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1 de 11
‭
Português‬
‭
Visão global e estrutura argumentativa do Sermão‬
‭
No que consiste um sermão?‬
‭
O‬‭
Sermão‬‭
é‬‭
um‬‭
gênero‬‭
de‬‭
cunho‬‭
religioso‬
‭
,‬‭
que‬‭
tem‬‭
como‬‭
objetivo‬‭
persuadir‬‭
os‬‭
ouvintes‬‭
a‬
‭
respeito‬‭
de‬‭
uma‬‭
determinada‬‭
ideologia‬
‭
,‬‭
por‬‭
meio‬‭
do‬‭
discurso‬‭
de‬‭
autoridade‬‭
ancorado‬‭
em‬
‭
livros sagrados ou em dogmas religiosos‬‭
e da‬‭
oratória‬‭
do religioso que o profere‬
‭
.‬
‭
Um sermão é um texto argumentativo em que o pregador se dirige ao auditório com uma‬
‭
intenção persuasiva, pois pretende convencer os ouvintes da validade das suas ideias e‬
‭
levá-los à ação.‬
‭
-‬‭
O‬‭
sermão‬‭
cristão‬‭
partia,‬‭
tradicionalmente‬
‭
de‬ ‭
um‬ ‭
conceito‬ ‭
predicável‬
‭
,‬ ‭
uma‬ ‭
citação‬
‭
biblíca‬ ‭
que‬ ‭
anuncia‬ ‭
o‬ ‭
tema‬ ‭
que‬ ‭
será‬
‭
desenvolvido e retomado ao longo do texto.‬
‭
Contexto do “Sermão de Santo António [aos Peixes]”:‬
‭
➔‬ ‭
Quem pregou:‬‭
Padre António Vieira‬
‭
➔‬ ‭
Local:‬‭
São Luís do Maranhão (Nordeste do Brasil)‬
‭
➔‬ ‭
Data:‬ ‭
13‬ ‭
de‬ ‭
junho‬ ‭
de‬ ‭
1654,‬ ‭
dia‬ ‭
de‬ ‭
Santo‬ ‭
António‬
‭
-‬ ‭
“Três‬ ‭
dias‬‭
antes‬‭
de‬‭
embarcar‬
‭
ocultamente para o Reino, a procurar remédio da Salvação dos índios.”‬
‭
➔‬ ‭
Para quem:‬‭
Ouvintes de São Luís do Maranhão (colonos‬‭
e as suas famílias)‬
‭
➔‬ ‭
Contexto‬‭
do‬‭
sermão:‬‭
no‬‭
contexto‬‭
da‬‭
luta‬‭
de‬‭
Vieira‬‭
pela‬‭
libertação‬‭
dos‬‭
índios‬
‭
,‬‭
ou‬‭
seja,‬
‭
defesa‬ ‭
dos‬ ‭
direitos‬ ‭
dos‬ ‭
indígenas‬ ‭
brasileiros‬ ‭
contra‬‭
a‬‭
exploração‬‭
e‬‭
escravidão‬‭
por‬
‭
parte dos colonos‬‭
(‬
‭
crítica dos comportamentos dos‬‭
colonos portugueses‬
‭
).‬
‭
↓‬
‭
A‬‭
reação dos colonos foi tão negativa‬‭
que ele teve‬‭
de‬‭
partir clandestinamente para‬
‭
Lisboa‬‭
pouco depois da sua pregação.‬
‭
➔‬ ‭
Objetivos‬ ‭
do‬ ‭
sermão:‬ ‭
alertar‬ ‭
a‬ ‭
consciência‬ ‭
do‬ ‭
auditório‬ ‭
de‬ ‭
maneira‬ ‭
a‬ ‭
conduzir‬ ‭
à‬
‭
reflexão e evitar o mal e preservar o bem.‬
‭
➔‬ ‭
Período literário:‬‭
Barroco (fim do séc. XVI- início‬‭
do séc. XVIII).‬
‭
➔‬ ‭
Género literário:‬‭
sermão (âmbito religioso).‬
‭
Como é a estrutura externa?‬
‭
O “Sermão de Santo António [aos Peixes]” é constituído por‬‭
6 capítulos‬
‭
.‬
‭
Como é a estrutura interna?‬
‭
Trata-se de uma estrutura tripartida:‬
‭
●‬ ‭
Exórdio‬‭
(introdução);‬
‭
●‬ ‭
Exposição e confirmação‬‭
(desenvolvimento);‬
‭
●‬ ‭
Peroração/epíologo‬‭
(conclusão).‬
‭
Exórdio:‬
‭
Capítulo‬ ‭
I‬
‭
-‬ ‭
apresentação‬ ‭
do‬ ‭
tema‬ ‭
que‬ ‭
vai‬ ‭
ser‬ ‭
tratado‬ ‭
no‬ ‭
sermão‬
‭
,‬ ‭
a‬ ‭
partir‬ ‭
do‬ ‭
conceito‬
‭
predicável‬‭
(“Vóis‬‭
sois‬‭
o‬‭
sal‬‭
da‬‭
terra”)‬‭
e‬‭
das‬‭
ideias‬‭
a‬‭
defender‬‭
e‬‭
que,‬‭
geralmente,‬‭
termina‬‭
com‬
‭
uma‬‭
breve‬‭
oração,‬‭
invocando‬‭
a‬‭
Virgem.‬‭
Esta‬‭
parte‬‭
reveste-se‬‭
de‬‭
grande‬‭
importância‬‭
dado‬
‭
que é o‬‭
primeiro passo para captar a atenção‬‭
e‬‭
benevolência‬‭
dos ouvintes‬
‭
.‬
‭
↓‬
‭
Apresentação do tema do Sermão:‬ ‭
corrupção na terra;‬
‭
Ponto de partida do Sermão:‬ ‭
conceito predicável (“Vóis sois o sal da terra”);‬
‭
Homenagem e elogio a Santo António:‬ ‭
exemplo de pregador a seguir;‬
‭
Invocação a Nossa Senhora do Mar:‬ ‭
pedido de inspiração.‬
‭
Nota:‬
‭
Conceito‬ ‭
predicável‬
‭
-‬ ‭
expressão‬ ‭
retirada‬ ‭
das‬ ‭
Sagradas‬ ‭
Escrituras‬ ‭
que‬ ‭
encerra‬ ‭
uma‬ ‭
determinada‬
‭
verdade‬
‭
, e que vai servir de‬‭
mote ao sermão‬
‭
.‬
‭
Exposição e confirmação:‬
‭
Capítulo‬ ‭
II‬ ‭
a‬ ‭
V‬
‭
-‬ ‭
Retoma‬ ‭
a‬ ‭
explicitação‬ ‭
do‬ ‭
assunto,‬ ‭
com‬ ‭
uma‬ ‭
breve‬ ‭
explicitação‬ ‭
da‬
‭
organização‬ ‭
do‬ ‭
discurso;‬ ‭
desenvolvimento‬ ‭
e‬ ‭
enumeração‬ ‭
dos‬ ‭
argumentos,‬
‭
contraargumentos,‬‭
seguidos‬‭
de‬‭
exemplos‬‭
e/ou‬‭
citações.‬‭
A‬‭
exposição‬‭
situa-se‬‭
desde‬‭
o‬‭
início‬
‭
do‬‭
capítulo‬‭
II‬‭
até‬ ‭
“...‬‭
Santo‬‭
António‬‭
abria‬‭
a‬‭
sua‬‭
(boca)‬‭
contra‬‭
os‬‭
que‬‭
não‬‭
se‬‭
queriam‬‭
lavar.”,‬
‭
no‬‭
capítulo‬‭
III;‬‭
e‬‭
a‬‭
confirmação‬‭
começa‬‭
a‬‭
partir‬‭
de‬‭
“Ah‬‭
moradores‬‭
do‬‭
Maranhão,‬‭
enquanto‬
‭
eu vos pudera agora dizer neste caso!” e termina no final do capítulo V.‬
‭
Louvores‬
‭
aos‬
‭
Capítulo II‬
‭
-‬‭
Virtudes elogiadas em geral‬
‭
:‬
‭
-‬‭
Obediência‬
‭
,‬‭
ordem‬
‭
,‬‭
atenção‬‭
e‬‭
devoção‬‭
ao‬
‭
verbo divino;‬
‭
-‬‭
Afastamento dos homens‬
‭
.‬
‭
Analogia:‬
‭
Virtudes dos peixes‬
‭
=‬
‭
Virtudes de Santo António‬
‭
peixes‬ ‭
Capítulo III‬
‭
-‬‭
Virtudes elogiadas em particular‬
‭
:‬
‭
-‬‭
Peixe de Tobias:‬‭
poder curativo;‬
‭
-‬‭
Rémora:‬‭
persistência e força;‬
‭
-‬‭
Torpedo:‬‭
poder persuasivo;‬
‭
-‬‭
Quatro-olhos:‬‭
capacidade de discernimento;‬
‭
Oposição:‬
‭
Virtudes dos peixes‬
‭
≠‬
‭
Vícios dos homens‬
‭
Repreensões‬
‭
aos‬
‭
Capítulo IV‬
‭
-‬‭
Vícios condenáveis em geral‬
‭
:‬
‭
-‬‭
Ictiofagia‬‭
(os peixes comem-se uns aos outros,‬
‭
sendo que os‬‭
maiores comem os mais pequenos‬
‭
);‬
‭
-‬‭
Cegueira‬‭
e‬‭
vaidade‬‭
que os conduz à perdição.‬
‭
Analogia:‬
‭
Vícios dos peixes‬
‭
=‬
‭
Virtudes de Santo António‬
‭
peixes‬ ‭
Capítulo III‬
‭
-‬‭
Vícios condenáveis em particular‬
‭
:‬
‭
-‬‭
Roncador:‬‭
soberba e arrogância;‬
‭
-‬‭
Pegador:‬‭
parasitismo e oportunismo;‬
‭
-‬‭
Voador:‬‭
ambição e vaidade;‬
‭
-‬‭
Polvo:‬‭
traição e hipocrisia;‬
‭
Oposição:‬
‭
Vícios dos peixes‬
‭
≠‬
‭
Virtudes de Santo António‬
‭
Peroração:‬
‭
Capítulo‬‭
VI‬
‭
-‬‭
Conclusão‬‭
do‬‭
raciocínio‬‭
com‬‭
destaque‬‭
para‬‭
os‬‭
argumentos‬‭
mais‬‭
importantes.‬
‭
Saliente-se‬‭
que‬‭
esta‬‭
é‬‭
a‬‭
parte‬‭
que‬‭
a‬‭
memória‬‭
dos‬‭
ouvintes‬‭
melhor‬‭
retém‬
‭
,‬‭
pelo‬‭
que‬‭
deverá‬
‭
conter‬‭
os‬‭
aspetos‬‭
principais‬‭
desenvolvidos‬‭
no‬‭
sermão‬
‭
,‬‭
de‬‭
modo‬‭
a‬‭
deixar‬‭
clara‬‭
a‬‭
mensagem‬
‭
veiculada‬‭
e a levar os‬‭
ouvintes a pôr em prática os‬‭
seus ensinamentos‬
‭
.‬
‭
↳‬‭
Desfecho forte e persuasivo:‬
‭
- Julgamento dos homens/peixes;‬
‭
- Superioridade dos peixes;‬
‭
- Apelo ao louvor a Deus.‬
‭
Importante:‬
‭
●‬ ‭
A‬‭
partir‬‭
do‬‭
capítulo‬‭
II‬
‭
,‬‭
há‬‭
uma‬‭
mudança‬‭
de‬‭
auditório‬
‭
.‬‭
O‬‭
Padre‬‭
António‬‭
Vieira‬‭
passa‬‭
a‬
‭
pregar aos‬‭
peixes‬
‭
.‬
‭
Plano discursivo:‬
‭
- Do‬‭
positivo‬‭
(capítulos I e III) →‬ ‭
- Para o‬‭
negativo‬‭
(capítulos IV e V)‬
‭
- Do‬‭
geral‬‭
(capítulos II e IV) →‬ ‭
- Para o‬‭
particular‬‭
(capítulos III e V)‬
‭
●‬ ‭
Presença‬ ‭
da‬ ‭
alegoria:‬ ‭
partindo‬ ‭
de‬ ‭
um‬ ‭
conceito‬ ‭
predicável‬
‭
,‬ ‭
o‬ ‭
Sermão‬ ‭
de‬ ‭
Santo‬
‭
António‬ ‭
aos‬ ‭
Peixes‬ ‭
é‬ ‭
um‬ ‭
sermão‬ ‭
alegórico‬ ‭
no‬ ‭
qual‬ ‭
os‬ ‭
colonos‬ ‭
são‬ ‭
criticados‬
‭
indiretamente‬
‭
, através de‬‭
ásperas censuras dirigidas‬‭
aos peixes‬
‭
.‬
‭
Alegoria:‬‭
personificação/animização de ideias abstratas‬‭
que‬
‭
aparecem dotadas de características humanas.‬
‭
Ex:‬‭
Diabo e Anjo‬
‭
- Auto da Barca do Inferno‬
‭
Peixes‬
‭
- Sermão de Santo António‬
‭
Resumo dos capítulos‬
‭
Exórdio (capítulo I):‬
‭
- Ideia sumária da matéria que vai ser tratada;‬
‭
Qual é o conceito predicável do Sermão? Explicita o seu carácter metafórico.‬
‭
O‬‭
Sermão‬‭
baseia-se‬‭
num‬‭
conceito‬‭
predicável‬‭
extraído,‬‭
normalmente,‬‭
da‬‭
Sagrada‬‭
Escritura‬
‭
(Bíblia), que serviam de base para todo o Sermão:‬
‭
Desta‬ ‭
forma,‬ ‭
o‬ ‭
texto‬ ‭
estrutura-se‬ ‭
em‬ ‭
torno‬ ‭
da‬ ‭
importância‬ ‭
da‬‭
palavra‬‭
dos‬‭
pregadores‬‭
–‬
‭
equivalente ao “sal” – na‬‭
preservação da moralidade‬‭
e integridade dos homens‬‭
– a “terra”.‬
‭
Como se inicia o Sermão?‬
‭
O‬ ‭
Padre‬ ‭
António‬ ‭
Vieira‬ ‭
começa‬ ‭
por‬ ‭
apresentar‬ ‭
o‬ ‭
conceito‬ ‭
predicável‬
‭
,‬‭
“Vós‬‭
sois‬‭
o‬‭
sal‬‭
da‬
‭
Terra”,‬‭
afirmando‬‭
que‬‭
os‬‭
Cristo‬‭
Senhor‬‭
afirmou‬‭
que‬‭
os‬‭
pregadores‬‭
seriam‬‭
este‬‭
tal‬‭
“sal‬‭
na‬
‭
Terra”‬
‭
,‬ ‭
pois‬ ‭
quer‬ ‭
que‬ ‭
os‬‭
mesmos‬‭
façam‬‭
na‬‭
terra‬‭
aquilo‬‭
que‬‭
o‬‭
sal‬‭
faz,‬‭
ou‬‭
seja,‬‭
impedir‬‭
a‬
‭
corrupção‬
‭
.‬
‭
Padre‬‭
António‬‭
Vieira‬‭
acaba‬‭
por‬‭
referir‬‭
que‬‭
apesar‬‭
de‬‭
haverem‬‭
tantas‬‭
pessoas‬‭
“que‬‭
têm‬‭
o‬
‭
ofício do sal” a corrupção ainda está muito presente.‬
‭
Desta forma, explica as‬‭
possíveis razões pelas quais a terra se encontra tão corrupta‬
‭
:‬
‭
Se a culpa está no sal (porque o sal não salga)-‬‭
pregadores‬
‭
:‬
‭
➔‬ ‭
é porque os pregadores não pregam a verdadeira doutrina;‬
‭
➔‬ ‭
é porque os pregadores dizem uma coisa e fazem outra;‬
‭
➔‬ ‭
é porque os pregadores se pregam a si e não a Cristo.‬
‭
Se a culpa está na terra (porque a terra não se deixa salgar)-‬‭
ouvintes‬
‭
:‬
‭
➔‬ ‭
é porque os ouvintes não querem receber a doutrina;‬
‭
➔‬ ‭
é porque os ouvintes imitam os pregadores e não o que eles dizem;‬
‭
➔‬ ‭
é porque os ouvintes servem os seus apetites e não os de Cristo;‬
‭
↓‬
‭
-‬‭
A‬‭
estruturação‬‭
do‬‭
raciocínio‬‭
de‬‭
forma‬
‭
simétrica‬‭
(“ou‬‭
é‬‭
porque‬‭
o‬‭
sal‬‭
não‬‭
salga‬
‭
(...)‬ ‭
ou‬ ‭
porque‬ ‭
a‬ ‭
terra‬ ‭
não‬ ‭
se‬ ‭
deixa‬
‭
salgar”),‬ ‭
ou‬ ‭
seja,‬ ‭
as‬ ‭
sucessivas‬
‭
hipóteses‬ ‭
acrescentadas‬ ‭
pelos‬ ‭
autor,‬
‭
facilitam‬ ‭
a‬ ‭
compreensão‬‭
e‬‭
a‬‭
captação‬
‭
da mensagem por parte do auditório‬
‭
.‬
‭
Alegoria do Sal:‬
‭
Os‬‭
pregadores,‬‭
ao‬‭
pregarem‬‭
a‬‭
mensagem‬‭
Evangélica‬
‭
,‬‭
têm,‬‭
na‬‭
terra,‬‭
a‬‭
mesma‬‭
função‬‭
do‬
‭
sal‬
‭
,‬ ‭
que‬ ‭
consiste‬ ‭
em‬ ‭
evitar‬ ‭
a‬ ‭
corrupção‬
‭
.‬ ‭
Assim,‬ ‭
tal‬ ‭
como‬ ‭
o‬ ‭
sal‬ ‭
impede‬ ‭
a‬ ‭
corrupção‬ ‭
da‬
‭
matéria,‬‭
também‬‭
os‬‭
pregadores‬‭
devem‬‭
impedir‬‭
a‬‭
corrupção‬‭
das‬‭
almas,‬‭
porém,‬‭
tal‬‭
não‬‭
se‬
‭
verifica.‬
‭
Propriedades:‬
‭
Sal:‬‭
conservar e evitar a corrupção;‬
‭
Pregadores:‬‭
louvar o bem e impedir o mal.‬
‭
Quais‬‭
as‬‭
soluções‬‭
apresentadas‬‭
para‬‭
o‬‭
problema‬‭
dos‬‭
maus‬‭
pregadores‬‭
e‬‭
para‬‭
o‬‭
caso‬‭
dos‬
‭
ouvintes que ignoram a mensagem cristã ?‬
‭
●‬ ‭
Ao‬‭
Sal‬‭
(pregadores):‬‭
a‬‭
resposta‬‭
de‬‭
Cristo‬‭
consiste‬‭
em‬‭
afirmar‬‭
que‬‭
se‬‭
o‬‭
sal‬‭
perde‬‭
a‬
‭
sua‬ ‭
virtude/‬ ‭
substância‬ ‭
e‬ ‭
se‬ ‭
o‬ ‭
Pregador‬ ‭
faltar‬ ‭
à‬ ‭
doutrina,‬ ‭
e‬ ‭
ao‬‭
exemplo‬
‭
,‬‭
deve-se‬
‭
“‬
‭
lançá-lo fora como inútil, para que seja pisado por‬‭
todos‬
‭
”.‬
‭
Desta‬ ‭
forma,‬ ‭
acusa‬‭
aqueles‬‭
que‬‭
não‬‭
cumprem‬‭
a‬‭
sua‬‭
função‬
‭
,‬‭
ou‬‭
seja,‬‭
pregadores‬
‭
que pregam ao contrário‬
‭
, sendo por isso,‬‭
merecedores‬‭
de desprezo‬
‭
.‬
‭
●‬ ‭
À‬‭
terra‬‭
(ouvintes):‬‭
Cristo‬‭
não‬‭
resolveu‬‭
este‬‭
ponto,‬‭
mas‬‭
sim‬‭
Santo‬‭
António‬‭
(celebrado‬
‭
nesse‬‭
dia)‬‭
que‬‭
mudou‬‭
somente‬‭
o‬‭
púlpito‬‭
e‬‭
o‬‭
auditório‬
‭
.‬‭
Vieira‬‭
narra‬‭
um‬‭
episódio‬‭
da‬
‭
vida‬ ‭
do‬ ‭
santo,‬ ‭
em‬‭
Itália,‬‭
quando‬‭
os‬‭
habitantes‬‭
da‬‭
cidade‬‭
não‬‭
o‬‭
quiseram‬‭
escutar‬
‭
,‬
‭
tendo,‬‭
então,‬‭
António‬‭
dirigido‬‭
as‬‭
suas‬‭
palavras‬‭
aos‬‭
peixes‬
‭
,‬‭
que‬‭
o‬‭
ouviram‬‭
(milagre‬‭
da‬
‭
pregação‬ ‭
aos‬ ‭
peixes)-‬ ‭
“Já‬ ‭
que‬ ‭
não‬ ‭
me‬ ‭
querem‬ ‭
ouvir‬ ‭
os‬ ‭
homens,‬ ‭
ouçam-me‬ ‭
os‬
‭
peixes”.‬
‭
Qual é a solução indicada quando o público ignora o pregador?‬
‭
Quais‬ ‭
os‬ ‭
dois‬ ‭
motivos‬ ‭
pelo‬ ‭
qual‬ ‭
Santo‬ ‭
António‬ ‭
representa‬ ‭
um‬ ‭
exemplo‬ ‭
para‬ ‭
António‬
‭
Vieira?‬
‭
António‬‭
Vieira‬‭
faz‬‭
questão‬‭
de‬‭
enaltecer‬‭
a‬‭
figura‬‭
de‬‭
Santo‬‭
António‬
‭
,‬‭
comparativemente‬‭
aos‬
‭
outros‬ ‭
doutores‬ ‭
da‬ ‭
Igreja,‬ ‭
afirmando‬ ‭
que‬ ‭
este‬ ‭
santo‬ ‭
“foi‬ ‭
sal‬ ‭
da‬‭
terra,‬‭
e‬‭
foi‬‭
sal‬‭
do‬‭
mar”‬
‭
,‬
‭
enquato “os outros Santos Doutores da Igreja foram sal da terra” (apenas).‬
‭
Os principais motivos são:‬
‭
1º‬‭
motivo:‬‭
prende-se‬‭
com‬‭
o‬‭
facto‬‭
de‬‭
ser‬‭
o‬‭
dia‬‭
de‬‭
Santo‬‭
António,‬‭
sendo‬‭
digno‬‭
de‬‭
exemplo‬
‭
para qualquer católico.‬
‭
2º‬ ‭
motivo:‬ ‭
relaciona-se‬ ‭
com‬ ‭
o‬ ‭
desprezo‬ ‭
a‬ ‭
que‬ ‭
foi‬ ‭
votado‬ ‭
o‬ ‭
mesmo‬ ‭
Santo‬ ‭
por‬ ‭
parte‬ ‭
da‬
‭
população,‬‭
existindo‬‭
a‬‭
narrativa‬‭
de‬‭
que‬‭
certo‬‭
dia,‬‭
virou‬‭
as‬‭
costas‬‭
ao‬‭
povo‬‭
para‬‭
pregar‬‭
aos‬
‭
peixes.‬
‭
Viera‬ ‭
refere‬ ‭
também‬ ‭
que‬ ‭
se‬ ‭
sente‬ ‭
próximo‬ ‭
do‬ ‭
santo,‬ ‭
porque‬‭
as‬‭
suas‬‭
palavras‬‭
têm‬‭
“tido‬
‭
nesta‬‭
terra‬‭
uma‬‭
fortuna‬‭
tão‬‭
parecida‬‭
à‬‭
de‬‭
Santo‬‭
António‬‭
em‬‭
Arimino”,‬‭
o‬‭
que‬‭
o‬‭
leva‬‭
a‬‭
atuar‬
‭
como o seu mentor‬
‭
, ou seja, a pregar aos peixes e‬‭
não aos homens.‬
‭
Qual é a pertinência da invocação feita no parágrafo final deste capítulo?‬
‭
⤷ o orador invoca o auxílio do divino para a exposição de ideias‬
‭
Vieira‬ ‭
termina‬ ‭
o‬ ‭
Exórdio‬ ‭
com‬ ‭
a‬ ‭
perceção‬ ‭
de‬ ‭
que‬ ‭
as‬ ‭
suas‬ ‭
palavras‬‭
“tido‬‭
nesta‬‭
terra‬‭
uma‬
‭
fortuna‬‭
tão‬‭
parecida‬‭
à‬‭
de‬‭
Santo‬‭
António‬‭
em‬‭
Arimino”,‬‭
e‬‭
por‬‭
isso,‬‭
decide,‬‭
à‬‭
imitação‬‭
de‬‭
Santo‬
‭
António voltar-se para o mar e para os peixes pregar, já que os da Terra não o ouvem.‬
‭
Desta forma, o capítulo termina com uma Invocação a Maria, a Senhora do mar.‬
‭
➔‬ ‭
Por‬‭
um‬‭
lado,‬‭
porque‬‭
o‬‭
assunto‬‭
é‬‭
“desusado”,‬‭
ou‬‭
seja,‬‭
não‬‭
está‬‭
habituado‬‭
a‬‭
falar‬‭
com‬
‭
os‬‭
peixes‬
‭
,‬‭
logo‬‭
necessita‬‭
de‬‭
uma‬‭
inspiração‬‭
especial‬‭
(“espero‬‭
que‬‭
me‬‭
não‬‭
falte‬‭
com‬
‭
a costumada graça”).‬
‭
➔‬ ‭
Em‬ ‭
segundo‬ ‭
lugar,‬ ‭
porque‬ ‭
o‬ ‭
nome‬ ‭
Maria‬ ‭
significa‬ ‭
“Senhora‬ ‭
do‬ ‭
mar”‬
‭
,‬ ‭
o‬ ‭
que‬ ‭
se‬
‭
adequa ao facto de Vieira se encontrar junto do mar.‬
‭
Exposição e confirmação (capítulo II ao V):‬
‭
⤷referência às obrigações do sal; indicação das virtudes dos peixes; crítica aos homens.‬
‭
Importante:‬ ‭
a‬ ‭
partir‬ ‭
do‬ ‭
capítulo‬ ‭
II‬ ‭
todo‬ ‭
o‬ ‭
sermão‬ ‭
é‬ ‭
uma‬ ‭
alegoria‬ ‭
porque‬ ‭
os‬‭
peixes‬‭
são‬
‭
metáfora‬ ‭
dos‬ ‭
Homens.‬ ‭
As‬ ‭
suas‬ ‭
virtudes‬ ‭
são,‬ ‭
por‬ ‭
contraste,‬ ‭
metáforas‬ ‭
dos‬ ‭
defeitos‬ ‭
dos‬
‭
Homens.‬‭
O pregador fala aos peixes, mas o alvo é o‬‭
Homem‬
‭
.‬
‭
Capítulo II (“Louvores aos peixes em geral”):‬
‭
Como se inicía este capítulo?‬
‭
●‬ ‭
No‬‭
primeiro‬‭
parágrafo‬‭
deste‬‭
capítulo,‬‭
o‬‭
orador‬‭
afirma‬‭
que‬‭
nunca‬‭
teve‬‭
pior‬‭
auditório‬
‭
do‬‭
que‬‭
os‬‭
peixes‬
‭
,‬‭
porque‬‭
estes‬‭
não‬‭
se‬‭
convertem‬‭
(“serem‬‭
gente‬‭
os‬‭
peixes‬‭
que‬‭
se‬‭
não‬
‭
há‬‭
de‬‭
converter”),‬‭
mas‬‭
já‬‭
está‬‭
habituado‬‭
porque‬‭
os‬‭
seres‬‭
humanos‬‭
também‬‭
não‬‭
se‬
‭
querem‬‭
converter,‬‭
isto‬‭
é,‬‭
não‬‭
aceitam‬‭
os‬‭
ensinamentos‬‭
do‬‭
pregador‬‭
(no‬‭
sentido‬‭
de‬
‭
se purificarem).‬
‭
●‬ ‭
Apesar‬‭
disto,‬‭
afirma‬‭
que‬‭
os‬‭
mesmos‬‭
apresentam‬‭
boas‬‭
qualidades‬
‭
,‬‭
tais‬‭
como,‬‭
o‬‭
facto‬
‭
de‬‭
não‬‭
falarem‬‭
e‬‭
não‬‭
ouvirem‬
‭
,‬‭
logo‬‭
são‬‭
o‬‭
auditório‬‭
ideal,‬‭
pois‬‭
estão‬‭
muito‬‭
atentos,‬
‭
a acompanhar tudo o que está a ser dito‬
‭
.‬
‭
↓‬
‭
●‬ ‭
Após‬ ‭
isto,‬ ‭
António‬ ‭
Vieira‬ ‭
retoma‬ ‭
o‬ ‭
conceito‬ ‭
predicável,‬ ‭
referindo‬ ‭
novamente‬ ‭
as‬
‭
propriedades‬ ‭
do‬ ‭
“sal”‬ ‭
e‬ ‭
por‬ ‭
sua‬ ‭
vez‬ ‭
as‬ ‭
propriedades‬ ‭
das‬ ‭
pregações‬ ‭
de‬ ‭
Santo‬
‭
António‬
‭
:‬
‭
Propriedades do sal: -‬‭
conservar o são‬
‭
;‬
‭
-‬‭
preservar o são do mal‬
‭
, para que não‬‭
se corrompta.‬
‭
Estas mesmas propriedades possuíam as pregações de Santo António (Vieira afirma‬
‭
que todos os pregadores as deveriam ter):‬
‭
-‬‭
Louvar o bem‬‭
para‬‭
conservá-lo;‬
‭
-‬‭
Repreender o mal‬
‭
:‬‭
louvar o bem para o preservar‬
‭
.‬
‭
↓‬
‭
●‬ ‭
Depois‬ ‭
disto,‬ ‭
António‬ ‭
Vieira‬ ‭
faz‬ ‭
questão‬ ‭
de‬ ‭
referir‬ ‭
como‬ ‭
irá‬ ‭
fazer‬ ‭
a‬ ‭
divisão‬ ‭
do‬
‭
Sermão‬
‭
:‬
‭
1º louvar as virtudes/qualidades;‬
‭
2º repreender os vícios.‬
‭
↓‬
‭
●‬ ‭
Louvores em geral (qualidades e virtudes dos peixes):‬
‭
-‬‭
ouvem‬‭
e‬‭
não falam‬
‭
;‬
‭
- foram os‬‭
primeiros seres que Deus criou‬‭
(“vós fostes‬‭
os primeiros que Deus‬
‭
criou”);‬
‭
-‬‭
são‬‭
melhores‬‭
que‬‭
os‬‭
homens‬‭
(“e‬‭
nas‬‭
provisões‬‭
(...)‬‭
os‬‭
primeiros‬‭
nomeados‬
‭
foram os peixes”);‬
‭
-‬‭
existem‬‭
em‬‭
maior‬‭
número‬‭
(“entre‬‭
todos‬‭
os‬‭
animais‬‭
do‬‭
mundo,‬‭
os‬‭
peixes‬‭
são‬
‭
os mais e os maiores”);‬
‭
-‬‭
vivem‬‭
afastados‬‭
dos‬‭
homens‬
‭
,‬‭
longe‬‭
dos‬‭
corrompidos‬‭
e‬‭
corruptores‬
‭
:‬‭
“e‬‭
não‬
‭
há‬‭
nenhum‬‭
tão‬‭
grande,‬‭
que‬‭
se‬‭
fie‬‭
do‬‭
homem,‬‭
nem‬‭
tão‬‭
pequeno‬‭
que‬‭
não‬‭
fuja‬
‭
dele.”)‬‭
O‬‭
que‬‭
lhes‬‭
permite‬‭
a‬‭
proximidade‬‭
com‬‭
Deus‬
‭
,‬‭
porque‬‭
estes‬‭
se‬‭
afastam‬
‭
dos vícios mundanos‬
‭
.‬
‭
-‬ ‭
revelam‬ ‭
obediência‬
‭
,‬ ‭
atenção‬
‭
,‬ ‭
respeito‬ ‭
e‬ ‭
devoção‬ ‭
com‬ ‭
que‬ ‭
ouviram‬ ‭
a‬
‭
pregação de Santo António‬
‭
;‬
‭
-‬‭
não‬‭
se‬‭
deixam‬‭
domesticar‬‭
(“só‬‭
eles‬‭
entre‬‭
todos‬‭
os‬‭
animais‬‭
se‬‭
naõ‬‭
domam‬
‭
nem domesticam”):‬
‭
-‬ ‭
escaparam‬ ‭
todos‬ ‭
do‬ ‭
dilúvio‬ ‭
porque‬ ‭
não‬‭
tinham‬‭
pecado‬
‭
,‬‭
ou‬‭
seja,‬‭
apenas‬
‭
eles‬ ‭
se‬ ‭
mantiveram‬ ‭
puros‬ ‭
porque‬ ‭
ficaram‬ ‭
longe‬ ‭
do‬ ‭
homem‬ ‭
e‬ ‭
da‬ ‭
sua‬
‭
corrupção‬‭
(linhas 54-58);‬
‭
↓‬
‭
Os‬ ‭
peixes‬ ‭
não‬ ‭
foram‬ ‭
castigados‬ ‭
por‬ ‭
Deus‬ ‭
no‬ ‭
dilúvio‬
‭
,‬ ‭
sendo,‬ ‭
por‬ ‭
isso,‬
‭
exemplo‬‭
para‬‭
os‬‭
homens‬‭
que‬‭
pouco‬‭
ouvem‬‭
e‬‭
muito‬‭
falam‬
‭
,‬‭
pouco‬‭
respeito‬‭
têm‬‭
pela‬
‭
palavra de Deus‬
‭
.‬
‭
Evidencia-se‬‭
que‬‭
os‬‭
animais‬‭
que‬‭
convivem‬‭
com‬‭
os‬‭
homens‬‭
foram‬‭
castigados‬
‭
,‬
‭
estão domados e domesticados, sem liberdade.‬
‭
↓‬
‭
●‬ ‭
Ao apresentar as qualidades dos peixes, o pregador enumera, implícita e‬
‭
explicitamente, os defeitos dos homens:‬
‭
-‬‭
deslumbramento face à adulação‬
‭
- “mas isto é lá‬‭
para os homens, que se‬
‭
deixam levar destas vaidades, e é também para os lugares em que tem lugar a‬
‭
adulação”.‬
‭
- o‬‭
exibicionismo‬‭
e a‬‭
vaidade‬
‭
- “longe dos homens‬‭
e fora dessas cortesanias”‬
‭
-‬‭
corruptos‬‭
(linhas 54-58);‬
‭
-‬‭
presunçosos‬‭
e‬‭
violentos‬
‭
;‬
‭
-‬
‭
falam muito‬
‭
, mas‬‭
pouco ouvem‬
‭
.‬
‭
Importante:‬
‭
●‬ ‭
A‬ ‭
glorificação‬ ‭
dos‬‭
peixes‬‭
e‬‭
a‬‭
crítica‬‭
aos‬‭
homens‬‭
é‬‭
ilustrada‬‭
por‬‭
exemplos‬‭
bíblicos.‬
‭
Também‬ ‭
é‬ ‭
fundamentada‬ ‭
em‬ ‭
referências‬ ‭
a‬ ‭
Aristóteles‬ ‭
e‬ ‭
Santo‬ ‭
Ambrósio‬
‭
,‬ ‭
que‬
‭
reforçam a argumentação.‬
‭
●‬ ‭
O‬ ‭
capítulo‬ ‭
termina‬ ‭
com‬ ‭
um‬ ‭
novo‬ ‭
apelo‬ ‭
aos‬ ‭
peixes‬‭
para‬‭
que‬‭
sigam‬‭
o‬‭
exemplo‬‭
de‬
‭
Santo‬‭
António‬
‭
,‬‭
que‬‭
tudo‬‭
deixou,‬‭
a‬‭
sua‬‭
cidade‬‭
e‬‭
o‬‭
seu‬‭
país,‬‭
alterando‬‭
a‬‭
sua‬‭
própria‬
‭
identidade‬‭
e‬‭
o‬‭
seu‬‭
saber,‬‭
ou‬‭
seja,‬‭
para‬‭
se‬‭
manterem‬‭
afastados‬‭
dos‬‭
homens‬
‭
.‬‭
(Santo‬
‭
António “quanto mais buscava Deus, tanto mais fugia dos Homens”).‬
‭
Capítulo III (“Louvores aos peixes em particular”):‬
‭
Como se inicía este capítulo?‬
‭
Neste capítulo apresentam-se as virtudes de alguns peixes em particular:‬
‭
Peixe Tobias‬
‭
:‬
‭
Traços caracterizadores:‬
‭
- Simboliza a bondade;‬
‭
-‬‭
Representa‬‭
o‬‭
poder‬‭
purificador‬‭
da‬‭
palavra‬‭
de‬‭
Deus‬
‭
-‬‭
entranhas‬‭
sagradas‬
‭
(‬
‭
fel‬ ‭
que‬ ‭
cura‬ ‭
a‬ ‭
cegueira‬ ‭
e‬ ‭
coração‬ ‭
que‬ ‭
afasta‬ ‭
os‬ ‭
demónios‬
‭
):‬ ‭
respeito‬ ‭
e‬
‭
aceitação da doutrina divina‬
‭
Alegoria e crítica social:‬ ‭
Desrespeito pela doutrina divina, heresia.‬
‭
Analogia com os humanos:‬
‭
Vieira‬ ‭
retorna‬ ‭
à‬ ‭
figura‬ ‭
de‬ ‭
Santo‬‭
António‬
‭
,‬‭
referindo‬‭
que‬‭
as‬‭
suas‬‭
palavras‬
‭
tinham‬ ‭
o‬ ‭
mesmo‬ ‭
poder‬ ‭
que‬ ‭
as‬ ‭
vísceras‬ ‭
do‬ ‭
peixe‬
‭
,‬ ‭
uma‬ ‭
vez‬ ‭
que,‬ ‭
se‬ ‭
os‬
‭
homens‬ ‭
lhe‬ ‭
abrissem‬‭
os‬‭
seus‬‭
corações,‬‭
António‬‭
tirar-lhes-ia‬‭
as‬‭
cegueiras‬
‭
(falta de fé) e livrá-los-ia dos demónios (limpar-lhes-ia a alma).‬
‭
A Rémora‬
‭
:‬
‭
Traços caracterizadores:‬
‭
-‬‭
Pequena,‬‭
mas‬‭
com‬‭
enorme‬‭
força‬‭
e‬‭
poder‬‭
na‬‭
língua‬
‭
,‬‭
pois‬‭
quando‬‭
se‬‭
cola‬
‭
ao‬ ‭
leme‬ ‭
das‬ ‭
naus‬ ‭
da‬‭
Índia,‬‭
consegue,‬‭
apesar‬‭
do‬‭
seu‬‭
diminuto‬‭
tamanho,‬
‭
mudar-lhes o rumo‬
‭
:‬‭
moderação e refreamento dos apetites‬
‭
;‬
‭
-‬‭
Simboliza‬‭
a‬‭
força‬‭
e‬‭
o‬‭
poder‬‭
que‬‭
a‬‭
palavra‬‭
(“a‬‭
língua”‬‭
de‬‭
Santo‬‭
António)‬‭
do‬
‭
pregador‬‭
tem‬‭
para‬‭
ser‬‭
guia‬‭
das‬‭
almas‬‭
-‬‭
pequeno‬‭
no‬‭
corpo,‬‭
mas‬‭
grande‬‭
na‬
‭
força, pelo poder orientador e controlador.‬
‭
-Representa, desta forma, persistência e força.‬
‭
Alegoria e crítica social:‬
‭
Os‬‭
homens‬‭
não‬‭
souberam‬‭
dar‬‭
valor‬‭
ao‬‭
poder‬‭
a‬‭
à‬‭
força‬‭
da‬‭
palavra‬‭
(língua)‬
‭
de‬ ‭
Santo‬ ‭
António‬ ‭
que‬ ‭
domou‬ ‭
a‬ ‭
fúria‬ ‭
das‬ ‭
paixões‬ ‭
humanas‬ ‭
(‬
‭
paixões‬ ‭
e‬
‭
pecados:‬‭
soberba,‬‭
vingança,‬‭
cubiça‬‭
e‬‭
sensualidade)‬‭
impedindo‬‭
as‬‭
pessoas‬
‭
de caírem nas mais variadas desgraças‬‭
(naufrágios).‬
‭
Analogia com os humanos:‬
‭
Também‬ ‭
as‬ ‭
palavras‬ ‭
(“língua")‬ ‭
de‬ ‭
Santo‬ ‭
António‬ ‭
foram‬ ‭
uma‬ ‭
rémora‬ ‭
na‬
‭
terra‬
‭
,‬‭
porque‬‭
conseguiram‬‭
“domar‬‭
a‬‭
fúria‬‭
das‬‭
paixões‬‭
humanas”‬‭
através‬
‭
da sua doutrina.‬‭
(guiar homens para o bem, para evitar‬‭
que sucumbam às diversas desgraças).‬
‭
Vieira‬ ‭
continua‬ ‭
o‬ ‭
seu‬ ‭
discurso‬ ‭
alegórico,‬ ‭
apresentando‬ ‭
exemplos‬ ‭
que‬
‭
confirmam a afirmação anterior:‬
‭
●‬ ‭
a‬‭
nau‬‭
Soberba‬
‭
,‬‭
com‬‭
as‬‭
velas‬‭
inchadas‬‭
de‬‭
vento,‬‭
não‬‭
se‬‭
desfez‬‭
nos‬
‭
rochedos, porque as palavras de António a salvaram;‬
‭
●‬ ‭
a‬‭
nau‬‭
Vingança‬
‭
,‬‭
repleta‬‭
de‬‭
ira‬‭
e‬‭
de‬‭
ódio,‬‭
encontrou‬‭
a‬‭
paz‬‭
através‬
‭
das palavras do santo;‬
‭
●‬ ‭
a‬‭
nau‬‭
Cobiça‬
‭
,‬‭
sobrecarregada‬‭
com‬‭
uma‬‭
“carga‬‭
injusta”,‬‭
foi‬‭
salva‬‭
das‬
‭
garras dos corsários pela ação de Santo António;‬
‭
●‬ ‭
a‬‭
nau‬‭
Sensualidade‬
‭
,‬‭
perdida‬‭
na‬‭
cerração‬‭
e‬‭
na‬‭
noite,‬‭
iludida‬‭
pelos‬
‭
cantos‬ ‭
das‬ ‭
sereias,‬ ‭
encontrou‬ ‭
a‬ ‭
salvação,‬ ‭
seguindo‬ ‭
a‬ ‭
luz‬ ‭
das‬
‭
palavras do santo.‬
‭
O Torpedo‬
‭
:‬
‭
Traços caracterizadores:‬
‭
-‬‭
Produz‬‭
descarvas‬‭
elétricas‬
‭
,‬‭
para‬‭
se‬‭
proteger‬‭
do‬‭
seu‬‭
pescador,‬‭
pois‬‭
fazem‬
‭
tremer o braço do pescador que o tenta capturar;‬
‭
-‬ ‭
A‬ ‭
descarga‬ ‭
elétrica‬ ‭
simboliza‬ ‭
a‬ ‭
palavra‬ ‭
de‬ ‭
Deus‬
‭
,‬ ‭
que‬ ‭
deveria‬‭
abalar‬‭
a‬
‭
consciência dos homens‬
‭
- poder persuasivo‬
‭
Alegoria e crítica social:‬
‭
-‬‭
Obstinados no seu caminho incorreto‬
‭
;‬
‭
-‬ ‭
Os‬ ‭
homens,‬ ‭
“pescadores‬ ‭
na‬ ‭
terra”,‬ ‭
não‬ ‭
temem‬ ‭
a‬ ‭
Deus‬ ‭
porque‬ ‭
são‬
‭
ambiciosos‬‭
e‬‭
não‬‭
se‬‭
deixam‬‭
converter‬‭
ao‬‭
caminho‬‭
correto‬
‭
.‬‭
No‬‭
entanto,‬‭
22‬
‭
pescadores‬ ‭
destes‬ ‭
tremeram‬ ‭
ouvindo‬ ‭
as‬ ‭
palavras‬ ‭
de‬ ‭
Santo‬ ‭
António‬ ‭
e‬
‭
converteram-se, ou seja, este peixe representa a conversão.‬
‭
-‬ ‭
Na‬ ‭
terra,‬ ‭
os‬ ‭
juízes,‬ ‭
os‬ ‭
militares,‬ ‭
etc.‬
‭
,‬ ‭
“‬
‭
pescam‬
‭
”‬ ‭
muito,‬ ‭
tiram‬
‭
proveito/usuroam‬‭
os‬‭
outros‬
‭
,‬‭
mas‬‭
n‬
‭
ão‬‭
“tremem”‬
‭
,‬‭
ou‬‭
seja,‬‭
não‬‭
manifestam‬
‭
qualquer‬ ‭
arrependimento‬
‭
,‬ ‭
logo‬ ‭
não‬ ‭
dão‬ ‭
indícios‬ ‭
de‬ ‭
pretenderem‬
‭
converterem-se‬
‭
.‬
‭
Analogia com os humanos:‬
‭
A‬ ‭
descarga‬ ‭
elétrica‬ ‭
simboliza‬ ‭
a‬ ‭
palavra‬ ‭
de‬ ‭
Deus‬
‭
,‬ ‭
que‬ ‭
deveria‬ ‭
abalar‬ ‭
a‬
‭
consciência‬‭
dos‬‭
homens‬
‭
.‬‭
Assim,‬‭
22‬‭
pescadores‬‭
destes‬‭
tremeram‬‭
ouvindo‬
‭
as palavras de Santo António‬‭
e‬‭
converteram-se‬
‭
.‬
‭
Quatro- olhos‬
‭
:‬
‭
Traços caracterizadores:‬
‭
-‬‭
Possuiu‬‭
quatro‬‭
olhos‬‭
(‬
‭
2‬‭
para‬‭
cima-‬‭
céu‬‭
/‬‭
2‬‭
para‬‭
baixo-inferno‬
‭
)-‬‭
vigiam‬‭
os‬
‭
predadores do ar e vigiam os predadores do mar‬
‭
-‬‭
Representa‬‭
a‬‭
capacidade‬‭
de‬‭
discernimento,‬‭
ou‬‭
seja,‬‭
de‬‭
distinguir‬‭
o‬‭
bem‬
‭
do mal (Céu/Inferno).‬
‭
-‬‭
Simboliza‬‭
a‬‭
prudência‬‭
que‬‭
os‬‭
cristãos‬‭
devem‬‭
ter‬
‭
,‬‭
afastando‬‭
os‬‭
olhos‬‭
da‬
‭
vaidade‬‭
terrena‬
‭
-‬‭
dois‬‭
olhos‬‭
olham‬‭
para‬‭
cima‬
‭
,‬‭
considerando‬‭
que‬‭
há‬‭
Céu‬‭
e‬
‭
os outros‬‭
dois para baixo‬
‭
, para se lembrarem que há‬‭
Inferno.‬
‭
Alegoria e crítica social:‬
‭
-‬
‭
Incapacidade de discernimento‬
‭
;‬
‭
-‬
‭
Atenção‬‭
ao‬‭
céu‬‭
e‬‭
apreensão‬‭
ao‬‭
inferno‬
‭
,‬‭
já‬‭
que‬‭
os‬‭
homens‬‭
se‬‭
esquecem‬
‭
que há Céu (em cima) e Inferno (em baixo).‬
‭
Analogia com os humanos:‬
‭
O‬ ‭
peixe‬ ‭
ensinou‬ ‭
(“doutrina‬ ‭
que‬ ‭
me‬ ‭
pregou”)‬‭
o‬‭
pregador‬‭
(Padre‬‭
António‬
‭
Vieira)‬ ‭
a‬ ‭
orientar‬ ‭
as‬ ‭
suas‬ ‭
ações‬ ‭
sabendo‬ ‭
que‬ ‭
há‬ ‭
Céu‬ ‭
(cima)‬ ‭
e‬ ‭
que‬ ‭
há‬
‭
Inferno‬‭
(baixo)‬
‭
,‬‭
logo,‬‭
ensinou-o‬‭
que‬‭
com‬‭
prudência‬‭
deve‬‭
defender-se‬‭
dos‬
‭
diferentes tipos de males‬‭
e‬‭
praticar o bem‬
‭
.‬
‭
Capítulo IV (“Repreensões aos peixes em geral”):‬
‭
Como se inicía este capítulo?‬
‭
A‬‭
frase‬‭
inicial‬‭
deste‬‭
capítulo‬‭
funciona‬‭
como‬‭
uma‬‭
charneira‬‭
que‬‭
estabelece‬‭
a‬‭
ligação‬‭
entre‬
‭
dois‬ ‭
momentos‬ ‭
diferentes‬ ‭
do‬ ‭
sermão‬
‭
:‬ ‭
o‬ ‭
anterior,‬ ‭
em‬ ‭
que‬ ‭
se‬ ‭
louvaram‬ ‭
as‬ ‭
virtudes‬ ‭
dos‬
‭
peixes‬
‭
, e o‬‭
posterior, em que se apontarão os seus‬‭
defeitos‬
‭
.‬
‭
➔‬ ‭
Sendo‬ ‭
o‬ ‭
sermão‬‭
alegórico‬
‭
,‬‭
o‬‭
tema‬‭
deste‬‭
capítulo‬‭
é‬‭
o‬‭
da‬‭
exploração‬‭
dos‬‭
pobres‬‭
e‬
‭
indefesos‬‭
pelos‬‭
poderosos e prepotentes‬
‭
, a‬‭
antropofagia‬‭
social‬
‭
.‬
‭
↓‬
‭
Nos‬ ‭
10‬ ‭
primeiros‬ ‭
parágrafos,‬ ‭
que‬ ‭
constituem‬ ‭
o‬ ‭
ponto‬ ‭
alto‬ ‭
deste‬ ‭
sermãos,‬ ‭
aponta-se‬ ‭
o‬
‭
terrível‬ ‭
defeito‬ ‭
que‬ ‭
os‬ ‭
peixe/homens‬ ‭
têm‬ ‭
de‬ ‭
se‬ ‭
comerem‬ ‭
(explorarem)‬ ‭
uns‬ ‭
aos‬ ‭
outros‬
‭
devido à sua cobiça desmedida, o que prova a sua crueladde, maldade e injustiça:‬
‭
- Os‬‭
peixes‬
‭
, sendo todos‬‭
irmãos‬‭
e‬‭
vivendo no mesmo‬‭
elemento‬
‭
, comem-se uns aos‬
‭
outros-‬‭
Ictiofagia‬
‭
- Os‬‭
peixes grandes comem os pequenos‬‭
(1º parágrafo);‬
‭
- Andam sempre à procura de‬‭
como se hão de comer‬‭
(2º parágrafo);‬
‭
-São‬‭
ignorantes‬‭
e‬‭
cegos‬
‭
, deixando-se‬‭
enganar facilmente‬‭
por qualquer isco‬‭
(ll.78-85)‬
‭
↓‬
‭
Para‬ ‭
mostrar‬ ‭
aos‬ ‭
peixes‬ ‭
quão‬ ‭
maldoso‬‭
é‬‭
o‬‭
seu‬‭
pecado‬‭
(de‬‭
se‬‭
comerem‬‭
uns‬‭
aos‬‭
outros),‬
‭
decide‬‭
recorrer‬‭
ao‬‭
exemplo‬‭
dos‬‭
homens‬
‭
.‬‭
Os‬‭
peixes‬‭
são,‬‭
então,‬‭
convidados‬‭
a‬‭
olhar‬‭
para‬‭
a‬
‭
terra,‬‭
não‬‭
para‬‭
os‬‭
matos‬‭
(oque‬‭
seria‬‭
previsível,‬‭
visto‬‭
que‬‭
a‬‭
antropofagia‬‭
não‬‭
deveria‬‭
se‬‭
uma‬
‭
prática comum entre homens “civilizados”),‬‭
mas para‬‭
a cidade‬
‭
.‬
‭
Desse modo, poderão constatar nos homens os seus próprios defeitos, nomeadamente o‬
‭
modo como se comem, ou seja, o modo como se exploram uns aos outros.‬

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Sermão de Santo António aos Peixes- Resumos

  • 1. ‭ Português‬ ‭ Visão global e estrutura argumentativa do Sermão‬ ‭ No que consiste um sermão?‬ ‭ O‬‭ Sermão‬‭ é‬‭ um‬‭ gênero‬‭ de‬‭ cunho‬‭ religioso‬ ‭ ,‬‭ que‬‭ tem‬‭ como‬‭ objetivo‬‭ persuadir‬‭ os‬‭ ouvintes‬‭ a‬ ‭ respeito‬‭ de‬‭ uma‬‭ determinada‬‭ ideologia‬ ‭ ,‬‭ por‬‭ meio‬‭ do‬‭ discurso‬‭ de‬‭ autoridade‬‭ ancorado‬‭ em‬ ‭ livros sagrados ou em dogmas religiosos‬‭ e da‬‭ oratória‬‭ do religioso que o profere‬ ‭ .‬ ‭ Um sermão é um texto argumentativo em que o pregador se dirige ao auditório com uma‬ ‭ intenção persuasiva, pois pretende convencer os ouvintes da validade das suas ideias e‬ ‭ levá-los à ação.‬ ‭ -‬‭ O‬‭ sermão‬‭ cristão‬‭ partia,‬‭ tradicionalmente‬ ‭ de‬ ‭ um‬ ‭ conceito‬ ‭ predicável‬ ‭ ,‬ ‭ uma‬ ‭ citação‬ ‭ biblíca‬ ‭ que‬ ‭ anuncia‬ ‭ o‬ ‭ tema‬ ‭ que‬ ‭ será‬ ‭ desenvolvido e retomado ao longo do texto.‬ ‭ Contexto do “Sermão de Santo António [aos Peixes]”:‬ ‭ ➔‬ ‭ Quem pregou:‬‭ Padre António Vieira‬ ‭ ➔‬ ‭ Local:‬‭ São Luís do Maranhão (Nordeste do Brasil)‬ ‭ ➔‬ ‭ Data:‬ ‭ 13‬ ‭ de‬ ‭ junho‬ ‭ de‬ ‭ 1654,‬ ‭ dia‬ ‭ de‬ ‭ Santo‬ ‭ António‬ ‭ -‬ ‭ “Três‬ ‭ dias‬‭ antes‬‭ de‬‭ embarcar‬ ‭ ocultamente para o Reino, a procurar remédio da Salvação dos índios.”‬ ‭ ➔‬ ‭ Para quem:‬‭ Ouvintes de São Luís do Maranhão (colonos‬‭ e as suas famílias)‬ ‭ ➔‬ ‭ Contexto‬‭ do‬‭ sermão:‬‭ no‬‭ contexto‬‭ da‬‭ luta‬‭ de‬‭ Vieira‬‭ pela‬‭ libertação‬‭ dos‬‭ índios‬ ‭ ,‬‭ ou‬‭ seja,‬ ‭ defesa‬ ‭ dos‬ ‭ direitos‬ ‭ dos‬ ‭ indígenas‬ ‭ brasileiros‬ ‭ contra‬‭ a‬‭ exploração‬‭ e‬‭ escravidão‬‭ por‬ ‭ parte dos colonos‬‭ (‬ ‭ crítica dos comportamentos dos‬‭ colonos portugueses‬ ‭ ).‬ ‭ ↓‬ ‭ A‬‭ reação dos colonos foi tão negativa‬‭ que ele teve‬‭ de‬‭ partir clandestinamente para‬ ‭ Lisboa‬‭ pouco depois da sua pregação.‬ ‭ ➔‬ ‭ Objetivos‬ ‭ do‬ ‭ sermão:‬ ‭ alertar‬ ‭ a‬ ‭ consciência‬ ‭ do‬ ‭ auditório‬ ‭ de‬ ‭ maneira‬ ‭ a‬ ‭ conduzir‬ ‭ à‬ ‭ reflexão e evitar o mal e preservar o bem.‬ ‭ ➔‬ ‭ Período literário:‬‭ Barroco (fim do séc. XVI- início‬‭ do séc. XVIII).‬
  • 2. ‭ ➔‬ ‭ Género literário:‬‭ sermão (âmbito religioso).‬ ‭ Como é a estrutura externa?‬ ‭ O “Sermão de Santo António [aos Peixes]” é constituído por‬‭ 6 capítulos‬ ‭ .‬ ‭ Como é a estrutura interna?‬ ‭ Trata-se de uma estrutura tripartida:‬ ‭ ●‬ ‭ Exórdio‬‭ (introdução);‬ ‭ ●‬ ‭ Exposição e confirmação‬‭ (desenvolvimento);‬ ‭ ●‬ ‭ Peroração/epíologo‬‭ (conclusão).‬ ‭ Exórdio:‬ ‭ Capítulo‬ ‭ I‬ ‭ -‬ ‭ apresentação‬ ‭ do‬ ‭ tema‬ ‭ que‬ ‭ vai‬ ‭ ser‬ ‭ tratado‬ ‭ no‬ ‭ sermão‬ ‭ ,‬ ‭ a‬ ‭ partir‬ ‭ do‬ ‭ conceito‬ ‭ predicável‬‭ (“Vóis‬‭ sois‬‭ o‬‭ sal‬‭ da‬‭ terra”)‬‭ e‬‭ das‬‭ ideias‬‭ a‬‭ defender‬‭ e‬‭ que,‬‭ geralmente,‬‭ termina‬‭ com‬ ‭ uma‬‭ breve‬‭ oração,‬‭ invocando‬‭ a‬‭ Virgem.‬‭ Esta‬‭ parte‬‭ reveste-se‬‭ de‬‭ grande‬‭ importância‬‭ dado‬ ‭ que é o‬‭ primeiro passo para captar a atenção‬‭ e‬‭ benevolência‬‭ dos ouvintes‬ ‭ .‬ ‭ ↓‬ ‭ Apresentação do tema do Sermão:‬ ‭ corrupção na terra;‬ ‭ Ponto de partida do Sermão:‬ ‭ conceito predicável (“Vóis sois o sal da terra”);‬ ‭ Homenagem e elogio a Santo António:‬ ‭ exemplo de pregador a seguir;‬ ‭ Invocação a Nossa Senhora do Mar:‬ ‭ pedido de inspiração.‬ ‭ Nota:‬ ‭ Conceito‬ ‭ predicável‬ ‭ -‬ ‭ expressão‬ ‭ retirada‬ ‭ das‬ ‭ Sagradas‬ ‭ Escrituras‬ ‭ que‬ ‭ encerra‬ ‭ uma‬ ‭ determinada‬ ‭ verdade‬ ‭ , e que vai servir de‬‭ mote ao sermão‬ ‭ .‬ ‭ Exposição e confirmação:‬ ‭ Capítulo‬ ‭ II‬ ‭ a‬ ‭ V‬ ‭ -‬ ‭ Retoma‬ ‭ a‬ ‭ explicitação‬ ‭ do‬ ‭ assunto,‬ ‭ com‬ ‭ uma‬ ‭ breve‬ ‭ explicitação‬ ‭ da‬ ‭ organização‬ ‭ do‬ ‭ discurso;‬ ‭ desenvolvimento‬ ‭ e‬ ‭ enumeração‬ ‭ dos‬ ‭ argumentos,‬ ‭ contraargumentos,‬‭ seguidos‬‭ de‬‭ exemplos‬‭ e/ou‬‭ citações.‬‭ A‬‭ exposição‬‭ situa-se‬‭ desde‬‭ o‬‭ início‬
  • 3. ‭ do‬‭ capítulo‬‭ II‬‭ até‬ ‭ “...‬‭ Santo‬‭ António‬‭ abria‬‭ a‬‭ sua‬‭ (boca)‬‭ contra‬‭ os‬‭ que‬‭ não‬‭ se‬‭ queriam‬‭ lavar.”,‬ ‭ no‬‭ capítulo‬‭ III;‬‭ e‬‭ a‬‭ confirmação‬‭ começa‬‭ a‬‭ partir‬‭ de‬‭ “Ah‬‭ moradores‬‭ do‬‭ Maranhão,‬‭ enquanto‬ ‭ eu vos pudera agora dizer neste caso!” e termina no final do capítulo V.‬ ‭ Louvores‬ ‭ aos‬ ‭ Capítulo II‬ ‭ -‬‭ Virtudes elogiadas em geral‬ ‭ :‬ ‭ -‬‭ Obediência‬ ‭ ,‬‭ ordem‬ ‭ ,‬‭ atenção‬‭ e‬‭ devoção‬‭ ao‬ ‭ verbo divino;‬ ‭ -‬‭ Afastamento dos homens‬ ‭ .‬ ‭ Analogia:‬ ‭ Virtudes dos peixes‬ ‭ =‬ ‭ Virtudes de Santo António‬ ‭ peixes‬ ‭ Capítulo III‬ ‭ -‬‭ Virtudes elogiadas em particular‬ ‭ :‬ ‭ -‬‭ Peixe de Tobias:‬‭ poder curativo;‬ ‭ -‬‭ Rémora:‬‭ persistência e força;‬ ‭ -‬‭ Torpedo:‬‭ poder persuasivo;‬ ‭ -‬‭ Quatro-olhos:‬‭ capacidade de discernimento;‬ ‭ Oposição:‬ ‭ Virtudes dos peixes‬ ‭ ≠‬ ‭ Vícios dos homens‬ ‭ Repreensões‬ ‭ aos‬ ‭ Capítulo IV‬ ‭ -‬‭ Vícios condenáveis em geral‬ ‭ :‬ ‭ -‬‭ Ictiofagia‬‭ (os peixes comem-se uns aos outros,‬ ‭ sendo que os‬‭ maiores comem os mais pequenos‬ ‭ );‬ ‭ -‬‭ Cegueira‬‭ e‬‭ vaidade‬‭ que os conduz à perdição.‬ ‭ Analogia:‬ ‭ Vícios dos peixes‬ ‭ =‬ ‭ Virtudes de Santo António‬ ‭ peixes‬ ‭ Capítulo III‬ ‭ -‬‭ Vícios condenáveis em particular‬ ‭ :‬ ‭ -‬‭ Roncador:‬‭ soberba e arrogância;‬ ‭ -‬‭ Pegador:‬‭ parasitismo e oportunismo;‬ ‭ -‬‭ Voador:‬‭ ambição e vaidade;‬ ‭ -‬‭ Polvo:‬‭ traição e hipocrisia;‬ ‭ Oposição:‬ ‭ Vícios dos peixes‬ ‭ ≠‬ ‭ Virtudes de Santo António‬ ‭ Peroração:‬ ‭ Capítulo‬‭ VI‬ ‭ -‬‭ Conclusão‬‭ do‬‭ raciocínio‬‭ com‬‭ destaque‬‭ para‬‭ os‬‭ argumentos‬‭ mais‬‭ importantes.‬ ‭ Saliente-se‬‭ que‬‭ esta‬‭ é‬‭ a‬‭ parte‬‭ que‬‭ a‬‭ memória‬‭ dos‬‭ ouvintes‬‭ melhor‬‭ retém‬ ‭ ,‬‭ pelo‬‭ que‬‭ deverá‬ ‭ conter‬‭ os‬‭ aspetos‬‭ principais‬‭ desenvolvidos‬‭ no‬‭ sermão‬ ‭ ,‬‭ de‬‭ modo‬‭ a‬‭ deixar‬‭ clara‬‭ a‬‭ mensagem‬ ‭ veiculada‬‭ e a levar os‬‭ ouvintes a pôr em prática os‬‭ seus ensinamentos‬ ‭ .‬ ‭ ↳‬‭ Desfecho forte e persuasivo:‬ ‭ - Julgamento dos homens/peixes;‬ ‭ - Superioridade dos peixes;‬ ‭ - Apelo ao louvor a Deus.‬
  • 4. ‭ Importante:‬ ‭ ●‬ ‭ A‬‭ partir‬‭ do‬‭ capítulo‬‭ II‬ ‭ ,‬‭ há‬‭ uma‬‭ mudança‬‭ de‬‭ auditório‬ ‭ .‬‭ O‬‭ Padre‬‭ António‬‭ Vieira‬‭ passa‬‭ a‬ ‭ pregar aos‬‭ peixes‬ ‭ .‬ ‭ Plano discursivo:‬ ‭ - Do‬‭ positivo‬‭ (capítulos I e III) →‬ ‭ - Para o‬‭ negativo‬‭ (capítulos IV e V)‬ ‭ - Do‬‭ geral‬‭ (capítulos II e IV) →‬ ‭ - Para o‬‭ particular‬‭ (capítulos III e V)‬ ‭ ●‬ ‭ Presença‬ ‭ da‬ ‭ alegoria:‬ ‭ partindo‬ ‭ de‬ ‭ um‬ ‭ conceito‬ ‭ predicável‬ ‭ ,‬ ‭ o‬ ‭ Sermão‬ ‭ de‬ ‭ Santo‬ ‭ António‬ ‭ aos‬ ‭ Peixes‬ ‭ é‬ ‭ um‬ ‭ sermão‬ ‭ alegórico‬ ‭ no‬ ‭ qual‬ ‭ os‬ ‭ colonos‬ ‭ são‬ ‭ criticados‬ ‭ indiretamente‬ ‭ , através de‬‭ ásperas censuras dirigidas‬‭ aos peixes‬ ‭ .‬ ‭ Alegoria:‬‭ personificação/animização de ideias abstratas‬‭ que‬ ‭ aparecem dotadas de características humanas.‬ ‭ Ex:‬‭ Diabo e Anjo‬ ‭ - Auto da Barca do Inferno‬ ‭ Peixes‬ ‭ - Sermão de Santo António‬ ‭ Resumo dos capítulos‬ ‭ Exórdio (capítulo I):‬ ‭ - Ideia sumária da matéria que vai ser tratada;‬ ‭ Qual é o conceito predicável do Sermão? Explicita o seu carácter metafórico.‬ ‭ O‬‭ Sermão‬‭ baseia-se‬‭ num‬‭ conceito‬‭ predicável‬‭ extraído,‬‭ normalmente,‬‭ da‬‭ Sagrada‬‭ Escritura‬ ‭ (Bíblia), que serviam de base para todo o Sermão:‬ ‭ Desta‬ ‭ forma,‬ ‭ o‬ ‭ texto‬ ‭ estrutura-se‬ ‭ em‬ ‭ torno‬ ‭ da‬ ‭ importância‬ ‭ da‬‭ palavra‬‭ dos‬‭ pregadores‬‭ –‬ ‭ equivalente ao “sal” – na‬‭ preservação da moralidade‬‭ e integridade dos homens‬‭ – a “terra”.‬ ‭ Como se inicia o Sermão?‬ ‭ O‬ ‭ Padre‬ ‭ António‬ ‭ Vieira‬ ‭ começa‬ ‭ por‬ ‭ apresentar‬ ‭ o‬ ‭ conceito‬ ‭ predicável‬ ‭ ,‬‭ “Vós‬‭ sois‬‭ o‬‭ sal‬‭ da‬ ‭ Terra”,‬‭ afirmando‬‭ que‬‭ os‬‭ Cristo‬‭ Senhor‬‭ afirmou‬‭ que‬‭ os‬‭ pregadores‬‭ seriam‬‭ este‬‭ tal‬‭ “sal‬‭ na‬ ‭ Terra”‬ ‭ ,‬ ‭ pois‬ ‭ quer‬ ‭ que‬ ‭ os‬‭ mesmos‬‭ façam‬‭ na‬‭ terra‬‭ aquilo‬‭ que‬‭ o‬‭ sal‬‭ faz,‬‭ ou‬‭ seja,‬‭ impedir‬‭ a‬ ‭ corrupção‬ ‭ .‬ ‭ Padre‬‭ António‬‭ Vieira‬‭ acaba‬‭ por‬‭ referir‬‭ que‬‭ apesar‬‭ de‬‭ haverem‬‭ tantas‬‭ pessoas‬‭ “que‬‭ têm‬‭ o‬ ‭ ofício do sal” a corrupção ainda está muito presente.‬
  • 5. ‭ Desta forma, explica as‬‭ possíveis razões pelas quais a terra se encontra tão corrupta‬ ‭ :‬ ‭ Se a culpa está no sal (porque o sal não salga)-‬‭ pregadores‬ ‭ :‬ ‭ ➔‬ ‭ é porque os pregadores não pregam a verdadeira doutrina;‬ ‭ ➔‬ ‭ é porque os pregadores dizem uma coisa e fazem outra;‬ ‭ ➔‬ ‭ é porque os pregadores se pregam a si e não a Cristo.‬ ‭ Se a culpa está na terra (porque a terra não se deixa salgar)-‬‭ ouvintes‬ ‭ :‬ ‭ ➔‬ ‭ é porque os ouvintes não querem receber a doutrina;‬ ‭ ➔‬ ‭ é porque os ouvintes imitam os pregadores e não o que eles dizem;‬ ‭ ➔‬ ‭ é porque os ouvintes servem os seus apetites e não os de Cristo;‬ ‭ ↓‬ ‭ -‬‭ A‬‭ estruturação‬‭ do‬‭ raciocínio‬‭ de‬‭ forma‬ ‭ simétrica‬‭ (“ou‬‭ é‬‭ porque‬‭ o‬‭ sal‬‭ não‬‭ salga‬ ‭ (...)‬ ‭ ou‬ ‭ porque‬ ‭ a‬ ‭ terra‬ ‭ não‬ ‭ se‬ ‭ deixa‬ ‭ salgar”),‬ ‭ ou‬ ‭ seja,‬ ‭ as‬ ‭ sucessivas‬ ‭ hipóteses‬ ‭ acrescentadas‬ ‭ pelos‬ ‭ autor,‬ ‭ facilitam‬ ‭ a‬ ‭ compreensão‬‭ e‬‭ a‬‭ captação‬ ‭ da mensagem por parte do auditório‬ ‭ .‬ ‭ Alegoria do Sal:‬ ‭ Os‬‭ pregadores,‬‭ ao‬‭ pregarem‬‭ a‬‭ mensagem‬‭ Evangélica‬ ‭ ,‬‭ têm,‬‭ na‬‭ terra,‬‭ a‬‭ mesma‬‭ função‬‭ do‬ ‭ sal‬ ‭ ,‬ ‭ que‬ ‭ consiste‬ ‭ em‬ ‭ evitar‬ ‭ a‬ ‭ corrupção‬ ‭ .‬ ‭ Assim,‬ ‭ tal‬ ‭ como‬ ‭ o‬ ‭ sal‬ ‭ impede‬ ‭ a‬ ‭ corrupção‬ ‭ da‬ ‭ matéria,‬‭ também‬‭ os‬‭ pregadores‬‭ devem‬‭ impedir‬‭ a‬‭ corrupção‬‭ das‬‭ almas,‬‭ porém,‬‭ tal‬‭ não‬‭ se‬ ‭ verifica.‬ ‭ Propriedades:‬ ‭ Sal:‬‭ conservar e evitar a corrupção;‬ ‭ Pregadores:‬‭ louvar o bem e impedir o mal.‬ ‭ Quais‬‭ as‬‭ soluções‬‭ apresentadas‬‭ para‬‭ o‬‭ problema‬‭ dos‬‭ maus‬‭ pregadores‬‭ e‬‭ para‬‭ o‬‭ caso‬‭ dos‬ ‭ ouvintes que ignoram a mensagem cristã ?‬ ‭ ●‬ ‭ Ao‬‭ Sal‬‭ (pregadores):‬‭ a‬‭ resposta‬‭ de‬‭ Cristo‬‭ consiste‬‭ em‬‭ afirmar‬‭ que‬‭ se‬‭ o‬‭ sal‬‭ perde‬‭ a‬ ‭ sua‬ ‭ virtude/‬ ‭ substância‬ ‭ e‬ ‭ se‬ ‭ o‬ ‭ Pregador‬ ‭ faltar‬ ‭ à‬ ‭ doutrina,‬ ‭ e‬ ‭ ao‬‭ exemplo‬ ‭ ,‬‭ deve-se‬ ‭ “‬ ‭ lançá-lo fora como inútil, para que seja pisado por‬‭ todos‬ ‭ ”.‬ ‭ Desta‬ ‭ forma,‬ ‭ acusa‬‭ aqueles‬‭ que‬‭ não‬‭ cumprem‬‭ a‬‭ sua‬‭ função‬ ‭ ,‬‭ ou‬‭ seja,‬‭ pregadores‬ ‭ que pregam ao contrário‬ ‭ , sendo por isso,‬‭ merecedores‬‭ de desprezo‬ ‭ .‬
  • 6. ‭ ●‬ ‭ À‬‭ terra‬‭ (ouvintes):‬‭ Cristo‬‭ não‬‭ resolveu‬‭ este‬‭ ponto,‬‭ mas‬‭ sim‬‭ Santo‬‭ António‬‭ (celebrado‬ ‭ nesse‬‭ dia)‬‭ que‬‭ mudou‬‭ somente‬‭ o‬‭ púlpito‬‭ e‬‭ o‬‭ auditório‬ ‭ .‬‭ Vieira‬‭ narra‬‭ um‬‭ episódio‬‭ da‬ ‭ vida‬ ‭ do‬ ‭ santo,‬ ‭ em‬‭ Itália,‬‭ quando‬‭ os‬‭ habitantes‬‭ da‬‭ cidade‬‭ não‬‭ o‬‭ quiseram‬‭ escutar‬ ‭ ,‬ ‭ tendo,‬‭ então,‬‭ António‬‭ dirigido‬‭ as‬‭ suas‬‭ palavras‬‭ aos‬‭ peixes‬ ‭ ,‬‭ que‬‭ o‬‭ ouviram‬‭ (milagre‬‭ da‬ ‭ pregação‬ ‭ aos‬ ‭ peixes)-‬ ‭ “Já‬ ‭ que‬ ‭ não‬ ‭ me‬ ‭ querem‬ ‭ ouvir‬ ‭ os‬ ‭ homens,‬ ‭ ouçam-me‬ ‭ os‬ ‭ peixes”.‬ ‭ Qual é a solução indicada quando o público ignora o pregador?‬ ‭ Quais‬ ‭ os‬ ‭ dois‬ ‭ motivos‬ ‭ pelo‬ ‭ qual‬ ‭ Santo‬ ‭ António‬ ‭ representa‬ ‭ um‬ ‭ exemplo‬ ‭ para‬ ‭ António‬ ‭ Vieira?‬ ‭ António‬‭ Vieira‬‭ faz‬‭ questão‬‭ de‬‭ enaltecer‬‭ a‬‭ figura‬‭ de‬‭ Santo‬‭ António‬ ‭ ,‬‭ comparativemente‬‭ aos‬ ‭ outros‬ ‭ doutores‬ ‭ da‬ ‭ Igreja,‬ ‭ afirmando‬ ‭ que‬ ‭ este‬ ‭ santo‬ ‭ “foi‬ ‭ sal‬ ‭ da‬‭ terra,‬‭ e‬‭ foi‬‭ sal‬‭ do‬‭ mar”‬ ‭ ,‬ ‭ enquato “os outros Santos Doutores da Igreja foram sal da terra” (apenas).‬ ‭ Os principais motivos são:‬ ‭ 1º‬‭ motivo:‬‭ prende-se‬‭ com‬‭ o‬‭ facto‬‭ de‬‭ ser‬‭ o‬‭ dia‬‭ de‬‭ Santo‬‭ António,‬‭ sendo‬‭ digno‬‭ de‬‭ exemplo‬ ‭ para qualquer católico.‬ ‭ 2º‬ ‭ motivo:‬ ‭ relaciona-se‬ ‭ com‬ ‭ o‬ ‭ desprezo‬ ‭ a‬ ‭ que‬ ‭ foi‬ ‭ votado‬ ‭ o‬ ‭ mesmo‬ ‭ Santo‬ ‭ por‬ ‭ parte‬ ‭ da‬ ‭ população,‬‭ existindo‬‭ a‬‭ narrativa‬‭ de‬‭ que‬‭ certo‬‭ dia,‬‭ virou‬‭ as‬‭ costas‬‭ ao‬‭ povo‬‭ para‬‭ pregar‬‭ aos‬ ‭ peixes.‬ ‭ Viera‬ ‭ refere‬ ‭ também‬ ‭ que‬ ‭ se‬ ‭ sente‬ ‭ próximo‬ ‭ do‬ ‭ santo,‬ ‭ porque‬‭ as‬‭ suas‬‭ palavras‬‭ têm‬‭ “tido‬ ‭ nesta‬‭ terra‬‭ uma‬‭ fortuna‬‭ tão‬‭ parecida‬‭ à‬‭ de‬‭ Santo‬‭ António‬‭ em‬‭ Arimino”,‬‭ o‬‭ que‬‭ o‬‭ leva‬‭ a‬‭ atuar‬ ‭ como o seu mentor‬ ‭ , ou seja, a pregar aos peixes e‬‭ não aos homens.‬ ‭ Qual é a pertinência da invocação feita no parágrafo final deste capítulo?‬ ‭ ⤷ o orador invoca o auxílio do divino para a exposição de ideias‬ ‭ Vieira‬ ‭ termina‬ ‭ o‬ ‭ Exórdio‬ ‭ com‬ ‭ a‬ ‭ perceção‬ ‭ de‬ ‭ que‬ ‭ as‬ ‭ suas‬ ‭ palavras‬‭ “tido‬‭ nesta‬‭ terra‬‭ uma‬ ‭ fortuna‬‭ tão‬‭ parecida‬‭ à‬‭ de‬‭ Santo‬‭ António‬‭ em‬‭ Arimino”,‬‭ e‬‭ por‬‭ isso,‬‭ decide,‬‭ à‬‭ imitação‬‭ de‬‭ Santo‬ ‭ António voltar-se para o mar e para os peixes pregar, já que os da Terra não o ouvem.‬ ‭ Desta forma, o capítulo termina com uma Invocação a Maria, a Senhora do mar.‬ ‭ ➔‬ ‭ Por‬‭ um‬‭ lado,‬‭ porque‬‭ o‬‭ assunto‬‭ é‬‭ “desusado”,‬‭ ou‬‭ seja,‬‭ não‬‭ está‬‭ habituado‬‭ a‬‭ falar‬‭ com‬ ‭ os‬‭ peixes‬ ‭ ,‬‭ logo‬‭ necessita‬‭ de‬‭ uma‬‭ inspiração‬‭ especial‬‭ (“espero‬‭ que‬‭ me‬‭ não‬‭ falte‬‭ com‬ ‭ a costumada graça”).‬ ‭ ➔‬ ‭ Em‬ ‭ segundo‬ ‭ lugar,‬ ‭ porque‬ ‭ o‬ ‭ nome‬ ‭ Maria‬ ‭ significa‬ ‭ “Senhora‬ ‭ do‬ ‭ mar”‬ ‭ ,‬ ‭ o‬ ‭ que‬ ‭ se‬ ‭ adequa ao facto de Vieira se encontrar junto do mar.‬
  • 7. ‭ Exposição e confirmação (capítulo II ao V):‬ ‭ ⤷referência às obrigações do sal; indicação das virtudes dos peixes; crítica aos homens.‬ ‭ Importante:‬ ‭ a‬ ‭ partir‬ ‭ do‬ ‭ capítulo‬ ‭ II‬ ‭ todo‬ ‭ o‬ ‭ sermão‬ ‭ é‬ ‭ uma‬ ‭ alegoria‬ ‭ porque‬ ‭ os‬‭ peixes‬‭ são‬ ‭ metáfora‬ ‭ dos‬ ‭ Homens.‬ ‭ As‬ ‭ suas‬ ‭ virtudes‬ ‭ são,‬ ‭ por‬ ‭ contraste,‬ ‭ metáforas‬ ‭ dos‬ ‭ defeitos‬ ‭ dos‬ ‭ Homens.‬‭ O pregador fala aos peixes, mas o alvo é o‬‭ Homem‬ ‭ .‬ ‭ Capítulo II (“Louvores aos peixes em geral”):‬ ‭ Como se inicía este capítulo?‬ ‭ ●‬ ‭ No‬‭ primeiro‬‭ parágrafo‬‭ deste‬‭ capítulo,‬‭ o‬‭ orador‬‭ afirma‬‭ que‬‭ nunca‬‭ teve‬‭ pior‬‭ auditório‬ ‭ do‬‭ que‬‭ os‬‭ peixes‬ ‭ ,‬‭ porque‬‭ estes‬‭ não‬‭ se‬‭ convertem‬‭ (“serem‬‭ gente‬‭ os‬‭ peixes‬‭ que‬‭ se‬‭ não‬ ‭ há‬‭ de‬‭ converter”),‬‭ mas‬‭ já‬‭ está‬‭ habituado‬‭ porque‬‭ os‬‭ seres‬‭ humanos‬‭ também‬‭ não‬‭ se‬ ‭ querem‬‭ converter,‬‭ isto‬‭ é,‬‭ não‬‭ aceitam‬‭ os‬‭ ensinamentos‬‭ do‬‭ pregador‬‭ (no‬‭ sentido‬‭ de‬ ‭ se purificarem).‬ ‭ ●‬ ‭ Apesar‬‭ disto,‬‭ afirma‬‭ que‬‭ os‬‭ mesmos‬‭ apresentam‬‭ boas‬‭ qualidades‬ ‭ ,‬‭ tais‬‭ como,‬‭ o‬‭ facto‬ ‭ de‬‭ não‬‭ falarem‬‭ e‬‭ não‬‭ ouvirem‬ ‭ ,‬‭ logo‬‭ são‬‭ o‬‭ auditório‬‭ ideal,‬‭ pois‬‭ estão‬‭ muito‬‭ atentos,‬ ‭ a acompanhar tudo o que está a ser dito‬ ‭ .‬ ‭ ↓‬ ‭ ●‬ ‭ Após‬ ‭ isto,‬ ‭ António‬ ‭ Vieira‬ ‭ retoma‬ ‭ o‬ ‭ conceito‬ ‭ predicável,‬ ‭ referindo‬ ‭ novamente‬ ‭ as‬ ‭ propriedades‬ ‭ do‬ ‭ “sal”‬ ‭ e‬ ‭ por‬ ‭ sua‬ ‭ vez‬ ‭ as‬ ‭ propriedades‬ ‭ das‬ ‭ pregações‬ ‭ de‬ ‭ Santo‬ ‭ António‬ ‭ :‬ ‭ Propriedades do sal: -‬‭ conservar o são‬ ‭ ;‬ ‭ -‬‭ preservar o são do mal‬ ‭ , para que não‬‭ se corrompta.‬ ‭ Estas mesmas propriedades possuíam as pregações de Santo António (Vieira afirma‬ ‭ que todos os pregadores as deveriam ter):‬ ‭ -‬‭ Louvar o bem‬‭ para‬‭ conservá-lo;‬ ‭ -‬‭ Repreender o mal‬ ‭ :‬‭ louvar o bem para o preservar‬ ‭ .‬ ‭ ↓‬ ‭ ●‬ ‭ Depois‬ ‭ disto,‬ ‭ António‬ ‭ Vieira‬ ‭ faz‬ ‭ questão‬ ‭ de‬ ‭ referir‬ ‭ como‬ ‭ irá‬ ‭ fazer‬ ‭ a‬ ‭ divisão‬ ‭ do‬ ‭ Sermão‬ ‭ :‬ ‭ 1º louvar as virtudes/qualidades;‬ ‭ 2º repreender os vícios.‬ ‭ ↓‬ ‭ ●‬ ‭ Louvores em geral (qualidades e virtudes dos peixes):‬ ‭ -‬‭ ouvem‬‭ e‬‭ não falam‬ ‭ ;‬ ‭ - foram os‬‭ primeiros seres que Deus criou‬‭ (“vós fostes‬‭ os primeiros que Deus‬ ‭ criou”);‬
  • 8. ‭ -‬‭ são‬‭ melhores‬‭ que‬‭ os‬‭ homens‬‭ (“e‬‭ nas‬‭ provisões‬‭ (...)‬‭ os‬‭ primeiros‬‭ nomeados‬ ‭ foram os peixes”);‬ ‭ -‬‭ existem‬‭ em‬‭ maior‬‭ número‬‭ (“entre‬‭ todos‬‭ os‬‭ animais‬‭ do‬‭ mundo,‬‭ os‬‭ peixes‬‭ são‬ ‭ os mais e os maiores”);‬ ‭ -‬‭ vivem‬‭ afastados‬‭ dos‬‭ homens‬ ‭ ,‬‭ longe‬‭ dos‬‭ corrompidos‬‭ e‬‭ corruptores‬ ‭ :‬‭ “e‬‭ não‬ ‭ há‬‭ nenhum‬‭ tão‬‭ grande,‬‭ que‬‭ se‬‭ fie‬‭ do‬‭ homem,‬‭ nem‬‭ tão‬‭ pequeno‬‭ que‬‭ não‬‭ fuja‬ ‭ dele.”)‬‭ O‬‭ que‬‭ lhes‬‭ permite‬‭ a‬‭ proximidade‬‭ com‬‭ Deus‬ ‭ ,‬‭ porque‬‭ estes‬‭ se‬‭ afastam‬ ‭ dos vícios mundanos‬ ‭ .‬ ‭ -‬ ‭ revelam‬ ‭ obediência‬ ‭ ,‬ ‭ atenção‬ ‭ ,‬ ‭ respeito‬ ‭ e‬ ‭ devoção‬ ‭ com‬ ‭ que‬ ‭ ouviram‬ ‭ a‬ ‭ pregação de Santo António‬ ‭ ;‬ ‭ -‬‭ não‬‭ se‬‭ deixam‬‭ domesticar‬‭ (“só‬‭ eles‬‭ entre‬‭ todos‬‭ os‬‭ animais‬‭ se‬‭ naõ‬‭ domam‬ ‭ nem domesticam”):‬ ‭ -‬ ‭ escaparam‬ ‭ todos‬ ‭ do‬ ‭ dilúvio‬ ‭ porque‬ ‭ não‬‭ tinham‬‭ pecado‬ ‭ ,‬‭ ou‬‭ seja,‬‭ apenas‬ ‭ eles‬ ‭ se‬ ‭ mantiveram‬ ‭ puros‬ ‭ porque‬ ‭ ficaram‬ ‭ longe‬ ‭ do‬ ‭ homem‬ ‭ e‬ ‭ da‬ ‭ sua‬ ‭ corrupção‬‭ (linhas 54-58);‬ ‭ ↓‬ ‭ Os‬ ‭ peixes‬ ‭ não‬ ‭ foram‬ ‭ castigados‬ ‭ por‬ ‭ Deus‬ ‭ no‬ ‭ dilúvio‬ ‭ ,‬ ‭ sendo,‬ ‭ por‬ ‭ isso,‬ ‭ exemplo‬‭ para‬‭ os‬‭ homens‬‭ que‬‭ pouco‬‭ ouvem‬‭ e‬‭ muito‬‭ falam‬ ‭ ,‬‭ pouco‬‭ respeito‬‭ têm‬‭ pela‬ ‭ palavra de Deus‬ ‭ .‬ ‭ Evidencia-se‬‭ que‬‭ os‬‭ animais‬‭ que‬‭ convivem‬‭ com‬‭ os‬‭ homens‬‭ foram‬‭ castigados‬ ‭ ,‬ ‭ estão domados e domesticados, sem liberdade.‬ ‭ ↓‬ ‭ ●‬ ‭ Ao apresentar as qualidades dos peixes, o pregador enumera, implícita e‬ ‭ explicitamente, os defeitos dos homens:‬ ‭ -‬‭ deslumbramento face à adulação‬ ‭ - “mas isto é lá‬‭ para os homens, que se‬ ‭ deixam levar destas vaidades, e é também para os lugares em que tem lugar a‬ ‭ adulação”.‬ ‭ - o‬‭ exibicionismo‬‭ e a‬‭ vaidade‬ ‭ - “longe dos homens‬‭ e fora dessas cortesanias”‬ ‭ -‬‭ corruptos‬‭ (linhas 54-58);‬ ‭ -‬‭ presunçosos‬‭ e‬‭ violentos‬ ‭ ;‬ ‭ -‬ ‭ falam muito‬ ‭ , mas‬‭ pouco ouvem‬ ‭ .‬
  • 9. ‭ Importante:‬ ‭ ●‬ ‭ A‬ ‭ glorificação‬ ‭ dos‬‭ peixes‬‭ e‬‭ a‬‭ crítica‬‭ aos‬‭ homens‬‭ é‬‭ ilustrada‬‭ por‬‭ exemplos‬‭ bíblicos.‬ ‭ Também‬ ‭ é‬ ‭ fundamentada‬ ‭ em‬ ‭ referências‬ ‭ a‬ ‭ Aristóteles‬ ‭ e‬ ‭ Santo‬ ‭ Ambrósio‬ ‭ ,‬ ‭ que‬ ‭ reforçam a argumentação.‬ ‭ ●‬ ‭ O‬ ‭ capítulo‬ ‭ termina‬ ‭ com‬ ‭ um‬ ‭ novo‬ ‭ apelo‬ ‭ aos‬ ‭ peixes‬‭ para‬‭ que‬‭ sigam‬‭ o‬‭ exemplo‬‭ de‬ ‭ Santo‬‭ António‬ ‭ ,‬‭ que‬‭ tudo‬‭ deixou,‬‭ a‬‭ sua‬‭ cidade‬‭ e‬‭ o‬‭ seu‬‭ país,‬‭ alterando‬‭ a‬‭ sua‬‭ própria‬ ‭ identidade‬‭ e‬‭ o‬‭ seu‬‭ saber,‬‭ ou‬‭ seja,‬‭ para‬‭ se‬‭ manterem‬‭ afastados‬‭ dos‬‭ homens‬ ‭ .‬‭ (Santo‬ ‭ António “quanto mais buscava Deus, tanto mais fugia dos Homens”).‬ ‭ Capítulo III (“Louvores aos peixes em particular”):‬ ‭ Como se inicía este capítulo?‬ ‭ Neste capítulo apresentam-se as virtudes de alguns peixes em particular:‬ ‭ Peixe Tobias‬ ‭ :‬ ‭ Traços caracterizadores:‬ ‭ - Simboliza a bondade;‬ ‭ -‬‭ Representa‬‭ o‬‭ poder‬‭ purificador‬‭ da‬‭ palavra‬‭ de‬‭ Deus‬ ‭ -‬‭ entranhas‬‭ sagradas‬ ‭ (‬ ‭ fel‬ ‭ que‬ ‭ cura‬ ‭ a‬ ‭ cegueira‬ ‭ e‬ ‭ coração‬ ‭ que‬ ‭ afasta‬ ‭ os‬ ‭ demónios‬ ‭ ):‬ ‭ respeito‬ ‭ e‬ ‭ aceitação da doutrina divina‬ ‭ Alegoria e crítica social:‬ ‭ Desrespeito pela doutrina divina, heresia.‬ ‭ Analogia com os humanos:‬ ‭ Vieira‬ ‭ retorna‬ ‭ à‬ ‭ figura‬ ‭ de‬ ‭ Santo‬‭ António‬ ‭ ,‬‭ referindo‬‭ que‬‭ as‬‭ suas‬‭ palavras‬ ‭ tinham‬ ‭ o‬ ‭ mesmo‬ ‭ poder‬ ‭ que‬ ‭ as‬ ‭ vísceras‬ ‭ do‬ ‭ peixe‬ ‭ ,‬ ‭ uma‬ ‭ vez‬ ‭ que,‬ ‭ se‬ ‭ os‬ ‭ homens‬ ‭ lhe‬ ‭ abrissem‬‭ os‬‭ seus‬‭ corações,‬‭ António‬‭ tirar-lhes-ia‬‭ as‬‭ cegueiras‬ ‭ (falta de fé) e livrá-los-ia dos demónios (limpar-lhes-ia a alma).‬ ‭ A Rémora‬ ‭ :‬ ‭ Traços caracterizadores:‬ ‭ -‬‭ Pequena,‬‭ mas‬‭ com‬‭ enorme‬‭ força‬‭ e‬‭ poder‬‭ na‬‭ língua‬ ‭ ,‬‭ pois‬‭ quando‬‭ se‬‭ cola‬ ‭ ao‬ ‭ leme‬ ‭ das‬ ‭ naus‬ ‭ da‬‭ Índia,‬‭ consegue,‬‭ apesar‬‭ do‬‭ seu‬‭ diminuto‬‭ tamanho,‬ ‭ mudar-lhes o rumo‬ ‭ :‬‭ moderação e refreamento dos apetites‬ ‭ ;‬ ‭ -‬‭ Simboliza‬‭ a‬‭ força‬‭ e‬‭ o‬‭ poder‬‭ que‬‭ a‬‭ palavra‬‭ (“a‬‭ língua”‬‭ de‬‭ Santo‬‭ António)‬‭ do‬ ‭ pregador‬‭ tem‬‭ para‬‭ ser‬‭ guia‬‭ das‬‭ almas‬‭ -‬‭ pequeno‬‭ no‬‭ corpo,‬‭ mas‬‭ grande‬‭ na‬ ‭ força, pelo poder orientador e controlador.‬ ‭ -Representa, desta forma, persistência e força.‬ ‭ Alegoria e crítica social:‬ ‭ Os‬‭ homens‬‭ não‬‭ souberam‬‭ dar‬‭ valor‬‭ ao‬‭ poder‬‭ a‬‭ à‬‭ força‬‭ da‬‭ palavra‬‭ (língua)‬ ‭ de‬ ‭ Santo‬ ‭ António‬ ‭ que‬ ‭ domou‬ ‭ a‬ ‭ fúria‬ ‭ das‬ ‭ paixões‬ ‭ humanas‬ ‭ (‬ ‭ paixões‬ ‭ e‬ ‭ pecados:‬‭ soberba,‬‭ vingança,‬‭ cubiça‬‭ e‬‭ sensualidade)‬‭ impedindo‬‭ as‬‭ pessoas‬ ‭ de caírem nas mais variadas desgraças‬‭ (naufrágios).‬
  • 10. ‭ Analogia com os humanos:‬ ‭ Também‬ ‭ as‬ ‭ palavras‬ ‭ (“língua")‬ ‭ de‬ ‭ Santo‬ ‭ António‬ ‭ foram‬ ‭ uma‬ ‭ rémora‬ ‭ na‬ ‭ terra‬ ‭ ,‬‭ porque‬‭ conseguiram‬‭ “domar‬‭ a‬‭ fúria‬‭ das‬‭ paixões‬‭ humanas”‬‭ através‬ ‭ da sua doutrina.‬‭ (guiar homens para o bem, para evitar‬‭ que sucumbam às diversas desgraças).‬ ‭ Vieira‬ ‭ continua‬ ‭ o‬ ‭ seu‬ ‭ discurso‬ ‭ alegórico,‬ ‭ apresentando‬ ‭ exemplos‬ ‭ que‬ ‭ confirmam a afirmação anterior:‬ ‭ ●‬ ‭ a‬‭ nau‬‭ Soberba‬ ‭ ,‬‭ com‬‭ as‬‭ velas‬‭ inchadas‬‭ de‬‭ vento,‬‭ não‬‭ se‬‭ desfez‬‭ nos‬ ‭ rochedos, porque as palavras de António a salvaram;‬ ‭ ●‬ ‭ a‬‭ nau‬‭ Vingança‬ ‭ ,‬‭ repleta‬‭ de‬‭ ira‬‭ e‬‭ de‬‭ ódio,‬‭ encontrou‬‭ a‬‭ paz‬‭ através‬ ‭ das palavras do santo;‬ ‭ ●‬ ‭ a‬‭ nau‬‭ Cobiça‬ ‭ ,‬‭ sobrecarregada‬‭ com‬‭ uma‬‭ “carga‬‭ injusta”,‬‭ foi‬‭ salva‬‭ das‬ ‭ garras dos corsários pela ação de Santo António;‬ ‭ ●‬ ‭ a‬‭ nau‬‭ Sensualidade‬ ‭ ,‬‭ perdida‬‭ na‬‭ cerração‬‭ e‬‭ na‬‭ noite,‬‭ iludida‬‭ pelos‬ ‭ cantos‬ ‭ das‬ ‭ sereias,‬ ‭ encontrou‬ ‭ a‬ ‭ salvação,‬ ‭ seguindo‬ ‭ a‬ ‭ luz‬ ‭ das‬ ‭ palavras do santo.‬ ‭ O Torpedo‬ ‭ :‬ ‭ Traços caracterizadores:‬ ‭ -‬‭ Produz‬‭ descarvas‬‭ elétricas‬ ‭ ,‬‭ para‬‭ se‬‭ proteger‬‭ do‬‭ seu‬‭ pescador,‬‭ pois‬‭ fazem‬ ‭ tremer o braço do pescador que o tenta capturar;‬ ‭ -‬ ‭ A‬ ‭ descarga‬ ‭ elétrica‬ ‭ simboliza‬ ‭ a‬ ‭ palavra‬ ‭ de‬ ‭ Deus‬ ‭ ,‬ ‭ que‬ ‭ deveria‬‭ abalar‬‭ a‬ ‭ consciência dos homens‬ ‭ - poder persuasivo‬ ‭ Alegoria e crítica social:‬ ‭ -‬‭ Obstinados no seu caminho incorreto‬ ‭ ;‬ ‭ -‬ ‭ Os‬ ‭ homens,‬ ‭ “pescadores‬ ‭ na‬ ‭ terra”,‬ ‭ não‬ ‭ temem‬ ‭ a‬ ‭ Deus‬ ‭ porque‬ ‭ são‬ ‭ ambiciosos‬‭ e‬‭ não‬‭ se‬‭ deixam‬‭ converter‬‭ ao‬‭ caminho‬‭ correto‬ ‭ .‬‭ No‬‭ entanto,‬‭ 22‬ ‭ pescadores‬ ‭ destes‬ ‭ tremeram‬ ‭ ouvindo‬ ‭ as‬ ‭ palavras‬ ‭ de‬ ‭ Santo‬ ‭ António‬ ‭ e‬ ‭ converteram-se, ou seja, este peixe representa a conversão.‬ ‭ -‬ ‭ Na‬ ‭ terra,‬ ‭ os‬ ‭ juízes,‬ ‭ os‬ ‭ militares,‬ ‭ etc.‬ ‭ ,‬ ‭ “‬ ‭ pescam‬ ‭ ”‬ ‭ muito,‬ ‭ tiram‬ ‭ proveito/usuroam‬‭ os‬‭ outros‬ ‭ ,‬‭ mas‬‭ n‬ ‭ ão‬‭ “tremem”‬ ‭ ,‬‭ ou‬‭ seja,‬‭ não‬‭ manifestam‬ ‭ qualquer‬ ‭ arrependimento‬ ‭ ,‬ ‭ logo‬ ‭ não‬ ‭ dão‬ ‭ indícios‬ ‭ de‬ ‭ pretenderem‬ ‭ converterem-se‬ ‭ .‬ ‭ Analogia com os humanos:‬ ‭ A‬ ‭ descarga‬ ‭ elétrica‬ ‭ simboliza‬ ‭ a‬ ‭ palavra‬ ‭ de‬ ‭ Deus‬ ‭ ,‬ ‭ que‬ ‭ deveria‬ ‭ abalar‬ ‭ a‬ ‭ consciência‬‭ dos‬‭ homens‬ ‭ .‬‭ Assim,‬‭ 22‬‭ pescadores‬‭ destes‬‭ tremeram‬‭ ouvindo‬ ‭ as palavras de Santo António‬‭ e‬‭ converteram-se‬ ‭ .‬ ‭ Quatro- olhos‬ ‭ :‬ ‭ Traços caracterizadores:‬ ‭ -‬‭ Possuiu‬‭ quatro‬‭ olhos‬‭ (‬ ‭ 2‬‭ para‬‭ cima-‬‭ céu‬‭ /‬‭ 2‬‭ para‬‭ baixo-inferno‬ ‭ )-‬‭ vigiam‬‭ os‬ ‭ predadores do ar e vigiam os predadores do mar‬ ‭ -‬‭ Representa‬‭ a‬‭ capacidade‬‭ de‬‭ discernimento,‬‭ ou‬‭ seja,‬‭ de‬‭ distinguir‬‭ o‬‭ bem‬ ‭ do mal (Céu/Inferno).‬
  • 11. ‭ -‬‭ Simboliza‬‭ a‬‭ prudência‬‭ que‬‭ os‬‭ cristãos‬‭ devem‬‭ ter‬ ‭ ,‬‭ afastando‬‭ os‬‭ olhos‬‭ da‬ ‭ vaidade‬‭ terrena‬ ‭ -‬‭ dois‬‭ olhos‬‭ olham‬‭ para‬‭ cima‬ ‭ ,‬‭ considerando‬‭ que‬‭ há‬‭ Céu‬‭ e‬ ‭ os outros‬‭ dois para baixo‬ ‭ , para se lembrarem que há‬‭ Inferno.‬ ‭ Alegoria e crítica social:‬ ‭ -‬ ‭ Incapacidade de discernimento‬ ‭ ;‬ ‭ -‬ ‭ Atenção‬‭ ao‬‭ céu‬‭ e‬‭ apreensão‬‭ ao‬‭ inferno‬ ‭ ,‬‭ já‬‭ que‬‭ os‬‭ homens‬‭ se‬‭ esquecem‬ ‭ que há Céu (em cima) e Inferno (em baixo).‬ ‭ Analogia com os humanos:‬ ‭ O‬ ‭ peixe‬ ‭ ensinou‬ ‭ (“doutrina‬ ‭ que‬ ‭ me‬ ‭ pregou”)‬‭ o‬‭ pregador‬‭ (Padre‬‭ António‬ ‭ Vieira)‬ ‭ a‬ ‭ orientar‬ ‭ as‬ ‭ suas‬ ‭ ações‬ ‭ sabendo‬ ‭ que‬ ‭ há‬ ‭ Céu‬ ‭ (cima)‬ ‭ e‬ ‭ que‬ ‭ há‬ ‭ Inferno‬‭ (baixo)‬ ‭ ,‬‭ logo,‬‭ ensinou-o‬‭ que‬‭ com‬‭ prudência‬‭ deve‬‭ defender-se‬‭ dos‬ ‭ diferentes tipos de males‬‭ e‬‭ praticar o bem‬ ‭ .‬ ‭ Capítulo IV (“Repreensões aos peixes em geral”):‬ ‭ Como se inicía este capítulo?‬ ‭ A‬‭ frase‬‭ inicial‬‭ deste‬‭ capítulo‬‭ funciona‬‭ como‬‭ uma‬‭ charneira‬‭ que‬‭ estabelece‬‭ a‬‭ ligação‬‭ entre‬ ‭ dois‬ ‭ momentos‬ ‭ diferentes‬ ‭ do‬ ‭ sermão‬ ‭ :‬ ‭ o‬ ‭ anterior,‬ ‭ em‬ ‭ que‬ ‭ se‬ ‭ louvaram‬ ‭ as‬ ‭ virtudes‬ ‭ dos‬ ‭ peixes‬ ‭ , e o‬‭ posterior, em que se apontarão os seus‬‭ defeitos‬ ‭ .‬ ‭ ➔‬ ‭ Sendo‬ ‭ o‬ ‭ sermão‬‭ alegórico‬ ‭ ,‬‭ o‬‭ tema‬‭ deste‬‭ capítulo‬‭ é‬‭ o‬‭ da‬‭ exploração‬‭ dos‬‭ pobres‬‭ e‬ ‭ indefesos‬‭ pelos‬‭ poderosos e prepotentes‬ ‭ , a‬‭ antropofagia‬‭ social‬ ‭ .‬ ‭ ↓‬ ‭ Nos‬ ‭ 10‬ ‭ primeiros‬ ‭ parágrafos,‬ ‭ que‬ ‭ constituem‬ ‭ o‬ ‭ ponto‬ ‭ alto‬ ‭ deste‬ ‭ sermãos,‬ ‭ aponta-se‬ ‭ o‬ ‭ terrível‬ ‭ defeito‬ ‭ que‬ ‭ os‬ ‭ peixe/homens‬ ‭ têm‬ ‭ de‬ ‭ se‬ ‭ comerem‬ ‭ (explorarem)‬ ‭ uns‬ ‭ aos‬ ‭ outros‬ ‭ devido à sua cobiça desmedida, o que prova a sua crueladde, maldade e injustiça:‬ ‭ - Os‬‭ peixes‬ ‭ , sendo todos‬‭ irmãos‬‭ e‬‭ vivendo no mesmo‬‭ elemento‬ ‭ , comem-se uns aos‬ ‭ outros-‬‭ Ictiofagia‬ ‭ - Os‬‭ peixes grandes comem os pequenos‬‭ (1º parágrafo);‬ ‭ - Andam sempre à procura de‬‭ como se hão de comer‬‭ (2º parágrafo);‬ ‭ -São‬‭ ignorantes‬‭ e‬‭ cegos‬ ‭ , deixando-se‬‭ enganar facilmente‬‭ por qualquer isco‬‭ (ll.78-85)‬ ‭ ↓‬ ‭ Para‬ ‭ mostrar‬ ‭ aos‬ ‭ peixes‬ ‭ quão‬ ‭ maldoso‬‭ é‬‭ o‬‭ seu‬‭ pecado‬‭ (de‬‭ se‬‭ comerem‬‭ uns‬‭ aos‬‭ outros),‬ ‭ decide‬‭ recorrer‬‭ ao‬‭ exemplo‬‭ dos‬‭ homens‬ ‭ .‬‭ Os‬‭ peixes‬‭ são,‬‭ então,‬‭ convidados‬‭ a‬‭ olhar‬‭ para‬‭ a‬ ‭ terra,‬‭ não‬‭ para‬‭ os‬‭ matos‬‭ (oque‬‭ seria‬‭ previsível,‬‭ visto‬‭ que‬‭ a‬‭ antropofagia‬‭ não‬‭ deveria‬‭ se‬‭ uma‬ ‭ prática comum entre homens “civilizados”),‬‭ mas para‬‭ a cidade‬ ‭ .‬ ‭ Desse modo, poderão constatar nos homens os seus próprios defeitos, nomeadamente o‬ ‭ modo como se comem, ou seja, o modo como se exploram uns aos outros.‬