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*feito na Universidade BrighamYoung em 2000. Música: Star Wars-MainTheme (Skywalker Symphony) Tradução e  Formatação: arlindo alves  de andrade júnior
Estamos felizes em conferir o grau honorário a Neil Postman, e aguardamos com expectativa sua mensagem de formatura... Neil Postman: Membros do corpo docente, pais, convidados e formandos: não tenham medo. Estou bem ciente de que, num dia de grande empolgação como este o que vocês exigem de qualquer orador é que ele seja breve. Então, não vou decepcioná-los a esse respeito. Há exatamente oitenta e cinco frases no meu discurso, quatro das quais vocês já ouviram. Agora vou levar cerca de quinze minutos para ler todas elas, e devo dizer-lhes que essa economia não foi fácil, pois escolhi como tema o complexo assunto dos seus antepassados. Agora é claro que não vou falar sobre seus antepassados biológicos - sobre os quais eu não sei nada - mas seus antepassados intelectuais sobre os quais eu sei um pouquinho. Para ser mais específico, quero falar sobre dois grupos de pessoas que viviam há muitos anos, mas cuja influência ainda está conosco. Eles eram muito diferentes uns dos outros, e representavam valores opostos e tradições.
ATENIENSE OU VISIGODO ?
(Acho que é apropriado para vocês formandos serem lembrados deles neste dia, porque mais cedo do que vocês esperam, deverão se alinhar com o espírito de um ou o espírito do outro.) O primeiro grupo viveu cerca de 2.500 anos atrás, no lugar que hoje chamamos de Grécia na cidade chamada Atenas. Não sabemos tanto sobre suas origens como gostaríamos, mas sabemos muito sobre suas realizações. Eles estavam, por exemplo, entre os primeiros povos a desenvolver um alfabeto completo e se tornaram a primeira população realmente alfabetizada na Terra. Eles inventaram a ideia de democracia política, e a praticavam com um vigor tal que chega a nos envergonhar. Eles inventaram o que chamamos de filosofia e também o que chamamos de lógica e retórica. Eles chegaram muito perto de inventar o que chamamos de ciência, e um deles – chamado Epicuro – concebeu a teoria atômica da matéria 2.300 anos antes que a idéia ocorresse a qualquer cientista moderno. Eles compuseram e cantaram poemas épicos de beleza inigualável e inspiração, escreveram e interpretaram peças que quase três milênios mais tarde ainda têm o poder de fazer o público rir e chorar.
Eles inventaram o que chamamos de Jogos Olímpicos, e o mais alto de seus valores era que em todas as coisas deve-se buscar a excelência. Eles acreditavam na razão. Eles acreditavam na beleza. Eles acreditavam na moderação. Eles inventaram a palavra e a ideia do que hoje conhecemos como ecologia. Cerca de 2.000 anos atrás, a vitalidade de sua cultura diminuiu e essas pessoas começaram a desaparecer. Mas não o que eles tinham criado. Sua imaginação, arte, política, literatura e difusão da língua ocorreu em todo o mundo de modo que hoje é praticamente impossível falar sobre qualquer assunto sem repetir o que algum ateniense disse sobre o mesmo há 2.500 anos. Agora, o segundo grupo de pessoas vivia no lugar que hoje chamamos de Alemanha, e floresceu cerca de 1.700 anos atrás. Chamamos-lhes de Visigodos, e você pode se lembrar que o professor da sexta ou sétima série os mencionou. Eram espetacularmente bons cavaleiros, o que é a única coisa agradável que se pode dizer deles. Eles eram saqueadores, cruéis e brutais. Sua língua faltava sutileza e profundidade. Sua arte era rude e até mesmo grotesca.
Eles avançaram por toda a Europa destruindo tudo em seu caminho, e invadiram o Império Romano. Não havia nada que um visigodo gostasse mais do que queimar um livro, profanar um edifício, ou quebrar uma obra de arte. Dos visigodos, não herdamos poesia, teatro, lógica, ciência ou política humana. Como os atenienses, os visigodos também desapareceram, mas não antes de inaugurar o período conhecido como Idade das Trevas. A Europa levou quase mil anos para se recuperar dos visigodos. Agora, o ponto que quero enfatizar é que os atenienses e os visigodos ainda sobrevivem, através de nós e da maneira que conduzimos nossas vidas. Tudo à nossa volta - neste local - na comunidade, em nossa cidade existem pessoas cuja maneira de olhar o mundo reflete a maneira dos atenienses, e há pessoas cujo modo é o dos visigodos. Não me refiro, é claro, que nossos atenienses modernos vagam distraídos pelas ruas recitando poesia e filosofia, ou que os visigodos modernos são assassinos. Quero dizer que ser um ateniense ou um visigodo é organizar sua vida em torno de um conjunto de valores. Um ateniense é uma ideia. E um visigodo é uma ideia.
Deixe-me dizer resumidamente no que consistem essas ideias. Ser um ateniense é considerar o conhecimento e, principalmente, a busca pelo conhecimento em alta estima. Contemplar, raciocinar, experimentar, perguntar - estas são, para um ateniense, as atividades mais sublimes que uma pessoa pode executar. Para um visigodo, a busca do conhecimento é inútil a não ser que o ajude a ganhar dinheiro ou poder sobre outras pessoas. Ser um ateniense é estimar os idiomas, por acreditar serem eles o dom mais precioso da humanidade. No seu uso da linguagem, os atenienses buscam pela graça, precisão e variedade. E admiram aqueles que conseguem atingir tal habilidade. Para um visigodo, uma palavra é tão boa quanto a outra, uma frase não se distingue da outra. Em termos de linguagem, um visigodo não aspira a nada mais do que o clichê. Ser um ateniense é entender que o fio que une uma sociedade civilizada é fino e vulnerável, portanto, os atenienses valorizam muito a tradição, os limites sociais e a continuidade. Para um ateniense, maus modos são atos de violência contra a ordem social.
Os visigodos modernos se preocupam muito pouco sobre disso. Os visigodos pensam em si mesmos como o centro do universo. A tradição existe para sua própria conveniência, boas maneiras são uma afetação e uma carga, e a história é meramente o que está no jornal de ontem. Ser um ateniense é se interessar em assuntos públicos e na melhoria do comportamento público. Na verdade, os antigos atenienses tinham uma palavra para as pessoas que não se interessavam nesse assunto. A palavra era ‘idiotes’, da qual se originou nossa palavra "idiota". Um visigodo moderno está interessado apenas em seus próprios assuntos e não tem nenhum senso de comunidade. E, finalmente, ser um ateniense é reconhecer que autodisciplina, habilidade e bom gosto são necessários para produzir uma obra de arte duradoura. Portanto, na abordagem de uma obra de arte, atenienses preparam sua imaginação através da aprendizagem e experiência. Para um visigodo, não há nenhuma medida de excelência artística, exceto popularidade. O que chama a atenção da multidão é considerado bom. Nenhum outro padrão é respeitado ou mesmo reconhecido. Agora, deve ser óbvio o que tudo isto tem a ver com você.
Eventualmente, tal como o restante de nós, você deve se posicionar de um lado ou do outro. Você deve ser um ateniense ou um visigodo. Claro, é muito mais difícil ser um ateniense, pois você deve aprender a ser um, você deve trabalhar para ser um, enquanto todos nós somos, de certa forma, visigodos natos. É por isso que há muito mais visigodos do que atenienses. E devo dizer-lhe que você não se torna um ateniense apenas frequentando a faculdade ou acumulando graus acadêmicos. Meu sogro foi um dos mais empenhados atenienses que eu já conheci, e ele passou toda sua vida adulta trabalhando como um alfaiate na Sétima Avenida, em Nova York. Por outro lado, conheço médicos, advogados e engenheiros que são visigodos irreparáveis. E também devo dizer-lhe, tanto com tristeza quanto com vergonha, que em algumas de nossas grandes universidades, tanto na minha quanto na de vocês, existem professores dos quais podemos dizer que são visigodos enrustidos. Mesmo assim, vocês não devem duvidar por um só momento que a escola, afinal, é em sua essência uma ideia ateniense. Existe uma relação direta entre as realizações culturais de Atenas e as atividades das quais o corpo docente desta universidade se ocupa.
Não tenho dificuldade em imaginar que Platão, Aristóteles ou Hipócrates, se sentiriam completamente à vontade em nossas salas de aula. Um visigodo iria apenas rabiscar obscenidades na parede. E assim, quer você esteja ciente disso ou não, um dos propósitos da sua passagem por essa universidade foi lhe dar um vislumbre do caminho ateniense, chamar sua atenção para o caminho ateniense. Não nos é dado saber, nesse dia, quantos de vocês vão escolher esse caminho, e quantos não vão. Vocês são jovens e não podemos prever seu futuro. Mas vou dizer só mais uma coisa, e com ela concluirei: Não consigo desejar um elogio maior para vocês do que, em algum tempo futuro, seja dito que entre os formandos dessa turma da BYU o número de atenienses superou em muito o dos visigodos. Obrigado e Parabéns.

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Prof. Neil Postman

  • 1. *feito na Universidade BrighamYoung em 2000. Música: Star Wars-MainTheme (Skywalker Symphony) Tradução e Formatação: arlindo alves de andrade júnior
  • 2. Estamos felizes em conferir o grau honorário a Neil Postman, e aguardamos com expectativa sua mensagem de formatura... Neil Postman: Membros do corpo docente, pais, convidados e formandos: não tenham medo. Estou bem ciente de que, num dia de grande empolgação como este o que vocês exigem de qualquer orador é que ele seja breve. Então, não vou decepcioná-los a esse respeito. Há exatamente oitenta e cinco frases no meu discurso, quatro das quais vocês já ouviram. Agora vou levar cerca de quinze minutos para ler todas elas, e devo dizer-lhes que essa economia não foi fácil, pois escolhi como tema o complexo assunto dos seus antepassados. Agora é claro que não vou falar sobre seus antepassados biológicos - sobre os quais eu não sei nada - mas seus antepassados intelectuais sobre os quais eu sei um pouquinho. Para ser mais específico, quero falar sobre dois grupos de pessoas que viviam há muitos anos, mas cuja influência ainda está conosco. Eles eram muito diferentes uns dos outros, e representavam valores opostos e tradições.
  • 4. (Acho que é apropriado para vocês formandos serem lembrados deles neste dia, porque mais cedo do que vocês esperam, deverão se alinhar com o espírito de um ou o espírito do outro.) O primeiro grupo viveu cerca de 2.500 anos atrás, no lugar que hoje chamamos de Grécia na cidade chamada Atenas. Não sabemos tanto sobre suas origens como gostaríamos, mas sabemos muito sobre suas realizações. Eles estavam, por exemplo, entre os primeiros povos a desenvolver um alfabeto completo e se tornaram a primeira população realmente alfabetizada na Terra. Eles inventaram a ideia de democracia política, e a praticavam com um vigor tal que chega a nos envergonhar. Eles inventaram o que chamamos de filosofia e também o que chamamos de lógica e retórica. Eles chegaram muito perto de inventar o que chamamos de ciência, e um deles – chamado Epicuro – concebeu a teoria atômica da matéria 2.300 anos antes que a idéia ocorresse a qualquer cientista moderno. Eles compuseram e cantaram poemas épicos de beleza inigualável e inspiração, escreveram e interpretaram peças que quase três milênios mais tarde ainda têm o poder de fazer o público rir e chorar.
  • 5. Eles inventaram o que chamamos de Jogos Olímpicos, e o mais alto de seus valores era que em todas as coisas deve-se buscar a excelência. Eles acreditavam na razão. Eles acreditavam na beleza. Eles acreditavam na moderação. Eles inventaram a palavra e a ideia do que hoje conhecemos como ecologia. Cerca de 2.000 anos atrás, a vitalidade de sua cultura diminuiu e essas pessoas começaram a desaparecer. Mas não o que eles tinham criado. Sua imaginação, arte, política, literatura e difusão da língua ocorreu em todo o mundo de modo que hoje é praticamente impossível falar sobre qualquer assunto sem repetir o que algum ateniense disse sobre o mesmo há 2.500 anos. Agora, o segundo grupo de pessoas vivia no lugar que hoje chamamos de Alemanha, e floresceu cerca de 1.700 anos atrás. Chamamos-lhes de Visigodos, e você pode se lembrar que o professor da sexta ou sétima série os mencionou. Eram espetacularmente bons cavaleiros, o que é a única coisa agradável que se pode dizer deles. Eles eram saqueadores, cruéis e brutais. Sua língua faltava sutileza e profundidade. Sua arte era rude e até mesmo grotesca.
  • 6. Eles avançaram por toda a Europa destruindo tudo em seu caminho, e invadiram o Império Romano. Não havia nada que um visigodo gostasse mais do que queimar um livro, profanar um edifício, ou quebrar uma obra de arte. Dos visigodos, não herdamos poesia, teatro, lógica, ciência ou política humana. Como os atenienses, os visigodos também desapareceram, mas não antes de inaugurar o período conhecido como Idade das Trevas. A Europa levou quase mil anos para se recuperar dos visigodos. Agora, o ponto que quero enfatizar é que os atenienses e os visigodos ainda sobrevivem, através de nós e da maneira que conduzimos nossas vidas. Tudo à nossa volta - neste local - na comunidade, em nossa cidade existem pessoas cuja maneira de olhar o mundo reflete a maneira dos atenienses, e há pessoas cujo modo é o dos visigodos. Não me refiro, é claro, que nossos atenienses modernos vagam distraídos pelas ruas recitando poesia e filosofia, ou que os visigodos modernos são assassinos. Quero dizer que ser um ateniense ou um visigodo é organizar sua vida em torno de um conjunto de valores. Um ateniense é uma ideia. E um visigodo é uma ideia.
  • 7. Deixe-me dizer resumidamente no que consistem essas ideias. Ser um ateniense é considerar o conhecimento e, principalmente, a busca pelo conhecimento em alta estima. Contemplar, raciocinar, experimentar, perguntar - estas são, para um ateniense, as atividades mais sublimes que uma pessoa pode executar. Para um visigodo, a busca do conhecimento é inútil a não ser que o ajude a ganhar dinheiro ou poder sobre outras pessoas. Ser um ateniense é estimar os idiomas, por acreditar serem eles o dom mais precioso da humanidade. No seu uso da linguagem, os atenienses buscam pela graça, precisão e variedade. E admiram aqueles que conseguem atingir tal habilidade. Para um visigodo, uma palavra é tão boa quanto a outra, uma frase não se distingue da outra. Em termos de linguagem, um visigodo não aspira a nada mais do que o clichê. Ser um ateniense é entender que o fio que une uma sociedade civilizada é fino e vulnerável, portanto, os atenienses valorizam muito a tradição, os limites sociais e a continuidade. Para um ateniense, maus modos são atos de violência contra a ordem social.
  • 8. Os visigodos modernos se preocupam muito pouco sobre disso. Os visigodos pensam em si mesmos como o centro do universo. A tradição existe para sua própria conveniência, boas maneiras são uma afetação e uma carga, e a história é meramente o que está no jornal de ontem. Ser um ateniense é se interessar em assuntos públicos e na melhoria do comportamento público. Na verdade, os antigos atenienses tinham uma palavra para as pessoas que não se interessavam nesse assunto. A palavra era ‘idiotes’, da qual se originou nossa palavra "idiota". Um visigodo moderno está interessado apenas em seus próprios assuntos e não tem nenhum senso de comunidade. E, finalmente, ser um ateniense é reconhecer que autodisciplina, habilidade e bom gosto são necessários para produzir uma obra de arte duradoura. Portanto, na abordagem de uma obra de arte, atenienses preparam sua imaginação através da aprendizagem e experiência. Para um visigodo, não há nenhuma medida de excelência artística, exceto popularidade. O que chama a atenção da multidão é considerado bom. Nenhum outro padrão é respeitado ou mesmo reconhecido. Agora, deve ser óbvio o que tudo isto tem a ver com você.
  • 9. Eventualmente, tal como o restante de nós, você deve se posicionar de um lado ou do outro. Você deve ser um ateniense ou um visigodo. Claro, é muito mais difícil ser um ateniense, pois você deve aprender a ser um, você deve trabalhar para ser um, enquanto todos nós somos, de certa forma, visigodos natos. É por isso que há muito mais visigodos do que atenienses. E devo dizer-lhe que você não se torna um ateniense apenas frequentando a faculdade ou acumulando graus acadêmicos. Meu sogro foi um dos mais empenhados atenienses que eu já conheci, e ele passou toda sua vida adulta trabalhando como um alfaiate na Sétima Avenida, em Nova York. Por outro lado, conheço médicos, advogados e engenheiros que são visigodos irreparáveis. E também devo dizer-lhe, tanto com tristeza quanto com vergonha, que em algumas de nossas grandes universidades, tanto na minha quanto na de vocês, existem professores dos quais podemos dizer que são visigodos enrustidos. Mesmo assim, vocês não devem duvidar por um só momento que a escola, afinal, é em sua essência uma ideia ateniense. Existe uma relação direta entre as realizações culturais de Atenas e as atividades das quais o corpo docente desta universidade se ocupa.
  • 10. Não tenho dificuldade em imaginar que Platão, Aristóteles ou Hipócrates, se sentiriam completamente à vontade em nossas salas de aula. Um visigodo iria apenas rabiscar obscenidades na parede. E assim, quer você esteja ciente disso ou não, um dos propósitos da sua passagem por essa universidade foi lhe dar um vislumbre do caminho ateniense, chamar sua atenção para o caminho ateniense. Não nos é dado saber, nesse dia, quantos de vocês vão escolher esse caminho, e quantos não vão. Vocês são jovens e não podemos prever seu futuro. Mas vou dizer só mais uma coisa, e com ela concluirei: Não consigo desejar um elogio maior para vocês do que, em algum tempo futuro, seja dito que entre os formandos dessa turma da BYU o número de atenienses superou em muito o dos visigodos. Obrigado e Parabéns.