SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 4
Baixar para ler offline
1
UMA PIPETA COMO SEMPRE
RELATO DE UM INCIDENTE DE SEGURANÇA DO DOENTE COM MEDICAMENTO LASA NA COMUNIDADE
Carolina Baptista Araújo1
, Carina C. Pereira1
, Ana Quelhas2
1 – IFE MGF na USF Terras de Santa Maria; 2 – Especialista em MGF na USF Terras de Santa Maria
ENQUADRAMENTO:
O progressivo envelhecimento da população associado ao aumento da prevalência das patologias
crónicas e à melhoria dos cuidados de saúde, tem conduzido ao aumento da prescrição e uso de
medicamentos. [1]
Neste contexto, surge o conceito de polimedicação, definido como a utilização de vários
medicamentos, prescritos e/ou de automedicação, que podem causar reações adversas e/ou
interações medicamentosas que aumentam consoante o número de medicamentos administrados.
[2]
A população idosa, pelas suas comorbilidades e alterações fisiológicas associadas ao envelhecimento
com implicações quer na farmacodinâmica e farmacocinética dos medicamentos, apresentam um
risco aumentado de ocorrência de interações medicamentosas e de reações adversas. [3]
Nesse sentido, o médico de família (MF) deve ter especial atenção na gestão da medicação crónica
dos seus utentes idosos, procurando antecipar e minorar os riscos da iatrogenia associada à
polimedicação.
DESCRIÇÃO DO CASO:
Mulher, 80 anos, de raça caucasiana, viúva, analfabeta e reformada (trabalhava com artigos de
pirotecnia e como agricultora). Pertence a uma família alargada, de classe socioeconómica média
baixa segundo a escala de Graffar.
Apresenta antecedentes pessoais de Obesidade (T82), Alterações do metabolismo dos lípidos (T93),
Diabetes não insulino-dependente (T90), Hipertensão com complicações (K87), Insuficiência cardíaca
(K77), Aterosclerose / doença vascular periférica (K92), Doença pulmonar obstrutiva crónica (R95),
Glomerulonefrite/nefrose (U88) – Nefropatia diabética/hipertensiva, Outras doenças urinárias (U99)
– Doença renal crónica (TFG<60mL/min) e Síndrome vertebral com irradiação de dores (L86). Trata-
se de uma utente polimedicada, fazendo habitualmente a seguinte medicação: gliclazida 60 mg id;
sitagliptina 100mg id; metformina 850mg 3id; insulina glargina 18U id; bisoprolol 5mg id; amiodarona
200mg id; furosemida 60mg id rilmenidina 1mg id; olmesartan 40mg id; ticlodipina 250mg id;
sinvastatina 20mg id; bioflavonóides 500mg; indacaterol 300µg id e citicolina 100 mg/ml 1 pipeta id.
2
A 19 de fevereiro de 2015, a utente recorreu ao Serviço de Urgência (SU) do hospital de referência
por um quadro de cefaleias com início súbito por volta das 22h30 associado a disartria e elevação
tensional (tensão arterial sistólica cerca de 230mmHg no domicílio).
À admissão no SU, a utente apresentava-se sonolenta e lentificada; pele e mucosa coradas e
hidratadas; cianose labial; ligeiramente polipneica, sem tiragem, com saturação de O2 (em ar
ambiente) a 88%; apirética; tensão arterial de 195/80 mmHg; frequência cardíaca de 70 bpm;
auscultação cardíaca normal; auscultação pulmonar com alguns sibilos dispersos; abdómen muito
globoso que condicionava compressão do tórax; apresentava edemas dos membros inferiores (MI),
mais extensos à esquerda, desde há anos, após erisipela; sem défices motores evidentes exceto
diminuição da mobilidade do MI esquerdo (desde há anos).
Realizou uma gasimetria arterial em ar ambiente que revelou uma hipoxemia (PaO2 55mmHg), uma
hipercapnia (PaCO2 50mmHg) compensada por um aumento do bicarbonato (HCO3
-
32,4mEq/L). O
estudo analítico realizado que revelou apenas uma diminuição da função renal (creatinina plasmática
de 1,4mg/dL e ureia de 65mg/dL) e um aumento do peptídeo natriurético do tipo B na ordem dos
169pg/mL (alterações já conhecidas anteriormente), e um aumento ligeiro da proteína C reativa
(20,1mg/dL). De salientar que foram pedidos marcadores de necrose miocárdica cujo resultado foi
negativo. Realizou também uma radiografia de tórax que mostrou um aumento do índice
cardiotorácico, sem alterações pleuroparenquimatosas visíveis. Para despiste de um evento
cerebrovascular agudo, foi pedido uma tomografia computorizada crânio-encefálica que não revelou
alterações.
Após realização de estudo complementar e evolução favorável após controlo tensional durante a
permanência no SU, a utente teve alta com o diagnóstico provável de crise hipertensiva.
Uns dias depois, a utente volta a apresentar os mesmos sintomas, nomeadamente a lentificação e a
sensação de “fala arrastada” por parte dos familiares, sendo pedida uma consulta domiciliária
urgente à médica de família (MF).
No dia 25 de fevereiro, a MF visita o domicílio da utente, encontrando-a sonolenta, apesar de
facilmente despertável, e sem queixas de relevo. Apresentava-se consciente, colaborante, orientada
no espaço e no tempo. A tensão arterial medida no domicílio era de 141/89mmHg e não apresentava
alterações aparentes ao exame neurológico.
Durante a consulta domiciliária, a utente acaba por referir que se sentia sempre pior depois de
tomas as “gotas”. Em resposta a este comentário, a filha diz que a mãe andaria há uns dias a insistir
nesse assunto, mas que tinham ido verificar e não tinham encontrado nenhuma diferença na
medicação. A MF faz então uma revisão da medicação habitual da utente, apercebendo-se que uma
3
das embalagens presentes na sua gaveta dos medicamentos estaria trocada. A embalagem em
questão era do medicamento Tercian® (Fig. 1), que contem o princípio ativo ciamemazina, um
fármaco antipsicótico. Esta embalagem era semelhante a um dos medicamentos realizados
habitualmente pela utente: o Trausan®, com o princípio ativo citicolina (Fig. 2).
Com esta troca de medicação, que ocorrera na farmácia aquando da compra da sua medicação
habitual, a utente estaria a fazer uma pipeta de ciamemazina por dia, justificando os sintomas
apresentados de lentificação psicomotora e disartria. Embora esta medicação não explique a
elevação tensional observada no SU, esta pode ter estado enquadrada como uma resposta reativa ao
quadro apresentado.
Após a suspensão da ciamemazina, a utente não voltou a manifestar sintomas semelhantes.
DISCUSSÃO:
Os medicamentos LASA (Look-Alike, Sound-Alike) definem-se como medicamentos com nome
ortográfico e/ou fonético e/ou aspeto semelhante que podem ser confundidos uns com os outros,
originando a troca de medicação. [4]
A Direção Geral de Saúde (DGS) defende que instituições prestadoras de cuidados de saúde bem
como os seus profissionais são responsáveis por implementar práticas seguras no que respeita aos
medicamentos LASA, através da elaboração e divulgação interna da a lista de medicamentos LASA
Fig. 1: Embalagem comercial do
medicamento Tercian® (princípio
ativo ciamemazina).
Fig. 2: Embalagem comercial do
medicamento Trausan® (princípio
ativo citicolina).
4
disponíveis na instituição e no desenvolvimento de estratégias ao nível do armazenamento dos
medicamentos LASA, na farmácia e nos restantes serviços, que garantam a sua separação física e
correta identificação, etc. [4]
Neste caso clínico, apesar de os medicamentos trocados serem foneticamente diferentes, a
ortografia e o aspeto da embalagem são semelhantes (Fig.1 e 2). As consequências clínicas desta
troca de medicamentos foram evidentes e constituíram um risco para a saúde desta utente.
Perante casos como estes, é responsabilidade do médico de família/profissional de saúde notificar o
incidente de forma a melhorar a cultura de segurança dos doentes. Esta notificação pode ser feita
através da plataforma NOTIFIC@, disponível através do site da DGS em www.dgs.pt. [5]
BIBLIOGRAFIA:
[1] Cima CIF, Freitas RSA, Lamas MCM, Mendes CASL, Neves AC, Fonseca C. Consumo de medicação
crónica - avaliação da prevalência no norte de portugal. Rev Port Clin Geral 2011;27:20-7
[2] Sousa S, Pires A, Conceição C, Nascimento T, Grenha A, Braz L. Polimedicação em doentes idosos:
adesão à terapêutica. Rev Port Clin Geral 2011;27:176-82
[3] Mosca C, Correia P. O medicamento no doente idoso. Acta Farm Port 2012;2:75-81.
[4] Norma nº 020/2014 de 30/12/2014 atualizada a 14/12/2015, Medicamentos com nome
ortográfico, fonético ou aspeto semelhantes, Direção-Geral da Saúde.
[5] Norma nº 015/2014 de 25/09/2014, Sistema Nacional de Notificação de Incidentes - NOTIFICA,
Direção-Geral da Saúde.

Mais conteúdo relacionado

Destaque

Indicadores para Monitoramento da Qualidade em Saúde - Foco na Segurança do P...
Indicadores para Monitoramento da Qualidade em Saúde - Foco na Segurança do P...Indicadores para Monitoramento da Qualidade em Saúde - Foco na Segurança do P...
Indicadores para Monitoramento da Qualidade em Saúde - Foco na Segurança do P...Proqualis
 
Gestão do Risco (por Carlos Henriques)
Gestão do Risco (por Carlos Henriques)Gestão do Risco (por Carlos Henriques)
Gestão do Risco (por Carlos Henriques)Fernando Barroso
 
Pós-Graduação em Enfermagem à Pessoa em Situação Crítica (2ª edição)
Pós-Graduação em Enfermagem à Pessoa em Situação Crítica (2ª edição)Pós-Graduação em Enfermagem à Pessoa em Situação Crítica (2ª edição)
Pós-Graduação em Enfermagem à Pessoa em Situação Crítica (2ª edição)Fernando Barroso
 
ESTUDO SOBRE O BEM-ESTAR NO TRABALHO DE UMA AMOSTRA DE ENFERMEIROS HOSPITALARES
ESTUDO SOBRE O BEM-ESTAR NO TRABALHO DE UMA AMOSTRA DE ENFERMEIROS HOSPITALARESESTUDO SOBRE O BEM-ESTAR NO TRABALHO DE UMA AMOSTRA DE ENFERMEIROS HOSPITALARES
ESTUDO SOBRE O BEM-ESTAR NO TRABALHO DE UMA AMOSTRA DE ENFERMEIROS HOSPITALARESFernando Barroso
 
Quem sao as partes interessadas num relato de incidente
Quem sao as partes interessadas num relato de incidenteQuem sao as partes interessadas num relato de incidente
Quem sao as partes interessadas num relato de incidenteFernando Barroso
 
Unindo forcas implementação e disseminação de programas de seguranca do paciente
Unindo forcas implementação e disseminação de programas de seguranca do pacienteUnindo forcas implementação e disseminação de programas de seguranca do paciente
Unindo forcas implementação e disseminação de programas de seguranca do pacienteProqualis
 
Segurança do Doente e Boas Práticas de Consentimento Esclarecido na Realizaçã...
Segurança do Doente e Boas Práticas de Consentimento Esclarecido na Realizaçã...Segurança do Doente e Boas Práticas de Consentimento Esclarecido na Realizaçã...
Segurança do Doente e Boas Práticas de Consentimento Esclarecido na Realizaçã...Fernando Barroso
 
Poster STOP ÚLCERAS PRESSÃO - Dia Mundial STOP Úlceras de Pressão
Poster STOP ÚLCERAS PRESSÃO - Dia Mundial STOP Úlceras de PressãoPoster STOP ÚLCERAS PRESSÃO - Dia Mundial STOP Úlceras de Pressão
Poster STOP ÚLCERAS PRESSÃO - Dia Mundial STOP Úlceras de PressãoFernando Barroso
 
Fluxograma para criar posts nos meus blogs_v1
Fluxograma para criar posts nos meus blogs_v1Fluxograma para criar posts nos meus blogs_v1
Fluxograma para criar posts nos meus blogs_v1Fernando Barroso
 
Folheto para os Utentes - Uso Racional de Antibióticos - 2016
Folheto para os Utentes - Uso Racional de Antibióticos - 2016Folheto para os Utentes - Uso Racional de Antibióticos - 2016
Folheto para os Utentes - Uso Racional de Antibióticos - 2016Fernando Barroso
 
STOP Quedas: Programa de Gestão e Controlo das Quedas de Doentes em Ambiente ...
STOP Quedas: Programa de Gestão e Controlo das Quedas de Doentes em Ambiente ...STOP Quedas: Programa de Gestão e Controlo das Quedas de Doentes em Ambiente ...
STOP Quedas: Programa de Gestão e Controlo das Quedas de Doentes em Ambiente ...Fernando Barroso
 
Cartaz informativo para Profissionais. Dia Europeu dos antibióticos. CHS 2016
Cartaz informativo para Profissionais. Dia Europeu dos antibióticos. CHS 2016Cartaz informativo para Profissionais. Dia Europeu dos antibióticos. CHS 2016
Cartaz informativo para Profissionais. Dia Europeu dos antibióticos. CHS 2016Fernando Barroso
 
Segurança do paciente na atenção primária à saúde
Segurança do paciente na atenção primária à saúdeSegurança do paciente na atenção primária à saúde
Segurança do paciente na atenção primária à saúdeProqualis
 
IACS - Desafios para os Enfermeiros
IACS - Desafios para os EnfermeirosIACS - Desafios para os Enfermeiros
IACS - Desafios para os EnfermeirosFernando Barroso
 
Dotações seguras em enfermagem como reflexo na qualidade dos cuidados prestados
Dotações seguras em enfermagem como reflexo na qualidade dos cuidados prestadosDotações seguras em enfermagem como reflexo na qualidade dos cuidados prestados
Dotações seguras em enfermagem como reflexo na qualidade dos cuidados prestadosFernando Barroso
 
System design to produce safer care culture meassurement and infrastructure f...
System design to produce safer care culture meassurement and infrastructure f...System design to produce safer care culture meassurement and infrastructure f...
System design to produce safer care culture meassurement and infrastructure f...Proqualis
 
Como fazer melhorias engajando os médicos em uma agenda compartilhada de segu...
Como fazer melhorias engajando os médicos em uma agenda compartilhada de segu...Como fazer melhorias engajando os médicos em uma agenda compartilhada de segu...
Como fazer melhorias engajando os médicos em uma agenda compartilhada de segu...Proqualis
 
Reducing harm at a national level the scottish story
Reducing harm at a national level the scottish storyReducing harm at a national level the scottish story
Reducing harm at a national level the scottish storyProqualis
 
Armazenamento e descarte
Armazenamento e descarteArmazenamento e descarte
Armazenamento e descarteProqualis
 
Gestão do Risco: Segurança do Doente em Ambiente Hospitalar
Gestão do Risco: Segurança do Doente em Ambiente HospitalarGestão do Risco: Segurança do Doente em Ambiente Hospitalar
Gestão do Risco: Segurança do Doente em Ambiente HospitalarFernando Barroso
 

Destaque (20)

Indicadores para Monitoramento da Qualidade em Saúde - Foco na Segurança do P...
Indicadores para Monitoramento da Qualidade em Saúde - Foco na Segurança do P...Indicadores para Monitoramento da Qualidade em Saúde - Foco na Segurança do P...
Indicadores para Monitoramento da Qualidade em Saúde - Foco na Segurança do P...
 
Gestão do Risco (por Carlos Henriques)
Gestão do Risco (por Carlos Henriques)Gestão do Risco (por Carlos Henriques)
Gestão do Risco (por Carlos Henriques)
 
Pós-Graduação em Enfermagem à Pessoa em Situação Crítica (2ª edição)
Pós-Graduação em Enfermagem à Pessoa em Situação Crítica (2ª edição)Pós-Graduação em Enfermagem à Pessoa em Situação Crítica (2ª edição)
Pós-Graduação em Enfermagem à Pessoa em Situação Crítica (2ª edição)
 
ESTUDO SOBRE O BEM-ESTAR NO TRABALHO DE UMA AMOSTRA DE ENFERMEIROS HOSPITALARES
ESTUDO SOBRE O BEM-ESTAR NO TRABALHO DE UMA AMOSTRA DE ENFERMEIROS HOSPITALARESESTUDO SOBRE O BEM-ESTAR NO TRABALHO DE UMA AMOSTRA DE ENFERMEIROS HOSPITALARES
ESTUDO SOBRE O BEM-ESTAR NO TRABALHO DE UMA AMOSTRA DE ENFERMEIROS HOSPITALARES
 
Quem sao as partes interessadas num relato de incidente
Quem sao as partes interessadas num relato de incidenteQuem sao as partes interessadas num relato de incidente
Quem sao as partes interessadas num relato de incidente
 
Unindo forcas implementação e disseminação de programas de seguranca do paciente
Unindo forcas implementação e disseminação de programas de seguranca do pacienteUnindo forcas implementação e disseminação de programas de seguranca do paciente
Unindo forcas implementação e disseminação de programas de seguranca do paciente
 
Segurança do Doente e Boas Práticas de Consentimento Esclarecido na Realizaçã...
Segurança do Doente e Boas Práticas de Consentimento Esclarecido na Realizaçã...Segurança do Doente e Boas Práticas de Consentimento Esclarecido na Realizaçã...
Segurança do Doente e Boas Práticas de Consentimento Esclarecido na Realizaçã...
 
Poster STOP ÚLCERAS PRESSÃO - Dia Mundial STOP Úlceras de Pressão
Poster STOP ÚLCERAS PRESSÃO - Dia Mundial STOP Úlceras de PressãoPoster STOP ÚLCERAS PRESSÃO - Dia Mundial STOP Úlceras de Pressão
Poster STOP ÚLCERAS PRESSÃO - Dia Mundial STOP Úlceras de Pressão
 
Fluxograma para criar posts nos meus blogs_v1
Fluxograma para criar posts nos meus blogs_v1Fluxograma para criar posts nos meus blogs_v1
Fluxograma para criar posts nos meus blogs_v1
 
Folheto para os Utentes - Uso Racional de Antibióticos - 2016
Folheto para os Utentes - Uso Racional de Antibióticos - 2016Folheto para os Utentes - Uso Racional de Antibióticos - 2016
Folheto para os Utentes - Uso Racional de Antibióticos - 2016
 
STOP Quedas: Programa de Gestão e Controlo das Quedas de Doentes em Ambiente ...
STOP Quedas: Programa de Gestão e Controlo das Quedas de Doentes em Ambiente ...STOP Quedas: Programa de Gestão e Controlo das Quedas de Doentes em Ambiente ...
STOP Quedas: Programa de Gestão e Controlo das Quedas de Doentes em Ambiente ...
 
Cartaz informativo para Profissionais. Dia Europeu dos antibióticos. CHS 2016
Cartaz informativo para Profissionais. Dia Europeu dos antibióticos. CHS 2016Cartaz informativo para Profissionais. Dia Europeu dos antibióticos. CHS 2016
Cartaz informativo para Profissionais. Dia Europeu dos antibióticos. CHS 2016
 
Segurança do paciente na atenção primária à saúde
Segurança do paciente na atenção primária à saúdeSegurança do paciente na atenção primária à saúde
Segurança do paciente na atenção primária à saúde
 
IACS - Desafios para os Enfermeiros
IACS - Desafios para os EnfermeirosIACS - Desafios para os Enfermeiros
IACS - Desafios para os Enfermeiros
 
Dotações seguras em enfermagem como reflexo na qualidade dos cuidados prestados
Dotações seguras em enfermagem como reflexo na qualidade dos cuidados prestadosDotações seguras em enfermagem como reflexo na qualidade dos cuidados prestados
Dotações seguras em enfermagem como reflexo na qualidade dos cuidados prestados
 
System design to produce safer care culture meassurement and infrastructure f...
System design to produce safer care culture meassurement and infrastructure f...System design to produce safer care culture meassurement and infrastructure f...
System design to produce safer care culture meassurement and infrastructure f...
 
Como fazer melhorias engajando os médicos em uma agenda compartilhada de segu...
Como fazer melhorias engajando os médicos em uma agenda compartilhada de segu...Como fazer melhorias engajando os médicos em uma agenda compartilhada de segu...
Como fazer melhorias engajando os médicos em uma agenda compartilhada de segu...
 
Reducing harm at a national level the scottish story
Reducing harm at a national level the scottish storyReducing harm at a national level the scottish story
Reducing harm at a national level the scottish story
 
Armazenamento e descarte
Armazenamento e descarteArmazenamento e descarte
Armazenamento e descarte
 
Gestão do Risco: Segurança do Doente em Ambiente Hospitalar
Gestão do Risco: Segurança do Doente em Ambiente HospitalarGestão do Risco: Segurança do Doente em Ambiente Hospitalar
Gestão do Risco: Segurança do Doente em Ambiente Hospitalar
 

Semelhante a Uma Pipeta Como Sempre - Um incidente de segurança do doente com medicamento LASA na comunidade

URGÊNCIA OBSTÉTRICA E GINECO
URGÊNCIA OBSTÉTRICA E GINECOURGÊNCIA OBSTÉTRICA E GINECO
URGÊNCIA OBSTÉTRICA E GINECOTiago Vaz
 
Tratamento da Esclerose Múltipla na Infância
Tratamento da Esclerose Múltipla na InfânciaTratamento da Esclerose Múltipla na Infância
Tratamento da Esclerose Múltipla na InfânciaLeandro Junior
 
7 passos para a implementação de serviços farmacêuticos na farmácia comunitária
7 passos para a implementação de serviços farmacêuticos na farmácia comunitária7 passos para a implementação de serviços farmacêuticos na farmácia comunitária
7 passos para a implementação de serviços farmacêuticos na farmácia comunitáriaCassyano Correr
 
Perfil dos pacientes com hipertireoidismo submetidos a radiodoterapia com dos...
Perfil dos pacientes com hipertireoidismo submetidos a radiodoterapia com dos...Perfil dos pacientes com hipertireoidismo submetidos a radiodoterapia com dos...
Perfil dos pacientes com hipertireoidismo submetidos a radiodoterapia com dos...adrianomedico
 
Avaliação Global da Farmacoterapia
Avaliação Global da FarmacoterapiaAvaliação Global da Farmacoterapia
Avaliação Global da FarmacoterapiaCassyano Correr
 
4ª EVOLUÇÃO DO FARMACEUTICO EM PRONTUARIO.ppt
4ª EVOLUÇÃO DO FARMACEUTICO EM PRONTUARIO.ppt4ª EVOLUÇÃO DO FARMACEUTICO EM PRONTUARIO.ppt
4ª EVOLUÇÃO DO FARMACEUTICO EM PRONTUARIO.pptLciaPaulaSchelbauerB
 

Semelhante a Uma Pipeta Como Sempre - Um incidente de segurança do doente com medicamento LASA na comunidade (8)

Interacao
InteracaoInteracao
Interacao
 
URGÊNCIA OBSTÉTRICA E GINECO
URGÊNCIA OBSTÉTRICA E GINECOURGÊNCIA OBSTÉTRICA E GINECO
URGÊNCIA OBSTÉTRICA E GINECO
 
Tratamento da Esclerose Múltipla na Infância
Tratamento da Esclerose Múltipla na InfânciaTratamento da Esclerose Múltipla na Infância
Tratamento da Esclerose Múltipla na Infância
 
7 passos para a implementação de serviços farmacêuticos na farmácia comunitária
7 passos para a implementação de serviços farmacêuticos na farmácia comunitária7 passos para a implementação de serviços farmacêuticos na farmácia comunitária
7 passos para a implementação de serviços farmacêuticos na farmácia comunitária
 
Perfil dos pacientes com hipertireoidismo submetidos a radiodoterapia com dos...
Perfil dos pacientes com hipertireoidismo submetidos a radiodoterapia com dos...Perfil dos pacientes com hipertireoidismo submetidos a radiodoterapia com dos...
Perfil dos pacientes com hipertireoidismo submetidos a radiodoterapia com dos...
 
Avaliação Global da Farmacoterapia
Avaliação Global da FarmacoterapiaAvaliação Global da Farmacoterapia
Avaliação Global da Farmacoterapia
 
4ª EVOLUÇÃO DO FARMACEUTICO EM PRONTUARIO.ppt
4ª EVOLUÇÃO DO FARMACEUTICO EM PRONTUARIO.ppt4ª EVOLUÇÃO DO FARMACEUTICO EM PRONTUARIO.ppt
4ª EVOLUÇÃO DO FARMACEUTICO EM PRONTUARIO.ppt
 
Infa09
Infa09Infa09
Infa09
 

Mais de Fernando Barroso

Protocolo para sentar convidados e personalidades à mesa de um evento.pdf
Protocolo para sentar convidados e personalidades à mesa de um evento.pdfProtocolo para sentar convidados e personalidades à mesa de um evento.pdf
Protocolo para sentar convidados e personalidades à mesa de um evento.pdfFernando Barroso
 
A Enfermagem Conta - Erros de Medicação; Ordem dos Enfermeiros, 2015
A Enfermagem Conta - Erros de Medicação; Ordem dos Enfermeiros, 2015A Enfermagem Conta - Erros de Medicação; Ordem dos Enfermeiros, 2015
A Enfermagem Conta - Erros de Medicação; Ordem dos Enfermeiros, 2015Fernando Barroso
 
Apresentação Fernando Barroso | 1º Encontro Gestores de Risco na Saúde 2018
Apresentação Fernando Barroso | 1º Encontro Gestores de Risco na Saúde 2018Apresentação Fernando Barroso | 1º Encontro Gestores de Risco na Saúde 2018
Apresentação Fernando Barroso | 1º Encontro Gestores de Risco na Saúde 2018Fernando Barroso
 
Fluxograma Administração Componentes Sanguíneos - 2017
Fluxograma Administração Componentes Sanguíneos - 2017Fluxograma Administração Componentes Sanguíneos - 2017
Fluxograma Administração Componentes Sanguíneos - 2017Fernando Barroso
 
Formulário de Pedido de Reunião
Formulário de Pedido de ReuniãoFormulário de Pedido de Reunião
Formulário de Pedido de ReuniãoFernando Barroso
 
Apresentação aos Doentes em Circuito Interno TV - Dia Europeu Antibiótico - 1...
Apresentação aos Doentes em Circuito Interno TV - Dia Europeu Antibiótico - 1...Apresentação aos Doentes em Circuito Interno TV - Dia Europeu Antibiótico - 1...
Apresentação aos Doentes em Circuito Interno TV - Dia Europeu Antibiótico - 1...Fernando Barroso
 
IACS - Uma Perspectiva de Redução de Despesa Pública
IACS - Uma Perspectiva de Redução de Despesa PúblicaIACS - Uma Perspectiva de Redução de Despesa Pública
IACS - Uma Perspectiva de Redução de Despesa PúblicaFernando Barroso
 
Práticas Seguras vs Cultura Congresso-APEGEL-2016 Fernando Barroso
Práticas Seguras vs Cultura Congresso-APEGEL-2016 Fernando BarrosoPráticas Seguras vs Cultura Congresso-APEGEL-2016 Fernando Barroso
Práticas Seguras vs Cultura Congresso-APEGEL-2016 Fernando BarrosoFernando Barroso
 
Apresentação - Segurança do Doente e Boas Práticas de Consentimento Esclareci...
Apresentação - Segurança do Doente e Boas Práticas de Consentimento Esclareci...Apresentação - Segurança do Doente e Boas Práticas de Consentimento Esclareci...
Apresentação - Segurança do Doente e Boas Práticas de Consentimento Esclareci...Fernando Barroso
 
Como Notificar a Falta de Recursos Humanos no NOTIFIC@
Como Notificar a Falta de Recursos Humanos no NOTIFIC@Como Notificar a Falta de Recursos Humanos no NOTIFIC@
Como Notificar a Falta de Recursos Humanos no NOTIFIC@Fernando Barroso
 
Folheto informativo – guía del paciente usuario de urgencias
Folheto informativo – guía del paciente usuario de urgenciasFolheto informativo – guía del paciente usuario de urgencias
Folheto informativo – guía del paciente usuario de urgenciasFernando Barroso
 
Sistema de Notificação em Bloco Operatório
Sistema de Notificação em Bloco Operatório Sistema de Notificação em Bloco Operatório
Sistema de Notificação em Bloco Operatório Fernando Barroso
 
10 Posteres Sobre Higiene das Mãos
10 Posteres Sobre Higiene das Mãos10 Posteres Sobre Higiene das Mãos
10 Posteres Sobre Higiene das MãosFernando Barroso
 
Passagem de Turno e a Segurança do Doente
Passagem de Turno e a Segurança do DoentePassagem de Turno e a Segurança do Doente
Passagem de Turno e a Segurança do DoenteFernando Barroso
 
Sistema local de notificação de incidentes e os desafios da integração com o ...
Sistema local de notificação de incidentes e os desafios da integração com o ...Sistema local de notificação de incidentes e os desafios da integração com o ...
Sistema local de notificação de incidentes e os desafios da integração com o ...Fernando Barroso
 
Folheto STOP ÚLCERAS PRESSÃO - Dia Mundial STOP Úlceras de Pressão
Folheto STOP ÚLCERAS PRESSÃO - Dia Mundial STOP Úlceras de PressãoFolheto STOP ÚLCERAS PRESSÃO - Dia Mundial STOP Úlceras de Pressão
Folheto STOP ÚLCERAS PRESSÃO - Dia Mundial STOP Úlceras de PressãoFernando Barroso
 
Recomendações de Segurança na Administração de Injetáveis
Recomendações de Segurança na Administração de InjetáveisRecomendações de Segurança na Administração de Injetáveis
Recomendações de Segurança na Administração de InjetáveisFernando Barroso
 

Mais de Fernando Barroso (18)

Protocolo para sentar convidados e personalidades à mesa de um evento.pdf
Protocolo para sentar convidados e personalidades à mesa de um evento.pdfProtocolo para sentar convidados e personalidades à mesa de um evento.pdf
Protocolo para sentar convidados e personalidades à mesa de um evento.pdf
 
A Enfermagem Conta - Erros de Medicação; Ordem dos Enfermeiros, 2015
A Enfermagem Conta - Erros de Medicação; Ordem dos Enfermeiros, 2015A Enfermagem Conta - Erros de Medicação; Ordem dos Enfermeiros, 2015
A Enfermagem Conta - Erros de Medicação; Ordem dos Enfermeiros, 2015
 
Apresentação Fernando Barroso | 1º Encontro Gestores de Risco na Saúde 2018
Apresentação Fernando Barroso | 1º Encontro Gestores de Risco na Saúde 2018Apresentação Fernando Barroso | 1º Encontro Gestores de Risco na Saúde 2018
Apresentação Fernando Barroso | 1º Encontro Gestores de Risco na Saúde 2018
 
Fluxograma Administração Componentes Sanguíneos - 2017
Fluxograma Administração Componentes Sanguíneos - 2017Fluxograma Administração Componentes Sanguíneos - 2017
Fluxograma Administração Componentes Sanguíneos - 2017
 
Formulário de Pedido de Reunião
Formulário de Pedido de ReuniãoFormulário de Pedido de Reunião
Formulário de Pedido de Reunião
 
Apresentação aos Doentes em Circuito Interno TV - Dia Europeu Antibiótico - 1...
Apresentação aos Doentes em Circuito Interno TV - Dia Europeu Antibiótico - 1...Apresentação aos Doentes em Circuito Interno TV - Dia Europeu Antibiótico - 1...
Apresentação aos Doentes em Circuito Interno TV - Dia Europeu Antibiótico - 1...
 
IACS - Uma Perspectiva de Redução de Despesa Pública
IACS - Uma Perspectiva de Redução de Despesa PúblicaIACS - Uma Perspectiva de Redução de Despesa Pública
IACS - Uma Perspectiva de Redução de Despesa Pública
 
Práticas Seguras vs Cultura Congresso-APEGEL-2016 Fernando Barroso
Práticas Seguras vs Cultura Congresso-APEGEL-2016 Fernando BarrosoPráticas Seguras vs Cultura Congresso-APEGEL-2016 Fernando Barroso
Práticas Seguras vs Cultura Congresso-APEGEL-2016 Fernando Barroso
 
Apresentação - Segurança do Doente e Boas Práticas de Consentimento Esclareci...
Apresentação - Segurança do Doente e Boas Práticas de Consentimento Esclareci...Apresentação - Segurança do Doente e Boas Práticas de Consentimento Esclareci...
Apresentação - Segurança do Doente e Boas Práticas de Consentimento Esclareci...
 
Como Notificar a Falta de Recursos Humanos no NOTIFIC@
Como Notificar a Falta de Recursos Humanos no NOTIFIC@Como Notificar a Falta de Recursos Humanos no NOTIFIC@
Como Notificar a Falta de Recursos Humanos no NOTIFIC@
 
Folheto informativo – guía del paciente usuario de urgencias
Folheto informativo – guía del paciente usuario de urgenciasFolheto informativo – guía del paciente usuario de urgencias
Folheto informativo – guía del paciente usuario de urgencias
 
Sistema de Notificação em Bloco Operatório
Sistema de Notificação em Bloco Operatório Sistema de Notificação em Bloco Operatório
Sistema de Notificação em Bloco Operatório
 
10 Posteres Sobre Higiene das Mãos
10 Posteres Sobre Higiene das Mãos10 Posteres Sobre Higiene das Mãos
10 Posteres Sobre Higiene das Mãos
 
Passagem de Turno e a Segurança do Doente
Passagem de Turno e a Segurança do DoentePassagem de Turno e a Segurança do Doente
Passagem de Turno e a Segurança do Doente
 
Tributo a Mandela
Tributo a MandelaTributo a Mandela
Tributo a Mandela
 
Sistema local de notificação de incidentes e os desafios da integração com o ...
Sistema local de notificação de incidentes e os desafios da integração com o ...Sistema local de notificação de incidentes e os desafios da integração com o ...
Sistema local de notificação de incidentes e os desafios da integração com o ...
 
Folheto STOP ÚLCERAS PRESSÃO - Dia Mundial STOP Úlceras de Pressão
Folheto STOP ÚLCERAS PRESSÃO - Dia Mundial STOP Úlceras de PressãoFolheto STOP ÚLCERAS PRESSÃO - Dia Mundial STOP Úlceras de Pressão
Folheto STOP ÚLCERAS PRESSÃO - Dia Mundial STOP Úlceras de Pressão
 
Recomendações de Segurança na Administração de Injetáveis
Recomendações de Segurança na Administração de InjetáveisRecomendações de Segurança na Administração de Injetáveis
Recomendações de Segurança na Administração de Injetáveis
 

Último

APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptx
APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptxAPRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptx
APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptxSESMTPLDF
 
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia HiperbáricaUso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia HiperbáricaFrente da Saúde
 
88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptx88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptxLEANDROSPANHOL1
 
Manual-de-protocolos-de-tomografia-computadorizada (1).pdf
Manual-de-protocolos-de-tomografia-computadorizada (1).pdfManual-de-protocolos-de-tomografia-computadorizada (1).pdf
Manual-de-protocolos-de-tomografia-computadorizada (1).pdfFidelManuel1
 
aula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.pptaula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.pptDaiana Moreira
 
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptxcuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptxMarcosRicardoLeite
 
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudável
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudávelSaúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudável
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudávelVernica931312
 
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...DL assessoria 31
 
Terapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Terapia Celular: Legislação, Evidências e AplicabilidadesTerapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Terapia Celular: Legislação, Evidências e AplicabilidadesFrente da Saúde
 

Último (9)

APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptx
APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptxAPRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptx
APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptx
 
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia HiperbáricaUso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
 
88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptx88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptx
 
Manual-de-protocolos-de-tomografia-computadorizada (1).pdf
Manual-de-protocolos-de-tomografia-computadorizada (1).pdfManual-de-protocolos-de-tomografia-computadorizada (1).pdf
Manual-de-protocolos-de-tomografia-computadorizada (1).pdf
 
aula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.pptaula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
 
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptxcuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
 
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudável
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudávelSaúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudável
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudável
 
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
 
Terapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Terapia Celular: Legislação, Evidências e AplicabilidadesTerapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Terapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
 

Uma Pipeta Como Sempre - Um incidente de segurança do doente com medicamento LASA na comunidade

  • 1. 1 UMA PIPETA COMO SEMPRE RELATO DE UM INCIDENTE DE SEGURANÇA DO DOENTE COM MEDICAMENTO LASA NA COMUNIDADE Carolina Baptista Araújo1 , Carina C. Pereira1 , Ana Quelhas2 1 – IFE MGF na USF Terras de Santa Maria; 2 – Especialista em MGF na USF Terras de Santa Maria ENQUADRAMENTO: O progressivo envelhecimento da população associado ao aumento da prevalência das patologias crónicas e à melhoria dos cuidados de saúde, tem conduzido ao aumento da prescrição e uso de medicamentos. [1] Neste contexto, surge o conceito de polimedicação, definido como a utilização de vários medicamentos, prescritos e/ou de automedicação, que podem causar reações adversas e/ou interações medicamentosas que aumentam consoante o número de medicamentos administrados. [2] A população idosa, pelas suas comorbilidades e alterações fisiológicas associadas ao envelhecimento com implicações quer na farmacodinâmica e farmacocinética dos medicamentos, apresentam um risco aumentado de ocorrência de interações medicamentosas e de reações adversas. [3] Nesse sentido, o médico de família (MF) deve ter especial atenção na gestão da medicação crónica dos seus utentes idosos, procurando antecipar e minorar os riscos da iatrogenia associada à polimedicação. DESCRIÇÃO DO CASO: Mulher, 80 anos, de raça caucasiana, viúva, analfabeta e reformada (trabalhava com artigos de pirotecnia e como agricultora). Pertence a uma família alargada, de classe socioeconómica média baixa segundo a escala de Graffar. Apresenta antecedentes pessoais de Obesidade (T82), Alterações do metabolismo dos lípidos (T93), Diabetes não insulino-dependente (T90), Hipertensão com complicações (K87), Insuficiência cardíaca (K77), Aterosclerose / doença vascular periférica (K92), Doença pulmonar obstrutiva crónica (R95), Glomerulonefrite/nefrose (U88) – Nefropatia diabética/hipertensiva, Outras doenças urinárias (U99) – Doença renal crónica (TFG<60mL/min) e Síndrome vertebral com irradiação de dores (L86). Trata- se de uma utente polimedicada, fazendo habitualmente a seguinte medicação: gliclazida 60 mg id; sitagliptina 100mg id; metformina 850mg 3id; insulina glargina 18U id; bisoprolol 5mg id; amiodarona 200mg id; furosemida 60mg id rilmenidina 1mg id; olmesartan 40mg id; ticlodipina 250mg id; sinvastatina 20mg id; bioflavonóides 500mg; indacaterol 300µg id e citicolina 100 mg/ml 1 pipeta id.
  • 2. 2 A 19 de fevereiro de 2015, a utente recorreu ao Serviço de Urgência (SU) do hospital de referência por um quadro de cefaleias com início súbito por volta das 22h30 associado a disartria e elevação tensional (tensão arterial sistólica cerca de 230mmHg no domicílio). À admissão no SU, a utente apresentava-se sonolenta e lentificada; pele e mucosa coradas e hidratadas; cianose labial; ligeiramente polipneica, sem tiragem, com saturação de O2 (em ar ambiente) a 88%; apirética; tensão arterial de 195/80 mmHg; frequência cardíaca de 70 bpm; auscultação cardíaca normal; auscultação pulmonar com alguns sibilos dispersos; abdómen muito globoso que condicionava compressão do tórax; apresentava edemas dos membros inferiores (MI), mais extensos à esquerda, desde há anos, após erisipela; sem défices motores evidentes exceto diminuição da mobilidade do MI esquerdo (desde há anos). Realizou uma gasimetria arterial em ar ambiente que revelou uma hipoxemia (PaO2 55mmHg), uma hipercapnia (PaCO2 50mmHg) compensada por um aumento do bicarbonato (HCO3 - 32,4mEq/L). O estudo analítico realizado que revelou apenas uma diminuição da função renal (creatinina plasmática de 1,4mg/dL e ureia de 65mg/dL) e um aumento do peptídeo natriurético do tipo B na ordem dos 169pg/mL (alterações já conhecidas anteriormente), e um aumento ligeiro da proteína C reativa (20,1mg/dL). De salientar que foram pedidos marcadores de necrose miocárdica cujo resultado foi negativo. Realizou também uma radiografia de tórax que mostrou um aumento do índice cardiotorácico, sem alterações pleuroparenquimatosas visíveis. Para despiste de um evento cerebrovascular agudo, foi pedido uma tomografia computorizada crânio-encefálica que não revelou alterações. Após realização de estudo complementar e evolução favorável após controlo tensional durante a permanência no SU, a utente teve alta com o diagnóstico provável de crise hipertensiva. Uns dias depois, a utente volta a apresentar os mesmos sintomas, nomeadamente a lentificação e a sensação de “fala arrastada” por parte dos familiares, sendo pedida uma consulta domiciliária urgente à médica de família (MF). No dia 25 de fevereiro, a MF visita o domicílio da utente, encontrando-a sonolenta, apesar de facilmente despertável, e sem queixas de relevo. Apresentava-se consciente, colaborante, orientada no espaço e no tempo. A tensão arterial medida no domicílio era de 141/89mmHg e não apresentava alterações aparentes ao exame neurológico. Durante a consulta domiciliária, a utente acaba por referir que se sentia sempre pior depois de tomas as “gotas”. Em resposta a este comentário, a filha diz que a mãe andaria há uns dias a insistir nesse assunto, mas que tinham ido verificar e não tinham encontrado nenhuma diferença na medicação. A MF faz então uma revisão da medicação habitual da utente, apercebendo-se que uma
  • 3. 3 das embalagens presentes na sua gaveta dos medicamentos estaria trocada. A embalagem em questão era do medicamento Tercian® (Fig. 1), que contem o princípio ativo ciamemazina, um fármaco antipsicótico. Esta embalagem era semelhante a um dos medicamentos realizados habitualmente pela utente: o Trausan®, com o princípio ativo citicolina (Fig. 2). Com esta troca de medicação, que ocorrera na farmácia aquando da compra da sua medicação habitual, a utente estaria a fazer uma pipeta de ciamemazina por dia, justificando os sintomas apresentados de lentificação psicomotora e disartria. Embora esta medicação não explique a elevação tensional observada no SU, esta pode ter estado enquadrada como uma resposta reativa ao quadro apresentado. Após a suspensão da ciamemazina, a utente não voltou a manifestar sintomas semelhantes. DISCUSSÃO: Os medicamentos LASA (Look-Alike, Sound-Alike) definem-se como medicamentos com nome ortográfico e/ou fonético e/ou aspeto semelhante que podem ser confundidos uns com os outros, originando a troca de medicação. [4] A Direção Geral de Saúde (DGS) defende que instituições prestadoras de cuidados de saúde bem como os seus profissionais são responsáveis por implementar práticas seguras no que respeita aos medicamentos LASA, através da elaboração e divulgação interna da a lista de medicamentos LASA Fig. 1: Embalagem comercial do medicamento Tercian® (princípio ativo ciamemazina). Fig. 2: Embalagem comercial do medicamento Trausan® (princípio ativo citicolina).
  • 4. 4 disponíveis na instituição e no desenvolvimento de estratégias ao nível do armazenamento dos medicamentos LASA, na farmácia e nos restantes serviços, que garantam a sua separação física e correta identificação, etc. [4] Neste caso clínico, apesar de os medicamentos trocados serem foneticamente diferentes, a ortografia e o aspeto da embalagem são semelhantes (Fig.1 e 2). As consequências clínicas desta troca de medicamentos foram evidentes e constituíram um risco para a saúde desta utente. Perante casos como estes, é responsabilidade do médico de família/profissional de saúde notificar o incidente de forma a melhorar a cultura de segurança dos doentes. Esta notificação pode ser feita através da plataforma NOTIFIC@, disponível através do site da DGS em www.dgs.pt. [5] BIBLIOGRAFIA: [1] Cima CIF, Freitas RSA, Lamas MCM, Mendes CASL, Neves AC, Fonseca C. Consumo de medicação crónica - avaliação da prevalência no norte de portugal. Rev Port Clin Geral 2011;27:20-7 [2] Sousa S, Pires A, Conceição C, Nascimento T, Grenha A, Braz L. Polimedicação em doentes idosos: adesão à terapêutica. Rev Port Clin Geral 2011;27:176-82 [3] Mosca C, Correia P. O medicamento no doente idoso. Acta Farm Port 2012;2:75-81. [4] Norma nº 020/2014 de 30/12/2014 atualizada a 14/12/2015, Medicamentos com nome ortográfico, fonético ou aspeto semelhantes, Direção-Geral da Saúde. [5] Norma nº 015/2014 de 25/09/2014, Sistema Nacional de Notificação de Incidentes - NOTIFICA, Direção-Geral da Saúde.