Artigo a publicar na Revista Logística Moderna - Agosto de 2013

1. TRANSFERIR VALOR ATRAVÉS
DA CADEIA DE FORNECIMENTO
João Paulo Pinto, PhD MSc(Eng) 15 de Agosto de 2013
Há mais de cinco décadas que a aplicação dos princípios e as ferramentas lean management às
operações industriais e/ou de serviços geram enormes vantagens para as empresas que a
aplicam. Contudo, a grande fatia dos benefícios lean estão reservados para a aplicação fora das
fronteiras de cada empresa, ie, na cadeia de fornecimento onde as empresas actuam.
O valor, que para muitos é medido como o “material certo no momento certo e de acordo com o
que foi pedido”, resulta do esforço conjunto de cada empresa na cadeia de fornecimento. Não é
do esforço isolado de cada empresa, mas sim do contributo de todas na cadeia que o valor é
gerado e entregue ao cliente final. E isto, por sua vez, resulta da integração de todas as partes da
cadeia, formando uma rede coesa e colaborativa, que em total sintonia com o cliente se adapta
aos seus pedidos e necessidades.
Adoptar o pensamento lean na gestão da cadeia de fornecimento é o passo que se segue na
conquista de um desempenho de classe mundial. Vencidas que estão muitas das dificuldades da
aplicação lean “entre portas” em cada empresa, o desafio agora é criar uma cadeia magra e ágil
capaz de responder à necessidade de reduzir tempos e custos sem penalizar a qualidade e a
flexibilidade da cadeia.
Acredito que a maioria do desperdício (ie, tudo o que cliente final não está disposto a pagar)
encontra-se disperso pela cadeia (não necessariamente no seio de cada empresa, mas entre
estas, ou seja na forma como estas se relacionam e formam entre si a rede) e o primeiro passo
será identificar e quantificar esse desperdício (muda) e em conjunto, as empresas, encontrarem
formas de o eliminar.
Pensar lean ao nível da gestão da cadeia irá obrigar a rever paradigmas de gestão e a vencer
barreiras culturais que levam as empresas a isolaram-se e a não colaborar. Pensar lean é pensar
win-win (clientes e fornecedores), é adoptar uma visão holística da cadeia, uma linguagem
comum (eventualmente baseada no modelo SCOR) e um modelo de avaliação do desempenho
centrado na satisfação das necessidades e pedidos do cliente final. Pensar lean é adoptar uma
filosofia de melhoria contínua onde todos os elos proactivamente eliminam os seus mudas,
geram valor e agilizam os seus processos.
Gerir a cadeia de fornecimento de acordo com os princípios lean não será uma opção mas sim o
caminho para a sobrevivência. O caminho não é feito isoladamente, mas sim em colaboração com
todos os parceiros da cadeia.
Pense lean, seja ágil.
SUPPLY CHAIN MANAGEMENT
www.cltservices.net