Este documento discute o retrato de Sócrates feito por Xenofonte em três de suas obras - Memoráveis, Banquete e Apologia. O autor argumenta que Xenofonte pintou um Sócrates idealizado, sem defeitos, com o objetivo de defender seu mestre das acusações que levaram à sua condenação à morte em Atenas no século V a.C.
O documento resume o contexto histórico e as principais características do período barroco, incluindo a contrarreforma católica, o dualismo entre o mundo material e espiritual, e o uso excessivo de figuras de linguagem. O documento também analisa um soneto de Gregório de Matos que ilustra temas comuns da arte barroca como a fé em Deus e a mortalidade.
Parmênides trágico — luis felipe bellintani ribeiroChristian Athayde
1) O texto discute a filosofia de Parmênides e sua natureza "trágica", na qual a escolha entre os caminhos da verdade e da aparência envolve perda e ganho simultâneos.
2) Analisa as referências a "caminhos" no poema de Parmênides e propõe a existência de três caminhos distintos: o do ser, o do não-ser e o da aparência-opinião.
3) Argumenta que o espírito fundamental de Parmênides é trágico, na medida em que o caminho do não-ser
O sentido histórico filosófico do poema de parmênides Christian Athayde
I. O documento analisa as três partes do poema de Parmênides - o prólogo, a parte ontológica e a parte sobre as opiniões dos mortais - e como cada uma se relaciona com a tradição filosófica e poética grega anterior.
II. No prólogo, Parmênides faz referências a poetas e filósofos como Hesíodo, Pitágoras e Xenófanes para demonstrar seu diálogo com essas tradições e justificar a clivagem anunciada entre as partes do poema.
III. Essas referências também
O documento apresenta informações sobre o contexto histórico e artístico do Barroco no Brasil colonial, destacando:
1) O Barroco no Brasil se desenvolveu no contexto da colonização portuguesa entre os séculos XVI-XVIII, tendo Salvador como capital e seguindo os padrões artísticos de Portugal.
2) Autores representativos da época incluem Gregório de Matos e Padre Antônio Vieira, conhecidos por suas obras poéticas e sermões que refletiam sobre temas como a trans
O documento descreve o período Seiscentista e Barroco no século XVII, marcado por conflitos existenciais e dúvidas religiosas. A arte Barroca representou esse tempo de instabilidade através de contrastes e dualismos, buscando conciliar visões opostas. O Barroco surgiu como resposta da Igreja Católica à Reforma Protestante por meio do Concílio de Trento, da Companhia de Jesus e da Inquisição.
O documento discute a carreira do pintor brasileiro Arthur Timóteo da Costa no final do século XIX e início do século XX. Apresenta comentários elogiosos sobre a obra de Timóteo feitos por Luiz Gonzaga Duque Estrada em publicação da época, destacando seu talento e como a obra "Antes d'aleluia" foi decisiva para que Timóteo ganhasse uma viagem para estudar na Europa. Apesar de seu talento, Timóteo não parece ter sido muito conhecido em seu tempo, possivelmente devido à sua morte premat
O documento apresenta resumos sobre quatro temas filosóficos: (1) Platão e seu conceito de amor platônico; (2) Karl Jaspers e suas ideias sobre a filosofia e a transcendência; (3) Sócrates e sua busca pelo conhecimento de si; (4) Pablo Picasso e suas diferentes fases artísticas ao longo da vida.
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 80-81luisprista
D. João V é retratado com dois traços de caráter dominantes: a megalomania e a prepotência. Estes traços levam-no a investir na construção do Convento de Mafra e a mobilizar trabalhadores à força para as obras, indignando o povo. Saramago critica o rei por ser ridiculamente megalómano e tratar o povo como escravos para satisfazer os seus caprichos.
O documento resume o contexto histórico e as principais características do período barroco, incluindo a contrarreforma católica, o dualismo entre o mundo material e espiritual, e o uso excessivo de figuras de linguagem. O documento também analisa um soneto de Gregório de Matos que ilustra temas comuns da arte barroca como a fé em Deus e a mortalidade.
Parmênides trágico — luis felipe bellintani ribeiroChristian Athayde
1) O texto discute a filosofia de Parmênides e sua natureza "trágica", na qual a escolha entre os caminhos da verdade e da aparência envolve perda e ganho simultâneos.
2) Analisa as referências a "caminhos" no poema de Parmênides e propõe a existência de três caminhos distintos: o do ser, o do não-ser e o da aparência-opinião.
3) Argumenta que o espírito fundamental de Parmênides é trágico, na medida em que o caminho do não-ser
O sentido histórico filosófico do poema de parmênides Christian Athayde
I. O documento analisa as três partes do poema de Parmênides - o prólogo, a parte ontológica e a parte sobre as opiniões dos mortais - e como cada uma se relaciona com a tradição filosófica e poética grega anterior.
II. No prólogo, Parmênides faz referências a poetas e filósofos como Hesíodo, Pitágoras e Xenófanes para demonstrar seu diálogo com essas tradições e justificar a clivagem anunciada entre as partes do poema.
III. Essas referências também
O documento apresenta informações sobre o contexto histórico e artístico do Barroco no Brasil colonial, destacando:
1) O Barroco no Brasil se desenvolveu no contexto da colonização portuguesa entre os séculos XVI-XVIII, tendo Salvador como capital e seguindo os padrões artísticos de Portugal.
2) Autores representativos da época incluem Gregório de Matos e Padre Antônio Vieira, conhecidos por suas obras poéticas e sermões que refletiam sobre temas como a trans
O documento descreve o período Seiscentista e Barroco no século XVII, marcado por conflitos existenciais e dúvidas religiosas. A arte Barroca representou esse tempo de instabilidade através de contrastes e dualismos, buscando conciliar visões opostas. O Barroco surgiu como resposta da Igreja Católica à Reforma Protestante por meio do Concílio de Trento, da Companhia de Jesus e da Inquisição.
O documento discute a carreira do pintor brasileiro Arthur Timóteo da Costa no final do século XIX e início do século XX. Apresenta comentários elogiosos sobre a obra de Timóteo feitos por Luiz Gonzaga Duque Estrada em publicação da época, destacando seu talento e como a obra "Antes d'aleluia" foi decisiva para que Timóteo ganhasse uma viagem para estudar na Europa. Apesar de seu talento, Timóteo não parece ter sido muito conhecido em seu tempo, possivelmente devido à sua morte premat
O documento apresenta resumos sobre quatro temas filosóficos: (1) Platão e seu conceito de amor platônico; (2) Karl Jaspers e suas ideias sobre a filosofia e a transcendência; (3) Sócrates e sua busca pelo conhecimento de si; (4) Pablo Picasso e suas diferentes fases artísticas ao longo da vida.
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 80-81luisprista
D. João V é retratado com dois traços de caráter dominantes: a megalomania e a prepotência. Estes traços levam-no a investir na construção do Convento de Mafra e a mobilizar trabalhadores à força para as obras, indignando o povo. Saramago critica o rei por ser ridiculamente megalómano e tratar o povo como escravos para satisfazer os seus caprichos.
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 77-78luisprista
1. O documento descreve traços estilísticos e estruturais comuns nos poemas de Fernando Pessoa, incluindo o uso de léxico rebuscado, ordem de palavras à latim, e egocentrismo.
2. O poema expressa indiferença em relação a conceitos como pátria e aulas de português, preferindo focar no futebol.
3. O autor descreve não saber ser ele próprio de forma coerente, invejando aqueles que vivem espontaneamente como as flores.
1. O documento discute o Barroco como o primeiro grande período artístico no Brasil, destacando a figura do Aleijadinho na arte plástica e do poeta Gregório de Matos na literatura.
2. Apresenta um soneto de Gregório de Matos criticando a inconstância dos bens mundanos através de contrastes como dia/noite e alegria/tristeza, característico do estilo barroco.
3. Discute a presença do tema do conflito entre elementos mundanos e forças sagradas
1) O documento discute a teoria do autor sobre o gênero literário nonsense e sua ligação com o contexto histórico e cultural do século XIX.
2) O autor argumenta que o poeta brasileiro Qorpo Santo também produziu obras com características nonsense, embora não tenham alcançado o mesmo nível de realização de Carroll e Lear.
3) A essência do nonsense estaria no confronto insolúvel entre "norma" e "pathos", presente principalmente na obra dos dois autores ingleses.
Este documento resume o livro "A Heresia Humanista – Ensaio Sobre as Paixões de Fim de Século", de José Fernando Tavares, em três frases:
1) O livro analisa como o homem ocidental desenvolveu um interesse pelo fantástico através da literatura e do cinema, explorando temas como monstros e entidades demoníacas.
2) A obra critica o desinteresse contemporâneo pela cultura erudita e a preferência por manifestações culturais medíocres, vendo isso como uma "traição do humanismo
O documento discute a obra do filósofo Jean-Paul Sartre e como ele abordou a noção de "alteridade" ou "o outro" em suas narrativas de viagem sobre os Estados Unidos e em outras obras. Apesar de sua famosa frase "O inferno são os outros", Sartre explorou o tema do encontro com culturas estrangeiras em suas reportagens. No entanto, ele também descreveu a alteridade como uma quase aporia filosófica em outros textos.
O melhor do mundo não são as crianças (luís prista)luisprista
O documento discute as dificuldades na edição de textos antigos e literários, especialmente quando há ambiguidades na decifração de palavras do autor. Apresenta também o poema "Liberdade" de Fernando Pessoa e analisa variantes encontradas em diferentes edições.
Apresentação Para Décimo Primeiro Ano, Aula 29luisprista
Este documento discute a origem da palavra "barroco" e define o estilo artístico do Barroco, caracterizado por um dramatismo sensacional e emotivo que começou como uma reação contra a Reforma religiosa do século XVI. Também explora as principais figuras retóricas utilizadas na poesia barroca, como a metáfora, hipérbole e antítese.
Este documento apresenta um resumo da tradição textual medieval sobre Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal. Discute-se as principais narrativas escritas sobre sua vida e feitos, como as Crônicas Breves de Santa Cruz de Coimbra e o Livro de Linhagens do Conde D. Pedro. Estas narrativas variam ligeiramente em detalhes e ordem dos eventos, porém todas descrevem os principais momentos da vida de Afonso Henriques, como a Batalha de São Mamede, a conquista de Santarém e a vit
1. Miguel Torga assume-se como um novo Job e Orfeu em rebelião contra Deus e os deuses, questionando a ordem divina e recusando-se a aceitar um destino determinado.
2. Como Orfeu, Torga desce aos infernos interiores de si próprio em busca da verdade, encontrando apenas dúvidas.
3. A temporalidade e liberdade do homem são noções centrais na antropologia poética de Torga, presente sobretudo na sua poesia e no Diário, onde questiona o sentido do destino
O documento apresenta um resumo do livro "Anatomia da Crítica" de Northrop Frye. O livro busca oferecer uma visão sinótica dos objetivos, fundamentos teóricos, princípios e técnicas da crítica literária através de quatro ensaios dedicados à crítica histórica, ética, arquetípica e retórica. Frye defende a concepção da crítica como uma estrutura de pensamento e conhecimento que existe por direito próprio, e não como mera opinião.
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 99-100luisprista
1) O documento discute estratégias para finalizar a leitura de Memorial do Convento durante o Carnaval e fornece um teste de múltipla escolha sobre o livro.
2) O teste contém perguntas sobre elementos como estilo, temas e personagens do romance.
3) O professor pede que os alunos finalizem a leitura do livro até o fim do Carnaval.
O documento discute a poesia hermética, resumindo sua origem e desenvolvimento. A poesia hermética surgiu na era romântica como uma quebra dos paradigmas classicistas através do uso livre de palavras e metáforas. A Antiguidade clássica valorizava a clareza e objetividade na poesia e via o hermetismo como obscuro e inadequado. O hermetismo só floresceu na literatura moderna quando poetas sentiram necessidade de criar algo novo que escapasse das convenções de sua época
Apresentação para décimo ano de 2014 5, aula 59-60luisprista
1) Fernanda Câncio defende que blogs são um espaço de liberdade e debate, apesar de defeitos;
2) Miguel Esteves Cardoso é menos otimista sobre o potencial da internet para informação, já que depende de fontes convencionais;
3) No dia de Natal, a internet mostrou-se pouco informativa quando os jornais não saíram.
Este documento fornece informações sobre um livro intitulado "O Olhar Distanciado" de Claude Lévi-Strauss. Em 3 frases:
1) Fornece detalhes sobre a edição, tradução, direitos autorais e editora do livro.
2) Apresenta um prefácio do autor explicando a estrutura e objetivos do livro, que reúne ensaios anteriores sobre temas da antropologia.
3) Contém um índice com os capítulos abordados, que tratam de questões como raça,
Este documento é um prefácio à Poética de Aristóteles. Resume a transmissão acidentada do texto original através dos séculos, menciona a possível existência de um segundo livro perdido sobre a comédia, e discute conceitos-chave como mimese poética.
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 128-129luisprista
O documento discute um comentário comparativo entre passagens de Camões e da crônica de Miguel Esteves Cardoso. Também aborda a desconsideração pelas artes e literatura por parte das elites portuguesas na época de Camões e observada também por Cardoso, além de fornecer esclarecimentos sobre termos e conceitos camonianos.
Este documento apresenta um resumo de 3 frases ou menos do texto "Poética" de Aristóteles:
1. A obra chegou até nós de forma acidentada, através de traduções indiretas ao longo dos séculos, mas exerceu grande influência na teoria literária ocidental.
2. A obra discute conceitos como a mímese poética e analisa gêneros como a tragédia e a epopeia, embora possa ter originalmente continha dois livros, tendo o segundo se perdido.
3.
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 135luisprista
Este documento analisa um excerto da peça Frei Luís de Sousa, caracterizando a personagem Maria como uma jovem culta, curiosa e idealista, que admira figuras como D. Sebastião e Luís de Camões como símbolos da grandeza de Portugal.
Este documento apresenta a história da psicografia de um conjunto de sonetos pelo poeta Augusto dos Anjos através do médium Gilberto Campista Guarino. Descreve a admiração de Hernani Guimarães Andrade pelo poeta e como, durante uma conversa, Guarino psicografou um soneto de Anjos. Andrade mais tarde recebeu o título do soneto diretamente de Anjos, mostrando que o espírito do poeta ainda se interessava por temas filosóficos.
Wittgenstein. tractatus logico philosophicus (português)Fernando Lima
Este documento apresenta uma introdução à edição brasileira da obra "Tractatus Logico-Philosophicus" de Ludwig Wittgenstein. A introdução descreve brevemente as inovações lógicas de Frege e Russell, o contexto histórico em que Wittgenstein escreveu sua obra e as principais críticas feitas ao seu trabalho posteriormente.
O artigo trata do julgamento de Sócrates e da representação histórica do filósofo em três frases:
1) Analisa as contradições na figura de Sócrates, como ter sido acusado de corromper a juventude apesar de ter salvo a vida de Alcibíades em batalha.
2) Discute as diferentes visões de Sócrates por Aristófanes, Xenofonte e Platão e como Aristófanes o ridicularizou na peça "As Nuvens".
3) Aborda o jul
Sócrates foi um filósofo ateniense do século V a.C. que contribuiu significativamente para a ética e lógica ocidental através de seu método pedagógico de questionamento. Embora pouco se saiba diretamente sobre sua vida, os diálogos de Platão fornecem os relatos mais abrangentes sobre seu método filosófico e ideias. Sócrates questionava os outros para encorajar o pensamento crítico e o entendimento dos assuntos, influenciando muitos filósofos posteriores.
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 77-78luisprista
1. O documento descreve traços estilísticos e estruturais comuns nos poemas de Fernando Pessoa, incluindo o uso de léxico rebuscado, ordem de palavras à latim, e egocentrismo.
2. O poema expressa indiferença em relação a conceitos como pátria e aulas de português, preferindo focar no futebol.
3. O autor descreve não saber ser ele próprio de forma coerente, invejando aqueles que vivem espontaneamente como as flores.
1. O documento discute o Barroco como o primeiro grande período artístico no Brasil, destacando a figura do Aleijadinho na arte plástica e do poeta Gregório de Matos na literatura.
2. Apresenta um soneto de Gregório de Matos criticando a inconstância dos bens mundanos através de contrastes como dia/noite e alegria/tristeza, característico do estilo barroco.
3. Discute a presença do tema do conflito entre elementos mundanos e forças sagradas
1) O documento discute a teoria do autor sobre o gênero literário nonsense e sua ligação com o contexto histórico e cultural do século XIX.
2) O autor argumenta que o poeta brasileiro Qorpo Santo também produziu obras com características nonsense, embora não tenham alcançado o mesmo nível de realização de Carroll e Lear.
3) A essência do nonsense estaria no confronto insolúvel entre "norma" e "pathos", presente principalmente na obra dos dois autores ingleses.
Este documento resume o livro "A Heresia Humanista – Ensaio Sobre as Paixões de Fim de Século", de José Fernando Tavares, em três frases:
1) O livro analisa como o homem ocidental desenvolveu um interesse pelo fantástico através da literatura e do cinema, explorando temas como monstros e entidades demoníacas.
2) A obra critica o desinteresse contemporâneo pela cultura erudita e a preferência por manifestações culturais medíocres, vendo isso como uma "traição do humanismo
O documento discute a obra do filósofo Jean-Paul Sartre e como ele abordou a noção de "alteridade" ou "o outro" em suas narrativas de viagem sobre os Estados Unidos e em outras obras. Apesar de sua famosa frase "O inferno são os outros", Sartre explorou o tema do encontro com culturas estrangeiras em suas reportagens. No entanto, ele também descreveu a alteridade como uma quase aporia filosófica em outros textos.
O melhor do mundo não são as crianças (luís prista)luisprista
O documento discute as dificuldades na edição de textos antigos e literários, especialmente quando há ambiguidades na decifração de palavras do autor. Apresenta também o poema "Liberdade" de Fernando Pessoa e analisa variantes encontradas em diferentes edições.
Apresentação Para Décimo Primeiro Ano, Aula 29luisprista
Este documento discute a origem da palavra "barroco" e define o estilo artístico do Barroco, caracterizado por um dramatismo sensacional e emotivo que começou como uma reação contra a Reforma religiosa do século XVI. Também explora as principais figuras retóricas utilizadas na poesia barroca, como a metáfora, hipérbole e antítese.
Este documento apresenta um resumo da tradição textual medieval sobre Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal. Discute-se as principais narrativas escritas sobre sua vida e feitos, como as Crônicas Breves de Santa Cruz de Coimbra e o Livro de Linhagens do Conde D. Pedro. Estas narrativas variam ligeiramente em detalhes e ordem dos eventos, porém todas descrevem os principais momentos da vida de Afonso Henriques, como a Batalha de São Mamede, a conquista de Santarém e a vit
1. Miguel Torga assume-se como um novo Job e Orfeu em rebelião contra Deus e os deuses, questionando a ordem divina e recusando-se a aceitar um destino determinado.
2. Como Orfeu, Torga desce aos infernos interiores de si próprio em busca da verdade, encontrando apenas dúvidas.
3. A temporalidade e liberdade do homem são noções centrais na antropologia poética de Torga, presente sobretudo na sua poesia e no Diário, onde questiona o sentido do destino
O documento apresenta um resumo do livro "Anatomia da Crítica" de Northrop Frye. O livro busca oferecer uma visão sinótica dos objetivos, fundamentos teóricos, princípios e técnicas da crítica literária através de quatro ensaios dedicados à crítica histórica, ética, arquetípica e retórica. Frye defende a concepção da crítica como uma estrutura de pensamento e conhecimento que existe por direito próprio, e não como mera opinião.
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 99-100luisprista
1) O documento discute estratégias para finalizar a leitura de Memorial do Convento durante o Carnaval e fornece um teste de múltipla escolha sobre o livro.
2) O teste contém perguntas sobre elementos como estilo, temas e personagens do romance.
3) O professor pede que os alunos finalizem a leitura do livro até o fim do Carnaval.
O documento discute a poesia hermética, resumindo sua origem e desenvolvimento. A poesia hermética surgiu na era romântica como uma quebra dos paradigmas classicistas através do uso livre de palavras e metáforas. A Antiguidade clássica valorizava a clareza e objetividade na poesia e via o hermetismo como obscuro e inadequado. O hermetismo só floresceu na literatura moderna quando poetas sentiram necessidade de criar algo novo que escapasse das convenções de sua época
Apresentação para décimo ano de 2014 5, aula 59-60luisprista
1) Fernanda Câncio defende que blogs são um espaço de liberdade e debate, apesar de defeitos;
2) Miguel Esteves Cardoso é menos otimista sobre o potencial da internet para informação, já que depende de fontes convencionais;
3) No dia de Natal, a internet mostrou-se pouco informativa quando os jornais não saíram.
Este documento fornece informações sobre um livro intitulado "O Olhar Distanciado" de Claude Lévi-Strauss. Em 3 frases:
1) Fornece detalhes sobre a edição, tradução, direitos autorais e editora do livro.
2) Apresenta um prefácio do autor explicando a estrutura e objetivos do livro, que reúne ensaios anteriores sobre temas da antropologia.
3) Contém um índice com os capítulos abordados, que tratam de questões como raça,
Este documento é um prefácio à Poética de Aristóteles. Resume a transmissão acidentada do texto original através dos séculos, menciona a possível existência de um segundo livro perdido sobre a comédia, e discute conceitos-chave como mimese poética.
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 128-129luisprista
O documento discute um comentário comparativo entre passagens de Camões e da crônica de Miguel Esteves Cardoso. Também aborda a desconsideração pelas artes e literatura por parte das elites portuguesas na época de Camões e observada também por Cardoso, além de fornecer esclarecimentos sobre termos e conceitos camonianos.
Este documento apresenta um resumo de 3 frases ou menos do texto "Poética" de Aristóteles:
1. A obra chegou até nós de forma acidentada, através de traduções indiretas ao longo dos séculos, mas exerceu grande influência na teoria literária ocidental.
2. A obra discute conceitos como a mímese poética e analisa gêneros como a tragédia e a epopeia, embora possa ter originalmente continha dois livros, tendo o segundo se perdido.
3.
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 135luisprista
Este documento analisa um excerto da peça Frei Luís de Sousa, caracterizando a personagem Maria como uma jovem culta, curiosa e idealista, que admira figuras como D. Sebastião e Luís de Camões como símbolos da grandeza de Portugal.
Este documento apresenta a história da psicografia de um conjunto de sonetos pelo poeta Augusto dos Anjos através do médium Gilberto Campista Guarino. Descreve a admiração de Hernani Guimarães Andrade pelo poeta e como, durante uma conversa, Guarino psicografou um soneto de Anjos. Andrade mais tarde recebeu o título do soneto diretamente de Anjos, mostrando que o espírito do poeta ainda se interessava por temas filosóficos.
Wittgenstein. tractatus logico philosophicus (português)Fernando Lima
Este documento apresenta uma introdução à edição brasileira da obra "Tractatus Logico-Philosophicus" de Ludwig Wittgenstein. A introdução descreve brevemente as inovações lógicas de Frege e Russell, o contexto histórico em que Wittgenstein escreveu sua obra e as principais críticas feitas ao seu trabalho posteriormente.
O artigo trata do julgamento de Sócrates e da representação histórica do filósofo em três frases:
1) Analisa as contradições na figura de Sócrates, como ter sido acusado de corromper a juventude apesar de ter salvo a vida de Alcibíades em batalha.
2) Discute as diferentes visões de Sócrates por Aristófanes, Xenofonte e Platão e como Aristófanes o ridicularizou na peça "As Nuvens".
3) Aborda o jul
Sócrates foi um filósofo ateniense do século V a.C. que contribuiu significativamente para a ética e lógica ocidental através de seu método pedagógico de questionamento. Embora pouco se saiba diretamente sobre sua vida, os diálogos de Platão fornecem os relatos mais abrangentes sobre seu método filosófico e ideias. Sócrates questionava os outros para encorajar o pensamento crítico e o entendimento dos assuntos, influenciando muitos filósofos posteriores.
02 sócrates - coleção os pensadores (1987)Nayara Scrimim
O documento descreve a vida e obra de Sócrates. Em 399 a.C., Sócrates foi julgado por uma corte popular em Atenas e condenado à morte por corromper a juventude e não reconhecer os deuses da cidade. A defesa de Sócrates perante o tribunal é relatada por Platão em sua "Apologia de Sócrates". Apesar de sua defesa serena e argumentos lógicos, Sócrates foi condenado e escolheu beber cicuta para cumprir sua pena.
1. A vida de Platão desde a sua juventude em Atenas até suas viagens para o Egito, Sicília e Itália, onde conheceu diferentes filósofos e matemáticos que influenciaram seu pensamento.
2. Um resumo breve da filosofia de Platão, com foco na imortalidade da alma.
3. O diálogo O Teeteto, no qual Sócrates discute a natureza do conhecimento com Teeteto.
4. A Apologia de Sócrates, no qual Sócrates
1) O documento apresenta uma introdução ao julgamento e condenação de Sócrates em 399 a.C. em Atenas.
2) Sócrates foi acusado de impiedade e corrupção da juventude por Meleto, Ânito e Lícon.
3) A introdução discute as possíveis motivações por trás das acusações e analisa a defesa, sentença e legado de Sócrates.
1. O documento discute a relação entre narrativa, ficção e valor a partir das perspectivas de Platão, Aristóteles e outros teóricos.
2. Platão via a narrativa como superior à imitação, enquanto Aristóteles preferia a imitação direta para a épica.
3. Hegel caracterizou a épica como objetiva, a lírica como subjetiva e o dramático como objetivo-subjetivo. Ele viu o romance como a "epopéia burguesa moderna".
Este artigo compara Apolônio de Tiana, descrito na biografia escrita por Filóstrato, com os sofistas descritos na obra Vidas dos Sofistas do mesmo autor. O artigo argumenta que Filóstrato transforma Apolônio em um sofista para projetar nele características de seu próprio grupo. Além disso, compara as práticas atribuídas a Apolônio com as de sofistas como Herodes Ático, Apuleio, Dião de Prusa e Élio Aristides. O objetivo é analisar como Filóstr
O documento descreve o pensamento de Sócrates segundo Xenofonte, focando em tópicos como a piedade, o uso de oráculos, o domínio de si e as "coisas humanas". O texto também discute o cuidado com o corpo, a frugalidade e a busca da sabedoria através da ação.
O documento fornece um resumo da vida e obra de Platão em 3 frases:
1) Platão nasceu em Atenas no século V a.C. e fundou a Academia, primeira instituição de pesquisa filosófica.
2) Influenciado por Sócrates, Platão escreveu diálogos que discutem ética, política e epistemologia de forma aporética.
3) Ao longo de sua vida, Platão alternou entre atividade filosófica e tentativas frustradas de aplicar suas ideias na política de
O Teeteto de Platão e a Apologia de SócratesJorge Barbosa
Este documento apresenta um prefácio e uma introdução à vida de Platão. No prefácio, o autor descreve as fontes e influências no seu texto sobre Platão e a Doutrina Social da Igreja. A introdução fornece detalhes biográficos sobre a família e educação iniciais de Platão em Atenas.
Este documento discute as primeiras concepções de arte poética no mundo ocidental, focando em Platão e Aristóteles. Ele explica que Platão via a literatura como uma forma de imitação que deveria promover valores morais e não questionar a sociedade, enquanto Aristóteles analisou sua estrutura sem julgar sua função.
Este documento analisa a peça teatral "Les mouches" de Jean-Paul Sartre à luz do método comparativo, estabelecendo relações entre a versão sartriana do mito grego de Electra e Orestes e as versões desenvolvidas por trágicos gregos como Ésquilo, Sófocles e Eurípedes. Através desta análise comparativa, o documento busca demonstrar a originalidade da peça de Sartre em função do contexto histórico e filosófico em que foi produzida.
A pintura "Escola de Atenas" de Rafael representa filósofos de diferentes épocas históricas reunidos em torno de Platão e Aristóteles, ilustrando a continuidade do pensamento filosófico. As figuras centrais seguram livros que expõem suas filosofias opostas: Platão a teoria das formas e Aristóteles a realidade material. A obra também simboliza a busca do conhecimento pelo pensamento abstrato e pela investigação empírica da natureza.
O documento trata do julgamento de Sócrates, abordando:
1) As contradições na figura de Sócrates apontadas por estudiosos como Isidor Stone;
2) A acusação de impiedade movida contra Sócrates e sua condenação pelo júri ateniense apesar de sua defesa;
3) As diferentes visões de Sócrates apresentadas por Aristófanes, Xenofonte e Platão.
Diágoras de Melos foi o primeiro ateu na Grécia antiga por rejeitar os deuses gregos e criticar os mistérios de Elêusis. Critias de Atenas foi um político que liderou os Trinta Tiranos após a Guerra do Peloponeso e estabeleceu um governo ditatorial e violento. Ésquines foi um orador ateniense que inicialmente se opôs a Filipe da Macedônia, mas depois procurou uma política de concessões com os macedônios.
Este documento é uma introdução à tragédia Antígona de Sófocles. Resume a história do mito sobre o qual se baseia a peça, analisa sua estrutura e discute a data provável de sua composição entre 441-442 a.C.
Este artigo analisa a discussão sobre a origem e natureza dos nomes no diálogo platônico Crátilo. O diálogo apresenta duas teorias opostas: a naturalista, defendida por Crátilo, e a convencionalista, defendida por Hermógenes. Embora Sócrates critique ambas as teorias, o objetivo do artigo não é determinar qual está correta, mas refletir sobre a relação entre elas à luz do pensamento de Platão sobre linguagem.
O documento descreve o conceito de humanismo ao longo da história, desde seu surgimento na antiguidade clássica até suas diferentes interpretações filosóficas. Apresenta também os principais pensadores gregos como os pré-socráticos, sofistas, Sócrates, Platão e Aristóteles, e suas contribuições para o desenvolvimento do pensamento humanista.
Sócrates nasceu em Atenas no século V a.C. e desenvolveu um método filosófico baseado no questionamento crítico e na tomada de consciência da própria ignorância. Sua frase célebre "só sei que nada sei" reflete essa busca pelo conhecimento verdadeiro através do abandono das opiniões. Sócrates foi condenado à morte por corromper a juventude com seu questionamento das autoridades, mas deixou um importante legado para a filosofia.
1) O documento é um livro escrito por Pierre Clastres que estuda a violência nas sociedades primitivas através de uma perspectiva antropológica e política.
2) O livro contém 11 capítulos que discutem tópicos como mitos, ritos, poder, economia e guerra em sociedades indígenas da América do Sul.
3) O autor argumenta que essas sociedades desenvolveram mecanismos para impedir a emergência de uma figura de poder centralizada e manter a liberdade coletiva
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Slides Lição 11, CPAD, A Realidade Bíblica do Inferno, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
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Folheto | Centro de Informação Europeia Jacques Delors (junho/2024)Centro Jacques Delors
Estrutura de apresentação:
- Apresentação do Centro de Informação Europeia Jacques Delors (CIEJD);
- Documentação;
- Informação;
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- Atividades pedagógicas, formativas e conteúdos;
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Para mais informações, consulte o portal Eurocid:
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Autor: Centro de Informação Europeia Jacques Delors
Fonte: https://infoeuropa.mne.gov.pt/Nyron/Library/Catalog/winlibimg.aspx?doc=48197&img=9267
Versão em inglês [EN] também disponível em:
https://infoeuropa.mne.gov.pt/Nyron/Library/Catalog/winlibimg.aspx?doc=48197&img=9266
Data de conceção: setembro/2019.
Data de atualização: maio-junho 2024.
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O Egito Antigo foi formado a partir da mistura de diversos povos, a população era dividida em vários clãs, que se organizavam em comunidades chamadas nomos. Estes funcionavam como se fossem pequenos Estados independentes.
Por volta de 3500 a.C., os nomos se uniram formando dois reinos: o Baixo Egito, ao Norte e o Alto Egito, ao Sul. Posteriormente, em 3200 a.C., os dois reinos foram unificados por Menés, rei do alto Egito, que tornou-se o primeiro faraó, criando a primeira dinastia que deu origem ao Estado egípcio.
Começava um longo período de esplendor da civilização egípcia, também conhecida como a era dos grandes faraós.
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A sociedade contemporânea está passando por grandes mudanças comportamentais no âmbito da sexualidade humana, tendo inversão de valores indescritíveis, que assusta as famílias tradicionais instituídas na Palavra de Deus.
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08 pinheiro o socrates de xenofonte
1. O SÓCRATES DE XENOFONTE
A N A ELIAS PINHEIRO
Universidade Católica Portuguesa
elias.ana@gmail.com
Resumo
Em 399 a.C, Atenas assistiu a um processo judicial cuja discussão se
prolonga até aos nossos dias e que condenou à morte o mais célebre dos
filósofos: Sócrates.
A este processo dedicou Xenofonte três obras, Memoráveis, Banquete e
Apologia, todas elas marcadas pela parcialidade do discípulo empenhado a
todo custo na defesa do mestre, injustamente condenado.
Do retrato que destas obras se exclui, pois, todo e qualquer elemento
que pudesse resultar prejudicial à imagem de Sócrates; um Sócrates que não
é tanto o Sócrates-nlósofo e sim o Sócrates-mestre, familiar e amigo: um
Sócrates sem defeitos, o mais pio, mais justo, mais útil, mais contido, mais
prudente, mais sabedor, mais apto e eficaz, em suma, o melhor e o mais
afortunado dos homens, que os Atenienses condenaram por não terem con-
seguido entender.
Palavras-chave: Xenofonte, Sócrates.
Abstract
In 399 B.C. in Athens a judicial process, whose discussion has lasted
until the present time, condemned Sócrates, the most famous of ali phi-
losophers, to death.
To this process Xenophon dedicated three works, Memorabilia,
Symposium and Apology, ali of them characterized by the partiality of a dis-
ciple totally committed to the defense of his master, who had been unfairly
condemned.
From the description of these works it is, thus, excluded every element
that could be considered harmful to Sócrates' image: a Sócrates that is not so
Humanitas 60 (2008) 101-113
2. 102 Ana Elias Pinheiro
much the philosopher, but instead the master, who is familiar and friendly: a
Sócrates without defects, the chastest, the fairest, the most helpful, the most
reserved, the most prudent, the wiser, the most apt and efficient; in sum, the
best and luckiest of ali men, whom Athenians condemned because they were
unable to understand him.
Keywords: Xenophon, Sócrates.
«Entre a caricatura de Aristófanes e o Sócrates enobrecido de
Platão existe um homem amável que não pretende dominar pela sua
superioridade: Xenofonte não quis pintar o génio e sim o Sócrates de
todos os dias, mais acessível e mais próximo dos homens correntes que
o Sócrates de Platão.»
(Zaragoza 1993: 300)
Fazer uma análise do retrato de Sócrates implica dizer, em primeiro
lugar, que já não andamos à procura do Sócrates histórico. Lembro, a
propósito, as palavras de Gray (1998: 25) de que «já não está em causa que
Xenofonte tenha sido capaz de entender a metodologia socrática ou a sua
doutrina e, sim, a razão pela qual escolheu apresentá-lo do modo como o
faz». Julgo, em resposta a esta observação, que, muito provavelmente,
Xenofonte não disse, nem em Memoráveis, nem em qualquer outro dos seus
escritos socráticos, o que efectivamente sabia sobre Sócrates, mas, sim, o que,
desse conhecimento, lhe interessava transmitir e que se mostrasse em con-
cordância com o propósito que tinha delineado para a obra (Mem. 1.3.1):
Como defacto me parece que Sócrates era um bom auxílio para os seus companheiros,
quer pelo testemunho do seu comportamento, quer pelo que dizia, vou registar tudo
quanto dessas memórias guardo. Deste retrato de um Sócrates sem defeitos tinha
de ser excluído, evidentemente, tudo o que pudesse ser polémico.
Tendo em conta, de resto, a observação de Breitenbach (1967: 1772-
-1773) de que não podemos olhar para as obras socráticas, mesmo as de
Xenofonte, como obras históricas, então teremos forçosamente de ver
neste Sócrates (como no de Platão, também) algo de 'personagem literária'.
Se há determinadas características, de facto, em que os vários testemunhos
coincidem e que podemos imputar à figura real do filósofo, a verdade é
que a maior parte do que sabemos sobre Sócrates é o que os seus discípu-
los nos quiseram dizer. Ε se Sócrates não é figura histórica em Xenofonte,
que era historiador, muito menos pois o poderá ser em Platão, que não era
historiador, não pretendia sê-lo e mostra até, geralmente, alguma despreo-
3. O Sócrates de Xenofonte 103
cupação com a precisão, a que hoje chamaríamos histórica, dos seus teste-
munhos. U m e outro não estavam, com as suas várias obras sobre o filó-
sofo, a construir uma biografia e, sim, de modo mais ou menos assumido,
uma apologia. Mesmo nas doutrinas, provavelmente — e parece-me que
essa será sempre a posição mais defensável — nenhum dos Sócrates, nem o
de Platão, nem o de Xenofonte, poderá corresponder com exactidão ao
Sócrates real, porque não é ele quem fala, e, sim, em seu nome, os seus
discípulos. Qualquer das doutrinas apresentadas terá contado, sempre, com
a interpretação de quem a reproduzia e u m e outro, no caso de Platão e
Xenofonte, tinham limitações que terão condicionado o m o d o como
transmitiram as ideias do mestre. Poderá dar-se o caso de que Platão tenha
tido alguma vantagem, pois estava mais próximo no tempo, enquanto
Xenofonte recorda a mensagem do filósofo sob a forma de lembranças,
que dão ao seu testemunho u m tom mais ligeiro e presumidamente des-
cuidado e, portanto, menos rigoroso; mas Platão trabalhava em termos
científicos as doutrinas do mestre, com vista a transmiti-las a outros. A sua
é, naturalmente, uma transmissão mais completa, porque mais reflectida,
mas, não tem, contudo e forçosamente, que ser mais fiel, porque não deixa
de ser indirecta e, sobretudo, interpretativa.
Importante será também termos em conta que os testemunhos que
possuímos são, sobretudo, os de defesa. Da acusação, conhecemos apenas
informações indirectas1
, mas parece-me claro que terá existido, em certos
1
Teria tido particular impacto um panfleto perdido da autoria do sofista
Polícrates, a Κατηγορία Σωκράτους, Acusação contra Sócrates, que terá circulado em
Atenas, nos últimos anos da década de 90 do séc. IV (394 ou 393?), e que
pretenderia ser a reprodução do discurso de acusação de Anito. O seu teor aproxi-
mado conhece-se pela Apologia de Sócrates de Libânio (vide Brickhouse/Smith
2002: 122-132; Calder 2002: 39-219) e insistiria particularmente no desprezo de
Sócrates pelas leis e pela constituição democrática. A excepção de Favorino
(Memorabilia), os restantes autores antigos datavam este texto da época do processo.
Polícrates era provavelmente ateniense e foi contemporâneo de Isócrates (Busíris, 4,
50; cf. Athen. 8.335c-d), que o dá precisamente como autor de uma Κατηγορία
Σωκράτους (vide também Quint. Inst. 2.17.4; D.L. 2.39-40; Them. Or. 23; Lib. Ap;
Eliano, VH 11.10; Suâa, s.v. Polycrates, que refere dois λόγοι κατά Σωκράτους;
schol. aãAristidem, 3.480 e 3.320).
Para Giannantoni (2001: 292), não só Xenofonte mas também os outros
socráticos, Platão, Esquines e Antístenes, estariam a responder, com os seus diálogos
a estas acusações de Polícrates e não às do processo real.
4. 104 Ana Elias Pinheiro
sectores da Atenas do século V, u m relativo consenso acerca da figura de
Sócrates e, porventura, nem sempre favorável: os Atenienses condenaram
Sócrates e fizeram-no com acusações similares àquelas de que a Comédia
Antiga já fizera eco, cerca de duas décadas antes do processo2
. Podemos até
aceitar, tal como fizeram, quer Platão, quer Xenofonte, que os Atenienses
estavam errados; mas se, contudo, quiséssemos, de facto, reconstituir a
verdadeira personalidade de Sócrates, ser-nos-ia decerto necessário fazer
uso dos traços de carácter que lhe atribuíram os seus opositores.
N o caso de Xenofonte, que em particular nos ocupa, será necessário
não esquecer que este escritor não é conhecido por retratar com impar-
cialidade as suas figuras, e, neste caso, poderá ter sido até bastante parcial,
porque falava assumidamente em defesa do filósofo; o mesmo acontecia,
de resto, nos retratos traçados em discursos forenses que lhe poderão ter
servido de modelo (Calvo Martínez 2004).
A construção de um retrato completo, quanto possível, físico e moral,
de Sócrates, a partir da obra de Xenofonte, precisará de combinar elemen-
tos presentes em cada u m dos textos que Autor dedicou ao filósofo, os
Memoráveis mas também a Apologia e o Banquete.
2
No final da peça de Aristófanes, o velho Estrepsíades via, precisamente, na
destruição da escola (e não sabemos até que ponto do seu mestre; vide, e.g., F. D.
Harvey (1981), "Nubes 1493ff:Was Sócrates Murdered?", GRBS 22A: 339-343) a
solução para a perniciosa influência de Sócrates sobre aqueles que frequentavam o
seu ensino.
Curiosamente, sendo este o único testemunho redigido ainda em vida do
filósofo, foi aquele também que, desde a Antiguidade, mais depressa foi rejeitado.
Não foi, contudo, Aristófanes o único comediógrafo a centrar na figura de Sócrates
a sátira aos mestres da Atenas do seu tempo. Em 423, ano em que as Nuvens
ficaram em terceiro lugar nas Dionísias, o segundo lugar coube ao Cono de
Amípsias, dirigido expressamente contra Sócrates, que seria de novo personagem, e
em moldes muito semelhantes aos de Aristófanes, dois anos mais tarde, nos Comi-
lões de Eupolis (vide Bouvier 2000). Será curioso, contudo, verificar que, em 423, a
comédia vencedora, a Garrafa, de Cratino, era a única que não contava com a
figura de Sócrates na sua galeria de personagens.
Este papel de Sócrates na comédia despertou, de resto, comentários ao longo
de toda a Antiguidade, desde aqueles que o encaravam como um recurso literário
àqueles que, como Eliano (VH 2.13), viram em Sócrates, o melhor dos Gregos, alvo
de uma calúnia perpetrada por um poeta, Aristófanes, que se deixara corromper
por aqueles que queriam condenar o filósofo (vide Bouvier 2000: 430-431).
5. O Sócrates de Xenofonte 105
O mais antigo retrato físico de Sócrates, o que fizera Aristófanes em
Nuvens (cf. também Av. 1281-1282), satirizava a figura do filósofo, acen-
tuando traços caricaturais como a palidez3
e os cabelos compridos4
, atri-
butos que se assemelhavam àqueles que na pintura dos vasos de finais do
séc. V caracterizavam os intelectuais em geral, reflectindo no seu aspecto
físico os efeitos do seu ensino (vide Zanker 1995: 32-34, figs. 19 e 20).
Desse modo, o poeta cómico condenava os defeitos morais exagerando-
-lhe os físicos, com os quais se combinavam hábitos bizarros de falta de
higiene ou de indumentária (cf. Ar. M í . 836-837; PI. Smp. 174a; cf. tam-
bém Mem. 1. 2. 5)5
.
3
Insistentemente Sócrates e aqueles que lhe frequentam a escola são descri-
tos como amarelentos (w. 103 e 1112; a mesma ideia nos w. 184-186, 198-199,
500-504) ou sumidos de cores (v. 120). Vide, a este propósito, D. Leão (1995),
"Retrato físico de Sócrates nas Nuvens e em Platão. Breve Apontamento",
Humanitas 47: 327-339.
4
Que lembravam, decerto, a simpatia do filósofo e dos seus companheiros
por Esparta. Também no passo citado das Aves, o comediógrafo descreve os
Atenienses filo-espartanos como 'imitadores de Sócrates' (έσωκράτων): os nossos
homens estavam todos possuídos por uma laconite: cabelos compridos, famintos, sujos, tipo
Sócrates.
3
Ar. Nu. 836-837: para pouparem dinheiro nenhum deles corta o cabelo, unge o corpo
ou vai aos banhos lavar-se. Aristófanes não é o único comediógrafo a ressaltar a
bizarria deste comportamento, também Amípsias, no Cono (frg. 9 K-A), acusara
Sócrates de ser a perdição dos curadores por se recusar a usar sapatos. Alguns dos
hábitos que o comediógrafo, contudo, lhe atribui não encontram eco nas obras
socráticas, como o gosto pelos espaços interiores, ou a extrema pobreza que fazia
com que os discípulos do Pensadouro só pudessem comer quando furtavam al-
guma coisa. Esses aspectos, sim, seriam aqueles que a figura cómica de Sócrates
tomava por sincretismo dos seus colegas de ofício: Querefonte, Antístenes, e outros.
Vide, sobre o assunto, F. Souto Delibes (1997), "La figura de Sócrates en la come-
dia ateniense", in Actas Congreso (1996) Sociedad, Política y Literatura. Comedia Griega
Antigua. Salamanca, 339-345.
A referência de Platão, no passo citado do Banquete, é igualmente irónica mas
apresentada pela positiva: — Contou-me ele que encontrara Sócrates bem lavado, de
sandálias calçadas, o que raramentefazia, e lhe perguntou onde ia assim todo preparado. Ele
respondeu: «Vou jantar a casa do Agaton. Ontem, com receio da populaça, não fui às
cerimónias da sua vitória, de modo que hoje aceitei lá ir. Por isso me pus assim todo bonito.»
6. 106 Ana Elias Pinheiro
Mas a verdade é que os demais retratos do filósofo não contrariam a
caricatura traçada pelo comediógrafo; de facto, no caso de Sócrates, a
sabedoria parece que não se fizera acompanhar de beleza física e assim o
descreve também Xenofonte, com humor, no Banquete (4. 19, 5; cf. PL,
Smp. 215b): notoriamente feio, de olhos esbugalhados, nariz achatado com
narinas arrebitadas, lábios grossos, parecido com um sileno, mas que vê na
sua fealdade vantagens que lhe permitem competir com os mais belos
(Critobulo, em Xenofonte; mas também com Alcibíades, no outro Ban-
quete, o de Platão); os olhos esbugalhados permitem-lhe ver em todas as
direcções, com as narinas arrebitadas pode captar cheiros vindos de todos
os lados, o nariz achatado não constitui um obstáculo à visão, os lábios
grossos dão melhores beijos, os Silenos são feios mas filhos de deusas.
Parecido com um Sileno, também, é retratado na mais antiga das
estátuas que conhecemos (datada talvez da época imediatamente a seguir à
sua morte; vide Zanker 1995: 35, fig. 21; 37, fig. 23; 58), de que só se
conserva a cabeça, mas cujo traço sugere a possibilidade de um corpo
baixo e roliço, porventura à imitação também de algumas das representa-
ções conhecidas dos Silenos, embora com certa amenização de traços.
A luz do que eram os padrões clássicos da kalokagathia, as feições
grosseiras de Sócrates estariam muito próximas das de um homem de
baixa condição (cf. Cie, Tusc. 4. 81). Assim, tal como o pensamento de
Sócrates parece ter constituído um corte com a filosofia anterior, também
o seu retrato poderá ter correspondido a uma ruptura com a ideia prevale-
cente na cultura grega desde os tempos heróicos de que a kalokagathia
(como o próprio termo sugeria) era apanágio apenas dos belos, ideali-
zando a beleza física como reflexo da beleza moral. A figura de Sócrates
concretiza o oposto desta ideia, a mais bela e sábia das almas num corpo
feio, mas cujos traços se revestem de uma utilidade muito maior do que se
fossem belos.
De igual modo, a comparação estabelecida com os Silenos poderá
não advir de uma simples bizarria ou constatação de fealdade por parte
dos seus contemporâneos; Sócrates não seria o único Ateniense feio do seu
tempo e em nenhum outro esta característica parece ter despertado tanto
interesse. É, de resto, o próprio Sócrates que assim se identifica (pelo
menos, é a ele que os discípulos o atribuem), parecendo encontrar nesse
aspecto algum motivo de orgulho: na tradição mitológica, os Silenos, pese
embora a sua fealdade, eram vistos como seres intelectualmente dotados, a
7. O Sócrates de Xenofonte Çf/
quem fora confiada a educação de crianças divinas ou heróicas, como fora
o caso de Dioniso6
.
Uma modificação estética da representação escultórica de Sócrates
poderá ter a ver com a posterior reabilitação da imagem, porventura, não
demasiado positiva que tivera em vida e que, a avaliar pelo empenho dos
seus discípulos na sua defesa, terá tido ainda nas décadas posteriores à sua
morte; assim, se é certo que não era possível corrigir o que parecia óbvio
— que Sócrates fora um homem feio —, as estátuas de épocas seguintes
dotam-no pelo menos de uma postura corporal mais digna do homem
cujas superiores qualidades morais e intelectuais passam a ser reconhecidas.
Assim o diz Diógenes Laércio, em 2. 43, ao referir a estátua que, arrepen-
didos pela actuação de 399, os Atenienses encomendaram a Lisipo, e que
poderá ter estado na base das imagens conhecidas desta segunda fase de
representação do filósofo (in Zanker 1995: 59, fig. 33; 62, fig. 35).
Os testemunhos de Platão e de Xenofonte coincidem também com
o de Aristófanes, na atribuição a Sócrates de certo tipo de comportamen-
tos, como o pouco interesse por banhos e calçado, mas também de certos
traços de conduta moral que abonariam, esses, sim, a favor do filósofo,
como a sua coragem e persistência e também a sua contenção, elemento
muito vincado no retrato moral que dele traça Xenofonte, a quem parece
interessar muito mais a faceta de Sócrates-mestre, familiar e amigo, do que
a de Sócrates-filósofo.
Para a acusação anónima de Memoráveis, nas suas múltiplas vozes,
Sócrates é aquele que desprezou os deuses da cidade, substituindo-os por
outros de origem nova (δαιμόνια καινά), e que corrompeu os jovens,
afastando-os dos seus deveres familiares e das orientações da constituição
democrática, fazendo depender as suas relações familiares e de amizade de
um interesse utilitário; é também alguém que se dedicava aos estudos
cosmogónicos e que usava a literatura para fins subversivos. Para Xeno-
fonte, que o conheceu e com ele conviveu (Mem. 4. 1. 1), a imagem do
filósofo é precisamente a inversa. Sócrates é, em primeiro lugar, um ho-
mem sem segredos nem comportamentos misteriosos: que vive às claras,
nos passeios públicos, nos ginásios, na agora, em sítios onde pode ver
muita gente, falar com muita gente, ser ouvido por muita gente (Mem.
6
Vide Zanker 1995: 38: «a conotação com o mestre sábio era uma conotação
óbvia no retrato de Sócrates-Sileno».
8. 108 Ana Elias Pinheiro
1. 1. 2; 1. 1. IO)7
. Este testemunho insistente de Platão e Xenofonte (em-
bora, no caso de Memoráveis, os espaços, e também o tempo, raramente
sejam precisados) sobre a predilecção de Sócrates por espaços públicos
contrasta claramente com o testemunho de Aristófanes, cujo Sócrates
permanece, tal como os seus discípulos, no interior do φροντιστήριον,
facto que se reflecte na palidez que todos eles apresentam. Platão e
Xenofonte poderiam, ainda (Dorion 2000: 59, n. 28), estar a responder a
Polícrates que, de acordo com o testemunho de Libânio (Ap. 114), teria
acusado Sócrates de, em segredo, ministrar aos seus discípulos ensinamentos
imorais.
Mas Sócrates é, também, um homem inspirado por uma divindade, o
seu célebre δαιμόνι,ον, que guia não só a sua conduta mas também a
conduta daqueles que o acompanham; neste comportamento, não conse-
gue ver Xenofonte nada de estranho ou anormal: Sócrates, como qualquer
outro Ateniense do seu tempo, segue auspícios, oráculos, avisos divinos, faz
sacrifícios (Mem. 1. 1. 3). É, pois, um crente igual aos outros e que tenta
converter os seus companheiros, como é explícito no caso de Aristodemo
(Mem. 1. 4. 2); a única diferença está, decerto, na marca específica que o
historiador, enquanto discípulo, atribui ao carácter do filósofo: Sócrates
era mais sensato que os seus contemporâneos (πάντων ανθρώπων
εγκρατέστατος ην, ο homem que mais domínio tinha sobre os seus próprios
desejos, Mem. 1. 2. 1), e é esse traço que porventura marcará a diferença no
seu comportamento ao longo de todos os episódios recontados na obra8
.
Esta sensatez reveste-se também de um certo pragmatismo: se há coisas
que os deuses colocaram ao alcance da inteligência humana (Mem. 1. 1. 9),
não fará qualquer sentido consultar os deuses para as resolver; esse
pragmatismo, de resto, não se revela apenas em matérias religiosas mas
também na ideia, mais do que uma vez referida, de que não vale a pena
perseguir o fundo das ciências para além do que elas podem trazer de útil
ao homem (Mem. 4. 7. 2-8), assumindo a crítica àqueles que o fazem
(Mem. 1. 1. 13-15; 1. 2. 31-32, 4. 7).
7
Este é o retrato que faz também Platão, cujos diálogos têm habitualmente
por cenário um destes espaços; cf. Euthd. 271a, Smp. 223d, Ly. 203a, Euthph. 2.
8
Esta ideia de que a principal virtude de Sócrates era ajudar os outros através
das conversas que estabelecia com eles é testemunhada por outros socráticos, como
Esquines (em Alcibíades e Aspásia).
9. O Sócrates de Xenofonte | Q 9
Sócrates é claramente alguém em quem Xenofonte viu um mestre
mas é também, nas palavras daquele que se entendeu seu discípulo, alguém
que em circunstância alguma admitiu que transmitia ensinamentos (Mem. 1. 2. 3),
que criticava os que o faziam e sobretudo os que, ao contrário dele, se
faziam remunerar por esse ensino (Mem. 1. 2. 6), num testemunho profun-
damente coincidente com o de Platão.
Xenofonte dá-nos também a imagem de um homem politicamente
descomprometido. Ε certo que se notam muitas vezes as suas simpatias —
que Xenofonte partilharia — por Esparta (Mem. 3. 5. 15-17), mas a sua
atitude crítica em Atenas atinge todas as facções políticas da cidade, desde a
oligárquica Tirania dos Trinta, à qual o acusavam de associação através de
Crítias (Mem. 1. 2. 12-38), ao sistema democrático no que ele tinha por,
porventura, menos justo e de mais radical, como no caso de Trasilo e
Erasínides (Mem. 1. 2. 17-19), mas também no que tinha de pouco técni-
co ou especializado (Mem. 1. 2. 9; 3. 7. 7).
Este Sócrates não parece, obviamente, ser uma figura de trato fácil, o
que poderá explicar muitas das inimizades que lhe foram atribuídas e que
tiveram, em última instância, influência na sua morte. Curiosamente, e
sendo certo que a intenção de Platão não seria menos apologética que a
de Xenofonte, a verdade é que, no nosso Autor, estes traços se apresentam
mais amenizados. Sócrates, de facto, esforça-se bastante por expor os seus
opositores ao ridículo, mas esta é uma faceta que é muito mais explorada
por Platão, nos diálogos aporéticos, do que por Xenofonte, embora tam-
bém aconteça nalguns dos episódios de Memoráveis. O Autor prefere dar
mais ênfase aos aspectos virtuosos do filósofo do que às suas excentricida-
des. Contudo, momentos há em que, apesar de ter tentado, digamos que,
'branquear' a personalidade do mestre, despojando-o de eventuais defeitos
que pudessem perturbar o seu propósito apologético, não pôde evitar que
transparecessem aquelas marcas de carácter onde o leitor mais avisado
poderá encontrar o Sócrates de sempre, que gosta de discutir determina-
dos assuntos e torturar (Mem. 1. 4. 1, εξεταζομένειν)9
os seus adversários
com questões que os levem a admitir a sua ignorância. Ε ver-dade que, na
maior parte dos casos, esse é o Sócrates retratado pela voz dos seus rivais,
como em Memoráveis, 1. 2. 36-37, quando é acusado por Caricies de estar
9
O termo utilizado implica precisamente uma exposição ao ridículo (vide
Rossetti 2000: 264).
10. Q Ana Elias Pinheiro
sempre a fazer perguntas, cujas respostas já conhece, e bem (σύγε, ώ Σώκρατες,
εϊωθας είδώς πώς εχ<ει τα πλεΐσθα έρωτάν), ou em 4. 4. 5-6, no bem-
-humorado encontro com Hípias de Elide, que zomba de Sócrates, quando,
anos decorridos sobre a última vez que se encontraram, vem surpreendê-
-lo a dizer as mesmas coisas sobre os mesmos assuntos. Este deverá ter sido,
forçosamente, um traço do carácter do Sócrates histórico porque nele
insistem todos os seus discípulos (vide Rossetti 2000), embora, sendo certo
que a culpa não pertence apenas a Sócrates; os seus interlocutores têm
também habitualmente um handicapt: subvalorizam a importância das
questões colocadas por Sócrates e, como tal, acabam sem saber o que dizer
e nem sequer parecem, muitas vezes, suspeitar quais as verdadeiras inten-
ções de Sócrates. E, tanto Platão, como Xenofonte, fazem questão de que
o público tenha consciência deste embaraço, por vezes, mesmo antes de
que o visado o perceba. Ε quando Hípias (Mem. 4. 4. 9-10) o acusa de
fazer perguntas e refutar as respostas dos outros sem nunca dar a sua
própria opinião, Sócrates responde (como na Apologia) que os seus actos
confirmam o seu pensamento: não necessita definir justiça porque nunca
prestou falsos testemunhos, nunca denunciou ninguém, nunca provocou a
discórdia entre amigos ou na cidade, nunca praticou qualquer acto injusto;
e Hípias dá-lhe razão.
Mas, mesmo quando é o próprio Xenofonte a deixar escapar comen-
tários como estes (cf. Mem. 1.4. 1, 4. 2. 2, 4. 2. 6, 4. 2. 40) é visível que o
faz em sentido positivo, e este retrato em nada se torna incompatível
como o traço principal, o da moderação, que o discípulo lhe confere,
porque lhe é atribuída a mesma boa finalidade de conduzir os outros ao
seu próprio conhecimento. Este traço da moderação é, sem dúvida, aquele
que melhor assenta a Sócrates: o homem a quem pouco basta (1. 3. 5-6),
que tudo na vida faz com capacidade de contenção (έργοδέστατόν έστιν),
desde a política às relações pessoais, como é possível verificar na sua
posição contra o relacionamento sexual, sobretudo entre homens adultos e
rapazitos (cf. 1. 3. 9,1.3. 14)10
.
Poderá ser legítimo questionar se, de facto, Xenofonte terá visto
Sócrates deste modo; se era essa a recordação que guardara do tempo de
10
Não parece, contudo, como se lê, no Banquete (2. 3; 8. 3; 9. 7) ou no
Económico que as condene entre marido e mulher.
11. O Sócrates de Xenofonte
convivência com o filósofo ou se este retrato era ditado apenas pela neces-
sidade que manifestava de o redimir. Esta resposta, como outras, também
não está totalmente ao nosso alcance, mas parece-me claro que Xenofonte
pretendeu mostrar que assim era o Sócrates que ele conhecera (Mem.
4. 8. 11, έμοί μεν δη τοιούτος ων, οΐον εγώ διήγημαι.) e que ele ο sabia,
precisamente porque o conhecera
1 1
, e também o sabiam todos quantos
com ele tinham privado: o mais pio (ευσεβής μεν οΰτως), mais justo
(δίκαιος), mais útil (ώφελεΐν δε τα μέγιστα τους χρωμένους αύτφ), mais
controlado (εγκρατής), mais prudente (φρόνιμς), sabedor (αυτάρκης εΐναι
προς τήν τούτων γνώσιν), capaz de ensinar (ικανός... διορίσασθαι), capaz
de avaliar (ικανός δε καΐ άλλους δοκιμάσαι) e capaz de corrigir (τε και
1 1
Os episódios que chegaram até nós da convivência de Xenofonte com
Sócrates são poucos: o seu próprio testemunho, na Anábase (3. 1. 5), e o de Dió-
genes Laércio (2. 48). Discute-se ainda que Xenofonte tenha efectivamente per-
tencido aos círculos socráticos porque o único, de entre os reconhecidos como
seguidores de Sócrates, que o cita é Esquines, no diálogo Aspásia (apud Cie.
Inv. 1. 31, 51-53). Mas, ignorarem-se uns aos outros parece ter sido um comporta-
mento habitual entre os Socráticos: Platão só de passagem refere Antístenes
(Phd. 59b), Esquines (Ap. 33e) ou Aristipo (Phd. 59b) e ignora Xenofonte comple-
tamente; este, por sua vez, também o refere uma única vez (Mem. 3.6.1), não o
mencionando, por exemplo, quando, em Memoráveis 1. 2. 48, enumera os mais
importantes seguidores de Sócrates: Críton, Querefonte, Querécrates, Hermógenes,
Símias, Cebes e Fedondas; desta lista não consta Platão, mas, na verdade, também
não constam Antístenes, nem Esquines, nem Aristipo, que não consta sequer da lista
de Panécio em D.L. 2. 64, 2. 85.
Também Breitenbach (1967: 1770) desvaloriza este facto, não achando im-
provável que Xenofonte tenha conhecido Sócrates tão bem como Platão: uma
relação estabelecida talvez entre os anos de 409-401 teria dado a Xenofonte o
tempo suficiente para ter sido influenciado pelo mestre. Ε na realidade, Xenofonte
é até bem mais incisivo que Platão ao afirmar que frequentou o círculo socrático.
Platão só uma vez (Ap. 34a) se apresenta como espectador dos seus diálogos
(embora faça questão de afirmar quando não está presente) e também nunca faz,
ao contrário de Xenofonte, apreciações sobre o pensamento socrático nem emite
opiniões ao contrário de Sócrates (Bruell 1994: vii).
A Antiguidade, de resto, nunca questionou o relacionamento entre Sócrates e
o escritor e, segundo Diógenes Laércio (2. 64), Panécio incluíra os diálogos de
Xenofonte na lista dos Σωκρατικοί Λόγοι considerados αληθείς, dignos de crédito.
12. 112 Ana Elias Pinheiro
άμαρτάνοντας έλέγξαι και προτρέψασθαι έπ' άρετήν), em suma, ο melhor
e ο mais afortunado dos homens (άριστος re άνήρ και εύδαιμονέστατος).
C o m esta súmula das qualidades de Sócrates, Xenofonte termina a sua
obra maior, recorrendo à mesma fórmula utilizada na Apologia (34): o
público, que o ouviu demonstrar as qualidades do filósofo, deverá agora
compará-lo a outros e julgar se poderia ter existido homem melhor.
Estas palavras, numa e noutra obra, são sem dúvida a melhor síntese
de tudo quanto Xenofonte quis mostrar sobre Sócrates.
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13. O Sócrates de Xenofonte 2>
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