1. A vida de Platão desde a sua juventude em Atenas até suas viagens para o Egito, Sicília e Itália, onde conheceu diferentes filósofos e matemáticos que influenciaram seu pensamento.
2. Um resumo breve da filosofia de Platão, com foco na imortalidade da alma.
3. O diálogo O Teeteto, no qual Sócrates discute a natureza do conhecimento com Teeteto.
4. A Apologia de Sócrates, no qual Sócrates
O Teeteto de Platão e a Apologia de SócratesJorge Barbosa
Este documento apresenta um prefácio e uma introdução à vida de Platão. No prefácio, o autor descreve as fontes e influências no seu texto sobre Platão e a Doutrina Social da Igreja. A introdução fornece detalhes biográficos sobre a família e educação iniciais de Platão em Atenas.
Sofistas, Sócrates, Platão e Aristóteles, ideias socráticas, caverna de Platão, Aristóteles, Ética aristotélica, Filosofia Grega, Grandes pensadores gregos,ÉTICA, LÓGICA ARISTOTÉLICA, POLÍTICA GRÉCIA ANTIGA,
Platão nasceu em 427 a.C. em Atenas e teve uma educação privilegiada. Ele se interessou inicialmente pela poesia mas depois se dedicou à filosofia, influenciado por Sócrates, seu mentor. Após a condenação e morte de Sócrates, Platão fundou a Academia em 387 a.C. para educar os jovens na filosofia.
Este documento fornece informações sobre a vida e obra do filósofo grego Platão. Resume que Platão nasceu em Atenas por volta de 427 a.C. e foi influenciado pelas ideias políticas de sua época, especialmente pela democracia ateniense. O documento também descreve como Platão criticou aspectos da democracia ateniense e procurou desenvolver novas soluções políticas em seus diálogos, buscando sempre integrar filosofia e política.
O documento discute a filosofia na Grécia antiga. Afirma que os gregos filosofaram na plenitude da maturidade, não na desgraça, e que isso revela algo sobre a natureza da filosofia e sobre os próprios gregos. Também diz que os primeiros filósofos gregos, como Tales e Sócrates, formaram uma "República de gênios" e expressaram os traços do espírito helênico através de seus diálogos e personalidades.
O documento discute a relação entre filosofia e mundo. A opinião corrente é que a filosofia é inútil e sem aplicação prática, embora seja respeitada por tradição. Muitos se opõem à filosofia por achá-la complexa demais ou não relevante para suas vidas. A filosofia também enfrenta inimigos que desejam substituí-la ou desacreditá-la.
Este documento discute 8 razões pelas quais todos os homens deveriam estudar a cultura clássica da Grécia e Roma antigas. Primeiro, melhoraria sua cultura literária e capacidade de compreender referências culturais ocidentais. Segundo, permitiria participar de debates filosóficos fundamentais. Terceiro, ajudaria a ver conexões entre diferentes ideias. Quarto, inspiria virtude e moralidade.
Platão era de uma família aristocrática ateniense e passou grande parte da juventude discutindo com Sócrates, por quem tinha grande admiração. Fundou a Academia de Atenas para educar futuros governantes e ensinou filosofia, matemática e outras matérias. Sua obra mais conhecida é A República, que inclui o famoso Mito da Caverna sobre a busca pelo conhecimento.
O Teeteto de Platão e a Apologia de SócratesJorge Barbosa
Este documento apresenta um prefácio e uma introdução à vida de Platão. No prefácio, o autor descreve as fontes e influências no seu texto sobre Platão e a Doutrina Social da Igreja. A introdução fornece detalhes biográficos sobre a família e educação iniciais de Platão em Atenas.
Sofistas, Sócrates, Platão e Aristóteles, ideias socráticas, caverna de Platão, Aristóteles, Ética aristotélica, Filosofia Grega, Grandes pensadores gregos,ÉTICA, LÓGICA ARISTOTÉLICA, POLÍTICA GRÉCIA ANTIGA,
Platão nasceu em 427 a.C. em Atenas e teve uma educação privilegiada. Ele se interessou inicialmente pela poesia mas depois se dedicou à filosofia, influenciado por Sócrates, seu mentor. Após a condenação e morte de Sócrates, Platão fundou a Academia em 387 a.C. para educar os jovens na filosofia.
Este documento fornece informações sobre a vida e obra do filósofo grego Platão. Resume que Platão nasceu em Atenas por volta de 427 a.C. e foi influenciado pelas ideias políticas de sua época, especialmente pela democracia ateniense. O documento também descreve como Platão criticou aspectos da democracia ateniense e procurou desenvolver novas soluções políticas em seus diálogos, buscando sempre integrar filosofia e política.
O documento discute a filosofia na Grécia antiga. Afirma que os gregos filosofaram na plenitude da maturidade, não na desgraça, e que isso revela algo sobre a natureza da filosofia e sobre os próprios gregos. Também diz que os primeiros filósofos gregos, como Tales e Sócrates, formaram uma "República de gênios" e expressaram os traços do espírito helênico através de seus diálogos e personalidades.
O documento discute a relação entre filosofia e mundo. A opinião corrente é que a filosofia é inútil e sem aplicação prática, embora seja respeitada por tradição. Muitos se opõem à filosofia por achá-la complexa demais ou não relevante para suas vidas. A filosofia também enfrenta inimigos que desejam substituí-la ou desacreditá-la.
Este documento discute 8 razões pelas quais todos os homens deveriam estudar a cultura clássica da Grécia e Roma antigas. Primeiro, melhoraria sua cultura literária e capacidade de compreender referências culturais ocidentais. Segundo, permitiria participar de debates filosóficos fundamentais. Terceiro, ajudaria a ver conexões entre diferentes ideias. Quarto, inspiria virtude e moralidade.
Platão era de uma família aristocrática ateniense e passou grande parte da juventude discutindo com Sócrates, por quem tinha grande admiração. Fundou a Academia de Atenas para educar futuros governantes e ensinou filosofia, matemática e outras matérias. Sua obra mais conhecida é A República, que inclui o famoso Mito da Caverna sobre a busca pelo conhecimento.
Platão foi um filósofo grego nascido em 428 a.C. em Atenas. Ele fundou a Academia, o primeiro local dedicado ao estudo da filosofia. Platão acreditava na existência de dois mundos distintos: o mundo sensível, percebido pelos sentidos, e o mundo inteligível, percebido pela razão, onde existem as ideias perfeitas. Ele usou o Mito da Caverna para ilustrar como as pessoas têm uma visão distorcida da realidade.
Platão viveu de 427 a.C. a 347 a.C. e foi um filósofo ateniense influenciado por Sócrates. Ele acreditava na existência de Ideias eternas e imutáveis que representavam a essência perfeita de todas as coisas materiais. Platão fundou a Academia em Atenas para ensinar suas ideias filosóficas.
Este documento resume o capítulo sobre o pensamento humanista-renascentista e suas características gerais, abordando conceitos como o significado historiográfico do termo "Humanismo", a interpretação da "Renascença" como "renovação" e "volta aos antigos", e as principais figuras e debates filosóficos do período, como o neoplatonismo de Nicolau de Cusa, Marsílio Ficino e Pico della Mirandola.
Platão foi um dos maiores filósofos gregos, discípulo de Sócrates. Fundou sua própria escola após a morte de Sócrates e escreveu diversos diálogos explorando suas ideias filosóficas. Sua obra mais famosa é A República, onde defende uma sociedade hierárquica governada por filósofos.
O documento descreve a evolução da doutrina jurídica na Grécia antiga, Roma antiga e época moderna. Na Grécia, os sacerdotes eram os primeiros conhecedores do direito, mas poucos se especializaram como juristas. Na Roma antiga, a jurisprudência se desenvolveu graças à combinação da tradição jurídica romana com a filosofia grega por Cícero. Na época moderna, Montesquieu aplicou um novo método de estudo do direito, enquanto thinkers como Grotius
Este documento apresenta o prefácio e a introdução de Francis Bacon à sua obra "A sabedoria dos antigos", na qual ele interpreta 31 mitos da Grécia Antiga de forma alegórica para transmitir ideias filosóficas sobre temas como o naturalismo materialista, a distinção entre teologia e ciência, e a importância do progresso humano. O texto contextualiza a abordagem alegórica de Bacon e discute a evolução de suas visões sobre a sabedoria oculta nos mitos ao longo de sua obra.
O filme mostra os últimos dias de Sócrates, incluindo seu julgamento e condenação à morte por ensinar os jovens e questionar as autoridades. Sócrates defende-se das acusações no julgamento, mas é condenado à morte por difundir novas ideias.
O documento descreve a vida e o pensamento de Aristóteles em menos de 3 frases:
1) Aristóteles estudou na Academia de Platão por 20 anos antes de fundar sua própria escola, o Liceu, em Atenas.
2) Ele desenvolveu a lógica formal para estabelecer normas de pensamento que permitissem demonstrações corretas e irretorquíveis, fundando assim a lógica como disciplina.
3) Sua metafísica trata do ser enquanto ser, indagando sobre as causas primeiras
O documento descreve o surgimento da filosofia na Grécia Antiga entre os séculos VII e VI a.C., marcando a passagem do saber mítico para o pensamento racional. Detalha os principais pensadores pré-socráticos como Tales de Mileto, Anaximandro, Pitágoras, Heráclito e Parmênides e suas ideias sobre o princípio originador de todas as coisas.
Platão (428-347 a.C.) foi um importante filósofo da Grécia Antiga que desenvolveu uma filosofia baseada na busca da verdade por meio da razão, não dos sentidos. Ele acreditava na existência de formas ideais eternas que representam a essência das coisas materiais. Sua influente teoria separava o mundo sensível do mundo inteligível das ideias, ilustrada na alegoria da caverna.
Socrates e Platao Precursores da ideia CristaPatricia Farias
O documento discute Sócrates e Platão como precursores das ideias cristã e espírita. Apresenta breve biografia de Sócrates, seu lema "conhece-te a ti mesmo" e sua condenação à morte. Também resume a filosofia de Platão, seu mestre, que buscou eternizar os ensinamentos de Sócrates por escrito. Argumenta que as ideias de Sócrates, embora anteriores ao Cristianismo, não eram pagãs e pressentiam conceitos cristãos e espíritas.
O documento discute a filosofia antiga, dividida em quatro períodos: cosmológico, antropológico, sistemático e helenístico. Também apresenta breves biografias de filósofos importantes como Tales de Mileto, Pitágoras e Heráclito.
O documento fornece um resumo da vida e obra de Platão em 3 frases:
1) Platão nasceu em Atenas no século V a.C. e fundou a Academia, primeira instituição de pesquisa filosófica.
2) Influenciado por Sócrates, Platão escreveu diálogos que discutem ética, política e epistemologia de forma aporética.
3) Ao longo de sua vida, Platão alternou entre atividade filosófica e tentativas frustradas de aplicar suas ideias na política de
1. O texto descreve a vida e filosofia de Platão em três frases ou menos. 2. Fala sobre a educação de Platão em Atenas e seu encontro com Sócrates, que o influenciou profundamente. 3. Também aborda as viagens de Platão, onde conheceu diferentes filósofos e escolas de pensamento que contribuíram para o desenvolvimento de sua própria filosofia.
Platão viveu de 427 a.C. a 347 a.C. e desenvolveu a teoria das formas, segundo a qual o mundo visível é apenas uma cópia imperfeita de um mundo ideal de formas eternas e imutáveis. Ele fundou a Academia em Atenas para ensinar filosofia, matemática e ginástica.
Compendio de teologia_de_santo_tomas_compendium_theologiaeJoão Rafael Lopes
Este documento apresenta o prefácio de uma tradução do Compêndio de Teologia de São Tomás de Aquino. O texto resume que a obra foi escrita por São Tomás para seu amigo e discípulo Frei Reginaldo de Piperno como um manual conciso da doutrina cristã. A primeira parte, sobre a fé, é a única completa e contém quase toda a teologia de São Tomás de forma concisa e lógica.
As dissertações resumem as visões de filósofos como Aristóteles, Kohlberg, Platão, Arendt e Pitágoras. Os alunos discutem suas contribuições para a filosofia, como Aristóteles enfatizando a razão e experimentação e Kohlberg defendendo valores morais na educação.
Este documento fornece um resumo da vida e obra de Aristóteles. Ele ingressou na Academia Platônica em Atenas e estudou lá por 20 anos, eventualmente se tornando o principal professor. Depois que Platão morreu, Aristóteles deixou Atenas e ensinou o filho de Filipe da Macedônia, Alexandre, o Grande. Mais tarde, Aristóteles retornou a Atenas e fundou sua própria escola, o Liceu.
02 sócrates - coleção os pensadores (1987)Nayara Scrimim
O documento descreve a vida e obra de Sócrates. Em 399 a.C., Sócrates foi julgado por uma corte popular em Atenas e condenado à morte por corromper a juventude e não reconhecer os deuses da cidade. A defesa de Sócrates perante o tribunal é relatada por Platão em sua "Apologia de Sócrates". Apesar de sua defesa serena e argumentos lógicos, Sócrates foi condenado e escolheu beber cicuta para cumprir sua pena.
Este documento discute o retrato de Sócrates feito por Xenofonte em três de suas obras - Memoráveis, Banquete e Apologia. O autor argumenta que Xenofonte pintou um Sócrates idealizado, sem defeitos, com o objetivo de defender seu mestre das acusações que levaram à sua condenação à morte em Atenas no século V a.C.
O documento resume os principais períodos da história da filosofia, incluindo os pré-socráticos, socráticos e pós-socráticos. Destaca filósofos como Tales de Mileto, Pitágoras, Sócrates, Platão e Aristóteles, e suas principais ideias e contribuições para o desenvolvimento da filosofia.
O documento apresenta a biografia e as ideias filosóficas de Platão. Ele foi influenciado pelos filósofos pré-socráticos como Pitágoras e Sócrates. Platão desenvolveu a Teoria das Ideias, segundo a qual existem formas ideais perfeitas que servem de modelo para as coisas no mundo real. Ele fundou a Academia em Atenas para ensinar e desenvolver suas ideias.
Platão foi um filósofo grego nascido em 428 a.C. em Atenas. Ele fundou a Academia, o primeiro local dedicado ao estudo da filosofia. Platão acreditava na existência de dois mundos distintos: o mundo sensível, percebido pelos sentidos, e o mundo inteligível, percebido pela razão, onde existem as ideias perfeitas. Ele usou o Mito da Caverna para ilustrar como as pessoas têm uma visão distorcida da realidade.
Platão viveu de 427 a.C. a 347 a.C. e foi um filósofo ateniense influenciado por Sócrates. Ele acreditava na existência de Ideias eternas e imutáveis que representavam a essência perfeita de todas as coisas materiais. Platão fundou a Academia em Atenas para ensinar suas ideias filosóficas.
Este documento resume o capítulo sobre o pensamento humanista-renascentista e suas características gerais, abordando conceitos como o significado historiográfico do termo "Humanismo", a interpretação da "Renascença" como "renovação" e "volta aos antigos", e as principais figuras e debates filosóficos do período, como o neoplatonismo de Nicolau de Cusa, Marsílio Ficino e Pico della Mirandola.
Platão foi um dos maiores filósofos gregos, discípulo de Sócrates. Fundou sua própria escola após a morte de Sócrates e escreveu diversos diálogos explorando suas ideias filosóficas. Sua obra mais famosa é A República, onde defende uma sociedade hierárquica governada por filósofos.
O documento descreve a evolução da doutrina jurídica na Grécia antiga, Roma antiga e época moderna. Na Grécia, os sacerdotes eram os primeiros conhecedores do direito, mas poucos se especializaram como juristas. Na Roma antiga, a jurisprudência se desenvolveu graças à combinação da tradição jurídica romana com a filosofia grega por Cícero. Na época moderna, Montesquieu aplicou um novo método de estudo do direito, enquanto thinkers como Grotius
Este documento apresenta o prefácio e a introdução de Francis Bacon à sua obra "A sabedoria dos antigos", na qual ele interpreta 31 mitos da Grécia Antiga de forma alegórica para transmitir ideias filosóficas sobre temas como o naturalismo materialista, a distinção entre teologia e ciência, e a importância do progresso humano. O texto contextualiza a abordagem alegórica de Bacon e discute a evolução de suas visões sobre a sabedoria oculta nos mitos ao longo de sua obra.
O filme mostra os últimos dias de Sócrates, incluindo seu julgamento e condenação à morte por ensinar os jovens e questionar as autoridades. Sócrates defende-se das acusações no julgamento, mas é condenado à morte por difundir novas ideias.
O documento descreve a vida e o pensamento de Aristóteles em menos de 3 frases:
1) Aristóteles estudou na Academia de Platão por 20 anos antes de fundar sua própria escola, o Liceu, em Atenas.
2) Ele desenvolveu a lógica formal para estabelecer normas de pensamento que permitissem demonstrações corretas e irretorquíveis, fundando assim a lógica como disciplina.
3) Sua metafísica trata do ser enquanto ser, indagando sobre as causas primeiras
O documento descreve o surgimento da filosofia na Grécia Antiga entre os séculos VII e VI a.C., marcando a passagem do saber mítico para o pensamento racional. Detalha os principais pensadores pré-socráticos como Tales de Mileto, Anaximandro, Pitágoras, Heráclito e Parmênides e suas ideias sobre o princípio originador de todas as coisas.
Platão (428-347 a.C.) foi um importante filósofo da Grécia Antiga que desenvolveu uma filosofia baseada na busca da verdade por meio da razão, não dos sentidos. Ele acreditava na existência de formas ideais eternas que representam a essência das coisas materiais. Sua influente teoria separava o mundo sensível do mundo inteligível das ideias, ilustrada na alegoria da caverna.
Socrates e Platao Precursores da ideia CristaPatricia Farias
O documento discute Sócrates e Platão como precursores das ideias cristã e espírita. Apresenta breve biografia de Sócrates, seu lema "conhece-te a ti mesmo" e sua condenação à morte. Também resume a filosofia de Platão, seu mestre, que buscou eternizar os ensinamentos de Sócrates por escrito. Argumenta que as ideias de Sócrates, embora anteriores ao Cristianismo, não eram pagãs e pressentiam conceitos cristãos e espíritas.
O documento discute a filosofia antiga, dividida em quatro períodos: cosmológico, antropológico, sistemático e helenístico. Também apresenta breves biografias de filósofos importantes como Tales de Mileto, Pitágoras e Heráclito.
O documento fornece um resumo da vida e obra de Platão em 3 frases:
1) Platão nasceu em Atenas no século V a.C. e fundou a Academia, primeira instituição de pesquisa filosófica.
2) Influenciado por Sócrates, Platão escreveu diálogos que discutem ética, política e epistemologia de forma aporética.
3) Ao longo de sua vida, Platão alternou entre atividade filosófica e tentativas frustradas de aplicar suas ideias na política de
1. O texto descreve a vida e filosofia de Platão em três frases ou menos. 2. Fala sobre a educação de Platão em Atenas e seu encontro com Sócrates, que o influenciou profundamente. 3. Também aborda as viagens de Platão, onde conheceu diferentes filósofos e escolas de pensamento que contribuíram para o desenvolvimento de sua própria filosofia.
Platão viveu de 427 a.C. a 347 a.C. e desenvolveu a teoria das formas, segundo a qual o mundo visível é apenas uma cópia imperfeita de um mundo ideal de formas eternas e imutáveis. Ele fundou a Academia em Atenas para ensinar filosofia, matemática e ginástica.
Compendio de teologia_de_santo_tomas_compendium_theologiaeJoão Rafael Lopes
Este documento apresenta o prefácio de uma tradução do Compêndio de Teologia de São Tomás de Aquino. O texto resume que a obra foi escrita por São Tomás para seu amigo e discípulo Frei Reginaldo de Piperno como um manual conciso da doutrina cristã. A primeira parte, sobre a fé, é a única completa e contém quase toda a teologia de São Tomás de forma concisa e lógica.
As dissertações resumem as visões de filósofos como Aristóteles, Kohlberg, Platão, Arendt e Pitágoras. Os alunos discutem suas contribuições para a filosofia, como Aristóteles enfatizando a razão e experimentação e Kohlberg defendendo valores morais na educação.
Este documento fornece um resumo da vida e obra de Aristóteles. Ele ingressou na Academia Platônica em Atenas e estudou lá por 20 anos, eventualmente se tornando o principal professor. Depois que Platão morreu, Aristóteles deixou Atenas e ensinou o filho de Filipe da Macedônia, Alexandre, o Grande. Mais tarde, Aristóteles retornou a Atenas e fundou sua própria escola, o Liceu.
02 sócrates - coleção os pensadores (1987)Nayara Scrimim
O documento descreve a vida e obra de Sócrates. Em 399 a.C., Sócrates foi julgado por uma corte popular em Atenas e condenado à morte por corromper a juventude e não reconhecer os deuses da cidade. A defesa de Sócrates perante o tribunal é relatada por Platão em sua "Apologia de Sócrates". Apesar de sua defesa serena e argumentos lógicos, Sócrates foi condenado e escolheu beber cicuta para cumprir sua pena.
Este documento discute o retrato de Sócrates feito por Xenofonte em três de suas obras - Memoráveis, Banquete e Apologia. O autor argumenta que Xenofonte pintou um Sócrates idealizado, sem defeitos, com o objetivo de defender seu mestre das acusações que levaram à sua condenação à morte em Atenas no século V a.C.
O documento resume os principais períodos da história da filosofia, incluindo os pré-socráticos, socráticos e pós-socráticos. Destaca filósofos como Tales de Mileto, Pitágoras, Sócrates, Platão e Aristóteles, e suas principais ideias e contribuições para o desenvolvimento da filosofia.
O documento apresenta a biografia e as ideias filosóficas de Platão. Ele foi influenciado pelos filósofos pré-socráticos como Pitágoras e Sócrates. Platão desenvolveu a Teoria das Ideias, segundo a qual existem formas ideais perfeitas que servem de modelo para as coisas no mundo real. Ele fundou a Academia em Atenas para ensinar e desenvolver suas ideias.
Este documento fornece um resumo da vida e obra do filósofo grego Platão em menos de 3 frases. Ele nasceu em Atenas em 428-7 a.C. e morreu em 348-7 a.C., testemunhando o apogeu e declínio da democracia ateniense. Sua filosofia e ação política estiveram interligadas, criticando as deficiências da democracia ateniense e buscando soluções políticas ideais. Platão acreditava que os males da humanidade só cessariam quando os fil
O documento descreve o conceito de humanismo ao longo da história, desde seu surgimento na antiguidade clássica até suas diferentes interpretações filosóficas. Apresenta também os principais pensadores gregos como os pré-socráticos, sofistas, Sócrates, Platão e Aristóteles, e suas contribuições para o desenvolvimento do pensamento humanista.
Sócrates foi um filósofo grego que viveu no século V a.C. em Atenas. Ele acreditava que o autoconhecimento e a busca da verdade eram essenciais para a sabedoria e a virtude. Sócrates usava o método dialético para questionar as crenças das pessoas e levá-las a refletir criticamente sobre si mesmas. Ele foi condenado à morte por corrupção da juventude e por não reconhecer os deuses do Estado.
1) O texto descreve Sócrates, um filósofo grego que questionava as crenças estabelecidas em Atenas por meio do diálogo. 2) Em seguida, fala sobre Platão, discípulo de Sócrates que desenvolveu a teoria das Formas e defendia que os filósofos deveriam governar. 3) Por fim, apresenta Aristóteles, outro grande filósofo grego que estudou na Academia de Platão e sistematizou os saberes produzidos na Grécia Antiga.
04 aristóteles-v.1-coleção-os-pensadores-1987MGS High School
Este documento apresenta um resumo da vida e obra do filósofo grego Aristóteles. Ele ingressou na Academia Platônica em Atenas aos dezoito anos e estudou lá por vinte anos, se tornando o principal discípulo de Platão. Posteriormente, Aristóteles fundou sua própria escola, o Liceu, onde desenvolveu suas próprias teorias filosóficas que abrangeram uma ampla gama de assuntos. O documento também fornece contexto sobre a Grécia do século IV a.C. e
Sócrates foi um filósofo ateniense do século V a.C. que contribuiu significativamente para a ética e lógica ocidental através de seu método pedagógico de questionamento. Embora pouco se saiba diretamente sobre sua vida, os diálogos de Platão fornecem os relatos mais abrangentes sobre seu método filosófico e ideias. Sócrates questionava os outros para encorajar o pensamento crítico e o entendimento dos assuntos, influenciando muitos filósofos posteriores.
O documento resume a aula sobre Sócrates e o nascimento da filosofia na Grécia antiga. Discorre sobre Sócrates questionar verdades através do diálogo e método maieútico, buscando uma verdade acessível a todos através da razão, diferentemente dos pré-socráticos e sofistas. Também aborda a ética socrática de autonomia baseada no conhecimento de si e da verdade, levando à consciência ética na determinação da conduta.
O documento descreve os principais filósofos clássicos gregos: Sócrates, Platão e Aristóteles. Sócrates questionava os atenienses sobre como viver bem em sociedade através de diálogos, até ser condenado à morte. Platão fundou a Academia e via as idéias como a verdadeira realidade. Aristóteles sistematizou o conhecimento antigo e fundou o Liceu.
O documento descreve os principais filósofos clássicos gregos: Sócrates, Platão e Aristóteles. Sócrates questionava os atenienses sobre como viver bem em sociedade através de diálogos, até ser condenado à morte. Platão fundou a Academia e via as idéias como a verdadeira realidade. Aristóteles sistematizou o conhecimento antigo e fundou o Liceu.
O documento descreve os principais filósofos clássicos gregos: Sócrates, Platão e Aristóteles. Sócrates questionava os atenienses sobre como viver bem em sociedade através de diálogos, até ser condenado à morte. Platão fundou a Academia e via as idéias como a verdadeira realidade. Aristóteles sistematizou o conhecimento antigo e fundou o Liceu.
O documento discute três filósofos pré-socráticos: Heráclito, Demócrito e Pitágoras. Apresenta breves biografias de cada um, destacando as principais ideias e contribuições de cada um para a filosofia, como Heráclito acreditar que tudo está em constante mudança, Demócrito ter desenvolvido a teoria atômica e Pitágoras ter estudado matemática e números.
1) O documento discute os Sofistas e Sócrates no século V a.C. na Grécia.
2) Os Sofistas eram educadores profissionais que ensinavam vários assuntos em troca de pagamento.
3) Sócrates se opunha aos Sofistas, acreditando que a virtude deveria ser ensinada buscando a verdade, não apenas agradar as pessoas.
A dimensão política segundo platão e a crítica de aristotelesJoao Carlos
1) O documento discute o pensamento político de Platão e Aristóteles, especificamente sobre justiça e organização política.
2) Ele analisa como Platão via a justiça como capaz de organizar a cidade e corrigir imperfeições, tendo a educação voltada ao conhecimento verdadeiro.
3) Também examina como Aristóteles se opôs a Platão, propondo um modelo mais realista de como situar o indivíduo na ordem coletiva.
O documento descreve a filosofia antiga, desde seus primórdios com Tales de Mileto até o período helenístico. Apresenta os principais períodos e escolas filosóficas gregas, como a pré-socrática, socrática, sistemática e helenística. Destaca Sócrates e seu método de questionamento como um marco importante para o desenvolvimento do pensamento filosófico.
Este documento fornece informações sobre Platão, um filósofo grego antigo que ajudou a estabelecer as bases da filosofia ocidental. Ele fundou a Academia, a primeira instituição de educação superior do mundo. O texto resume sua vida e obra filosófica, incluindo algumas de suas frases mais famosas.
Proposta Honesta e Concreta de Reestruturação da Dívida PortuguesaJorge Barbosa
É uma prposta claramente de esquerda. Mas suponho que, tirando uma certa espécie de "nacionalização" do sistema financeiro (bancos e seguros), até a direita menos radical concordaria.
O documento lista nomes de profissionais de saúde e suas categorias e datas de efeito de certas decisões administrativas, como licenças sem remuneração e alterações de horários de trabalho. Também resume deliberações de conselhos diretivos sobre autorizações de acumulação de funções privadas por parte de funcionários de hospitais psiquiátricos.
O relatório do grupo de trabalho sobre educação especial discute:
1) A caracterização atual da educação especial em Portugal, notando o aumento de alunos com necessidades especiais de educação e deficiência;
2) Resultados e propostas de melhoria, incluindo a referenciação e avaliação de alunos, prestação de serviços de apoio especializado, e recursos humanos;
3) Conclusões e recomendações para melhorar o quadro normativo e apoiar melhor os alunos com necessidades especiais.
Sentimentos Acráticos, Empatia e AutoconsciênciaJorge Barbosa
O documento discute o papel dos sentimentos acráticos na empatia e autoconsciência. Argumenta que os sentimentos acráticos criam uma plataforma emocional que permite um tipo de encontro empático e espaço para autoconsciência, ajudando no autoconhecimento e compreensão dos processos emocionais.
Afetos, Emoções e Conceitos AparentadosJorge Barbosa
O documento discute as diferenças entre conceitos relacionados a afetos como emoção, sentimento e humor. Ele explora como as emoções elementares podem se associar em emoções mais complexas e como os afetos envolvem uma dimensão interpessoal ao incorporar os outros em nós mesmos. Recentes descobertas sobre neurônios espelho e teoria da mente ajudam a entender como desenvolvemos a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro, o que está na raiz dos afetos.
regime de seleção, recrutamento e mobilidade do pessoal docente dos ensinos b...Jorge Barbosa
1) O documento descreve alterações ao regime de recrutamento e mobilidade do pessoal docente com o objetivo de melhorar a gestão dos recursos humanos e a eficiência do sistema educativo.
2) As principais alterações incluem a periodicidade dos concursos, critérios de colocação, mobilidade entre grupos de recrutamento e prioridades no concurso externo.
3) O objetivo é garantir a melhoria dos procedimentos de seleção e recrutamento docente, reforçar a valorização profissional e assegurar uma boa prestação de
O documento lista nomes de profissionais de saúde e suas categorias e datas de efeito de decisões administrativas. Inclui também extratos de deliberações de conselhos diretivos sobre licenças, horários e acumulação de funções de funcionários públicos da saúde.
Este documento propõe orientações para reformar o Estado em Portugal com o objetivo de melhorar as políticas públicas e torná-las mais eficientes e sustentáveis a longo prazo. A proposta é aberta e visa promover o diálogo com partidos políticos e parceiros sociais sobre como reduzir a despesa pública de forma gradual e equilibrada, preservando o Estado Social.
1) O documento apresenta definições conceituais de termos como substância, atributo, modo e Deus feitas por Baruch Espinosa em sua obra Ética.
2) Espinosa define Deus como o ente absolutamente infinito, constituído por infinitos atributos que expressam essências eternas e infinitas.
3) A primeira proposição afirma que a substância é anterior por natureza às suas afecções.
O documento descreve a sociedade dos Hibernários, que viviam dentro de uma cidade murada com botões e interruptores de funções desconhecidas. Os Hibernários passavam o tempo falando sem parar para manter sua inteligência, até que os animais pararam de fazer barulho. Eventualmente, um interruptor fez com que os dentes de leite de uma criança caíssem, revelando sua função.
O documento descreve a velha-do-postigo, que passa os dias sentada em um banco rendilhando uma renda e observando o mundo através de um postigo. Ela reflete sobre a natureza da renda, do postigo e do mundo que observa, questionando se estes objetos são realmente o que parecem ser.
1) O documento discute a perspectiva de Kant sobre a "revolução copernicana", na qual o sujeito não se submete ao objeto, mas o objeto se submete ao sujeito através das categorias do entendimento.
2) A síntese da imaginação refere os fenômenos ao entendimento, que é a faculdade legisladora através de suas categorias a priori.
3) Os fenômenos estão submetidos às categorias do entendimento e à sua unidade transcendental, o que faz com que o entendimento seja o legislador da
Representantes de associações científicas de ciências sociais e humanas expressam perplexidade pela composição do Conselho Científico das CSH da FCT, alegando que alguns membros não têm atividade relevante nas áreas científicas em causa e que não foram seguidos padrões de exigência internacionalmente reconhecidos; pedem a revogação da decisão que nomeou o Conselho.
1) O documento apresenta uma introdução sobre a vida e obra do filósofo Baruch Spinoza.
2) Spinoza desenvolveu uma filosofia que defendia a independência da filosofia em relação à religião e à política.
3) Sua obra prima Ética propõe uma ontologia onde os entes existem como modos do ser, sem apelar a noções morais de dever ou valores.
O Presidente da República propõe um acordo de médio prazo entre os três principais partidos para garantir estabilidade governativa até ao final do programa de ajustamento em Junho de 2014. O acordo deve estabelecer um calendário para eleições antecipadas nessa altura e apoio às medidas necessárias para concluir o programa com sucesso.
A empresa de tecnologia anunciou um novo smartphone com câmera aprimorada, maior tela e melhor desempenho. O novo dispositivo também possui maior capacidade de armazenamento e bateria de longa duração. O lançamento do novo modelo está programado para o final deste ano.
O Que é Um Ménage à Trois?
A sociedade contemporânea está passando por grandes mudanças comportamentais no âmbito da sexualidade humana, tendo inversão de valores indescritíveis, que assusta as famílias tradicionais instituídas na Palavra de Deus.
REGULAMENTO DO CONCURSO DESENHOS AFRO/2024 - 14ª edição - CEIRI /UREI (ficha...Eró Cunha
XIV Concurso de Desenhos Afro/24
TEMA: Racismo Ambiental e Direitos Humanos
PARTICIPANTES/PÚBLICO: Estudantes regularmente matriculados em escolas públicas estaduais, municipais, IEMA e IFMA (Ensino Fundamental, Médio e EJA).
CATEGORIAS: O Concurso de Desenhos Afro acontecerá em 4 categorias:
- CATEGORIA I: Ensino Fundamental I (4º e 5º ano)
- CATEGORIA II: Ensino Fundamental II (do 6º ao 9º ano)
- CATEGORIA III: Ensino Médio (1º, 2º e 3º séries)
- CATEGORIA IV: Estudantes com Deficiência (do Ensino Fundamental e Médio)
Realização: Unidade Regional de Educação de Imperatriz/MA (UREI), através da Coordenação da Educação da Igualdade Racial de Imperatriz (CEIRI) e parceiros
OBJETIVO:
- Realizar a 14ª edição do Concurso e Exposição de Desenhos Afro/24, produzidos por estudantes de escolas públicas de Imperatriz e região tocantina. Os trabalhos deverão ser produzidos a partir de estudo, pesquisas e produção, sob orientação da equipe docente das escolas. As obras devem retratar de forma crítica, criativa e positivada a população negra e os povos originários.
- Intensificar o trabalho com as Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, buscando, através das artes visuais, a concretização das práticas pedagógicas antirracistas.
- Instigar o reconhecimento da história, ciência, tecnologia, personalidades e cultura, ressaltando a presença e contribuição da população negra e indígena na reafirmação dos Direitos Humanos, conservação e preservação do Meio Ambiente.
Imperatriz/MA, 15 de fevereiro de 2024.
Produtora Executiva e Coordenadora Geral: Eronilde dos Santos Cunha (Eró Cunha)
3. Este texto destina-se aos meus alunos de Filosofia. tras são localizadas nos mapas atuais, a partir das infor-
mações contidas na “Wikipedia”. O mesmo acontece
Foi composto a partir de apontamentos meus, muitos
com o valor do dinheiro da época que foi apurado a par-
deles sem qualquer referência, por se destinarem mais
tir da conversão das minas em dracmas.
a apoiar as minhas leituras do que a serem alguma vez
publicados, e a partir das obras de Platão: O Teeteto e a A escrita deste texto, começada há já bastante tempo,
Apologia, em língua francesa. No meu tempo de estu- foi interrompida e interrompe, agora, a escrita de um
dante de Filosofia no Ensino Superior, as obras de Pla- outro texto sobre a Doutrina Social da Igreja (DSI). Na
tão não estavam acessíveis em língua portuguesa, pelo verdade, este último tem-se revelado mais complexo do
que me habituei a lê-las em francês. Mais tarde, tendo que era minha intenção inicial: A DSI não se compade-
completado a minha formação superior numa Universi- ce com uma escrita esquemática, como aquela que eu
dade francesa, adquiri o gosto por ler Platão e outros pensava fazer.
autores clássicos em francês. Desta circunstância, resul-
Tanto Platão como a DSI concordam num ponto em ter-
ta uma leitura do Teeteto que não coincide inteiramen-
mos de política: a justiça é o bem maior do Estado, a
te com aquela que se encontra nos manuais portugue-
justiça ou o bem comum. A liberdade individual deve
ses: assume-se que o tema do Teeteto é a ciência e não
subordinar-se à justiça. Numa época, em que as conce-
o conhecimento. No entanto, é mantida a terminologia,
ções políticas, por fanatismo liberal, se aproximam peri-
habitual nesses manuais, relativa à opinião e à opinião
gosamente de conceções e sobretudo de práticas anar-
verdadeira, por ser irrelevante outra qualquer, se o
quistas, quer Platão, quer a DSI podem, a par das teori-
tema considerado for o da Ciência.
as de Rawls ou de Amartya Senn, ser refrescantes e pro-
Os pormenores que se referem à vida de Sócrates são missoras. A justiça de que aqui se fala não é a justiça
sobretudo influenciados pela História da Filosofia de dos tribunais, que essa tem sempre origem na injusti-
Magalhães Vilhena. São acrescentados mapas, retira- ça, mas a justiça que, se existisse, dispensaria os tribu-
dos do “google maps” para ilustrar a região geográfica nais.
por onde Sócrates viajou. Algumas dessas localidades,
Jorge Nunes Barbosa
Julho, 2012
como Mégara e Kifissia, conheci-as pessoalmente, ou-
ii
4. C APÍTULO 1
A Vida de
Platão
A poesia enfrentava um declínio evidente
em Atenas, mas a prosa estava em ascen-
são. Lísias (que aparece em, pelo menos,
dois diálogos de Platão) escrevia discur-
sos de defesa em tribunal (parece que es-
creveu mesmo um para Sócrates), e Isó-
crates tinha fundado uma escola de retóri-
ca.
5. Platão nasceu em Atenas no ano 428-427 a.C., no povo-
ado de Collytos. Segundo Diógenes de Laércio, o seu
Vida Atribulada de Platão pai Aríston era descendente de uma família real, a famí-
lia de Codros, o último rei de Atenas. A sua mãe, Pericti-
one, irmã de Carmides e prima de Crítias, o tirano, des-
cendia de Drópides, que Diógenes de Laércio dizia ser
irmão de Sólon, um dos sete sábios da Grécia.
A tradição mandava que a uma criança, como Platão,
S UMÁRIO fosse atribuído o nome do seu avô. Portanto, Platão de-
1. A Vida de Platão veria ter-se chamado Aristocles. Segundo Diógenes de
Laércio, o nome de Platão foi-lhe dado pelo seu mestre
2. Resumo da Filosofia de Platão de ginástica, em alusão à sua corpulência.
3. O Teeteto
A família de Platão possuía uma propriedade em Kifis-
4. A Apologia de Sócrates sia, onde atualmente se situa
uma estação terminal da li-
nha 1 do metro de Atenas.
Aí, deve ter aprendido a gos-
tar da calma da vida rural,
mas, muito provavelmente,
deve ter passado a maior par-
te da sua infância na cidade,
para poder ter acesso à edu-
cação própria da sua condi-
ção social (o metro que liga o
centro da cidade de Atenas a
4
6. Kifissia é muito recente...). O mais certo, tendo em con- lecida a constituição democrática em Atenas, Platão já
ta as suas origens de nobreza, é que tenha aprendido a não estava tão confiante numa carreira política. A con-
honrar os deuses e a respeitar os rituais da religião, denação de Sócrates pelo regime democrático desilu-
como era tradição em todas as famílias de bem. Mante- diu-o de forma irrecuperável e definitiva. Ele tinha
rá durante toda a sua vida este respeito pela religião e mantido a esperança de que a democracia haveria de
imporá esse respeito nas suas Leis. Para além da ginás- melhorar a vida política; vendo que o mal parecia incu-
tica e da música, que eram a base da educação atenien- rável, dedicou-se completamente a preparar, através
se, também terá sido iniciado no desenho e na pintura. das suas obras, alterações políticas de fundo, onde os
Em filosofia, a sua formação terá começado com as li- filósofos, preceptores e governantes da humanidade,
ções de um discípulo de Heraclito, Crátilo, cujo nome haveriam de pôr fim à maldade que ele tanto repudia-
foi dado, por Platão, a um dos seus diálogos. Eram-lhe va.
reconhecidos talentos para a poesia. Foi testemunha
Segundo consta, Platão estaria doente quando Sócrates
dos sucessos de Eurípides e Ágaton, e ele próprio com-
bebeu a cicuta, e, por isso, não pôde estar presente nos
pôs tragédias, poemas líricos e ditirambos.
seus últimos momentos. Após a morte do mestre, reti-
Com cerca de vinte anos de idade, Platão conheceu Só- rou-se para Mégara (atualmente um aglomerado agríco-
crates. Diz-se que queimou as suas tragédias e que se la a 43Km de Atenas, atravessado pela auto-estrada Ate-
dedicou completamente à filosofia. Sócrates tinha dedi-
cado toda a sua vida a ensinar a virtude aos seus conci-
dadãos: a reforma (a conversão à virtude) dos cidadãos
era a condição necessária e indispensável para o bem-
estar da cidade. Este será também o objetivo principal
da vida de Platão que, tal como o seu primo Crítias e o
seu tio Cármides, ambicionava dedicar-se a uma carrei-
ra política; no entanto, os excessos dos Trinta (um go-
verno oligárquico de Atenas composto por trinta magis-
trados) acabaram por o horrorizar. Quando foi restabe-
5
7. nas-Corinto), para junto de Euclides e Terpsion, tal co Teodoro, que será um dos inter-
como ele, discípulos de Sócrates. Mais tarde, teve de locutores do Teeteto. De Cirene,
voltar a Atenas para cumprir serviço militar na cavala- passou para Itália, onde fez amiza-
ria. Participou, segundo parece, nas campanhas de 395 de com os pitagóricos Filolau, Ar-
e de 394 da guerra de Corinto. Na verdade, Platão nun- quitas e Timeu. Não é seguro que
ca se referiu aos seus serviços militares, mas sempre tenha sido com estes pitagóricos
preconizou os exercícios militares para desenvolver o que Platão passou a acreditar na
vigor físico dos jovens. migração das almas; mas a eles
deve seguramente a ideia de eterni-
O desejo de instrução levou Platão a viajar. Cerca de
dade da alma, que haveria de ser a
390, dirigiu-se ao Egito, levando consigo um carrega-
pedra angular da sua filosofia; essa ideia de imortalida-
mento de azeite para pagar a viagem. Aí, tomou contac-
de da alma forneceu a solução para o problema do co-
to com artes e costumes com milhares de anos de tradi-
nhecimento. Com esses pitagóricos, Platão aprofundou
ção. Há quem pense que foi graças ao espetáculo desta
também os seus conhecimentos em aritmética, em as-
civilização, fiel a antigas tradições, que Platão criou a
tronomia e em música.
ideia de que:
os homens podem ser felizes, se respeitarem as for-
mas imutáveis de vida,
a música e a poesia não necessitam de novas cria-
ções, e
basta descobrir a melhor constituição e forçar os po-
vos a aderir a ela para se viver numa cidade justa.
Do Egito, partiu para Cirene (colónia grega na região
da Líbia atual), onde frequentou a escola do matemáti- Dirigiu-se, depois, para a Sicília e, em Siracusa, assistiu
às farsas populares e comprou o livro de um autor de
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8. farsas em prosa. Foi recebido na corte de Dionísio na que escreveu mesmo um para Sócrates), e Isócrates ti-
qualidade de estrangeiro distinto (diríamos agora VIP) nha fundado uma escola de retórica. Dois discípulos de
e conquistou para a filo- Sócrates, Ésquines e Antístenes, que tinham tomado a
sofia o cunhado do tira- defesa do mestre, tinham uma escola e publicavam es-
no. No entanto, não du- critos ao gosto do povo ateniense. Platão dedicou-se
rou muito tempo a cor- também ao ensino; mas, em vez de o fazer através da
dialidade de Dionísio conversa, como Sócrates, fundou uma escola à imagem
que o despachou num das sociedades pitagóricas. Comprou um terreno próxi-
barco com destino a mo do ginásio do bosque de Academos, e aí mandou
Egina (uma ilha a cer- construir a sua escola. Daí, o nome de Academia, dado
ca de 27 Km de Atenas, à escola de Platão. Os seus alunos formavam um grupo
com a qual, na época, estava em conflito aberto), como de amigos, cujo presidente era escolhido pelos jovens
escravo do Lacedemónio Pollis. Felizmente, um Cire- que, sem dúvida, pagariam uma espécie de cotização.
neu, que reconheceu Platão, comprou a sua liberdade
Não se sabe nada dos vinte anos da vida de Platão, que
pelas vinte minas que ele tinha valido no mercado de
decorreram entre o seu retorno a Atenas e a sua nova
Siracusa (cerca de 128 dracmas - mal comparando, um
deslocação à Sicília. Nem nas suas obras se encontra
euro equivale à conversão de 340,750 dracmas, nos
qualquer alusão aos acontecimentos seus contemporâ-
tempos atuais). Platão voltou, então, a Atenas, muito
neos:
provavelmente com cerca de quarenta anos.
a reconstituição do império marítimo da Atenas,
Nesse ano (388 a.C.), Eurípides já tinha morrido e não
tinha sucessor à sua altura, Aristófanes acabava de re- aos sucessos de Tebas com Epaminondas,
presentar a sua última tragédia, e o teatro cómico esta-
va em decadência. A poesia enfrentava um declínio evi- à decadência de Esparta.
dente em Atenas, mas a prosa estava em ascensão. Lí- Entretanto, Dionísio, o antigo, tinha morrido em 368.
sias (que aparece em, pelo menos, dois diálogos de Pla- O seu cunhado, Deão, esperava poder influenciar o pen-
tão) escrevia discursos de defesa em tribunal (parece
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9. samento de Dionísio, o jovem, sucessor de seu pai. So- ser o mestre de Dionísio, ficou retido em Siracusa du-
nhava, ao que parece, transformar a tirania numa mo- rante todo o Inverno. Finalmente, na primavera do ano
narquia constitucional, onde a lei e a liberdade pudes- de 365, Dionísio autorizou-o a partir, sob promessa de
sem conviver pacificamente. Por isso, pediu ajuda a Pla- voltar com Deão. Platão e Dionísio separaram-se, ape-
tão. Platão ainda alimentava a ambição de desempe- sar de tudo, como amigos, graças sobretudo às diligên-
nhar um papel político importante, pondo em prática o cias bem sucedidas de Platão junto de Arquitas de Ta-
seu sistema. Deixou a direção da sua escola a Eudoxo, rento para que aceitasse fazer uma aliança com Dioní-
reforçando, deste modo, a sua amizade com Arkitas, sio.
matemático filósofo que governava Tarento. Quando
De volta a Atenas, Platão encontrou Deão que levava
chegou a Siracusa, no entanto, a situação já tinha muda-
uma vida faustosa. Retomou o ensino. Entretanto, Dio-
do. Foi muito bem recebido por Dionísio, mas muito
nísio, aparentemente, tinha ganho o gosto pela filoso-
mal pelos partidários da tirania. Por outro lado, tendo-
fia. Tinha chamado à sua corte dois discípulos de Sócra-
se apercebido de que o tio, Deão, o queria manter sob
tes, Ésquino e Aristipo de Cirene, e manifestou o desejo
sua tutela, Dionísio expulsou-o de Siracusa. Enquanto
de voltar a encontrar-se com Platão. Na Primavera de
Deão foi viver para Atenas, Platão, sob o pretexto de
361, enviou um vaso de guerra ao Pireu. O seu coman-
dante era portador de cartas de Árquitas de Tarento e
de Dionísio, em que Árquitas lhe garantia a sua segu-
rança pessoal, e Dionísio lhe relembrava o interesse no
retorno de Deão no ano seguinte. Platão acreditou nes-
tes pedidos e partiu para Siracusa com um seu sobri-
nho, Speusipo. Novos contratempos o esperavam em
Siracusa, na Sicília: não conseguiu convencer Dionísio
a mudar de vida. Entretanto, Dionísio embargou os
bens de Deão. Platão quis partir; o tirano reteve-o, e foi
necessária a intervenção de Árquitas para que ele pu-
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10. desse deixar Siracusa, na Primavera de 360. Encon-
trou, depois, Deão na cidade de Olímpia.
Sabe-se que, tendo sabido que Dionísio se tinha apro-
priado da sua mulher e oferecido a outro, Deão mar-
chou contra ele em 357 e apoderou-se de Siracusa. Aca-
bou por ser assassinado quatro anos depois, em 353.
Platão sobreviveu-lhe cinco anos.
A academia de Platão sobreviveu até 529 da nossa era,
ano em que o imperador Justiniano a mandou fechar.
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11. C APÍTULO 2
A Filosofia de
Platão
Ninguém falou do bem e do belo com um
entusiasmo tão comunicativo. A vida que
vale a pena ser vivida, diz ele no Banque-
te, é a do homem que se elevou do amor
pelos corpos belos, ao amor pelas almas
belas, e deste, ao amor pelas belas ações,
depois, ao amor pelas belas ciências, até
à beleza absoluta que atravessa os cora-
ções com um arrebatamento inexprimí-
vel.
12. Nas suas primeiras obras, isto é, nos diálogos chama- perto das fronteiras da
dos socráticos, Platão, fiel discípulo de Sócrates, dedi- Grécia com a Turquia e a
ca-se, tal como este, a definir as ideias morais. Procura Bulgária - antiga Trácia),
saber o que é a coragem, a sabedoria, a amizade, a pie- travou conhecimento com
dade, a virtude. Sócrates acreditava que basta conhecer Demócrito e com o ato-
o bem para o praticar, e que, por conseguinte, a virtude mismo, uma das mais ge-
é ciência e o vício é ignorância. Platão manter-se-á fiel, niais criações da filosofia
durante toda a sua vida, a esta doutrina. Tal como Só- grega antes de Platão.
crates, honrará os deuses e defenderá que a virtude con-
De qualquer modo, o sis-
siste em se assemelhar a eles, tanto quanto o permita a
tema de Platão é uma sín-
fraqueza humana. Como Sócrates, acreditará que o
tese de tudo o que se sa-
bem é o fim supremo de toda a existência e que é no
bia no seu tempo, mas so-
bem que deve ser procurada a explicação do universo.
bretudo das doutrinas de
Mas, por muito dócil que Platão tenha sido às lições de Sócrates, de Heraclito, de
Sócrates, a sua grande ambição de saber impediu que Parménides e dos Pitagóricos. A teoria platónica das
se limitasse ao ensino puramente moral do seu mestre. ideias é a base e a originalidade de todo o seu sistema.
Antes de conhecer Sócrates, tinha recebido lições de
Inicialmente, Platão tinha estudado a doutrina de Hera-
Crátilo que o familiarizou com a doutrina de Heraclito.
clito que se baseava no fluir universal das coisas. “Tudo
Também estudou as teorias dos Eleatas (Parménides),
flui, dizia Heraclito, nada permanece. O mesmo ho-
de Anaxágoras e os escritos de Empédocles. Durante a
mem não entra duas vezes no mesmo rio”. Desta ideia,
sua viagem a Cirene, aperfeiçoou-se na geometria e, em
Platão retira a consequência de que os seres, que se en-
Itália, dedicou-se ao estudo da aritmética, da astrono-
contram em perpétuo devir, dificilmente merecem o
mia, da música e da medicina dos pitagóricos. Tinha in-
nome de seres, e sobre eles só podemos formar opini-
tenção de visitar a Jónia e as cidades costeiras do mar
ões confusas, incapazes de se justificar a si mesmas.
Egeu, mas a guerra com a Pérsia demoveu-o dessa
Não podem ser objeto de uma verdadeira ciência, pois
ideia. Em Abdera (localidade que se situa atualmente
11
13. não não há ciência do que está em perpétua mudança; são (à sua frente) as sombras projetadas dos objetos,
só há ciência do que é fixo e imutável. Todavia, quando que desfilam por trás deles iluminados pela luz de uma
observamos atentamente esses seres em mutação per- fogueira. Os objetos que passam por trás dos prisionei-
manente, damo-nos conta de que reproduzem, dentro ros são os objetos do mundo inteligível (as Ideias), a
da mesma espécie, características constantes. Estas ca- luz que os ilumina é a ideia de Bem, origem de toda a
racterísticas transmitem-se de indivíduo para indiví- ciência e de toda a existência. Reconhece-se aqui a dou-
duo, de geração para geração. São, portanto, cópias de trina de Parménides (escola Eleata), para quem o mun-
modelos universais, imutáveis, eternos a que Platão dá do não passa de aparência, e para quem a única realida-
o nome de Formas ou de Ideias. Na nossa linguagem de é a Unidade. Mas enquanto, para Parménides, o Ser
corrente, entendemos por ideia uma modificação, um uno e imutável é uma abstração, para Platão, é o Ser
ato do espírito. Na linguagem de Platão, a Ideia expri- por excelência, fonte de onde brota toda a vida.
me, não o ato do espírito que conhece, mas o próprio
A Ideia do Bem, diz Platão, está no limite do mundo in-
objeto que é conhecido. Assim, a Ideia de homem é a
teligível: é a última e a que ocupa o lugar mais alto; ad-
forma ideal de homem, que todos os homens reprodu-
mite, em todo o caso, que existe uma hierarquia de Idei-
zem com maior ou menor perfeição. Esta forma é pura-
as. No livro X da República, parece aceitar que todos os
mente inteligível, isto é, não se apreende pelos senti-
objetos da natureza e as criações do homem, como um
dos, mas nem por isso deixa de ser viva. É mesmo o úni-
banco ou uma mesa, retiram a sua existência de uma
co ser verdadeiramente vivo, pois as suas cópias, estan-
Ideia e que as Ideias são em número indeterminado.
do sempre em mudança, são mortais. A Ideia de ho-
Mas, habitualmente, só fala das Ideias do Belo, do Jus-
mem é aquilo que realmente existe, que é eterno e imu-
to e do Bem.
tável e, por isso, é aquilo que pode ser conhecido e ser
objeto da ciência. A teoria das Ideias está estreitamente associada à dou-
trina da reminiscência e da imortalidade da alma. A
Platão ilustrou a sua teoria das Ideias na célebre alego-
nossa alma, que existiu antes de nós e passará para ou-
ria da caverna, onde os homens são comparados a prisi-
tros corpos depois de nós, já conheceu essas Ideias,
oneiros acorrentados que não podem virar a cabeça
mais ou menos vagamente, num outro mundo. O mito
para trás e que só vêem na parede do fundo da sua pri-
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14. do Fedro mostra-nos a alma a subir as escadas para o então deve ser a ciência de todos os bens e de todos os
céu, atrás do cortejo dos deuses, para ir contemplar as males; nesse caso, essa definição aplicar-se-ia à virtude
Ideias do outro lado da abóbada celeste. Ela traz de lá em geral e não especificamente à coragem. A partir da-
uma lembrança obscura que a filosofia se esforça por qui os três interlocutores separam-se sem alcançarem a
esclarecer. Este esforço de esclarecimento implica um definição procurada. Mas dá para perceber o processo
treino inicial destinado a despertar a reflexão. que, de uma proposição, passa a outra mais compreen-
siva, até que se chegue à ideia geral que compreenderá
As ciências que se caracterizam pelo raciocínio puro, a
todos os casos e distinguir-se-á das ideias vizinhas. Pla-
aritmética, a geometria, a astronomia, são as mais indi-
tão aplica este método socrático ao domínio das Ideias,
cadas para nos familiarizar com o mundo do inteligível.
para as alcançar a elas, subindo das Ideias inferiores
A dialética surge então como o método mais eficaz. Pla-
até à Ideia do Bem. Temos de começar por uma hipóte-
tão parte da dialética socrática, espécie de conversa,
se a respeito do objeto estudado. Essa hipótese é verifi-
através da qual se busca a definição de uma virtude. As-
cada pelas conclusões a que conduz. Se as conclusões
sim, no diálogo Laques, os três interlocutores, Laques,
forem insustentáveis, a hipótese é rejeitada. Uma outra
Nicias e Sócrates procuram definir coragem. Laques
hipótese toma o seu lugar, sujeitando-se ao mesmo pro-
propõe uma primeira definição: “O homem corajoso,
cedimento, até que se encontre uma que resista ao exa-
diz ele, é o que se mantém firme contra o inimigo”. Só-
me da sua sustentabilidade. Cada hipótese é um degrau
crates considera esta definição muito pobre, pois a cora-
que nos conduz à Ideia. Quando tivermos examinado
gem pode ser aplicada em muitas outras circunstânci-
deste modo todos os objetos de conhecimento, alcança-
as. Laques propõe, então, uma nova definição: “A cora-
remos todos os princípios (arkai) incontestáveis, não
gem é uma espécie de firmeza”. Mas se essa firmeza se
somente em si mesmos, mas também na sua mútua de-
basear na loucura e na ignorância, responde Sócrates,
pendência e na relação que têm com o princípio superi-
não poderá corresponder à coragem. Por seu turno, Ni-
or e absoluto que é a Ideia de Bem. O diálogo Parméni-
cias diz que a coragem é a ciência que nos permite dis-
des fornece-nos um exemplo deste procedimento. Este
tinguir aquele que devemos temer daquele de quem
procedimento exige uma inteligência superior e um tra-
não precisamos de ter medo. A esta definição, Sócrates
balho incansável, de que só o filósofo é capaz.
apresenta outra objeção. Se a coragem é uma ciência,
13
15. Mas a dialética não é suficiente para compreendermos modificando-as um pouco, fizeram delas dogmas religi-
todas as coisas. Há segredos impenetráveis para a ra- osos.
zão, cuja posse os deuses reservaram para si mesmos.
Podem, é verdade, deixar que alguns homens privilegia-
dos tenham uma visão desses segredos, sem lhes dar o
privilégio de os alcançar plenamente. Os deuses permi-
tem, por exemplo, que os adivinhos conheçam, embora
imperfeitamente, o futuro e que os artistas tenham ins-
pirações; é o caso de Sócrates, a quem os deuses favore-
ceram, com informações privilegiadas. Assim, talvez se
verifiquem, nos poetas e nas crenças populares, traços
de uma revelação divina, que lançariam alguma luz so-
bre as nossas origens e o nosso destino após a morte.
Os Egípcios acreditavam que os homens são julgados
pelos seus atos após a morte, e os Pitagóricos acredita-
vam que a alma passa do corpo de um animal para o de
um outro. Platão não desprezou a recolha destas cren-
ças, mas recusou-se a dá-las como certas. Para ele, são
esperanças ou sonhos que ele expõe em mitos de uma
poesia sublime. A sua imaginação transmite-lhes um
brilho mágico e sugere pormenores tão precisos, que se
diria que Platão assistiu aos mistérios do Além. Encon-
trou nesse Além limbos, um purgatório e um inferno
eterno reservado à almas incorrigíveis. Estas visões ex-
traordinárias impressionaram de tal modo os espíritos
do seu tempo e dos tempos seguintes que os cristãos,
14
16. o instinto e o desejo que atraem os homens para ob-
jetos sensíveis e para desejos grosseiros.
A Psicologia
O ponto mais fraco desta conceção é a reduzida valori-
zação da vontade livre. Platão defende, tal como Sócra-
tes, que o conhecimento do bem implica a adesão da
vontade, o que dificilmente se compagina com a experi-
ência. Platão tentou estabelecer os princípios que re-
gem a sobrevivência da alma através de demonstrações
dialéticas, e expôs no Górgias, na República e no Fé-
don as migrações e as purificações a que alma é subme-
tida, antes de voltar à terra e entrar num novo corpo. O
A psicologia de Platão é marcada por características detalhe destas descrições varia, no entanto, de obra
profundamente espiritualistas. A alma é eterna. Antes para obra.
de se unir ao corpo, contemplou as Ideias e, graças à re-
miniscência, pode reconhecê-las depois de ter incarna-
do num corpo. Devido à coabitação com a matéria, a
alma perde a sua pureza e adquire três componentes di-
ferentes:
uma componente superior, ou a razão, faculdade
contemplativa, destinada a governar e manter a har-
monia entre ela e as duas componentes inferiores,
a coragem, faculdade nobre e generosa que inclui ao
mesmo tempo desejos elevados da nossa natureza e
a vontade,
15
17. vel da cidade. Esta é constituída por três tipos de cida-
dãos que correspondem às três componentes da alma:
A Política
os magistrados filósofos que representam a razão;
os guerreiros que representam a coragem e que são
encarregados de proteger o Estado dos inimigos ex-
ternos e de fazer os cidadão obedecer às leis do Esta-
do;
finalmente, os trabalhadores, os artesãos e os co-
merciantes que representam o instinto e o desejo.
Para estes três tipos de cidadãos, a justiça consiste, tal
A política de Platão é modelada pela sua psicologia,
como para os indivíduos, em cumprir a sua função espe-
pois, no seu entender, os costumes do Estado são neces-
cífica. Os magistrados governam, os guerreiros obede-
sariamente modelados pelos dos indivíduos. A base fun-
cem aos magistrados, e os outros obedecem aos dois;
damental do Estado é a justiça: o Estado não pode exis-
deste modo, reinará a harmonia, isto é, a justiça entre
tir sem justiça. Platão entende a justiça de uma forma
as três categorias de cidadãos. A educação deve prepa-
mais ampla do que aquela que é habitual para a maior
rar os magistrados, os guerreiros e os auxiliares para o
parte das pessoas. Para um grande número de pessoas,
exercício das suas futuras funções, sendo também um
a justiça consiste em dar a cada um o que é seu. Sócra-
meio para determinar as características que definem,
tes rejeita esta definição no primeiro livro da Repúbli-
em cada um, a categoria social a que deve pertencer.
ca. Para ele, ao nível individual, a justiça consiste em
Tal como os homens, as mulheres também devem bene-
que cada componente da alma cumpra a função que lhe
ficiar dessa educação, uma vez que, segundo Platão,
é própria: que o desejo se submeta à coragem e que a
elas são tão aptas como os homens. Assim, as mulheres
coragem se submeta à razão. O mesmo se passa ao ní-
devem poder aceder aos mesmos cargos dos homens in-
cluindo a função de guerreiro. Os magistrados devem
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18. ser escolhidos de entre os mais dotados, que tenham O interesse pessoal seria suprimido através do estabele-
evidenciado uma maior dedicação ao bem público. De- cimento da comunidade de bens, e o espírito de família
vem ser formados na dialética, para que possam con- através da comunidade das mulheres e das crianças,
templar as Ideias e governar o Estado de acordo com a que deveriam ser educadas pelo Estado. No entanto,
Ideia de Bem. Importa esclarecer que estas três catego- esta comunidade de bens, de mulheres e de crianças
rias, ou classes, não correspondem a castas ou a privilé- não deveria abranger todo o povo; só seria regra para
gios transmitidos de geração em geração; pelo contrá- as duas ordens superiores, as únicas capazes de com-
rio, as crianças são encaminhadas para uma ou para ou- preender o valor dessa comunidade e submeter-se a ela
tra categoria, de acordo com as aptidões que revelem em nome do bem público. Por outro lado, os casamen-
possuir durante o processo de formação, e não de acor- tos não poderiam ser deixados ao critério dos jovens:
do com os recursos ou estatuto social da sua família. sendo efémeros como a experiência dizia que eram, se-
ria da competência dos magistrados regulá-los oficial e
Por outro lado, o Estado deve ser de dimensão reduzi-
solenemente.
da. Na verdade, Platão considerava que o pior perigo
para o Estado seria a sua divisão interna. Por isso, não Platão não tinha quaisquer dúvidas a respeito da difi-
acredita na viabilidade da justiça em Estados de grande culdade em pôr em prática o seu sistema. Ele sabia que
dimensão, do tipo do império Persa, como defendia Xe- a doutrina das Ideias, em que ele se baseava, era incom-
nofonte. O seu modelo de Estado eram as cidades gre- preensível para a multidão e que, por conseguinte, a
gas. Um Estado pequeno não corre o risco de se dividir sua Constituição teria de ser imposta à maioria do
com a mesma facilidade de um grande Estado, forma- povo, mesmo que fosse contra a sua vontade, e que
do por povos diferentes, e facilita também a supervisão essa imposição só seria eficiente se fosse conduzida por
dos magistrados. Para evitar a divisão, o pior dos males um rei filósofo, e filósofo à maneira de Platão. Houve
de que sofriam as cidades gregas, deveriam ser suprimi- um momento em que parece que ele acreditou encon-
dos os inimigos mais temíveis da unidade: trar esse rei filósofo em Dionísio de Siracusa, o jovem,
e no seu amigo Deão. O seu fracasso junto do primeiro,
o interesse pessoal, e
e o assassinato do segundo, depois de ter usurpado o
o espírito de família. poder a Dionísio, retiraram-lhe todas as ilusões. Mas a
17
19. política tinha sido sempre uma das preocupações domi-
nantes de Platão. Já velho, volta a pegar na pena para
redigir uma nova Constituição, que expôs em As Leis.
Esta nova Constituição baseia-se nos mesmos princípi-
os, mas é mais prática e abdica da comunidade dos
bens, das mulheres e das crianças.
18
20. Para determinar qual destes três prazeres é superior,
basta consultar aqueles que têm experiência deles. Ora,
A Moral o artesão, que procura o lucro, não conhece os outros
dois prazeres; o ambicioso, por seu turno, não conhece
o prazer da ciência; só o filósofo tem a experiência dos
três tipos de prazer e, por isso, é o único capaz de ter
opinião fundamentada sobre todos. Nesta linha de pen-
samento, aos seus olhos, o maior e o mais puro de to-
dos os prazeres é o prazer de conhecer próprio do filóso-
fo.
A Moral Por outro lado, uma vez que ele considera que o corpo
A moral de Platão tem um caráter, ao mesmo tempo, as- é um empecilho da alma, que é como um objeto de
cético e intelectual. Platão reconhece, tal como Sócra- chumbo que dificulta e impede mesmo que a alma voe
tes, que a felicidade é o fim natural da vida; mas, ao ní- para as regiões superiores da Ideia, é necessário mortifi-
vel dos prazeres, de que depende a felicidade, há a mes- cá-lo e libertar a alma, tanto quanto possível, das neces-
ma hierarquia que caracteriza as componentes da sidades grosseiras que têm origem no corpo. Assim, a
alma. Cada componente da alma dá-nos um prazer es- virtude consiste na submissão dos desejos inferiores ao
pecífico: desejo de conhecer, ao gosto ou amor pela sabedoria (fi-
losofia). Conhecendo o bem, o homem é naturalmente
a razão, o prazer de conhecer; virtuoso, pois não é possível vê-lo sem o desejar; o vício
a coragem, as satisfações da ambição; tem sempre origem na ignorância. Embora Platão redu-
za a ignorância a um erro de cálculo, ou a um erro de
o desejo, os prazeres grosseiros a que Platão cha- dialética, nem por isso deixa de a considerar suscetível
mou o prazer do lucro. de ser punida. O mau, segundo ele, deveria submeter-
se, a si mesmo, a expiar a sua ignorância. Em todo o
19
21. caso, se escapar neste mundo, não escapará no outro,
pensava Platão.
20
22. rem proceder de outro modo, proibi-los-emos de traba-
lhar na nossa cidade.” Em resultado destes princípios,
A Estética Platão proíbe todos os tipos musicais que não respei-
tem os estilos dório e frígio, os únicos que convêm à se-
riedade dos guerreiros. Proíbe a tragédia, cuja tendên-
cia para o queixume poderia amolecer o coração; proí-
be a comédia humorística (a bobice) e até o riso, que
condiz mal com a seriedade. Critica o próprio Homero,
de quem ele tanto gosta, cujos poemas conhece de cor e
que cita vezes sem conta, por não achar graça à descri-
A estética de Platão depende da teoria das Ideias e, tam- ção que faz dos deuses como se fossem tão imorais
bém, da moral e da política, elas igualmente modeladas como os homens. Depois de o ter “coroado com flores”,
pela doutrina das Ideias. Com efeito, as Ideias são imu- Platão acaba por condenar Homero ao silêncio na sua
táveis e eternas. Uma vez que é nosso dever regularmo- República. Em todo o caso, os mais desprezíveis para
nos por elas, as artes serão, tal como as Ideias, imutá- ele são os pintores e os escultores. Como as suas obras
veis e estabelecidas para sempre. Platão não prevê a ne- não passam de cópias incompletas dos objetos sensí-
cessidade de qualquer tipo de inovação, nem na poesia, veis, e estes são cópias imperfeitas das Ideias, segundo
nem nas artes em geral. Uma vez alcançado o ideal, de- Platão, elas distanciam-se, em três degraus, da verda-
veremos fixar-nos nele ou recopiá-lo permanentemen- de; esses artistas são, portanto, ignorantes, inferiores
te. Por outro lado, a única função da arte é servir a mo- mesmo aos artesãos que fabricam os objetos reais, cuja
ral e a política. “Nós obrigaremos os poetas, diz Platão, distância à verdade é de dois degraus. Por outras pala-
a só oferecer nos seus poemas modelos de bons costu- vras, quem pudesse ser Aquiles não quereria ser Home-
mes, e, do mesmo modo, controlaremos os outros artis- ro: mais vale ser herói do que ser relator da heroicida-
tas e impedi-los-emos de imitar o vício, a intemperan- de de quem quer que seja. Portanto, os poemas de Ho-
ça, a baixeza, seja na pintura de seres vivos, seja em mero situam-se a um nível inferior ao da vida real de
qualquer outro tipo de imagem, ou, se não consegui- Aquiles que eles relatam. É este o tipo de raciocínio, co-
21
23. erente, que Platão utiliza para a sua conceção de estéti-
ca. Levando este raciocínio ao limite, seria legítimo di-
zer que um sapateiro que criticasse Fídias seria superi-
or a este grande escultor, ou a Apeles, um dos mais im-
portantes pintores da Grécia clássica.
Esta conceção de estética mostra bem até onde o espíri-
to de sistema, ou a busca de coerência a todo o custo,
conduz um homem, como Platão, que foi, ele próprio,
um dos maiores artistas da humanidade, pela beleza
dos seus escritos.
22
24. substâncias (as duas originais e a terceira criada por
Deus). Com o mundo nasceu também o tempo que é a
A Física e o Demiurgo medida do movimento dos astros. Para povoar o mun-
do, o Demiurgo criou, em primeiro lugar, os deuses (as-
tros ou deuses mitológicos) e encarregou-os a eles de
criar os animais, para não ser responsável pelas suas
imperfeições. Os deuses formaram o corpo dos seres,
tendo em vista o maior bem; aplicaram na formação
desses corpos leis geométricas muito complexas. No
corpo do homem colocaram também uma alma, que,
No Timeu, Platão fornece a sua explicação do Universo tendo em conta a forma como conduza a sua vida, se
em geral e do Homem em particular. Nessa obra con- bem, após a morte voltará para o astro de onde é origi-
densou os conhecimentos da sua escola sobre a nature- nária, se mal, passará para outros corpos até que seja
za. purificada. Platão só se interessa pelo destino do ho-
mem, e é por se interessar pelo homem que ele estuda
Segundo ele, existe um Deus muito bom que criou o o Universo. Por conseguinte, a fisiologia e a higiene do
mundo à sua imagem. Não o criou do nada, como o homem são o principal objeto do Timeu: a estrutura do
Deus dos judeus e dos cristãos, pois sempre coexisti- corpo, os órgãos, a origem das impressões sensíveis, as
ram ao seu lado duas substâncias (a alma incorpórea e causas das doenças do corpo e da alma, a geração, a me-
indivisível e a outra material e divisível), a que a filoso- tempsicose. Platão tratou de todos estes assuntos, utili-
fia grega chama O Uno ou O Mesmo, e O Outro. O De- zando os ensinamentos de Empédocles e do médico Alc-
miurgo (o Deus) criou, em primeiro lugar o mundo sen- méon, acrescentando as descobertas realizadas na sua
sível. A partir da substância indivisível e da substância escola.
divisível compôs, misturando-as, uma terceira substân-
cia intermédia que inclui a natureza do Uno e a nature- Sendo o Timeu uma das últimas obras de Platão, acon-
za do Outro: a alma do mundo é formada por estas três tece que nem sempre está de acordo com obras anterio-
res. A diferença mais importante tem a ver com o facto
23
25. de o Deus do Timeu ser distinto do mundo das Ideias
que lhe servem de modelos para a formação do mundo
sensível. Na República, pelo contrário, é a Ideia de
Bem que é a fonte, não só de todo o conhecimento, mas
também de toda a existência. É a Ideia de Bem que cor-
responde a Deus. Segundo Teofrasto, Platão tinha ten-
dência para identificar a Ideia de Bem com o Deus su-
premo; mas parece claro que Platão não levou ao limite
esta sua tendência, e o seu pensamento sobre Deus aca-
ba por ser flutuante.
24
26. da nos dias de hoje exerce um poderoso fascínio sobre
os seus leitores. Ninguém falou do bem e do belo com
Influência do Platonismo um entusiasmo tão comunicativo. A vida que vale a
pena ser vivida, diz ele no Banquete, é a do homem que
se elevou do amor aos corpos belos, ao amor às almas
belas, e deste, ao amor às belas ações, e depois, ao
amor das belas ciências, até à beleza absoluta que atra-
vessa os corações com um arrebatamento inexprimível.
Uma multidão de ideias platónicas exerce ainda uma
influência muito considerável no mundo moderno. Pla-
A teoria essencial em que se baseia toda a filosofia de tão é um autor espiritualista: concebeu a alma como o
Platão, a teoria das Ideias, foi rejeitada pelo seu discípu- essencial do homem. Segundo ele, o homem deve esfor-
lo Aristóteles; o simples bom senso bastaria, aliás, para çar-se por devolver à sua alma o estado de pureza que
a refutar. Discípulo dos Eleatas, para quem só o Uno ela perdeu ao unir-se com o corpo. É deste esforço que
existia, e dos Pitagóricos, que viam no número o princí- depende a sua vida futura. A vida deve, portanto, ser
pio das coisas, Platão concedeu uma existência real a uma preparação para a morte. A existência de uma Pro-
conceitos abstratos que só existem no nosso espírito. vidência que governa o mundo, a necessidade de expia-
Formado nos raciocínios matemáticos, aplicou-os intre- ção de toda a maldade cometida, a recompensa dos
pidamente às noções morais, ao Uno, ao Ser, ao Bem, à bons, a punição dos maus num outro mundo e muitas
Causa. Acreditou estar a dar sentido à realidade através outras ideias foram incorporadas na filosofia cristã e
dos seus raciocínios, mas na verdade só dava sentido a continuam a comandar a nossa conduta. Por este moti-
abstrações. Mas mesmo que as ideias não tenham uma vo, podemos dizer que nenhum outro filósofo marcou
existência independente, basta que estejam no nosso tão profundamente o pensamento dos antigos e o pen-
espírito como um ideal, para que nos possamos orien- samento dos modernos.
tar por elas. É por isso que Platão, separando-nos do
mundo sensível para nos elevar ao ideal inteligível, ain-
25
27. C APÍTULO 3
O Teeteto
É, pois, uma resposta tonta dizer que a ci-
ência é uma opinião correta (ortodoxa)
acompanhada de ciência, seja da ciência
da diferença, seja da ciência de qualquer
outra coisa.
28. transportado, doente e ferido, do campo de batalha de
Corinto para Atenas. Que perda - exclama Terpsion - se
Argumento este grande sábio e valente soldado vier a morrer! Ele
justificou, diz Euclides, o augúrio de Sócrates, que lhe
tinha predito um futuro glorioso. Com efeito, Sócrates,
pouco antes de ter sido condenado, tinha conhecido
Teeteto e tinha tido com ele uma conversa, onde a pre-
coce inteligência do ainda jovem Teeteto o tinha surpre-
endido. Será que podes, pergunta Terpsion, relatar-me
essa conversa?. - Não, mas redigi um relato que Sócra-
O debate que é travado no Teeteto é precedido de uma tes me fez dela. Só que, em vez de conservar a forma de
espécie de prólogo. É uma conversa entre dois megaria- narrativa, construí um diálogo entre Sócrates e os seus
nos (habitantes de Mégara), antigos discípulos de Só- dois interlocutores, Teodoro e Teeteto. Voltemos para
casa que o meu escravo far-nos-á a leitura desse diálo-
go.
Sócrates abre a conversa. Diz-me Teodoro, tu que ensi-
nas aqui geometria, se distinguiste, de entre os teus alu-
nos atenienses, alguns jovens que prometam tornar-se
homens de mérito. - Sim, Sócrates, um em particular.
Ele é fisicamente parecido contigo e é maravilhosamen-
te dotado de inteligência e de qualidades morais. Ali
vem ele, com aqueles jovens que se aproximam de nós.
Chama-se Teeteto. - Queres dizer-lhe que venha aqui?
Chamado por Teodoro, Teeteto aproxima-se. - Uma vez
crates, Euclides e Terpsion. Euclides, tendo ido ao por- que aprendes as ciências na escola de Teodoro, diz-lhe
to de Mégara, encontrou lá Teeteto, que estava a ser Sócrates, poderias dizer-me em que consiste a ciência?
27
29. - A ciência é aquilo que Teodoro ensina, a geometria, a A partir daqui, entramos no tema central do Teeteto: o
astronomia, a harmonia, o cálculo e as artes em geral. que é a ciência? Teeteto vai propor sucessivamente três
- Desse modo, não estás a definir a ciência, mas os seus definições que serão examinadas e recusadas por Sócra-
objetos. Se eu te perguntasse o que é o barro e tu me tes uma após outra:
respondesses: há barro dos oleiros, o barro dos tijolos e
1. A ciência é a sensação;
outros, eu não ficaria a saber nada sobre a natureza do
barro. O que era preciso que me dissesses é que o barro 2. A ciência é a opinião verdadeira;
é um certo tipo de terra misturada com água. - Compre-
endo, diz Teeteto: o que tu me perguntas, foi o que nós 3. A ciência é a opinião verdadeira, acompanhada de
fizemos há uns dias atrás, o jovem Sócrates e eu, a pro- razão.
pósito das raízes. Sendo as raízes infinitas em número,
tentámos juntá-las todas num termo único, e reconhe-
cemos assim duas classes de números, a que chamá-
mos comprimentos e raízes. - Perfeito, diz Sócrates. E
agora, uma vez que englobaste todas as raízes numa for-
ma única, tenta fazer o mesmo com as numerosas for-
mas de ciência. - Já tentei várias vezes, mas sem suces-
so. No entanto, não consigo desinteressar-me da ques-
tão. - É porque tens uma alma grande, Teeteto. Bom,
não ouviste dizer que sou filho de uma parteira, e que
tenho a arte de fazer dar à luz os espíritos, como a par-
teira de fazer dar à luz as mulheres? Sei ainda discernir
se o espírito de um jovem está a dar à luz uma quimera,
ou um fruto real e verdadeiro. Confia, portanto, em
mim e não te aflijas se, ao examinar aquilo que dizes, o
julgar como um fantasma sem realidade.
28
30. bios, à exceção de Parménides e da sua escola (Eleata).
É a partir do movimento e da mistura (ou fusão) recí-
A Ciência é a Sensação proca que se formam todos os seres que afirmamos
existirem; por seu turno, a ausência de movimento (o
repouso) destrói-os. Os seres não existem por si mes-
mos: a cor não é algo que exista à parte de tudo o resto;
com efeito, não é nem uma característica que se aplica
ao objeto, nem o objeto ao qual essa característica é
aplicada, mas um produto intermédio específico a cada
coisa ou indivíduo; esse produto varia não só de indiví-
A primeira definição, sozinha, ocupa mais tempo de duo para indivíduo, mas também no mesmo indivíduo,
conversa do que as outras duas juntas. A razão é mais porque este está em permanente mudança.
simples do que possa parecer: é que esta definição rela- Como é costume em Sócrates, ele não vai limitar-se a
ciona-se com doutrinas célebres que Sócrates expõe expor a teoria que critica; pelo contrário, aprofunda e
com todo o seu vigor antes de as refutar. A doutrina, se- completa essa mesma teoria, assumindo completamen-
gundo a qual a ciência é sensação, é precisamente a teo- te a perspetiva do adversário. Sócrates empenha-se,
ria de Protágoras, que diz que o homem é a medida de portanto, em demonstrar que só o movimento existe.
todas as coisas, isto é, que se algo me aparece, ele é exa- Vejamos a sua explicação. Há dois tipos de movimento,
tamente esse algo para mim, e se algo aparece a outro, sendo cada um em número infinito. Um deles consiste
ele é exatamente esse algo para o outro. Como aparecer numa força ativa, o outro é uma força passiva. Da sua
é ser sentido por alguém, então a sensação é a ciência. união e fricção mútuas nascem proles em número infi-
Em que é que se apoia esta teoria de Protágoras? Na nito, mas em pares gémeos que estão sempre unidos:
doutrina de Heraclito de que tudo está em movimento, um é o objeto da sensação, e o outro a sensação. Tudo
de que nada é fixo, de que tudo flui. As bases desta teo- está em movimento; mas este movimento pode ser rápi-
ria remontam a Homero e é seguida por todos os sá- do ou lento. Tudo o que é lento move-se no mesmo lu-
gar ou em direção a objetos vizinhos, e é assim que esse
29
31. movimento é gerador da realidade. Quando os olhos e sões dos sentidos. Mantendo a sua postura de defender
algum objeto, suscetível de ser visto, geram a brancura convictamente aquilo que quer criticar, Sócrates conti-
e a sensação que lhe é específica por natureza, acontece nua, contestando inicialmente esses argumentos. Com
que a visão que vem dos olhos e a brancura que vem do efeito, pode responder-se que a sensação, durante o so-
objeto (que se concertaram para gerar a cor branca) se nho, existe tanto para aquele que sonha, quanto existe
movem no espaço intermédio (e intermediário); deste a sensação para aquele que está acordado; que a sensa-
modo, o olho preenche-se de visão e transforma-se, ção de Sócrates doente continua a ser tão verdadeira
não numa visão, mas em olho vidente (olho que vê). Do para ele quanto o é quando está de boa saúde. O único
mesmo modo, o objeto que concorreu com o olho para juiz da sensação é aquele que a experiencia. É por isso,
a produção da cor, enche-se de brancura e transforma- precisamente, que a sensação é a ciência.
se, não em brancura, mas em objeto branco, seja madei-
Após um curto intervalo na exposição e defesa da dou-
ra branca, ou pedra branca, por exemplo. O mesmo se
trina da sensação, em que anuncia que vai examinar
passa com o frio e o quente e com outras qualidades.
com cuidado o recém-nascido de Teeteto (a doutrina
Nada é isto ou aquilo em si e por si: é a partir das suas
da sensação), e em que Teodoro o exorta a dizer o que
aproximações mútuas que todas as coisas nascem do
realmente pensa dela, Sócrates desfere duas críticas ful-
movimento sob formas de todo o género. É assim im-
minantes a Protágoras: “Porque é que Protágoras consi-
possível conceber o elemento ativo e o elemento passi-
dera o homem a medida de todas as coisas, de preferên-
vo como existindo separadamente, pois não existe ele-
cia ao porco ou ao macaco, que são, eles também, seres
mento ativo antes de se associar ao elemento passivo,
com sensações? E se cada um é a medida da sua pró-
nem elemento passivo antes de se unir ao elemento ati-
pria sabedoria, em que é que Protágoras se pode consi-
vo; por outro lado aquilo que, numa certa união, é agen-
derar mais sábio do que os outros?” Incomodado por
te, numa outra poderá ser paciente (passivo). Desta
ver assim maltratado o seu amigo Protágoras, Teodoro
conceção resulta que nada é em si e que devemos extin-
pede que seja Teeteto a responder a Sócrates.
guir a palavra ser.
- Vejamos, Teeteto, diz Sócrates, não te surpreende ve-
As objeções a este sistema usam, frequentemente, o ar-
res-te igual em sabedoria a qualquer homem ou a qual-
gumento dos sonhos, das doenças, da loucura e das ilu-
30
32. quer deus? - Sim, responde Teeteto. - Vejamos então a mos fazer com que pareçam bons àquele a quem eles
que consequência nos conduz a tese de que a ciência é pareciam, e para quem eram, maus.
a sensação. Sentir através da visão ou da audição é sa-
O debate é, de novo, interrompido por um curto inter-
ber. Ora, aquele que vê e que tomou conhecimento do
valo. Receando que Protágoras o criticasse por só discu-
que viu, se fechar os olhos, lembra-se da coisa, mesmo
tir com gente nova, Sócrates pede que seja Teodoro a
sem a ver. Ora, dizer que não vê é dizer que não sabe,
responder-lhe. Teodoro bem tenta, mas acaba por resi-
pois ver é saber. Segue-se que, quando um homem ad-
gnar. Sócrates continua: Protágoras diz que aquilo que
quiriu o conhecimento de uma coisa de que ainda se
parece a cada um existe realmente para aquele a quem
lembra, mas não vê, não a sabe: consequência monstru-
isso parece. Ora, é opinião generalizada de que, entre
osa!
os homens, há uns que são sábios e outros que são igno-
Mas, se Protágoras estivesse presente para se defender, rantes, e sabes tu de experiência própria que não há opi-
poderia alegar que, de facto, é possível que o mesmo ho- nião que não encontre quem a contradiga. Se Protágo-
mem que sabe uma coisa, não a saiba. Supõe que al- ras acredita que o homem é a medida de todas as coi-
guém te tapa com a mão um dos olhos e que te pergun- sas, mas que a multidão se recusa a acreditar nele, de
ta se vês a sua roupa com esse olho fechado; serás força- modo que o número daqueles que discordam supera o
do a dizer que vês e que não vês ao mesmo tempo. E de- daqueles que concordam, então há razões para que o
pois, a memória que conservamos das coisas que senti- seu princípio seja mais falso do que verdadeiro. Reco-
mos não é da mesma natureza da sensação que tínha- nhecendo que só podemos ter opiniões verdadeiras,
mos e já não temos. Já não somos o mesmo homem, Protágoras reconhece que os seus opositores têm uma
porque estamos sempre em mudança. Finalmente, Pro- opinião verdadeira, ao julgar a sua falsa.
tágoras poderia sustentar que as sensações diferem,
A doutrina de Protágoras encontra um bom ponto de
não na sua qualidade de verdadeiras ou falsas, pois são
apoio nas sensações do tipo das do quente e do frio, do
todas reais, mas na sua qualidade de melhores ou pio-
doce e do amargo e de outras do mesmo género. Mas
res. Longe de não reconhecer nem sabedoria, nem sá-
essa doutrina encontra dificuldades sérias quando se
bio, ele diria, pelo contrário, que somos sábios, quan-
refere à saúde, ao justo, à piedade, onde fica claro que
do, mudando a face (ou aspeto) dos objetos, consegui-
31
33. há homens que têm mais razão do que outros. Aqui, Só- rece ser ouvido a respeito do futuro das leis ou de qual-
crates pára e faz a reflexão de que um argumento con- quer outro futuro.
duz a outro e que o debate não tem fim. - Bom, diz Teo-
Mas, também no que diz respeito às sensações imedia-
doro, não temos tempo livre? Esta réplica de Teodoro
tas do quente e do frio e de outras semelhantes, não po-
serve de pretexto para uma digressão sobre a vida do
demos garantir que sejam verdadeiras, baseando-nos
filósofo, que tem sempre tempo livre, ao contrário do
na doutrina do movimento. Existem dois tipos de movi-
orador ou do advogado que andam sempre atarefados.
mento, um de translação e outro de alteração. Como
O filósofo, afastado dos negócios públicos, só está pre-
tudo se move destas duas formas, a perceção e a quali-
sente de corpo na cidade; a sua alma plana sobre o em-
dade, que se move entre o sujeito e o objeto, têm de mu-
pírico. Como Tales que caiu num poço enquanto obser-
dar de natureza no momento exato da sensação e, por
vava os astros, o filósofo ignora o que se passa debaixo
isso, essa perceção e qualidade não podem sequer ser
dos seus pés e dá motivos para que os outros se riam
nomeadas. Nenhuma coisa existe, mais do que já não
dele. Ele não se preocupa com o poder, com a riqueza
existe: Nenhuma coisa deixa de ser “assim”, mais do
ou com a nobreza. Só se interessa pela virtude e dedi-
que não é “assim”, pois ambas as expressões se referem
ca-se a assemelhar-se a Deus. Este retrato do filósofo,
ao repouso. A sensação sempre em mudança não é, por-
onde são agrupados alguns traços dispersos na Repúbli-
tanto, a ciência, e a doutrina de Heraclito, pelo contrá-
ca, é o contraponto da imagem que Cálicles traçou no
rio, é a negação da ciência.
Górgias do filósofo que perde tempo com discussões in-
fantis e que, afastado da ágora (praça pública), se torna Teeteto gostaria também de ouvir discutir a doutrina
incapaz de se defender contra o primeiro patife que o dos adversários de Heraclito, que pretendem que tudo
acuse. está em repouso. Mas Sócrates recusa-se a fazê-lo para
não alongar o debate até ao infinito.
Voltemos ao assunto. Vejamos o exemplo de um Esta-
do que promulga as suas leis. Ele concebe-as tendo em
vista a sua utilidade futura. Ora, a sensação não tem
nada a ver com o futuro, e só o homem competente me-
32
34. ra, também tem de haver uma opinião falsa. Como é
que esta se forma? Parece impossível não se saber o
A Ciência é a Opinião Verdadeira que se sabe e saber o que não se sabe. Quando fazemos
um juízo falso, será que tomamos as coisas que sabe-
mos por outras que também sabemos, ou desconhece-
mos ambas? - É impossível. - Então, tomamos as coisas
que não sabemos por outras que também não sabe-
mos? - Também impossível. - Também não tomamos
as coisas que sabemos por aquelas que não sabemos,
nem aquelas que não sabemos por outras que sabe-
Sócrates pergunta a Teeteto: dado que o que se sente mos? - Não. - Então, como explicar a origem da opinião
por um dos sentidos, não pode ser sentido por outro, falsa? Consideremos o ser e o não ser no lugar do saber
através de quê poderemos conceber uma ideia que diz e da ignorância. Aquele, que pensa o que não é, só pode
respeito aos dois sentidos ao mesmo tempo, e a que ór- ter uma opinião falsa. Mas julgar o que não é, é não jul-
gãos podemos atribuir a perceção do que é comum a to- gar nada. Fazer um juízo falso não é mais do que julgar
das as coisas, como o ser e o não ser? - Só podemos, res- o que não é.
ponde Teeteto, atribuí-la à alma. É através da alma que Não seria desprezível que confundíssemos no nosso
apreendemos não somente o ser, mas também o seme- pensamento duas coisas igualmente reais, afirmando
lhante e o diferente, o belo e o feio, e outras ideias do que uma é a outra? Mas quando o pensamento faz esta
mesmo género. A sensação não pode alcançar o ser, confusão, não seria necessário que represente os dois
nem por conseguinte a ciência. Temos de a procurar na- objetos ao mesmo tempo, ou um dos dois? - Sim. - Ora,
quilo, qualquer que seja o nome que lhe damos, a que sendo o juízo um discurso que a alma tem consigo mes-
chamamos alma, quando ela própria, por si só, se dedi- ma, quando tomamos uma coisa por outra, dizemos a
ca ao estudo dos seres. A essa procura chama-se julgar nós próprios que uma é outra: será isso possível? Não,
e é o juízo ou opinião verdadeira que constitui a ciên- pois é impossível que, ao pensarmos nos dois objetos
cia. Seja. Diz Sócrates; mas se há uma opinião verdadei- ao mesmo tempo, julguemos que um é o outro e, se só
33
35. pensarmos num dos dois, nunca poderemos julgar que falsa. A opinião falsa só pode existir a respeito de coi-
um é o outro (em que não estamos a pensar). Em todo sas que sabemos: quando ajustamos direta e exatamen-
o caso, é indispensável que exista uma via, pela qual te a cada objeto as impressões e as marcas que lhe são
seja possível tomar o que se sabe por aquilo que não se próprias, a nossa opinião é verdadeira; se as ajustar-
sabe. Imaginemos na nossa alma um bloco de cera, mos obliquamente e erradamente, a nossa opinião será
onde se gravam as nossas sensações, e que aquilo que falsa.
assim foi impresso será recordado e conhecido por nós,
Neste ponto, apresenta-se uma objeção grave: se a opi-
enquanto que o que se apagou ou não pôde ser gravado
nião falsa não está nem nas sensações, nem nas suas re-
será esquecido ou desconhecido. Ora, um homem não
lações mútuas, nem nos pensamentos, mas no ajusta-
pode ter uma opinião falsa, pensando que as coisas que
mento da sensação ao pensamento, não deveríamos
conhece são, ora aquelas que ele sabe, ora aquelas que
confundir dois objetos conhecidos somente pelo pensa-
ele não sabe? Após passar em revista todos os casos a
mento. É, todavia, o que fazemos quando nos engana-
que esta hipótese dá lugar, Sócrates retém três, em que
mos nos números, por exemplo, quando acreditamos
a confusão lhe parece possível: um, em que se confun-
que 5+7=11 e não 12. Para explicar a possibilidade de
de uma coisa que se sabe com uma outra que também
erro neste caso, Sócrates compara o nosso espírito a
se sabe e que se perceciona, outra, em que se confunde
um pombal, onde vivem aves, umas em bando, outras
uma coisa que se sabe com uma outra que não se sabe e
em famílias e outras solitárias, mas esvoaçando mistu-
que se perceciona, e uma terceira, em que se confunde
radas todas umas com as outras. Temos todas as aves
o que se sabe e se perceciona com uma outra que se
no nosso espírito, mas quando queremos agarrar uma,
sabe e se perceciona igualmente. Por exemplo, diz Só-
pode acontecer que agarremos uma outra que não que-
crates, eu conheço-te, Teeteto, e conheço também Teo-
ríamos, trocamos uma rola por um pombo, por exem-
doro, e tenho no meu bloco de cera as impressões de
plo; isto é uma opinião falsa. Mas refletindo melhor, Só-
ambos. Vendo-vos, esforço-me por aplicar a marca pró-
crates não fica nada satisfeito com esta explicação. É ab-
pria de cada um de vós à visão que lhe é própria, e por
surdo, diz ele, pretender que, tendo nós a ciência de
fazer entrar e ajustar esta visão à sua própria impres-
um objeto, ignoremos esse objeto, não por ignorância,
são. Mas posso trocar as coisas, e a minha opinião será
mas devido à própria ciência, e que tomemos esse obje-
34
36. to por outro. - Talvez, diz Teeteto, tenhamos incluído
ignorâncias nas ciências. - Mas, nesse caso, teríamos
ecolhido um caminho sem fim: essas ciências e essas ig-
norâncias terão de ser objeto de novas ciências que se-
ria necessário apanhar em novos pombais. Teeteto in-
siste mesmo assim em definir a ciência como opinião
verdadeira. Mas a experiência do dia a dia mostra que a
opinião verdadeira pode ser encontrada nos juízes sem
a ciência.
35
37. ignorar os elementos separados e conhecê-los juntos?
Se, pelo contrário, a sílaba é uma entidade única, sem
A Ciência é a Opinião Verdadeira partes, então é indivisível e, por conseguinte, não é
Acompanhada de Razão mais conhecível do que os elementos. Por outro lado, a
experiência prova que os elementos se prestam a um co-
nhecimento mais claro do que as sílabas. Quando
aprendemos a ler, o que fazemos é aprender a distin-
guir os elementos; quando aprendemos música, come-
çamos pelas notas; é que o elemento é mais conhecível
do que o composto.
Teeteto propõe, então, uma terceira definição, que ou- Mas voltemos à tua definição, e diz-me, Teeteto, o que
viu ser dada por alguém: a ciência é a opinião verdadei- é que devemos entender por essa razão que acompanha
ra acompanhada de razão, isto é, de uma explicação a opinião verdadeira. Na minha opinião, creio que a po-
analítica ou definição. As coisas que podemos sujeitar demos definir de três maneiras:
ao crivo da razão são conhecíveis; aquelas, que não po-
dem, são inconhecíveis. - O que eu ouvi dizer a alguém, a primeira é tornar o pensamento sensível à voz,
replica Sócrates, foi que os elementos primeiros de que através dos nomes e dos verbos, como se penteásse-
somos compostos são inconhecíveis e só podem ser no- mos o pensamento na fala, como se esta fosse um
meados (não analisados ou definidos), e que, pelo con- espelho ou uma superfície de água. Neste sentido, o
trário, os objetos que são compostos por eles são conhe- juízo verdadeiro será sempre acompanhado de defi-
cíveis, pois a combinação com que são formados é a es- nição, em todos aqueles que pensam corretamente
sência da sua definição. Mas será possível que, haven- sobre algum objeto; nestas condições, o juízo verda-
do elementos inconhecíveis, o composto formado por deiro nunca será encontrado sem a ciência.
eles seja conhecível? Se, por exemplo, as letras não são
a segunda consiste na enumeração das partes ou ele-
conhecíveis, como podem sê-lo as sílabas? Se a sílaba
mentos; mas podemos enumerar todas as partes de
consiste nos elementos combinados, como poderemos
36
38. um objeto, tendo delas só uma opinião verdadeira,
mas não a ciência.
a terceira consiste na definição através da diferença
característica. Mas o conhecimento desta diferença
característica é justamente o que faz da opinião
uma opinião verdadeira; não precisamos portanto
de acrescentar a razão à opinião verdadeira, pois ela
já lá está.
É, pois, uma resposta tonta dizer que a ciência é uma
opinião correta (ortodoxa) acompanhada de ciência,
seja da ciência da diferença, seja da ciência de qualquer
outra coisa.
Assim, a ciência não é, nem a sensação, nem a opinião
verdadeira, nem a opinião verdadeira acompanhada de
razão. Mas mesmo não sendo o debate conclusivo, no
mínimo ensinou Teeteto a não acreditar que sabe o que
não sabe.
Sócrates marca, então, encontro para o dia seguinte
com Teeteto e Teodoro, e deixa-os para ir responder à
acusação de Meleto, pela qual haveria de ser condena-
do à morte.
37
39. mento de que a sua doutrina abstrusa exigiria desenvol-
vimentos que abafariam a questão central. Na verdade,
Objeto e Composição do Teeteto a razão parece ser a de ter reservado uma obra comple-
ta para discutir a doutrina eleata, O Sofista. No Teete-
to, Platão limita-se aos sensualistas, cujas ideias, por se-
rem mais acessíveis, eram, sem dúvida, as mais divulga-
das. Já tinha, na primeira parte do Crátilo, exposto o
sistema do movimento universal dos sensualistas, asso-
ciando-o, para explicar a doutrina da linguagem, às cos-
mogonias primitivas e aos poetas Homero e Hesíodo.
O Teeteto tem por objeto a natureza da ciência. Platão Faz o mesmo no Teeteto, onde atribui a teoria do fluir
já tinha tratado desta questão no Ménon, onde defende universal a Homero. Expõe, depois, num tríptico magis-
que aprender é lembrar-se, que a alma viu toda a verda- tral:
de nas suas existências anteriores e que ela pode reen- a doutrina do homem medida de Protágoras
contrar os seus conhecimentos esquecidos, desde que
não desista de os procurar. Apesar da dúvida que ele a doutrina de Heraclito, onde tem origem a de Protá-
(no Ménon) confessa ter a respeito da verdade desta te- goras
oria, Platão reafirma-a peremtóriamente no Fédon e ba-
a doutrina dos seguidores fanáticos de Heraclito,
seia nela uma das suas provas da imortalidade da alma.
que reduzem tudo ao movimento perpétuo, chegan-
Mas era difícil fazê-la aceitar pelo público em geral e
do mesmo a negar a possibilidade de ciência.
até pelo público filosófico muito influenciado por ou-
tras doutrinas, nomeadamente as de Protágoras, de He- A estes universais destruidores, Platão opõe o verdadei-
raclito e de Parménides. Podemos pensar que ele acre- ro filósofo que, elevando-se acima do mundo das apa-
ditou ser necessário combatê-las e limpar o terreno rências, se dedica a descobrir a essência das verdadei-
para mais facilmente fazer vingar a sua teoria. É verda- ras realidades.
de que Platão deixa Parménides de fora, com o funda-
38
40. Depois de ter refutado aqueles que reduzem a ciência à do à natureza da cera onde se gravam as nossas sensa-
sensação, Platão ataca aqueles que vêem na ciência ções se encontra no tratado de Hipócrates sobre o Regi-
uma opinião verdadeira e, como a opinião verdadeira me nas doenças agudas. Também se sabe que Platão
supõe que haja uma opinião falsa, é sobre a possibilida- foi iniciado em Itália nas doutrinas médicas dos pitagó-
de de uma opinião falsa que ele conduz a sua pesquisa. ricos.
Ele já tinha abordado este assunto no Eutidemo, onde
Encontra-se também na terceira definição, que a ciên-
Dionisiodoro pretende demonstrar que é impossível
cia é a opinião verdadeira acompanhada da razão, um
mentir e contradizer, ao que Sócrates responde: “Essa
eco dos debates seus contemporâneos. Sócrates diz que
tese, tenho-a ouvido da boca de muitas pessoas, e fico
ouviu dizer que os elementos ou sílabas são inconhecí-
sempre surpreendido com ela. Ela estava muito em
veis, enquanto os compostos que são formados por eles
voga no tempo de Protágoras (...). Quanto a mim, acho-
são conhecíveis. Baseando-nos no testemunho de Aris-
a sempre surpreendente: parece-me que destrói as ou-
tóteles, é muito provável que esta tese de que Sócrates
tras (doutrinas) e destrói-se a si mesma.”
ouviu falar seja de Antístenes.
No Teeteto, Sócrates tenta mostrar a possibilidade de
erro, através de duas imagens:
a do bloco de cera, onde as nossas sensações se im-
primem, e, neste caso, o erro nasce do mau ajusta-
mento da sensação com o pensamento;
a do pombal, onde esvoaçam aves diversas que po-
demos tomar umas pelas outras.
Não é fácil determinar o que nestas duas imagens é ori-
ginal de Platão. Aquilo que se sabe é que a imagem do
bloco de cera também se encontra em Demócrito e que
a explicação das diferentes qualidades da memória devi-
39
41. C APÍTULO 4
A Apologia
de Sócrates
Quais foram, então, as verdadeiras cau-
sas da sua condenação? Sócrates, que já
contava com ela, responde a esta pergun-
ta. Foram os ódios que atraiu, ao desmas-
carar a ignorância de personagens impor-
tantes na presença de gente jovem, que,
ainda por cima, obtinha grande prazer
em ver essas pessoas importantes sem sa-
ber o que dizer.
42. Sócrates tinha setenta anos quando foi acusado por Me-
leto, Anito e Lícon de não reconhecer os deuses do Esta-
Enquadramento do, de introduzir novas divindades e de corromper a ju-
ventude. A pena que lhe foi aplicada foi a pena de mor-
te.
O principal acusador, Meleto, era um mau poeta que,
influenciado por Anitos, se encarregou de apresentar a
queixa junto do arconte-rei. Anitos e Lícon subscreve-
S UMÁRIO ram-na. Anitos, um rico curtidor de peles, que tinha
1. Enquadramento sido estratega em 409 e que tinha combatido os Trinta
(a tirania oligárquica), era um orador influente e um
2. Primeira Parte dos líderes do partido popular. A acreditar em Xenofon-
3. Segunda parte te (que escreveu a sua própria Apologia de Sócrates),
ele estava zangado com Sócrates porque este tinha-o
4. Terceira Parte
criticado severamente por pretender formar o seu filho
na profissão de curtidor. Mas tinha seguramente ou-
tros motivos bem mais sérios, motivos de natureza polí-
tica: Anitos deve ter-se sentido ferido com as críticas
de Sócrates contra os líderes do partido democrático
(ou popular). De Lícon, não se sabe grande coisa. Um
poeta satírico reprova-lhe o facto de ser de origem es-
trangeira e há quem faça alusão aos seus costumes efe-
minados. Em todo o caso, parece ter sido uma persona-
gem de pouca importância. Neste concerto de acusado-
res, Meleto representava os poetas, Anitos os artesãos e
os homens políticos, Lícon os oradores, todos tipos de
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43. pessoas que Sócrates tinha criticado, pondo em causa o ter meditado antes, com certeza. Nesse discurso, Sócra-
seu amor próprio. tes evidenciou um orgulho de linguagem que surpreen-
deu tanto os seus amigos quanto os seus juízes. “Ou-
Sócrates, exposto a todos estes ódios, não alimentou ilu-
tros, diz Xenofonte, escreveram sobre o seu processo, e
sões a respeito do que seria o seu destino. Mas, embora
todos transmitiram correta-
esperasse ser condenado, continuou as suas conversas
mente o orgulho da sua lin- O tribunal dos Heliastas
com os seus discípulos, como testemunha Platão no
guagem, o que prova que foi que julgou Sócrates era com-
Teeteto, a respeito de assuntos muito distantes do tema posto por 6 000 membros,
mesmo assim que ele fa-
do seu processo. Havendo quem se admirasse com o de- escolhidos por sorteio. Mas
lou.” Condenado por uma
sinteresse de Sócrates pelo seu processo, chegando ao não deliberavam todos ao
maioria de 60 votos num mesmo tempo: normalmen-
ponto de nem sequer preparar a sua defesa (segundo a
júri de 500 ou 501 votantes, te, o tribunal era formado
Apologia de Xenofonte), terá respondido: “Não te pare-
e convidado a escolher a sua por 500 ou 501 juízes, por
ce que me ocupei dele durante toda a vida? - e como? -
pena, recusou fazê-lo para vezes, 1 000, outras vezes,
Vivendo sem cometer nenhuma injustiça.” E como o
não se reconhecer como cul- 300 ou 400. O júri, diante
avisassem de que os tribunais de Atenas já tinham con-
pado, diz Xenofonte. Segun- do qual Sócrates compare-
denado pessoas inocentes, respondeu que, por duas ve-
do Platão ele propôs mesmo ceu era composto por 500
zes, tinha tentado compor uma apologia (um discurso ou 501 juízes.
que a sua pena fosse a de
de defesa), mas o seu signo divino tinha-o afastado des-
ser gratuitamente alimenta-
sa tarefa. Segundo Diógenes de Laércio, Lísias ter-lhe-
do pelo Estado. Esta proposta pareceu uma provoca-
ia proposto um discurso de defesa que, seguramente,
ção, e o júri condenou-o à morte com uma maioria ain-
teria o efeito de o tribunal o considerar inocente. Sócra-
da mais significativa. Levado para a prisão, teve ainda
tes recusou, dizendo: “O teu discurso é muito belo, mas
de esperar que a comitiva, enviada a Delos para ofere-
não me convém.” Esse discurso era, sem dúvida, com-
cer o sacrifício anual a Apolo, voltasse a Atenas; não
posto seguindo as regras da retórica e visava alimentar
era permitido executar um prisioneiro entre a partida e
a piedade dos juízes. Era isso precisamente que Sócra-
a chegada dos enviados à ilha sagrada. Sócrates teve,
tes não queria. Defendeu-se, portanto, a si mesmo com
por isso, oportunidade para se evadir da prisão. Mas re-
um discurso que não escreveu, mas sobre o qual deve
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