima organizacional saudável e positivo.
Os nossos líderes terão que ser portanto pessoas emocionalmente empenhados, apoiantes, competentes, corajosos, íntegros, determinados,
entusiastas, pacientes, otimistas… E, claro, praticar a ética e os valores associados.
Os códigos de ética existem para se praticarem havendo, inclusive, organizações, que não tendo qualquer documento escrito dessa natureza, tem
um código claro de comportamento em que os líderes devem ser exemplo. Apregoar valores sem os praticar não é um bom caminho, a não ser que
acreditemos num dos s|bios ditados da vida: “Até uma mentira repetida, muitas vezes, se torna realidade.”
Olga Ferreira
Enfermeira Diretora do Centro Hospitalar de Setúbal, E.P.E.
Olga Ferreira
Artigo de Revisão
CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM URGÊNCIA PEDIÁTRICA
Revisão da Literatura
Desenvolvido no âmbito do Curso de Pós-licenciatura de Especia-
lização em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediatria
Universidade Católica Portuguesa
Fernanda Loureiro
Enfermeira do Centro Hospitalar de Setúbal, E.P.E.
Hospital de São Bernardo – Unidade de Urgência Pediátrica
RESUMO
Artigo de revisão da literatura com o objetivo de compreender o estado do conhecimento sobre os cuidados de
enfermagem em urgência pediátrica no contexto nacional. Foram encontrados sete artigos no âmbito dos crité-
rios de inclusão. A maioria faz referência a estudos de natureza exploratória descritiva sendo as temáticas trata-
das: a supervisão pedagógica, aspetos de natureza organizacional e de gestão e área clínica de atenção (maus
tratos e educação para a saúde). Destaca-se a necessidade de desenvolver mais estudos nesta área.
Palavras-chaves: pediatria, emergências, cuidado da criança, revisão
INTRODUÇÃO
Os serviços de urgência pediátrica encontram-se
entre os setores de assistência à criança não só mais
recentes mas também mais relevantes. Nestes, as
equipas de enfermagem prestam cuidados a crianças
e suas famílias em contexto de urgência / emergência
atendendo às particularidades de cada situação. Par-
tilham com serviços de urgência geral tanto seme-
lhanças como diferenças. Pois, se por um lado são
unidades de primeira linha sempre disponíveis por
outro lado, a especificidade da pediatria implica cui-
dados específicos, flexíveis e adaptados.
No artigo apresentado pretende-se analisar o estado
do conhecimento acerca dos cuidados de enferma-
gem em contexto de urgência pediátrica ao nível
nacional usando como metodologia a revisão da lite-
ratura.
O contexto das Unidades de Urgência Pediátrica
As urgências pediátricas, enquanto setor de um hos-
pital existem há, relativamente, pouco tempo, contu-
do rapidamente se afirmaram enquanto unidade de
saúde. Associado a este facto encontra-se a própria
história da pediatria.
Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013
5
“Pouco a pouco a criança foi adquirindo importân-
cia no contexto social e foram crescendo as neces-
sidades de adaptar o sistema de saúde à população
infantil com preocupações crescentes pelo proces-
so de hospitalização e instituição de medidas que
visam diminuir o impacto da mesma na infância.”
Enquanto ramo da medicina, a pediatria teve o seu
início entre os séculos XVIII e XIX enquanto área diri-
gida à saúde das crianças, grupo específico com
necessidades e características particulares. A 14 de
Julho de 1877 nasce o primeiro hospital pediátrico
Português – Hospital Dona Estefânia em Lisboa
(COELHO, 1996). O primeiro esboço de um serviço
de urgência surge nesta instituição em 1957 com cria-
ç~o da “Consulta Permanente de Crianças do Hospi-
tal Dona Estef}nia”. Desde ent~o, verificou-se a
abertura de diversas urgências um pouco por todo o
país: Hospital Santa Maria (1961), Hospital Pediátrico
Coimbra (1977), Hospital São João e Hospital São
Francisco Xavier (1987), Hospital Maria Pia (1988),
Hospital Garcia de Orta (1992), Hospital Fernando da
Fonseca (1996), Hospital de São Bernardo (1998),
Hospital Nossa Senhora do Rosário entre outros.
Pouco a pouco a criança foi adquirindo importância
no contexto social e foram crescendo as necessida-
des de adaptar o sistema de saúde à população
infantil com preocupações crescentes pelo processo
de hospitalização e instituição de medidas que visam
diminuir o impacto da mesma na infância (FONTES,
2006).
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística a
taxa de natalidade tem vindo a diminuir passando de
12,2% em 1987 para 10% em 2006 (INSTITUTO
NACIONAL DE ESTATÍSTICA, 2008), contudo apesar
da redução da população pediátrica a utilização do
serviço de urgência tem vindo a aumentar. Este facto
prende-se com razões multifatoriais. Situações clíni-
cas banais, ou mesmo variantes do ‘normal’, geram
ansiedade quer para pais jovens, quer para outros
familiares mais experientes que, não conseguem
suportar a mínima dúvida sobre o potencial de gravi-
dade de um episódio de doença.
“…é ainda perfeitamente compreensível que a
família recorra ao local onde se encontram os
meios para resolução mais económica (monetária e
temporalmente) possível.”
Aliado a esta insegurança, é ainda perfeitamente
compreensível que a família recorra ao local onde se
encontram os meios para resolução mais económica
(monetária e temporalmente) possível (COELHO,
1996). Por outro lado, a atitude cada vez mais consu-
mista e a transmissão veiculada pelos meios de
comunicação social com informação pouco rigorosa
são também fatores que levam ao recurso despropo-
sitado dos serviços de urgência em pediatria
(CALDEIRA [et al], 2006).
“… a procura dos serviços de saúde aumentou nos
últimos anos, devido fundamentalmente à melho-
ria das condições socioeconómicas das populações,
à redução de barreiras geográficas e à valorização
da saúde e prevenção da doença”
Segundo MELO (1999, p.59) “a procura dos serviços
de saúde aumentou nos últimos anos, devido funda-
mentalmente à melhoria das condições socioeconó-
micas das populações, à redução de barreiras geo-
gráficas e à valorização da saúde e prevenção da
doença” verificando-se “atualmente uma procura
crescente de cuidados de saúde diferenciados, desig-
nadamente pediátricos, com recurso indiscriminado
dos serviços de urgência”.
Conscientes desta realidade, as autoridades de saúde
nacionais promoveram a reestruturação dos serviços
de urgência pediátrica. De acordo com estas direti-
vas as unidades deveriam adaptar-se localmente
com os centros de saúde e receber apenas crianças
referenciadas, situações de emergência e crianças
até aos 6 meses. Em simultâneo, teve inicio o funcio-
namento da linha telefónica Saúde 24, em Fevereiro
de 1999 (SOARES [et al], 2006), que pretendia dar
resposta às necessidades de esclarecimento e enca-
minhamento dos pais. Contudo, verificou-se que
estas medidas não foram inteiramente bem-
Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013
6
sucedidas e continua-se a verificar uma afluência de
situações não urgentes (CALDEIRA [et al], 2006).
Em continuidade e, destacando o objetivo deste arti-
go, torna-se pertinente compreender o estado do
conhecimento sobre os cuidados de enfermagem
neste contexto. Para tal adotou-se como metodolo-
gia a revisão da literatura. Esta consiste, segundo
FORTIN (2003, p.74) “em fazer o invent|rio e o exa-
me crítico do conjunto de publicações pertinentes
sobre um domínio da investigaç~o” e pode ser reali-
zado por vários revisores ou, como ocorreu neste
contexto apenas por um.
“Partindo de uma pergunta inicial: Qual é o estado
do conhecimento sobre os cuidados de enferma-
gem em contexto de urgência pediátrica a nível
nacional? Definiram-se como critérios de inclusão:
artigos que versem a prática de enfermagem em
urgência pediátrica, sem restrição de área de aten-
ção ou tipo de metodologia utilizada, ao nível
nacional.”
METODOLOGIA
Partindo de uma pergunta inicial: Qual é o estado do
conhecimento sobre os cuidados de enfermagem em
contexto de urgência pediátrica a nível nacional?
Definiram-se como critérios de inclusão: artigos que
versem a prática de enfermagem em urgência pediá-
trica, sem restrição de área de atenção ou tipo de
metodologia utilizada, ao nível nacional. Dado que se
trata de um serviço hospitalar relativamente recente
não foi definido critério temporal.
Procedeu-se então, durante o mês de Maio de 2010,
a pesquisa nas bases de dados eletrónicas utilizando
a língua Portuguesa e Inglesa (quando adequado)
com limitação da pesquisa aos termos: urgência
pediátrica; enfermagem; cuidados. A pesquisa foi
efetuada em várias bases de dados, pelos termos de
pesquisa, com os resultados obtidos, entre parênte-
sis: Biblioteca do Conhecimento on-line (27), Pub-
Med Central (0), Scielo Portugal (0), Biblioteca
Nacional de Portugal (0), Nurses Info (0). Pesquisou-
se ainda, por título, nas bases documentais de Esco-
las Superiores de Enfermagem com inclusão de dis-
sertações de mestrado e doutoramento: Escola
Superior de Enfermagem de Lisboa - Base Geral (3),
Escolas Superior de Enfermagem de Coimbra (0) e
Universidade e Institutos: Universidade Católica Por-
tuguesa - Lisboa (12), Universidade do Minho (8),
Faculdade de Motricidade Humana (1). Pesquisou-se
também a partir das referências bibliográficas dos
estudos (1).
RESULTADOS
Efetuada a pesquisa obteve-se uma amostra inicial
de 52 trabalhos. Estes foram analisados pelos títu-
los e resumos e sempre que esse método não per-
mitiu excluir linearmente o estudo, houve recurso
ao texto integral. O resultado foi a seleção dos sete
documentos que se apresentam na tabela 1.
Através da revisão efetuada pode-se verificar uma
escassez de literatura na área. Verifica-se que da
amostra inicial (52) apenas sete trabalhos se repor-
tam aos cuidados de enfermagem neste contexto
ao nível nacional. Verifica-se também que, a maio-
ria dos estudos são de natureza exploratória - des-
critiva o que é revelador da pouca existência de
conhecimentos nesta área (FORTIN, 2003). É possí-
vel ainda, constatar que dos sete estudos encontra-
dos dois, centram-se na supervisão de cuidados,
três em aspetos que se prendem com a organização
e gestão e dois com áreas de atenção específicas
ligadas à prática de cuidados (maus tratos e educa-
ção para a saúde). À exceção do artigo que se repor-
ta a uma ‘auditoria’ dos serviços de urgência pedi|-
trica (OLIVEIRA, 2008) todos os documentos se
referem ao Modelo de Parceria de Cuidados propos-
to por Casey, em 1988, enquanto referencial teórico
na assistência à criança. Este modelo sustenta-se na
ideia de que ninguém melhor do que os pais pode
prestar cuidados à criança, no sentido de proporcio-
nar o seu crescimento e desenvolvimento, prote-
gendo e estimulando com amor. Descreve a enfer-
magem pediátrica como um processo de negocia-
ção partilhada respeitando a família nas suas com-
Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013
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petências, desejos e necessidades (CASEY, 1993;
CRUZ [et al], 2007). Destaca a importância da famí-
lia no cuidar da criança salientando, no entanto, que
a implementação do modelo não requer igual distri-
buição de tarefas. Em alguns casos, é totalmente
inapropriado pedir aos pais que efetivem cuidados
técnicos que habitualmente não fariam em casa
(CASEY, 1993). FERREIRA e COSTA (2004) referem
que este modelo implica uma relação de parceria
entre pais e equipa não existindo fronteiras defini-
das nem compartimentadas de funções. Devem
então, ser desenvolvidas ações complementares
que têm como fim o máximo bem-estar da criança.
As mesmas autoras destacam, ainda, que trabalhar
com a família, leva a que os enfermeiros desenvol-
vam competências de comunicação, de ensino e de
trabalho de grupo assumindo os pais não como visi-
tantes ou técnicos, mas como parceiros/
companheiros.
Tabela 1 – Tabela resumo dos trabalhos selecionados acerca de Cuidados de Enfermagem em Urgência pediátrica no contexto nacional
Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013
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Da análise dos documentos veri-
fica-se ainda que as temáticas
abordadas são díspares assim
como as metodologias seguidas.
Todos os documentos destacam
a complexidade dos cuidados de
enfermagem no contexto de
urgência pediátrica, mas existe
ainda pouca evidência e caracte-
rização da sua natureza e parti-
cularidades.
CONCLUSÃO
A urgência pediátrica é um local
de assistência à criança que tem
adquirido progressiva importân-
cia no sistema nacional de saúde.
Para os pais surge, muitas vezes,
como um local de primeiro aces-
so ainda que necessitem apenas
de informação e ensinos revelan-
do uma noção desajustada de
urgência e deficiente informação
(COELHO, 1996).
“O serviço de urgência tem uma conotação negati-
va sendo associado, frequentemente, a longos
tempos de espera, processos de doença e insatisfa-
ção.”
Cuidar do utente neste contexto torna-se um proces-
so complexo sobre o qual é necessário investigar
mais. Da análise da literatura efetuada pode-se per-
ceber que existe uma área fértil passível de ser explo-
rada e estudada. O serviço de urgência tem uma
conotação negativa sendo associado, frequentemen-
te, a longos tempos de espera, processos de doença
e insatisfação (PEREIRA, 2007) contudo, a realidade é
que enquanto área pouco abordada há ainda um lon-
go caminho a percorrer para verdadeiramente carac-
terizar o trabalho dos profissionais de enfermagem
neste âmbito.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CALDEIRA, T. [et al.] (2006) - O dia a dia de uma urgência
pediátrica. Acta Pediátrica Portuguesa. Vol.37, n.º1, p.1-4.
CASEY, A. (1993) – Development and Use of the Partnership
Model in Nursing Care. In GLASPER, E.; TUCKER, A. –
Advances in Child Health Nursing. Oxford: Scutari Press.
p.183-193.
COELHO, M. [et al.] (1996) – Urgências Pediátricas e Casuís-
tica do Hospital D. Estefânia. Lisboa: Laboratórios Bial.
CURADO, M. (2004) – Reorganização das urgências Pediátri-
cas na sub regi~o de Lisboa: tem a palavra…os pais: tem a
palavra … os profissionais de saúde. Enfermagem. Nº35/36,
p.64-80.
CRUZ, A. [et al.] (2007) – Para além do ninho: continuidade
de cuidados. Ser Saúde. Póvoa do Lanhoso: Instituto Supe-
rior de Saúde do Alto Ave. ISSN 1646-5229. N.º 8, p.56-70
DUARTE, M.; OLIVEIRA, C. (2009) – Maltrato Infantil: vivên-
cias e sentimentos dos enfermeiros das urgências pediátricas
face á criança maltratada. Revista Portuguesa de Enferma-
gem. N.º17, p.33-41.
FERREIRA, M.; COSTA, M. (2004) – Cuidar em parceria: sub-
sídio para a vinculação pais/bebé pré-termo. Millenium Revis-
ta do IPV. [Em linha]. N.º 30, p. 51-58 [Consult. 20 jan. 2010].
Disponível em WWW: http://www.ipv.pt/millenium/
millenium30/5.pdf.
FONTES, R. (2006) - As possibilidades da actividade pedagó-
gica como tratamento sócio-afectivo da criança hospitaliza-
da. Revista Portuguesa de Educação, Vol.19, n.º1, p.95-128.
FORTIN, M. (2003) - O Processo de Investigação. Loures:
Lusociência.
INSTITUTO NACIONAL DE ESTATISTICA (2008) – Estatísti-
cas Demográficas 2007. [Em linha]. [Consult. a 20 maio de
2010]. Disponível em WWW: URL:http://www.ine.pt.
MELO, E. (1999) – Acessibilidade / Utilização do Serviço de
Urgência do Hospital Pediátrico de Coimbra. Referência.
N.º3, p. 59-62.
OLIVEIRA, A. (2008) – Gestão estratégica do serviço de
urgência Pediátrica. Revista de Investigação em Enferma-
gem. N.18, p.41-52.
PEREIRA, M. (2007) – Aprender Orientando: aprendizagens
dos enfermeiros orientadores em ensino clínico. Lisboa [s.n.].
Tese de Mestrado na área de especialização em Formação de
Adultos, apresentada á Faculdade de Psicologia e Ciências da
Educação da Universidade de Lisboa.
SOARES [et al.] (2006) - Efectividade do sistema de triagem
telefónica Saúde 24 pediatria num serviço de urgência pediá-
trica. Revista Portuguesa de Clínica Geral. Vol. 22, p. 433-
442.
Artigo Rececionado em 10/03/2011
Aceite para Publicação em 11/02/2012
Contacto do Autor:
fernandenf@gmail.com
Fernanda Manuela Loureiro:
Licenciatura em Enfermagem, Mestrado em
Ciências da Educação – Especialidade Edu-
cação para a Saúde, Especialização em
Enfermagem de Saúde Infantil e Pediatria,
Doutoranda em Enfermagem
Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013
9
Instituição Particular de Solidariedade Social, com a missão de realizar desejos
de crianças e jovens, entre os 3 e os 18 anos, com doenças que colocam as suas
vidas em risco, para lhes levar um momento de alegria e esperança.
http://www.makeawish.pt/
Artigo de Revisão
CONSENTIMENTO EM SAÚDE
Desenvolvido no âmbito do Curso de Pós-licenciatura de Especia-
lização em Enfermagem de Saúde Mental de Psiquiatria – Escola
Superior de Saúde – Instituto Politécnico de Setúbal
Ana Sofia Luís, Paula Coelho Banha
Enfermeiras do Centro Hospitalar de Setúbal, E.P.E.
Hospital de São Bernardo – Serviço de Pediátrica e Hospital de Dia de Oncologia
RESUMO
Artigo que objetiva abordar a temática do consenti-
mento em saúde, visando esclarecer acerca da sua
definição e validade; regime jurídico; formas de con-
sentimento informado e exceções.
Palavras-chave: consentimento em saúde, regime
jurídico, exceções
INTRODUÇÃO
Neste artigo será explanada, de modo sintético, a
temática do consentimento em saúde, sendo os sub-
temas abordados: A definição e a validade do con-
sentimento informado; o regime jurídico do consen-
timento; as formas de consentimento e as exceções
ao consentimento.
Definição e validade do consentimento
informado
Por consentimento informado em enfermagem
entende‑se “a autorizaç~o que a pessoa d| para que
lhe sejam prestados os cuidados propostos, após lhe
ter sido explicado e a pessoa ter compreendido o que
se pretende fazer, como, porquê e qual o resultado
esperado da intervenç~o de Enfermagem” (SOUSA,
2007, p.11). Já quando este se aplica a menores de
idade é definido como “aprovaç~o do representante
legal do menor e/ou a aprovação do menor compe-
tente para intervenções médicas depois de correta-
mente informados” (Levy, Larcher e Kurz citado por
DUARTE, 2008, p.24). Sendo que “quando um menor
concorda com a realização de determinados procedi-
mentos médicos em circunstâncias em que ele ou ela
não estão legalmente autorizados ou não possuem a
capacidade suficiente para darem um completo con-
sentimento” é dado o nome de assentimento infor-
mado (Levy, Larcher e Kurz citado por DUARTE,
2008, p.24).
Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013
10
“…para que o consentimento possa ser considera-
do válido, devem (…) transmitir informação aos
pacientes mediante explicações entendíveis por
ele…”
De acordo com DUARTE (2008, p.24), para que o
consentimento possa ser considerado válido, devem
ser tidos em conta, nomeadamente: “1 – transmitir
informação aos pacientes mediante explicações
entendíveis por ele, incidindo sobre: a natureza da
sua condição; as propostas de intervenção e a proba-
bilidade do seu sucesso; a existência e natureza dos
riscos envolvidos; a existência de possíveis benefícios
e os riscos das intervenções alternativas (incluindo a
possibilidade de recusa de tratamento); 2 – avaliar a
capacidade de compreensão do paciente face à infor-
mação transmitida; avaliar a capacidade do paciente
e dos representantes legais para a tomada de deci-
são; 4 – assegurar tanto quanto possível que o
paciente decide as propostas em liberdade e sem
coaç~o ou manipulaç~o”.
“…informação deve ser prestada em linguagem
corrente, acessível e não técnica, fornecendo
todos os dados com interesse para o paciente con-
creto.”
O regime jurídico do consentimento
No que respeita ao regime jurídico que regulamenta
o consentimento, destacam-se algumas normas.
Neste âmbito, evidencia-se:
A Lei de Bases da Saúde, que salienta o dever de
informar, destacando-se a Base XIV - ponto 1 - alínea
e), para as intervenções médico-cirúrgicas em geral
que refere que “os utentes têm o direito a: (…) Ser
informados sobre a sua situação, as alternativas pos-
síveis de tratamento e a evolução provável do seu
estado” (LEI nº 48/90, p. 3454). Essa informaç~o deve
ser prestada em linguagem corrente, acessível e não
técnica, fornecendo todos os dados com interesse
para o paciente concreto. O médico deve procurar
respeitar o seu sistema de valores, estabelecendo um
diálogo que se adeque às suas capacidades intelec-
tuais e culturais (ENTIDADE REGULADORA DA SAÚ-
DE, 2009).
“…independentemente de ser oral ou escrito o
consentimento não é definitivo e em qualquer cir-
cunstância, quem autorizou pode recusar o que lhe
foi proposto.”
Da Convenção sobre os Direitos do Homem e a Bio-
medicina, destacam-se os artigos: 5º “Regra geral”,
6º “Proteção das pessoas que careçam de capacida-
de para prestar o seu consentimento”, 7º “Proteç~o
das pessoas que sofram de perturbaç~o mental” e 8º
“Situações de urgência” e 9º - “Vontade anterior-
mente manifestada” (RESOLUÇÃO da Assembleia
da República nº 1/2001, p.23-32 e 34-36). A regra
geral, enunciada no artigo 5º refere que “qualquer
intervenção no domínio da saúde só pode ser efetua-
da após ter sido prestado pela pessoa em causa o seu
consentimento livre e esclarecido. A pessoa deve
receber previamente a informação adequada quanto
ao objetivo e à natureza da intervenção, bem como
suas consequências e riscos. Esta pode, em qualquer
momento, revogar livremente o seu consentimen-
to” (p.27), ou seja, independentemente de ser oral ou
escrito o consentimento não é definitivo e em qual-
quer circunstância, quem autorizou pode recusar o
que lhe foi proposto (SOUSA, 2007). Relativamente
aos artigos seguintes, estes prendem-se com exce-
ções à regra geral, nomeadamente as enunciadas no
artigo 6º quanto à proteção de menores e de maiores
com “deficiência mental”, “doença” ou “motivo simi-
lar” (RESOLUÇÃO da Assembleia da República nº
1/2001, p.27); no artigo 7º de pessoas que sofram de
“perturbaç~o mental grave” (p.28); no artigo 8º de
situações de urgência e no artigo 9º situações de
vontade anterior manifestada, onde o utente não se
encontre em condições para expressar a sua vonta-
de, aquando da intervenção/procedimento.
Do Código Penal, de onde se destacam os artigos:
38º “Consentimento”, 39º “Consentimento presumi-
do”, 150º “Intervenções e tratamentos médico-
cirúrgicos”, 156º “Intervenções e tratamentos médi-
co-cirúrgicos arbitr|rios” e 157º “Dever de esclareci-
Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013
11
mento” (JURÍDICO, 2009). No artigo 38º, ponto 2,
afirma-se que o “consentimento pode ser expresso
por qualquer meio que traduza uma vontade séria,
livre e esclarecida do titular do interesse juridicamen-
te protegido, e pode ser livremente revogado até à
execuç~o do facto” (p.23). Previsto no ponto 3 do
mesmo artigo, este “só é eficaz se for prestado por
quem tiver mais de 16 anos e possuir o discernimento
necess|rio…” (p.23) devendo, segundo o artigo 157º,
estar “devidamente esclarecido sobre o diagnóstico
(…) e possíveis consequências da intervenção ou do
tratamento” (p.60). Em síntese, o consentimento
pode ser explícito ou implícito, presumido (previsto
no artigo 39º), o que significa que não se encontram
reunidas condições para a obtenção de consentimen-
to e não existem dados concretos e fidedignos de
que a pessoa se oporia ou quando a sua obtenção
causar adiamento que represente perigo para a vida
ou perigo grave, artigo 156º - ponto 2 - alínea a), oral
ou escrito (SOUSA, 2007, p.13). Os artigos 150º e
156º, referem-se à salvaguarda do profissional de
saúde de crimes contra a integridade física, assim
como às punições a que este está sujeito, caso efetue
os tratamentos/intervenções sem o devido consenti-
mento do paciente, referindo-se também às situa-
ções em que a não obtenção do consentimento não é
punível (situações de perigo de vida ou perigo grave
para o corpo ou saúde e situações em que, obtido
consentimento para determinada intervenção/
tratamento, tenha sido realizado outro diferente,
imposto pelo estado dos conhecimentos, com vista a
evitar perigo para a vida, corpo ou saúde).
“Os riscos, benefícios e opções devem ser explica-
dos aos clientes e suas famílias.”
Do Código Deontológico do Enfermeiro, quanto à
responsabilidade deontológica do enfermeiro, o arti-
go que mais importa analisar neste contexto é o arti-
go 84º - “dever de informar”. Nele pode ler‑se que
“no respeito pelo direito { autodeterminaç~o, o
enfermeiro assume o dever de: a) informar o indiví-
duo e a família no que respeita aos cuidados de
enfermagem; b) respeitar, defender e promover o
direito da pessoa ao consentimento informado; c)
atender com responsabilidade e cuidado todo o pedi-
do de informação ou explicação feito pelo indivíduo
em matéria de cuidados de enfermagem” (LEI nº
111/09, p.6548). De acordo com SOUSA (2007, p.17),
os enfermeiros “têm o dever de informar e de obter
consentimento para a realização de intervenções de
enfermagem, de acordo com o artigo 84º (…), sendo
que as pessoas têm direito a aceder à informação,
num formato apropriado e ao nível da sua própria
escolha, que lhes permite participar ativamente de
modo informado, em decisões sobre a sua saúde”.
Segundo CERDEIRA (2008, p.14), o artigo 84º salien-
ta dois deveres essenciais: “o dever de informar” e “o
dever de respeitar, defender e promover o direito da
pessoa ao consentimento informado”. Para SOUSA
(2007), a informação deve ser adequada às suas
necessidades (religiosas, étnicas e culturais) e cir-
cunstâncias (habilidades linguísticas e níveis de alfa-
betização de saúde). Os riscos, benefícios e opções
devem ser explicados aos clientes e suas famílias. A
mesma autora, defende também que “agir contra a
vontade expressa de um cliente consciente, esclare-
cido e competente para decidir é violador das legis
artis e das regras da deontologia profissional” (p.17).
“…é salvaguardado o direito dos utentes dos servi-
ços de saúde mental ao consentimento informado
e à representação legal no caso de menores de 14
anos e doentes sem discernimento necessário para
dar consentimento…”
Na Lei de Saúde Mental, importa destacar o artigo 5º
- “Direitos e deveres do utente”, nomeadamente o
ponto 1, nas alíneas a), b), c), d) e e), 2 e 3, nos quais é
salvaguardado o direito dos utentes dos serviços de
saúde mental ao consentimento informado e à repre-
sentação legal no caso de menores de 14 anos e
doentes sem discernimento necessário para dar con-
sentimento (LEI nº 36/98, p.3544).
Formas de consentimento
DEODATO (2008, p.48) refere que não deverá ser
feita distinção entre a forma escrita e a forma oral,
“considerando (…) a especificidade da proximidade
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do cuidado de Enfermagem e a contínua realização
de atos”. N~o sendo dispens|vel “a liberdade de
escolha da pessoa e a sua autode-terminação, não é
(…) admissível uma burocratização do consentimen-
to (…) n~o far| sentido que uma formalizaç~o do ato
de consentir se sobreponha à expressão da vontade
livre de quem recebe cuidados, independentemente
da forma em que a vontade é exteriorizada” (p.48).
Apesar do consentimento/dissentimento informado
poder ser manifestado verbalmente ou através da
escrita, existem algumas situações previstas na lei,
em que é requisito para a sua eficácia a formalização
escrita. São elas: ensaios clínicos, no artigo 2º - alí-
nea o) da Lei nº 46/2004; interrupção voluntária da
gravidez, no artigo 142º - ponto 3 - alínea a) do Códi-
go Penal; Procriação medicamente assistida, no arti-
go 14º - ponto 1 da Lei nº 32/2006; Diagnóstico pré-
natal, artigo 3º - alínea c) do Despacho n.º 5411/ 97;
Testes de biologia molecular em crianças e adoles-
centes, artigo 7º - ponto 1 do Despacho nº 9109/97;
Colheita de órgãos e tecidos em dadores vivos para
fins de transplante, no artigo 19º - ponto 2 da Con-
venção sobre os direitos do homem e a biomedicina
(Resolução da Assembleia da República nº 1/2001);
electroconvulsivoterapia, no artigo 5º - ponto 1 - alí-
nea d) da Lei de Saúde Mental (Lei nº 36/98); inter-
venção psicocirúrgica, no artigo 5.º - ponto 2 da Lei
de Saúde Mental (Lei nº 36/98); esterilização, no arti-
go 10º da LEI nº 3/84. (ENTIDADE REGULADORA DA
SAÚDE, 2009, p.31-32; CERDEIRA, 2008, p.14)
De acordo com a Entidade Reguladora da Saúde os
“formul|rios” n~o s~o a melhor forma de obter o
consentimento informado. O preenchimento de um
formulário pode proporcionar um momento de
comunicação com o doente, no entanto, pode permi-
tir uma ponderação maior dos riscos e consequências
da intervenção, podendo ainda facilitar a prova do
consentimento. Todavia, são conhecidas algumas
decisões de tribunais internacionais que negaram
qualquer valor a estes documentos, por considera-
rem a assinatura uma simples formalidade. O proces-
so clínico do utente deve ser mais valorizado do que
um simples “formul|rio”. O registo sum|rio das con-
versas estabelecidas com o doente, tradutoras da
diligência do médico em prestar as informações e de
respeitar a sua vontade, deverá possuir maior valor
(ENTIDADE REGULADORA DA SAÚDE, 2009, p.37).
Exceções ao consentimento
A lei tipifica três situações em que uma pessoa, tem
diminuída a sua capacidade de exercício de direitos.
São elas o caso dos interditos, dos inabilitados e dos
menores. Relativamente aos três casos referidos,
vigora o princípio consagrado nos pontos 2 e 3 do
artigo 6º da Convenção sobre os direitos do homem
e a biomedicina. Os normativos citados impõem que
estas pessoas devem, na medida das suas possibili-
dades, participar no processo de autorização. No
caso dos menores, a sua opinião deverá ser pondera-
da, tendo em linha de conta a sua idade e grau de
maturidade. (RESOLUÇÃO da Assembleia da Repú-
blica nº 1/2001, p. 27)
No que concerne aos interditos, nos termos do ponto
1, do artigo 138º do Código Civil, a interdição deverá
ser imposta judicialmente a todos aqueles que
sofram de anomalia psíquica grave, surdez‑mudez e
cegueira e que se mostrem incapazes de governar as
suas pessoas e respetivos bens (JURÍDICO, 2008,
p.27). As causas sub-jacentes à declaração da interdi-
ção devem ser incapacitantes, presentes e perma-
nentes. A incapacidade dos interditos é suprida pela
Tutela, sendo o tutor designado o seu representante
legal. No que respeita à prestação de cuidados de
saúde que lhe sejam propostos, o representante legal
deverá ser sempre chamado a intervir na decisão,
devendo receber previamente a informação adequa-
da, nomeadamente, o objetivo, a natureza, as conse-
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quências e riscos da intervenção, previsto no artigo
6º - ponto 4, da Convenção sobre os direitos do
homem e a biomedicina (RESOLUÇÃO da Assem-
bleia da República nº 1/2001, p.27). A autorização
cedida pelo representante legal do interdito pode, a
todo o momento, ser retirada no interesse da pessoa,
previsto no artigo 6º - ponto 5 da Convenção sobre
os direitos do homem e a biomedicina e artigo 81º -
ponto 2 do Código Civil. (RESOLUÇÃO da Assem-
bleia da República nº 1/2001, p.27; VERBO JURÍDICO,
2008, p.18)
Quanto aos inabilitados, previsto no artigo 152º do
Código Civil, são assim decretados os indivíduos cuja
anomalia psíquica, surdez, mudez ou cegueira que,
apesar de permanente, não seja de tal modo grave
que justifique a interdição, bem como, os indivíduos
que pela sua habitual prodigalidade (abuso de álcool
ou estupefacientes) se mostrem incapazes de reger o
seu património (JURÍDICO, 2008, p.29). Estes neces-
sitam de capacidade para o exercício de direitos
patrimoniais, mas gozam de capacidade geral para a
prática de atos pessoais. Assim, a capacidade para
consentir na prestação de cuidados de saúde só
poderá ser posta em causa quando na sentença que
decretou a inabilitação esteja explicita essa incapaci-
dade, sendo esta suprida pelo curador. Este não se
substitui ao inabilitado, apenas dá autorização para a
prática do ato, previsto no artigo 153º do Código
Civil, tendo o inabilitado capacidade para consentir
relativamente aos cuidados de saúde propostos,
devendo sempre ser considerada a sua competência/
capacidade para consentir (p.29).
No que respeita aos menores, é assim considerado,
segundo o artigo 122º do Código Civil, quem não
tiver completado 18 anos de idade (JURÍDICO, 2008,
p.25). Nos termos do artigo 123.º do Código Civil, os
menores carecem de capacidade para o exercício de
direitos, incapacidade essa suprida pelo Poder Pater-
nal ou pela Tutela, sendo os pais, ou o tutor, os
representantes legais do menor (p.25). De acordo
com o disposto no nº 2 do artigo 6º da Convenção
sobre os Direitos do Homem e a Biomedicina, os pais
do menor deverão ser sempre chamados a inter-vir
na decisão sobre cuidados de saúde que lhe são pro-
postos, sendo “a opini~o do menor (…) tomada em
consideração como um fator cada vez mais determi-
nante, em função da sua idade e do seu grau de
maturidade” (p.27). Nos termos do ponto 3 do artigo
38º do Código Penal, o consentimento do menor só é
eficaz se: 1) “tiver mais de 16 anos” e 2) “possuir dis-
cernimento necessário para avaliar o seu sentido e
alcance no momento em que o presta” (JURÍDICO,
2009, p.22-23).
“Quando um enfermeiro intervém junto de um
menor, deverá velar para que participe nas toma-
das de decisão relacionadas com os cuidados de
enfermagem, de acordo com as suas competências
cognitivas, psicossociais e nível maturacional.”
Quando um enfermeiro intervém junto de um
menor, deverá velar para que participe nas tomadas
de decisão relacionadas com os cuidados de enfer-
magem, de acordo com as suas competências cogni-
tivas, psicossociais e nível maturacional (DUARTE,
2008). Porém se este ainda não possui tais compe-
tências, encontrando-se assim incapaz para satisfizer
plenamente as premissas para um consentimento
informado válido, o enfermeiro deve obter deste um
assentimento informado. “Na impossibilidade de
obter consentimento do próprio, e na ausência de
representantes legais, é dever de qualquer profissio-
nal agir no melhor interesse do doente (…)” (p.24),
ou seja, zelar pela “restauraç~o ou preservaç~o das
funções vitais, alívio do sofrimento e manutenção da
qualidade de vida” (NUNES, AMARAL e GONÇAL-
VES, 2005, p.215).
Por último, ainda como exceções ao consentimento
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estão: as situações de urgência e as de privilégio
terapêutico. Na primeira, “Sempre que, em virtude
de uma situação de urgência, o consentimento apro-
priado não puder ser obtido, poder‑se‑á proceder
imediatamente à intervenção medicamente indis-
pens|vel em benefício da pessoa em causa”, previsto
no artigo 8º da Convenção sobre os direitos do
homem e a biomedicina, sendo que o profissional
deve agir no melhor interesse da pessoa
(RESOLUÇÃO da Assembleia da República nº 1/2001,
p.28). Relativamente à segunda situação, MATOS
(2008, p.35) cita o artigo 157.º do Código Penal, que
prevê uma salvaguarda do dever de esclarecimento,
ao referir “salvo se isso implicar a comunicaç~o de
circunstâncias que, a serem conhecidas pelo pacien-
te, poriam em perigo a sua vida ou seriam suscetíveis
de lhe causar grave dano { saúde física ou psíquica”.
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SOUSA, M. (2007) – Enunciado de Posição da Ordem dos
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de Enfermagem. Revista da Ordem dos Enfermeiros. ISSN:
1646-2629. Nº 25, p.11-17.
Artigo Rececionado em 28/02/2012
Aceite para Publicação em 08/03/2012
Contacto dos Autores:
anasofia.frade@gmail.com
paulacristinacb@gmail.com
Ana Sofia Luís: Licenciatura em Enfermagem,
Especialização em Enfermagem de Saúde Mental e
Psiquiatria.
Paula Coelho Banha: Licenciatura em Enfer-
magem, Especialização em Enfermagem de Saúde
Mental e Psiquiatria
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Artigo de Revisão
A MECÂNICA CORPORAL NA PREVENÇÃO DE LESÕES
MÚSCULO-ESQUELÉTICAS EM ENFERMEIROS
Susana Isabel Dias Ribeiro
Enfermeira do Centro Hospitalar de Setúbal, E.P.E.
Hospital de São Bernardo – Serviço de Medicina Interna
RESUMO
As lesões músculo-esqueléticas são afecções de dife-
rentes partes do corpo, que incluem um conjunto de
doenças inflamatórias e degenerativas do sistema
locomotor. Podem estar associadas ao local de tra-
balho, resultante da ação de fatores de risco profis-
sionais tais como a repetitividade, a sobrecarga e/ou
a postura adotada durante o exercício laboral.
Estando os enfermeiros sujeitos a trações físicas que
podem derivar para traumatismos músculo-
esqueléticos, a mecânica corporal (utilização coorde-
nada e eficiente do corpo durante a atividade) consti-
tui uma ferramenta de trabalho fundamental na pre-
venção de lesões músculo-esqueléticas, promovendo
o movimento eficiente e diminuindo a sobrecarga
física.
Palavras-chave: Lesões músculo-esqueléticas,
mecânica corporal, enfermeiros
INTRODUÇÃO
A profissão de enfermagem é considerada um pilar
essencial no funcionamento das instituições de saú-
de. Esta tem como objetivo a prestação de cuidados
de enfermagem a pessoas sãs ou doentes ao longo
do ciclo de vida. Deste modo, tem desenvolvido ao
longo do tempo um conjunto de saberes que consti-
tuem uma mais-valia no âmbito da profissão e moti-
vo de orgulho para o profissional enfermeiro, uma
vez que o trabalho constitui um dos principais facto-
res de equilíbrio e realização profissional.
“… apesar do trabalho [enfermagem] estar rela-
cionado com o bem-estar físico e psíquico da pes-
soa, poderá estar na origem de sofrimento e pro-
blemas de saúde para os profissionais.”
Contudo, apesar do trabalho estar relacionado com o
bem-estar físico e psíquico da pessoa, poderá estar
na origem de sofrimento e problemas de saúde para
os profissionais (MAIA, 2002).
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No Guia de Caracterização Profissional (DGERT,
2004), vem referido relativamente às condições de
trabalho dos enfermeiros, o facto destes passarem
muito tempo de pé, fazendo esforços físicos conside-
ráveis, como sucede quando têm de transferir doen-
tes da maca para a cama ou de cadeira de rodas para
a cama, “entre as suas doenças profissionais mais
comuns, encontram-se, por isso, as hérnias discais e
as lombalgias” (DGERT, 2004, p.8).
Sendo as lesões músculo-esqueléticas consideradas
um dos riscos mais frequentes para a saúde e segu-
rança dos enfermeiros (MAIA, 2002), as condições
laborais destes constituem um ambiente propício à
ocorrência destas lesões, pois requerem não raras
vezes a aplicação de força no trabalho, tarefas repeti-
tivas, excesso de carga em algumas articulações e
posturas desadequadas. Os serviços de saúde pode-
rão mesmo constituir ambientes pouco saudáveis à
prática, uma vez que poderão afetar a saúde física e
psicológica dos enfermeiros (ICN, 2007).
“… é fundamental os enfermeiros apropriarem-se
de alguns princípios básicos no âmbito da mecâni-
ca corporal, dominá-los e utilizá-los no âmbito das
práticas do dia-a-dia.”
Deste modo, é fundamental os enfermeiros apropria-
rem-se de alguns princípios básicos no âmbito da
mecânica corporal, dominá-los e utilizá-los no âmbi-
to das práticas do dia-a-dia. Nalguns países há servi-
ços que exigem, como condição de ingresso, que o
enfermeiro possua formação e treino em mecânica
corporal (BOLANDER, 1998) porque, o domínio do
movimento eficiente vai assegurar uma execução
mais fácil e segu-
ra de certas tare-
fas, bem como
contribuir para
uma melhoria da
saúde em geral.
LESÕES MÚSCULO-ESQUELÉTICAS E
PROFISSÃO DE ENFERMAGEM
Os principais fatores que podem ocasionar lesões
músculo-esqueléticas em enfermeiros são essencial-
mente de natureza física, organizacionais e psicosso-
ciais, e individuais.
Factores físicos – aplicação de força (levantar, transportar,
puxar, empurrar); movimentos repetitivos; posturas força-
das ou estáticas; compressão localizada; vibrações; frio ou
calor excessivos; iluminação deficiente; ruído elevado.
Factores organizacionais e psicossociais – trabalho exigen-
te; baixos níveis de satisfação com o trabalho; trabalho
monótono, repetitivo executado a um ritmo rápido; falta
de apoio por parte de colegas e, chefias.
Factores individuais – antecedentes clínicos; capacidade
física; idade; obesidade; tabagismo.
Tabela 1 – Principais fatores promotores de lesões músculo-esqueléticas
em enfermeiros (AEPSST, 2007)
A sintomatologia das lesões músculo-esqueléticas é
caracterizada essencialmente por: dor (a maior parte
das vezes localizada, podendo irradiar para outras
áreas corporais); sensação de dormência ou formi-
gueiro (na zona afetada ou em regiões contíguas);
sensação de peso; fadiga ou desconforto localizado e
perda de força ou sensação de perda de força. Os
sintomas surgem gradualmente, agravam durante o
dia de trabalho ou em momentos de maior intensida-
de laboral e aliviam com períodos de pausa, repouso
e férias (DGS, 2008). Uma exposição continuada aos
fatores de risco, agrava a sintomatologia, tornando-a
persistente, podendo-se prolongar durante a noite,
ou mesmo nos períodos de repouso interferindo quer
com a capacidade de trabalho, quer com outras ativi-
dades. Desta forma, o desequilíbrio entre as capaci-
dades do indivíduo e as solicitações laborais, irão
favorecer a ocorrências de lesões músculo-
esqueléticas.
“… através da reeducação dos gestos profissionais
será possível evitar e prevenir os riscos de lesões
músculo-esqueléticas.”
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Assim, através da reeducação dos gestos profissio-
nais será possível evitar e prevenir os riscos de lesões
músculo-esqueléticas. Cabendo à organização a res-
ponsabilidade de implementar e avaliar programas
de formação e treino no âmbito do movimento efi-
ciente e prevenção de lesões. Caberá ao enfermeiro
no exercício da profissão a adoção de posturas corre-
tas bem como a forma como coloca o corpo durante
as diferentes tarefas que vão surgindo no dia-a-dia.
MECÂNICACORPORAL: OMOVIMENTO EFICIENTE
A mecânica corporal é a utilização eficiente do corpo,
aplicando os princípios da física, para uso óptimo de
energia e movimento, tendo por finalidade a realiza-
ção de uma tarefa com a máxima eficácia e o mínimo
esforço.
A integração dos princípios de mecânica corporal,
nas práticas profissionais diárias deverá constituir a
regra e nunca a excepção, pois poderá fazer a dife-
rença entre um percurso profissional com menos ris-
cos, menos penosidade e mais eficiência.
A seguir, considera-se alguns dos princípios básicos
de mecânica corporal (AEPSST, 2007), a utilizar pelos
enfermeiros:
Avaliar o grau de colaboração do doente, otimi-
zando recursos e vontade
Explorar a máxima participação ativa do doente,
dando somente a quantidade de auxílio necessário, o
que aumenta a autonomia, evita a dependência e
reduz acidentes. Deve-se preparar os doentes para
essa participação, explicando aquilo que se espera
deles e qual o seu papel na ação a desenvolver.
Avaliar adequadamente os nossos limites, força e
capacidades
Todos devemos ter em linha de conta a força muscu-
lar a desenvolver, as limitações e capacidades pes-
soais. Um estado de má forma física ou grande dese-
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quilíbrio muscular, poderá influenciar o resultado
pretendido, sendo necessário recorrer a ajuda
(pessoas ou ajudas técnicas) para efetuar o movi-
mento em segurança e de forma correta.
Coordenar os elementos de forma precisa, distri-
buindo equitativamente os esforços
Com a liderança assumida por um dos elementos os
movimentos serão melhor coordenados e seguros,
melhorando a organização do trabalho, obedecendo
cada elemento a ordens claras e precisas, havendo
uma conjugação de movimento de grupo com efi-
ciência e menor esforço individual.
Adotar uma base de sustentação ampla melhora o
movimento e a estabilidade
Os pés afastados aumentam a estabilidade, bem
como a utilização de outros segmentos ou partes do
corpo como pontos de apoio. A base de sustentação
ampla permite também efetuar mais facilmente a
transferência de peso de um pé para outro.
Aproximar a carga do centro da gravidade, reduz o
esforço e aumenta o equilíbrio
Ter a carga mais próxima do centro de gravidade
proporciona estabilidade e diminui o trabalho a efe-
tuar pelos músculos, pois um peso seguro pelas mãos
quanto mais afastado for mantido do corpo, maior
desequilíbrio provoca.
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Um centro de gravidade baixo torna o corpo mais
estável
Dobrar os joelhos, faz diminuir o centro de gravida-
de, proporcionando maior estabilidade e equilíbrio.
Utilizar movimentos suaves, contínuos e rítmicos
melhora a performance
Consome-se mais energia efetuando movimentos
curtos do que efetuando um único movimento contí-
nuo. A utilização de gestos suaves, contínuos e rítmi-
cos possibilitam uma maior eficiência na utilização
dos músculos proporcionando maior tempo de con-
tração muscular.
Ao levantar ou mover uma carga, faça flexão dos
joelhos e evite a flexão do tronco
Os grupos musculares das pernas e coxas aguentam
maior esforço que os dos braços e das costas, deven-
do ser mais utilizados pois tem um desgaste menor,
ajudando a proteger os discos intervertebrais.
Durante longos períodos na posição de pé, alterne
o peso de uma perna para a outra ou use um apoio
e alterne as posturas de pé e sentado
Alternar os músculos que estão a ser utilizados,
como deslocar o peso da perna direita para a esquer-
da, versatilizando a forma de execução das tarefas,
ou fazendo ligeiras interrupções, permite a utilização
de um período mínimo de descanso protetor do des-
gaste muscular.
Se previamente contraídos, os músculos ficam
melhor preparados para a ação, prevenindo lesões
Fazer a báscula da bacia, significa contrair os múscu-
los abdominais e os glúteos num movimento firme,
aumentando a estabilidade do tronco, melhorando a
ação dos membros inferiores e protegendo os mús-
culos das costas.
Puxar exige menos esforço que empurrar, levantar
é o que exige mais esforço e tem maior risco de
lesões
Este tipo de movimentos requerem menos esforço
que levantar, pois não têm os efeitos da gravidade,
mas apenas do atrito.
Na movimentação de um objeto a modificação do
grau de inclinação permite utilizar a gravidade a
favor da deslocação.
Empurrar uma pessoa para cima, transferir de uma
cama mais baixa para uma maca mais alta, é mais
difícil e aumenta o esforço, pelo que sempre que pos-
sível deve-se promover o deslizamento para baixo
num plano inclinado. Num doente com a cabeceira
da cama elevada que escorregue ficando posicionado
incorretamente, a sua mobilização deve ser efetuada
com a cabeceira da cama baixa quando não existam
contra-indicações.
A redução do atrito diminui a sobrecarga
Esta situação pode ocorrer através da utilização de
um resguardo debaixo do doente para puxar ou desli-
zar na superfície da cama.
Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013
20
A fadiga influencia a capacidade de executar movi-
mentos
Pelo que se devem respeitar as pausas e os períodos
de descanso para proporcionar a devida compensa-
ção do esforço efetuado.
O treino facilita a execução das técnicas e aumen-
ta a destreza
A repetição de uma tarefa, quando não efetuada em
sobrecarga, permite a espontaneidade da mesma,
reduzindo o esforço. O levante repetido de doentes
com técnica adequada vai melhorar a eficiência do
profissional promovendo posturas adequadas e ges-
tos eficientes.
Usar vestuário e calçado adequado possibilitam
uma melhor dinâmica de movimento
No exercício diário são variados os gestos para se
levantar, baixar ou movimentar. A utilização de ves-
tuário deverá permitir a liberdade de movimentos,
não sendo incomodativas quando se assumem certas
posições (ocasionando posições defensivas e pouco
ergonómicas), possibilitando manter uma boa base
de sustentação. A utilização de calçado adequado
previne o risco de escorregar ou de cair, devendo ser
utilizado calçado de boa aderência, não se recomen-
dando sapatos de salto alto, socas ou chinelos.
Vigiar a saúde, fazer exercício físico regularmente,
evitar fumar, manter uma boa higiene do sono
Uma vigilância adequada por parte da saúde ocupa-
cional, bem como a promoção de hábitos de vida
saudáveis por parte do profissional, melhoram a qua-
lidade de vida no trabalho e diminuem o aparecimen-
to precoce de complicações.
CONCLUSÃO
A atitude profissional face ao desenvolvimento do
trabalho é essencial na prevenção das lesões múscu-
lo-esqueléticas.
O combate às lesões músculo-esqueléticas, passam
por uma abordagem organizacional (AEPSST, 2007)
onde se devem: avaliar os riscos que não podem ser
evitados; combater os riscos na origem; adaptar o
trabalho ao trabalhador; adaptar o profissional à evo-
lução tecnológica; substituir o que é perigoso pelo
que é seguro; conceber uma política global de pre-
venção; privilegiar medidas de proteção coletivas e
fomentar instruções adequadas aos trabalhadores.
Mas, também é fundamental a abordagem de cada
enfermeiro face ao trabalho e à utilização do movi-
mento eficiente, proporcionando qualidade de vida,
diminuindo o absentismo e promovendo profissio-
nais proativos ao invés de reativos e defensivos face
à adversidade do desgaste laboral.
Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013
21
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AEPSST. AGÊNCIA EUROPEIA PARA A SEGURANÇA E SAÚ-
DE NO TRABALHO (2007) – Introdução às lesões músculo-
esqueléticas. Facts. Disponível em WWW: http://
ew2007.osha.europa.eu.
AEPSST. AGÊNCIA EUROPEIA PARA A SEGURANÇA E SAÚ-
DE NO TRABALHO (2007) – Técnicas de mobilização de
doentes para prevenir lesões músculo-esqueléticas na pres-
tação de cuidados de saúde. Facts. Disponível em WWW:
http://ew2007.osha.europa.eu
AEPSST. AGÊNCIA EUROPEIA PARA A SEGURANÇA E SAÚ-
DE NO TRABALHO (2007) – Em linha: boas práticas em
matéria de segurança e saúde para o Sector da Saúde. Facts.
Disponível em WWW: http://agency.osha.eu.int.
BOLANDER, V. (1998) – Enfermagem Fundamental. Loures:
Lusociência, 1963p.
DGERT. DIREÇÃO GERAL DO EMPREGO E DAS RELAÇÕES
DE TRABALHO (2004) – Profissões, Guia de caracterização
profissional, enfermeiro. Direcção Geral do Emprego e das
Relações de Trabalho. Disponível em WWW:
www.dgert.gov.pt.
DGS. DIREÇÃO GERAL DA SAÚDE (2008) – Lesões músculo-
esqueléticas relacionadas com o trabalho: Guia de orientação
para a prevenção. Lisboa.
ICN. INTERNACIONAL COUNCIL OF NURSES (2007) –
Ambientes favoráveis à prática: Condições no trabalho =
Cuidados de qualidade. Genebra.
MAIA, C. (2002) – Dor Lombar: Estudo de prevalência nos
enfermeiros da área da prestação de cuidados do Hospital
Amato Lusitano, Castelo Branco. Castelo Branco. 138p. Dis-
sertação apresentada para concurso de provas públicas para
Professor- Coordenador da área científica de Enfermagem de
Reabilitação para a Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias.
Artigo Rececionado em 02/03/2012
Aceite para Publicação em 13/07/2012
Contacto do Autor:
susanadias.ribeiro@iol.pt
Susana Ribeiro: Licenciatura em Enfer-
magem, Mestrado em Psicogerontologia,
Especialização em Enfermagem de Reabili-
tação, Pós-Graduação em Pedagogia da
Saúde.
Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013
22
Revista Cuid’Arte
Espaço aberto { participaç~o de todos os que sentem que cuidar é uma arte…
Contamos com os V/ artigos, as V/ sugestões e impressões…
http://cuidartesetubal.blogspot.com
Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013
23
Em Destaque
As Primeiras Jornadas de Enfermagem do Centro
Hospitalar de Setúbal - EPE, iniciativa da Direção de
Enfermagem, decorreram nos dias 15 e 16 de novem-
bro de 2012, no Auditório Charlot em Setúbal.
Sob o tema Evidência de uma Prática Especializada,
a iniciativa contou com a presença de 190 participan-
tes e pautou-se pela apresentação e discussão de
trabalhos científicos e projetos de intervenção, num
contexto de cuidados de enfermagem especializa-
dos.
O tema destas jornadas enquadrou-se na determina-
ção em evidenciar os ganhos decorrentes de uma
prática de cuidados especializados em enfermagem,
sendo esta a perspetiva em que assentou o motivo e
a escolha de aprofundar e sistematizar o que se prati-
ca neste âmbito, no Centro Hospitalar de Setúbal -
EPE.
Foram dois dias de intenso trabalho, que trouxeram a
debate e reflexão boas práticas no âmbito dos cuida-
dos de enfermagem especializados, numa ótica de
promoção de uma prestação de cuidados com eleva-
do nível de efetividade, eficiência e baseada na
melhor evidência disponível.
O programa científico, que abrangeu diversos temas
de enfermagem em áreas como: saúde materna e
obstétrica, saúde infantil e pediátrica, médico-
cirúrgica, reabilitação, saúde mental e psiquiátrica e
saúde comunitária, foi organizado em mesas temáti-
cas e conduzido por um conjunto de moderadores,
comunicadores e participantes que, com o seu saber
e interesse, deram brilho a este evento. A par das
comunicações orais convidadas, teve lugar a proje-
ção de posters científicos igualmente de elevada
qualidade.
No final dos trabalhos, os participantes, através de
correio electrónico, foram convidados a responder a
um inquérito para avaliação da qualidade das jorna-
das, que se manteve on-line entre 20 de novembro e
17 de dezembro de 2012. A taxa de resposta obtida
foi de 44,21% (n=84) entre os 190 participantes. Em
linhas gerais, o evento foi classificado nos vários
domínios em bom e excelente. Nas questões abertas
foram obtidas sugestões de melhoria que o grupo
pretende considerar em evento futuro.
Terminada esta experiência, a Comissão Científica e
Comissão Organizadora congratula-se por ter estado
ao nível das expectativas dos participantes e deseja,
através de uma abordagem integral a uma prática
especializada, ter contribuído para a valorização dos
cuidados de enfermagem.
EVIDÊNCIA DE UMA PRÁTICA CLÍNICA ESPECIALIZADA
Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013
24
A concluir, resta agradecer a todos os que contribuíram
para o sucesso alcançado, em concreto, participantes,
moderadores, preletores, autores, Conselho de Admi-
nistração, Gabinete de Comunicação e Centro Multi-
média, Serviço de Gestão da Formação, Serviços
Financeiros e patrocinadores.
A todos um bem-haja,
As Comissão Organizadora & Comissão Científica
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forma de artigos de investigação, de revisão ou relato de experiência, que contribuam para o desenvolvimento e visibilidade dos
cuidados de enfermagem. Os artigos devem ser originais e destinados exclusivamente { publicaç~o na Revista Cuid’Arte.
Direitos de Autor
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car a sua fonte, através do apelido do autor, data e página.
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mentos éticos e conceda { Revista Cuid’Arte o direito exclusivo de publicaç~o. A declaraç~o deve ser assinada por todos os
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Tipos de Artigos
Artigo de Investigação – Resulta de uma investigação baseada em dados empíricos. O texto deverá ser estruturado na
forma tradicional – Resumo em português e inglês (abstract), Introdução, Metodologia, Resultados, Discussão, Conclusão,
Agradecimentos e Referências. São admitidas pequenas adaptações a esta estrutura (como inclusão de sub-parágrafos), de
acordo com o trabalho apresentado. Trabalhos que envolvam Seres Humanos devem conter confirmação na secção Meto-
dologia em como estão de acordo com as normas da Comissão de Ética. Deve ser clara a permissão de publicação por enti-
dade/instituição que financiou a investigação. Máximo 10 páginas.
Artigo de Revisão – Artigo no qual o autor interpela sobre um fenómeno, fundamentando as suas afirmações com lite-
ratura temática consultada para o efeito. Máximo 6 páginas.
Relato de Experiência – Artigo em que o autor narra experiências vivenciadas no seu quotidiano que considere enrique-
cedoras para si e para outros. Máximo 4 páginas.
Estrutura do Artigo
Todos os artigos, à exceção dos relatos de experiência, devem conter resumo, com o máximo de 80 palavras e palavras-
chave, até ao máximo de 6. Nos artigos de investigação estes itens devem constar em português e inglês.
Os artigos devem ser acompanhados de imagens ilustrativas – fotografias, tabelas e/ou figuras, preferencialmente originais.
A caracterização de cada tabela e figura deve conter título e legenda de modo a serem compreendidas e interpretadas sem
recurso ao texto. Todas as imagens deverão ser enviadas em suporte digital.
As abreviaturas devem ser evitadas à exceção das unidades do Sistema Internacional. Outras abreviaturas podem ser utiliza-
das caso sejam referidas três ou mais vezes, devendo, na primeira utilização, ser escritas por extenso e imediatamente
seguidas pela sua abreviação entre parênteses.
As referências bibliográficas e as citações bibliográficas devem ser apresentadas segundo o modelo estabelecido pela
Norma Portuguesa Nº 405 – 1 a 4, do Instituto Português da Qualidade.
Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013
29
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com margens inferior e laterais de 2cm e superior de 3cm, em fonte Times New Roman, tamanho 12 a 1,5 espaços. Devem
ser enviados dois exemplares impressos, acompanhados de suporte digital (em formato Word).
A identificação do artigo enviado faz-se pelo título, que deve constar no cimo da página, não devendo ao longo do texto
haver quaisquer referências que permitam identificar o(s) autor(s). Os artigos não deverão ser assinados por mais de
4 autores.
Ao artigo, deve ser anexada carta com os seguintes elementos:
1) título do artigo; 2) nome(s) e apelido(s) do(s) autor(es); 3) grau académico dos autores; 4) filiação institucional dos autores
no momento em que o trabalho foi realizado; 5) nome e contactos do autor que receberá a correspondência, incluindo ende-
reço, telefone, fax ou e-mail; 6) referências a fontes de financiamento ou bolsas de estudo (se aplicável); 7) o nome da insti-
tuição e do curso nos artigos que derivam de trabalhos realizados em contexto académico; 8) e-mail ou telefone de um dos
autores a indicar no final do artigo (aplicável ao artigo de investigação).
As submissões { Revista Cuid’Arte devem ser enviadas para:
Revista Cuid’Arte
Serviço de Gestão da Formação do Centro Hospitalar de Setúbal, EPE.
Rua Camilo Castelo Branco, 2910-446 Setúbal
Cada artigo submetido para publicação é verificado pelo Núcleo Redatorial, quanto ao cumprimento das Normas de Publica-
ç~o da Revista Cuid’Arte. O processo de revis~o editorial ser| iniciado se o texto obedecer {s Normas de Publicaç~o mencio-
nadas. Posteriormente é submetido a uma análise apoiada, sempre que se justifique, por peritos e segundo os critérios: inte-
resse para os destinatários da Revista; originalidade (contribuição significativa ou inovadora); exatidão técnica das referên-
cias e citações; correção e precisão dos conceitos utilizados; adequação metodológica e profundidade na abordagem ao
assunto; atualidade e rigor da bibliografia utilizada; qualidade geral do texto (estrutura lógica e equilibrada, exposição clara
e coerente, estilo objetivo e factual, correção gramatical).
Os peritos são contactados pelo Núcleo Redatorial, pela reconhecida competência na área a que o artigo se refere. Neste
processo de avaliação é preservada a identidade dos autores e consultores. O Núcleo Redatorial poderá sugerir aos autores
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artigo cabe ao Núcleo Redatorial, auxiliado pelo parecer dos peritos. Os artigos não aceites não serão devolvidos, podendo
ser levantados na morada da Revista. Os artigos não refletem, necessariamente, a opinião do Núcleo Redatorial. Será dada
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Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013
30
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Revista cuidarte nº9 maio 2013

  • 1.
  • 2.
  • 3. CUID’ARTE 2013 - Centro Hospitalar de Setúbal, E.P.E. A Revista de Enfermagem do Centro Hospitalar de Setúbal, é uma publicação editada pela área de enfermagem do Centro Hospitalar de Setúbal, E.P.E. Tem por missão dar a conhecer as práticas de cuidados de enfer- magem e ser um veiculo para a publicação de artigos inéditos que contribuam para o conheci- mento e desenvolvimento da profissão. Direção Enfermeira Diretora: Olga Maria Ferreira Núcleo Redatorial - Grupo Científico: Enf. Vitor Varela, (Mestre em Comportamento Organi- zacional); Enf.ª Susana Ribeiro, (Mestre em Psicoge- rontologia). Núcleo Redatorial - Grupo de Redação Enf.ª Cláudia Estevão; Enf. Francisco Vaz, (Licenciado em Investigação Social Aplicada); Enf.ª Isabel Martins, (Mestre em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediatria); Enf. João Gomes. Secretariado Ana Pádua Edição Cuid’arte Propriedade Centro Hospitalar de Setúbal, E.P.E. Administração e Redação Serviço de Gestão da Formação do Centro Hos- pitalar de Setúbal Rua Camilo Castelo Branco, 2910-446 SETÙBAL Telefone: 265 549 000 - Fax: 265 532 020 E-Mail: cuidarte.setubal@gmail.com Edição Gráfica Pedro Pedroso (Técnico de Pós-Produção Audiovisual) Distribuição e periodicidade Suporte Digital - (Adobe Acrobate Reader - PDF) Semestral (Maio/Setembro) Depósito Legal Nº 258630/07 ISSN - 1646-7175 Anotada na ERC SumárioAno 6 | nº 9 | maio 2013 Editorial 4 Enfermeira Diretora Olga Maria Ferreira Artigo de Revisão 5 Cuidados de Enfermagem em Urgência: Revisão da Literatura Fernanda Loureiro 10 Consentimento em Saúde Ana Sofia Cardoso Paula Coelho Banha 16 A Mecânica Corporal na Prevenção de Lesões Músculo-Esqueléticas em Enfermeiros Susana Isabel Dias Ribeiro Em Destaque 23 1as Jornadas de Enfermagem do Centro Hospitalar de Setúbal, EPE. 25 Concurso de Posters das 1as Jornadas de Enfermagem do Centro Hospitalar de Setúbal, EPE.
  • 4. Editorial Ser gestor(a) duma organização de saúde, nomeadamente dos hospitais, não é uma tarefa fácil. Há alguns anos fazendo parte de um conselho de administração, percebi que é mais fácil gerir, quando se tem em conta o potencial humano e se valorizam as pessoas não só enquanto profissionais mas, essencialmente, enquan- to seres humanos em tudo o que o conceito implica. A produção teórica/científica no que diz respeito a gestão, liderança, administração, é uma ferramenta indispensá- vel, que ajuda e orienta o gestor nos aspetos fundamentais do seu dia-a-dia. Também a aprendizagem pela prática, tão ou mais importante que a anterior, significa a segurança e o apoio, sem a qual o terreno se pode tornar escorregadio. Cada etapa prolonga-se na seguinte, confundindo-se com ela e oferecendo-nos suportes, onde nos devemos agarrar sem julgar a batalha ganha. As pessoas desafiam-nos constantemente, enquanto profissionais mas acima de tudo testando a nossa capacidade de olharmos o ser humano como algo valioso, profundo, imprescindível… Não acho que o façam sempre de uma forma consciente mas, na resposta que procuram, será avaliado certamen- te o conceito Kantiano de que qualquer Pessoa deve ser tratada como um fim em si mesma e não como um meio para… Ser|, portanto, este, um dos aspetos (éticos) a n~o descurar para qualquer gestor. Aquele que envolve qualquer profissão, qualquer cidadão, qualquer sociedade. Na mesma instituição os profissionais adotam formas diferentes de se relacionarem entre si e com os utentes. Estes diferentes comportamentos são resultantes de quê? Da estrutura organizacional? Do desenvolvimento de cada um? Dos diferentes métodos de trabalho? Dos estados emocionais individuais? Naturalmente, que estas questões e suas respostas não são absolutas. São históricas, sociais e culturais. E, tal como em muitas áreas, a gestão implica uma postura ética que evidencie os valores humanos, a integridade e fundamentalmente a pedra basilar do conceito – a liberdade Eu, não sou eu e um gestor; Eu, não sou eu e um chefe; Eu, não sou eu e uma função. Eu sou um ser inteiro, inte- gro e, como tal, devo agir. Será nesse agir que devemos reconhecer que todos os outros são livres para agirem também, e questionarmos se quando tantas vezes, cumprimos ordens, isso nos exime da responsabilidade ou se implica a necessidade de pensarmos se efetivamente a liberdade tem lugar, ou não. É sábio aquele que afirma que o fracasso é a estrada do sucesso se o facto ocorrido proporciona a oportunidade de se acertar no caminho. Todos somos gestores de alguma coisa. Importante clarificar que, todos somos gestores das nossas vidas e é com esse olhar que temos de gerir os outros… Sem atropelar a sua liberdade e as suas opções. Organização do trabalho, regras, normas, orientações fazem parte do nosso círculo profissional mas, tudo deve ser feito com peso e medida. As sensibilidades estão à flor da pele. Não há nada que prejudique mais o progresso de que falar, pensar e acreditar nas crises. Só a própria palavra, contém um veneno paralisante e um efeito hipnótico. Para tudo, até as mentes. Como dizia Anthony Robbins “… Se n~o fizermos mais do que estamos a fazer conseguiremos, apenas, aquilo que j| temos.” A nossa função (entre outras) é não aumentar o desânimo que leva à inércia, à desmotivação, à paragem absoluta. É desenvolver estratégias e formas que envolvam o que está para além do dinheiro e das compensações económicas. Todos sabemos que o positivismo das equipas resulta consideravelmente do trabalho dos líderes/gestores. De terem um papel facilitador. De pre- pararem o palco para os seus atores… Como disse atrás, todos somos gestores das nossas vidas. Temporariamente, também somos líderes em determinados momentos ou circunstân- cias diferentes. Mesmo quando há líderes definidos nas nossas áreas de atuação. Cabe-nos, cada vez mais, o papel e a responsabilidade de ter um clima organizacional saudável e positivo. Os nossos líderes terão que ser portanto pessoas emocionalmente empenhados, apoiantes, competentes, corajosos, íntegros, determinados, entusiastas, pacientes, otimistas… E, claro, praticar a ética e os valores associados. Os códigos de ética existem para se praticarem havendo, inclusive, organizações, que não tendo qualquer documento escrito dessa natureza, tem um código claro de comportamento em que os líderes devem ser exemplo. Apregoar valores sem os praticar não é um bom caminho, a não ser que acreditemos num dos s|bios ditados da vida: “Até uma mentira repetida, muitas vezes, se torna realidade.” Olga Ferreira Enfermeira Diretora do Centro Hospitalar de Setúbal, E.P.E. Olga Ferreira
  • 5. Artigo de Revisão CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM URGÊNCIA PEDIÁTRICA Revisão da Literatura Desenvolvido no âmbito do Curso de Pós-licenciatura de Especia- lização em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediatria Universidade Católica Portuguesa Fernanda Loureiro Enfermeira do Centro Hospitalar de Setúbal, E.P.E. Hospital de São Bernardo – Unidade de Urgência Pediátrica RESUMO Artigo de revisão da literatura com o objetivo de compreender o estado do conhecimento sobre os cuidados de enfermagem em urgência pediátrica no contexto nacional. Foram encontrados sete artigos no âmbito dos crité- rios de inclusão. A maioria faz referência a estudos de natureza exploratória descritiva sendo as temáticas trata- das: a supervisão pedagógica, aspetos de natureza organizacional e de gestão e área clínica de atenção (maus tratos e educação para a saúde). Destaca-se a necessidade de desenvolver mais estudos nesta área. Palavras-chaves: pediatria, emergências, cuidado da criança, revisão INTRODUÇÃO Os serviços de urgência pediátrica encontram-se entre os setores de assistência à criança não só mais recentes mas também mais relevantes. Nestes, as equipas de enfermagem prestam cuidados a crianças e suas famílias em contexto de urgência / emergência atendendo às particularidades de cada situação. Par- tilham com serviços de urgência geral tanto seme- lhanças como diferenças. Pois, se por um lado são unidades de primeira linha sempre disponíveis por outro lado, a especificidade da pediatria implica cui- dados específicos, flexíveis e adaptados. No artigo apresentado pretende-se analisar o estado do conhecimento acerca dos cuidados de enferma- gem em contexto de urgência pediátrica ao nível nacional usando como metodologia a revisão da lite- ratura. O contexto das Unidades de Urgência Pediátrica As urgências pediátricas, enquanto setor de um hos- pital existem há, relativamente, pouco tempo, contu- do rapidamente se afirmaram enquanto unidade de saúde. Associado a este facto encontra-se a própria história da pediatria. Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013 5
  • 6. “Pouco a pouco a criança foi adquirindo importân- cia no contexto social e foram crescendo as neces- sidades de adaptar o sistema de saúde à população infantil com preocupações crescentes pelo proces- so de hospitalização e instituição de medidas que visam diminuir o impacto da mesma na infância.” Enquanto ramo da medicina, a pediatria teve o seu início entre os séculos XVIII e XIX enquanto área diri- gida à saúde das crianças, grupo específico com necessidades e características particulares. A 14 de Julho de 1877 nasce o primeiro hospital pediátrico Português – Hospital Dona Estefânia em Lisboa (COELHO, 1996). O primeiro esboço de um serviço de urgência surge nesta instituição em 1957 com cria- ç~o da “Consulta Permanente de Crianças do Hospi- tal Dona Estef}nia”. Desde ent~o, verificou-se a abertura de diversas urgências um pouco por todo o país: Hospital Santa Maria (1961), Hospital Pediátrico Coimbra (1977), Hospital São João e Hospital São Francisco Xavier (1987), Hospital Maria Pia (1988), Hospital Garcia de Orta (1992), Hospital Fernando da Fonseca (1996), Hospital de São Bernardo (1998), Hospital Nossa Senhora do Rosário entre outros. Pouco a pouco a criança foi adquirindo importância no contexto social e foram crescendo as necessida- des de adaptar o sistema de saúde à população infantil com preocupações crescentes pelo processo de hospitalização e instituição de medidas que visam diminuir o impacto da mesma na infância (FONTES, 2006). De acordo com o Instituto Nacional de Estatística a taxa de natalidade tem vindo a diminuir passando de 12,2% em 1987 para 10% em 2006 (INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA, 2008), contudo apesar da redução da população pediátrica a utilização do serviço de urgência tem vindo a aumentar. Este facto prende-se com razões multifatoriais. Situações clíni- cas banais, ou mesmo variantes do ‘normal’, geram ansiedade quer para pais jovens, quer para outros familiares mais experientes que, não conseguem suportar a mínima dúvida sobre o potencial de gravi- dade de um episódio de doença. “…é ainda perfeitamente compreensível que a família recorra ao local onde se encontram os meios para resolução mais económica (monetária e temporalmente) possível.” Aliado a esta insegurança, é ainda perfeitamente compreensível que a família recorra ao local onde se encontram os meios para resolução mais económica (monetária e temporalmente) possível (COELHO, 1996). Por outro lado, a atitude cada vez mais consu- mista e a transmissão veiculada pelos meios de comunicação social com informação pouco rigorosa são também fatores que levam ao recurso despropo- sitado dos serviços de urgência em pediatria (CALDEIRA [et al], 2006). “… a procura dos serviços de saúde aumentou nos últimos anos, devido fundamentalmente à melho- ria das condições socioeconómicas das populações, à redução de barreiras geográficas e à valorização da saúde e prevenção da doença” Segundo MELO (1999, p.59) “a procura dos serviços de saúde aumentou nos últimos anos, devido funda- mentalmente à melhoria das condições socioeconó- micas das populações, à redução de barreiras geo- gráficas e à valorização da saúde e prevenção da doença” verificando-se “atualmente uma procura crescente de cuidados de saúde diferenciados, desig- nadamente pediátricos, com recurso indiscriminado dos serviços de urgência”. Conscientes desta realidade, as autoridades de saúde nacionais promoveram a reestruturação dos serviços de urgência pediátrica. De acordo com estas direti- vas as unidades deveriam adaptar-se localmente com os centros de saúde e receber apenas crianças referenciadas, situações de emergência e crianças até aos 6 meses. Em simultâneo, teve inicio o funcio- namento da linha telefónica Saúde 24, em Fevereiro de 1999 (SOARES [et al], 2006), que pretendia dar resposta às necessidades de esclarecimento e enca- minhamento dos pais. Contudo, verificou-se que estas medidas não foram inteiramente bem- Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013 6
  • 7. sucedidas e continua-se a verificar uma afluência de situações não urgentes (CALDEIRA [et al], 2006). Em continuidade e, destacando o objetivo deste arti- go, torna-se pertinente compreender o estado do conhecimento sobre os cuidados de enfermagem neste contexto. Para tal adotou-se como metodolo- gia a revisão da literatura. Esta consiste, segundo FORTIN (2003, p.74) “em fazer o invent|rio e o exa- me crítico do conjunto de publicações pertinentes sobre um domínio da investigaç~o” e pode ser reali- zado por vários revisores ou, como ocorreu neste contexto apenas por um. “Partindo de uma pergunta inicial: Qual é o estado do conhecimento sobre os cuidados de enferma- gem em contexto de urgência pediátrica a nível nacional? Definiram-se como critérios de inclusão: artigos que versem a prática de enfermagem em urgência pediátrica, sem restrição de área de aten- ção ou tipo de metodologia utilizada, ao nível nacional.” METODOLOGIA Partindo de uma pergunta inicial: Qual é o estado do conhecimento sobre os cuidados de enfermagem em contexto de urgência pediátrica a nível nacional? Definiram-se como critérios de inclusão: artigos que versem a prática de enfermagem em urgência pediá- trica, sem restrição de área de atenção ou tipo de metodologia utilizada, ao nível nacional. Dado que se trata de um serviço hospitalar relativamente recente não foi definido critério temporal. Procedeu-se então, durante o mês de Maio de 2010, a pesquisa nas bases de dados eletrónicas utilizando a língua Portuguesa e Inglesa (quando adequado) com limitação da pesquisa aos termos: urgência pediátrica; enfermagem; cuidados. A pesquisa foi efetuada em várias bases de dados, pelos termos de pesquisa, com os resultados obtidos, entre parênte- sis: Biblioteca do Conhecimento on-line (27), Pub- Med Central (0), Scielo Portugal (0), Biblioteca Nacional de Portugal (0), Nurses Info (0). Pesquisou- se ainda, por título, nas bases documentais de Esco- las Superiores de Enfermagem com inclusão de dis- sertações de mestrado e doutoramento: Escola Superior de Enfermagem de Lisboa - Base Geral (3), Escolas Superior de Enfermagem de Coimbra (0) e Universidade e Institutos: Universidade Católica Por- tuguesa - Lisboa (12), Universidade do Minho (8), Faculdade de Motricidade Humana (1). Pesquisou-se também a partir das referências bibliográficas dos estudos (1). RESULTADOS Efetuada a pesquisa obteve-se uma amostra inicial de 52 trabalhos. Estes foram analisados pelos títu- los e resumos e sempre que esse método não per- mitiu excluir linearmente o estudo, houve recurso ao texto integral. O resultado foi a seleção dos sete documentos que se apresentam na tabela 1. Através da revisão efetuada pode-se verificar uma escassez de literatura na área. Verifica-se que da amostra inicial (52) apenas sete trabalhos se repor- tam aos cuidados de enfermagem neste contexto ao nível nacional. Verifica-se também que, a maio- ria dos estudos são de natureza exploratória - des- critiva o que é revelador da pouca existência de conhecimentos nesta área (FORTIN, 2003). É possí- vel ainda, constatar que dos sete estudos encontra- dos dois, centram-se na supervisão de cuidados, três em aspetos que se prendem com a organização e gestão e dois com áreas de atenção específicas ligadas à prática de cuidados (maus tratos e educa- ção para a saúde). À exceção do artigo que se repor- ta a uma ‘auditoria’ dos serviços de urgência pedi|- trica (OLIVEIRA, 2008) todos os documentos se referem ao Modelo de Parceria de Cuidados propos- to por Casey, em 1988, enquanto referencial teórico na assistência à criança. Este modelo sustenta-se na ideia de que ninguém melhor do que os pais pode prestar cuidados à criança, no sentido de proporcio- nar o seu crescimento e desenvolvimento, prote- gendo e estimulando com amor. Descreve a enfer- magem pediátrica como um processo de negocia- ção partilhada respeitando a família nas suas com- Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013 7
  • 8. petências, desejos e necessidades (CASEY, 1993; CRUZ [et al], 2007). Destaca a importância da famí- lia no cuidar da criança salientando, no entanto, que a implementação do modelo não requer igual distri- buição de tarefas. Em alguns casos, é totalmente inapropriado pedir aos pais que efetivem cuidados técnicos que habitualmente não fariam em casa (CASEY, 1993). FERREIRA e COSTA (2004) referem que este modelo implica uma relação de parceria entre pais e equipa não existindo fronteiras defini- das nem compartimentadas de funções. Devem então, ser desenvolvidas ações complementares que têm como fim o máximo bem-estar da criança. As mesmas autoras destacam, ainda, que trabalhar com a família, leva a que os enfermeiros desenvol- vam competências de comunicação, de ensino e de trabalho de grupo assumindo os pais não como visi- tantes ou técnicos, mas como parceiros/ companheiros. Tabela 1 – Tabela resumo dos trabalhos selecionados acerca de Cuidados de Enfermagem em Urgência pediátrica no contexto nacional Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013 8 Da análise dos documentos veri- fica-se ainda que as temáticas abordadas são díspares assim como as metodologias seguidas. Todos os documentos destacam a complexidade dos cuidados de enfermagem no contexto de urgência pediátrica, mas existe ainda pouca evidência e caracte- rização da sua natureza e parti- cularidades. CONCLUSÃO A urgência pediátrica é um local de assistência à criança que tem adquirido progressiva importân- cia no sistema nacional de saúde. Para os pais surge, muitas vezes, como um local de primeiro aces- so ainda que necessitem apenas de informação e ensinos revelan- do uma noção desajustada de urgência e deficiente informação (COELHO, 1996). “O serviço de urgência tem uma conotação negati- va sendo associado, frequentemente, a longos tempos de espera, processos de doença e insatisfa- ção.” Cuidar do utente neste contexto torna-se um proces- so complexo sobre o qual é necessário investigar mais. Da análise da literatura efetuada pode-se per- ceber que existe uma área fértil passível de ser explo- rada e estudada. O serviço de urgência tem uma conotação negativa sendo associado, frequentemen- te, a longos tempos de espera, processos de doença e insatisfação (PEREIRA, 2007) contudo, a realidade é que enquanto área pouco abordada há ainda um lon- go caminho a percorrer para verdadeiramente carac- terizar o trabalho dos profissionais de enfermagem neste âmbito.
  • 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CALDEIRA, T. [et al.] (2006) - O dia a dia de uma urgência pediátrica. Acta Pediátrica Portuguesa. Vol.37, n.º1, p.1-4. CASEY, A. (1993) – Development and Use of the Partnership Model in Nursing Care. In GLASPER, E.; TUCKER, A. – Advances in Child Health Nursing. Oxford: Scutari Press. p.183-193. COELHO, M. [et al.] (1996) – Urgências Pediátricas e Casuís- tica do Hospital D. Estefânia. Lisboa: Laboratórios Bial. CURADO, M. (2004) – Reorganização das urgências Pediátri- cas na sub regi~o de Lisboa: tem a palavra…os pais: tem a palavra … os profissionais de saúde. Enfermagem. Nº35/36, p.64-80. CRUZ, A. [et al.] (2007) – Para além do ninho: continuidade de cuidados. Ser Saúde. Póvoa do Lanhoso: Instituto Supe- rior de Saúde do Alto Ave. ISSN 1646-5229. N.º 8, p.56-70 DUARTE, M.; OLIVEIRA, C. (2009) – Maltrato Infantil: vivên- cias e sentimentos dos enfermeiros das urgências pediátricas face á criança maltratada. Revista Portuguesa de Enferma- gem. N.º17, p.33-41. FERREIRA, M.; COSTA, M. (2004) – Cuidar em parceria: sub- sídio para a vinculação pais/bebé pré-termo. Millenium Revis- ta do IPV. [Em linha]. N.º 30, p. 51-58 [Consult. 20 jan. 2010]. Disponível em WWW: http://www.ipv.pt/millenium/ millenium30/5.pdf. FONTES, R. (2006) - As possibilidades da actividade pedagó- gica como tratamento sócio-afectivo da criança hospitaliza- da. Revista Portuguesa de Educação, Vol.19, n.º1, p.95-128. FORTIN, M. (2003) - O Processo de Investigação. Loures: Lusociência. INSTITUTO NACIONAL DE ESTATISTICA (2008) – Estatísti- cas Demográficas 2007. [Em linha]. [Consult. a 20 maio de 2010]. Disponível em WWW: URL:http://www.ine.pt. MELO, E. (1999) – Acessibilidade / Utilização do Serviço de Urgência do Hospital Pediátrico de Coimbra. Referência. N.º3, p. 59-62. OLIVEIRA, A. (2008) – Gestão estratégica do serviço de urgência Pediátrica. Revista de Investigação em Enferma- gem. N.18, p.41-52. PEREIRA, M. (2007) – Aprender Orientando: aprendizagens dos enfermeiros orientadores em ensino clínico. Lisboa [s.n.]. Tese de Mestrado na área de especialização em Formação de Adultos, apresentada á Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa. SOARES [et al.] (2006) - Efectividade do sistema de triagem telefónica Saúde 24 pediatria num serviço de urgência pediá- trica. Revista Portuguesa de Clínica Geral. Vol. 22, p. 433- 442. Artigo Rececionado em 10/03/2011 Aceite para Publicação em 11/02/2012 Contacto do Autor: fernandenf@gmail.com Fernanda Manuela Loureiro: Licenciatura em Enfermagem, Mestrado em Ciências da Educação – Especialidade Edu- cação para a Saúde, Especialização em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediatria, Doutoranda em Enfermagem Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013 9 Instituição Particular de Solidariedade Social, com a missão de realizar desejos de crianças e jovens, entre os 3 e os 18 anos, com doenças que colocam as suas vidas em risco, para lhes levar um momento de alegria e esperança. http://www.makeawish.pt/
  • 10. Artigo de Revisão CONSENTIMENTO EM SAÚDE Desenvolvido no âmbito do Curso de Pós-licenciatura de Especia- lização em Enfermagem de Saúde Mental de Psiquiatria – Escola Superior de Saúde – Instituto Politécnico de Setúbal Ana Sofia Luís, Paula Coelho Banha Enfermeiras do Centro Hospitalar de Setúbal, E.P.E. Hospital de São Bernardo – Serviço de Pediátrica e Hospital de Dia de Oncologia RESUMO Artigo que objetiva abordar a temática do consenti- mento em saúde, visando esclarecer acerca da sua definição e validade; regime jurídico; formas de con- sentimento informado e exceções. Palavras-chave: consentimento em saúde, regime jurídico, exceções INTRODUÇÃO Neste artigo será explanada, de modo sintético, a temática do consentimento em saúde, sendo os sub- temas abordados: A definição e a validade do con- sentimento informado; o regime jurídico do consen- timento; as formas de consentimento e as exceções ao consentimento. Definição e validade do consentimento informado Por consentimento informado em enfermagem entende‑se “a autorizaç~o que a pessoa d| para que lhe sejam prestados os cuidados propostos, após lhe ter sido explicado e a pessoa ter compreendido o que se pretende fazer, como, porquê e qual o resultado esperado da intervenç~o de Enfermagem” (SOUSA, 2007, p.11). Já quando este se aplica a menores de idade é definido como “aprovaç~o do representante legal do menor e/ou a aprovação do menor compe- tente para intervenções médicas depois de correta- mente informados” (Levy, Larcher e Kurz citado por DUARTE, 2008, p.24). Sendo que “quando um menor concorda com a realização de determinados procedi- mentos médicos em circunstâncias em que ele ou ela não estão legalmente autorizados ou não possuem a capacidade suficiente para darem um completo con- sentimento” é dado o nome de assentimento infor- mado (Levy, Larcher e Kurz citado por DUARTE, 2008, p.24). Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013 10
  • 11. “…para que o consentimento possa ser considera- do válido, devem (…) transmitir informação aos pacientes mediante explicações entendíveis por ele…” De acordo com DUARTE (2008, p.24), para que o consentimento possa ser considerado válido, devem ser tidos em conta, nomeadamente: “1 – transmitir informação aos pacientes mediante explicações entendíveis por ele, incidindo sobre: a natureza da sua condição; as propostas de intervenção e a proba- bilidade do seu sucesso; a existência e natureza dos riscos envolvidos; a existência de possíveis benefícios e os riscos das intervenções alternativas (incluindo a possibilidade de recusa de tratamento); 2 – avaliar a capacidade de compreensão do paciente face à infor- mação transmitida; avaliar a capacidade do paciente e dos representantes legais para a tomada de deci- são; 4 – assegurar tanto quanto possível que o paciente decide as propostas em liberdade e sem coaç~o ou manipulaç~o”. “…informação deve ser prestada em linguagem corrente, acessível e não técnica, fornecendo todos os dados com interesse para o paciente con- creto.” O regime jurídico do consentimento No que respeita ao regime jurídico que regulamenta o consentimento, destacam-se algumas normas. Neste âmbito, evidencia-se: A Lei de Bases da Saúde, que salienta o dever de informar, destacando-se a Base XIV - ponto 1 - alínea e), para as intervenções médico-cirúrgicas em geral que refere que “os utentes têm o direito a: (…) Ser informados sobre a sua situação, as alternativas pos- síveis de tratamento e a evolução provável do seu estado” (LEI nº 48/90, p. 3454). Essa informaç~o deve ser prestada em linguagem corrente, acessível e não técnica, fornecendo todos os dados com interesse para o paciente concreto. O médico deve procurar respeitar o seu sistema de valores, estabelecendo um diálogo que se adeque às suas capacidades intelec- tuais e culturais (ENTIDADE REGULADORA DA SAÚ- DE, 2009). “…independentemente de ser oral ou escrito o consentimento não é definitivo e em qualquer cir- cunstância, quem autorizou pode recusar o que lhe foi proposto.” Da Convenção sobre os Direitos do Homem e a Bio- medicina, destacam-se os artigos: 5º “Regra geral”, 6º “Proteção das pessoas que careçam de capacida- de para prestar o seu consentimento”, 7º “Proteç~o das pessoas que sofram de perturbaç~o mental” e 8º “Situações de urgência” e 9º - “Vontade anterior- mente manifestada” (RESOLUÇÃO da Assembleia da República nº 1/2001, p.23-32 e 34-36). A regra geral, enunciada no artigo 5º refere que “qualquer intervenção no domínio da saúde só pode ser efetua- da após ter sido prestado pela pessoa em causa o seu consentimento livre e esclarecido. A pessoa deve receber previamente a informação adequada quanto ao objetivo e à natureza da intervenção, bem como suas consequências e riscos. Esta pode, em qualquer momento, revogar livremente o seu consentimen- to” (p.27), ou seja, independentemente de ser oral ou escrito o consentimento não é definitivo e em qual- quer circunstância, quem autorizou pode recusar o que lhe foi proposto (SOUSA, 2007). Relativamente aos artigos seguintes, estes prendem-se com exce- ções à regra geral, nomeadamente as enunciadas no artigo 6º quanto à proteção de menores e de maiores com “deficiência mental”, “doença” ou “motivo simi- lar” (RESOLUÇÃO da Assembleia da República nº 1/2001, p.27); no artigo 7º de pessoas que sofram de “perturbaç~o mental grave” (p.28); no artigo 8º de situações de urgência e no artigo 9º situações de vontade anterior manifestada, onde o utente não se encontre em condições para expressar a sua vonta- de, aquando da intervenção/procedimento. Do Código Penal, de onde se destacam os artigos: 38º “Consentimento”, 39º “Consentimento presumi- do”, 150º “Intervenções e tratamentos médico- cirúrgicos”, 156º “Intervenções e tratamentos médi- co-cirúrgicos arbitr|rios” e 157º “Dever de esclareci- Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013 11
  • 12. mento” (JURÍDICO, 2009). No artigo 38º, ponto 2, afirma-se que o “consentimento pode ser expresso por qualquer meio que traduza uma vontade séria, livre e esclarecida do titular do interesse juridicamen- te protegido, e pode ser livremente revogado até à execuç~o do facto” (p.23). Previsto no ponto 3 do mesmo artigo, este “só é eficaz se for prestado por quem tiver mais de 16 anos e possuir o discernimento necess|rio…” (p.23) devendo, segundo o artigo 157º, estar “devidamente esclarecido sobre o diagnóstico (…) e possíveis consequências da intervenção ou do tratamento” (p.60). Em síntese, o consentimento pode ser explícito ou implícito, presumido (previsto no artigo 39º), o que significa que não se encontram reunidas condições para a obtenção de consentimen- to e não existem dados concretos e fidedignos de que a pessoa se oporia ou quando a sua obtenção causar adiamento que represente perigo para a vida ou perigo grave, artigo 156º - ponto 2 - alínea a), oral ou escrito (SOUSA, 2007, p.13). Os artigos 150º e 156º, referem-se à salvaguarda do profissional de saúde de crimes contra a integridade física, assim como às punições a que este está sujeito, caso efetue os tratamentos/intervenções sem o devido consenti- mento do paciente, referindo-se também às situa- ções em que a não obtenção do consentimento não é punível (situações de perigo de vida ou perigo grave para o corpo ou saúde e situações em que, obtido consentimento para determinada intervenção/ tratamento, tenha sido realizado outro diferente, imposto pelo estado dos conhecimentos, com vista a evitar perigo para a vida, corpo ou saúde). “Os riscos, benefícios e opções devem ser explica- dos aos clientes e suas famílias.” Do Código Deontológico do Enfermeiro, quanto à responsabilidade deontológica do enfermeiro, o arti- go que mais importa analisar neste contexto é o arti- go 84º - “dever de informar”. Nele pode ler‑se que “no respeito pelo direito { autodeterminaç~o, o enfermeiro assume o dever de: a) informar o indiví- duo e a família no que respeita aos cuidados de enfermagem; b) respeitar, defender e promover o direito da pessoa ao consentimento informado; c) atender com responsabilidade e cuidado todo o pedi- do de informação ou explicação feito pelo indivíduo em matéria de cuidados de enfermagem” (LEI nº 111/09, p.6548). De acordo com SOUSA (2007, p.17), os enfermeiros “têm o dever de informar e de obter consentimento para a realização de intervenções de enfermagem, de acordo com o artigo 84º (…), sendo que as pessoas têm direito a aceder à informação, num formato apropriado e ao nível da sua própria escolha, que lhes permite participar ativamente de modo informado, em decisões sobre a sua saúde”. Segundo CERDEIRA (2008, p.14), o artigo 84º salien- ta dois deveres essenciais: “o dever de informar” e “o dever de respeitar, defender e promover o direito da pessoa ao consentimento informado”. Para SOUSA (2007), a informação deve ser adequada às suas necessidades (religiosas, étnicas e culturais) e cir- cunstâncias (habilidades linguísticas e níveis de alfa- betização de saúde). Os riscos, benefícios e opções devem ser explicados aos clientes e suas famílias. A mesma autora, defende também que “agir contra a vontade expressa de um cliente consciente, esclare- cido e competente para decidir é violador das legis artis e das regras da deontologia profissional” (p.17). “…é salvaguardado o direito dos utentes dos servi- ços de saúde mental ao consentimento informado e à representação legal no caso de menores de 14 anos e doentes sem discernimento necessário para dar consentimento…” Na Lei de Saúde Mental, importa destacar o artigo 5º - “Direitos e deveres do utente”, nomeadamente o ponto 1, nas alíneas a), b), c), d) e e), 2 e 3, nos quais é salvaguardado o direito dos utentes dos serviços de saúde mental ao consentimento informado e à repre- sentação legal no caso de menores de 14 anos e doentes sem discernimento necessário para dar con- sentimento (LEI nº 36/98, p.3544). Formas de consentimento DEODATO (2008, p.48) refere que não deverá ser feita distinção entre a forma escrita e a forma oral, “considerando (…) a especificidade da proximidade Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013 12
  • 13. do cuidado de Enfermagem e a contínua realização de atos”. N~o sendo dispens|vel “a liberdade de escolha da pessoa e a sua autode-terminação, não é (…) admissível uma burocratização do consentimen- to (…) n~o far| sentido que uma formalizaç~o do ato de consentir se sobreponha à expressão da vontade livre de quem recebe cuidados, independentemente da forma em que a vontade é exteriorizada” (p.48). Apesar do consentimento/dissentimento informado poder ser manifestado verbalmente ou através da escrita, existem algumas situações previstas na lei, em que é requisito para a sua eficácia a formalização escrita. São elas: ensaios clínicos, no artigo 2º - alí- nea o) da Lei nº 46/2004; interrupção voluntária da gravidez, no artigo 142º - ponto 3 - alínea a) do Códi- go Penal; Procriação medicamente assistida, no arti- go 14º - ponto 1 da Lei nº 32/2006; Diagnóstico pré- natal, artigo 3º - alínea c) do Despacho n.º 5411/ 97; Testes de biologia molecular em crianças e adoles- centes, artigo 7º - ponto 1 do Despacho nº 9109/97; Colheita de órgãos e tecidos em dadores vivos para fins de transplante, no artigo 19º - ponto 2 da Con- venção sobre os direitos do homem e a biomedicina (Resolução da Assembleia da República nº 1/2001); electroconvulsivoterapia, no artigo 5º - ponto 1 - alí- nea d) da Lei de Saúde Mental (Lei nº 36/98); inter- venção psicocirúrgica, no artigo 5.º - ponto 2 da Lei de Saúde Mental (Lei nº 36/98); esterilização, no arti- go 10º da LEI nº 3/84. (ENTIDADE REGULADORA DA SAÚDE, 2009, p.31-32; CERDEIRA, 2008, p.14) De acordo com a Entidade Reguladora da Saúde os “formul|rios” n~o s~o a melhor forma de obter o consentimento informado. O preenchimento de um formulário pode proporcionar um momento de comunicação com o doente, no entanto, pode permi- tir uma ponderação maior dos riscos e consequências da intervenção, podendo ainda facilitar a prova do consentimento. Todavia, são conhecidas algumas decisões de tribunais internacionais que negaram qualquer valor a estes documentos, por considera- rem a assinatura uma simples formalidade. O proces- so clínico do utente deve ser mais valorizado do que um simples “formul|rio”. O registo sum|rio das con- versas estabelecidas com o doente, tradutoras da diligência do médico em prestar as informações e de respeitar a sua vontade, deverá possuir maior valor (ENTIDADE REGULADORA DA SAÚDE, 2009, p.37). Exceções ao consentimento A lei tipifica três situações em que uma pessoa, tem diminuída a sua capacidade de exercício de direitos. São elas o caso dos interditos, dos inabilitados e dos menores. Relativamente aos três casos referidos, vigora o princípio consagrado nos pontos 2 e 3 do artigo 6º da Convenção sobre os direitos do homem e a biomedicina. Os normativos citados impõem que estas pessoas devem, na medida das suas possibili- dades, participar no processo de autorização. No caso dos menores, a sua opinião deverá ser pondera- da, tendo em linha de conta a sua idade e grau de maturidade. (RESOLUÇÃO da Assembleia da Repú- blica nº 1/2001, p. 27) No que concerne aos interditos, nos termos do ponto 1, do artigo 138º do Código Civil, a interdição deverá ser imposta judicialmente a todos aqueles que sofram de anomalia psíquica grave, surdez‑mudez e cegueira e que se mostrem incapazes de governar as suas pessoas e respetivos bens (JURÍDICO, 2008, p.27). As causas sub-jacentes à declaração da interdi- ção devem ser incapacitantes, presentes e perma- nentes. A incapacidade dos interditos é suprida pela Tutela, sendo o tutor designado o seu representante legal. No que respeita à prestação de cuidados de saúde que lhe sejam propostos, o representante legal deverá ser sempre chamado a intervir na decisão, devendo receber previamente a informação adequa- da, nomeadamente, o objetivo, a natureza, as conse- Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013 13
  • 14. quências e riscos da intervenção, previsto no artigo 6º - ponto 4, da Convenção sobre os direitos do homem e a biomedicina (RESOLUÇÃO da Assem- bleia da República nº 1/2001, p.27). A autorização cedida pelo representante legal do interdito pode, a todo o momento, ser retirada no interesse da pessoa, previsto no artigo 6º - ponto 5 da Convenção sobre os direitos do homem e a biomedicina e artigo 81º - ponto 2 do Código Civil. (RESOLUÇÃO da Assem- bleia da República nº 1/2001, p.27; VERBO JURÍDICO, 2008, p.18) Quanto aos inabilitados, previsto no artigo 152º do Código Civil, são assim decretados os indivíduos cuja anomalia psíquica, surdez, mudez ou cegueira que, apesar de permanente, não seja de tal modo grave que justifique a interdição, bem como, os indivíduos que pela sua habitual prodigalidade (abuso de álcool ou estupefacientes) se mostrem incapazes de reger o seu património (JURÍDICO, 2008, p.29). Estes neces- sitam de capacidade para o exercício de direitos patrimoniais, mas gozam de capacidade geral para a prática de atos pessoais. Assim, a capacidade para consentir na prestação de cuidados de saúde só poderá ser posta em causa quando na sentença que decretou a inabilitação esteja explicita essa incapaci- dade, sendo esta suprida pelo curador. Este não se substitui ao inabilitado, apenas dá autorização para a prática do ato, previsto no artigo 153º do Código Civil, tendo o inabilitado capacidade para consentir relativamente aos cuidados de saúde propostos, devendo sempre ser considerada a sua competência/ capacidade para consentir (p.29). No que respeita aos menores, é assim considerado, segundo o artigo 122º do Código Civil, quem não tiver completado 18 anos de idade (JURÍDICO, 2008, p.25). Nos termos do artigo 123.º do Código Civil, os menores carecem de capacidade para o exercício de direitos, incapacidade essa suprida pelo Poder Pater- nal ou pela Tutela, sendo os pais, ou o tutor, os representantes legais do menor (p.25). De acordo com o disposto no nº 2 do artigo 6º da Convenção sobre os Direitos do Homem e a Biomedicina, os pais do menor deverão ser sempre chamados a inter-vir na decisão sobre cuidados de saúde que lhe são pro- postos, sendo “a opini~o do menor (…) tomada em consideração como um fator cada vez mais determi- nante, em função da sua idade e do seu grau de maturidade” (p.27). Nos termos do ponto 3 do artigo 38º do Código Penal, o consentimento do menor só é eficaz se: 1) “tiver mais de 16 anos” e 2) “possuir dis- cernimento necessário para avaliar o seu sentido e alcance no momento em que o presta” (JURÍDICO, 2009, p.22-23). “Quando um enfermeiro intervém junto de um menor, deverá velar para que participe nas toma- das de decisão relacionadas com os cuidados de enfermagem, de acordo com as suas competências cognitivas, psicossociais e nível maturacional.” Quando um enfermeiro intervém junto de um menor, deverá velar para que participe nas tomadas de decisão relacionadas com os cuidados de enfer- magem, de acordo com as suas competências cogni- tivas, psicossociais e nível maturacional (DUARTE, 2008). Porém se este ainda não possui tais compe- tências, encontrando-se assim incapaz para satisfizer plenamente as premissas para um consentimento informado válido, o enfermeiro deve obter deste um assentimento informado. “Na impossibilidade de obter consentimento do próprio, e na ausência de representantes legais, é dever de qualquer profissio- nal agir no melhor interesse do doente (…)” (p.24), ou seja, zelar pela “restauraç~o ou preservaç~o das funções vitais, alívio do sofrimento e manutenção da qualidade de vida” (NUNES, AMARAL e GONÇAL- VES, 2005, p.215). Por último, ainda como exceções ao consentimento Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013 14
  • 15. estão: as situações de urgência e as de privilégio terapêutico. Na primeira, “Sempre que, em virtude de uma situação de urgência, o consentimento apro- priado não puder ser obtido, poder‑se‑á proceder imediatamente à intervenção medicamente indis- pens|vel em benefício da pessoa em causa”, previsto no artigo 8º da Convenção sobre os direitos do homem e a biomedicina, sendo que o profissional deve agir no melhor interesse da pessoa (RESOLUÇÃO da Assembleia da República nº 1/2001, p.28). Relativamente à segunda situação, MATOS (2008, p.35) cita o artigo 157.º do Código Penal, que prevê uma salvaguarda do dever de esclarecimento, ao referir “salvo se isso implicar a comunicaç~o de circunstâncias que, a serem conhecidas pelo pacien- te, poriam em perigo a sua vida ou seriam suscetíveis de lhe causar grave dano { saúde física ou psíquica”. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CERDEIRA, A.(2008) – Informação e consentimento. Revista da Ordem dos Enfermeiros. ISSN: 1646-2629. Nº 29, p.12-17. ENTIDADE REGULADORA DA SAÚDE (2009) – Consenti- mento Informado - Relatório Final. Porto, 122p. DEODATO, S. (2008) – Critérios do agir profissional. Revista da Ordem dos Enfermeiros. ISSN: 1646-2629. Nº 29, p.45-50. DESPACHO nº 5411/97. D.R. II Série. 180 (1997-08-06) 9509- 9510. (Princípios e orientações estruturantes do setor de diagnóstico pré-natal) DUARTE, A. (2008) – O enfermeiro e o consentimento / assentimento informado em menores de idade. Revista da Ordem dos Enfermeiros. ISSN: 1646-2629. Nº 29. JURÍDICO, V., redação, edição (2008) – Código Civil 2009. [Em linha]. Verbo Jurídico. Disponível em WWW:URL:http:// www.verbojuridico.com/download/codigocivil2009-v1.pdf. JURÍDICO, V., redação, edição (2009) – Código Penal 2009. [Em linha]. Verbo Jurídico. Disponível em WWW:URL:http:// w w w . f a p . p t / f o t o s / g c a / c o d i g o p e n a l 2 0 0 9 - v1_8934351494e91862733eac.pdf. LEI nº 3/84. D.R. I Série. 71 (1984-03-24) 981-983. (Educação sexual e planeamento familiar) LEI nº 48/90. D.R. I Série.195 (1990-08-24) 3452-3459. (Lei de bases da saúde) LEI nº 36/98. D.R. I Série-A. 169 (1998-07-24) 3544-3550. (Lei de saúde mental) LEI nº 46/2004. D.R. I Série-A. 195 (2004-08-19) 5368-5378. (Regime jurídico aplicável à realização de Ensaios Clínicos com medicamentos de uso humano) LEI nº 32/2006. D.R. I Série. 143 (2006-07-26) 5245-5250. (Procriação medicamente assistida) LEI nº 111/2009. D.R. I Série. 180 (2009-09-16) 6546-6549. (Estatuto da Ordem dos Enfermeiros, aprovado pelo Decreto -Lei nº 104/98 de 21 de abril, alterado e republicado pela Lei nº 111/09 de 16 de setembro) MATOS, S. (2008) – Recusa do cliente. Revista da Ordem dos Enfermeiros. ISSN: 1646-2629. Nº 29, p.33-37. NUNES, L.; AMARAL, M.; GONÇALVES, R (2005) – Código Deontológico do Enfermeiro: dos Comentários à Análise de Casos. Lisboa: Ordem dos Enfermeiros. ISBN 972-99646-0-2. 456p. RESOLUÇÃO da Assembleia da República nº 1/2001. D.R. I Série-A. 2 (2001-01-03) 14-36. (Convenção para a proteção dos direitos do homem e da dignidade do Ser humano face às aplicações da biologia e da medicina: Convenção sobre os direitos do homem e a biomedicina) SOUSA, M. (2007) – Enunciado de Posição da Ordem dos Enfermei-ros – Consentimento informado para intervenções de Enfermagem. Revista da Ordem dos Enfermeiros. ISSN: 1646-2629. Nº 25, p.11-17. Artigo Rececionado em 28/02/2012 Aceite para Publicação em 08/03/2012 Contacto dos Autores: anasofia.frade@gmail.com paulacristinacb@gmail.com Ana Sofia Luís: Licenciatura em Enfermagem, Especialização em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatria. Paula Coelho Banha: Licenciatura em Enfer- magem, Especialização em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatria Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013 15
  • 16. Artigo de Revisão A MECÂNICA CORPORAL NA PREVENÇÃO DE LESÕES MÚSCULO-ESQUELÉTICAS EM ENFERMEIROS Susana Isabel Dias Ribeiro Enfermeira do Centro Hospitalar de Setúbal, E.P.E. Hospital de São Bernardo – Serviço de Medicina Interna RESUMO As lesões músculo-esqueléticas são afecções de dife- rentes partes do corpo, que incluem um conjunto de doenças inflamatórias e degenerativas do sistema locomotor. Podem estar associadas ao local de tra- balho, resultante da ação de fatores de risco profis- sionais tais como a repetitividade, a sobrecarga e/ou a postura adotada durante o exercício laboral. Estando os enfermeiros sujeitos a trações físicas que podem derivar para traumatismos músculo- esqueléticos, a mecânica corporal (utilização coorde- nada e eficiente do corpo durante a atividade) consti- tui uma ferramenta de trabalho fundamental na pre- venção de lesões músculo-esqueléticas, promovendo o movimento eficiente e diminuindo a sobrecarga física. Palavras-chave: Lesões músculo-esqueléticas, mecânica corporal, enfermeiros INTRODUÇÃO A profissão de enfermagem é considerada um pilar essencial no funcionamento das instituições de saú- de. Esta tem como objetivo a prestação de cuidados de enfermagem a pessoas sãs ou doentes ao longo do ciclo de vida. Deste modo, tem desenvolvido ao longo do tempo um conjunto de saberes que consti- tuem uma mais-valia no âmbito da profissão e moti- vo de orgulho para o profissional enfermeiro, uma vez que o trabalho constitui um dos principais facto- res de equilíbrio e realização profissional. “… apesar do trabalho [enfermagem] estar rela- cionado com o bem-estar físico e psíquico da pes- soa, poderá estar na origem de sofrimento e pro- blemas de saúde para os profissionais.” Contudo, apesar do trabalho estar relacionado com o bem-estar físico e psíquico da pessoa, poderá estar na origem de sofrimento e problemas de saúde para os profissionais (MAIA, 2002). Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013 16
  • 17. No Guia de Caracterização Profissional (DGERT, 2004), vem referido relativamente às condições de trabalho dos enfermeiros, o facto destes passarem muito tempo de pé, fazendo esforços físicos conside- ráveis, como sucede quando têm de transferir doen- tes da maca para a cama ou de cadeira de rodas para a cama, “entre as suas doenças profissionais mais comuns, encontram-se, por isso, as hérnias discais e as lombalgias” (DGERT, 2004, p.8). Sendo as lesões músculo-esqueléticas consideradas um dos riscos mais frequentes para a saúde e segu- rança dos enfermeiros (MAIA, 2002), as condições laborais destes constituem um ambiente propício à ocorrência destas lesões, pois requerem não raras vezes a aplicação de força no trabalho, tarefas repeti- tivas, excesso de carga em algumas articulações e posturas desadequadas. Os serviços de saúde pode- rão mesmo constituir ambientes pouco saudáveis à prática, uma vez que poderão afetar a saúde física e psicológica dos enfermeiros (ICN, 2007). “… é fundamental os enfermeiros apropriarem-se de alguns princípios básicos no âmbito da mecâni- ca corporal, dominá-los e utilizá-los no âmbito das práticas do dia-a-dia.” Deste modo, é fundamental os enfermeiros apropria- rem-se de alguns princípios básicos no âmbito da mecânica corporal, dominá-los e utilizá-los no âmbi- to das práticas do dia-a-dia. Nalguns países há servi- ços que exigem, como condição de ingresso, que o enfermeiro possua formação e treino em mecânica corporal (BOLANDER, 1998) porque, o domínio do movimento eficiente vai assegurar uma execução mais fácil e segu- ra de certas tare- fas, bem como contribuir para uma melhoria da saúde em geral. LESÕES MÚSCULO-ESQUELÉTICAS E PROFISSÃO DE ENFERMAGEM Os principais fatores que podem ocasionar lesões músculo-esqueléticas em enfermeiros são essencial- mente de natureza física, organizacionais e psicosso- ciais, e individuais. Factores físicos – aplicação de força (levantar, transportar, puxar, empurrar); movimentos repetitivos; posturas força- das ou estáticas; compressão localizada; vibrações; frio ou calor excessivos; iluminação deficiente; ruído elevado. Factores organizacionais e psicossociais – trabalho exigen- te; baixos níveis de satisfação com o trabalho; trabalho monótono, repetitivo executado a um ritmo rápido; falta de apoio por parte de colegas e, chefias. Factores individuais – antecedentes clínicos; capacidade física; idade; obesidade; tabagismo. Tabela 1 – Principais fatores promotores de lesões músculo-esqueléticas em enfermeiros (AEPSST, 2007) A sintomatologia das lesões músculo-esqueléticas é caracterizada essencialmente por: dor (a maior parte das vezes localizada, podendo irradiar para outras áreas corporais); sensação de dormência ou formi- gueiro (na zona afetada ou em regiões contíguas); sensação de peso; fadiga ou desconforto localizado e perda de força ou sensação de perda de força. Os sintomas surgem gradualmente, agravam durante o dia de trabalho ou em momentos de maior intensida- de laboral e aliviam com períodos de pausa, repouso e férias (DGS, 2008). Uma exposição continuada aos fatores de risco, agrava a sintomatologia, tornando-a persistente, podendo-se prolongar durante a noite, ou mesmo nos períodos de repouso interferindo quer com a capacidade de trabalho, quer com outras ativi- dades. Desta forma, o desequilíbrio entre as capaci- dades do indivíduo e as solicitações laborais, irão favorecer a ocorrências de lesões músculo- esqueléticas. “… através da reeducação dos gestos profissionais será possível evitar e prevenir os riscos de lesões músculo-esqueléticas.” Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013 17
  • 18. Assim, através da reeducação dos gestos profissio- nais será possível evitar e prevenir os riscos de lesões músculo-esqueléticas. Cabendo à organização a res- ponsabilidade de implementar e avaliar programas de formação e treino no âmbito do movimento efi- ciente e prevenção de lesões. Caberá ao enfermeiro no exercício da profissão a adoção de posturas corre- tas bem como a forma como coloca o corpo durante as diferentes tarefas que vão surgindo no dia-a-dia. MECÂNICACORPORAL: OMOVIMENTO EFICIENTE A mecânica corporal é a utilização eficiente do corpo, aplicando os princípios da física, para uso óptimo de energia e movimento, tendo por finalidade a realiza- ção de uma tarefa com a máxima eficácia e o mínimo esforço. A integração dos princípios de mecânica corporal, nas práticas profissionais diárias deverá constituir a regra e nunca a excepção, pois poderá fazer a dife- rença entre um percurso profissional com menos ris- cos, menos penosidade e mais eficiência. A seguir, considera-se alguns dos princípios básicos de mecânica corporal (AEPSST, 2007), a utilizar pelos enfermeiros: Avaliar o grau de colaboração do doente, otimi- zando recursos e vontade Explorar a máxima participação ativa do doente, dando somente a quantidade de auxílio necessário, o que aumenta a autonomia, evita a dependência e reduz acidentes. Deve-se preparar os doentes para essa participação, explicando aquilo que se espera deles e qual o seu papel na ação a desenvolver. Avaliar adequadamente os nossos limites, força e capacidades Todos devemos ter em linha de conta a força muscu- lar a desenvolver, as limitações e capacidades pes- soais. Um estado de má forma física ou grande dese- Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013 18
  • 19. quilíbrio muscular, poderá influenciar o resultado pretendido, sendo necessário recorrer a ajuda (pessoas ou ajudas técnicas) para efetuar o movi- mento em segurança e de forma correta. Coordenar os elementos de forma precisa, distri- buindo equitativamente os esforços Com a liderança assumida por um dos elementos os movimentos serão melhor coordenados e seguros, melhorando a organização do trabalho, obedecendo cada elemento a ordens claras e precisas, havendo uma conjugação de movimento de grupo com efi- ciência e menor esforço individual. Adotar uma base de sustentação ampla melhora o movimento e a estabilidade Os pés afastados aumentam a estabilidade, bem como a utilização de outros segmentos ou partes do corpo como pontos de apoio. A base de sustentação ampla permite também efetuar mais facilmente a transferência de peso de um pé para outro. Aproximar a carga do centro da gravidade, reduz o esforço e aumenta o equilíbrio Ter a carga mais próxima do centro de gravidade proporciona estabilidade e diminui o trabalho a efe- tuar pelos músculos, pois um peso seguro pelas mãos quanto mais afastado for mantido do corpo, maior desequilíbrio provoca. Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013 19 Um centro de gravidade baixo torna o corpo mais estável Dobrar os joelhos, faz diminuir o centro de gravida- de, proporcionando maior estabilidade e equilíbrio.
  • 20. Utilizar movimentos suaves, contínuos e rítmicos melhora a performance Consome-se mais energia efetuando movimentos curtos do que efetuando um único movimento contí- nuo. A utilização de gestos suaves, contínuos e rítmi- cos possibilitam uma maior eficiência na utilização dos músculos proporcionando maior tempo de con- tração muscular. Ao levantar ou mover uma carga, faça flexão dos joelhos e evite a flexão do tronco Os grupos musculares das pernas e coxas aguentam maior esforço que os dos braços e das costas, deven- do ser mais utilizados pois tem um desgaste menor, ajudando a proteger os discos intervertebrais. Durante longos períodos na posição de pé, alterne o peso de uma perna para a outra ou use um apoio e alterne as posturas de pé e sentado Alternar os músculos que estão a ser utilizados, como deslocar o peso da perna direita para a esquer- da, versatilizando a forma de execução das tarefas, ou fazendo ligeiras interrupções, permite a utilização de um período mínimo de descanso protetor do des- gaste muscular. Se previamente contraídos, os músculos ficam melhor preparados para a ação, prevenindo lesões Fazer a báscula da bacia, significa contrair os múscu- los abdominais e os glúteos num movimento firme, aumentando a estabilidade do tronco, melhorando a ação dos membros inferiores e protegendo os mús- culos das costas. Puxar exige menos esforço que empurrar, levantar é o que exige mais esforço e tem maior risco de lesões Este tipo de movimentos requerem menos esforço que levantar, pois não têm os efeitos da gravidade, mas apenas do atrito. Na movimentação de um objeto a modificação do grau de inclinação permite utilizar a gravidade a favor da deslocação. Empurrar uma pessoa para cima, transferir de uma cama mais baixa para uma maca mais alta, é mais difícil e aumenta o esforço, pelo que sempre que pos- sível deve-se promover o deslizamento para baixo num plano inclinado. Num doente com a cabeceira da cama elevada que escorregue ficando posicionado incorretamente, a sua mobilização deve ser efetuada com a cabeceira da cama baixa quando não existam contra-indicações. A redução do atrito diminui a sobrecarga Esta situação pode ocorrer através da utilização de um resguardo debaixo do doente para puxar ou desli- zar na superfície da cama. Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013 20
  • 21. A fadiga influencia a capacidade de executar movi- mentos Pelo que se devem respeitar as pausas e os períodos de descanso para proporcionar a devida compensa- ção do esforço efetuado. O treino facilita a execução das técnicas e aumen- ta a destreza A repetição de uma tarefa, quando não efetuada em sobrecarga, permite a espontaneidade da mesma, reduzindo o esforço. O levante repetido de doentes com técnica adequada vai melhorar a eficiência do profissional promovendo posturas adequadas e ges- tos eficientes. Usar vestuário e calçado adequado possibilitam uma melhor dinâmica de movimento No exercício diário são variados os gestos para se levantar, baixar ou movimentar. A utilização de ves- tuário deverá permitir a liberdade de movimentos, não sendo incomodativas quando se assumem certas posições (ocasionando posições defensivas e pouco ergonómicas), possibilitando manter uma boa base de sustentação. A utilização de calçado adequado previne o risco de escorregar ou de cair, devendo ser utilizado calçado de boa aderência, não se recomen- dando sapatos de salto alto, socas ou chinelos. Vigiar a saúde, fazer exercício físico regularmente, evitar fumar, manter uma boa higiene do sono Uma vigilância adequada por parte da saúde ocupa- cional, bem como a promoção de hábitos de vida saudáveis por parte do profissional, melhoram a qua- lidade de vida no trabalho e diminuem o aparecimen- to precoce de complicações. CONCLUSÃO A atitude profissional face ao desenvolvimento do trabalho é essencial na prevenção das lesões múscu- lo-esqueléticas. O combate às lesões músculo-esqueléticas, passam por uma abordagem organizacional (AEPSST, 2007) onde se devem: avaliar os riscos que não podem ser evitados; combater os riscos na origem; adaptar o trabalho ao trabalhador; adaptar o profissional à evo- lução tecnológica; substituir o que é perigoso pelo que é seguro; conceber uma política global de pre- venção; privilegiar medidas de proteção coletivas e fomentar instruções adequadas aos trabalhadores. Mas, também é fundamental a abordagem de cada enfermeiro face ao trabalho e à utilização do movi- mento eficiente, proporcionando qualidade de vida, diminuindo o absentismo e promovendo profissio- nais proativos ao invés de reativos e defensivos face à adversidade do desgaste laboral. Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013 21
  • 22. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AEPSST. AGÊNCIA EUROPEIA PARA A SEGURANÇA E SAÚ- DE NO TRABALHO (2007) – Introdução às lesões músculo- esqueléticas. Facts. Disponível em WWW: http:// ew2007.osha.europa.eu. AEPSST. AGÊNCIA EUROPEIA PARA A SEGURANÇA E SAÚ- DE NO TRABALHO (2007) – Técnicas de mobilização de doentes para prevenir lesões músculo-esqueléticas na pres- tação de cuidados de saúde. Facts. Disponível em WWW: http://ew2007.osha.europa.eu AEPSST. AGÊNCIA EUROPEIA PARA A SEGURANÇA E SAÚ- DE NO TRABALHO (2007) – Em linha: boas práticas em matéria de segurança e saúde para o Sector da Saúde. Facts. Disponível em WWW: http://agency.osha.eu.int. BOLANDER, V. (1998) – Enfermagem Fundamental. Loures: Lusociência, 1963p. DGERT. DIREÇÃO GERAL DO EMPREGO E DAS RELAÇÕES DE TRABALHO (2004) – Profissões, Guia de caracterização profissional, enfermeiro. Direcção Geral do Emprego e das Relações de Trabalho. Disponível em WWW: www.dgert.gov.pt. DGS. DIREÇÃO GERAL DA SAÚDE (2008) – Lesões músculo- esqueléticas relacionadas com o trabalho: Guia de orientação para a prevenção. Lisboa. ICN. INTERNACIONAL COUNCIL OF NURSES (2007) – Ambientes favoráveis à prática: Condições no trabalho = Cuidados de qualidade. Genebra. MAIA, C. (2002) – Dor Lombar: Estudo de prevalência nos enfermeiros da área da prestação de cuidados do Hospital Amato Lusitano, Castelo Branco. Castelo Branco. 138p. Dis- sertação apresentada para concurso de provas públicas para Professor- Coordenador da área científica de Enfermagem de Reabilitação para a Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias. Artigo Rececionado em 02/03/2012 Aceite para Publicação em 13/07/2012 Contacto do Autor: susanadias.ribeiro@iol.pt Susana Ribeiro: Licenciatura em Enfer- magem, Mestrado em Psicogerontologia, Especialização em Enfermagem de Reabili- tação, Pós-Graduação em Pedagogia da Saúde. Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013 22 Revista Cuid’Arte Espaço aberto { participaç~o de todos os que sentem que cuidar é uma arte… Contamos com os V/ artigos, as V/ sugestões e impressões… http://cuidartesetubal.blogspot.com
  • 23. Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013 23 Em Destaque As Primeiras Jornadas de Enfermagem do Centro Hospitalar de Setúbal - EPE, iniciativa da Direção de Enfermagem, decorreram nos dias 15 e 16 de novem- bro de 2012, no Auditório Charlot em Setúbal. Sob o tema Evidência de uma Prática Especializada, a iniciativa contou com a presença de 190 participan- tes e pautou-se pela apresentação e discussão de trabalhos científicos e projetos de intervenção, num contexto de cuidados de enfermagem especializa- dos. O tema destas jornadas enquadrou-se na determina- ção em evidenciar os ganhos decorrentes de uma prática de cuidados especializados em enfermagem, sendo esta a perspetiva em que assentou o motivo e a escolha de aprofundar e sistematizar o que se prati- ca neste âmbito, no Centro Hospitalar de Setúbal - EPE. Foram dois dias de intenso trabalho, que trouxeram a debate e reflexão boas práticas no âmbito dos cuida- dos de enfermagem especializados, numa ótica de promoção de uma prestação de cuidados com eleva- do nível de efetividade, eficiência e baseada na melhor evidência disponível. O programa científico, que abrangeu diversos temas de enfermagem em áreas como: saúde materna e obstétrica, saúde infantil e pediátrica, médico- cirúrgica, reabilitação, saúde mental e psiquiátrica e saúde comunitária, foi organizado em mesas temáti- cas e conduzido por um conjunto de moderadores, comunicadores e participantes que, com o seu saber e interesse, deram brilho a este evento. A par das comunicações orais convidadas, teve lugar a proje- ção de posters científicos igualmente de elevada qualidade. No final dos trabalhos, os participantes, através de correio electrónico, foram convidados a responder a um inquérito para avaliação da qualidade das jorna- das, que se manteve on-line entre 20 de novembro e 17 de dezembro de 2012. A taxa de resposta obtida foi de 44,21% (n=84) entre os 190 participantes. Em linhas gerais, o evento foi classificado nos vários domínios em bom e excelente. Nas questões abertas foram obtidas sugestões de melhoria que o grupo pretende considerar em evento futuro. Terminada esta experiência, a Comissão Científica e Comissão Organizadora congratula-se por ter estado ao nível das expectativas dos participantes e deseja, através de uma abordagem integral a uma prática especializada, ter contribuído para a valorização dos cuidados de enfermagem. EVIDÊNCIA DE UMA PRÁTICA CLÍNICA ESPECIALIZADA
  • 24. Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013 24 A concluir, resta agradecer a todos os que contribuíram para o sucesso alcançado, em concreto, participantes, moderadores, preletores, autores, Conselho de Admi- nistração, Gabinete de Comunicação e Centro Multi- média, Serviço de Gestão da Formação, Serviços Financeiros e patrocinadores. A todos um bem-haja, As Comissão Organizadora & Comissão Científica
  • 25. Posters Premiados Título: Campanha nacional de higienização das mãos: Um projeto com mãos para lavar Autores: Sandra Alberto; Márcia Costa; Ana Sofia Romão. Título: Úlceras de pressão: Incidência e prevalência no Serviço de Medicina Interna Autores: Liliana Roldão; Andreia Gomes. Titulo: Benefícios da Água no Trabalho de Parto Autores: Gisela Santos; Carmen Segurado; Liliana Ferreira; Antónia Boleta; Elisabete Santos.
  • 26.
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  • 29. Normas de Publicação A Revista Cuid’Arte tem como objetivo a publicaç~o de trabalhos científicos de reconhecido interesse na |rea de enfermagem, sob a forma de artigos de investigação, de revisão ou relato de experiência, que contribuam para o desenvolvimento e visibilidade dos cuidados de enfermagem. Os artigos devem ser originais e destinados exclusivamente { publicaç~o na Revista Cuid’Arte. Direitos de Autor A Revista Cuid’Arte considera os autores respons|veis pelo conteúdo dos artigos, que deve ser original, nomeadamente as imagens ilustrativas que o acompanham. Qualquer outra informação e/ou imagem sujeita a direitos de autor deve identifi- car a sua fonte, através do apelido do autor, data e página. Os artigos devem ser acompanhados de declaração que ateste a originalidade dos conteúdos, o cumprimento dos procedi- mentos éticos e conceda { Revista Cuid’Arte o direito exclusivo de publicaç~o. A declaraç~o deve ser assinada por todos os autores e acompanhada de fotocópia de documento de identificação – Bilhete de Identidade ou Cartão do Cidadão. Tipos de Artigos Artigo de Investigação – Resulta de uma investigação baseada em dados empíricos. O texto deverá ser estruturado na forma tradicional – Resumo em português e inglês (abstract), Introdução, Metodologia, Resultados, Discussão, Conclusão, Agradecimentos e Referências. São admitidas pequenas adaptações a esta estrutura (como inclusão de sub-parágrafos), de acordo com o trabalho apresentado. Trabalhos que envolvam Seres Humanos devem conter confirmação na secção Meto- dologia em como estão de acordo com as normas da Comissão de Ética. Deve ser clara a permissão de publicação por enti- dade/instituição que financiou a investigação. Máximo 10 páginas. Artigo de Revisão – Artigo no qual o autor interpela sobre um fenómeno, fundamentando as suas afirmações com lite- ratura temática consultada para o efeito. Máximo 6 páginas. Relato de Experiência – Artigo em que o autor narra experiências vivenciadas no seu quotidiano que considere enrique- cedoras para si e para outros. Máximo 4 páginas. Estrutura do Artigo Todos os artigos, à exceção dos relatos de experiência, devem conter resumo, com o máximo de 80 palavras e palavras- chave, até ao máximo de 6. Nos artigos de investigação estes itens devem constar em português e inglês. Os artigos devem ser acompanhados de imagens ilustrativas – fotografias, tabelas e/ou figuras, preferencialmente originais. A caracterização de cada tabela e figura deve conter título e legenda de modo a serem compreendidas e interpretadas sem recurso ao texto. Todas as imagens deverão ser enviadas em suporte digital. As abreviaturas devem ser evitadas à exceção das unidades do Sistema Internacional. Outras abreviaturas podem ser utiliza- das caso sejam referidas três ou mais vezes, devendo, na primeira utilização, ser escritas por extenso e imediatamente seguidas pela sua abreviação entre parênteses. As referências bibliográficas e as citações bibliográficas devem ser apresentadas segundo o modelo estabelecido pela Norma Portuguesa Nº 405 – 1 a 4, do Instituto Português da Qualidade. Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013 29
  • 30. Apresentação Os artigos devem ser redigidos em folhas A4, impressas num só lado, sem cabeçalho nem rodapé, devidamente numeradas, com margens inferior e laterais de 2cm e superior de 3cm, em fonte Times New Roman, tamanho 12 a 1,5 espaços. Devem ser enviados dois exemplares impressos, acompanhados de suporte digital (em formato Word). A identificação do artigo enviado faz-se pelo título, que deve constar no cimo da página, não devendo ao longo do texto haver quaisquer referências que permitam identificar o(s) autor(s). Os artigos não deverão ser assinados por mais de 4 autores. Ao artigo, deve ser anexada carta com os seguintes elementos: 1) título do artigo; 2) nome(s) e apelido(s) do(s) autor(es); 3) grau académico dos autores; 4) filiação institucional dos autores no momento em que o trabalho foi realizado; 5) nome e contactos do autor que receberá a correspondência, incluindo ende- reço, telefone, fax ou e-mail; 6) referências a fontes de financiamento ou bolsas de estudo (se aplicável); 7) o nome da insti- tuição e do curso nos artigos que derivam de trabalhos realizados em contexto académico; 8) e-mail ou telefone de um dos autores a indicar no final do artigo (aplicável ao artigo de investigação). As submissões { Revista Cuid’Arte devem ser enviadas para: Revista Cuid’Arte Serviço de Gestão da Formação do Centro Hospitalar de Setúbal, EPE. Rua Camilo Castelo Branco, 2910-446 Setúbal Cada artigo submetido para publicação é verificado pelo Núcleo Redatorial, quanto ao cumprimento das Normas de Publica- ç~o da Revista Cuid’Arte. O processo de revis~o editorial ser| iniciado se o texto obedecer {s Normas de Publicaç~o mencio- nadas. Posteriormente é submetido a uma análise apoiada, sempre que se justifique, por peritos e segundo os critérios: inte- resse para os destinatários da Revista; originalidade (contribuição significativa ou inovadora); exatidão técnica das referên- cias e citações; correção e precisão dos conceitos utilizados; adequação metodológica e profundidade na abordagem ao assunto; atualidade e rigor da bibliografia utilizada; qualidade geral do texto (estrutura lógica e equilibrada, exposição clara e coerente, estilo objetivo e factual, correção gramatical). Os peritos são contactados pelo Núcleo Redatorial, pela reconhecida competência na área a que o artigo se refere. Neste processo de avaliação é preservada a identidade dos autores e consultores. O Núcleo Redatorial poderá sugerir aos autores modificações nos artigos, para que se adaptem às normas editoriais da Revista. A decisão final sobre a publicação de um artigo cabe ao Núcleo Redatorial, auxiliado pelo parecer dos peritos. Os artigos não aceites não serão devolvidos, podendo ser levantados na morada da Revista. Os artigos não refletem, necessariamente, a opinião do Núcleo Redatorial. Será dada primazia aos artigos submetidos por assinantes da Revista. Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2013 30