Segundo Flávio Moura, é preciso que os gestores atuem baseados na visão sistêmica da organização e conheçam profundamente os processos-chave.
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Artigo - A Cegueira Corporativa
1. A Cegueira Corporativa
Segundo Flávio Moura, é preciso que os gestores atuem baseados na visão sistêmica da organização
e conheçam profundamente os processos-chave.
Numa cidade indiana viviam sete sábios cegos. Certa noite, após
uma discussão sobre a verdade da vida, o sétimo sábio ficou
aborrecido e resolveu ir morar sozinho nas montanhas. Enquanto
se afastava disse aos companheiros:
- Somos cegos para que possamos ouvir e entender melhor
outras pessoas e a verdade da vida, mas em vez disso vocês
ficam discutindo como se estivessem participando de uma
competição. Não aguento mais isso e vou embora.
Alguns dias depois aqueles mesmos homens que permaneceram
por ali foram convidados a descrever um animal que não
conheciam e jamais haviam tocado. Esse animal era nada mais
do que um elefante.
O primeiro sábio, ao apalpar a barriga do animal, disse tratar-se de um ser gigantesco, cujos músculos não
se moviam, como uma parede. O segundo achou uma idiotice, pois ao tocar suas presas imaginou um ser
pontiagudo como uma lança de guerra.
“Ambos estão enganados”, replicou o terceiro homem, que apertava a tromba do elefante. “Este animal é
como uma serpente mansa já que não possui presas”, sentenciou. “Todos os companheiros estão
enganados”, gritou um outro que tocava as orelhas do animal. “Seus movimentos são ondulantes e ele se
parece com uma grande cortina ambulante”.
Da mesma forma, ao tocar a pequena calda do elefante o sexto sábio afirmou que se tratava de uma rocha,
com uma corda presa ao corpo. “Posso até pendurar-me nele”, afirmou.
O debate sobre o seria um elefante durou várias horas, até que o sétimo sábio apareceu sendo conduzido
por uma criança. Ouvindo a discussão, pediu ao menino que desenhasse no chão a figura do animal e
quando tateou a reprodução percebeu que todos os outros estavam certos e errados ao mesmo tempo. Logo
na sequência agradeceu o menino e afirmou: “É assim que os homens se comportam perante a verdade.
Pegam apenas uma parte, pensam que é o todo e continuam tolos!”
Como os sábios mencionados, muitos gestores se preocupam com os subssistemas isolados, buscando
depois unirem as partes a fim de compreenderem o todo e desconsideram completamente a sua necessária
interação.
Quando falamos em pensamento sistêmico na organização estamos abordando um dos pilares que
sustentam os processos de trabalho e que ampliam a capacidade de análise sobre limitações, possibilidades
e impactos. É importante que as empresas pensem em todas as consequências oriundas das suas decisões,
pois qualquer descompasso entre suas ações, processos e quem os executa, pode significar perda de
recursos.
Infelizmente, os gestores de muitas companhias têm sentido dificuldades para ampliarem o seu olhar no
tocante à própria organização que dirigem, obtendo assim bons resultados em determinada área ou atividade
e péssimos em outras. Eles precisam desenvolver a capacidade de entenderem o todo a partir de uma
análise global das partes e conhecerem profundamente os processos-chave, além de dirigirem esforços em
relação ao engajamento dos colaboradores, já que todos precisam conhecer muito bem “o efefante” no qual
trabalham e para onde ele vai.
Nesse sentido, algumas empresas têm buscado novas formas de gerenciamento e encontraram a solução
orientação por processos, que tem como foco uma sequência de operações encadeadas e integradas para
2. responder às expectativas dos stakeholders. O foco principal deste modelo é a geração de conhecimento
sobre a companhia, permitindo basear a tomada de decisão num olhar mais amplo e de acordo com o
resultado global pretendido.
Aos gestores fica a reflexão: o gerenciamento em sua empresa está sendo conduzido com um olhar no todo
ou o exemplo dos sábios está sendo seguido? Não é possível que uma verdade seja absoluta levando-se em
consideração um único ponto de vista. Pense nisso!
* Por Flávio Moura
Palestrante e consultor empresarial
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