Este documento resume um livro escrito por Vergílio Ferreira. Conta a história de Alberto Soares, um professor que vive em Évora e reflete sobre questões existenciais. Ele tem relacionamentos complexos com várias personagens femininas e discute suas teorias filosóficas. Ao longo do livro, são feitos flashbacks para a infância de Alberto e eventos passados que moldaram suas visões de mundo.
2. Ficha Técnica
Autor: Ferreira, Vergílio.
Editora: Bertrand
Local de Edição: Lisboa
Ano de Edição: 1994
Ano de Publicação: [s.d]
3. Sobre o Autor
Vergílio Ferreira nasceu em Melo no dia 28 de janeiro de 1916.
Em 1920, o pequene Virgílio é deixado mais os seus irmãos aos
cuidados de umas tias maternas, após a emigração dos pais para
os Estados Unidos da América.
Entra para a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra,
continuando a dedicar-se à poesia, nunca publicada, em 1939,
escreve o seu primeiro romance, O Caminho Fica Longe.
Licenciou-se em Filologia Clássica em 1940. Publica o ensaio
"Teria Camões lido Platão?" e, durante as férias, em Melo,
escreve "Onde Tudo Foi Morrendo“, entre muitos outros.
Em 1980, o realizador Lauro António adapta para o cinema, o
romance, Manhã Submersa e, Vergílio Ferreira intrepreta um dos
principais papéis, o de Reitor do Seminário, contracenando assim
com outros grandes vultos da cena portuguesa. Vergílio morreu
no dia 1 de março de 1996, em sua casa, em Lisboa, na
freguesia de Alvalade...
4. Apresentação do Livro
Esta obra pode ser dividida em três partes: o prólogo, a história em si
em vinte e cinco capítulos e o epílogo. No prólogo, Alberto Soares, o
nosso protagonista, encontra-se no presente e começa a refletir sobre
a sua vida. No início do primeiro capítulo ele começa a contar-nos a
história da sua vida, por meio de uma analepse. Ele conta acerca da
sua estadia em Évora e como nesse período de tempo (um ano letivo)
ficou a lecionar nessa terra e conheceu pessoas com quem discutiu e
aprofundou as suas teorias relacionadas com a existência; a procura
da sua pessoa e da sua aparição. Criou também uma relação com
uma mulher, Sofia, que era dominadora e mais tarde deixou de dar
importância a Alberto, passando a concentrar a sua atenção em
Bexiguinha, que tinha idéias/teorias parecidas às de Alberto; criou uma
relação amor ódio com Ana, a irmã de Sofia. Ambos discutiam acerca
das teorias existenciais do autor e ela desvalorizava e valorizava em
simultâneo a lógica deste.
5. Continuação...
Ao longo do livro temos dificuldade em saber se Ana gosta ou
desgosta de Alberto visto estar constantemente a convidá-lo para que
a acompanhe e, ao mesmo tempo, contra as suas idéias. No livro, o
próprio Alberto questiona-se a si próprio se certos personagens, como
Ana, estão a favor ou contra ele. Existe ainda outra personagem,
também irmã de Sofia, que é Cristina. Esta criança excepcional tocava
piano de forma magnífica, algo que acalmava Alberto. Ao longo do livro
entramos ainda numa 2ª analepse onde o autor se recorda de um
passado ainda mais distante. Esse passado, normalmente relacionado
com a família, relata-nos o que o levou a ter estas teorias filosóficas,
sendo as mais importantes à morte do pai e do seu cão.
Existem várias outras mortes de personagens mais importantes, tendo
todas uma simbologia: o Bailote comete suicídio por ter perdido a fonte
do seu rendimento, sendo que a sua existência perde todo o sentido;
Cristina morre pois é perfeita demais para viver neste mundo; Sofia
morre como punição de todo o mal que tivera feito aos outros;
Bexiguinha e Ana não conseguiram igualar os seus seres e desistiram,
o que se pode considerar uma morte psicológica.
6. Continuação...
Talvez Alberto, o herói que alcançou a sua aparição, possa ser visto
como um “eu” de Vergílio Ferreira, pois se o autor escreveu sobre
estas teorias, é porque também pensou sobre elas. O termo "aparição"
significa exatamente a revelação instantânea de si a si próprio.
O único filho solteiro do Dr. Álvaro Soares, médico e lavrador e de
D.Susana. Tem dois irmãos: Tomás, engenheiro agrónomo e lavrador,
casado com Isaura, tem dez filhos e é o preferido do pai; Evaristo, o
preferido da mãe, é o mais novo, tem o curso geral dos liceus, é
casado com Júlia, filha de um industrial rico, e tem um filho, nasceu na
Serra da Estrela. Vive uma infância em comunhão com a Natureza
aliada à figura materna, como princípio gerador da vida. É na
montanha que Alberto encontra a proteção que o une à figura paterna,
sobrepondo a presença serrana à fragilidade da forma humana. Após
a morte do pai ele abandona a serra e passa a viver na cidade.
Évora representa para ele a materialização do seu conflito interior e o
drama de existir.
7. Citações Relevantes
- (...) só há um problema para a vida, que é o de saber, saber a
minha condição, e de me restaurar a partir daí a plenitude e a
autenticidade de tudo – da alegria, do heroísmo, da amargura, de
cada gesto. (pág.11)
- (...) De que nadas a vida se sustenta! O necessário, sim, o
necessário é que o futuro os habite – mesmo em ilusão. (pág.27)
- (...) « Que esperas tu da vida? Vê como os teus sonhos se
resolvem nos outros em ... Mas são actos definitivos, não se iludem,
não se iludem. » « Dúvidar é cómodo, interrogar-se é cómodo.» «Sei
o que quero, sei o que sonho.» «Que fazes para o atingir?»