Escolas Sociológicas e suas Principais Abordagens

Ciências Humanas e suas
Tecnologias - Sociologia
Ensino Médio, 1ª Série
Escolas Sociológicas

SOCIOLOGIA, 1º Ano do Ensino Médio
As escolas sociológicas representam visões
diferentes de como os fenômenos sociais devem ser
entendidos.
Estudaremos a classificação dessas escolas segundo
a proposta do sociólogo inglês Anthony Giddens.

Primeiros Sociólogos
Os primeiros sociólogos buscavam desenvolver
métodos e técnicas como elementos de explicação do
funcionamento geral da sociedade e das possibilidades
de mudança social.
Auguste Comte (1798-1857), Émile Durkheim
(1858-1917), Max Weber (1864-1920) e Karl Marx
(1818-1883) apresentaram perspectivas sociológicas
diferenciadas para a abordagem da sociedade.

Uma Questão de Gênero na História
da Sociologia: Harriet Martineau
• Harriet Martineau (1802-1876) nasceu na Inglaterra e
escreveu mais de 50 livros, considerada a primeira socióloga
britânica.
• Martineau realizou um estudo sistemático da sociedade
estadunidense durante suas viagens aos EUA nos anos de
1830, resultando no livro “Sociedade na América”.
• Defendeu que para analisar uma sociedade, é indispensável
uma compreensão sobre a vida das mulheres.
• Foi uma precursora da emancipação dos escravos e dos
direitos da mulher.

Classificação das Escolas Sociológicas
Funcionalismo
Abordagem de
Conflito
Interacionismo
Simbólico

Funcionalismo
Dentro da perspectiva funcionalista, a sociedade é
um sistema complexo, onde os diversos elementos
trabalham visando atingir a estabilidade, a adaptação, e
a solidariedade social.
O funcionalismo, também chamado de análise
funcional, interpreta os fatos sociais com base na
função que eles desempenham conservando a
estrutura social de um povo e de uma cultura.

Características do Funcionalismo
Os funcionalistas, como Auguste Comte e Durkheim,
trabalharam com a metáfora da sociedade como um organismo
vivo. Onde todas as partes da sociedade trabalhavam
igualmente para que o organismo pudesse manter o corpo
saudável, a sociedade tal qual o corpo deveria permanecer
estabilizada e ordenada para o desenvolvimento social.
Para Comte, a sociedade progrediria através do estágio
científico da teoria dos três estágios, pois a ciência promoveria
o desenvolvimento de uma nova ordem e progresso social.

Esquema dos Três Estágios de
Auguste Comte
IdeiasReligiosas
Estágio
Teológico
PensamentoAbstrato Estágio
Metafísico
PoderdaCiência
Estágio
Positivo

Funcionalismo e Acomodação Social
O funcionalismo valoriza a formação de um
consenso moral para a estabilização da sociedade, a
ordem e o equilíbrio seriam valores inatos da
sociedade.
Durkheim acreditava que a religião consolidava
através da adesão dos seus membros os valores sociais,
contribuindo para a coesão social. Para ele, a sociologia
é o estudo dos fatos sociais, que são maneiras de ser,
agir e pensar exteriores aos indivíduos e que possuem
vida própria.

Características do Fato Social
Coercitivos
• A força de
imposição dos
fatos sociais
sobre o grupo
social.
Exteriores
• Os fatos sociais
são exteriores e
independem dos
indivíduos.
Gerais
• Os fatos sociais
existem para
uma
coletividade e
não para um
indivíduo.

Críticas à Escola Funcionalista
1 – Análise única na estabilidade e na coesão social. Não
buscaram explicar as desigualdades (Marx) e o fenômeno da
distinção social. (Bourdieu)
2 – As lutas sociais e os conflitos são minimizados, não
estudaram as diferenças e as desigualdades de gênero, sexo e
etnia construídos dentro de um determinado espaço social.
3 – Não considerou as mudanças sociais como força criativa e
dinâmica dos grupos sociais.
4 – Foram acusados de idealizar e abstrair conceitos como
“sociedade” e “papéis sociais”, criando “necessidades” e
propósitos que não existiam na sociedade real.

A Escola da Abordagem de Conflito
Os sociólogos da teoria do conflito trabalham com
as estruturas sociais como ponto de partida para
elaboração de suas construções teóricas, porém não
aceitam a formação de consenso e solidariedade social
como os funcionalistas.
Concentram suas análises nas desigualdades e
divisões sociais, poder, dos conflitos, das lutas e das
conquistas sociais.

Fundamentação Teórica
Max Weber
Ação Social Perspectivas de Ação Social
Karl Marx
A Luta de Classes Perspectivas de Conflito

Karl Marx e o Capitalismo
Marx foi o grande crítico do sistema capitalista. Defendia
que o sistema capitalista produz uma sociedade fundada na
injustiça social e na exploração do trabalhador através da mais
valia e da opressão.
Apresenta uma visão materialista e histórica da sociedade,
distanciando-se do pensamento mágico e das idealizações
burguesas de sociedades funcionais e felizes.
Demonstra através da metáfora do edifício social o modo
de produção capitalista. Toda a superestrutura ideológica é
sustentada, pelas forças econômicas da infraestrutura social.

Contribuições de Karl Marx para
Abordagem do Conflito
Método
• O ser humano como processo de construção histórico. Valorizou
a concepção dialética como instrumento de análise. Defendeu o
método do materialismo histórico.
Luta de
Classes
• Aprofundou o estudo das contradições do sistema capitalista,
identificando a classe burguesa dominadora e hegemônica e a
classe do proletariado, esperança para a Revolução Socialista.
Socialismo
• Propõe o Socialismo Científico como alternativa ao modo de
produção capitalista, através dos seus livros, dentre eles: “O
Manifesto do Partido Comunista” (1848) e o “O Capital” (1867).

Perspectivas de Conflito
• Os sociólogos que compõem essa perspectiva buscam analisar
a sociedade através da luta entre os diversos grupos sociais
que desejam o poder dentro da estrutura social.
• Ralf Dahrendorf (1929-2009), alemão, é um exemplo clássico
dessa perspectiva, escreveu no seu livro “Classe e Conflito na
Sociedade Industrial” de 1959, que os conflitos sociais são
consequências da luta de classes, onde os grupos dominantes
e hegemônicos disputam o poder com os grupos minoritários,
os interesses se chocam em busca do acesso ao poder.

Críticas à Abordagem de Conflito
Os cientistas sociais não podem tomar o
Marxismo como única verdade conceptual para
tencionar o desvelamento da realidade social.
A concepção antropológica de Marx era
unidimensional, exclusivamente econômica.

Perspectiva de Ação Social
As teorias da ação social dão ênfase à ação e à
interação dos indivíduos na sociedade, como
essas inter-relações organizam as estruturas
sociais.
Diferentemente de procurar investigar as
forças exteriores que comandam o indivíduo,
buscam o significado e a força da ação social.

Por uma Sociologia Compreensiva
Os sociólogos que trabalham com a perspectiva de ação
social analisam o comportamento dos indivíduos, uns em
relação aos outros, na construção dos grupos sociais e no
enfrentamento das relações de poder no espaço social.
Max Weber reconhecia a existência de estruturas sociais,
como o partido político, a igreja, o sindicato, porém voltava
sua análise para as ações sociais que criavam essas
estruturas, caracterizando, assim, a sua sociologia como
compreensiva.

Escola do Interacionismo Simbólico
Esta escola surge com o estudo da linguagem.
Para Margaret Mead (1901-1978),
antropóloga cultural estadunidense, é a
linguagem que nos torna seres autoconscientes,
nos reconhecemos enquanto individualidade e
podemos nos ver a partir do exterior através dos
outros sujeitos sociais.

O Símbolo e a Linguagem
O símbolo representa alguma coisa. As
palavras, os gestos e a comunicação não verbal
representam símbolos, e expressam uma
linguagem.
Para Mead, os seres humanos necessitam dos
símbolos e da linguagem para compartilhar o
universo social através das interações uns com
os outros.

A Linguagem como a Grande Invenção
Humana
Um dos grandes epistemólogos da França, foi Georges Gusdorf
(1912-2000) que corroborou com os estudos de Mead defendendo
a importância da linguagem para a interação humana, dizia:
“A invenção da linguagem é a primeira das grandes invenções,
aquela que contém em germe todas as outras, talvez menos
sensacional que a domesticação do fogo, porém mais
decisiva. Constituiu uma disciplina originária de manipulação
das coisas e dos seres. Uma palavra é muitas vezes mais útil
que um utensílio ou uma arma para tomada de posse da
realidade. A palavra é a estrutura do universo, a reeducação
do mundo material.”(APUD BUZZI, 2000, p.218)

Sociedade, Símbolos e Comunicação
Os seres humanos se relacionam através dos
símbolos, nossa sociedade é um grande universo
simbólico onde, nas relações sociais estabelecidas, se
dão as trocas simbólicas. (Bourdieu)
“Os sociólogos influenciados pelo
interacionismo simbólico frequentemente se
concentram na interação face a face nos
contextos da vida cotidiana. Eles destacam o
papel de tal interação em criar a sociedade e
suas instituições.”(GIDDENS, 2005, p.36)

Críticas ao Interacionismo Simbólico
Esta escola sociológica, apesar de promover a
compreensão da linguagem e da comunicação
nas interações sociais, não deu ênfase às
grandes questões do poder e das instituições
sociais dentro da estrutura social que restringe
e domina os processos que se estabelecem nas
relações sociais.

Referências Bibliográficas
• BUZZI, Arcângelo. Introdução ao Pensar.
Petrópolis: Vozes, 2000.
• GIDDENS, Anthony. Sociologia. 4ed. Porto
Alegre: Artmed, 2005.

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