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                                     INTRODUÇÃO




A percepção da necessidade de execução de uma prática educativa voltada para a
linguagem musical no processo de ensino aprendizagem suscitou o nascimento desta
pesquisa que enfoca a necessidade de refletir sobre uma educação contextualizada
através do uso da música na sala de aula. Uma proposta que visa à construção do
saber mediante a interatividade e a utilização de letras, melodias, ritmos e expressões
típicos contidos nas músicas que contemplam a região Nordeste no cotidiano escolar,
proporcionando    a   contribuição   na   aprendizagem   significativa,   resultando   no
desenvolvimento cognitivo. Busca-se ainda o efeito psicológico na vida dos educandos
no que se refere às suas atitudes e a valorização da cultura regional ritma presente nas
diversas canções que apresentam em suas letras uma variedade de expressões
referentes à realidade do nordeste brasileiro.


O tema proposto para esta pesquisa justifica-se por dois aspectos relevantes: a
experiência musical adquirida desde a infância motivada pelas influências familiares
principalmente paterna, cujo gosto e afinidade pela música nordestina especificamente
o forró são expressivos, que não é apenas ouvida como tocada em casa, nas festas
juninas e em outros eventos por alguns dos instrumentos mais conhecidos típicos: a
sanfona, o zabumba, o triângulo, o banjo e o violão e pela experiência profissional em
sala de aula fundamentada no Programa de Educação no Campo que trabalha com o
projeto CAT (Conhecer, Analisar e Transformar) projeto este, desenvolvido pelo MOC
(Movimento das Organizações Comunitárias) em parceria com a UEFS (Universidade
Estadual de Feira de Santana), com as Prefeituras Municipais e Movimentos Sociais,
proporcionando ao professor da escola rural formação adequada para trabalhar com as
especificidades do campo e ao mesmo tempo despertando o interesse dos alunos para
a valorização da cultura local de cada um, discutindo também a idéia de
sustentabilidade e ao mesmo tempo apresentando estratégias de convivência com a
Caatinga e a seca características de nossa realidade.
11



Observa-se que no contexto do semiárido, inclusive no espaço escolar, o currículo
estabelecido apresenta-se distorcido da realidade, das vivências desse lugar, portanto
torna-se descontextualizado. Essa disparidade reflete na formação do educando porque
este não aprende a valorizar o seu próprio lugar devido a uma falsa ideologia
impregnada em sua mente que o impede de conhecer e valorizar o seu próprio lugar,
aprender a conviver e ser um agente transformador e sentindo-se parte integrante do
universo a que pertence.


Como forma de superação e resgate a escola representada na figura do professor
precisa discutir, refletir, trabalhar junto ao aluno uma nova perspectiva de mudança
enaltecendo as riquezas da região, sua cultura, raízes, belezas naturais, sua história
utilizando as músicas que façam parte do dia-a-dia do mesmo e que estejam dentro dos
padrões de sua cultura e da realidade que vive, conscientizando a valorizar o seu
espaço e buscando novas formas de idéias, conhecimentos e de convivência. É nesta
perspectiva que a música nordestina expressa por autênticos e tradicionais artistas do
forró nordestino, destaca-se mostrando seu potencial valor dando suporte a uma
educação contextualizada que poderá ser promovida na escola. Ao mesmo tempo em
que dinamiza e enriquece, conscientiza, amplia o conhecimento, valoriza, enfim educa.
Portanto, partindo da perspectiva de repensar uma nova perspectiva na educação
desenvolvida no semiárido, é que reforça-se a pretensão de analisar as compreensões
que os professores têm sobre a música nordestina na educação no contexto do
semiárido brasileiro.


Este trabalho está estruturado em quatro capítulos assim esquematizados:


No capítulo I é apresentado o contexto histórico da arte e da música enquanto
expressão artística enfocando a discussão da música nordestina e sua importância na
educação do semiárido, a problemática e questão de pesquisa.
12



No capítulo II, apresentam-se os teóricos que nortearam esta produção, a
fundamentação das palavras-chave escolhidas para desenvoltura da pesquisa, a cerca
da música nordestina na educação no contexto do semiárido.


No capítulo III, são apresentados e caracterizados os procedimentos metodológicos, os
instrumentos utilizados para recolhimento de dados e elaboração deste estudo.


No capítulo IV são apresentados de forma ordenada os dados coletados, analisados e
interpretados, desvelando-se como resultado de pesquisa, encerrando com as
considerações finais.
13



                                     CAPÍTULO I


                                PROBLEMATIZAÇÃO




A arte abarca uma grande dimensão no campo do conhecimento humano
proporcionando -lhe prazer e reconforto. Através de sua existência o ser humano
descobriu e aprendeu diversas formas de expressar-se usando sentimentos e emoções,
os quais representavam o que via ou imaginava. A arte é consideravelmente como um
dos mais misteriosos e encantadores de todos os campos de conhecimento que o
homem já adquiriu. Não seria tão fácil defini-la, por isso, usamos nossos sentidos para
maravilharmos com suas manifestações.


Podemos afirmar que a arte esteve sempre presente em praticamente todas as
culturas, desde as mais primitivas. Cada época de uma civilização cria uma arte que lhe
é própria e que jamais se verá renascer (KANDINSK, p.32, 1996). Diz-nos a história, que
o homem na pré-história usava-a como forma de transmitir suas idéias. Assim, o
ensino-aprendizagem da arte faz parte das normas e valores estabelecidos, em cada
ambiente cultural, desde as formas mais simples às complexas evidenciando-a nas
formas de vestir, pintar-se ou cantar. “A arte evidencia sempre o momento histórico do
homem, em cada época, com suas características, contando o seu momento de vida,
com um percurso próprio na representação, como questão de sobrevivência (ibidem,
p.32)”.

A arte constitui-se, nas mais diversas manifestações da atividade criativa dos seres
humanos, na sua interação com o diversificado e complexo meio do qual fazem parte.
Aprendemos a demonstrar nosso gosto e prazer pelas coisas da vida desde a infância.
Logo ao nascer interagimos com as manifestações culturais de nosso ambiente, além
de vermos a natureza como fonte de nossa imaginação e criatividade. Este contato com
o meio onde se insere o homem o permitiu que desenvolvesse a habilidade de fazer
arte. Através da pintura das cavernas pôde comunicar-se e expressar o que sente. O
uso da visibilidade pela captação de formas e luzes representadas em massas de cores
14



permitiu ao homem representar sua imaginação considerando que para ter essa
evolução, ele precisou dos vários recursos existentes na natureza: pedacinhos de
carvão, folhas, frutinhas, pétalas de flores, água para obter a partir das misturas cores
belíssimas e pedras. De acordo com Deheinzelin (1993) estas e outras manifestações
são objetos de conhecimentos frutos na arte da história da humanidade.


Dentre as diversas manifestações artísticas, destaca-se a música, considerada a
primeira tanto na cronologia da história humana quanto nas nossas preferências
(DEHEINZELIN, 1993) isto é, o gosto por esta manifestação artística destaca-se muito
nas pessoas e envolve-nas.


As primeiras manifestações musicais tiveram objetivos, sendo o que mais se destaca:
promover a paz no coração dos homens por temor à natureza e, e na própria natureza,
quando tornava-se ameaçadora. Deheinzelin (1993) salienta claramente esta
afirmação:



                     Os ruídos naturais como o trovão e o barulho das feras, prenunciavam
                     um mundo caótico; em contraposição ao caos, os sons organizados
                     configuravam um cosmo composto de ordem, correspondência, beleza.
                     Os sons organizados (música) tiveram então um poder apaziguador de
                     domínio na natureza (p. 95).



A música como qualquer outra arte acompanha historicamente o desenvolvimento da
humanidade, podendo ser encontrada no estudo de todas as épocas, inclusive na pré-
história. Pôde-se constatar que o homem só começou a manifestar-se artisticamente a
partir do momento em que começou a identificar os sons provenientes da própria
natureza como ruídos, sons, urros, que dizer do harmonioso canto dos pássaros ou
mesmo do som produzido pelo vento. Mediante a descoberta desse universo artístico, o
ser humano começou a experimentá-lo envolvendo-se de diversas formas evoluindo
constantemente. Então a música ganha seu espaço e mergulha nas emoções
humanas. Acredita-se que os primitivos tiveram muitas influências da natureza,
descobriram os sons que os cercavam no ambiente, dando-lhe vontade de imitar o
15



sopro do vento, o ruído das águas, o canto dos pássaros. Também aprenderam a
distinguir os timbres característicos da canção das ondas se quebrando na praia, da
tempestade se aproximando... e encantou-se com seu próprio instrumento musical – a
voz, de modo que estranhos sons tirados da garganta devem ter constituído uma forma
rudimentar de canto, que junto com o ritmo, resultou na mistura de palmas e roncos,
pulos, e uivos, batidas e berros. Para aquela época, era o que estava ao alcance para o
homem primitivo e terá sido um estilo que perpetuou por séculos. Como afirma Rosa
(s/d):


                     De início, o ser humano descobre os sons e o ritmo em seu próprio
                     corpo e na natureza ao redor. Desenha nas pedras, de forma
                     rudimentar, a presença da música em seu cotidiano. Registra na pedra o
                     uso de instrumentos de percussão, como os tambores, e de sopro, como
                     a flauta de bambu. Em sua evolução, o ser humano foi aperfeiçoando a
                     linguagem musical, passando a utilizar instrumentos musicais mais
                     complexos, formas mais adequadas de registros das músicas, o próprio
                     como meio de expressão musical. Cria canções, desde a mais simples
                     até a mais sofisticada harmonia. Na história humana, verifica-se que o
                     progresso na música acompanhou o desenvolvimento de outros
                     campos, beneficiando-se sempre dos avanços tecnológicos (p.18).



Mas, além de tudo isto, está o valor da música como uma arte, como a expressão de
sons ordenados da experiência, pensamento, imaginação e instinto criativo no homem.
Através da música o homem tem expressado algumas de suas mais profundas
experiências e entendimento do significado da vida. Como em toda arte, isto pode ser
traduzido em palavras ou algum outro meio de manifesto. Isto nos reporta o que diz
Duarte Junior (1998, p. 53), quando afirma:



                     O fato de que a música é uma inestimável fonte de estímulos de
                     equilíbrio e de felicidade da criança é revelado de maneira aumentada
                     pela sua utilização psicoterapêutica (o que não quer que a pedagogia
                     musical possa ser reduzida à psicoterapia).
16



Como expressão da arte, a influência da música na educação pode ser percebida
desde os tempos em que se começou a escrever a Bíblia, a exemplo das antigas
escolas dos profetas. Nessas escolas, “a música tinha destacado lugar, juntamente com
a Lei de Deus, a história sacra e poesia. (WHITE, 1997, p. 47)”. Assim, vemos
claramente que a música tem uma grande importância na vida humana. Ela desperta
para um mundo prazeroso e satisfatório para a mente e para o corpo que facilita a
aprendizagem e também a socialização entre os homens e as culturas. De acordo com
Faria (2001): “a música passa uma mensagem e revela a forma mais nobre, a qual, a
humanidade almeja, ela demonstra emoção, não ocorrendo apenas no inconsciente,
mas toma conta das pessoas, envolvendo-as trazendo lucidez à consciência” (p.4).


Há registros que revelam que essa manifestação artística foi utilizada em vários
momentos da história da educação tanto de crianças quanto de adultos, com traços
característicos de cada sociedade. Na Grécia o ensino da música começava desde a
infância e era considerado fator fundamental igualmente ao ensino de filosofia e
matemática para a formação dos cidadãos. Foi a primeira das civilizações antigas a
enfatizar a importância da música na educação de seus filhos. Afirma Riboulet (s/d):




                     Os Gregos consideravam a música um dos melhores meios de
                     educação. Os filósofos espalhavam essa idéia entre o povo dizendo que
                     o ritmo e a harmonia agem sobre a alma, a despojam da sua rudeza, lhe
                     comunicavam o tato e a moderação; a torna acessível às idéias do belo
                     e do justo (p. 62).



Assim também se deu na Europa medieval onde este instrumento encontrava-se restrito
aos mosteiros, mas somente com a Reforma Protestante, no século XVI, o uso da
música fica cada vez mais acessível às crianças e aos jovens.


No Brasil o uso da música também teve uma forte influência no período colonial com a
vinda dos jesuítas, mas, é importante salientar que a implantação dessa forma de arte
no campo educacional deu-se com maior facilidade devido à sensibilidade
17



desenvolvida, aguçada para a arte que os índios tinham, principalmente o povo Mbyá
Guaranis. A importância do uso da música e outras formas de arte na educação
jesuítica foi tão grande que faz com que ela mereça um capítulo especial na história da
arte. Azevedo (1943) enfatiza bem esses momentos propagados.



                     Com sua política de instrução – uma escola, uma igreja - edificaram
                     templos e colégios nas diversas religiões da colônia, constituindo um
                     sistema de educação e expandindo sua pedagogia através do uso do
                     teatro, da música e das danças multiplicando seus recursos para atingir
                     à inteligência das crianças e encontrar-lhes o caminho do coração (p.
                     240).



Com a cultura impregnada pelos portugueses, ao longo da história, o Brasil recebeu
muitas influências culturais oriundas de outros países o que a tornou diversificada,
mista. Por isso, o Brasil tornou-se um país culturalmente rico, além de considerar-se
sua extensão territorial, pode-se perceber em cada região uma cultura que se expressa
através do ritmo, da dança e da música sem destacar iguarias e festas religiosas. Na
região Nordeste, dentre várias manifestações artísticas destaca-se o forró, em cuja
constituição traz diversos ritmos tradicionais tocados e cantados por cantores
autênticos, como Luiz Gonzaga, Dominguinhos entre outros. São canções que podem
enriquecer uma aula por conterem letras que contemplam variados conteúdos que
necessitam constar nos currículos escolares, podendo abranger conteúdos de outras
disciplinas, como as variações lingüísticas, ortografia e interpretação em Português,
medidas de capacidade, as quatro operações em Matemática, clima, vegetação,
hidrografia em Geografia, entre outras.


Percebe-se que o repertório desses cantores da música nordestina é significativo e
apresenta uma gama de riquezas que pode ser traduzida em muitos aspectos culturais,
sociais, lingüísticos, regionais, dentre outros, inclusive educacionais, pois apresentam o
Nordeste como uma região que precisa ser reconhecida e respeitada pela sociedade
brasileira partindo dos próprios nordestinos que trazem em suas mentes uma falsa
ideologia impregnada de que a região é castigada pela seca, que tem sol “escaldante”
18



habitada por homens banguelas e ignorantes, crianças desnutridas e famintas, os
chamados matutos. Como forma de amenizar/ enganar e “combater” representantes
políticos lidam com a realidade oferecendo cestas básicas, abastecimento de água em
carros pipas, aproveitando o baixo nível de conhecimento como estratégia política e
adotam uma falsa ideologia corrompida nas realizações de imensas obras.


Considerando essa realidade, vimos na educação a ponte que vislumbra novas
perspectivas promovendo uma convivência harmônica entre o homem e o meio em que
vive somado ao uso da música nordestina trabalhada neste contexto. Nesse sentido
Braga (2007) ressalta:




                     Um grande e rico potencial educativo precisa ser conhecido,
                     considerado e valorizado pelo Estado e pela sociedade, porque são
                     portadoras de novos sentidos e significados, que apontam para uma
                     nova relação com meio ambiente e um novo modelo de
                     desenvolvimento, sustentado na solidariedade, na compaixão e no
                     cuidado com as pessoas e com a natureza (p.31).



A educação constitui-se como um elemento fundamental para a construção do
conhecimento que estimula o aluno a refletir sobre a realidade de contexto em que vive
e as possibilidades de transformação considerando suas restrições e potencialidades
aprendendo a lidar com esse ambiente. Contudo ainda é comum no contexto
educacional o discurso sobre o semiárido como local onde existe miséria, pobreza e
muita seca. Como afirma Matos (2004) apud Lima (2006):


                     A educação desenvolvida no semiárido é construída sobre valores e
                     concepções equivocadas sobre a realidade da região. Uma educação
                     que reproduz em seu currículo uma ideologia preconceituosa
                     estereotipada que reforçam a representação do semiárido como espaço
                     de pobreza, miséria e improdutividade, negando todo potencial dessa
                     região e do seu povo (p.38).
19



Por efeito dessa observação percebe-se que nossos alunos estão sendo formados para
atuarem em outros contextos e não no nosso. Os livros didáticos são exemplos dessa
realidade, encontram-se distantes do mundo real da criança contemplando muito os
habitantes da cidade ou de regiões mais avançadas no desenvolvimento tecnológico. A
educação desenvolvida continua sendo homogeneizadora difundindo assim, a exclusão
social.


Por esse motivo ressalta-se aqui, a importância de trabalhar a música nordestina,
principalmente o forró, nos espaços educativos, com a finalidade de tornar a educação
desenvolvida no semiárido contextualizada, isso torna-se possível trabalhando músicas
que apresentem letras condizentes com a realidade, que tenha em sua essência os
valores e sentimentos perdidos na memória. Nesse sentido, torna-se fundamental a
obra de Luiz Gonzaga e de outros artistas já citados como um subsídio metodológico na
prática em sala de aula levando a uma aprendizagem significativa os alunos das séries
iniciais do ensino fundamental com o objetivo de conhecer a realidade social e local e
aprender a lidar e conviver com o semiárido, além de formar educandos conscientes,
críticos e, principalmente, ativos socialmente tendo como recurso a arte expressa pela
música. Se estivermos trabalhando com a música como expressão artística, então
convém refletirmos a prática da arte no meio educacional, pois a mesma não pode ser
subentendida apenas como distração, lazer. Pelo contrário, pode significar na
aprendizagem do educando, envolvendo-o sentimentalmente.


Criada por Hebert Read em 1943, a expressão arte-educação através da arte ganhou
espaço e hoje é conhecida pela abreviação arte-educação. O objetivo primordial é
contribuir com o desenvolvimento intelectual, moral e social do ser humano, uma vez
que a escola sempre considerou as emoções em segundo plano na aprendizagem do
educando enaltecendo o lado racional. De acordo com o que diz Duarte Junior (1996):
“as emoções devem ficar fora das quatro paredes das salas de aula, a fim de não
atrapalharem nosso desenvolvimento intelectual (p.13)”. A escola não oferece
oportunidade ao educando de expressar o que sente, criando seu próprio conhecimento
a partir de seu ponto de vista, de sua situação existencial, seu próprio eu. A escola não
20



ensina ao educando a formar perguntas e, sim, respostas e que muitas vezes ficam
distantes da realidade do mesmo. Isso compromete na sua formação por a escola não
estabelecer vínculos entre o que é vivido pelo educando e a proposta curricular que a
mesma constrói, pois a educação por meio da arte é trabalhada sem nenhuma
perspectiva, intencionalidade.


Portanto educar através da arte significa lidar com emoções e não tão somente com a
razão, não com a finalidade de formar um artista, mas criando oportunidades de o
educando expressar o que se sente, esta é uma tendência necessária e inovadora, uma
vez que a escola precisa lidar com todas as manifestações artísticas. Como menciona
Duarte Junior (1996):



                     É preciso dirimir dúvidas desde já: arte-educação não significa o treino
                     para alguém se tornar um artista, não significa a aprendizagem de uma
                     técnica, num dado ramo das artes. Antes, quer significar uma educação
                     que tenha a arte como uma das suas principais aliadas. Uma educação
                     que permita uma maior sensibilidade para com o mundo em volta de
                     cada um de nós (p.14).



A presente pesquisa situa-se na reflexão de uma educação por meio da música
promovendo a contextualização nos espaços educativos tendo como objetivos: analisar
as compreensões que os professores das séries iniciais do Ensino Fundamental da
escola Elysio Ferreira Barros da rede municipal de Itiúba-BA têm sobre a música
nordestina na educação no contexto do semiárido.


A partir dos esclarecimentos feitos até então, espera-se que os resultados da pesquisa
apresentem elementos que desafiem os professores da rede municipal de Itiúba a
refletirem sobre o papel do educador no processo de construção de uma proposta de
educação por meio da música nordestina, uma vez que o referido município está
inserido no contexto do semiárido.
21



                                      CAPÍTULO II


                                REFERENCIAL TEÓRICO




Partindo do pressuposto que a música enquanto instrumento lúdico tem por finalidade
contribuir na formação e desenvolvimento integral, física e intelectual do educando, na
formação de sua personalidade, diante disso, busca-se identificar e analisar as
compreensões que os professores das séries iniciais do Ensino Fundamental da Elysio
Ferreira Barros da rede municipal de Itiúba-BA têm sobre a música nordestina na
educação no contexto do semiárido brasileiro. Entende-se que as palavras-chave:
Música Nordestina, Professor, Compreensão e Educação Contextualizada, que
norteiam essa discussão, têm forte relação entre essa compreensão e o processo
educativo, uma vez que refletem na construção de uma educação de qualidade.


Palavras-chave:    Música       Nordestina,   Professor,   Compreensão,      Educação
Contextualizada.




2.1 MÚSICA NORDESTINA



Mantendo o foco em meio à discussão sobre a música nordestina na educação no
contexto do semiárido, os conceitos embrionários sobre a teoria musical tiveram suas
origens na antiga filosofia grega por terem estabelecido as bases para a cultura musical
do Ocidente. A própria palavra música nasceu na Grécia, onde “mousikê” significa “a
arte das musas”, abrangendo também a poesia e a dança. No Dicionário Aurélio (2001)
tem-se o seguinte conceito de música: Arte e ciência de combinar os sons de modo
agradável ao ouvido (p. 511).


A música no Brasil teve seu momento histórico vivenciado por pessoas da alta
sociedade às classes menos favorecidas que com seus estilos, costumes e gostos
22



musicais, resultantes de influências marcadas por uma mistura de culturas, revelavam o
jeito e a forma vividos na época. Caldas (1985) diz que: “No Brasil, a música marcou
sua presença, registrando fatos da maior importância sociológica, destacando
tendências e transformações quanto aos ritmos e estilos musicais, permitindo-nos,
inclusive, conhecer melhor a sociedade da época”. Percebendo o resultado destas
transformações ocorridas das influências de diversas culturas em todo o Brasil destaca-
se a região Nordeste que com seus costumes e tradições tem a música, inclusive o
forró, em que também sofreu variações até hoje, que valoriza em suas letras e canções
os aspectos vividos pelo seu povo, a realidade e seu jeito peculiar de ser.


Por toda sua história, o forró tipicamente pronunciado, mas conhecido também pelo
famoso arrasta-pé é um baile popular formado pela junção de diversos tipos de danças
diferentes, entre os quais tem-se os principais: o xote, baião e a marcha. Segundo
Rocha (2004) etimologicamente conceitua:



                     A primeira, talvez a mais conhecida, é a que diz que o termo surgiu no
                     final do século XIX, nas construções das estradas de ferro no Nordeste
                     pelos ingleses. Estes realizavam festas freqüentemente, mas nem
                     sempre abertas à população. Quando a festa era aberta a todos,
                     escrevia-se na entrada "For All" (isto é, "para todos") (p. 62-71).



Ainda por ser uma manifestação cultural facilmente reconhecida quando executada, o
forró tem em sua origem uma acentuada dificuldade de identificar todos os gêneros
musicais que    compõe, pois o forró destaca-se como sendo um fenômeno muito
abrangente. Mesmo assim, concentrando-se no conceito de Rocha (2004), quando
afirma: no Forró há “[...] o xote, o baião e o xaxado, além de outras” expressões
musicais. Para outros autores a exemplo de Jacinto (2001), conceitua: há xaxado, o
côco de roda, marcha de roda, baião (p. 63). Porém nem sempre em todas as relações
de gêneros que animam o forró estão presentes o Xote e o Baião. Ainda citando Jacinto
(2001), o mesmo confirma: Forró é simplicidade, é poeira, sanfona, zabumba,
triângulo... uma seqüência de ritmos nordestinos: xaxado, côco, de roda, marcha de
23



roda, baião, xote... esses ritmos que agora no momento eu não lembro... isso é que
significa forró (faixa 4).

Evidencia-se a versatilidade que apresenta a dança e variações rítmicas repercutindo
do extremo sul ao extremo norte do Brasil Atualmente o xote e o baião são
considerados como os ritmos muito tocados em todo o Brasil e sendo as danças mais
populares do Nordeste.


Acompanhando o xote nos bailes populares, o baião se apresenta trazendo melodias
entoadas ao som de instrumentos expressivos como a sanfona, o zabumba e o
triângulo. Segundo informa Câmara Cascudo (1998), que foi gênero de dança popular
bastante comum durante o século XIX. O baião é de origem mista é um ritmo musical
nordestino, acompanhado de dança muito popular na região nordeste e norte do Brasil.
Recebeu na sua origem, influências das modas de viola, música caipira e também de
danças indígenas.


Foi na década de 1940 que o baião tornou-se popular, através dos músicos Luiz
Gonzaga (conhecido como o “rei do baião”) e Humberto Teixeira (“o doutor do baião”).
Em suas canções refletem a cultura de uma grande parte da população brasileira,
situada na região Nordeste.


Luiz Gonzaga dedicou-se desde cedo a apreciar a cultura nordestina tocando e
cantando músicas tradicionais do seu povo. Iniciando sua carreira artística em 1941, a
partir de um programa de calouros promovido por Ari Barroso e de sua primeira
gravação, compôs muitas melodias nas quais se revelam todo o jeito de ser e da vida
dos sertanejos nordestinos, um grande intérprete dos sofrimentos, das alegrias, das
tradições existentes nas famílias como as festas populares, o comportamento, as
variações lingüísticas, enfim, muitos dos aspectos culturais vividos pelo povo. Suas
produções musicais permanecem na memória de muitos e nos festejos tradicionais em
grande parte do nordeste, além de ser homenageado por outros artistas de renome que
têm Luiz Gonzaga como referência em suas carreiras artísticas a exemplo do cantor,
compositor e sanfoneiro Dominguinhos seu conterrâneo, companheiro de gravações e
24



palco, Flávio José paraibano, sanfoneiro e cantor, Adelmário Coelho baiano e cantor
entre outros. Todos esses artistas citados inspiram-se na carreira de um outro artista
que traduziu na sua música e na sua voz todo o sentimento e anseios do povo de sua
nação.


Dessa forma, podemos perceber que a música não somente é uma associação de sons
e palavras, mas sim, um rico instrumento que pode fazer a diferença nas instituições de
ensino. A educação deve ser vista como um processo global, progressivo e
permanente, que necessita de diversas formas de estudos para seu aperfeiçoamento,
pois em qualquer meio sempre haverá diferenças individuais, diversidade das
condições ambientais que são originários dos alunos e que necessitam de um
tratamento diferenciado. É lamentável perceber que a realidade educacional apresente
instituições educacionais que pouco exploram a música, e, mesmo quando são
praticadas não lhes é dado o valor que merecem.


A música vinculada aos diferentes grupos étnicos e as composições regionais típicas é
uma manifestação cultural que as crianças e os adolescentes podem conhecer e
vivenciar, desenvolvendo o seu potencial, enriquecendo seus conhecimentos sobre as
diversidades presente no Brasil. Segundo os PCNS (1997):



                     A música é a linguagem que se traduz em formas sonoras capazes de
                     expressar e comunicar sensações, sentimentos expressivo entre o som
                     e o silêncio. A música está presente em todas as culturas, nas mais
                     diversas situações (...) Faz parte da educação desde há muito tempo
                     (...) A integração entre os aspectos sensíveis, afetivos, estéticos e
                     cognitivos, assim como a promoção de interação e comunicação social,
                     conferem caráter significativo à linguagem musical. É uma das formas
                     importantes da expressão humana (p.45).




Portanto, a educação tem como meta desenvolver em cada indivíduo a habilidades de
que é capaz para viver em sociedade praticando a cidadania e, a música, pode
contribuir tornando possível atingir a esta meta por atingir a motricidade e a
25



sensorialidade por meio do ritmo e do som, e por meio da melodia, atinge a afetividade.
“Por isso deve-se expor a criança à linguagem musical e dialogar com ela sobre e por
meio da música (SANTOS, 1997, p.55)”.


2.2 PROFESSOR




Compreende-se professor como um agente de extrema relevância no desenvolvimento
dos processos educativos, com a incumbência de mediar o conhecimento, capaz de
transformar e desmistificar conceitos prévios, possibilitando a construção de cidadãos
críticos, reflexivos e elucidados. Segundo o Dicionário Aurélio (2001): professor é
“aquele que professa ou ensina uma ciência, uma arte, uma técnica, uma disciplina;
mestre; homem perito ou adestrado”.


Professor é quem professa algo verdadeiro, necessário e útil para seus semelhantes e
para a sociedade, ele por sua vez, precisa se reconhecer como agente transformador
da realidade principalmente dentro da sala de aula. Além de contribuir para a
aprendizagem do aluno mediante determinadas relações interativas professor/aluno. É
o modo de agir do professor em sala de aula, mais do que suas próprias características
de personalidade que colabora para uma adequada aprendizagem dos alunos,
fundamenta-se numa determinada concepção do papel do professor, que por sua vez
reflete valor e padrões da sociedade (ABREU & MASETTO, 1990).


Desta maneira o aprender se torna mais interessante quando o aluno se sente
competente pelas atitudes e métodos de motivação em sala de aula. O prazer pelo
prazer não é uma atividade que surge espontaneamente nos alunos, pois, não é uma
tarefa que cumprem com satisfação, sendo em alguns casos encarada como obrigação.
Para que isso possa ser melhor cultivado, o professor deve despertar a curiosidade dos
alunos acompanhando suas ações no desenvolvimento das atividades inclusive
artísticas. É preciso desmistificar o conceito de que ensinar por meio da música é
insignificante, não traz aprendizagem. Esse tipo de pensamento está impregnado na
26



mente de professores que desconhecem o real significado de trabalhar com música de
forma contextualizada ou por não ter sensibilidade e conhecimento para perceber a sua
importância no contexto escolar. Quando há motivação e reconhecimento, as aulas
tornam-se interativas, dinâmicas e participativas tornando a aprendizagem dos
educandos satisfatória, pois estes entendem e valorizam o que conhecem e o trabalho
do professor. Torna-se importante o professor ter transparência no seu papel, ser firme
quanto à postura, seus objetivos e o que planeja para então executar. O professor
precisa conquistar a confiança e o respeito de turma para se tornar o seu legítimo
organizador. Como denota Freire (1996):




                     O bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a
                     atividade do movimento do seu pensamento. Sem aula é assim um
                     desafio e não uma cantiga de ninar. Seus alunos cansam, não dormem.
                     Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento,
                     surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas (p. 96).




Ainda na percepção sobre o papel do professor na (re) construção do conhecimento e
sua prática, tem em suas mãos um grande potencial que, usado com equidade e um
olhar sensível provocarão mudanças significativas no contexto social e cultural dos
sujeitos envolvidos nos preceitos educacionais e conseqüentemente comunitários.


2.3 COMPREENSÃO




Mediante a complexidade que permeia o contexto educacional, direcionando a
discussão para o enfoque da compreensão do professor a respeito da música
nordestina na educação contextualizada no processo de ensino-aprendizagem que
propicia o desenvolvimento integral do educando, apresenta-se compreensão com o
sentido de refletir sobre suas expressões, anseios, sobretudo no cotidiano escolar.
27



Para Cunha (1986), compreensão conceitua-se da seguinte forma: “conter em si,
constar de, entender, abranger, perceber” (p.201). Nesse sentido a “compreensão é o
conjunto dos caracteres que permitem sua definição” (JAPIASSU e MARCONDES,
1990, p. 52). Nesse sentido faz-se necessário procurar compreender melhor o que se
passa na sociedade, inclusive no modelo educacional brasileiro, onde encontra-se
diversos professores sem formação qualificada trabalhando de forma desvinculada o
que torna a realidade de muitos educandos crítica , pois os discursos teóricos
construídos nesse modelo, precisam formar/ estabelecer vínculos com a prática
docente no cotidiano escolar e que estejam condizentes com a realidade. É preciso
também por parte dos professores que atuam em espaços educacionais, inclusive no
semi-árido desempenharem conscientemente sua prática, como diz Sacristam (1998).
Sem compreender o que faz, a prática pedagógica é mera reprodução de hábitos
existentes, ou respostas que os docentes devem fornecer as demandas e ordens
externas (p.9).


Percebe-se compreensão como ato ou ação de assimilação de significados e conceitos
viáveis e flexíveis que podem sofrer mudanças e melhoramentos no decorrer do
cotidiano vivenciado pelo ser humano. Buscando subsídios em Sacristan (1998 p. 103):
“Para compreender a complexidade real dos fenômenos educativos como fenômenos
sociais, é imprescindível chegar aos significados, ter acesso ao mundo conceitual dos
indivíduos e as redes de significados pelos grupos, comunidades e cultural”.


Ainda na perspectiva de legitimação de compreensão como ponto de articulação entre
o ser humano e o meio, no intuito ou possibilidade de compreender, aprender e
reaprender incessantemente com o outro e consigo mesmo objetivando assim a
plenitude humana, encontramos subsídios em Morin (1921) quando ele afirma:



                     A compreensão é ao mesmo tempo meio e fim da comunicação
                     humana. O planeta necessita, em todos os sentidos de compreensão
                     mútua. Dada a importância da educação para a compreensão, em todos
                     os níveis educativos e em todas as idades, o desenvolvimento da
                     compreensão necessita da reforma plenária das mentalidades esta deve
                     ser a tarefa do educador do futuro (p. 104).
28



A compreensão deve abranger todos os campos que permeiam o cotidiano do ser
humano, inclusive do professor, este precisa reconhecer a realidade onde está inserida
a escola. Para compreendermos o local precisamos compreender o global. As
complexidades que permeiam todo o processo pedagógico necessitam de uma visão
ampla e aberta para que contemple o amplo.


Abordando ainda o conceito compreensão, Piaget (1973) apud Burke (2003), diz que:
“compreender é inventar ou reconstruir através da reinvenção e será preciso curvar-se
ante tais necessidades se o que pretende, para o futuro, é moldar indivíduos capazes
de produzir ou criar e não apenas de repetir” (p. 48).


Dessa forma a ação do educador não se resume apenas na transferência de saberes,
mas de estimular a formular perguntas possibilitando a aprendizagem, ou seja, torna-se
mediador do educando.


2.4. EDUCAÇÃO CONTEXTUALIZADA




Diante da realidade do ensino brasileiro em que se apresenta distorcida e desvinculada
do modo de vida do educando, pautado num modelo econômico capitalista que forma
cidadãos para atuação do mercado de trabalho e pouco explora valores e conscientiza,
sobretudo realidade do ensino do semiárido, convém salientar a importância de
promover uma educação contextualizada em sala de aula, acima de tudo, respeitando
os valores, aspectos culturais, sociais construídos na convivência do mesmo. Nota-se
que a promoção de uma educação contextualizada já é uma discussão que há muito
persiste, não só contempla os discursos acadêmicos como as diretrizes educacionais
presentes nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) que apresentam propostas
fundamentadas numa educação contextualizada, pois estão pautadas na assimilação
de conteúdos em consonância com o cotidiano do educando:


                     Contextualizar o conteúdo que se quer aprendido significa, em primeiro
                     lugar, assim que todo conhecimento envolve uma relação entre sujeito e
29



                    objeto (...). O tratamento contextualizado do conhecimento e o recurso
                    que a escola tem para retirar da condição de expectador passivo (PCNs,
                    BRASIL,1998).



Para instituir e sistematizar uma proposta de educação contextualizada, é preciso
repensar o currículo da escola bem como a formação docente, a implementação de
políticas educacionais voltadas para a integração e socialização e refletir sobre as
práticas pedagógicas exercidas atualmente.

Segundo Martins (2006) “A educação contextualizada evidencia a idéia de que as
pessoas não estão soltas no espaço, mas inseridas numa cultura no modo de vida
dotado de sentido prático (p.43)”. Levando em consideração seu significado na vida do
educando, pode-se reconhecer a importância e a necessidade da construção de uma
proposta de educação contextualizada no Semi-árido Baiano por ser uma região pouco
reconhecida e valorizada e assim possa contribuir para a afirmação da identidade de
sujeito. É realidade constatar que os próprios moradores se neguem a reconhecer o
seu lugar por compreender ser uma região pobre sem crescimento econômico e
excluída da sociedade, porque a própria escola apresenta em seu currículo conteúdos
muito distantes da realidade, isto é, demasiadamente descontextualizados onde na
verdade   são   destacadas    cidades    pertencentes    a   regiões    mais   evoluídas
economicamente, inclusive. Freire (1996), coloca que:




                    Não podemos admitir jamais que a escola atue numa perspectiva elitista
                    ou trabalhe a favor das classes dominantes, historicamente opressoras,
                    seja no aspecto local ou regional, seja no aspecto nacional. Não
                    estamos a serviço destas classes, mas a serviço das gentes sofridas,
                    que ao longo do tempo, tiveram os seus direitos negados e usurpados;
                    que tiveram suas histórias negadas e silenciadas especialmente nos
                    currículos escolares (p. 21).



Por outro lado, quando a escola se compromete a trabalhar com novas perspectivas de
mudanças, promovendo discussões, buscando resgatar importantes acontecimentos e
outros estímulos, o próprio educando terá uma nova visão se conscientizará da
30



necessidade de valorizar o que lhe pertence e construirá um novo conhecimento no
qual é possível permanecer no seu próprio lugar descobrindo novas formas de
convivência. Vale salientar que um dos planos para superar essa realidade arraigada
nas pessoas é o investimento na educação, pois facilitará nas relações estabelecidas
entre os educandos e o seu espaço de vivência, em que resgata o estímulo e
perspectiva de vida, ameniza o sofrimento e o preconceito, ainda presente/ o principal
vilão dos embates sobre os nordestinos. Como afirma Matos (2004):




                    A educação contextualizada tem um papel fundamental, sobretudo,
                    porque sua prática procura alterar a visão de mundo e a representação
                    social sobre o semi-árido, transformando a ideia de lócus de miséria,
                    chão rachado e de seca em uma outra, que representa o semi-árido
                    como lócus de possibilidades através do seu projeto educativo,
                    associado a um projeto de sociedade que contempla uma relação mais
                    saudável, equilibrada e sustentável entre o mundo do eu, o mundo das
                    coisas e dos homens (p.22).



Sabe-se que no processo educativo há uma gama de fenômenos envolvidos e que
contribuem para sua complexidade. A proposta da educação contextualizada vislumbra
o reconhecimento de se conviver com o semiárido na busca de uma qualidade de vida
para seus habitantes.
31



                                         CAPÍTULO III

                            O PERCURSO DA DESCOBERTA




Entende-se por metodologia o caminho do pensamento e a prática exercida na
abordagem da realidade. Nesse sentido, a metodologia ocupa um lugar central no
interior das teorias e está sempre referida a elas. Dizia Lênin (1965 p.148): “[...] que o
método é a alma da teoria’’, distinguindo a forma exterior com que muitas vezes é
abordado tal tema (com técnicas e instrumentos), do sentido generoso de pensar a
metodologia como a articulação entre conteúdos, pensamentos e existência. Para essa
pesquisa utilizou-se cunho descritivo para evidenciar detalhes da realidade, dentro do
contexto da música como recurso lúdico, possibilitando a análise sobre seu uso numa
perspectiva metodológica, para o alcance da finalidade que é o desenvolvimento
intelectual, corporal e social.




3.1 Tipo de Pesquisa


Diante do exposto, optou-se pela abordagem qualitativa, por envolver o contato direto
com o local, com a situação que está sendo investigada, a troca de informações e a
integração entre pesquisador e pesquisado, na busca do conhecimento e da reflexão,
pois segundo Bogdan e Biklen (1982, p. 110), “a pesquisa qualitativa supõe o contato
prolongado com o ambiente e a situação que está sendo investigada, via de regra,
através do trabalho intensivo de campo”.


Segundo     Matos    (1993),      são   impostas relativamente   poucas   limitações   pelo
pesquisador, embora seja claro, algum tipo de modelo prévio básico seja em geral
usado como quadro de referência para a pesquisa.
32



A pesquisa qualitativa preza o estudo do sujeito em sua individualidade, não pressupõe
uma uniformidade entre os sujeitos e/ou objetos pesquisados; mas, valoriza a
experiência pessoal e a significação dela para o sujeito. Afirma Borba (2004):



                     Ela depende da relação observador-observado e, como não é de se
                     estranhar, surge na transição do século XIX para o século XX. A sua
                     metodologia por excelência repousa sobre a interpretação e várias
                     técnicas de análise de discurso (p. 12-13).



O sujeito quando pesquisado em sua individualidade, permite ao pesquisador identificar
melhor as informações através do envolvimento, das relações que são estabelecidas no
decorrer do processo de investigação. Ela atende melhor às necessidades deste projeto
além de estimular a interpretação e o entendimento sobre determinada questão.


Evidencia-se a necessidade de se realizar uma pesquisa que se preocupa com a
compreensão dos fatos sociais, levando em consideração os elementos que compõem
a situação investigada.sendo assim, buscou-se a abordagem qualitativa por ser a
melhor forma para encontrarmos as repostas que nos levarão a compreensão do
objetivo proposto: identificar e analisar as compreensões que os professores das séries
iniciais do Ensino Fundamental da escola Elysio Ferreira Barros da rede municipal de
Itiúba têm sobre a música nordestina na educação no contexto do semiárido brasileiro.




3.2 Lócus


Para o desenvolvimento dessa pesquisa, teve como lócus da pesquisa a Escola Elysio
Ferreira Barros, localizada na rua Hamilton Pitanga SIN, Projeto Sertanejo na sede do
município de Itiúba-BA. A mesma foi escolhida por se tratar de uma escola pública da
rede municipal, por ter todo um aparato tecnológico que contribui na formação de
valores, permitindo que os alunos tenham contato, acesso ao mesmo e por o quadro
33



docente desenvolver mini oficinas e projetos cujo foco é o semiárido nordestino e
utilizam a música nas aulas como meio de estabelecer socialização e entretenimento.

Tem espaço físico estruturado, com 12 compartimentos: 8 salas de aula, 1 cantina, 1
pátios e 2 banheiros. Possui corpo discente de 447, corpo docente 18; possui recursos
como: TV, computador, aparelho de som, armário. Oferece Educação Infantil I e II (1º
ano, 2º ano, 3º ano, 4º ano e 5º ano).



O lócus de pesquisa propicia ao pesquisador uma vivência que traz interações entre
pesquisador e sujeito, propiciando ao pesquisador uma abertura para investigar,
dialogar, para que consiga identificar e analisar as compreensões que os professores
das séries iniciais do Ensino Fundamental da escola Elysio Ferreira Barros da rede
municipal de Itiúba-BA têm sobre a música nordestina na educação no contexto do
semiárido.




3.3 Sujeitos da pesquisa


Os sujeitos participantes desta pesquisa foi constituída num universo de 06 professores
que atuam nas séries iniciais do Ensino FundamentaI. Do universo de 18 professores,
definiu-se uma amostra de 06 professores, para responderem ao questionário fechado
e entrevista aberta contribuindo para o desenvolvimento do trabalho.


Os sujeitos da pesquisa permitem ao pesquisador ter uma resposta mais aproximada
da realidade além de serem uma fonte de informações, pois através de ações e
discursos, é que o pesquisador terá respaldos para poder pesquisar. Trivinos (1987)
aborda: “Os sujeitos individualmente poderão ser submetidos a várias entrevistas, não
só com o intuito de obter o máximo de informações, mas também para avaliar as
variações das respostas em diferentes momentos (p.146)”.
34



A contribuição dos professores para esta pesquisa é de suma importância por
informarem sobre a prática educativa de cada um e demonstrarem o comportamento,
as reações diversas durante as entrevistas, todo o envolvimento do pesquisador com os
sujeitos, pois utiliza-se os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade
necessários para análise e interpretação.



3.4 Instrumentos de Coleta de Dados


O referencial metodológico para esta pesquisa situou-se na abordagem qualitativa a fim
de obter informações que permitam desenvolver a análise e a compreensão sobre uma
nova forma de conceber a música nordestina na educação contextualizada no
semiárido. Mediante a proposta apresentada, foram feitos um questionário fechado e a
entrevista aberta às professoras do lócus escolhido;




3.5 Questionário


O questionário foi do tipo fechado, uma vez que, tal instrumento nos permite traçar o
perfil de cada sujeito pesquisado, buscando na coleta de dados do sujeito, elementos
que revelassem suas compreensões a cerca do tema indicado. Sendo um dos
principais instrumentos de trabalho utilizado no campo da pesquisa, afirma Gressler
(1989):



                     Questionário fechado é constituído por uma série de perguntas
                     organizadas, com o objetivo de levantar dados para uma pesquisa, cujas
                     respostas são formuladas pelo informante ou pesquisadas sem
                     assistência direta ou orientação do investigador. Todas as questões do
                     questionário são pré-elaboradas e as respostas são dadas por escrito
                     (p. 58).
35



Ainda referindo-se ao mesmo autor, um questionário deve ser simples, direto e rápido
de responder, devendo assegurar aos utilizadores que os dados recolhidos serão
preservados e não serão cedidos a terceiros.




3.6 Entrevista


Por sua vez, a entrevista foi aberta, composta de questões pertinentes ao estudo
proposto possibilitou obter-se respostas que permitem avançar nas investigações.
Acredita-se também que este instrumento permitiu maior acesso às informações de
relevância à pesquisa. Como bem salienta Trivinos (1987 p. 146): “Devemos lembrar
que a entrevista é um dos recursos que emprega o pesquisador qualitativo num estudo
de um fenômeno social”. A entrevista foi concedida a uma amostra de seis professoras
da instituição pública escolhida, particularmente, propiciando um ambiente agradável
que as deixassem.
36



                                     CAPÍTULO IV


                     ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS




A análise e interpretação de dados foram possíveis através do questionário fechado
apoiado pela entrevista aberta, por acreditar ser um instrumento de coleta de dados
que melhor se adequou às inquietações, visto que, através desse tipo de pesquisa
pode-se participar e analisar a situação vivida pelos sujeitos envolvidos, dentro da
realidade, sem a necessidade de se envolver diretamente com a situação. Diante disso
recorre-se a Ludke e André (1986, p. 19), “o pesquisador procura revelar a
multiplicidade de dimensões presentes numa determinada situação ou problema,
focalizando-o como um todo”.


Os dados e informações foram coletados na escola Elísio Ferreira Barros, escola da
rede púbica municipal de Itiúba-BA, escolhida como lócus da pesquisa. Aqui serão
apresentadas as perguntas feitas e a síntese das respostas das educadoras, relatando
as considerações mais pertinentes.




4.1 PERFIL DOS SUJEITOS A PARTIR DOS DADOS DO QUESTIONÁRIO
FECHADO


4.1.1 ANÁLISE DO QUESTIONÁRIO FECHADO

Na figura abaixo está uma amostra dos dados referentes à escolaridade dos docentes
informantes:

Figura 1 – Formação das professoras:
37




                                                        SUPERIOR COMPLETO

                              0%

                                                        SUPERIOR INCOMPLETO



              50%                               50%
                                                        MAGISTÉRIO




                                                        OUTROS CURSOS




       Fonte: Questionário fechado aplicado às entrevistadas.


A figura acima nos mostra que 50% das professoras informantes estão cursando o nível
superior (através da UNEB 2000), enquanto a outra metade, ou seja, 50%, concluíram o
magistério. Estes dados demonstram que parte das professoras está procurando
ampliar o seu conhecimento por meio de um curso de nível superior o que torna
importante para sua carreira profissional além de reconhecer que professor também
precisa de formação. Como diz Freire (1996):



                    A segurança com que a autoridade docente se move implica uma outra,
                    a que se funda na sua competência profissional. Nenhuma autoridade
                    docente se exerce ausente desta competência. O professor que não
                    leve a sério sua formação, que não estude, que não se esforce para
                    estar à altura de sua tarefa não tem força moral para coordenar as
                    atividades de sua classe (p.91).



A formação na área docente contribuirá para sua valorização enquanto docente,
ampliará os conhecimentos pedagógicos, epistemológicos educacionais.


A próxima questão apresenta-nos a forma de inclusão no quadro docente de cada
professora:

Figura 2 – Inclusão no quadro docente
38




                                0%

                                                            CONCURSADA




                                                            CONTRATADA

                               100%




       Fonte: Questionário fechado aplicado às entrevistadas.


Observa-se que o resultado da pergunta sobre a forma de inclusão no quadro docente
destinadas às professoras foi positivo, todas se apresentam como concursadas. O
resultado é importante pelas vantagens, pelos direitos e benefícios que são oferecidos
ao funcionário público mediante o concurso.


Na próxima questão procurou-se obter informações sobre o gênero, destacado assim
na figura abaixo:

Figura 3 – Quanto ao sexo




                                0%


                                                                FEMININO



                                                                MASCULINO

                                100%




       Fonte: Questionário fechado aplicado às entrevistadas.
39



Vale ressaltar a presença feminina com exclusividade atuantes na escola escolhida.
Como fato histórico sempre ocorreu no magistério. A carreira profissional nesta área
sempre foi representada pelo sexo feminino. Não por preferirem, mas por lhe darem
preferência, dos pais ou da sociedade com características machistas. O magistério era
uma das raras profissões que caberia às mulheres exercê-la.


Nesta próxima questão, trata-se da idade de cada uma, apresentada na figura abaixo:

Figura 4 – Faixa etária




                                    0%
                                    0%
                                                                ANOS - 20-25


                                                                ANOS-26-30


             50%                                      50%       ANOS-31-35


                                                                ACIMA DE 36




       Fonte: Questionário fechado aplicado às entrevistadas.


Nota-se que de uma amostra de seis professoras, 50% afirmaram ter entre 31 e 35
anos de idade e mais 50% das professoras confirmaram ter idade acima de 36 anos.
Foi como forma de traçar melhor o perfil de cada uma que foi elaborada as questões e,
não, com o intuito de medir a capacidade, maturidade de lidar com os educandos,
assim como denota Freire (1996): “Não importa com que faixa etária trabalhe o
educador ou a educadora. O nosso é um trabalho realizado com gente, miúda, jovem
ou adulta, mas gente em permanente processo de busca (p.144)”.


Sobre a habilitação na área foi questionada às professoras que contribuíram com suas
respostas:
40



Figura 5 – Habilidade na prática




                     17%                                        SIM
               0%

                                                                NÃO



                                                                EM PARTE

                                               83%




       Fonte: Questionário fechado aplicado às entrevistadas.


Na figura acima apresentada tem-se o resultado das seis professoras questionadas,
onde 83% afirmam ter habilidades na área referindo-se a capacidade de lidar com
situações cotidianas na sala de aula e apenas 17% tê-la em parte. Estes dados
implicarão na formação docente e conseqüentemente na formação do próprio
educando, pois não há avanço na educação nem tampouco desempenho do educando
sem o educador não ter habilitação na área. Ainda citando Freire (1996):




                      É nesta concepção do homem e da mulher como seres “programados,
                     mas para aprender” e, portanto, para ensinar, para conhecer, para
                     intervir, que me faz intervir, que me faz entender a prática educativa
                     como exercício constante em favor da produção e do desenvolvimento
                     da autonomia de educadores e de educandos (p. 145).



Portanto, todo educador e educadora precisam ser conscientes de seu próprio papel,
buscando aprimorar mais a sua prática educativa. Para ser educador é preciso ter
capacidade e formação.


A sétima questão diz respeito à quantidade de anos que as professoras exercem
função, analisou-se os seguintes resultados:
41



Figura 6 – Tempos de serviço


                                   0%
                                   0%
                                           17%
                                                                1 ANO


                                                                2 A 3 ANOS


                                                                4 A 5 ANOS

                       83%
                                                                MAIS ANOS




       Fonte: Questionário fechado aplicado às entrevistadas.

Entre as professoras questionadas nesta amostragem, apresentam-se 17% tem entre 4
a 5 anos que ensinam e 83% com mais de cinco anos que atuam na área. Conclui-se
que o resultado denota experiência profissional adquirida pelas professoras a qual
torna-se importante para a prática educativa, facilitando compreender cada educando,
sua realidade.

Figura 7– Diversidade musical na prática docente




                                                        CANTIGA DE RODA



                 33%
                                                        FORRO TRADICIONAL



                 0%                         67%         AXÉ
                 0%


                                                        CANÇOES



       Fonte: Questionário fechado aplicado às entrevistadas.
42



O resultado desta questão sobre a diversidade musical na sala de aula teve como
resposta, 67% dão preferência a cantigas de roda estilo também integrante da cultura
nordestina, mas quanto ao uso do forró nordestino tradicional que em sua maioria
evidencia na letra a realidade do semiárido, ficou evidente que não é levado em conta.
Sabendo que a música nordestina vai contribuir no reconhecimento que o educando
precisa ter sobre seu espaço natural bem como aprender a conviver com ele. Ainda
33% revelaram trabalhar com canções.


Por conseguinte, procurou-se saber sobre a freqüência da atividade musical praticada
em sala de aula, apresentando a seguir o resultado:

Figura 8 – Freqüência da atividade musical




                               0%
                                                           DIARIAMENTE




             50%                                 50%       SEMANALMENTE




                                                           ÀS VEZES




       Fonte: Questionário fechado aplicado às entrevistadas.

Percebe-se que as professoras utilizam a música com frequência diariamente e
semanalmente na sala de aula, isto é valorizam –na como um instrumento que contribui
em muitos aspectos cognitivos psicológicos dos educandos. Vale ressaltar que esta
informação não diz respeito ao uso da música nordestina e, sim, aos estilos musicais
usados com mais freqüência, resultado já apresentado no gráfico anterior. É importante
refletir sobre a música nordestina no contexto na educação do semiárido, sobretudo na
formação dos educandos habitantes da região semiárida e implicará no reconhecimento
43



de seu lugar, na possibilidade de contribuir para a melhoria da região seca na sua
realidade sócioambiental.


A próxima questão referiu-se à formação continuada das profissionais. Obteve-se o
seguinte resultado:

Figura 9– Formação paralela à prática




                                                                  SIM   NÃO




              50%                                           50%




       Fonte: Questionário fechado aplicado às entrevistadas.

Percebe-se na figura que 50% dos professores participam de cursos de capacitação a
exemplo de pró-letramento, jornadas pedagógicas, oficinas que enfatizam o uso da
música nordestina, enquanto que 50% declara resposta negativa. O profissional da
educação consiste em ampliar o conhecimento, buscando-se na formação continuada.



                      ... a formação continuada de professores deve visar o desenvolvimento
                      das potencialidades profissionais de cada um, a que não é alheio o
                      desenvolvimento de si próprio como pessoa. Ocorrendo na continuidade
                      da formação inicial, deve desenrolar-se em estreita ligação com o
                      desempenho da prática pedagógica (ALARCÃO 1992, P. 106).



Por fim, foi questionado a respeito de uma prática educativa por meio da educação
contextualizada. Os resultados foram:
44



Figura 11 – Prática na perspectiva da educação contextualizada




                                    0%




                                                              SIM     NÃO


                                   100%




       Fonte: Questionário fechado aplicado às entrevistadas.

As respostas foram unânimes por cada professora ao afirmar ter a prática educativa na
perspectiva de uma educação contextualizada, ou seja, todas admitem trabalhar tendo
uma nova visão sobre a educação contextualizada reconhecendo sua importância. Isso
conta bastante para uma possível transformação na realidade educacional da região
por apresentar um currículo ainda distorcido deste universo que não leva em conta os
saberes já então construídos por os educandos. Por essa razão, fica claro que:



                    O papel do educador, dessa forma, não seria apenas de ficar passando
                    informações, mas de provocar no outro a abertura para aprendizagem e
                    de colocar meios que possibilitem e direcionem esta aprendizagem. A
                    provocação para aprendizagem tem a ver com a sensibilidade para com
                    as pessoas a quem se dirige, com o significado que aquilo tem para ele,
                    bem como a correlação que tem com a existência (VASCONCELOS,
                    2000, p.61).



A partir desses levantamentos, cabe refletir sobre o papel do educador na construção
de uma nova proposta de educação para a convivência no semiárido, partindo das
compreensões que os mesmos têm sobre a música nordestina na educação no
contexto desse espaço.
45



4.1.2 ANÁLISE DA ENTREVISTA ABERTA


No sentido de identificar e analisar as compreensões que as professoras da Educação
Infantil da escola Elysio Ferreira Barros do município de Itiúba-BA têm sobre a música
nordestina na educação no contexto do semiárido, conseguiu-se através da coleta de
dados elementos que contribuíram para sistematizar a análise proposta, uma vez que, o
objetivo é encontrar respostas para tais inquietações. Observa-se que no decorrer da
apresentação dos resultados utiliza-se a palavra P1 para professora nº 1; P2 para
professora nº 2 e, assim, sucessivamente.


A entrevista aberta deu-se com as professoras convidadas de forma espontânea. As
perguntas dirigidas às mesmas seguem a ordem e para cada pergunta obtém-se mais
de uma resposta.


   4.1.2.1 A música nordestina na sala de aula


Ao serem questionadas foi percebido na resposta de algumas professoras que
costumam trabalhar com música na sala de aula, porém a música nordestina,
raramente. Constata-se contradição com a resposta obtida no questionário fechado.
Veja algumas respostas:


                    P.1
                    De toda uma vida eu trabalho com música na escola, agora, voltada
                    para o conteúdo faz três anos. É tanto que nas aulas de Geografia,
                    quando eu esquecia, eles: a professora, a música, vamos cantar?
                    Trabalho detalhadamente a letra da música voltada para o semiárido.

                    P.2
                    Eu costumo trabalhar músicas infantis, tem aquelas de Luiz Gonzaga
                    que pouco trabalho, mas eu sinto que cantar é muito importante, ajudar
                    na aprendizagem eles aprendem a ler cantando. Sempre a gente canta
                    o Hino Nacional a gente sempre trabalhou eles gostam mesmo. E aí eles
                    desenvolvem mesmo a leitura assim.

                    P.3
                    Não. Nós incluímos num projeto que fizemos com a água nas atividades,
                    na festinha. Trabalhamos com outros estilos musicais. Percebo que eles
46



                    gostam, aprendem escrevemos a letra num papel madeira, ler com eles,
                    trabalho parte a parte com eles, trabalho oralmente incluindo nos
                    conteúdos.

                    P.5
                    Desde quando iniciei meu trabalho com Educação Infantil, a Música
                    Nordestina nunca foi totalmente trabalhada a mais trabalhada a que fala
                    mais sobre o sertão de Luiz Gonzaga sobre a questão do meio ambiente
                    foi bom demais. Sobre questões sociais Cidadão. Muito por serem
                    alunos da Educação Infantil ainda não tem aquele conhecimento prévio,
                    mas curtiram, participaram mais.


A fala da P6 chamou atenção por não destacar nenhuma vantagem ou efeito da música
nordestina nos educandos ou mesmo na sala de aula. Veja:

                    P.6
                    Não tenho muito tempo. De acordo com o tempo. Desculpe.


Com essa realidade, falta refletir e repensar um pouco mais sobre o tema escolhido
para este trabalho, sua contribuição na formação do educando, pois o mesmo precisa
sentir-se inserido no real contexto em que vive através principalmente da expressão do
professor, ou seja, da sua prática pedagógica. É preciso que este também esteja
consciente disso. Percebe-se que a música em seu estilo nordestino não é envolvida o
bastante na prática em sala de aula das professoras. É o que acontece em muitos
espaços educacionais inclusive nordestinos onde deveria abarcar tal método.




                    Ainda que esses procedimentos venham sendo repensados, muitas
                    instituições encontram dificuldades para integrar a linguagem musical ao
                    contexto educacional. Constata-se uma defasagem entre o trabalho
                    realizado na área da música e nas demais áreas do conhecimento,
                    evidenciada pela realização de atividades voltadas à criação e à
                    elaboração musical. Nesses contextos,a música é tratada como se fosse
                    um produto pronto, que se aprende a reproduzir, e não uma linguagem
                    cujo conhecimento constrói ( BRASIL,1998, p. 47).
47



Com relação às outras respostas obtidas, percebe-se que a maioria das professoras
reconhece a importância da música nordestina ao ser trabalhada na sala de aula, mas
não fazem o uso com freqüência.




   4.1.2.2   Importância da música nordestina na prática pedagógica

Essa resposta foi condizente por as educadoras valorizarem a música nordestina como
integrante da cultura do semiárido brasileiro. Assim sendo, torna-se necessária na
prática também. Ao serem indagadas, as professoras se posicionaram da seguinte
forma:


                    P.1
                    Eu acho a questão do interesse do aluno ele se interessa mais, a forma
                    de interpretar também entender o próprio conteúdo. Sempre mais na
                    aula e para iniciar em cada disciplina. É importante por isso. Eu acho
                    que o aluno aprende a interpretar, a entender melhor o assunto, o
                    conteúdo. Vai influenciar no relacionamento com as pessoas...

                    P.2
                    A letra vai contribuir para que ele possa... Até para o dia-a-dia dele.
                    Quem sabe, vai que ele fale com o pai que o Nordeste é a nossa
                    realidade, meu pai vivenciava isto, ta na letra, minha família.

                    P.3
                    É de muita importância. Também acho, não há dúvidas. O lado afetivo
                    em tudo por tudo. A interação deles mesmos. Não utilizo a música só
                    nas datas comemorativas, também diariamente. Em parlendas. É o que
                    a gente vem trabalhando mais assim.

                    P.6
                    Conscientização, valorização.
                    Muito aprender a diferenciar a Música Nordestina dos outros tipos de
                    música.


As respostas foram unânimes e ficou claro o significado da música nordestina na prática
pedagógica que cada entrevistada reconhece. Ao ser trabalhada em sala de aula,
correspondida pelo aluno, sem dúvida refletirá na prática do educador. Esta é uma
reflexão necessária sobre o estilo musical e sua contribuição na aprendizagem, no
48



desempenho e gosto musical bem como a influência no relacionamento entre os
educandos.   Nas   respostas das educadoras         denotaram    esta   realidade.   Este
reconhecimento abre espaço para se repensar o uso da música no seu estilo
nordestino, vinculada a educação contextualizada uma vez que ambas tratam sobre a
realidade de um povo que tem muitas experiências de viver numa região seca, porém
rica de cultura. Portanto deve-se compreender que a educação contextualizada para a
convivência com o semiárido não pode ser um espaço de aprisionamento do saber (...),
mas como aquela que se constrói no cruzamento cultura-escola-sociedade (REIS 2004,
p.13).



   4.1.2.3   Importância da Música Nordestina na formação do educando


Outro elemento indagado as professoras referindo a importância da música nordestina
na formação do educando comentado por elas:



                    P.1
                    Eu acho que assim melhora muito, a questão do aluno pra entender pra
                    interpretar mesmo. Meus alunos mesmos têm facilidade de expressão,
                    eles vem para frente aprendem a fazer seminário porque eles tinham
                    dificuldade, vergonha e, através da música também.

                    P.2
                    Eu costumo trabalhar músicas infantis, tem aquelas de Luiz Gonzaga
                    que pouco trabalho, mas eu sinto que cantar é muito importante, ajudar
                    na aprendizagem eles aprendem a ler cantando. Sempre a gente canta
                    o Hino Nacional a gente sempre trabalhou eles gostam mesmo. E aí eles
                    desenvolvem mesmo a leitura assim.


                    P.3
                    A música é muito é importante porque ajuda na assimilação do conteúdo
                    eles assimilam com mais facilidade o conteúdo quando é trabalhado
                    com música aquela aula seca quando é com a música eles gostam
                    mais. Na aprendizagem, com ser social também ajuda o relacionamento
                    com as pessoas.Compreendo com certeza.

                    P.4
                    A música é muito é importante porque ajuda na assimilação do conteúdo
                    eles assimilam com mais facilidade o conteúdo quando é trabalhado
                    com música aquela aula seca quando é com a música eles gostam
49



                     mais.Na aprendizagem, com ser social também ajuda o relacionamento
                     com as pessoas.Compreendo com certeza.

                     P.6
                     Com certeza, melhora a relação com as pessoas.


Compreende-se que as educadoras dão valor total à música nordestina na educação, a
facilidade na assimilação dos conteúdos dentre outros aspectos. Sem dúvida, a
intervenção educativa precisa apoiar-se no conhecimento teórico e prático, oferecido
em parte pelas disciplinas e pela proposta da contextualização. É considerado na
escola que os processos de ensino-aprendizagem são o centro da investigação e da
prática didática e isto torna este mesmo processo mais fluente para o conhecimento.
Portanto verifica-se a importancia da música n como facilitadora da socialização e da
motivação nas aulas. Rosa (s/d), diz:



                     Sabemos que o educador consciente apresenta aos alunos as mais
                     variadas situações de aprendizagem, e entre elas as que envolvem a
                     linguagem musical. É importante lembrar que a atividade com linguagem
                     musical não é uma simples oportunidade para o professor fazer
                     recreação. Em muitas circunstâncias bem planejadas, ela é uma forma
                     de representação de vida da criança. Nessas condições, pode-se dizer
                     que a música contribui sistemática e significantemente com o processo
                     integral do desenvolvimento do ser humano (p.20).



No ensino-aprendizagem, a música, assim como diversas atividades lúdicas, deve
ajudar a construir uma práxis emancipadora e íntegra, ao se tornar um instrumento de
aprendizagem que favorece a aquisição do conhecimento em perspectivas e dimensões
que perpassam o desenvolvimento do educando.



   4.1.2.4 Costuma trabalhar o contexto dos alunos


Outro elemento importante indagado às professoras refere-se ao costume de trabalhar
o contexto do aluno, assim definido por elas:
50



                     P.1:
                     Eu trabalho com a realidade e agora nesta unidade foi toda voltada para
                     nossa realidade, a questão do semiárido, a seca, a oficina que nós
                     fizemos aqui, foi toda voltada para o semiárido.

                     P.2
                     Eu estou aprendendo a trabalhar com o contexto deles e estou
                     aprendendo a gostar agora por causa do curso da UNEB2000 e já estou
                     trazendo para sala de aula. Funciona como tema gerador porque ta
                     trabalhando todas as disciplinas.

                     P.3
                     É o que a gente vem trabalhando mais assim. Tem 2 anos e pouco que
                     fazemos a UNEB2000 e até a gente vê que é totalmente diferente, a
                     gente trabalha aquela coisa medíocre: Português é só Português,
                     Matemática é só Matemática e hoje tem mais é que está sempre
                     contextualizada no global, trabalhar na área, nas disciplinas com eles
                     cobram tanto. E a gente vê a partir que a gente passou a ter essa nova
                     visão, o negócio flui e flui de uma maneira bem satisfatória para eles.
                     Trabalha com a contextualização é muito bom.

                     P.4
                     A música é muito é importante porque ajuda na assimilação do conteúdo
                     eles assimilam com mais facilidade o conteúdo quando é trabalhado
                     com música aquela aula seca quando é com a música eles gostam
                     mais.Na aprendizagem, com ser social também ajuda o relacionamento
                     com as pessoas.
                     Compreendo com certeza.

                     P.5
                     Eu focalizo a Música Nordestina porque eles são nordestinos, nosso
                     contexto é o semiárido seria interessante.(...) na faculdade tem uma
                     colega que fala muito em contextualização. Você trabalhar a realidade
                     do aluno. Com é que eu posso falar de São Paulo para meu aluno que
                     nunca saiu daqui? Então a gente deve trabalhar a realidade deles, o
                     nosso município.



Dessa forma percebe-se que as professoras atentam-se ao fato de que trabalhar o
contexto do educando produzirá resultados significativos, uma vez que, permite-o
sentir-se protagonista da sua própria história construindo seu conhecimento a partir das
suas vivências, desfazendo com o paradigma da educação homogeneizadora.


                     Uma proposta de educação contextualizada que assume o compromisso
                     de ser crítica e transformadora, construída de forma democrática e
                     participativa, precisa trabalhar com novos instrumentos pedagógicos que
                     favoreçam a problematização da realidade e a inquietude dos sujeitos
51



                      sociais, possibilitando que as pessoas envolvidas com as práticas
                      educativas possam tomar novas atitudes enquanto protagonistas na luta
                      pela construção de novos sonhos para a região (LIMA 2007, p.27).



   4.1.2.5 Educação contextualizada


   Eis outra questão que merece destaque no que se refere ao conceito de educação
   contextualizada.

                      P.2
                      Eu estou aprendendo a trabalhar com o contexto deles e estou
                      aprendendo a gostar agora por causa da UNEB e já estou trazendo para
                      sala de aula. Funciona como tema gerador porque ta trabalhando todas
                      as disciplinas.

                      P.3
                      Tem 2 anos e pouco que fazemos a UNEB e até a gente vê que é
                      totalmente diferente, a gente trabalha aquela coisa medíocre: Português
                      é só Português, Matemática é só Matemática e hoje tem mais é que está
                      sempre contextualizada no global, trabalhar na área, nas disciplinas com
                      eles cobram tanto. E a gente vê a partir que a gente passou a ter essa
                      nova visão, o negócio flui e flui de uma maneira bem satisfatória para
                      eles. Trabalha com a contextualização é muito bom.

                      P.4
                      Eu comento focalizo a música nordestina porque eles são nordestinos,
                      nosso contexto é o semiárido seria interessante.(...) na faculdade tem
                      uma colega que fala muito em contextualização. Você trabalhar a
                      realidade do aluno. Com é que eu posso falar de São Paulo para meu
                      aluno que nunca saiu daqui? Então a gente deve trabalhar a realidade
                      deles, o nosso município.

                      P.5
                      É aquela questão de você estar trabalhando abrangendo todos s níveis
                      educacionais pegando todo o extremo, por exemplo: quando você fala
                      de contextualizar está unindo o útil ao agradável porque você não está
                      só passando Matemática, Português, você está unindo todas ao mesmo
                      tempo e você vai ter um objetivo. Eu gosto de trabalhar com música.



É interessante ressaltar neste bloco de questões a resposta da professora P6 que
distorce as compreensões construídas pelas outras professoras. observe:
52



                     P.6
                     Levar vários tipos de texto que tenham significados para eles gostarem e
                     eu também.


A partir de tais explanações essas professoras em parte demonstraram um certo
entendimento acerca do contexto proposto, evidenciando os elementos que configuram
a essência da educação contextualizada. Para tanto, sistematizar tal educação, faz-se
necessário partir da vivência real do educando respeitando o contexto sócio cultural do
mesmo. Assim como afirma Lins, et al (1996):


                     [...] se vê na proposta a educação contextualizada, a importância do
                     menino, da menina estudarem conteúdo que tenham sentido,
                     significado, onde eles e elas tenham possibilidade de si viver; que
                     produzam uma reflexão sobre a localidade onde vivem com perspectivas
                     de intervenção e mudança (p.121).



Nota –se também que as professoras P2 e P3 declararam tomar conhecimento após o
curso UNEB 2000¹. Enquanto que a professora P4 afirma já trabalhar na perspectiva da
educação contextualizada há mais tempo.

4.1.2.6 Você acha que a escola precisa repensar a sua posição sobre a educação que
ela vem repassando aos discentes? Em quais aspectos?


                     P1
                     Eu acho que precisa de modo geral. Ela continua fechada, não oferece
                     oportunidade. A questão mesmo de uma aula de Geografia mesmo
                     porque não da uma aula de campo, para o aluno entender melhor.

                     P2
                     Eu acho que precisa. Ta bom, mas precisa melhorar. Até mesmo um
                     projeto a secretaria organiza um projeto para a gente esperar o aluno
                     para o ano que vem. Como é que a gente vai preparar um projeto para
                     esperar um aluno que a gente nem sabe da realidade, não conhece a
                     realidade do aluno fica difícil a gente já preparar sem ver o aluno.
53



                    P3
                    Precisa e em vários aspectos. Um exemplo claro e objetivo é a
                    quantidade de alunos que nós temos, alunos com problemas mentais eu
                    não tenho formação não estou preparada para trabalhar com este tipo
                    de aluno.
                    P4
                    Precisa repensar. Mas na escola em que trabalho a coordenadora é
                    muito empenhada e responsável e ela procura trabalhar, ela nos ajuda
                    muito nessa parte. Precisa melhorar na questão da família na escola é a
                    parte mais difícil de participação. A família junto à escola é que funciona.
                    Mas ajuda muito.

                    P5
                    Sim. Uma política educacional forte mesmo.Tem que repensar mesmo.
                    Essa questão da valorização cultural como está perdendo seria bom
                    para a secretaria de Educação está repassando porque a gente sente a
                    necessidade, a escola de se trabalhar esse conteúdo por exemplo (na
                    UNEB ) porque descobre coisas.



Foi percebido que, nas falas das professoras, a escola necessita de mudança no que
diz respeito à proposta pedagógica, sua postura frente aos educandos. Constatou-se
claramente um olhar crítico por parte das professoras a respeito do comportamento, da
atitude da escola frente aos problemas existentes no cotidiano escolar. Faz-se
necessário enxergar os educandos mais de perto, respeitando sua identidade, seu
lugar de origem, a família e sua participação e, por fim, o reconhecimento do educando
como um sujeito cultural. Mas para que haja tal mudança é preciso buscar apoio de
toda comunidade escolar e órgãos públicos.
54




                              CONSIDERAÇÕES FINAIS




A realização desta pesquisa monográfica trouxe uma nova visão a respeito da
educação presente na vida da criança, sobretudo daquela que habita a região
nordestina. Foi uma oportunidade significativa, por ter possibilitado compreender melhor
a importância da música nordestina inserida na educação, os valores contidos em
muitas composições musicais de artistas consagrados da cultura deste mesmo lugar
que contemplam com orgulho sua origem e não a menosprezam.


Esta pesquisa procurou investigar as compreensões que as professoras têm sobre a
música nordestina na educação no contexto do semiárido brasileiro. Uma vez que a
proposta pedagógica construída na escola não leva em consideração os valores
construídos pelas educandas e educandos, não tomam como ponto de partida o seu
próprio espaço sobre o qual vive. O que se identifica é que a escola continua passando
conhecimentos que não condizem com a realidade do aluno, sua identidade, seu lugar,
com a relação sócioambiental. Pelo contrário, as dificuldades encontradas pelos
professores que atuam nas escolas do campo são muitas: salas de aula inadequadas,
turmas multisseriadas, alunos que chegam com problemas sociais interferem na
aprendizagem,    falta   de   capacitação   docente,   dentre   outras.   Esta   é   uma
responsabilidade que não cabe apenas ao professor, também às gestores do poder
público. Em parceria torna-se mais fácil desenvolver projetos que auxiliem no alcance
de índices mais elevados da qualidade educacional.


E a música nordestina especificando o estilo forró tradicional e autêntico, é uma das
alternativas de mudança. Faz refletir sobre essa nova postura, pois traz em suas belas
canções letras que retratam toda realidade de um povo que convive com o sofrimento
da seca, do sol quente, da chuva escassa, do menosprezo e da desvalorização por
55



parte de representantes políticos, da mídia e de outros que se dizem compadecidos
com tal situação e nada solucionam.


A intenção foi trazer a discussão de uma proposta voltada para a música nordestina
trabalhada na sala de aula em consonância com a proposta da educação
contextualizada que favoreça o diálogo permanente entre o que se aprende em casa,
com o mundo em que vive, a escola e a possibilidade de transformação, apontando
várias maneiras de se conviver com a seca principalmente, a que mais atinge as
pessoas tanto interior como exteriormente. Para isso buscou embasar-se em idéias e
estudos defendidos por vários teóricos, percebido em diversas passagens desse
trabalho.


Mediante o referencial metodológico – o questionário fechado e a entrevista aberta,
utilizados nesta pesquisa, constatou-se que as professoras reconhecem a importância
de trabalhar a música nordestina no cotidiano escolar através de oficinas, seminários ou
até mesmo na sala de aula com a execução de projetos de forma interdisciplinar e
revelaram trabalhar embora a práxis ainda se dê de forma superficial e com raridade.


Acreditamos que ainda se faz necessário investigar mais sobre as compreensões que
as professoras têm sobre a música nordestina no contexto no semiárido brasileiro,
analisar que práticas pedagógicas vêm sendo desenvolvidas, trazendo contribuições
para elaboração de práticas educacionais que favoreçam os interesses da comunidade
a que destina, principalmente à formação do educando. Na perspectiva de que, para
alcançar uma educação de qualidade precisa-se primeiramente de educadores aptos a
desenvolver seu papel de forma atuante, sobretudo, contribuir para a aprendizagem do
educando em seus múltiplos aspectos; que compreenda a importância de sua função
no processo de mudança de paradigma e construção de uma escola genuinamente
democrática, voltada para os anseios da comunidade como um todo, partindo do
princípio de que se faz educação com outro e para outro, e, para isso é indispensável
se pensar em políticas educacionais que brotam das reais necessidades dos sujeitos
envolvidos no processo educacional.
56




Que esta seja uma pesquisa reflexiva, podendo atender os anseios de uma nova práxis.



                                   REFERÊNCIAS



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1998.


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Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 1943. p. 289-320.


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57



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58



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60




            Universidade do Estado da Bahia – UNEB
            Departamento de Educação – CAMPUS VII
            Senhor do Bonfim - BA
            Trabalho de Conclusão de Curso
            Nubeane Mara do nascimento




                                                  APÊNDICE 1

                                        QUESTIONÁRIO FECHADO



Escola: ----------------------------------------------------------------------------------------------------
Série que atua: -------------------------------------------------------------------------------------------


Grau de escolaridade:
(   ) médio      (   ) superior         (   ) superior incompleto


Você é concursado (a) ou contratado (a)?
(   ) concursado (a)             (    )contratado (a)


Sexo: (     ) feminino       (       ) masculino


Faixa etária:
(   ) 20- 25 anos       (   ) 26-30 anos           (   ) 31-35 anos     (   ) acima de 36 anos


Você é habilitado na área em que atua?
(   ) sim    (    ) não      (       ) em parte
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  • 1. 10 INTRODUÇÃO A percepção da necessidade de execução de uma prática educativa voltada para a linguagem musical no processo de ensino aprendizagem suscitou o nascimento desta pesquisa que enfoca a necessidade de refletir sobre uma educação contextualizada através do uso da música na sala de aula. Uma proposta que visa à construção do saber mediante a interatividade e a utilização de letras, melodias, ritmos e expressões típicos contidos nas músicas que contemplam a região Nordeste no cotidiano escolar, proporcionando a contribuição na aprendizagem significativa, resultando no desenvolvimento cognitivo. Busca-se ainda o efeito psicológico na vida dos educandos no que se refere às suas atitudes e a valorização da cultura regional ritma presente nas diversas canções que apresentam em suas letras uma variedade de expressões referentes à realidade do nordeste brasileiro. O tema proposto para esta pesquisa justifica-se por dois aspectos relevantes: a experiência musical adquirida desde a infância motivada pelas influências familiares principalmente paterna, cujo gosto e afinidade pela música nordestina especificamente o forró são expressivos, que não é apenas ouvida como tocada em casa, nas festas juninas e em outros eventos por alguns dos instrumentos mais conhecidos típicos: a sanfona, o zabumba, o triângulo, o banjo e o violão e pela experiência profissional em sala de aula fundamentada no Programa de Educação no Campo que trabalha com o projeto CAT (Conhecer, Analisar e Transformar) projeto este, desenvolvido pelo MOC (Movimento das Organizações Comunitárias) em parceria com a UEFS (Universidade Estadual de Feira de Santana), com as Prefeituras Municipais e Movimentos Sociais, proporcionando ao professor da escola rural formação adequada para trabalhar com as especificidades do campo e ao mesmo tempo despertando o interesse dos alunos para a valorização da cultura local de cada um, discutindo também a idéia de sustentabilidade e ao mesmo tempo apresentando estratégias de convivência com a Caatinga e a seca características de nossa realidade.
  • 2. 11 Observa-se que no contexto do semiárido, inclusive no espaço escolar, o currículo estabelecido apresenta-se distorcido da realidade, das vivências desse lugar, portanto torna-se descontextualizado. Essa disparidade reflete na formação do educando porque este não aprende a valorizar o seu próprio lugar devido a uma falsa ideologia impregnada em sua mente que o impede de conhecer e valorizar o seu próprio lugar, aprender a conviver e ser um agente transformador e sentindo-se parte integrante do universo a que pertence. Como forma de superação e resgate a escola representada na figura do professor precisa discutir, refletir, trabalhar junto ao aluno uma nova perspectiva de mudança enaltecendo as riquezas da região, sua cultura, raízes, belezas naturais, sua história utilizando as músicas que façam parte do dia-a-dia do mesmo e que estejam dentro dos padrões de sua cultura e da realidade que vive, conscientizando a valorizar o seu espaço e buscando novas formas de idéias, conhecimentos e de convivência. É nesta perspectiva que a música nordestina expressa por autênticos e tradicionais artistas do forró nordestino, destaca-se mostrando seu potencial valor dando suporte a uma educação contextualizada que poderá ser promovida na escola. Ao mesmo tempo em que dinamiza e enriquece, conscientiza, amplia o conhecimento, valoriza, enfim educa. Portanto, partindo da perspectiva de repensar uma nova perspectiva na educação desenvolvida no semiárido, é que reforça-se a pretensão de analisar as compreensões que os professores têm sobre a música nordestina na educação no contexto do semiárido brasileiro. Este trabalho está estruturado em quatro capítulos assim esquematizados: No capítulo I é apresentado o contexto histórico da arte e da música enquanto expressão artística enfocando a discussão da música nordestina e sua importância na educação do semiárido, a problemática e questão de pesquisa.
  • 3. 12 No capítulo II, apresentam-se os teóricos que nortearam esta produção, a fundamentação das palavras-chave escolhidas para desenvoltura da pesquisa, a cerca da música nordestina na educação no contexto do semiárido. No capítulo III, são apresentados e caracterizados os procedimentos metodológicos, os instrumentos utilizados para recolhimento de dados e elaboração deste estudo. No capítulo IV são apresentados de forma ordenada os dados coletados, analisados e interpretados, desvelando-se como resultado de pesquisa, encerrando com as considerações finais.
  • 4. 13 CAPÍTULO I PROBLEMATIZAÇÃO A arte abarca uma grande dimensão no campo do conhecimento humano proporcionando -lhe prazer e reconforto. Através de sua existência o ser humano descobriu e aprendeu diversas formas de expressar-se usando sentimentos e emoções, os quais representavam o que via ou imaginava. A arte é consideravelmente como um dos mais misteriosos e encantadores de todos os campos de conhecimento que o homem já adquiriu. Não seria tão fácil defini-la, por isso, usamos nossos sentidos para maravilharmos com suas manifestações. Podemos afirmar que a arte esteve sempre presente em praticamente todas as culturas, desde as mais primitivas. Cada época de uma civilização cria uma arte que lhe é própria e que jamais se verá renascer (KANDINSK, p.32, 1996). Diz-nos a história, que o homem na pré-história usava-a como forma de transmitir suas idéias. Assim, o ensino-aprendizagem da arte faz parte das normas e valores estabelecidos, em cada ambiente cultural, desde as formas mais simples às complexas evidenciando-a nas formas de vestir, pintar-se ou cantar. “A arte evidencia sempre o momento histórico do homem, em cada época, com suas características, contando o seu momento de vida, com um percurso próprio na representação, como questão de sobrevivência (ibidem, p.32)”. A arte constitui-se, nas mais diversas manifestações da atividade criativa dos seres humanos, na sua interação com o diversificado e complexo meio do qual fazem parte. Aprendemos a demonstrar nosso gosto e prazer pelas coisas da vida desde a infância. Logo ao nascer interagimos com as manifestações culturais de nosso ambiente, além de vermos a natureza como fonte de nossa imaginação e criatividade. Este contato com o meio onde se insere o homem o permitiu que desenvolvesse a habilidade de fazer arte. Através da pintura das cavernas pôde comunicar-se e expressar o que sente. O uso da visibilidade pela captação de formas e luzes representadas em massas de cores
  • 5. 14 permitiu ao homem representar sua imaginação considerando que para ter essa evolução, ele precisou dos vários recursos existentes na natureza: pedacinhos de carvão, folhas, frutinhas, pétalas de flores, água para obter a partir das misturas cores belíssimas e pedras. De acordo com Deheinzelin (1993) estas e outras manifestações são objetos de conhecimentos frutos na arte da história da humanidade. Dentre as diversas manifestações artísticas, destaca-se a música, considerada a primeira tanto na cronologia da história humana quanto nas nossas preferências (DEHEINZELIN, 1993) isto é, o gosto por esta manifestação artística destaca-se muito nas pessoas e envolve-nas. As primeiras manifestações musicais tiveram objetivos, sendo o que mais se destaca: promover a paz no coração dos homens por temor à natureza e, e na própria natureza, quando tornava-se ameaçadora. Deheinzelin (1993) salienta claramente esta afirmação: Os ruídos naturais como o trovão e o barulho das feras, prenunciavam um mundo caótico; em contraposição ao caos, os sons organizados configuravam um cosmo composto de ordem, correspondência, beleza. Os sons organizados (música) tiveram então um poder apaziguador de domínio na natureza (p. 95). A música como qualquer outra arte acompanha historicamente o desenvolvimento da humanidade, podendo ser encontrada no estudo de todas as épocas, inclusive na pré- história. Pôde-se constatar que o homem só começou a manifestar-se artisticamente a partir do momento em que começou a identificar os sons provenientes da própria natureza como ruídos, sons, urros, que dizer do harmonioso canto dos pássaros ou mesmo do som produzido pelo vento. Mediante a descoberta desse universo artístico, o ser humano começou a experimentá-lo envolvendo-se de diversas formas evoluindo constantemente. Então a música ganha seu espaço e mergulha nas emoções humanas. Acredita-se que os primitivos tiveram muitas influências da natureza, descobriram os sons que os cercavam no ambiente, dando-lhe vontade de imitar o
  • 6. 15 sopro do vento, o ruído das águas, o canto dos pássaros. Também aprenderam a distinguir os timbres característicos da canção das ondas se quebrando na praia, da tempestade se aproximando... e encantou-se com seu próprio instrumento musical – a voz, de modo que estranhos sons tirados da garganta devem ter constituído uma forma rudimentar de canto, que junto com o ritmo, resultou na mistura de palmas e roncos, pulos, e uivos, batidas e berros. Para aquela época, era o que estava ao alcance para o homem primitivo e terá sido um estilo que perpetuou por séculos. Como afirma Rosa (s/d): De início, o ser humano descobre os sons e o ritmo em seu próprio corpo e na natureza ao redor. Desenha nas pedras, de forma rudimentar, a presença da música em seu cotidiano. Registra na pedra o uso de instrumentos de percussão, como os tambores, e de sopro, como a flauta de bambu. Em sua evolução, o ser humano foi aperfeiçoando a linguagem musical, passando a utilizar instrumentos musicais mais complexos, formas mais adequadas de registros das músicas, o próprio como meio de expressão musical. Cria canções, desde a mais simples até a mais sofisticada harmonia. Na história humana, verifica-se que o progresso na música acompanhou o desenvolvimento de outros campos, beneficiando-se sempre dos avanços tecnológicos (p.18). Mas, além de tudo isto, está o valor da música como uma arte, como a expressão de sons ordenados da experiência, pensamento, imaginação e instinto criativo no homem. Através da música o homem tem expressado algumas de suas mais profundas experiências e entendimento do significado da vida. Como em toda arte, isto pode ser traduzido em palavras ou algum outro meio de manifesto. Isto nos reporta o que diz Duarte Junior (1998, p. 53), quando afirma: O fato de que a música é uma inestimável fonte de estímulos de equilíbrio e de felicidade da criança é revelado de maneira aumentada pela sua utilização psicoterapêutica (o que não quer que a pedagogia musical possa ser reduzida à psicoterapia).
  • 7. 16 Como expressão da arte, a influência da música na educação pode ser percebida desde os tempos em que se começou a escrever a Bíblia, a exemplo das antigas escolas dos profetas. Nessas escolas, “a música tinha destacado lugar, juntamente com a Lei de Deus, a história sacra e poesia. (WHITE, 1997, p. 47)”. Assim, vemos claramente que a música tem uma grande importância na vida humana. Ela desperta para um mundo prazeroso e satisfatório para a mente e para o corpo que facilita a aprendizagem e também a socialização entre os homens e as culturas. De acordo com Faria (2001): “a música passa uma mensagem e revela a forma mais nobre, a qual, a humanidade almeja, ela demonstra emoção, não ocorrendo apenas no inconsciente, mas toma conta das pessoas, envolvendo-as trazendo lucidez à consciência” (p.4). Há registros que revelam que essa manifestação artística foi utilizada em vários momentos da história da educação tanto de crianças quanto de adultos, com traços característicos de cada sociedade. Na Grécia o ensino da música começava desde a infância e era considerado fator fundamental igualmente ao ensino de filosofia e matemática para a formação dos cidadãos. Foi a primeira das civilizações antigas a enfatizar a importância da música na educação de seus filhos. Afirma Riboulet (s/d): Os Gregos consideravam a música um dos melhores meios de educação. Os filósofos espalhavam essa idéia entre o povo dizendo que o ritmo e a harmonia agem sobre a alma, a despojam da sua rudeza, lhe comunicavam o tato e a moderação; a torna acessível às idéias do belo e do justo (p. 62). Assim também se deu na Europa medieval onde este instrumento encontrava-se restrito aos mosteiros, mas somente com a Reforma Protestante, no século XVI, o uso da música fica cada vez mais acessível às crianças e aos jovens. No Brasil o uso da música também teve uma forte influência no período colonial com a vinda dos jesuítas, mas, é importante salientar que a implantação dessa forma de arte no campo educacional deu-se com maior facilidade devido à sensibilidade
  • 8. 17 desenvolvida, aguçada para a arte que os índios tinham, principalmente o povo Mbyá Guaranis. A importância do uso da música e outras formas de arte na educação jesuítica foi tão grande que faz com que ela mereça um capítulo especial na história da arte. Azevedo (1943) enfatiza bem esses momentos propagados. Com sua política de instrução – uma escola, uma igreja - edificaram templos e colégios nas diversas religiões da colônia, constituindo um sistema de educação e expandindo sua pedagogia através do uso do teatro, da música e das danças multiplicando seus recursos para atingir à inteligência das crianças e encontrar-lhes o caminho do coração (p. 240). Com a cultura impregnada pelos portugueses, ao longo da história, o Brasil recebeu muitas influências culturais oriundas de outros países o que a tornou diversificada, mista. Por isso, o Brasil tornou-se um país culturalmente rico, além de considerar-se sua extensão territorial, pode-se perceber em cada região uma cultura que se expressa através do ritmo, da dança e da música sem destacar iguarias e festas religiosas. Na região Nordeste, dentre várias manifestações artísticas destaca-se o forró, em cuja constituição traz diversos ritmos tradicionais tocados e cantados por cantores autênticos, como Luiz Gonzaga, Dominguinhos entre outros. São canções que podem enriquecer uma aula por conterem letras que contemplam variados conteúdos que necessitam constar nos currículos escolares, podendo abranger conteúdos de outras disciplinas, como as variações lingüísticas, ortografia e interpretação em Português, medidas de capacidade, as quatro operações em Matemática, clima, vegetação, hidrografia em Geografia, entre outras. Percebe-se que o repertório desses cantores da música nordestina é significativo e apresenta uma gama de riquezas que pode ser traduzida em muitos aspectos culturais, sociais, lingüísticos, regionais, dentre outros, inclusive educacionais, pois apresentam o Nordeste como uma região que precisa ser reconhecida e respeitada pela sociedade brasileira partindo dos próprios nordestinos que trazem em suas mentes uma falsa ideologia impregnada de que a região é castigada pela seca, que tem sol “escaldante”
  • 9. 18 habitada por homens banguelas e ignorantes, crianças desnutridas e famintas, os chamados matutos. Como forma de amenizar/ enganar e “combater” representantes políticos lidam com a realidade oferecendo cestas básicas, abastecimento de água em carros pipas, aproveitando o baixo nível de conhecimento como estratégia política e adotam uma falsa ideologia corrompida nas realizações de imensas obras. Considerando essa realidade, vimos na educação a ponte que vislumbra novas perspectivas promovendo uma convivência harmônica entre o homem e o meio em que vive somado ao uso da música nordestina trabalhada neste contexto. Nesse sentido Braga (2007) ressalta: Um grande e rico potencial educativo precisa ser conhecido, considerado e valorizado pelo Estado e pela sociedade, porque são portadoras de novos sentidos e significados, que apontam para uma nova relação com meio ambiente e um novo modelo de desenvolvimento, sustentado na solidariedade, na compaixão e no cuidado com as pessoas e com a natureza (p.31). A educação constitui-se como um elemento fundamental para a construção do conhecimento que estimula o aluno a refletir sobre a realidade de contexto em que vive e as possibilidades de transformação considerando suas restrições e potencialidades aprendendo a lidar com esse ambiente. Contudo ainda é comum no contexto educacional o discurso sobre o semiárido como local onde existe miséria, pobreza e muita seca. Como afirma Matos (2004) apud Lima (2006): A educação desenvolvida no semiárido é construída sobre valores e concepções equivocadas sobre a realidade da região. Uma educação que reproduz em seu currículo uma ideologia preconceituosa estereotipada que reforçam a representação do semiárido como espaço de pobreza, miséria e improdutividade, negando todo potencial dessa região e do seu povo (p.38).
  • 10. 19 Por efeito dessa observação percebe-se que nossos alunos estão sendo formados para atuarem em outros contextos e não no nosso. Os livros didáticos são exemplos dessa realidade, encontram-se distantes do mundo real da criança contemplando muito os habitantes da cidade ou de regiões mais avançadas no desenvolvimento tecnológico. A educação desenvolvida continua sendo homogeneizadora difundindo assim, a exclusão social. Por esse motivo ressalta-se aqui, a importância de trabalhar a música nordestina, principalmente o forró, nos espaços educativos, com a finalidade de tornar a educação desenvolvida no semiárido contextualizada, isso torna-se possível trabalhando músicas que apresentem letras condizentes com a realidade, que tenha em sua essência os valores e sentimentos perdidos na memória. Nesse sentido, torna-se fundamental a obra de Luiz Gonzaga e de outros artistas já citados como um subsídio metodológico na prática em sala de aula levando a uma aprendizagem significativa os alunos das séries iniciais do ensino fundamental com o objetivo de conhecer a realidade social e local e aprender a lidar e conviver com o semiárido, além de formar educandos conscientes, críticos e, principalmente, ativos socialmente tendo como recurso a arte expressa pela música. Se estivermos trabalhando com a música como expressão artística, então convém refletirmos a prática da arte no meio educacional, pois a mesma não pode ser subentendida apenas como distração, lazer. Pelo contrário, pode significar na aprendizagem do educando, envolvendo-o sentimentalmente. Criada por Hebert Read em 1943, a expressão arte-educação através da arte ganhou espaço e hoje é conhecida pela abreviação arte-educação. O objetivo primordial é contribuir com o desenvolvimento intelectual, moral e social do ser humano, uma vez que a escola sempre considerou as emoções em segundo plano na aprendizagem do educando enaltecendo o lado racional. De acordo com o que diz Duarte Junior (1996): “as emoções devem ficar fora das quatro paredes das salas de aula, a fim de não atrapalharem nosso desenvolvimento intelectual (p.13)”. A escola não oferece oportunidade ao educando de expressar o que sente, criando seu próprio conhecimento a partir de seu ponto de vista, de sua situação existencial, seu próprio eu. A escola não
  • 11. 20 ensina ao educando a formar perguntas e, sim, respostas e que muitas vezes ficam distantes da realidade do mesmo. Isso compromete na sua formação por a escola não estabelecer vínculos entre o que é vivido pelo educando e a proposta curricular que a mesma constrói, pois a educação por meio da arte é trabalhada sem nenhuma perspectiva, intencionalidade. Portanto educar através da arte significa lidar com emoções e não tão somente com a razão, não com a finalidade de formar um artista, mas criando oportunidades de o educando expressar o que se sente, esta é uma tendência necessária e inovadora, uma vez que a escola precisa lidar com todas as manifestações artísticas. Como menciona Duarte Junior (1996): É preciso dirimir dúvidas desde já: arte-educação não significa o treino para alguém se tornar um artista, não significa a aprendizagem de uma técnica, num dado ramo das artes. Antes, quer significar uma educação que tenha a arte como uma das suas principais aliadas. Uma educação que permita uma maior sensibilidade para com o mundo em volta de cada um de nós (p.14). A presente pesquisa situa-se na reflexão de uma educação por meio da música promovendo a contextualização nos espaços educativos tendo como objetivos: analisar as compreensões que os professores das séries iniciais do Ensino Fundamental da escola Elysio Ferreira Barros da rede municipal de Itiúba-BA têm sobre a música nordestina na educação no contexto do semiárido. A partir dos esclarecimentos feitos até então, espera-se que os resultados da pesquisa apresentem elementos que desafiem os professores da rede municipal de Itiúba a refletirem sobre o papel do educador no processo de construção de uma proposta de educação por meio da música nordestina, uma vez que o referido município está inserido no contexto do semiárido.
  • 12. 21 CAPÍTULO II REFERENCIAL TEÓRICO Partindo do pressuposto que a música enquanto instrumento lúdico tem por finalidade contribuir na formação e desenvolvimento integral, física e intelectual do educando, na formação de sua personalidade, diante disso, busca-se identificar e analisar as compreensões que os professores das séries iniciais do Ensino Fundamental da Elysio Ferreira Barros da rede municipal de Itiúba-BA têm sobre a música nordestina na educação no contexto do semiárido brasileiro. Entende-se que as palavras-chave: Música Nordestina, Professor, Compreensão e Educação Contextualizada, que norteiam essa discussão, têm forte relação entre essa compreensão e o processo educativo, uma vez que refletem na construção de uma educação de qualidade. Palavras-chave: Música Nordestina, Professor, Compreensão, Educação Contextualizada. 2.1 MÚSICA NORDESTINA Mantendo o foco em meio à discussão sobre a música nordestina na educação no contexto do semiárido, os conceitos embrionários sobre a teoria musical tiveram suas origens na antiga filosofia grega por terem estabelecido as bases para a cultura musical do Ocidente. A própria palavra música nasceu na Grécia, onde “mousikê” significa “a arte das musas”, abrangendo também a poesia e a dança. No Dicionário Aurélio (2001) tem-se o seguinte conceito de música: Arte e ciência de combinar os sons de modo agradável ao ouvido (p. 511). A música no Brasil teve seu momento histórico vivenciado por pessoas da alta sociedade às classes menos favorecidas que com seus estilos, costumes e gostos
  • 13. 22 musicais, resultantes de influências marcadas por uma mistura de culturas, revelavam o jeito e a forma vividos na época. Caldas (1985) diz que: “No Brasil, a música marcou sua presença, registrando fatos da maior importância sociológica, destacando tendências e transformações quanto aos ritmos e estilos musicais, permitindo-nos, inclusive, conhecer melhor a sociedade da época”. Percebendo o resultado destas transformações ocorridas das influências de diversas culturas em todo o Brasil destaca- se a região Nordeste que com seus costumes e tradições tem a música, inclusive o forró, em que também sofreu variações até hoje, que valoriza em suas letras e canções os aspectos vividos pelo seu povo, a realidade e seu jeito peculiar de ser. Por toda sua história, o forró tipicamente pronunciado, mas conhecido também pelo famoso arrasta-pé é um baile popular formado pela junção de diversos tipos de danças diferentes, entre os quais tem-se os principais: o xote, baião e a marcha. Segundo Rocha (2004) etimologicamente conceitua: A primeira, talvez a mais conhecida, é a que diz que o termo surgiu no final do século XIX, nas construções das estradas de ferro no Nordeste pelos ingleses. Estes realizavam festas freqüentemente, mas nem sempre abertas à população. Quando a festa era aberta a todos, escrevia-se na entrada "For All" (isto é, "para todos") (p. 62-71). Ainda por ser uma manifestação cultural facilmente reconhecida quando executada, o forró tem em sua origem uma acentuada dificuldade de identificar todos os gêneros musicais que compõe, pois o forró destaca-se como sendo um fenômeno muito abrangente. Mesmo assim, concentrando-se no conceito de Rocha (2004), quando afirma: no Forró há “[...] o xote, o baião e o xaxado, além de outras” expressões musicais. Para outros autores a exemplo de Jacinto (2001), conceitua: há xaxado, o côco de roda, marcha de roda, baião (p. 63). Porém nem sempre em todas as relações de gêneros que animam o forró estão presentes o Xote e o Baião. Ainda citando Jacinto (2001), o mesmo confirma: Forró é simplicidade, é poeira, sanfona, zabumba, triângulo... uma seqüência de ritmos nordestinos: xaxado, côco, de roda, marcha de
  • 14. 23 roda, baião, xote... esses ritmos que agora no momento eu não lembro... isso é que significa forró (faixa 4). Evidencia-se a versatilidade que apresenta a dança e variações rítmicas repercutindo do extremo sul ao extremo norte do Brasil Atualmente o xote e o baião são considerados como os ritmos muito tocados em todo o Brasil e sendo as danças mais populares do Nordeste. Acompanhando o xote nos bailes populares, o baião se apresenta trazendo melodias entoadas ao som de instrumentos expressivos como a sanfona, o zabumba e o triângulo. Segundo informa Câmara Cascudo (1998), que foi gênero de dança popular bastante comum durante o século XIX. O baião é de origem mista é um ritmo musical nordestino, acompanhado de dança muito popular na região nordeste e norte do Brasil. Recebeu na sua origem, influências das modas de viola, música caipira e também de danças indígenas. Foi na década de 1940 que o baião tornou-se popular, através dos músicos Luiz Gonzaga (conhecido como o “rei do baião”) e Humberto Teixeira (“o doutor do baião”). Em suas canções refletem a cultura de uma grande parte da população brasileira, situada na região Nordeste. Luiz Gonzaga dedicou-se desde cedo a apreciar a cultura nordestina tocando e cantando músicas tradicionais do seu povo. Iniciando sua carreira artística em 1941, a partir de um programa de calouros promovido por Ari Barroso e de sua primeira gravação, compôs muitas melodias nas quais se revelam todo o jeito de ser e da vida dos sertanejos nordestinos, um grande intérprete dos sofrimentos, das alegrias, das tradições existentes nas famílias como as festas populares, o comportamento, as variações lingüísticas, enfim, muitos dos aspectos culturais vividos pelo povo. Suas produções musicais permanecem na memória de muitos e nos festejos tradicionais em grande parte do nordeste, além de ser homenageado por outros artistas de renome que têm Luiz Gonzaga como referência em suas carreiras artísticas a exemplo do cantor, compositor e sanfoneiro Dominguinhos seu conterrâneo, companheiro de gravações e
  • 15. 24 palco, Flávio José paraibano, sanfoneiro e cantor, Adelmário Coelho baiano e cantor entre outros. Todos esses artistas citados inspiram-se na carreira de um outro artista que traduziu na sua música e na sua voz todo o sentimento e anseios do povo de sua nação. Dessa forma, podemos perceber que a música não somente é uma associação de sons e palavras, mas sim, um rico instrumento que pode fazer a diferença nas instituições de ensino. A educação deve ser vista como um processo global, progressivo e permanente, que necessita de diversas formas de estudos para seu aperfeiçoamento, pois em qualquer meio sempre haverá diferenças individuais, diversidade das condições ambientais que são originários dos alunos e que necessitam de um tratamento diferenciado. É lamentável perceber que a realidade educacional apresente instituições educacionais que pouco exploram a música, e, mesmo quando são praticadas não lhes é dado o valor que merecem. A música vinculada aos diferentes grupos étnicos e as composições regionais típicas é uma manifestação cultural que as crianças e os adolescentes podem conhecer e vivenciar, desenvolvendo o seu potencial, enriquecendo seus conhecimentos sobre as diversidades presente no Brasil. Segundo os PCNS (1997): A música é a linguagem que se traduz em formas sonoras capazes de expressar e comunicar sensações, sentimentos expressivo entre o som e o silêncio. A música está presente em todas as culturas, nas mais diversas situações (...) Faz parte da educação desde há muito tempo (...) A integração entre os aspectos sensíveis, afetivos, estéticos e cognitivos, assim como a promoção de interação e comunicação social, conferem caráter significativo à linguagem musical. É uma das formas importantes da expressão humana (p.45). Portanto, a educação tem como meta desenvolver em cada indivíduo a habilidades de que é capaz para viver em sociedade praticando a cidadania e, a música, pode contribuir tornando possível atingir a esta meta por atingir a motricidade e a
  • 16. 25 sensorialidade por meio do ritmo e do som, e por meio da melodia, atinge a afetividade. “Por isso deve-se expor a criança à linguagem musical e dialogar com ela sobre e por meio da música (SANTOS, 1997, p.55)”. 2.2 PROFESSOR Compreende-se professor como um agente de extrema relevância no desenvolvimento dos processos educativos, com a incumbência de mediar o conhecimento, capaz de transformar e desmistificar conceitos prévios, possibilitando a construção de cidadãos críticos, reflexivos e elucidados. Segundo o Dicionário Aurélio (2001): professor é “aquele que professa ou ensina uma ciência, uma arte, uma técnica, uma disciplina; mestre; homem perito ou adestrado”. Professor é quem professa algo verdadeiro, necessário e útil para seus semelhantes e para a sociedade, ele por sua vez, precisa se reconhecer como agente transformador da realidade principalmente dentro da sala de aula. Além de contribuir para a aprendizagem do aluno mediante determinadas relações interativas professor/aluno. É o modo de agir do professor em sala de aula, mais do que suas próprias características de personalidade que colabora para uma adequada aprendizagem dos alunos, fundamenta-se numa determinada concepção do papel do professor, que por sua vez reflete valor e padrões da sociedade (ABREU & MASETTO, 1990). Desta maneira o aprender se torna mais interessante quando o aluno se sente competente pelas atitudes e métodos de motivação em sala de aula. O prazer pelo prazer não é uma atividade que surge espontaneamente nos alunos, pois, não é uma tarefa que cumprem com satisfação, sendo em alguns casos encarada como obrigação. Para que isso possa ser melhor cultivado, o professor deve despertar a curiosidade dos alunos acompanhando suas ações no desenvolvimento das atividades inclusive artísticas. É preciso desmistificar o conceito de que ensinar por meio da música é insignificante, não traz aprendizagem. Esse tipo de pensamento está impregnado na
  • 17. 26 mente de professores que desconhecem o real significado de trabalhar com música de forma contextualizada ou por não ter sensibilidade e conhecimento para perceber a sua importância no contexto escolar. Quando há motivação e reconhecimento, as aulas tornam-se interativas, dinâmicas e participativas tornando a aprendizagem dos educandos satisfatória, pois estes entendem e valorizam o que conhecem e o trabalho do professor. Torna-se importante o professor ter transparência no seu papel, ser firme quanto à postura, seus objetivos e o que planeja para então executar. O professor precisa conquistar a confiança e o respeito de turma para se tornar o seu legítimo organizador. Como denota Freire (1996): O bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a atividade do movimento do seu pensamento. Sem aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas (p. 96). Ainda na percepção sobre o papel do professor na (re) construção do conhecimento e sua prática, tem em suas mãos um grande potencial que, usado com equidade e um olhar sensível provocarão mudanças significativas no contexto social e cultural dos sujeitos envolvidos nos preceitos educacionais e conseqüentemente comunitários. 2.3 COMPREENSÃO Mediante a complexidade que permeia o contexto educacional, direcionando a discussão para o enfoque da compreensão do professor a respeito da música nordestina na educação contextualizada no processo de ensino-aprendizagem que propicia o desenvolvimento integral do educando, apresenta-se compreensão com o sentido de refletir sobre suas expressões, anseios, sobretudo no cotidiano escolar.
  • 18. 27 Para Cunha (1986), compreensão conceitua-se da seguinte forma: “conter em si, constar de, entender, abranger, perceber” (p.201). Nesse sentido a “compreensão é o conjunto dos caracteres que permitem sua definição” (JAPIASSU e MARCONDES, 1990, p. 52). Nesse sentido faz-se necessário procurar compreender melhor o que se passa na sociedade, inclusive no modelo educacional brasileiro, onde encontra-se diversos professores sem formação qualificada trabalhando de forma desvinculada o que torna a realidade de muitos educandos crítica , pois os discursos teóricos construídos nesse modelo, precisam formar/ estabelecer vínculos com a prática docente no cotidiano escolar e que estejam condizentes com a realidade. É preciso também por parte dos professores que atuam em espaços educacionais, inclusive no semi-árido desempenharem conscientemente sua prática, como diz Sacristam (1998). Sem compreender o que faz, a prática pedagógica é mera reprodução de hábitos existentes, ou respostas que os docentes devem fornecer as demandas e ordens externas (p.9). Percebe-se compreensão como ato ou ação de assimilação de significados e conceitos viáveis e flexíveis que podem sofrer mudanças e melhoramentos no decorrer do cotidiano vivenciado pelo ser humano. Buscando subsídios em Sacristan (1998 p. 103): “Para compreender a complexidade real dos fenômenos educativos como fenômenos sociais, é imprescindível chegar aos significados, ter acesso ao mundo conceitual dos indivíduos e as redes de significados pelos grupos, comunidades e cultural”. Ainda na perspectiva de legitimação de compreensão como ponto de articulação entre o ser humano e o meio, no intuito ou possibilidade de compreender, aprender e reaprender incessantemente com o outro e consigo mesmo objetivando assim a plenitude humana, encontramos subsídios em Morin (1921) quando ele afirma: A compreensão é ao mesmo tempo meio e fim da comunicação humana. O planeta necessita, em todos os sentidos de compreensão mútua. Dada a importância da educação para a compreensão, em todos os níveis educativos e em todas as idades, o desenvolvimento da compreensão necessita da reforma plenária das mentalidades esta deve ser a tarefa do educador do futuro (p. 104).
  • 19. 28 A compreensão deve abranger todos os campos que permeiam o cotidiano do ser humano, inclusive do professor, este precisa reconhecer a realidade onde está inserida a escola. Para compreendermos o local precisamos compreender o global. As complexidades que permeiam todo o processo pedagógico necessitam de uma visão ampla e aberta para que contemple o amplo. Abordando ainda o conceito compreensão, Piaget (1973) apud Burke (2003), diz que: “compreender é inventar ou reconstruir através da reinvenção e será preciso curvar-se ante tais necessidades se o que pretende, para o futuro, é moldar indivíduos capazes de produzir ou criar e não apenas de repetir” (p. 48). Dessa forma a ação do educador não se resume apenas na transferência de saberes, mas de estimular a formular perguntas possibilitando a aprendizagem, ou seja, torna-se mediador do educando. 2.4. EDUCAÇÃO CONTEXTUALIZADA Diante da realidade do ensino brasileiro em que se apresenta distorcida e desvinculada do modo de vida do educando, pautado num modelo econômico capitalista que forma cidadãos para atuação do mercado de trabalho e pouco explora valores e conscientiza, sobretudo realidade do ensino do semiárido, convém salientar a importância de promover uma educação contextualizada em sala de aula, acima de tudo, respeitando os valores, aspectos culturais, sociais construídos na convivência do mesmo. Nota-se que a promoção de uma educação contextualizada já é uma discussão que há muito persiste, não só contempla os discursos acadêmicos como as diretrizes educacionais presentes nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) que apresentam propostas fundamentadas numa educação contextualizada, pois estão pautadas na assimilação de conteúdos em consonância com o cotidiano do educando: Contextualizar o conteúdo que se quer aprendido significa, em primeiro lugar, assim que todo conhecimento envolve uma relação entre sujeito e
  • 20. 29 objeto (...). O tratamento contextualizado do conhecimento e o recurso que a escola tem para retirar da condição de expectador passivo (PCNs, BRASIL,1998). Para instituir e sistematizar uma proposta de educação contextualizada, é preciso repensar o currículo da escola bem como a formação docente, a implementação de políticas educacionais voltadas para a integração e socialização e refletir sobre as práticas pedagógicas exercidas atualmente. Segundo Martins (2006) “A educação contextualizada evidencia a idéia de que as pessoas não estão soltas no espaço, mas inseridas numa cultura no modo de vida dotado de sentido prático (p.43)”. Levando em consideração seu significado na vida do educando, pode-se reconhecer a importância e a necessidade da construção de uma proposta de educação contextualizada no Semi-árido Baiano por ser uma região pouco reconhecida e valorizada e assim possa contribuir para a afirmação da identidade de sujeito. É realidade constatar que os próprios moradores se neguem a reconhecer o seu lugar por compreender ser uma região pobre sem crescimento econômico e excluída da sociedade, porque a própria escola apresenta em seu currículo conteúdos muito distantes da realidade, isto é, demasiadamente descontextualizados onde na verdade são destacadas cidades pertencentes a regiões mais evoluídas economicamente, inclusive. Freire (1996), coloca que: Não podemos admitir jamais que a escola atue numa perspectiva elitista ou trabalhe a favor das classes dominantes, historicamente opressoras, seja no aspecto local ou regional, seja no aspecto nacional. Não estamos a serviço destas classes, mas a serviço das gentes sofridas, que ao longo do tempo, tiveram os seus direitos negados e usurpados; que tiveram suas histórias negadas e silenciadas especialmente nos currículos escolares (p. 21). Por outro lado, quando a escola se compromete a trabalhar com novas perspectivas de mudanças, promovendo discussões, buscando resgatar importantes acontecimentos e outros estímulos, o próprio educando terá uma nova visão se conscientizará da
  • 21. 30 necessidade de valorizar o que lhe pertence e construirá um novo conhecimento no qual é possível permanecer no seu próprio lugar descobrindo novas formas de convivência. Vale salientar que um dos planos para superar essa realidade arraigada nas pessoas é o investimento na educação, pois facilitará nas relações estabelecidas entre os educandos e o seu espaço de vivência, em que resgata o estímulo e perspectiva de vida, ameniza o sofrimento e o preconceito, ainda presente/ o principal vilão dos embates sobre os nordestinos. Como afirma Matos (2004): A educação contextualizada tem um papel fundamental, sobretudo, porque sua prática procura alterar a visão de mundo e a representação social sobre o semi-árido, transformando a ideia de lócus de miséria, chão rachado e de seca em uma outra, que representa o semi-árido como lócus de possibilidades através do seu projeto educativo, associado a um projeto de sociedade que contempla uma relação mais saudável, equilibrada e sustentável entre o mundo do eu, o mundo das coisas e dos homens (p.22). Sabe-se que no processo educativo há uma gama de fenômenos envolvidos e que contribuem para sua complexidade. A proposta da educação contextualizada vislumbra o reconhecimento de se conviver com o semiárido na busca de uma qualidade de vida para seus habitantes.
  • 22. 31 CAPÍTULO III O PERCURSO DA DESCOBERTA Entende-se por metodologia o caminho do pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade. Nesse sentido, a metodologia ocupa um lugar central no interior das teorias e está sempre referida a elas. Dizia Lênin (1965 p.148): “[...] que o método é a alma da teoria’’, distinguindo a forma exterior com que muitas vezes é abordado tal tema (com técnicas e instrumentos), do sentido generoso de pensar a metodologia como a articulação entre conteúdos, pensamentos e existência. Para essa pesquisa utilizou-se cunho descritivo para evidenciar detalhes da realidade, dentro do contexto da música como recurso lúdico, possibilitando a análise sobre seu uso numa perspectiva metodológica, para o alcance da finalidade que é o desenvolvimento intelectual, corporal e social. 3.1 Tipo de Pesquisa Diante do exposto, optou-se pela abordagem qualitativa, por envolver o contato direto com o local, com a situação que está sendo investigada, a troca de informações e a integração entre pesquisador e pesquisado, na busca do conhecimento e da reflexão, pois segundo Bogdan e Biklen (1982, p. 110), “a pesquisa qualitativa supõe o contato prolongado com o ambiente e a situação que está sendo investigada, via de regra, através do trabalho intensivo de campo”. Segundo Matos (1993), são impostas relativamente poucas limitações pelo pesquisador, embora seja claro, algum tipo de modelo prévio básico seja em geral usado como quadro de referência para a pesquisa.
  • 23. 32 A pesquisa qualitativa preza o estudo do sujeito em sua individualidade, não pressupõe uma uniformidade entre os sujeitos e/ou objetos pesquisados; mas, valoriza a experiência pessoal e a significação dela para o sujeito. Afirma Borba (2004): Ela depende da relação observador-observado e, como não é de se estranhar, surge na transição do século XIX para o século XX. A sua metodologia por excelência repousa sobre a interpretação e várias técnicas de análise de discurso (p. 12-13). O sujeito quando pesquisado em sua individualidade, permite ao pesquisador identificar melhor as informações através do envolvimento, das relações que são estabelecidas no decorrer do processo de investigação. Ela atende melhor às necessidades deste projeto além de estimular a interpretação e o entendimento sobre determinada questão. Evidencia-se a necessidade de se realizar uma pesquisa que se preocupa com a compreensão dos fatos sociais, levando em consideração os elementos que compõem a situação investigada.sendo assim, buscou-se a abordagem qualitativa por ser a melhor forma para encontrarmos as repostas que nos levarão a compreensão do objetivo proposto: identificar e analisar as compreensões que os professores das séries iniciais do Ensino Fundamental da escola Elysio Ferreira Barros da rede municipal de Itiúba têm sobre a música nordestina na educação no contexto do semiárido brasileiro. 3.2 Lócus Para o desenvolvimento dessa pesquisa, teve como lócus da pesquisa a Escola Elysio Ferreira Barros, localizada na rua Hamilton Pitanga SIN, Projeto Sertanejo na sede do município de Itiúba-BA. A mesma foi escolhida por se tratar de uma escola pública da rede municipal, por ter todo um aparato tecnológico que contribui na formação de valores, permitindo que os alunos tenham contato, acesso ao mesmo e por o quadro
  • 24. 33 docente desenvolver mini oficinas e projetos cujo foco é o semiárido nordestino e utilizam a música nas aulas como meio de estabelecer socialização e entretenimento. Tem espaço físico estruturado, com 12 compartimentos: 8 salas de aula, 1 cantina, 1 pátios e 2 banheiros. Possui corpo discente de 447, corpo docente 18; possui recursos como: TV, computador, aparelho de som, armário. Oferece Educação Infantil I e II (1º ano, 2º ano, 3º ano, 4º ano e 5º ano). O lócus de pesquisa propicia ao pesquisador uma vivência que traz interações entre pesquisador e sujeito, propiciando ao pesquisador uma abertura para investigar, dialogar, para que consiga identificar e analisar as compreensões que os professores das séries iniciais do Ensino Fundamental da escola Elysio Ferreira Barros da rede municipal de Itiúba-BA têm sobre a música nordestina na educação no contexto do semiárido. 3.3 Sujeitos da pesquisa Os sujeitos participantes desta pesquisa foi constituída num universo de 06 professores que atuam nas séries iniciais do Ensino FundamentaI. Do universo de 18 professores, definiu-se uma amostra de 06 professores, para responderem ao questionário fechado e entrevista aberta contribuindo para o desenvolvimento do trabalho. Os sujeitos da pesquisa permitem ao pesquisador ter uma resposta mais aproximada da realidade além de serem uma fonte de informações, pois através de ações e discursos, é que o pesquisador terá respaldos para poder pesquisar. Trivinos (1987) aborda: “Os sujeitos individualmente poderão ser submetidos a várias entrevistas, não só com o intuito de obter o máximo de informações, mas também para avaliar as variações das respostas em diferentes momentos (p.146)”.
  • 25. 34 A contribuição dos professores para esta pesquisa é de suma importância por informarem sobre a prática educativa de cada um e demonstrarem o comportamento, as reações diversas durante as entrevistas, todo o envolvimento do pesquisador com os sujeitos, pois utiliza-se os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade necessários para análise e interpretação. 3.4 Instrumentos de Coleta de Dados O referencial metodológico para esta pesquisa situou-se na abordagem qualitativa a fim de obter informações que permitam desenvolver a análise e a compreensão sobre uma nova forma de conceber a música nordestina na educação contextualizada no semiárido. Mediante a proposta apresentada, foram feitos um questionário fechado e a entrevista aberta às professoras do lócus escolhido; 3.5 Questionário O questionário foi do tipo fechado, uma vez que, tal instrumento nos permite traçar o perfil de cada sujeito pesquisado, buscando na coleta de dados do sujeito, elementos que revelassem suas compreensões a cerca do tema indicado. Sendo um dos principais instrumentos de trabalho utilizado no campo da pesquisa, afirma Gressler (1989): Questionário fechado é constituído por uma série de perguntas organizadas, com o objetivo de levantar dados para uma pesquisa, cujas respostas são formuladas pelo informante ou pesquisadas sem assistência direta ou orientação do investigador. Todas as questões do questionário são pré-elaboradas e as respostas são dadas por escrito (p. 58).
  • 26. 35 Ainda referindo-se ao mesmo autor, um questionário deve ser simples, direto e rápido de responder, devendo assegurar aos utilizadores que os dados recolhidos serão preservados e não serão cedidos a terceiros. 3.6 Entrevista Por sua vez, a entrevista foi aberta, composta de questões pertinentes ao estudo proposto possibilitou obter-se respostas que permitem avançar nas investigações. Acredita-se também que este instrumento permitiu maior acesso às informações de relevância à pesquisa. Como bem salienta Trivinos (1987 p. 146): “Devemos lembrar que a entrevista é um dos recursos que emprega o pesquisador qualitativo num estudo de um fenômeno social”. A entrevista foi concedida a uma amostra de seis professoras da instituição pública escolhida, particularmente, propiciando um ambiente agradável que as deixassem.
  • 27. 36 CAPÍTULO IV ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS A análise e interpretação de dados foram possíveis através do questionário fechado apoiado pela entrevista aberta, por acreditar ser um instrumento de coleta de dados que melhor se adequou às inquietações, visto que, através desse tipo de pesquisa pode-se participar e analisar a situação vivida pelos sujeitos envolvidos, dentro da realidade, sem a necessidade de se envolver diretamente com a situação. Diante disso recorre-se a Ludke e André (1986, p. 19), “o pesquisador procura revelar a multiplicidade de dimensões presentes numa determinada situação ou problema, focalizando-o como um todo”. Os dados e informações foram coletados na escola Elísio Ferreira Barros, escola da rede púbica municipal de Itiúba-BA, escolhida como lócus da pesquisa. Aqui serão apresentadas as perguntas feitas e a síntese das respostas das educadoras, relatando as considerações mais pertinentes. 4.1 PERFIL DOS SUJEITOS A PARTIR DOS DADOS DO QUESTIONÁRIO FECHADO 4.1.1 ANÁLISE DO QUESTIONÁRIO FECHADO Na figura abaixo está uma amostra dos dados referentes à escolaridade dos docentes informantes: Figura 1 – Formação das professoras:
  • 28. 37 SUPERIOR COMPLETO 0% SUPERIOR INCOMPLETO 50% 50% MAGISTÉRIO OUTROS CURSOS Fonte: Questionário fechado aplicado às entrevistadas. A figura acima nos mostra que 50% das professoras informantes estão cursando o nível superior (através da UNEB 2000), enquanto a outra metade, ou seja, 50%, concluíram o magistério. Estes dados demonstram que parte das professoras está procurando ampliar o seu conhecimento por meio de um curso de nível superior o que torna importante para sua carreira profissional além de reconhecer que professor também precisa de formação. Como diz Freire (1996): A segurança com que a autoridade docente se move implica uma outra, a que se funda na sua competência profissional. Nenhuma autoridade docente se exerce ausente desta competência. O professor que não leve a sério sua formação, que não estude, que não se esforce para estar à altura de sua tarefa não tem força moral para coordenar as atividades de sua classe (p.91). A formação na área docente contribuirá para sua valorização enquanto docente, ampliará os conhecimentos pedagógicos, epistemológicos educacionais. A próxima questão apresenta-nos a forma de inclusão no quadro docente de cada professora: Figura 2 – Inclusão no quadro docente
  • 29. 38 0% CONCURSADA CONTRATADA 100% Fonte: Questionário fechado aplicado às entrevistadas. Observa-se que o resultado da pergunta sobre a forma de inclusão no quadro docente destinadas às professoras foi positivo, todas se apresentam como concursadas. O resultado é importante pelas vantagens, pelos direitos e benefícios que são oferecidos ao funcionário público mediante o concurso. Na próxima questão procurou-se obter informações sobre o gênero, destacado assim na figura abaixo: Figura 3 – Quanto ao sexo 0% FEMININO MASCULINO 100% Fonte: Questionário fechado aplicado às entrevistadas.
  • 30. 39 Vale ressaltar a presença feminina com exclusividade atuantes na escola escolhida. Como fato histórico sempre ocorreu no magistério. A carreira profissional nesta área sempre foi representada pelo sexo feminino. Não por preferirem, mas por lhe darem preferência, dos pais ou da sociedade com características machistas. O magistério era uma das raras profissões que caberia às mulheres exercê-la. Nesta próxima questão, trata-se da idade de cada uma, apresentada na figura abaixo: Figura 4 – Faixa etária 0% 0% ANOS - 20-25 ANOS-26-30 50% 50% ANOS-31-35 ACIMA DE 36 Fonte: Questionário fechado aplicado às entrevistadas. Nota-se que de uma amostra de seis professoras, 50% afirmaram ter entre 31 e 35 anos de idade e mais 50% das professoras confirmaram ter idade acima de 36 anos. Foi como forma de traçar melhor o perfil de cada uma que foi elaborada as questões e, não, com o intuito de medir a capacidade, maturidade de lidar com os educandos, assim como denota Freire (1996): “Não importa com que faixa etária trabalhe o educador ou a educadora. O nosso é um trabalho realizado com gente, miúda, jovem ou adulta, mas gente em permanente processo de busca (p.144)”. Sobre a habilitação na área foi questionada às professoras que contribuíram com suas respostas:
  • 31. 40 Figura 5 – Habilidade na prática 17% SIM 0% NÃO EM PARTE 83% Fonte: Questionário fechado aplicado às entrevistadas. Na figura acima apresentada tem-se o resultado das seis professoras questionadas, onde 83% afirmam ter habilidades na área referindo-se a capacidade de lidar com situações cotidianas na sala de aula e apenas 17% tê-la em parte. Estes dados implicarão na formação docente e conseqüentemente na formação do próprio educando, pois não há avanço na educação nem tampouco desempenho do educando sem o educador não ter habilitação na área. Ainda citando Freire (1996): É nesta concepção do homem e da mulher como seres “programados, mas para aprender” e, portanto, para ensinar, para conhecer, para intervir, que me faz intervir, que me faz entender a prática educativa como exercício constante em favor da produção e do desenvolvimento da autonomia de educadores e de educandos (p. 145). Portanto, todo educador e educadora precisam ser conscientes de seu próprio papel, buscando aprimorar mais a sua prática educativa. Para ser educador é preciso ter capacidade e formação. A sétima questão diz respeito à quantidade de anos que as professoras exercem função, analisou-se os seguintes resultados:
  • 32. 41 Figura 6 – Tempos de serviço 0% 0% 17% 1 ANO 2 A 3 ANOS 4 A 5 ANOS 83% MAIS ANOS Fonte: Questionário fechado aplicado às entrevistadas. Entre as professoras questionadas nesta amostragem, apresentam-se 17% tem entre 4 a 5 anos que ensinam e 83% com mais de cinco anos que atuam na área. Conclui-se que o resultado denota experiência profissional adquirida pelas professoras a qual torna-se importante para a prática educativa, facilitando compreender cada educando, sua realidade. Figura 7– Diversidade musical na prática docente CANTIGA DE RODA 33% FORRO TRADICIONAL 0% 67% AXÉ 0% CANÇOES Fonte: Questionário fechado aplicado às entrevistadas.
  • 33. 42 O resultado desta questão sobre a diversidade musical na sala de aula teve como resposta, 67% dão preferência a cantigas de roda estilo também integrante da cultura nordestina, mas quanto ao uso do forró nordestino tradicional que em sua maioria evidencia na letra a realidade do semiárido, ficou evidente que não é levado em conta. Sabendo que a música nordestina vai contribuir no reconhecimento que o educando precisa ter sobre seu espaço natural bem como aprender a conviver com ele. Ainda 33% revelaram trabalhar com canções. Por conseguinte, procurou-se saber sobre a freqüência da atividade musical praticada em sala de aula, apresentando a seguir o resultado: Figura 8 – Freqüência da atividade musical 0% DIARIAMENTE 50% 50% SEMANALMENTE ÀS VEZES Fonte: Questionário fechado aplicado às entrevistadas. Percebe-se que as professoras utilizam a música com frequência diariamente e semanalmente na sala de aula, isto é valorizam –na como um instrumento que contribui em muitos aspectos cognitivos psicológicos dos educandos. Vale ressaltar que esta informação não diz respeito ao uso da música nordestina e, sim, aos estilos musicais usados com mais freqüência, resultado já apresentado no gráfico anterior. É importante refletir sobre a música nordestina no contexto na educação do semiárido, sobretudo na formação dos educandos habitantes da região semiárida e implicará no reconhecimento
  • 34. 43 de seu lugar, na possibilidade de contribuir para a melhoria da região seca na sua realidade sócioambiental. A próxima questão referiu-se à formação continuada das profissionais. Obteve-se o seguinte resultado: Figura 9– Formação paralela à prática SIM NÃO 50% 50% Fonte: Questionário fechado aplicado às entrevistadas. Percebe-se na figura que 50% dos professores participam de cursos de capacitação a exemplo de pró-letramento, jornadas pedagógicas, oficinas que enfatizam o uso da música nordestina, enquanto que 50% declara resposta negativa. O profissional da educação consiste em ampliar o conhecimento, buscando-se na formação continuada. ... a formação continuada de professores deve visar o desenvolvimento das potencialidades profissionais de cada um, a que não é alheio o desenvolvimento de si próprio como pessoa. Ocorrendo na continuidade da formação inicial, deve desenrolar-se em estreita ligação com o desempenho da prática pedagógica (ALARCÃO 1992, P. 106). Por fim, foi questionado a respeito de uma prática educativa por meio da educação contextualizada. Os resultados foram:
  • 35. 44 Figura 11 – Prática na perspectiva da educação contextualizada 0% SIM NÃO 100% Fonte: Questionário fechado aplicado às entrevistadas. As respostas foram unânimes por cada professora ao afirmar ter a prática educativa na perspectiva de uma educação contextualizada, ou seja, todas admitem trabalhar tendo uma nova visão sobre a educação contextualizada reconhecendo sua importância. Isso conta bastante para uma possível transformação na realidade educacional da região por apresentar um currículo ainda distorcido deste universo que não leva em conta os saberes já então construídos por os educandos. Por essa razão, fica claro que: O papel do educador, dessa forma, não seria apenas de ficar passando informações, mas de provocar no outro a abertura para aprendizagem e de colocar meios que possibilitem e direcionem esta aprendizagem. A provocação para aprendizagem tem a ver com a sensibilidade para com as pessoas a quem se dirige, com o significado que aquilo tem para ele, bem como a correlação que tem com a existência (VASCONCELOS, 2000, p.61). A partir desses levantamentos, cabe refletir sobre o papel do educador na construção de uma nova proposta de educação para a convivência no semiárido, partindo das compreensões que os mesmos têm sobre a música nordestina na educação no contexto desse espaço.
  • 36. 45 4.1.2 ANÁLISE DA ENTREVISTA ABERTA No sentido de identificar e analisar as compreensões que as professoras da Educação Infantil da escola Elysio Ferreira Barros do município de Itiúba-BA têm sobre a música nordestina na educação no contexto do semiárido, conseguiu-se através da coleta de dados elementos que contribuíram para sistematizar a análise proposta, uma vez que, o objetivo é encontrar respostas para tais inquietações. Observa-se que no decorrer da apresentação dos resultados utiliza-se a palavra P1 para professora nº 1; P2 para professora nº 2 e, assim, sucessivamente. A entrevista aberta deu-se com as professoras convidadas de forma espontânea. As perguntas dirigidas às mesmas seguem a ordem e para cada pergunta obtém-se mais de uma resposta. 4.1.2.1 A música nordestina na sala de aula Ao serem questionadas foi percebido na resposta de algumas professoras que costumam trabalhar com música na sala de aula, porém a música nordestina, raramente. Constata-se contradição com a resposta obtida no questionário fechado. Veja algumas respostas: P.1 De toda uma vida eu trabalho com música na escola, agora, voltada para o conteúdo faz três anos. É tanto que nas aulas de Geografia, quando eu esquecia, eles: a professora, a música, vamos cantar? Trabalho detalhadamente a letra da música voltada para o semiárido. P.2 Eu costumo trabalhar músicas infantis, tem aquelas de Luiz Gonzaga que pouco trabalho, mas eu sinto que cantar é muito importante, ajudar na aprendizagem eles aprendem a ler cantando. Sempre a gente canta o Hino Nacional a gente sempre trabalhou eles gostam mesmo. E aí eles desenvolvem mesmo a leitura assim. P.3 Não. Nós incluímos num projeto que fizemos com a água nas atividades, na festinha. Trabalhamos com outros estilos musicais. Percebo que eles
  • 37. 46 gostam, aprendem escrevemos a letra num papel madeira, ler com eles, trabalho parte a parte com eles, trabalho oralmente incluindo nos conteúdos. P.5 Desde quando iniciei meu trabalho com Educação Infantil, a Música Nordestina nunca foi totalmente trabalhada a mais trabalhada a que fala mais sobre o sertão de Luiz Gonzaga sobre a questão do meio ambiente foi bom demais. Sobre questões sociais Cidadão. Muito por serem alunos da Educação Infantil ainda não tem aquele conhecimento prévio, mas curtiram, participaram mais. A fala da P6 chamou atenção por não destacar nenhuma vantagem ou efeito da música nordestina nos educandos ou mesmo na sala de aula. Veja: P.6 Não tenho muito tempo. De acordo com o tempo. Desculpe. Com essa realidade, falta refletir e repensar um pouco mais sobre o tema escolhido para este trabalho, sua contribuição na formação do educando, pois o mesmo precisa sentir-se inserido no real contexto em que vive através principalmente da expressão do professor, ou seja, da sua prática pedagógica. É preciso que este também esteja consciente disso. Percebe-se que a música em seu estilo nordestino não é envolvida o bastante na prática em sala de aula das professoras. É o que acontece em muitos espaços educacionais inclusive nordestinos onde deveria abarcar tal método. Ainda que esses procedimentos venham sendo repensados, muitas instituições encontram dificuldades para integrar a linguagem musical ao contexto educacional. Constata-se uma defasagem entre o trabalho realizado na área da música e nas demais áreas do conhecimento, evidenciada pela realização de atividades voltadas à criação e à elaboração musical. Nesses contextos,a música é tratada como se fosse um produto pronto, que se aprende a reproduzir, e não uma linguagem cujo conhecimento constrói ( BRASIL,1998, p. 47).
  • 38. 47 Com relação às outras respostas obtidas, percebe-se que a maioria das professoras reconhece a importância da música nordestina ao ser trabalhada na sala de aula, mas não fazem o uso com freqüência. 4.1.2.2 Importância da música nordestina na prática pedagógica Essa resposta foi condizente por as educadoras valorizarem a música nordestina como integrante da cultura do semiárido brasileiro. Assim sendo, torna-se necessária na prática também. Ao serem indagadas, as professoras se posicionaram da seguinte forma: P.1 Eu acho a questão do interesse do aluno ele se interessa mais, a forma de interpretar também entender o próprio conteúdo. Sempre mais na aula e para iniciar em cada disciplina. É importante por isso. Eu acho que o aluno aprende a interpretar, a entender melhor o assunto, o conteúdo. Vai influenciar no relacionamento com as pessoas... P.2 A letra vai contribuir para que ele possa... Até para o dia-a-dia dele. Quem sabe, vai que ele fale com o pai que o Nordeste é a nossa realidade, meu pai vivenciava isto, ta na letra, minha família. P.3 É de muita importância. Também acho, não há dúvidas. O lado afetivo em tudo por tudo. A interação deles mesmos. Não utilizo a música só nas datas comemorativas, também diariamente. Em parlendas. É o que a gente vem trabalhando mais assim. P.6 Conscientização, valorização. Muito aprender a diferenciar a Música Nordestina dos outros tipos de música. As respostas foram unânimes e ficou claro o significado da música nordestina na prática pedagógica que cada entrevistada reconhece. Ao ser trabalhada em sala de aula, correspondida pelo aluno, sem dúvida refletirá na prática do educador. Esta é uma reflexão necessária sobre o estilo musical e sua contribuição na aprendizagem, no
  • 39. 48 desempenho e gosto musical bem como a influência no relacionamento entre os educandos. Nas respostas das educadoras denotaram esta realidade. Este reconhecimento abre espaço para se repensar o uso da música no seu estilo nordestino, vinculada a educação contextualizada uma vez que ambas tratam sobre a realidade de um povo que tem muitas experiências de viver numa região seca, porém rica de cultura. Portanto deve-se compreender que a educação contextualizada para a convivência com o semiárido não pode ser um espaço de aprisionamento do saber (...), mas como aquela que se constrói no cruzamento cultura-escola-sociedade (REIS 2004, p.13). 4.1.2.3 Importância da Música Nordestina na formação do educando Outro elemento indagado as professoras referindo a importância da música nordestina na formação do educando comentado por elas: P.1 Eu acho que assim melhora muito, a questão do aluno pra entender pra interpretar mesmo. Meus alunos mesmos têm facilidade de expressão, eles vem para frente aprendem a fazer seminário porque eles tinham dificuldade, vergonha e, através da música também. P.2 Eu costumo trabalhar músicas infantis, tem aquelas de Luiz Gonzaga que pouco trabalho, mas eu sinto que cantar é muito importante, ajudar na aprendizagem eles aprendem a ler cantando. Sempre a gente canta o Hino Nacional a gente sempre trabalhou eles gostam mesmo. E aí eles desenvolvem mesmo a leitura assim. P.3 A música é muito é importante porque ajuda na assimilação do conteúdo eles assimilam com mais facilidade o conteúdo quando é trabalhado com música aquela aula seca quando é com a música eles gostam mais. Na aprendizagem, com ser social também ajuda o relacionamento com as pessoas.Compreendo com certeza. P.4 A música é muito é importante porque ajuda na assimilação do conteúdo eles assimilam com mais facilidade o conteúdo quando é trabalhado com música aquela aula seca quando é com a música eles gostam
  • 40. 49 mais.Na aprendizagem, com ser social também ajuda o relacionamento com as pessoas.Compreendo com certeza. P.6 Com certeza, melhora a relação com as pessoas. Compreende-se que as educadoras dão valor total à música nordestina na educação, a facilidade na assimilação dos conteúdos dentre outros aspectos. Sem dúvida, a intervenção educativa precisa apoiar-se no conhecimento teórico e prático, oferecido em parte pelas disciplinas e pela proposta da contextualização. É considerado na escola que os processos de ensino-aprendizagem são o centro da investigação e da prática didática e isto torna este mesmo processo mais fluente para o conhecimento. Portanto verifica-se a importancia da música n como facilitadora da socialização e da motivação nas aulas. Rosa (s/d), diz: Sabemos que o educador consciente apresenta aos alunos as mais variadas situações de aprendizagem, e entre elas as que envolvem a linguagem musical. É importante lembrar que a atividade com linguagem musical não é uma simples oportunidade para o professor fazer recreação. Em muitas circunstâncias bem planejadas, ela é uma forma de representação de vida da criança. Nessas condições, pode-se dizer que a música contribui sistemática e significantemente com o processo integral do desenvolvimento do ser humano (p.20). No ensino-aprendizagem, a música, assim como diversas atividades lúdicas, deve ajudar a construir uma práxis emancipadora e íntegra, ao se tornar um instrumento de aprendizagem que favorece a aquisição do conhecimento em perspectivas e dimensões que perpassam o desenvolvimento do educando. 4.1.2.4 Costuma trabalhar o contexto dos alunos Outro elemento importante indagado às professoras refere-se ao costume de trabalhar o contexto do aluno, assim definido por elas:
  • 41. 50 P.1: Eu trabalho com a realidade e agora nesta unidade foi toda voltada para nossa realidade, a questão do semiárido, a seca, a oficina que nós fizemos aqui, foi toda voltada para o semiárido. P.2 Eu estou aprendendo a trabalhar com o contexto deles e estou aprendendo a gostar agora por causa do curso da UNEB2000 e já estou trazendo para sala de aula. Funciona como tema gerador porque ta trabalhando todas as disciplinas. P.3 É o que a gente vem trabalhando mais assim. Tem 2 anos e pouco que fazemos a UNEB2000 e até a gente vê que é totalmente diferente, a gente trabalha aquela coisa medíocre: Português é só Português, Matemática é só Matemática e hoje tem mais é que está sempre contextualizada no global, trabalhar na área, nas disciplinas com eles cobram tanto. E a gente vê a partir que a gente passou a ter essa nova visão, o negócio flui e flui de uma maneira bem satisfatória para eles. Trabalha com a contextualização é muito bom. P.4 A música é muito é importante porque ajuda na assimilação do conteúdo eles assimilam com mais facilidade o conteúdo quando é trabalhado com música aquela aula seca quando é com a música eles gostam mais.Na aprendizagem, com ser social também ajuda o relacionamento com as pessoas. Compreendo com certeza. P.5 Eu focalizo a Música Nordestina porque eles são nordestinos, nosso contexto é o semiárido seria interessante.(...) na faculdade tem uma colega que fala muito em contextualização. Você trabalhar a realidade do aluno. Com é que eu posso falar de São Paulo para meu aluno que nunca saiu daqui? Então a gente deve trabalhar a realidade deles, o nosso município. Dessa forma percebe-se que as professoras atentam-se ao fato de que trabalhar o contexto do educando produzirá resultados significativos, uma vez que, permite-o sentir-se protagonista da sua própria história construindo seu conhecimento a partir das suas vivências, desfazendo com o paradigma da educação homogeneizadora. Uma proposta de educação contextualizada que assume o compromisso de ser crítica e transformadora, construída de forma democrática e participativa, precisa trabalhar com novos instrumentos pedagógicos que favoreçam a problematização da realidade e a inquietude dos sujeitos
  • 42. 51 sociais, possibilitando que as pessoas envolvidas com as práticas educativas possam tomar novas atitudes enquanto protagonistas na luta pela construção de novos sonhos para a região (LIMA 2007, p.27). 4.1.2.5 Educação contextualizada Eis outra questão que merece destaque no que se refere ao conceito de educação contextualizada. P.2 Eu estou aprendendo a trabalhar com o contexto deles e estou aprendendo a gostar agora por causa da UNEB e já estou trazendo para sala de aula. Funciona como tema gerador porque ta trabalhando todas as disciplinas. P.3 Tem 2 anos e pouco que fazemos a UNEB e até a gente vê que é totalmente diferente, a gente trabalha aquela coisa medíocre: Português é só Português, Matemática é só Matemática e hoje tem mais é que está sempre contextualizada no global, trabalhar na área, nas disciplinas com eles cobram tanto. E a gente vê a partir que a gente passou a ter essa nova visão, o negócio flui e flui de uma maneira bem satisfatória para eles. Trabalha com a contextualização é muito bom. P.4 Eu comento focalizo a música nordestina porque eles são nordestinos, nosso contexto é o semiárido seria interessante.(...) na faculdade tem uma colega que fala muito em contextualização. Você trabalhar a realidade do aluno. Com é que eu posso falar de São Paulo para meu aluno que nunca saiu daqui? Então a gente deve trabalhar a realidade deles, o nosso município. P.5 É aquela questão de você estar trabalhando abrangendo todos s níveis educacionais pegando todo o extremo, por exemplo: quando você fala de contextualizar está unindo o útil ao agradável porque você não está só passando Matemática, Português, você está unindo todas ao mesmo tempo e você vai ter um objetivo. Eu gosto de trabalhar com música. É interessante ressaltar neste bloco de questões a resposta da professora P6 que distorce as compreensões construídas pelas outras professoras. observe:
  • 43. 52 P.6 Levar vários tipos de texto que tenham significados para eles gostarem e eu também. A partir de tais explanações essas professoras em parte demonstraram um certo entendimento acerca do contexto proposto, evidenciando os elementos que configuram a essência da educação contextualizada. Para tanto, sistematizar tal educação, faz-se necessário partir da vivência real do educando respeitando o contexto sócio cultural do mesmo. Assim como afirma Lins, et al (1996): [...] se vê na proposta a educação contextualizada, a importância do menino, da menina estudarem conteúdo que tenham sentido, significado, onde eles e elas tenham possibilidade de si viver; que produzam uma reflexão sobre a localidade onde vivem com perspectivas de intervenção e mudança (p.121). Nota –se também que as professoras P2 e P3 declararam tomar conhecimento após o curso UNEB 2000¹. Enquanto que a professora P4 afirma já trabalhar na perspectiva da educação contextualizada há mais tempo. 4.1.2.6 Você acha que a escola precisa repensar a sua posição sobre a educação que ela vem repassando aos discentes? Em quais aspectos? P1 Eu acho que precisa de modo geral. Ela continua fechada, não oferece oportunidade. A questão mesmo de uma aula de Geografia mesmo porque não da uma aula de campo, para o aluno entender melhor. P2 Eu acho que precisa. Ta bom, mas precisa melhorar. Até mesmo um projeto a secretaria organiza um projeto para a gente esperar o aluno para o ano que vem. Como é que a gente vai preparar um projeto para esperar um aluno que a gente nem sabe da realidade, não conhece a realidade do aluno fica difícil a gente já preparar sem ver o aluno.
  • 44. 53 P3 Precisa e em vários aspectos. Um exemplo claro e objetivo é a quantidade de alunos que nós temos, alunos com problemas mentais eu não tenho formação não estou preparada para trabalhar com este tipo de aluno. P4 Precisa repensar. Mas na escola em que trabalho a coordenadora é muito empenhada e responsável e ela procura trabalhar, ela nos ajuda muito nessa parte. Precisa melhorar na questão da família na escola é a parte mais difícil de participação. A família junto à escola é que funciona. Mas ajuda muito. P5 Sim. Uma política educacional forte mesmo.Tem que repensar mesmo. Essa questão da valorização cultural como está perdendo seria bom para a secretaria de Educação está repassando porque a gente sente a necessidade, a escola de se trabalhar esse conteúdo por exemplo (na UNEB ) porque descobre coisas. Foi percebido que, nas falas das professoras, a escola necessita de mudança no que diz respeito à proposta pedagógica, sua postura frente aos educandos. Constatou-se claramente um olhar crítico por parte das professoras a respeito do comportamento, da atitude da escola frente aos problemas existentes no cotidiano escolar. Faz-se necessário enxergar os educandos mais de perto, respeitando sua identidade, seu lugar de origem, a família e sua participação e, por fim, o reconhecimento do educando como um sujeito cultural. Mas para que haja tal mudança é preciso buscar apoio de toda comunidade escolar e órgãos públicos.
  • 45. 54 CONSIDERAÇÕES FINAIS A realização desta pesquisa monográfica trouxe uma nova visão a respeito da educação presente na vida da criança, sobretudo daquela que habita a região nordestina. Foi uma oportunidade significativa, por ter possibilitado compreender melhor a importância da música nordestina inserida na educação, os valores contidos em muitas composições musicais de artistas consagrados da cultura deste mesmo lugar que contemplam com orgulho sua origem e não a menosprezam. Esta pesquisa procurou investigar as compreensões que as professoras têm sobre a música nordestina na educação no contexto do semiárido brasileiro. Uma vez que a proposta pedagógica construída na escola não leva em consideração os valores construídos pelas educandas e educandos, não tomam como ponto de partida o seu próprio espaço sobre o qual vive. O que se identifica é que a escola continua passando conhecimentos que não condizem com a realidade do aluno, sua identidade, seu lugar, com a relação sócioambiental. Pelo contrário, as dificuldades encontradas pelos professores que atuam nas escolas do campo são muitas: salas de aula inadequadas, turmas multisseriadas, alunos que chegam com problemas sociais interferem na aprendizagem, falta de capacitação docente, dentre outras. Esta é uma responsabilidade que não cabe apenas ao professor, também às gestores do poder público. Em parceria torna-se mais fácil desenvolver projetos que auxiliem no alcance de índices mais elevados da qualidade educacional. E a música nordestina especificando o estilo forró tradicional e autêntico, é uma das alternativas de mudança. Faz refletir sobre essa nova postura, pois traz em suas belas canções letras que retratam toda realidade de um povo que convive com o sofrimento da seca, do sol quente, da chuva escassa, do menosprezo e da desvalorização por
  • 46. 55 parte de representantes políticos, da mídia e de outros que se dizem compadecidos com tal situação e nada solucionam. A intenção foi trazer a discussão de uma proposta voltada para a música nordestina trabalhada na sala de aula em consonância com a proposta da educação contextualizada que favoreça o diálogo permanente entre o que se aprende em casa, com o mundo em que vive, a escola e a possibilidade de transformação, apontando várias maneiras de se conviver com a seca principalmente, a que mais atinge as pessoas tanto interior como exteriormente. Para isso buscou embasar-se em idéias e estudos defendidos por vários teóricos, percebido em diversas passagens desse trabalho. Mediante o referencial metodológico – o questionário fechado e a entrevista aberta, utilizados nesta pesquisa, constatou-se que as professoras reconhecem a importância de trabalhar a música nordestina no cotidiano escolar através de oficinas, seminários ou até mesmo na sala de aula com a execução de projetos de forma interdisciplinar e revelaram trabalhar embora a práxis ainda se dê de forma superficial e com raridade. Acreditamos que ainda se faz necessário investigar mais sobre as compreensões que as professoras têm sobre a música nordestina no contexto no semiárido brasileiro, analisar que práticas pedagógicas vêm sendo desenvolvidas, trazendo contribuições para elaboração de práticas educacionais que favoreçam os interesses da comunidade a que destina, principalmente à formação do educando. Na perspectiva de que, para alcançar uma educação de qualidade precisa-se primeiramente de educadores aptos a desenvolver seu papel de forma atuante, sobretudo, contribuir para a aprendizagem do educando em seus múltiplos aspectos; que compreenda a importância de sua função no processo de mudança de paradigma e construção de uma escola genuinamente democrática, voltada para os anseios da comunidade como um todo, partindo do princípio de que se faz educação com outro e para outro, e, para isso é indispensável se pensar em políticas educacionais que brotam das reais necessidades dos sujeitos envolvidos no processo educacional.
  • 47. 56 Que esta seja uma pesquisa reflexiva, podendo atender os anseios de uma nova práxis. REFERÊNCIAS ABREU, Maria C. & MASSETO, M. T. O professor universitário em aula. São Paulo: MG Editores Associados, 1990. ALARCÃO, I. Formação como instrumento de profissionalização docente. In: Veiga, I. P.A. (org). caminhos da profissionalização do Magistério – Campinas: Papirus, 1998. AZEVEDO, Fernando de. O Sentido da Educação Colonial. In: A Cultura Brasileira. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 1943. p. 289-320. BOGDAN, R. e BIKLEN, S. K.: in LUDKE, M. e André, M. E. D. A Pesquisa em Educação: Abordagem qualitativa, São Paulo, EPU, 1982. BORBA, M. C. A. Pesquisa qualitativa em educação matemática. Belo Horizonte: Autêntica, 2004, pp. 12-13. BRAGA, Osmar Rufino. Educação no contexto do Semiárido. Fortaleza: Fundação Konrad Adenaur, 2004. BRASIL, Parâmetros Curriculares Nacionais, Pluralidade Cultural e Orientação Sexual/Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF 1997 b, 164p. (Ed/com: DP & A editora 2000). BURKE, P. Uma História social do conhecimento: de Gutemberg a Diderot. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003. CALDAS, Waldenyr. Iniciação à Música Popular Brasileira. Editora Ática, 1985, São Paulo-SP.
  • 48. 57 CASCUDO Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. Ediouro, Rio de Janeiro, 10ª ed., 1998 (ISBN 85-00-80007-0). CUNHA, V. M. A. Didática fundamentada na teoria de Piaget. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1986. DEHEINZELIN, Monique. Uma proposta curricular de educação infantil; a fome com a vontade de comer – Salvador: Secretaria de Educação e Cultura do Estado da Bahia, 1993. DUARTE JÚNIOR, João Francisco. Por que arte-educação? 8ª edição. Campinas, SP: Papirus, 1996. FARIA, Márcia Nunes. A música fator importante na aprendizagem. Assis chateaubriand- Pr, 2001. 40f. Monografia (especialização em Pedagogia) Centro Técnico – Educação Superior do Oeste Paranaense. CTESOP/CAEDRHS. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz eTerra, 1996. ------------------- Pedagogia do Oprimido. 17 Ed. São Paulo: Paz e Terra, 1987 GAINZA, V. Hemsy de. Estudos de Psicopedagogia Musical. São Paulo: Summus, 1998. GRESSLER, L. A. Pesquisa educacional: importância, modelo, validade, vaiáveis, hipóteses, amostragem, instrumentos. São Paulo: Loyola, 1979. JACINTO, S. Puxe o fole Zé. In: PESSOA, S. Bate o mancá: o povo dos canaviais. [S.I]. natasha Recordes, 2001. JAPIASSU, H. & Marcondes, D. Dicionário Básico de Filosofia. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editores, 1990.
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  • 50. 59 SACRISTAN, J. Gimeno e GOMES, A.I. Peres. Compreender e transformar o ensino. 4ª Ed. Artmed, 1998. SANTOS, Santa Marli Pires dos. A Ludicidade como Ciências. (Org) – Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. O Lúdico na formação do educador. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997. SILVA, L. M. G. A expressão musical para crianças de pré-escola. Revista Idéias. n.10, p. 88-96, São Paulo, p. 92-93. TRIVIÑOS, Augusto N. S. Introdução à pesquisa em Ciências Sociais: a pesquisa qualitativa em Educação. São Paulo: Atlas, 1987. VASCONCELOS, Celso dos S. Planejamento: projeto político pedagógico. Elementos metodológicos para a elaboração e realização. São Paulo, 2000. WHITE, Ellen G. Evangelismo. 3 ed. Tatuí, SP: CPB, 1997.
  • 51. 60 Universidade do Estado da Bahia – UNEB Departamento de Educação – CAMPUS VII Senhor do Bonfim - BA Trabalho de Conclusão de Curso Nubeane Mara do nascimento APÊNDICE 1 QUESTIONÁRIO FECHADO Escola: ---------------------------------------------------------------------------------------------------- Série que atua: ------------------------------------------------------------------------------------------- Grau de escolaridade: ( ) médio ( ) superior ( ) superior incompleto Você é concursado (a) ou contratado (a)? ( ) concursado (a) ( )contratado (a) Sexo: ( ) feminino ( ) masculino Faixa etária: ( ) 20- 25 anos ( ) 26-30 anos ( ) 31-35 anos ( ) acima de 36 anos Você é habilitado na área em que atua? ( ) sim ( ) não ( ) em parte