Nesta apresentação, que partilho convosco, apresentei a minha visão sobre esta temática, definindo primeiro os conceitos “Cultura” e “Prática Segura”, e de que forma entendo que se interligam e condicionam, concluindo que:
“É a cultura existente que influência a prática”
Então, se a “cultura” influência a prática segura, proponho um Desenvolvimento Organizacional (fazendo uso das propostas do ICN)
Conclui referindo e explicando algumas das “boas práticas” que tem sido estruturantes no Centro Hospitalar de Setúbal, EPE.
1. ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS GESTORES E LIDERANÇA
6º Congresso Internacional da APEGEL
Portimão – Algarve – 28 e 29 de outubro de 2016
GOVERNAÇÃO E SEGURANÇA DOS CUIDADOS – LIDERANÇA DO ENFERMEIRO GESTOR
Mesa 2 – Cultura e Segurança versus Praticas Seguras
Conferência
Dr. Carlos Vaz (DGS), em substituição da Profª Anabela
Coelho (Chefe da Divisão de Gestão da Qualidade – DGS)
Moderador
Enfº José Brás (Enfermeiro Supervisor no CHA – HF)
Práticas Seguras versus Cultura
Enfº Fernando Barroso (Enf Chefe no CHS)
Prática de Gestão dos Enfermeiros Portugueses
Enfª Margarida Reis (Professora na ESEP)
Práticas Seguras versus Segurança
Enfª Ilda Lourenço (Enf Especialista no CHLC – HSJ)
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Práticas Seguras versus Cultura
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Como classificamos
um “bom serviço”?
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“Cultura”
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«sistema de valores, conhecimentos,
técnicas e artefactos, de padrões de
comportamento e atitudes que
caracteriza uma determinada
sociedade» (Dicionário Universal da Língua
Portuguesa, Ed. Melhoramentos, 1972)
«conjunto de costumes, práticas,
comportamentos que são
adquiridos e transmitidos
socialmente de geração em
geração» (Dicionário da Língua Portuguesa
Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa,
2001).
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“Cultura”
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«um conjunto ligado de maneiras de pensar,
de sentir e de agir mais ou menos formalizadas
que, sendo apreendidas e partilhadas por uma
pluralidade de pessoas, servem, de uma
maneira simultaneamente objetiva e
simbólica, para organizar essas pessoas numa
coletividade particular e distinta.»
Guy Rocher, Sociológo, em Sociologia Geral (Lisboa, Ed. Presença, 1977)
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Existem ainda outras “Culturas”
O ICN refere que a Cultura Organizacional:
• É a forma como a organização se comporta;
• É o tipo de sistemas e processos criados para
desempenhar as tarefas;
• É o "estilo" criado na organização pelo
respetivo estilo de gestão e liderança;
• São os valores nos quais a organização baseia
as suas ações e estratégias.
CULTURA E DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAIS. Programa Liderança Para a Mudança do ICN – Manual do
Participante. Módulo 2: Contexto e foco para a gestão e a liderança.
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Existem ainda outras “Culturas”
Cultura de Segurança
• (…) produto dos valores, crenças,
normas, atitudes, práticas sociais e
técnicas, partilhados pela organização
com o objetivo de minimizar a
exposição de trabalhadores a
condições consideradas perigosas ou
potencialmente causadoras de lesões.
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Acidente de Chernobyl, em 1986, cuja causa foi atribuída à
escassa cultura de segurança da organização.
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Existem ainda outras “Culturas”
Cultura de Segurança
• Cooper (2000) definiu cultura de
segurança como o resultado das
interações dinâmicas entre três
elementos: clima de segurança,
comportamento de segurança e
sistema de gestão de segurança
do trabalho.
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Figura 1 – Modelo recíproco de cultura de segurança
Fonte: Adapt. Cooper, 2000
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Cultura de Segurança do Doente
• "A cultura de segurança do doente é a
forma como os profissionais de saúde,
no seu ambiente de trabalho, agem por
forma a tornar a prestação de cuidados
ao doente mais segura.
• A cultura de segurança reflete
essencialmente as atitudes e valores
dos trabalhadores relacionados com a
gestão do risco e segurança.
(Anabela Marques de Sousa - AVALIAÇÃO DA CULTURA DE
SEGURANÇA DO DOENTE NUM CENTRO HOSPITALAR DA REGIÃO
CENTRO - Julho 2013)
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Práticas Seguras
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Boa Prática (…) aquela que “advém da aplicação de
linhas orientadoras baseadas em resultados de
estudos sistematizados, fontes científicas e na
opinião de peritos reconhecidos, com o objectivo
de obter respostas satisfatórias dos clientes e dos
profissionais na resolução de problemas de saúde
específicos.”
Ordem dos Enfermeiros
Devemos
voltar a
(re)ler
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Práticas Seguras
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Os enfermeiros têm o dever de exercer a profissão com os
adequados conhecimentos científicos e técnicos, adoptando todas as
medidas que visem melhorar a qualidade dos cuidados observando
os princípios inerentes à boa prática, devendo para isso possuir a
formação necessária à excelência do seu exercício profissional.
Salienta-se que as intervenções de Enfermagem não podem ser
unicamente circunscritas aos conteúdos abordados na formação
inicial, sendo a formação contínua um recurso a mobilizar. (…)
In - PARECER CONJUNTO CE e CJ N.º 3 / 2010
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Práticas Seguras
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(…) para a OE, o desenvolvimento da segurança envolve um conjunto
de medidas, com largo espectro de acção, mencionando como
exemplo «as medidas de segurança ambiental e a gestão de risco (o
que inclui o controle de infecção, uma prática clínica segura,
segurança dos equipamentos, a manutenção de um ambiente de
cuidados seguro) e isto juntando um corpo de conhecimento
científico focado na segurança da pessoa e nas infraestruturas
necessárias para o garantir».” (…)
In - PARECER CONJUNTO CE e CJ N.º 3 / 2010
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Práticas Seguras Vs Cultura
Podemos assim afirmar que a “prática
segura” dos cuidados de enfermagem é um
conceito que abrange múltiplas variáveis
• individuais (do profissional e do doente),
• do ambiente (organização, orientações,
formação, liderança, dotações)
• da estrutura (recursos materiais, …).
A existência de uma
"prática segura" é
indissociável da "cultura"
existente.
É a cultura existente que
influência a prática
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Desenvolvimento Organizacional
• Significa desenvolver o tipo de cultura organizacional
pretendido para a minha organização/serviço.
• Este desenvolvimento não é fácil e pode demorar muito
tempo (talvez 2 a 3 anos, ou mais).
• É algo em que se tem de trabalhar constantemente.
• Tem de ter o envolvimento de todo o pessoal, caso se
pretenda que seja efetiva.
• Tem de ser conduzida a partir do topo, mas não pode ser
imposta a partir do topo.
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Desenvolvimento Organizacional - Etapas
• Identificar os componentes chave da cultura
organizacional pretendida. Alguns exemplos são:
• Responsabilização
• Alianças e parcerias
• Foco no doente
• Qualidade
• Comunicação aberta
• Efectuar uma auditoria de referência à cultura actual.
• Decidir as prioridades, objetivos, estratégias e linha
temporal de um plano de Desenvolvimento
Organizacional.
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Participante. Módulo 2: Contexto e foco para a gestão e a liderança.
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Que caminho devemos então seguir?
• Assumir a gestão do serviço com uma visão de desenvolvimento organizacional e de
governação clínica.
• Delinear um plano de ação que integre medidas que visem a melhoria dos seus
indicadores (Quedas, UPP, Infeção, Reinternamentos, Consumo de antibióticos, execução
do Plano de formação em serviço, Turnover dos profissionais, Absentismo, Acidentes em
serviço...)
• Envolver todos os profissionais do serviço. Comunicar.
• Analisar/Avaliar a satisfação dos profissionais, assim como a satisfação/opinião do
doente e seus familiares;
• Desenvolver um clima de “justiça” nas decisões e medidas adoptadas.
• Fazer uso do conhecimento dos "peritos" que existem na sua organização.
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“Boas práticas” que influenciam a cultura
• Programa de Acreditação da Qualidade em Saúde
• Comissão de Administração Clínica (Órgão de
Decisão Clínica)
• A uniformização de NOC’s e Procedimentos
• Documento de Descrição de Funções para todos
os Profissionais
• Sistema de Notificação de Incidentes não punitivo
• Avaliação do Risco
• Auditoria Clinica
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CHS – (HSB e HOSO)
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Obrigado
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Centro Hospitalar de Setúbal, EPE
Hospital de São Bernardo - Hospital Ortopédico Sant’Iago do Outão