O documento discute o processo de fenação, abordando: 1) A escolha da forrageira ideal para fenação, destacando gramíneas como o capim-tifton e o capim-coastcross. 2) A importância de se estabelecer um "campo de feno" adequado. 3) As principais etapas do processo de fenação: corte, secagem, enfardamento e armazenamento. O documento ressalta a importância da secagem rápida e uniforme para manter a qualidade nutricional do
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
CURSO DE AGRONOMIA
DISCIPLINA DE FORRAGICULTURA E PASTAGENS – 2010/2
Fenação
Rafael Henrique P. dos Reis - Eng° Agrônomo, M.Sc.
Doutorando - Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical
2. Responder
estas perguntas
1. O que é feno?
2. Para que produzir feno?
3. Quais vantagens e problemas?
4. Como produzir o feno?
5. Quanto fornecer de feno aos animais?
7. Fenação vs. Feno
Fenação:
• Conjunto de operações
• Processo de conservação de forragem
• Secagem – desidratação
• Objetivo: manter o valor nutritivo próximo
ao da forrageira original.
Feno:
• Produto obtido = volumoso
• Forragem desidratada (10 a 15% MS)
9. UTILIZAÇÃO DO FENO
• historicamente: desacreditado
• mal utilizado – forrageiras inadequadas
• associado à alimento “ruim” - ↓ Valor Nutricional
• baixo consumo do alimento??
Capim-gordura Capim-mombaça
10. UTILIZAÇÃO DO FENO
Atualmente:
• Europa – facilidade de secagem
• Alimentação de cavalos
• Bovinos de leite
• Pecuaristas - ↑ R$
•confinamento OBS.: utilizado como
•suplementação combustível para
queima em secador
de grãos.
12. VANTAGENS DO FENO
• armazenamento por longo período
• produzido em grande ou pequena escala
manual ou mecanizado
• incorporável ao projeto de “manejo de pastagens”
conservar o excedente de pasto das águas
É viável/possível nas
condições das pastagens
na região?
14. PROBLEMAS NO USO DO FENO
• necessidade de rapidez na secagem – afeta a qualidade
produção coincide com período chuvoso
•↑ dependência de MAQUINÁRIOS = ↑R$
Limitação?
• grande necessidade de feno – SIM
investimento em maquinários
•Viabilidade do investimento
• pequenos pecuaristas – NÃO
processo manual
15. Tabela. Custo de aquisição de máquinas e
implementos para fenação e ensilagem
Fenação Ensilagem
Máquinas/Implementos
(R$) (R$)
Segadeira (rendimento: 2 ha/hora) 14.350,00 --
Ancinho Espalhador (rendimento: 2 ha/hora) 8.450,00 --
Ancinho Enleirador (rendimento: 2 ha/hora) 5.960,00 --
Enfardadeira - Retangular (400 fardos/hora) 30.150,00 --
Ensiladeira (rendimento: 15 t/hora) -- 15.070,00
Total 15.070,00
16. FENAÇÃO
1. Escolha da forrageira
2. Formação de “Campo de feno”
3. Etapas da fenação
4. Perdas no processo de fenação
5. Qualidade do feno
6. Planejamento da fenação
7. Consumo do feno
18. 1. ESCOLHA DA FORRAGEIRA
Características desejáveis nas forrageiras
•Alto valor nutritivo;
•potencial produtivo;
•facilidade de corte;
•capacidade de rebrotação;
•facilidade de desidratação.
folha estreita
porte baixo
colmo fino
19. 1. ESCOLHA DA FORRAGEIRA
Mais utilizadas:
•Alfafa (Medicago sativa) – clima temperado
•Tifton 68 e 85 (Cynodon spp.)
•“85” atualmente mais explorada
•Coast-cross (Cynodon dactylon cv. coastcross)
Alfafa Tifton 85 Coast-cross
22. Tifton 85
(Cynodon spp.)
Apresenta estacionalidade de produção
mais pronunciada
23. Cynodon dactylon
cv. coast cross
•7 cortes ao ano – 5 nas águas
•OUT-ABR – corte a cada 42 dias
•MAI-SET – corte a cada 70 dias
•25 t/MS/ha/ano
24. 1. ESCOLHA DA FORRAGEIRA
Tabela. Comparação entre fenos: gramíneas vs. leguminosas
Produtividade MS PB NDT
Fenos
(t feno/ha) (%) (%) (%)
Alfafa 20,42 88,15 18,68 57,95
Coastcross 30,61 88,21 8,19 50,24
* Irrigado: 10 cortes/ano (35 dias);
** Sem irrigação: 7 cortes/ano (5 nas águas (42 dias) e 2
na seca (70 dias)
25. 1. ESCOLHA DA FORRAGEIRA
Leguminosas vs. Gramíneas
•Leguminosas: ↑ Valor Nutricional
secagem problemática
•Gramíneas: ↓ Valor Nutricional
resistente à secagem à campo
• Consórcio: é viável??
NÃO!! → ≠ fisiologia das plantas
27. 1. ESCOLHA DA FORRAGEIRA
Outras forrageiras podem ser utilizadas para fenação?
• Mandioca
25 a 40 t/ha de raízes (60% NDT)
5 a 10 t/ha de folhas (16% PB)
•Capim-elefante
32. 2. CAMPO DE FENO
Características desejáveis no terreno:
1. Topografia plana – corte uniforme
2. Sem obstáculos – cupins, árvores, morros
não impedir a mecanização
3. Livre de plantas daninhas – ↓ VN do feno
33.
34. 2. CAMPO DE FENO
Formação de um Campo de Feno:
• Importância do preparo do solo na formação
• Mais utilizadas - Cynodon spp.
plantio de mudas – sulcos
Manual ou Semimecanizado
sulcador (3,0 t/ha de mudas)
grade niveladora (4,5 t/ha de mudas)
plantadeira (2,5 t/ha de mudas)
35.
36.
37. 2. CAMPO DE FENO
Manutenção de um Campo de Feno:
•exporta a parte aérea – reposição de nutrientes
calagem e adubação
“Tratar a planta forrageira
como uma cultura
importante”
38. 2. CAMPO DE FENO
Cuidados no Estabelecimento e Manejo do
Campo de Feno:
• Estabelecimento: controle de plantas invasoras
• Manejo: promover homogeneidade de produção e
altura de plantas
• cuidados na adubação Rebrotação desuniforme
• topografia do terreno Plantas com F/C diferentes
41. 2. ETAPAS DA PRODUÇÃO
DE FENO
a) CORTE
• Horário : pela manhã
• Equipamentos
• Manual: alfange ou segadeira de motor costal
• Mecânico: ceifadeiras ou segadeiras
•Segadeira simples
•Segadeira condicionadora
•Corta e amassa os caules – desidratação
•Rendimento médio : 2 ha/hora
46. 2. ETAPAS DA PRODUÇÃO
DE FENO
a) CORTE
• Idade das plantas: crescimento vegetativo
Tabela . Relação folha/colmo do Tifton 85 antes da fenação em diferentes
idades de corte
Idade de corte (dias) Relação folha/colmo
28 1,42
35 1,43
42 1,35
56 0,74
47. 2. ETAPAS DA PRODUÇÃO
DE FENO
a) CORTE
• Idade das plantas: crescimento vegetativo
Tabela. Composição bromatológica e disgestibilidade da MS in vitro do
Tifton 85 em diferentes idades de corte
Itens (% da Idade de corte (dias)
MS) 28 42 63 84
PB 9,5 8,0 7,8 7,3
FDN 77,2 78,8 78,5 79,4
CHT 46,6 47,3 47,4 50,4
Lignina 8,3 8,9 9,0 9,2
DIVMS 59,0 58,5 57,7 54,5
48. 2. ETAPAS DA PRODUÇÃO
DE FENO
b) SECAGEM
“ETAPA MAIS
IMPORTANTE
NO PROCESSO TEMPO
DE FENAÇÃO”
“DETERMINA A
QUALIDADE
QUALIDADE DO
FENO
PRODUZIDO”
49. 2. ETAPAS DA PRODUÇÃO
DE FENO
b) SECAGEM
• Forragem natural/verde – 65 a 85% de umidade
• Feno – 10 a 20% de umidade (80 a 90% MS)
• RÁPIDA E UNIFORME
↑ rapidez na desidratação = ↑ qualidade do feno
morte – paralisa o metabolismo = ↓ perdas
• Etapa onde ocorre as maiores perdas
• qualitativo - valor nutritivo
• quantitativo - “chuvas”, máquinas, etc...
50. 2. ETAPAS DA PRODUÇÃO
DE FENO
b) SECAGEM: 2 procedimentos obrigatórios
•Viragens:
mínimo 3: manhã, tarde, e manhã seguinte
Ancinhos espalhadores
• Enleiramento:
fim da tarde ou se houver chuva
Ancinhos enleiradores
51. 3. ETAPAS DA PRODUÇÃO
DE FENO
b) SECAGEM
• 3 fases: diferem quanto à:
duração;
taxa de perda de água;
resistência à desidratação.
(MacDonald e Clarck, 1987)
53. 3. ETAPAS DA PRODUÇÃO
DE FENO
b) SECAGEM
Fatores que interferem na desidratação
1. Fatores climáticos;
2. Fatores inerentes à planta;
3. Fatores de manejo.
54. UMIDADE DE EQUILÍBRIO
Tabela. Umidade de equilíbrio dos fenos em função da umidade relativa do ar.
Umidade Relativa do Ar (%) Umidade do Feno (%)
95 35,0
90 30,0
80 21,5
77 20,0
70 16,0
60 12,5
Fonte: adaptado de Raymond et al. (1991).
55. 2. FATORES INERENTES À PLANTA
• estrutura da planta – estádio de desenvolvimento
Cortar no Estádio VEGETATIVO
folhas secam 15 vezes mais rápido que colmos
perfilhos vegetativos (80% folhas na MS) secam 3
vezes mais rápido que na fase de emergência de flores
56. 3. FATORES DE MANEJO
• corte
•segadeiras condicionadoras – maceração
• manuseio da forragem no campo
• viragem - ancinhos
63. 3. ETAPAS DA PRODUÇÃO
DE FENO
c) ENFARDAMENTO
• “Ponto de feno” – 10 a 20% de umidade
• depende: %URar: 60 a 70%, umidade de equilíbrio
• determinação do “ponto de feno” à campo
• Enfardadeiras
• Fardo retangular: 400 fardos/hora – 12 a 20 kg
• Fardo circular: 8 t/hora - 300 a 500 kg
• Manual
68. 3. ETAPAS DA PRODUÇÃO
DE FENO
d) TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO
69.
70. 3. ETAPAS DA PRODUÇÃO
DE FENO
d) TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO
• Armazenamento do feno
•Solto: à campo – medas
•Fardos retangulares – galpões
•Fardos circulares à campo
• Problemas no armazenamento
T⁰ C – acima de 40 ⁰ C por longo período
Umidade do feno > 25% - fungos patogênicos
77. 4. PERDAS NA FENAÇÃO
1. na Fenação
quantitativas e qualitativas(↓folhas e respiração)
2. no Armazenamento
↑ umidade: ↑ perdas (oxidação, fungos)
3. no Fornecimento
no cocho: ↓ perdas
à campo: 50% perdas (feno em rolo)
78. 4. PERDAS DECORRENTES DA
FENAÇÃO
Perdas de valor nutritivo – principais
• Respiração - ↓ CHOS
• Aquecimento - ↓ digestibilidade da proteína
A) Causadas por erros na fabricação
B) Causadas por armazenamento inadequado
79. Tabela. Previsão de perdas durante a fenação em diferentes condições de secagem a campo
Ótimas Normais Adversas
Fontes de Perdas
P C P C P C
Forragem cortada - 100 - 100 - 100
Corte/condicionamento 5 95 10 90 20 80
Respiração 5 90 10 81 15 68
Viragens 5 86 10 73 20 54
Lixiviação/lavagem 0 86 10 66 15 46
Enfardamento 5 81 10 59 20 37
Armazenamento 5 77 10-20 53-47 30 26
Manuseio 5 74 10 48-43 30 18
Forragem consumida - 74 - 48-43 - 18
P: perdido; C: conservado (%)
Fonte: adaptado de MacDonald e Clarck (1987)
81. 5. QUALIDADE DO FENO
Como verificar a qualidade do feno?
•coloração esverdeada;
•cheiro agradável;
•grande porcentagem de folhas;
•macio;
•livre de impurezas – fungos.
AFETAM O CONSUMO PELOS ANIMAIS
83. 5. QUALIDADE DO FENO
FENO RUIM: ↑ PORÇÕES REPRODUTIVAS e
PLANTAS INVASORAS
84. 5. QUALIDADE DO FENO
FENO RUIM: FORRAGEM FENADA COM ↑ UMIDADE
85. 5. QUALIDADE DO FENO
O feno de boa qualidade provém de:
•forrageira de boa qualidade – solo fértil
•cortada no momento exato ( F/C) – estádio vegetativo
•passou por uma secagem rápida e uniforme;
•sem a ocorrência de chuvas na secagem;
•armazenado na umidade adequada (10 a 20%)
87. 5. QUALIDADE DO FENO
Classificação do feno: de acordo com a secagem
FENO A FENO B FENO C
30 h secagem Seco passado Úmido
Sem chuvas Sem chuvas Com chuva
Forrageira Tipo Umidade PB (%MS) FDN (%MS)
A 15 – 10 > 13 < 65
Gramínea B 15 – 10 9 - 13 65 - 69
C 18 – 15 <9 > 69
A 18 – 15 > 22 < 41
Leguminosa B 18 – 15 19 - 22 41 - 46
C 25 – 20 < 19 > 46
88. 5. QUALIDADE DO FENO
Classificação do feno: de acordo com a secagem
TIPO A TIPO B
93. 6. PLANEJAMENTO
Dimensionamento do Campo de feno
• quantidade de animais
• tempo de alimentação
• categoria e necessidade animal
(kg/MS/animal/dia)
• dimensionamento: área do campo de feno
95. 7. CONSUMO DO FENO
O consumo é inversamente proporcional ao teor de fibra
(parece celular) – Van Soest, 1965.
↑FDN - ↓consumo
↑ idade da planta - ↑ FDN
↑MSD e ED = ↑ consumo voluntário
96. 7. CONSUMO DO FENO
Na prática são fornecidos:
• Bezerros desmamando: a vontade
• Bezerros desmamados: 2 a 3 kg/dia
• Novilhas e novilhos em pastoreio: 3 a 4 kg/dia
• Animais em engorda: 4 a 8 kg/dia
• Vacas em lactação: depende dos outros
alimentos disponíveis
• 1/3 feno + 2/3 silagem
98. CONSIDERAÇÕES FINAIS
•princípio: desidratação – manter o Valor Nutricional
•etapas: corte, secagem, enfardamento, armazenamento
•secagem – mais importante
•grande escala – alta dependência de máquinas
•planta ideal: porte baixo, colmo fino e folha estreita
•“coast-cross” e “tifton 85”
•época de corte ideal: estádio vegetativo
•perdas durante a fenação – ponto crítico para o sucesso
99. Obrigado
Rafael Henrique P. dos Reis
Eng° Agronomo – M.Sc. (Forragicultura e Pastagens)
e-mail: rafaelhenriquereis@msn.com