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Triunfo dos Estados e dinâmicas económicas nos séculos XVII e XVIII- Resumos
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História A- Triunfo dos Estados e dinâmicas económicas nos séculos XVII e XVIII
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Triunfo dos Estados e dinâmicas económicas nos séculos XVII e XVIII- Resumos
1.
História A Triunfo dos
Estados e dinâmicas económicas nos séculos XVII e XVIII Reforço das economias nacionais e tentativas de controlo do comércio Como se caracteriza este tempo do grande comércio oceânico? Como se desenvolveu o capitalismo comercial? Nos séculos XVII e XVIII, um punhado de nações reservava para si as ligações oceânicas : Portugal, Espanha, Holanda, França e Inglaterra detinham a maior fatia do comércio intercontinental , que gerava lucros extraordinários . Estimulados pelas oportunidades que se lhes abriam, os mercadores europeus criaram: ➔ grandes companhias de comércio; ➔ desenvolveram novos mecanismos financeiros; ➔ orientavam todo o seu saber para a expansão dos negócios; ↓ Motor da economia europeia: Gerar capital , investi-lo e aumentá-lo , privilegiando o grande comércio , tornou-se o motor da economia europeia que entrou, de forma clara, na era do capitalismo comercial . (ver gráfico do caderno) Capitalismo comercial: sistema económico que se afirmou nos séculos XVI a XVIII e se caracteriza pela procura do maior lucro, pelo espírito de concorrência e pelo papel determinante do comércio como motor do desenvolvimento económico . O que trouxe o capitalismo? Esta dinâmica económica impulsionou a colonização da América , continente vasto e, até aí, subaproveitado, que adquire, então, um lugar de destaque nos circuitos comerciais europeus . Os seus colonos cultivavam açúcar, café, tabaco e algodão, criam gado e extraem ouro. Estes produtos são enviados para a metrópole que, em troca, lhes fornece produtos agrícola, industriais e a necessária mão de obra escrava, trazida de áfrica, em grandes navios de carga. ● É assim que, à tão cobiçada rota do Cabo , se junta uma próspera rota atlântica que une a Europa, a África e a América. Eixo deste comércio triangular o tráfico negreiro não parou de crescer. Entre 1710 e 1810 terão desembarcado na América cerca de 6 milhões de escravos, o que corresponde a mais de 60% dos negreiros transacionados nos três séculos e meio desta desumana atividade. Importante: ● Comércio triangular: circuito de comércio atlântico que ligava os continentes europeu, africano e americano. Este comércio, que prosperou sobretudo nos séculos XVII e XVIII, era suportado pelas necessidades de mão de obra das colónias
2.
americanas que dependiam
dos continentes negros para as suas plantações e explorações mineiras. ● Tráfico negreiro: intenso comércio de escravos negros que canalizou para a América grande número de africanos, na sua maioria comprados ou aprisionados nas costa da Guiné, de Angola e de Moçambique. Como se estruturou a primeira doutrina económica? A expansão do comércio transoceânico coincidiu com a afirmação das monarquias absolutas . - Logo, mais do que em qualquer outra época, eram necessários capitais para custear a magnificência dos príncipes , reforçar o aparelho do Estado e mobilizar exércitos que impusessem a supremacia do país . Foi com este objetivo, de enriquecer o Estado e os seus cidadãos , que se estruturou a primeira doutrina económica da História. Valorizando a atividade mercantil , esta doutrina tomou o nome de Mercantilismo . No que consiste o Mercantilismo? É uma doutrina económica que vigorou na Europa nos séculos XVII e XVIII , segundo a qual a riqueza dos Estados consistia na maior acumulação possível de ouro e prata . Para o conseguir, os governadores favoreciam a produção e a exportação e limitavam a importação de produtos . ↓ Os pensadores mercantilistas estavam convencidos de que a riqueza de um Estado se media pela quantidade de metais preciosos que este possuísse, pelo que tornava necessário canalizar, para o país, uma parte significativa do dinheiro que circulava no comércio europeu . Tal só seria possível se a balança comercial fosse favorável , isto é, se o valor das exportações excedesse o das importações. Quais as suas principais características? ● Obter uma balança comercial favorável - aumento das exportações e diminuição das importações; ● Enriquecer o Estado ; ● Fortalecer o poder do rei ; A quem competia tomar as medidas necessárias para atingir esse objetivo? Na lógica mercantilista , competia ao Estado tomar todas as medidas necessárias para atingir este objetivo. Tais medidas traduziam-se num apertado protecionismo económico que fomentava a produção e s alvaguardava os produtos e as áreas de comércio nacionais da concorrência estrangeira .
3.
Muito resumidamente, podemos dizer que a atuação dos governos se deveria pautar por três linhas fundamentais : ●
o fomento da produção industrial , com vista a promover a autossuficiência do país bem como a exportação de produtos manufaturados; ● a revisão das tarifas alfandegárias , sobrecarregando os produtos estrangeiros e aliviando as taxas que pesavam sobre as expostações nacionais, de modo a torná-las mais competitivas; ● o incremento e reorganização do comércio externo , de forma a proporcionar mercados de abastecimento de matérias-primas e de colocação de produtos manufaturados. Embora comuns a todas as políticas mercantilistas , a aplicação destas medidas revestiu-se de formas diversas , consoante os países que as adotaram. Assim aconteceu em França e em Inglaterra , os dois reinos europeus que, de forma mais eficaz e coerente, seguiram esta doutrina económica . Protecionismo: política económica que impede a livre iniciativa e a livre circulação de mercadorias . O protecionismo traduz-se, geralmente, quer por um aumento dos direitos alfandegários sobre as importações quer pela concessão de exclusivos e privilégios industriais . O objetivo destas medidas é permitir o desenvolvimento das produções internas que, desta forma, se tornam mais competitivas. Quais as principais características do mercantilismo? ● Grande intervenção do Estado na economia para defesa da produção nacional ( protecionismo económico ); ● Desenvolvimento do comércio colonial (Inglaterra e Holanda); ● Desenvolvimento das manufaturas (França); ● Acumulação de metais preciosos , provenientes dos Impérios coloniais (Portugal e Espanha). Mercantilismo em França De que forma se impôs o mercantilismo em França? Em França, o Mercantilismo impôs-se pela mão firme de Colbert , ministro de Luís XIV. E foi o poderio económico dos Holandeses que motivou as medidas protecionistas mais fortes. Medidas:
4.
➔ Como Colbert
estava preocupado com a grande quantidade de mercadorias que entravam no reino pelas mãos dos Holandeses , pôs todo o seu empenho no desenvolvimento das manufaturas . ↪ é a importância que é conferida ao setor manufatureiro , bem como a sua feição altamente dirigista , que caracterizam o Mercantilismo francês, também conhecido por colbertismo. Com o fim de evitar importações , Colbert introduziu novas indústrias (cristais de Murano, tecidos holandeses, bordados de Veneza), recorrendo à importação de técnicas e mão de obra estrangeira . Impulsionou, também, a criação de grandes manufaturas , quer incitando os produtores a associar-se quer concedendo vários privilégios , como por exemplo: monopólios de fabrico, incentivos fiscais e subsídios. ↓ Assim nasceram as célebres manufaturas reais , que funcionam como unidades-modelo de produção . Estas manufaturas, que tanto pertenciam ao Estado como a particulares , podiam aplicar um selo com as armas do rei e dedicavam-se sobretudo ao fabrico de artigos de luxo destinados a fornecer a corte. Em troca dos privilégios e subsídios concedidos , o Estado arrogava-se o direito de regulamentar minuciosamente a atividade industrial : matéria-prima, qualidade, horas de trabalho, preços, tudo era controlado através de um corpo de inspetores criados para o efeito. ➔ No que se refere ao comércio , Colbert investiu fortemente no desenvolvimento da frota mercante e da marinha de guerra . Seguindo o modelo já experimentado pela Holanda e pela Inglaterra, procedeu à criação de grandes companhias monopolistas , às quais reservou, em exclusivo, os direitos de comércio sobre determinada zona . Todos os particulares que aí pretendessem negociar deveriam entrar para a respetiva companhia, unindo os seus esforços aos do Estado, na esperança de vencer a concorrência das outras nações. A estas companhias foi dado o poder de agir em representação do país , administrando e defendendo os territórios coloniais, pelo que, para além dos direitos de comércio , detinham um grande poderio militar (Doc. 5). Quais as práticas do Mercantilismo Colbert pôs em prática? E de que forma o fez? Foi Colbert quem melhor pôs em prática as ideias do Mercantilismo : ● fomentou as manufaturas nacionais através da concessão de incentivos económicos e privilégios; ● protegeu as produções francesas , aplicando pesados direitos de entrada aos produtos importados e facilitando, de modo inverso, as exportações;
5.
● reforçou o comércio oceânico com a criação de companhias monopolistas , às quais foi concedido o exclusivo comercial de determinadas áreas geográficas, bem como poderes para
aí representarem o Estado , conquistando terras, administrando territórios e negociando tratados. Quais as principais características do mercantilismo franzcês? ● Aumentar as exportações e diminuir as importações ( equilíbrio da balança comercial ); ● Criação de novas indústrias às quais o Estado concedia privilégios : - benefícios fiscais; - subsídios e monopólios de produção e de venda; ● Importação de novas técnicas e operários especializados . ● Criação de um império colonial e comercial através de Companhias de Comércio. Colbert como modelo mercantilista? O colbertismo representa a corrente mais dirigista de todo o Mercantilismo . Já em vida de Colbert, numerosas críticas e panfletos anónimos denunciavam quer: - excessiva regulamentação das indústrias; - quer as restrições postas ao comércio e à iniciativa dos particulares . No entanto, tanto pelo seu caráter espetacular, como pela personalidade carismática do seu impulsionador, o colbertismo foi o modelo mercantilista mais adotado pelos países europeus . O sistema mercantil em Inglaterra De que forma se impôs o mercantilismo em França? - Em Inglaterra, as medidas de tipo mercantilista assumiram um carácter mais flexível , adaptando-se aos tempos e às circunstâncias , o que lhes proporcionou um elevado grau de eficácia . Cromwell foi o responsável pelas medidas mercantis que desenvolveram a Inglaterra. - Para além desta flexibilidade, o mercantilismo inglês distingue-se pela valorização da marinha e do setor comercial . Tal como aconteceu em França, foi o poderio económico dos Holandeses que motivou as medidas protecionistas mais fortes . Só que, em Inglaterra, a concorrência holandesa fazia-se sentir sobretudo nas áreas dos transportes marítimos e do comércio externo .
6.
Características do sistema
mercantil em Inglaterra Atos de Navegação: Entre 1651 e 1663, foi promulgada uma série de leis - os Atos de Navegação -, destinadas a banir os Holandeses das áreas do comércio britânico . - Por determinação dos Atos de Navegação , todas as mercadorias estrangeiras que entrassem em Inglaterra seriam obrigatoriamente transportadas em embarcações inglesas ou do país de origem , ou seja, o transporte de todos os produtos comerciais a países europeus via mar deveria ser feito por navios pertencentes a Inglaterra ou ao próprio país europeu que estivesse a realizar a importação ou exportação desses produtos. Exclusivo colonial: De igual forma, reservou-se à marinha britânica , em exclusivo, a navegação de cabotagem e o transporte para Inglaterra das mercadorias coloniais (Doc. 6A)- exclusivo cononial; Política de exclusivo colonial: Assim destruída a concorrência da Holanda, a frota mercante inglesa não encontrou entraves ao seu crescimento, tanto mais que os Atos de Navegação foram complementados por uma política de expansão territorial sobretudo na América do Norte e nas Antilhas (pois controla a produção e o preço dos produtos coloniais). Exclusivo colonial : forma de exploração económica que reserva para a metrópole os recursos e o mercado das colónias. Trata-se de uma medida protecionista cujo objetivo é garantir a obtenção de matérias-primas e produtos exóticos a baixo preço, bem como escoar as produções manufatureiras. Criação de um império colonial e comercial: O setor comercial foi ainda reforçado ( Criação de um império colonial e comercial) com a criação de grandes Companhias de Comércio , às quais se concederam numerosos monopólios. A mais célebre e bem-sucedida foi, sem dúvida, a Companhia das Índias Orientais , que recebeu, em 1661, poderes soberanos de justiça civil , organização militar e direção de guerra no Oriente (Doc. 6C). Quais os efeitos? Esta política protecionista / Mercantilismo surtiu os efeitos desejados : o poderio comercial e marítimo da Inglaterra consolidou-se, permitindo-lhe disputar, com êxito, o primeiro lugar na cena económica internacional (sendo a maior forta comercial, guerra e mercante). Sem concorrência estrangeira
7.
A competição entre
estados europeus no século XVII e a reação inglesa no mercantilismo Concorrência internacional: ❖ Adoção de políticas mercantilistas por império da Europa : -Proteção das economias nacionais; -Limitação de comércio internacional; ❖ Adoção de políticas anti-protecionistas (Holanda e Inglaterra) : -Desenvolvimento da marinha mercante; -Desenvolvimento do comércio internacional; O equilíbrio europeu e a disputa das áreas coloniais Como se caracterizava o equilíbrio europeu? -pág 69 No decurso dos dois séculos que agora estudamos, o equilíbrio europeu foi particularmente frágil e mantido à custa de numerosos conflitos . Fosse por questões dinásticas, pretensões territoriais ou interesses económicos, o certo é que a Europa viveu uma sucessão contínua de guerras . Quais as causas destas guerras? A partir da segunda metade do século XVII, as motivações económicas estiveram na origem da maior parte destes conflitos. Sendo o comércio o setor da economia que movimentava mais capitais e produzia maiores lucros , os soberanos aperceberam-se de que o domínio comercial facilmente se transformava no poderio militar indispensável ao engrandecimento do Estado . Porque razão os olhares se voltaram para as áreas coloniais? Ora, dado que a generalização das medidas protecionistas/mercantilistas tinha levantado grandes entraves à circulação de mercadorias no circuito europeu , ou seja, verificou-se uma Contração do Comércio entre os países europeus , os olhares voltaram-se para as áreas coloniais que se tornaram o centro de acesas rivalidades . Grandes mercados consumidores, fornecedoras de matérias-primas e produtos exóticos que se vendiam a bom preço, as áreas sob domínio europeu eram exploradas em sistema de exclusivo colonial pela respetiva metrópole - países começaram a comerciar com as suas colónias. Este sistema permitia ao Estado dominador regular as produções e os preços sem ter em conta a concorrência dos outros países , impedidos de aí realizarem os seus negócios. Daí, também, a importância atribuída à constituição dos impérios coloniais (territórios controlados pelos seus governadores e local onde iam buscar maior parte das
8.
matérias-primas), autênticos "impérios de comércio", essenciais à vitalidade económica das nações europeias . Fases da
luta: (ver powerpoint) Face à evidente decadência dos Estados ibéricos, a disputa da supremacia no grande comércio martimo travou-se essencialmente entre a Holanda, a Inglaterra e a França . Muito resumidamente, podemos distinguir, nesta luta, duas fases: ● a primeira, entre 1651 e 1689, opôs a Holanda e a Inglaterra . Os dois países travaram entre si três encarniçadas guerras , no termo das quais a Holanda perdeu para a Inglaterra as suas colónias americanas e parte das suas possessões no Oriente . Estas guerras marcam o fim da hegemonia comercial holandesa, que durava há mais de meio século; ● a segunda, que decorreu entre 1689 e 1763, foi marcada pela rivalidade anglo-francesa , que se materializou numa longa série de conflitos por questões de território, mercados e abastecimentos de produtos coloniais. De quem foi a vitória? Este período de tensão culminou na Guerra dos Sete Anos (1756-1763) que, iniciada na Europa, rapidamente se estendeu aos territórios . - A guerra consagrou a vitória inglesa , reconhecida no Tratado de Paris . Por este tratado, a França abandonou as suas possessões nas Índias , comprometendo-se a retirar os efetivos militares das cinco feitorias que aí conservou. Na América, cedeu à Inglaterra o Canadá, o vale do Oaio, a margem esquerda do rio Mississípi; em África, as feitorias do Senegal. Entregou, ainda, a Luisiana à Espanha, para a compensar a perda da Flórida, anexada pelos ingleses. Foi assim que, após mais de um século de conflitos, a Inglaterra se tornou a maior potência colonial e marítima da Europa e a sua hegemonia económica perdurará por todo o século XIX. Em resumo: Os países de origem : 1. controlam a produção e os preços dos produtos coloniais; 2. garantem a obtenção de matérias-primas e de mercados de escoamento das manufaturas sem a interferência de países rivais; O exclusivo colonial leva à: 1. A criação de um império colonial e comercial que passou a ser a prioridade dos Estados Europeus ;
9.
2. O capitalismo
comercial levou ao agravamento das tensões internacionais com episódios de guerra e rivalidade entre: Sécs. XVII e XVIII - holandeses, franceses e ingleses - franceses e ingleses Hegemonia britânica A 2ª metado do século XVII foi, para a Inglaterra , um período de intensa prosperidade : - agricultura, indústria, comércio e a banca rgistaram um desenvolvimento revolucionário; - vitórias militares. ↓ Impuseram a hegemonia britânica sobre o Velho Continente e sobre o mundo colonial No que consiste a Revolução Agrícola? Designação do movimento de renovação da agricultura , verificado na Inglaterra do século XVIII, que resulta na transformação da propriedade rural ( enclosures ), na introdução de novas espécies vegetais e animais (ou seu apuramento) e na aplicação de novas técnicas e processos de produção . Condicionalismo e fatores da Revolução Agrícola: ● Triunfo do parlamentarismo inglês : contrariamente ao absolutismo, o parlamentarismo era favorável à liberdade económica o que permitiu o desenvolvimento da aristocracia rural e da burguesia . ● Investimento na agricultura feito pela burguesia , com base na riqueza acumulada através do comércio colonial. ● Melhoria das técnicas agrícolas : - emparcelamento das terras ; - especialização de culturas ; - mecanização da agricultura ; - sistema de rotação quadrienal das culturas - para resolver o problema do esgotamento do solo (causado pela cultivo intensivo de cereais- base da alimentação), ou seja, para evitar o pousio e renovar a terra , que alternava as colheitas de cereais com as de leguminosas, como o nabo (que melhora os solos), e as de plantas forrageiras, como o trevo. Tal prática não só proporcionava o aproveitamento integral da terra como permitia uma articulação perfeita entre a agricultura e a criação de gado , aspeto deveras relevante, uma vez que, à falta de adubos químicos, o estrume era, nesse tempo, o único fertilizante de uso corrente.
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- Enclosures : este novo sistema era incompatível com os tradicionais direitos de pasto comunitário que
obrigavam a deixar abertos todos os campos onde, após as colheitas, os gados da região pastavam livremente. O campo aberto (open field) revelava-se, pelo contrário, altamente prejudicial à rentabilização da terra, pelo que os grandes proprietários desencadearam um processo de vedações ( enclosures ) das suas propriedades às quais anexaram, muitas vezes, baldios e outras terras comunitárias. As enclosures: criadas de forma a que os grandes senhoras das terras aumentassem a dimensão das suas e, por sua vez, aumentassem a produção e o lucro , logo permitiam um melhor aproveitamento e rentabilização da terra . - seleção de sementes e de gado : as vedações constituíram um elemento essencial à modernização da agricultura inglesa. Nestes campos cercados selecionaram-se as sementes , aperfeiçoaram-se as alfaias , apuraram-se as raças animais . ● Conquista de novas áreas cultiváveis através do arroteamento de florestas , da drenagem de pântanos e da anexação de baldios contíguos às propriedades da nobreza. ● Expansão de novas culturas: batata, beterraba e milho maís. Quais as condições favoráveis ao dinamismo económico da Inglaterra? Para o sucesso económico inglês contribui um conjunto vasto de fatores , dos quais se salientam: ➔ uma agricultura inovadora , capaz de aumentar significativamente a produtividade , criando riqueza e libertando mão de obra para outros setores económicos; ➔ um acentuado crescimento demográfico , que não só ampliou o mercado consumidor, estimulando a produção, como forneceu os trabalhadores indispensáveis ao desenvolvimento económico: - Diminuição da mortalidade , sobretudo infantil, devido à descoberta da vacina contra a varíola e ao maior cuidado com o parto e com a educação das crianças . - Melhoria da alimentação devido às inovações agrícolas e ao clima se ter tornado mais suave . - Melhores condições de habitação – o tijolo substituiu a madeira na construção das casas. - Melhoria do vestuário – roupa interior em algodão em vez de lã. - Maior cuidado com a higiene pessoal – uso do sabão. - Diminuição do número de guerras .
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O aumento da
população inglesa foi, simultaneamente, um resultado e um fator de desenvolvimento económico : a abundância e a criação de postos de trabalho fazem aumentar a taxa de nupcialidade e o n.º de nascimentos, enquanto a morte regride; por sua vez, o crescimento populacional estimula o consumo e fornece mão de obra jovem aos diversos setores de atividade. Enquanto no resto da Europa a urbanização progride lentamente , na Inglaterra configura-se já a nova geografia humana que marca a era industrial. Centro nevrálgico de toda esta vitalidade económica, Londres torna-se a maior cidade da Europa. ➔ um mercado interno onde os produtos circulavam de forma rápida e barata . Ao crescente número de consumidores juntava-se, em Inglaterra, a inexistência de alfândegas internas que encareceram as mercadorias e dificultasse o seu transporte, como era normal em França ou na Alemanha, e as vias de circulação eficientes (canais e estradas) com o objetivo de diminuir os custos de circulação, o mercado inglês tornou-se um verdadeiro " mercado nacional " (onde os produtos e a mão de obra podiam circular livremente), propiciador do consumo, da importação de matérias-primas e da exportação de produtos manutaturados; Nota: o desenvolvimento das vias de circulação não só favoreceu a criação de um mercado nacional , como proporcionou a necessária ligação entre as regiões do interior e as cidades portuárias , articulando consumos e produções internas com o extenso mercado colonial inglês. ➔ um mercado externo amplo , no qual as colónias desempenhavam um papel de vulto. Exploradas em sistema de exclusivo colonial, as áreas coloniais forneciam materias-primas a baixo preço e constituíam um extenso mercado de consumo; Mau grado as medidas protecionistas dos Estados europeus, os produtos ingleses impunham-se no continente , quer pela sua excelente qualidade quer pelo seu baixo preço . Mesmo a França não conseguia resistir-lhes: quando, em 1786, os dois países acordam a redução mútua de tarifas alfandegárias (Tratado de Eden), uma avalancha de têxteis e ferragens inglesas invadiu os mercados franceses, provocando protestos veementes por parte dos fabricantes deste país. Era, porém, dos longínquos mercados transoceânicos que os Ingleses retiravam os seus maiores dividendos : - Importância do comércio triangular (Américas) : mais de metade da frota britânica singrava em direção às Américas, quer diretamente quer passando pela periferia africana, inscrevendo-se nas rotas do comércio triangular. O triângulo comercial que ligava os três continentes fazia-se, no caso inglês, a
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partir dos portos de Liverpool, Londres, Bristol, Glasgow ou Hull, de onde os navios largavam carregados
de armas de fogo , rum , tecidos grosseiros e quilharias , em direção à costa de África . Aí, abasteciam-se de escravos , destinados às plantações e minas americanas . Na América, adquiriam as produções tropicais (açúcar, café, algodão, tabaco, etc.), que revendiam depois na Europa. - Importância da Companhia das Índias Orientais: no Oriente, quer as responsabilidades da conquista quer os direitos de comércio foram transferidos para a Companhia das Índias Orientais, que se mostrou à altura da sua missão. Tendo-se apropriado de rotas e tráficos e estabelecido um domínio territorial consistente, a Companhia: - controlava o comércio das sedas, as especiarias, os corantes, o chá, as porcelanas e os panos de algodão indianos, muito apreciados na Europa pela sua finura e qualidade. -o domínio territorial britânico permitiu também o controlo das produções agrícolas (açúcar, pimenta, açafrão, índigo, seda, algodão) que os britânicos exploraram consoante as suas necessidades, impondo produções e taxas aos agricultores asiáticos. -para além do lucrativo comércio Ásia-Europa, os ingleses imiscuíram-se nos circuitos de troca locais , o“ country trade ”. Controlava o espaço comercial no porto de Cantão, na China, com seda, porcelanas e chá que pagavam com tecidos e ópio indianos, ouro e prata da metrópole. Companhia das Índias Orientais: Nome comum a várias organizações comerciais (holandesa, inglesa, francesa) que entre si disputaram a exploração comercial do Oriente a partir de inícios do século XVII. A mais importante foi a Companhia das Índias Orientais holandesa. ➔ um sistema financeiro avançado , a superioridade inglesa assentava, também, num sistema financeiro avançado facilitador do desenvolvimento económico , capaz de apoiar os vários setores de atividade. - Em Londres funcionava a mais importante bolsa de valores/de comércio da Europa, onde se centralizavam os grandes negócios da cidade, criada como instituição privada , depressa foi reconhecida pelo Estado que lhe conferiu a condição de Royal Exchange . Nela se contratava a dívida pública (pág.81) e se cotaram as primeiras ações da Companhia das Índias Orientais . Assim nasceu a bolsa de valores londrina , ainda hoje uma das mais importantes do mundo. A prosperidade da Companhia das Índias desenvolveu de tal forma o mercado acionista que, em 1691, apareceram os
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primeiros títulos de
empresas industriais aos quais se juntaram, pouco depois, as ações do Banco de Inglaterra. ↓ A atividade bolsista foi um importante fator de prosperidade económica , já que permitiu canalizar as poupanças particulares para o financiamento de empresas , alargando assim o mercado de capitais. Adquirir títulos do Estado ou ações de uma companhia passou a ser uma forma de aplicação do dinheiro que, gerando perspetivas de bons lucros, atrai, até hoje, numerosos investidores. - A operacionalidade do sistema financeiro foi reforçada em 1694, com a criação do Banco de Inglaterra . Este estava especialmente vocacionado para realizar todas as operações necessárias ao Grande Comércio : aceitação de depósitos, transferências de conta a conta, desconto de letras e também financia-mentos, sempre que era necessário, por exemplo, equipar os navios do comércio colonial. O banco também tinha ainda a capacidade de emitir notas , que circulavam como uma verdadeira moeda. Embora este primeiro papel-moeda pudesse ser, em qualquer momento, convertido em ouro, o valor das notas em circulação ultrapassou largamente as reservas metálicas do banco , fornecendo assim os meios de pagamento necessários ao incremento dos pequenos negócios. A atividade do Banco de Inglaterra deu origem a pequenas instituições - os country banks - (realizavam, em escala mais reduzida, o mesmo tipo de operações). Servindo de base à prosperidade do comércio e à gestão capitalista do setor agrícola, esta estrutura financeira constituiu também o ponto de apoio da maior de todas as mudanças económicas: a Revolução Industrial. ➔ um setor manufatureiro em mutação profunda . No último quartel do século XVIll, uma vaga de inovações técnicas revolucionou o têxtil e a metalurgia ingleses, inaugurando a maquinotatura, isto é, a era industrial. Quais as consequências da Revolução Agrícola Inglesa? ● O aumento da produção de cereais, leite e carne provocou a melhoria da alimentação e o aumento da população ; ● Criação de condições para o arranque da revolução industrial : - Abundância de lã devido ao desenvolvimento da criação de gado; - Libertação de mão de obra devido às enclosures e à mecanização ; - Acumulação de capitais devido aos lucros da exploração da terra . ● O êxodo rural contribui para o crescimento das cidades , saída da população da zona rural para a zona urbana, ou seja, do campo para a cidade. Migração para os centros urbanos que absorveram a mão de obra excedentária dos campos;
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● A emigração da Europa
para a América aumenta; ● Uma população mais numerosa constitui um maior mercado de consumidores , aumentando a procura ; o aumento da procura estimula o aumento da produção ; ● O comércio cresce e as produções agrícola e manufatureira desenvolvem-se . Arranque industrial No que consiste a Revolução Industrial? Tranformações técnicas e económicas (referidas posteriormente) que se iniciaram na Inglaterra na 2.ª metade do século XVIII e se alargaram a quase todos os países da Europa e da América do Norte no decorrer do século XIX. - Considera-se que foi a invenção da máquina a vapor e a sua aplicação à indústria e aos transportes que provocou a rápida mudança nos modos de produção- da manufatura passou-se à maquinaria . Quais os fatores da prioridade inglesa no arranque da Revolução Industrial? ● Desenvolvimento da grande manufatura a qual tinha semelhanças com o processo industrial devido às invenções técnicas (máquina a vapor, teor mecânico); ● Existência de uma burguesia ativa e empreendedora favorecida pelo parlamentarismo inglês; ● A acumulação de capital - proveniente dos lucros da agricultura e do comércio internacional - permitiu fazer investimentos nas minas, nas fábricas e na construção de vias de comunicação; ● Numerosa mão de obra - o aumento da população e o êxodo rural deram à indústria uma mão de obra barata e abundante ; ● Vasto mercado consumidor estimulou a produção industrial - existência de um grande comércio interno devido ao aumento da população e à subida de salários; existência de um rico mercado externo devido ao domínio inglês de um extenso império colonial; ● Abundância de matérias-primas - na Inglaterra (ferro, hulha-carvão mineral e lã); nas colónias (algodão e madeira); ● Rapidez no transporte de matérias-primas para as fábricas e no escoamento dos produtos industriais - rios navegáveis, canais, estradas, portos acessíveis ao longo da costa. Quais as inovações técnicas que ocorreram e que foram aplicadas à produção? A indústria têxtil Até 1830 a indústria têxtil algodoeira desenvolveu-se, derivado a: ● ser um setor em desenvolvimento antes da Revolução Industrial;
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● Necessitar de pouco
investimento ; ● Exigir reduzida competência técnica . Foi o aumento da procura , interna e externa, bem como a abundância de matéria-prima , proporcionada pelas colónias, que impulsionaram os progressos no setor algodoeiro : - Invenção da lançadeira volante por John Kay: um mecanismo simples que permitia aumentar a largura dos tecidos e multiplicava por 10 a produtividade do tecelão. Uma vez difundida, não tardou que escasseasse o fio, já que os processos de fiação se mantinham os mesmos, deixando os teares amiúde parados. - Uma nova máquina de fiar, a Jenny , veio solucionar o problema (inventada por James Hargreaves em 1765): permitia a uma só fiandeira trabalhar sete ou oito fios ao mesmo tempo. Mais tarde, este número elevou-se para 80 fios, que provocou um novo desequilíbrio entre as duas fases produtivas, desta vez de sentido inverso. A dinâmica assim adquirida repercutiu-se em novos melhoramentos , quer na tecelagem ( teares mecânicos ), quer na fiação e na estampagem , originando um inédito aumento de produtividade e de produção : em 1780, a indústria algodoeira britânica transformava 5 milhões de libras de algodão bruto; "Se houve um take off (arranque industrial) a seguir a 1787, o algodão foi efetivamente o responsável" O que permitiram estas máquinas? A simplicidade das primeiras máquinas têxteis e o seu reduzido custo permitiram o estabelecimento inicial de pequenas empresas , de capital muito modesto. Tendo em conta os lucros elevados (mais de 20%), as primeiras unidades industriais puderam crescer rapidamente, transformando os artesãos mais expeditos em industriais bem-sucedidos. Aplicados igualmente à indústria da lã, os progressos técnicos fizeram arrancar a mecanização de todo o setor têxtil. Metalurgia Após 1830/40 a indústria metalúrgica desenvolveu-se, devido a: ● necessidade de meios de transporte (comboios e navios); ● necesssidade de meios de comunicação (pontes e carris); ● necessidade de maquinaria diversa . Qual foi a importância da metalurgia?Exemplos O desenvolvimento do setor têxtil foi acompanhado, de perto, pelo da metalurgia que, fornecedora de máquinas e outros equipamentos , se tornava indispensável aos progressos da industrialização . - No século XVIII, Abraham Darby, ferreiro de Birmingham, deu o primeiro passo para
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resolver o problema do combustível necessário a este setor , utilizando, na fusão do ferro, o coque em vez de carvão vegetal. Obtido a partir da hulha, muito abundante no subsolo inglês, o uso do coque não exigia , como o carvão de madeira, o abate maciço de árvores ,
que colocava grandes entraves à expansão da indústria ; - A maior capacidade calorífica do coque , a aplicação de foles para ventilação dos altos-fornos e outros melhoramentos introduzidos nas fundições permitiram melhorar a qualidade e aumentar a produção (Doc. 20). - Em breve, o ferro , agora mais barato e mais resistente , começou a substituir, com vantagem, outros materiais. Neste mesmo século quando foi inaugurada, em Inglaterra, a primeira construção metálica : a ponte de Coalbrookdale. No século XIX, o crescimento deste setor intensificou-se. A partir da década de 1830, a metalurgia, ultrapassando o têxtil, tornou-se no principal setor industrial. A força do vapor Em todo este processo de modernização coube ao engenheiro escocês James Watt um papel central- invenção da máquina a vapor em 1769. Objetivos: com o objetivo de aproveitar a força expansiva do vapor- inicialmente utilizada para bombear a água das minas e depois foi aplicada à indústria têxtil (tear e máquina de fiar), à metalurgia (martelo-pião) a aos transportes (locomotiva e navios). Foi o 1.º motor artificial da História . Através↓dela -Foi possível mover teares, martelos, locomotivas, enfim, todo o tipo de maquinismos que, anteriormente, dependiam do trabalho humano ou das forças da Natureza. Um século depois da invenção de Watt, as máquinas a vapor efetuavam, na Grã-Bretanha, um volume de trabalho que teria exigido, anteriormente, cerca de 40 milhões de homens! A manufatura cedera lugar à maquinofatura, cerne da Revolução Industrial. Importante: Em 1763, James Watt, que se estabelecera em Glasgow com uma oficina de instrumentos de precisão, foi chamado a reparar uma máquina de Newcomen , engenho a vapor correntemente utilizado para bombear a água das minas . Foi então que impôs a si próprio o desafio de conceber uma " bomba de fogo " mais eficiente e versátil. Pouco depois, registava a primeira patente, dedicando os anos seguintes a aperfeiçoar o seu maquinismo. Quais as consequências desta revolução? Grandes vagas de camponeses migraram para as cidades , que cresceram negras do fumo das fábricas e se espaiaram em bairros pobres, de habitação operária; uma nova classe, a burguesia industrial , elevou-se ao topo da sociedade e do poder político, impondo os seus
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valores, a sua
cultura e a sua forma de viver; os transportes aceleraram-se e encurtaram distâncias , fazendo circular mercadorias, homens, notícias, ideias e hábitos novos. Grã-Bretanha guiou a Europa em direção a uma época nova: a do capitalismo comercial. Portugal- dificuldades económicas e crescimento económico Fatores de crise comerial de finais do século XVII: No século XVII, Portugal vivia sobretudo da reexportação dos produtos coloniais , tais como o açúcar, o tabaco e as especiarias. ● Concorrência das novas potências coloniais aos produtos brasileiros: os Holandeses, expulsos do Brasil, transportaram para as Pequenas Antilhas as técnicas de produção de açúcar e tabaco que, no litoral brasileiro, tinham aprendido. Estes cultivos rapidamente se generalizaram também aos territórios franceses e ingleses. ↓ Deste modo, Holanda, França e Inglaterra, que constituíam os nossos principais mercados , passam a consumir as suas próprias produções , reduzindo acentuadamente as compras feitas em Lisboa . ● Estas novas zonas produtoras, a política protecionista de Colbert e a concorrência sofrida no comércio asiático desencadearam uma crise comercial grave que, se não foi exclusivamente portuguesa, assumiu aqui maiores proporções que nos restantes países da Europa. ● Quando a crise atingiu o seu auge, os armazéns da nossa capital abarrotavam de mercadorias sem compradores . O excesso de oferta refletiu-se, de forma dramática, nos preços, que baixaram sem cessar = Baixa de preços dos produtos coloniais provocada pelo excesso de oferta conjugada com a diminuição de procura ; ● Pelos efeitos da crise 1670-80 , resultante da redução do aluxo da parta da América espanhola, com a qual os holandeses comprovam o sal - decairam também as vendas de sal aos mercadores holandeses . ● Balança comercial desfavorável -as importações eram superiores às exportações. Qual foi a possível solução? Esta grave crise privou Portugal dos meios necessários ao pagamento dos produtos industriais que importava. Produzir internamente o que até aí se adquiria ao estrangeiro pareceu aos nossos governantes a solução mais viável. Os esforços foram, pois, no sentido do desenvolvimento das manufaturas . Ou seja, uma vez que os produtos se iam acumulando em stock, a política do reino orientou-se de acordo com as teorias mercantilistas da época ( criação de manufaturas e de medidas protecionistas ).
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Quais as medidas
mercantilistas do Conde de Ericeira? Foi o impacto da obra Discurso sobre a Introdução das Artes no Reyno, de Duarte Ribeiro de Macedo, embaixador em Paris, e por isso muito em contacto com o colbertismo , que deu o impulso necessário ao arranque das manufaturas portuguesas . Nesta política distinguiram-se os vedores da Fazenda de Pedro II, D. João de Mascarenhas, 1.° Marquês de Fronteira , e, sobretudo, D. Luís de Meneses, 3.º conde da Ericeira . Desde que assumiu o cargo, em 1675, este ministro, a quem chamaram o Colbert português , procurou equilibrar a balança comercial do reino substituindo as importações por artigos de fabrico nacional . Neste sentido, as suas medidas mercantilistas foram: ● criação e desenvolvimento de manufaturas - lanifícios, construção naval, ferrarias, vidros e couros; ● atribuição de pribilégios e empréstimos a estrangeiros que instalassem as suas fábricas em Portugal ; ● o procedeu à contratação de operários estrangeiros especializados , sobretudo ingleses, holandeses e venezianos; ● praticou uma política protecionista da indústria nacional , através da publicação de leis pragmáticas , que proibiam ou limitavam o uso de diversos produtos de luxo importados no vestuário, tais como chapéus, rendas, brocados, tecidos e outros produtos similares; ● o recorreu à desvalorização monetária com o fim de tornar os produtos portugueses competitivos no mercado externo e, simultaneamente, encarecer os artigos que, de fora, nos chegavam. ● ainda de acordo com os preceitos do Mercantilismo, criaram-se várias companhias monopolistas , às quais se deram privilégios fiscais : a Companhia de Cachéu, para o tráfico de escravos, a Companhia do Maranhão, destinada ao comércio brasileiro, e outras que, a partir de Goa, operavam na Africa Oriental, na China e em Timor. ↓ Por volta de 1690, notam-se os efeitos de retoma comercial , com a reanimação das exportações portuguesas com reflexo no escoamento dos stocks , a subida dos preços dos produtos coloniais e a retoma na venda dos produtos tradicionais : sal, azeite e vinho. O que se juntou a esta retoma do setor comercial? Quis o acaso que a esta retoma do setor comercial se viesse juntar a concretização de um velho sonho: a descoberta de importantes jazidas de ouro no interior do Brasil . (pág. 95)
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Quais os motivos
para o fracasso das medidas mercantilistas do Conde de Ericeira? À medida que a crise comercial se desvanecia , Portugal via-se novamente em situação de poder adquirir, no estrangeiro, os produtos industriais necessários ao consumo interno . Para mais, a liquidez proporcionada pelo ouro brasileiro permitia redobradas facilidades de pagamento. Neste contexto, o país encontra, de novo, a sua vocação mercantil e o esforço industrializador esmorece. ● Descoberta em 1693 das minas de ouro no Brasil ; ● Súbida da cotação do açúcar e do tabaco brasileiro s; ● Falta de investidores e de operários nas manufaturas; ● Mercado interno reduzido - produtos de fraca qualidade; ● Falta de vias de comunicação ; ● Incapacidade de fazer cumprir as Pragmática s; ● Tratado de Methuen (1703) - um rude golpe ao projeto industrializador em que Portugal importa lanifícios ingleses e exporta vinho para a Inglaterra. ↓ Nos termos deste acordo, os tecidos de lã ingleses e outras manufaturas seriam admitidos sem restrições em Portugal, anulando, assim, as leis pragmáticas que os proibiam. Em troca, os vinhos portugueses entraram em Inglaterra pagando apenas dois terços dos direitos exigidos aos vinhos franceses. O Tratado de Methuen estimulou o crescimento das exportações dos nossos vinhos que, desde então, ficaram para sempre no gosto dos Ingleses, mas originou uma dependência alarmante neste setor: em 1777, o mercado britânico representava 94% das nossas exportações vinícolas! Simultaneamente, o défice comercial com a Inglaterra atingiu cifras alarmantes. Importante: este défice, pago em numerário, foi o maior caudal por onde se esvaiu a riqueza vinda do Brasil . Calcula-se que, por esta via, cerca de três quartos de todo o ouro recebido tenha i do parar às mãos dos Ingleses . Política económica e social pombalina Em meados do século XVIII, quando as remesssas de ouro brasileiro começaram a diminuir , Portugal viu-se perante uma nova crise, de contornos muito semelhantes aos que tinham enquadrado as medidas económicas do Conde de Ericeira : debilidade da produção interna, dificuldades de colocação, no mercado, dos produtos brasieiros, excessiva intromissão das outras nações no nosso comércio colonial (supostamente exclusivo), défice crónico da balança comercial.
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Quais as soluções? A crise e a consciência da nossa excessiva dependência face à Inglaterra coincidiram com o governo do Marquês de Pombal , ministro todo-poderoso do rei D. José I. Marquês pôs em prática
um conjunto de medidas tendentes ao reforço da economia nacional , suporte imprescindível à grandeza do rei e do Estado que servia. Os grandes objetivos da política pombalina foram a redução do défice e a nacionalização do sistema comercial português , passando o seu controlo e os seus benefícios para as mãos dos nacionais. Seguindo máximas mercantilistas , Pombal impôs ao Estado e a si próprio essa gigantesca tarefa. Assim: ● Em 1755, cria a Junta do Comércio responsável pelo controlo da atividade económica e a criação do Érário Régio para organizar e centralizar a cobrança de impostos ; ● A nacionalização e a reorganização do comércio externo passaram pela criação das companhias monopolistas de comércio . Concentrando capitais privados e do Estado, as companhias procuravam constituir-se como entidades à altura de se baterem, comercialmente, com os ingleses. Ex: companhias que operavam no Brasil e também a companhia das Vinhas do Alto Douro - encarregadas da reorganização da produção e comércio dos vinhos generosos do Douro que, como outros setores, se encontrava submetido aos interesses britânicos. ● Marquês de Pombal vai revalorizar o setor manufatureiro , dando continuidade à política iniciadad pelo Conde de Ericeira- revitalizar indústrias já existentes e criar novas unidades (Real Fábrica de Laticínios de Portalegre); ● No sentido de atrair técnicos e investigadores estrangeiros , o Estado concedeu privilégios e isenções iscais ; ● A nível social, o marquês promoveu socialmente a burguesia , criando em 1759 a Aula do Comércio (1.ª escola comercial da Europa). Para formar futuros comerciantes . ● Formação de uma burguesia mais poderosa para contrabalançar o poder do clero e da nobreza; ● Em 1770, a alta burguesia acionista das companhias de Comércio recebe o estatuto de nobre , permitindo-lhes ter acesso a numerosos cargos e dignidades; ● Terminou com a distinção entre cristãos-novos e cristãos-velhos (1768);
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● A nível da
educação e ensino , o Marquês de pombal vai instituir: -o ensino elementar - “mestres de ler, escrever e contar”; - reforçar os status da Universidade de Coimbra , dotando-a de novos currículos e de vários laboratórios (experencialismo); -estabelecem as disciplinas de retórica e gramática gregas , literatura latina e filosofia como indispensáveis a quem quisesse seguir o ensino superior; - os cursos passaram a orientar-se por critérios racionalistas e experimentais ; -faz uma profunda reforma do ensino , desdes as primeiras letras, a Aula de Comércio, o Real Colégio dos Nobres, à Universidade preocupando-se com um estudo humanista e prático, coma criação de vários laboratórios experiemntais (Iluministas); Como se encontrava a prosperidade comercial dos finais do século XVIII? Os resultados da política pombalina não tardaram a fazer-se sentir. As áreas sob controlo das companhias prosperaram , desenvolveram-se produtos coloniais como o algodão, o café e o cacau, em muitos ramos da indústria as produções internas substituíram, cabalmente, as importações e aumentaram também as exportações , para o Brasil, de produtos manufaturados da metrópole. Nos decénios que se seguiram, foi graças às medidas pombalinas que Portugal viveu a sua melhor época comercial de sempre : entre 1796 e 1807, a balança comercial obteve saldo positivo , revelando-se superavitária em relação à maioria dos nossos parceiros comerciais. Estes resultados foram também possíveis graças a uma conjuntura externa favorável . Guerras e revoluções afetaram o comércio francês e inglês, contribuindo para devolver a Lisboa um pouco da sua antiga grandeza como entreposto atlântico.
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